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UNITPAC – Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos

Engenharia Civil

Proposta metodológica de aplicação das ferramentas e mentalidade da construção


enxuta em um empreendimento Civil na cidade de Araguaína- TO

Mateus Alef Soares dos Santos


Matheus Fernandes Silva

Araguaína/TO
Dezembro/2017
Mateus Alef Soares dos Santos
Matheus Fernandes Silva

Proposta metodológica de aplicação das ferramentas e mentalidade da construção


enxuta em um empreendimento Civil na cidade de Araguaína- TO

Trabalho apresentado como requisito parcial para


obtenção de nota na disciplina de Trabalho de
Conclusão de Curso do curso de Engenharia Civil da
FAHESA/ITPAC.
Professor Orientador: Adriano Luiz Roma Vasconcelos

Araguaína/TO
Dezembro/2017
Mateus Alef Soares dos Santos
Matheus Fernandes Silva

Propor a aplicação das ferramentas e mentalidade da construção enxuta em


um empreendimento Civil na cidade de Araguaína- TO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à FAHESA/ITPAC como


requisito parcial para obtenção de grau de Bacharel em Engenharia Civil submetido à
Banca Examinadora em Araguaína, 30 de novembro de 2017.

Banca:
Dedicatória

Dedicamos este trabalho primeiramente а Deus, por ser essencial em nossas


vidas, nosso guia, socorro presente em todos os momentos, аоs nossos pais, Antonio
Cloves dos Santos e Charllys Pereira da Silva, nossas mães, Elivan Soares da Silva
e Santos е Santana Fernandes dos Santos Silva e аоs nossos irmãos.
Аоs meus pais, irmãos е a todos das nossas famílias que, com muito carinho е
apoio, não mediram esforços para qυе nós chegássemos até esta etapa de nossas
vidas e também dedico este trabalho aos nossos avós paternos e maternos, pois sem
eles este trabalho e muitos dos meus sonhos não se realizariam.
Ao Curso de Engenharia Civil do ITPAC, е às pessoas com quem convivi
nesses espaços ао longos desses anos. А experiência de υmа produção
compartilhada na comunhão com amigos nesses espaços foram а melhor experiência
da minha formação acadêmica.
Agradecimentos

Primeiramente agradecemos a Deus por ser o autor das nossas vidas e por nos
sustentar a cada dia, uns após o outro sempre nos dando força para prosseguir em
busca dos nossos sonhos e nos confortando nos momentos difíceis.
Agradecemos aos nossos pais que sempre mantiveram a confiança em nós e
em nosso potencial para alcançar essa vitória tão esperada, que nos apoiaram em
momentos difíceis, e que sempre nos autorizaram as nossas saídas para as casas de
amigos passar noite estudando em períodos apertados. Por sempre nos ensinar a
buscar o crescimento profissional.
Aos amigos de faculdade que nos apoiaram em momentos em que as
disciplinas complicaram e os mesmos tiveram toda paciência para nos apoiar no
aprendizado, por momentos únicos e importantes para o nosso sucesso no período
da faculdade.
EPÍGRAFE

“O desejo profundo, sincero e honesto é a matéria-prima mais valiosa que


você pode ter ou desenvolver para alcançar seus sonhos.”
Carlos Wizard Martins
RESUMO

Propor a aplicação das ferramentas e mentalidade da construção enxuta


em um empreendimento Civil na cidade de Araguaína- TO

Mateus Alef Soares dos Santos, Matheus Fernandes Silva


mateusalef@hotmail.com, matheus.pinguim12@gmail.com

O presente trabalho tem o objetivo de apresentar um estudo da importância da


aplicação do conceito Lean Construction através de ferramentas e técnicas
necessárias para a implantação do mesmo. Apresentando para os leitores uma
proposta firmada em oportunidades de ser ter um menor desperdício possível de
matérias e uma redução considerável de tempo, com métodos simples tais como o
sistema 5S, o ciclo PDCA e a produção Just-in-time tornando a obra analisada em
uma construção enxuta. Tais métodos melhora o processo executivo da empresa e
também melhorando o ambiente de trabalho para todos, tanto os operários quantos
os clientes. Evidenciando os erros mais comuns dentro do empreendimento civil
através da exposição do layout atual do canteiro de obras e de relatórios fotográficos
expondo as práticas erradas existentes no mesmo e a partir disto apresentar os
ganhos com a proposta de implantação do lean construction e suas ferramentas, alem
de propor um novo layout para o canteiro. O trabalho conclui destacando a
necessidade do planejamento bem elaborado dos profissionais do setor, para
incentivar a aplicação da teoria da Produção Enxuta nos processos da Construção e,
consequentemente, buscar a melhoria do desempenho da Indústria da Construção.

Palavras chave: Lean construction, planejamento, Layout.


ABSTRACT

Proposing the application of the tools and mentality of lean construction in a


Civil enterprise in the city of Araguaína -TO.

Mateus Alef Soares dos Santos, Matheus Fernandes Silva


mateusalef@hotmail.com, matheus.pinguim12@gmail.com

This present work has the objective of presenting a study of the importance of applying
the Lean Construction concept through the tools and techniques necessary for its
implementation. Presenting to the readers a proposal based on opportunities to be less
wasteful of materials and a considerable reduction of time, with simple methods such
as the 5S system, PDCA cycle and Just-in-time production making the work analyzed
in a lean construction. These methods improve the company's executive process and
also improve the working environment for all, both the workers and the customers.
Evidenciating the most common mistakes within the civil enterprise by exposing the
current layout of the building site and photographic reports exposing its existing wrong
practices and based on this presenting the gains with the proposed implementation of
lean construction and its tools, besides proposing a new layout for the construction
site. This study concludes by highlighting the need for well elaborated planning of
industry professionals, encouraging the application of the Lean Production theory in
the processes of Construction and, consequently, seeking to improve the Construction
Industry performance.

Keywords: Lean construction, planning, Layout.


LISTA DE ILUSTRACOES

PAG.
Figura 1: Casa da Toyota ............................................................................... 15
Figura 2: Fluxo de implementação da produção enxuta. ................................ 17
Figura 3: Ciclo PDCA ...................................................................................... 18
Figura 4: Expressa a porcentagem do trabalho que agrega valor .................. 19
Figura 5:A produção como um processo de fluxo. .......................................... 21
Figura 6: Layout do Subsolo ........................................................................... 30
Figura 7: Layout do Térreo ............................................................................. 31
Figura 8: Armazenamento de alvenaria .......................................................... 32
Figura 9: Armazenamento de madeira............................................................ 33
Figura 10: Acúmulo de EPS............................................................................ 34
Figura 11: Situação do Canteiro da Obra ....................................................... 35
Figura 12: Acúmulo de entulho no canteiro da Obra ...................................... 36
Figura 13: Insumos dispersos na laje ............................................................. 37
Figura 14: Detalhe dos insumos e equipamentos armazenados no canteiro da
obra................................................................................................................. 38
Figura 15: Situação do canteiro da obra ........................................................ 39
Figura 16: Acondicionamento de madeira no canteiro da obra ...................... 40
Figura 17: Acondicionamento de madeira no canteiro da obra ...................... 41
Figura 18: Aço estocado no canteiro da obra ................................................. 42
Figura 19: Novo projeto de layout do subsolo................................................. 45
Figura 20: Novo projeto de layout do térreo .................................................... 46
SUMÁRIO

PAG.
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 11
1.1 Definições do tema de trabalho ............................................................. 11
1.2 Objetivos .............................................................................................. 14
1.2.1 Objetivo Geral: ................................................................................... 14
1.2.2 Objetivos Específicos:............................................................................ 14
2 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................... 15
2.1 Conceitos ................................................................................................ 15
2.1.1 Cincos princípios do Lean Thinking .................................................... 16
2.1.2 CICLO PDCA ......................................................................................... 17
2.1.3 Muda ...................................................................................................... 19
2.1.4 Novo modelo de Produção .................................................................... 21
2.2 Ferramentas da construção enxuta ...................................................... 24
2.2.1 Kanban .................................................................................................. 24
2.2.2 Heijunka ................................................................................................. 25
2.3 O Sistema 5S ........................................................................................... 25
2.3.1. Separar (S1) ......................................................................................... 25
2.3.2. Classificar (S2)...................................................................................... 26
2.3.3. Limpar (e inspecionar) (S3) .................................................................. 26
2.3.4. Padronizar (S4) ..................................................................................... 27
2.3.5. Manter (S5) ........................................................................................... 27
3.0 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................ 28
3.1Caracterizações gerais da obra .............................................................. 28
3.2 Metodologia ............................................................................................. 29
3.3 Estudo de caso ....................................................................................... 30
4 ANALISES DE RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................... 43
5 RESULTADOS ESPERADOS ..................................................................... 48
6 REFERÊNCIAS ........................................................................................... 50
11

1 INTRODUÇÃO

1.1 Definições do tema de trabalho

Muito se tem discutido, recentemente, acerca de tipos de sistemas de


produção, buscando-se incansavelmente por inovações em busca de resultados mais
satisfatórios. Observa-se ao longo da história que houveram diversos tipos de
sistemas de produção, percebe-se que se teve início aproximadamente no ano de
1900, com a produção artesanal que tinha como base a relação direta entre o produtor
e o cliente, onde a produção de um carro demandava-se um alto custo e um período
maior de tempo. Seguidamente surgiu o sistema de produção em massa (taylorismo),
que tinha como característica o trabalho padronizado, tempo de ciclo reduzido, estudo
de tempo e movimento e medição e análise para melhorar o processo continuamente.
Posteriormente emergiu o sistema fordista que usufruiu e aprimorou as melhores
ideias do taylorismo. Sistema fordista traz consigo grandes inovações como a
facilidade na montagem das peças, redução das ações exigidas de cada trabalhador
e linha de montagem em movimento (DENNIS, P., 2008).
Apesar de todos esses outros sistemas apresentados não parou-se de buscar
novos elementos inovadores que pudessem romper as mais básicas premissas dos
sistemas de produção anteriores. O Kamban e o Just in Time (JIT) foram identificados
rapidamente como chave para o sucesso do Sistema Toyota de Produção que estava
surgindo no mercado, juntamente com alguns pontos básicos que podemos chamar
de regras que orientam o projeto, a execução das atividades, conexões e fluxos
relacionados aos produtos e serviços.
Todos os trabalhos devem ser minuciosamente especificados em termos de
conteúdo, sequência, tempo e resultado, as conexões cliente-fornecedor devem ser
diretas, e deve existir um caminho inequívoco de “sim ou não” para enviar solicitações
e receber respostas, os fluxos dos produtos e serviços devem ser simples e diretos e
as melhorias precisam ser feitas em conformidade com o método científico, sob a
orientação de um professor e no nível hierárquico mais baixo possível da organização.
O sistema Toyota tem como principais características aumentar a eficiência do
trabalhador para que o mesmo consiga realizar o mesmo trabalho que fazia, porém
com tempo de execução menor com a mesma qualidade ou até melhor. Uma
característica do sistema Toyota de produção é o ambiente de trabalho organizado,
12

limpo, para que seja fácil e rápido um trabalhador encontrar uma ferramenta e para
maximizar a logística dentro da linha de produção. Outra característica forte do
sistema Toyota de produção é a ligação entre os colaboradores, uma vez que o
mesmo tem um papel importante durante a produção de um determinado produto.
Outra característica importante do sistema Toyota de produção é a redução de
desperdícios. Reduzindo os desperdícios tem-se um maior valor de retorno da
produção, gerando-se assim maior lucro para empresa.
Observa-se atualmente o sistema de produção enxuta que será abordado no
presente trabalho, que tem como características a produção com o mínimo de
desperdício possível, capacidade da previsão, o aumento da produtividade, redução
do tempo de entrega do empreendimento, assim elevando os lucros. A chave para
alcançar uma produção enxuta seria o Just-in-time, que consiste em “produzir o
produto exato, no exato momento e na quantidade exata para o consumidor e nada
mais.” (OHNO, T., 1997), ou seja, chega o material no tempo exato em que se vai
executar o serviço, assim irá ter um menor desperdício possível e um prazo curto
procurando o produto. A automação com um toque humano também seria outra base
para alcançar a meta.
Outra chave para o sucesso seria o trabalho em equipe, pois mesmo que um
trabalhador tivesse uma produtividade muito maior do que em relação a um que
tivesse uma produtividade menor, se o trabalhador produzir muito mais que o outro ir-
se-á ter um acúmulo de materiais em uma etapa da obra, prejudicando e atrasando a
linha de execução de uma obra. Por isso que todos devem trabalhar em equipe para
que não haja excessos de produção.
A produção enxuta, se contrapondo ao paradigma da produção em massa,
cujas raízes estão fundamentadas no Taylorismo e Fordismo, caracteriza-se pela
adoção de diversos modelos gerenciais aplicados com a finalidade de acabar com
todo tipo de atividade que seja considerada desnecessária na produção de um
determinado bem ou serviço (BERNADES, 2003).
O sistema Toyota de produção foi criado logo após a segunda guerra mundial
com o intuito de maximizar a produção dos operários de uma indústria automobilística,
diminuir os desperdícios que haviam para assim diminuir os custos e aumentar o lucro
da empresa. Assim funciona o sistema Toyota de produção, sendo uma filosofia de
gerenciamento de uma produção muito eficaz quando aplicado corretamente.
13

Para se atingir um bom nível de qualidade de produtividade, de se produzir num


tempo menor, utilizando-se assim menor tempo para execução, diminuindo-se os
custos com mão de obra, é necessário adotar algumas medidas que são essenciais
para que o sistema lean de produção aconteça e estabeleça cada vez mais índices
de satisfação do cliente. Essas medidas são algumas ferramentas eficazes para que
melhoram e aumentam o controle da produção. Essas ferramentas são o Kanban e o
Heijunkabox.
No sistema de construção enxuta temos o Kanban e heijunkabox. No Sistema
Toyota de Produção, o Kanban impede totalmente a superprodução. Como resultado,
não há a necessidade de estoque extra e, consequentemente, não há necessidade
de depósito e do seu gerente (OHNO T., 1997).
As empresas voltadas à construção civil estão buscando se adequar aos novos
paradigmas e desafios apresentados no mercado atual. Com isso uma obra com
aplicação de mentalidade e ferramentas da construção enxuta tem como vantagem
uma maior organização do canteiro de obras, e uma maior padronização da execução
do serviço e por consequência maior produtividade dos funcionários, pois com a
repetição vem o aperfeiçoamento de suas técnicas de execução.
Apesar do atual cenário econômico vivido em nosso país, a expectativa é de
que nesse ano haja uma recuperação no setor da construção civil, e com isso voltar
ao crescimento das obras e com o crescimento dos empregos.
Outro fator importante para termos a expectativa de que a construção civil irá
crescer é a redução nas taxas de juros e com isso pode acelerar a retomada desse
importante setor da economia;
Na construção civil, a literatura internacional indica que as atividades que
agregam valor correspondem, em média, a um terço do tempo total gasto pela mão
de obra, podendo atingir valores da ordem de 55 a 60%apenas para algumas
atividades específicas, como a execução de alvenaria. Mesmo na industriada
transformação, valores da ordem de 60% dos tempos gastos em atividades que
agregam valor são considerados excepcionalmente altos (FORMOSO et al., 1996,
pag. 2).
Para as construtoras voltarem a ter crescimentos é de fundamental importância
a otimização de suas operações, enxugando assim as suas despesas para aumentar
sua competitividade no mercado da construção civil. E uma maneira da empresa
conseguir isso é adotando o pensamento enxuto na produção de suas obras.
14

Faz-se necessário que as empresas diminuam as atividades que acarretam


perdas para que não gere prejuízos financeiros para as mesmas. Com a diminuição
das perdas, o ambiente de trabalho mais organizado e com a padronização dos
serviços executados, a tendência é ter uma obra com uma melhor qualidade eassim
evitando a necessidade de retrabalho, minimizando o custo orçamentário da obra.
Em linhas gerais com este projeto espera-se melhorar o rendimento de um
empreendimento civil através da proposta de aplicação da mentalidade e das
ferramentas da construção enxuta, maximizando assim a organização dos materiais
dentro do canteiro de obras e por consequência disso aumentando a produtividade de
seus trabalhadores, com essa organização o projeto pretende minimizar as perdas do
trabalho executado e com todos esses elementos aplicados na prática do dia a dia
desse empreendimento a empresa terá uma obra com superior qualidade e
desempenho, uma entrega mais rápida, um menor custo e desta maneira uma grande
satisfação do cliente com o empreendedor e por consequência uma elevação da
empresa no seu Market Share (participação da empresa no mercado de trabalho)

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral:


Desenvolver um plano de ação moldado sob técnicas e ferramentas do STP
(Sistema Toyota de Produção) para a construção de uma obra civil na cidade de
Araguaína-TO.

1.2.2 Objetivos Específicos:


 Apresentar os conceitos da filosofia Lean aplicados à construção civil.
 Propor alternativas de melhorias no empreendimento estudado, a partir das
ferramentas apresentadas;
 Buscar contribuir para a conscientização do meio técnico, acerca dos possíveis
ganhos a partir da implementação do lean construction.
15

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Conceitos

O termo Produção Enxuta, do inglês LeanProduction, surgiu no final da década


de 80, pesquisadores do IMPV (International Motor VehicleProgram), ligados ao
MassachusettisInstituteofTecnology, durante cinco anos pesquisaram em 14 países
os principais sistemas de produção utilizados pela indústria automobilística. Essa
pesquisa revelou uma nova filosofia de gestão nas principais dimensões dos negócios
(manufatura, desenvolvimento de produtos e relacionamento com os clientes e
fornecedores) desenvolvida pelo Toyota (Arantes, 2010).
Segundo Koskela (1992), a ideia dessa nova filosofia de produção originou-se
no Japão nos anos 50. A aplicação mais relevante foi o sistema de produção Toyota.
O alicerce do Sistema Toyota de produção é a total extinção do desperdício.
Os dois pilares de suma importância para à sustentação desse sistema são o Just-in-
time e a autonomação (Figura 1).

Figura 1: Casa da Toyota


Fonte: Adaptado do Linker, 2000.

Just-in-time significa que, na execução das atividades presentes em um


empreendimento, as mesmas irão receber os materiais necessários para a sua
produção apenas no momento exato e na quantidade exata, ou seja, apenas quando
for necessário, assim adotando essa metodologia de trabalho pode-se chegar a
reduzir o número de estoque a zero.
16

A outra base do Sistema Toyota de produção é a chamada de autonomação,


ou automação com um toque humano. Parar a máquina quando ocorre um problema
força todos a tomar conhecimento do fato. Quando o problema é claramente
compreendido, a melhoria é possível. Expandindo esse pensamento, estabelecemos
uma regra segundo a qual, mesmo numa linha de produção operada manualmente,
os próprios trabalhadores deveriam acionar o botão de parada para interromper a
produção caso surgisse qualquer anormalidade (Ohno, 1997).
Essas ideias foram desenvolvidas e aperfeiçoadas por engenheiros industriais
em um longo processo de tentativa e erro; O estabelecimento de uma base teórica e
uma apresentação mais ampla da abordagem não foram considerados necessários.
Consequentemente nos anos 80, informação e o entendimento da abordagem no
ocidente eram limitados. Entretanto as ideias se difundiram para a Europa e América,
começando em 1975, especialmente na indústria automobilística (Koskela, 1992).

2.1.1 Cincos princípios do Lean Thinking

Womack e Jones (1996) determinaram os cincos princípios do LeanThinking,


(pensamento enxuto) tendo como base um trabalho às empresas que aplicavam
Sistema Toyota de Produção:
a) Criação de valor: Deve-se ter uma maior interação com o cliente, a fim de
se entender o quanto ele está disposto a pagar pelo produto e quanto tempo.
b) Definição da cadeia de valor: É necessário enxergar as atividades da
empresa como uma cadeia e não como pontos individuais de transformação. Para
isso deve-se focar em três pontos principais: com a identificação do problema e o
desenvolvimento do produto; com gerenciamento de informações; e com a
transformação da matéria até o produto final.
c) Criação de um fluxo contínuo: Deve-se estabelecer um fluxo contínuo das
atividades produtivas, de modo que possibilite a eliminação de toda e qualquer
atividade que não agrega valor e que produz desperdício. Desta forma consegue-se
minimizar os custos, insumos, espaço e tempo.
d) Estabelecimento de uma produção puxada: A produção deve ter o ritmo
definido a parti da medida em que os clientes fazem seus pedidos, esta sincronia faz
com que o mercado “puxe” a matéria prima até si, deslocando-se pelas etapas
17

produtivas, de modo que não ocorram pontos de parada dos produtos em estoque,
contribuindo para eliminação de desperdícios.
e) Busca da perfeição: Todos os resultados alcançados e buscados nos
quatros itens anteriores devem ser constantemente almejados. Com isto busca-se a
implantação de uma cultura focada na excelência através de uma melhoria contínua.
Para melhor entendimento a respeito dos princípios do Lean Thinking, observa-
se o ciclo abaixo representado pela Figura 2.

Figura 2: Fluxo de implementação da produção enxuta.


Fonte: Adaptado do Lean Enterprise Institute (2013).

2.1.2 CICLO PDCA

O ciclo PDCA é uma ferramenta de qualidade que simplifica a tomada de


decisões buscando garantir o alcance das metas necessárias e que também
representa um avanço sem limites para um planejamento eficaz. Por ser um ciclo deve
“rodar” continuamente etapa por etapa para que seja alcançado o objetivo esperado.
Que tem como significado de suas siglas planejar, fazer, checar e agir.
Esse ciclo tem que está na mente de todo gestor. Através dele o gestor terá
muito mais conhecimento sobre as várias etapas da obra. A obra será executada com
uma boa qualidade pois o gestor conhecerá todas as etapas, será uma obra executada
com rapidez, pois quem adota o ciclo PDCA terá um banco de dados e com a repetição
desse ciclo, a execução se tornará mais eficiente.
Planejar (Plan) é a etapa da obra em que o gestor irá utilizar seu conhecimento
para fazer um bom planejamento. O gestor irá fazer os projetos e definir o tipo de
método construtivo irá adotar, irá criar cronogramas físico-financeiros, através do seu
18

conhecimento da duração de cada atividade; irá fazer orçamentos bem detalhados,


para que o dono da obra tenha um conhecimento sobre o quanto custará esse
empreendimento. Nessa etapa irá se fazer todos os estudos preliminares necessários
para começar a execução da obra, tais como o ensaio para se ter conhecimento do
solo conhecido como ensaio SPT, por exemplo.
Fazer (Do) é a etapa da obra em que feito todos os estudos preliminares, será
dado início à obra. Onde será mobilizado para o canteiro de obras a mão de obra, os
equipamentos e os materiais. É nessa etapa em que se terá um avanço rápido da obra
pois será a etapa da construção do edifício. Nessa etapa tem que se ter o cuidado
para receber insumos com qualidade e que o serviço seja executado de acordo com
as normas vigentes.
Checar (Check) é nessa etapa da obra em que os engenheiros e os órgãos
fiscalizadores atuarão, fazendo vistorias na obra, verificando se o que foi executado
está de acordo com as normas. É nessa etapa onde deve-se verificar os erros o mais
rápido possível, pois se não for detectado e a obra for avançando, mais tarde será
mais oneroso para fazer o trabalho de correção.
Agir (Act) é o pós-obra, onde é feito reuniões entre os gestores para avaliarem
como foi a execução da obra. Se houve alguma anormalidade durante a execução, é
a hora de sentar e discutir uma forma de melhoria, para evitar que isso aconteça em
futuras obras.
Segue a figura 3, que simplifica o conceito mencionado e suas etapas.

Figura 3: Ciclo PDCA


Fonte: Portal Administração
19

2.1.3 Muda

É o termo que foi criado para designar uma atividade que não gera valor. É o
processo do trabalho que não interessa ao cliente. Para o melhor entendimento, numa
obra, para a execução de um metro quadrado de alvenaria de vedação, o pedreiro
tem que sair de onde estar, procurar uma ferramenta, buscar os insumos, e durante
todo esse trajeto tem um tempo, que é o chamado custo horário improdutivo. Se o
pedreiro erra no traço da argamassa e assenta com essa argamassa um metro
quadrado de alvenaria, terá que ser refeito toda essa área de alvenaria, o tempo
perdido e o insumo que será desperdiçado é a chamada muda, algo que o cliente não
irá receber.
A figura 4 exemplifica de forma clara e sucinta este conceito.

Figura 4: Expressa a porcentagem do trabalho que agrega valor


Fonte: Dennis, 2008

O gráfico acima exemplifica bem o que foi dissertado acima, o elemento gráfico
indica que no processo de trabalho apenas 5% do trabalho total agrega valor ao
objeto. Tem-se movimento, espera e transporte que estão embutidos dentro da muda,
20

mas que são necessários para o trabalho ser realizado. Porem intelectual, excesso de
produção, estoque, processamento desnecessários, defeitos de qualidades são
desperdícios que deve-se reduzir ao máximo, pois esses fatores podem ser alterados
e reduzidos.
O movimento desperdiçado pode ocorrer por movimentação dentro do canteiro
ou pelo movimento da atividade em si. Movimento do canteiro pois numa obra de
grande porte pode-se ter um canteiro grande que aumenta o tempo de deslocamento.
Movimento da atividade em si pois em uma obra pode-se ter um movimento da
atividade, porém que está sendo feito ergonomicamente incorreto, com isso diminui a
produtividade do trabalhador. Lugares onde o canteiro está desorganizado e sujo
também diminui a produtividade do mesmo.
O desperdício por espera acontece quando o trabalhador tem que ficar
esperando o insumo chegar para que seja feita a execução da atividade. O
desperdício por transporte está relacionado com o leiaute do canteiro que está
desenvolvido de forma ineficiente, ou quando é produzido grandes quantidades e tem
que ser transportado para outro local. O desperdício por defeitos de qualidade ocorre
quando há que ser feito um retrabalho quando é produzido um produto de baixa
qualidade. O desperdício por processamento desnecessário ocorre quando se é
produzido mais que o cliente irá querer, é a chamado superprodução. O desperdício
por estoque está relacionado mais a manutenção da matéria prima, esse tipo acontece
quando se produz mais que a demanda, ou seja, as incorporadoras que constroem
centenas de casas populares, porém quando um país passa por um período de
recessão e não há demanda para todas.
O desperdício por excesso de produção é o grande pesadelo de todas as
indústrias, deve ser evitada pois com isso há um acumulo de materiais e mão de obra
parada no canteiro. O desperdício do intelectual, ou seja, o conhecimento sem ligação
ocorre quando num canteiro há uma falta de comunicação entre o corpo diretivo e os
trabalhadores por exemplo, quando há uma mudança no projeto e não é repassada
aos trabalhadores essas mudanças.
21

2.1.4 Novo modelo de Produção

Na atualidade as empresas do mundo vêm demonstrando mesmo que em


épocas de euforia econômica há que se investir na redução das atividades que não
adicionam valor ao produto. Assim, a busca continuada de sistemas de produção
"enxutos" é uma das estratégias para garantir a sobrevivência dessas empresas.
O novo modelo é uma síntese e generalização de diferentes modelos sugerido
em vários campos, como o movimento Just-in-time e o movimento de qualidade. O
novo modelo de produção pode ser definido como a seguir (Koskela, 1992):
a) Produção é um fluxo de materiais e/ou informação desde a matéria-prima
até o final da produção (Figura 05). Nesse fluxo o material é processado, é
inspecionado, está aguardando ou movendo-se. Essas atividades são inerentemente
diferentes. O processamento representa a conversão de aspectos da produção.
Inspecionar, mover e esperar representa o fluxo de produção.
b) O fluxo de produção pode ser caracterizado como tempo, custo e valor. O
valor refere-se ao cumprimento dos requisitos dos clientes. Na maioria dos casos
apenas atividades de processamentos são atividades de valor agregado. Para o fluxo
de materiais, o processamento de atividades são alterações na forma ou substancia,
na montagem e desmontagem.

Mover Esperar Processar Inspecionar

Figura 5:A produção como um processo de fluxo.


Fonte: Adaptado de Lauri Koskela, 1992.

A Figura 05 representa em resumo a produção enxuta, que tem representado


atividades que não agregam valor as caixas com sombras, sendo transformados em
produtos finais que geram produtos que agregam valor. Note-se que na caixa
22

“inspeção” se aparecer algum produto ou parte dele com algum tipo de defeito, isso
gera um retrabalho.
Para conseguir implantar o pensamento de construção enxuta devem-se seguir
alguns princípios, os quais se baseiam em reduzir a participação de atividades que
não agregam valores, aumentar o valor da produção através da consideração
sistemática das necessidades do cliente, reduzir a variabilidade, reduzir o tempo de
ciclos, simplificar por minimizando o número de etapas, partes e ligações, aumentar a
flexibilidade de saída, aumentar o processo de transparência, foco no controle no
processo completo, construir melhorias contínuas dentro do processo, equilibrar a
melhoria de fluxo com melhoria de conversão e benchmark (Termo usado no EUA que
é a comparação de forma eficiente de dois produtos diferentes).
Em geral, os princípios se aplicam totalmente ao processo de fluxos e aos
subprocessos. Além disso, os princípios implicitamente definem problemas no
processo de fluxo como, complexidade, intransparência ou controle segmentado.
Atividades que agregam e que não agregam valor podem ser definidas
respectivamente como: atividades que está relacionada diretamente a satisfação do
cliente e atividades que consome recurso, tempo ou espaço e não agrega nenhum
valor ao empreendimento.
As atividades que não agregam valores estão relacionadas com a hierarquia
que existe numa empresa. Atividades são realizadas por diferentes pessoas com
diferentes níveis de aperfeiçoamento. Os serviços que não agregam valores podem
estar relacionados com o tempo que leva para ser inspecionada, para um material ser
transportado ou o tempo em que o trabalhador espera para receber o material.
Consegue-se numa obra a maior qualidade através do atendimento da real
necessidade do cliente. Produzir aquilo que o cliente irá utilizar, isso é muito
importante para o conceito de produção enxuta. Quanto mais o empreiteiro cumprir
com a necessidade do cliente maior será a qualidade da obra.
Durante a obra a execução de diversos itens, são feitas por diferentes
trabalhadores, então dificilmente um produto será igual ao que o colega produziu. Por
isso é necessário um maior controle tecnológico para que um produto não haja uma
diferença de qualidade em ambos.
Existem duas razões para a redução da variabilidade do processo. Primeiro, o
ponto de vista do cliente, o produto uniforme é melhor. Taguchi propôs que qualquer
desvio do valor-alvo no produto, causa uma perda. Segundo, a variabilidade,
23

especialmente de uma duração de uma atividade, aumenta o volume de atividades


que não agregam valor.
Tempo é uma métrica natural para um processo de fluxo. Tempo é uma métrica
mais útil e universal do que custo e qualidade, pois pode ser usada para impulsionar
os dois (Koskela, 1992).
O fluxo de uma produção pode-se caracterizar como um ciclo do tempo, que se
trata do tempo necessário em que uma matéria necessita para atravessar o fluxo. E
pode ser definido como:
O ciclo do tempo = tempo de processamento + tempo de inspeção + tempo de
espera + tempo de movimentação. Simplificar a quantidade de etapas, ligações e
partes e a mesma pode ser entendido como: redução da quantidade de componentes
do produto e redução do número de etapas do fluxo. Esta Simplificação também pode
ser realizada eliminando atividades que não agregam valor, e de outro modo, por
reconfigurando partes ou etapas de atividades que agregam valor.
Deve-se procurar atingir uma maior flexibilidade de saída que parece ser
contraditório com simplificação. Entretanto, a casos de empresas que alcançaram
sucesso em realizar os dois objetivos paralelamente. Uma maneira pratica para induzir
o aumento da flexibilidade é minimizar tamanho de lotes, facilitar as mudanças e
configurações, oferecer treinamento para uma força de trabalho multidisciplinar.
A ausência de transparência em um processo maximiza a propensão para
errar, diminui a motivação para melhorias e reduz a visibilidade de erros. Portanto,
faz-se necessário deixar o processo de produção transparente e observável para
facilitação do controle e melhorias. É de suma importância manter o foco e controle
do processo completo. Existem duas causas para o controle de fluxos segmentados:
o fluxo atravessa diferentes unidades em uma organização hierárquica ou passa
através de um limite organizacional. Nos dois casos, existe um risco de sub-otimização
(Koskela, 1992).
Existem dois pré-requisitos para o foco no processo completo. Primeiro, o
processo completo tem que ser medido. Segundo, deve haver uma autoridade de
controle no processo todo.
Buscam-se incansavelmente melhorias para reduzir o desperdício e agregar valor
ao produto final. Existem inúmeros métodos para a aplicação da melhoria contínua,
tais como: monitoramento e medição da melhoria, realizar ajustes de modo que possa
detectar problemas e aplicar soluções o quanto antes, incentivar os trabalhadores a
24

trabalhar em busca da melhoria continua, se necessário recompensá-los, ligar a


melhoria ao controle assim eliminar o problema em sua raiz ao invés de tratar seus
efeitos.
Nivelar a melhoria de fluxo com melhoria de conversão para cada atividade.
Seguindo os princípios básicos que, quanto maior a complexidade do processo de
produção, maior o impacto de uma melhoria do fluxo e quanto mais desperdícios
integrados ao processo de produção, mais viável é a melhoria do fluxo em paralelo
com a melhoria da conversão.
Entretanto, em uma situação em que fluxo tem sido negligenciado por décadas,
a importância para a melhorar do fluxo o potencial para a melhora no fluxo é
geralmente maior que a melhoria de conversão. Por outro lado, a melhora no fluxo
pode ser iniciada com investimentos menores, mas geralmente requer um tempo
maior que a melhoria na conversão.
Benchmark (Termo usado no EUA que é a comparação de forma eficiente de
dois produtos diferentes). Muitas vezes benchmarking é um estímulo útil para alcançar
melhoria através da reconfiguração radical do processo. Isso ajuda a superar a
síndrome dos NIH eo poder de rotinas enraizadas. Por meio dele, falhas fundamentais
de lógicas nos processos podem ser desenterradas (Koskela, 1992).

2.2 Ferramentas da construção enxuta

2.2.1 Kanban

Um Kanban é uma ferramenta visual usada para chegar a produção Just-in-


time. Geralmente é um cartão dentro de um envelope retangular de vinil. Um Kanban
é uma autorização para produzir e pode também conter outras informações
relacionadas, tais como (DENNIS, 2008, p. 90):
a) O fornecedor da peça ou produto;
b) O cliente;
c) onde o item deve ser armazenado;
d) como deve ser transportado.
Segundo Dennis (2008) existem dois tipos de Kanban:
a) Kanban de Produção, que especifica o tipo e a quantidade de produto que o
processo fluxo acima (o fornecedor) deve produzir.
25

b) Kanban de retirada, que especifica o tipo e a quantidade de produto que o


processo fluxo abaixo (o cliente) pode retirar.
Os quais são colocados em uma cauixa de Heijunkaque é uma ferramenta de
programação de produção que nos diz visualmente quando, o que é, quanto produzir.
O programador de produção geralmente coloca Kanbans de retirada na caixa de
Heijunka com base nos pedidos daquele dia (DENNIS, 2008, p. 90).

2.2.2 Heijunka

Ghinato (2000) refere-seheijunka como a criação de uma programação


equilibrada através da sequência de pedidos em um padrão repetitivo e do equilíbrio
das variações diárias, para corresponder à demanda no longo prazo. Em outras
palavras, heijunka é o nivelamento das quantidades e tipos de produtos.
A produção através do heijunka, de acordo com Ghinato (2000), permite a
combinação de diferentes itens com a finalidade de garantir um fluxo contínuo de
produção, equilibrando também a demanda dos recursos de produção e assim
gerando um melhor aproveitamento.

2.3 O Sistema 5S

O sistema 5S foi criado para se ter um ambiente de trabalho mais organizado.


Um lugar para o trabalho em que o colaborador consiga executar seu serviço com um
alto rendimento. Um ambiente de trabalho que seja organizado, que o trabalhador não
tenha dificuldades de se encontrar uma ferramenta por exemplo. Quando algo de
anormal acontece em um ambiente organizado todos conseguem ver e saber o porquê
que ocorreu essa anormalidade. Um ambiente que seja desorganizado, sujo, que
diminui a autoestima do trabalhador pode até aumentar o risco de acidentes por conta
de muitos insumos em lugares que não deveriam estar naquele espaço por exemplo.
O Sistema 5s é um sistema que visa o aperfeiçoamento e a repetição de um
modo de construção. Esse sistema tem com princípio separar, classificar, limpar (e
inspecionar), padronizar e manter.

2.3.1. Separar (S1)


26

O primeiro princípio da ordem visual é separar o que você não precisa. O local
de trabalho pode ter coisas em excesso – peças, produtos em processos, sucata,
gabaritos, estantes de estoque, caixas, arquivos, documentos, mesas, cadeiras,
prateleiras, armários, telefones, material de empacotamento, ferramentas,
maquinaria, equipamento e assim por diante. Algumas coisas são necessárias para
seus objetivos, mas boa parte não é (DENNIS, 2008, p. 49).

2.3.2. Classificar (S2)

Um ambiente organizado facilita a localização dos equipamentos, reduzindo o


deslocamento de pessoas e máquinas, e minimizando perdas com tempo (Salvador,
2013).
Após selecionarmos os materiais que devem permanecer no ambiente de
trabalho, devemos, através do senso de ordem/arrumação, simplificar sua
organização e disposição física. Para isso, deve-se coloca-los em local de fácil
acesso, de maneira que seja fácil notar que estão fora do seu devido lugar (Salvador,
2013).

2.3.3. Limpar (e inspecionar) (S3)

Os alvos da limpeza devem incluir áreas de armazenamento, equipamentos e


maquinaria, além de áreas circundantes (corredores, janelas, salas de reuniões, vãos
embaixo de escadas e assim por diante). Os métodos de limpeza devem ser
determinados e materiais apropriados fornecidos em uma área central. As estações
5S devem ser montadas e abastecidas com o seguinte material pelo menos: vassoura,
pá de lixo, escova, esfregão e balde, um saco de panos de limpeza e uma lixeira
grande (DENNIS, 2008, p. 53).
O S3 também quer dizer inspecionar. Os membros de sua equipe de produção
devem verificar com regularidade a condição de seu equipamento. Treine-os para
reconhecer mudanças mínimas em termos de som, cheiro, vibração, temperatura e
outros sinais reveladores. Crie listas de verificação para a maquinaria que possam dar
suporte a essa atividade (DENNIS, 2008, p. 53).
27

2.3.4. Padronizar (S4)

Segundo (DENNIS 2008) para padronizar o serviço deve-se:


a) remover todo o lixo e organizar;
b) estabelecer endereços ou lugares de origem claros para áreas que
tenha produção e armazenamento de maquinas, ferramentas, gabarites e
estoque;
c) codificar o local de trabalho por cor;
d) limpar tudo através de uma programação de limpeza 5S e estações
5S;
e) melhorar o desempenho de máquinas através de limpeza e
manutenções regulares.
Deve-se criar e aplicar padrões desde o S1 ao S3. Feito isso, deve-se criar
padrões para a forma em que é executado todo o trabalho (DENNIS, 2008).

2.3.5. Manter (S5)

Por fim, em complemento ao senso de saúde, o senso de disciplina visa manter


na rotina dos colaboradores todas as atividades citadas anteriormente. Ao se
identificar este senso no método de trabalho dos funcionários, pode-se dizer que o
“5S” foi aplicado da maneira adequada (SALVADOR, 2013).
Segundo Dennis (2008) as medidas que devem ser adotadas para se conseguir
manter é através da promoção, comunicação e o treinamento.
28

3.0 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1Caracterizações gerais da obra

No presente projeto irar-se-á abordar sobre os métodos de proposta de


aplicação do pensamento e da mentalidade enxuta em uma obra de pequeno porte
em Araguaína.
A obra em que será proposta essa metodologia será uma obra civil que está
situada no centro de Araguaína. Está construção é composta por 4 pavimentos,
distribuídos em subsolo, térreo, e 3 pavimentos tipo.
Tabela 1 será apresentada um resumo geral da obra:
Tabela 1: Características da obra em que será implementada as ferramentas e mentalidades da
construção enxuta.
Características da Obra
2 engenheiros, 1 mestre-de-obras, 2
Equipe técnica da obra:
estagiários, 1 almoxarife
Tipo de obra: Comercial (14 salas por andar)
Número de Pavimentos: 4 pavimentos
Área do Pavimento Tipo (m²): 1000
Área total da obra (m²): 3800
Números de salas comerciais: 56
Números de salas modificadas: 0

Na obra será proposta a aplicação a mentalidade da construção enxuta, que


constituirá na aplicação dos princípios do sistema 5s. O canteiro de obras será
redimensionado para se ter uma melhor disposição dos materiais que são
acondicionados. Na obra já foi executado os serviços de escavação e de concretagem
das fundações e está na etapa de levantamento da alvenaria de vedação e execução
das lajes. Essa é uma importante etapa da construção, pois o levantamento da
alvenaria é um trabalho muito moroso e que pode gerar muitos resíduos dependendo
do desempenho do pedreiro e da produtividade do mesmo e a execução da laje tem
de ser bem planejada, pois não pode ocorrer imprevisto grave devido ser um serviço
de alto valor dentro da obra.
Como foram relatados anteriormente os grandes desperdícios de materiais e a
mal disposição dos mesmos no canteiro de obra, levam
29

3.2 Metodologia

A metodologia do presente trabalho se desenvolverá através de um estudo de


caso de uma obra de construção civil, em que através de um relatório fotográfico,
espera-se demonstrar com clareza as dificuldades enfrentadas por uma construtora
numa obra sem muito planejamento e organização.
Neste trabalho será elaborado um projeto de as built (como construído) do
canteiro da obra para o leitor ter uma noção de como está atualmente a disposição
dos materiais, equipamentos e demais instalações do canteiro de obras. Tendo
conhecimento de como está a realidade do canteiro da obra, irá se propor tendo como
base o pensamento enxuto, o sistema 5s, um novo plano de disposição dos insumos
e elementos do canteiro de obras, para que a empresa tenha conhecimento de como
está e como pode se melhorar a gestão do canteiro de obra, através de um novo plano
de layout de canteiro de obra.

Através de conceitos apresentados no presente trabalho, tem-se uma noção de


quais as características do pensamento enxuto que a empresa deve seguir, e através
desses conceitos demonstrados, irá se apresentar soluções para aperfeiçoar a gestão
do canteiro de obras e melhorar a produtividade do colaborador.
Se dará como parte fundamental deste trabalho, apresentar através de um
relatório fotográfico, situações que devem ser evitadas num canteiro de obras para
que não haja um excesso de desperdícios de insumos e equipamentos. Relatório este
que foi elaborado pelo estagiário da empresa que vivencia dia a dia as dificuldades
enfrentadas pela construtora para executar o empreendimento. Foi tirada fotografias
da obra durante os meses de agosto a outubro de 2017, com o intuito de expor a real
situação do canteiro de obra, e que seja apontada as possíveis soluções para
melhorar o cenário da construtora durante a execução da obra.
E através do relatório exposto, explicar as vantagens e os ganhos através da
implementação dos conceitos da construção enxuta na obra, para que a empresa
construtora melhore seu rendimento e execute a obra sem que haja atraso e percas
em excesso.
30

3.3 Estudo de caso

O presente trabalho desenvolve-se através da análise de um estudo de caso


de uma empresa de pequeno porte do ramo da construção civil. Indicando através de
relatórios fotográficos e projetos de layout a situação atual de um canteiro de uma
obra civil.
Para o melhor entendimento do leitor de como está a situação atual do layout
do canteiro da obra, foi elaborado um projeto de layout exibindo como está disposto
os insumos que serão necessários para realizar os serviços, os equipamentos e
instalações provisórias para a execução da obra. A seguir na Figura 6, será
apresentado o projeto de as built (como construído) do layout do subsolo da obra.

Figura 6: Layout do Subsolo


Fonte: Autores, 2017

Na Figura 6, pode-se observar a quantidade de insumos que estão dispostas


de uma maneira não eficiente, distantes uma da outra, elevando a movimentação do
trabalhador dentro do canteiro de obras, aumentando-se assim o cansaço e por
consequência disso reduzindo assim seu rendimento na execução dos serviços.
31

Com os insumos bem afastados entre si, cresce a possibilidade de haver


perdas dos materiais na construção civil, e isso causa uma divergência de conceitos
com relação à construção enxuta, que preconiza que deve-se executar uma tarefa
com o menor desperdício possível. Os materiais têm que chegar na quantidade exata
para o serviço determinado no dia, para que o trabalhador execute o trabalho evitando-
se assim o desperdício tanto quanto trabalho mal feito, quanto pelo transporte, quando
a distância é muito longa a ser percorrida. Na Figura 7, será apresentada o projeto de
as built do layout do térreo.

Figura 7: Layout do Térreo


Fonte: Autores, 2017

Na Figura 7, observa-se que não há muitos insumos na laje, pois o mesmo está
sem proteção adequada aos fenômenos da natureza, o que inviabiliza utilizar para
estocar aço, por exemplo. Há apenas tijolos cerâmicos e madeiras que serão
utilizadas para confecção de formas, e instalações provisórias de madeira como
escritório e almoxarifado.
Para uma melhor visualização de como está a situação do canteiro de obra do
empreendimento será apresentado a seguir uma série de fotografias. Começando
32

pela exposição de como está o armazenamento da alvenaria de vedação de acordo


com a Figura 8.

Figura 8: Armazenamento de alvenaria


Fonte: Autores, 2017

Na Figura 8, pode-se observar que o armazenamento da alvenaria está


incorreto, de acordo com a Norma Regulamentadora Nº 18 - Condições e Meio
Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção NR 18, item 24, os materiais não
podem ser empilhados sobre piso instável, úmido ou sem estar nivelado. O mesmo
está armazenado a céu aberto, sujeito a intempéries, diminuindo assim sua vida útil,
para o mesmo deve-se ter uma cobertura simples com lona plástica.
Observa-se também que há tijolos que estão danificados, que podem ser
reutilizados para fazer algumas complementações, em lugares onde deve-se fazer
corte ou outra ocasião, para que não haja a perca do material.
Outro exemplo que demonstra a situação que se encontra o canteiro de obras
será através da Figura 9.
33

Figura 9: Armazenamento de madeira


Fonte: Autores, 2017

Na Figura 9, observa-se que, de acordo com a Norma Regulamentadora Nº 18


- Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção NR 18, item 24,
a madeira está armazenada de maneira incorreta, está em contato com o solo, e no
caso de estocagem a céu aberto deve-se ter sempre uma lona para cobrir caso tenha
a possibilidade de precipitação no dia. Para evitar que a madeira esteja em contato
com a umidade do solo, deve-se colocar sobre pontaletes.
É possível também observar na Figura 7 que há um poste de madeira com
cabos de eletricidade descendo e estendendo-se até o chão. O mesmo deve ser
instalado com maior atenção, verificando-se uma maneira de fazer a instalação
provisória de energia de uma maneira segura, e que deixa o ambiente de trabalho do
trabalhador mais limpo e organizado para que o mesmo não perca tempo na
movimentação dentro do canteiro.
Outro exemplo que mostra como o canteiro não está corretamente organizado
é com a Figura 10 que será indicada a seguir.
34

Figura 10: Acúmulo de EPS


Fonte: Autores, 2017

Na Figura 10, nota-se que há um grande acúmulo de entulhos e de materiais


que podem ser reutilizados na obra. Observa-se restos de placas de isopor acumulada
que pode ser reutilizado, pois ainda tem um bom tamanho e pode ser reutilizado para
preenchimentos de lajes.
Verifica-se que neste espaço pode ser otimizado, dispondo os resíduos de uma
forma mais organizada, para que haja um espaço maior e mais limpo para que os
trabalhadores consigam se movimentar melhor dentro do canteiro.
Outra situação que merece atenção é a grande quantidade de madeira
armazenada, juntamente com barras de aço, que é exibida através da Figura 11.
35

Figura 11: Situação do Canteiro da Obra


Fonte: Autores, 2017

Na Figura 11 é possível observar o quanto está reduzido e desorganizado o


canteiro de obras. Nota-se além da grande quantidade de chapa de madeira estocada
de maneira errônea (a madeira está em contato com o solo e sem lona de proteção),
as barras de ferro que estão próximas as chapas de madeira estão sobre o solo, e
exposto as intempéries, sujeito a sofrer processo de ferrugem.
É possível observar também que o carrinho de mão está dentro da cobertura e
o aço fora dela no chão. Deve-se proceder ao invés de deixar o carrinho de mão dentro
da cobertura e o aço fora dela, deixar o carrinho de mão fora da cobertura em algum
lugar que não atrapalhe a movimentação dos trabalhadores e colocar a aço dentro da
cobertura para que não fique à mercê das intempéries.
Latas de tinta que não for reutilizar deve-se dar uma destinação final.
Acumulando-se rejeitos da construção civil, apenas piora e deixa desorganizado o
espaço que deve ser limpo e organizado para o melhor rendimento do trabalhador na
obra.
Outra situação que prejudica a organização do canteiro de obras é o acumulo
de entulho dentro do mesmo, que é apresentada pela Figura 12.
36

Figura 12: Acúmulo de entulho no canteiro da Obra


Fonte: Autores, 2017

Na Figura 12 observa-se um grande aglomerado de resíduos gerados e que


estão dentro do canteiro de obra, reduzindo assim o espaço útil do trabalhador se
movimentar e fazer sua tarefa. Para esse tipo de construção que é gerado muito
resíduos, a empresa construtora deve contratar/locar um contêiner para
armazenamento deste tipo de resíduo.
Com um contêiner locado do lado de fora da obra, a construtora ganhará
espaço dentro do canteiro de obras, melhorando assim o ambiente de trabalho e por
consequência melhorando a produtividade do trabalhador na execução de suas
tarefas.
É possível observar na Figura 12 também que há muito material que pode ser
reaproveitado como barra de aço para fazer as amarrações dos aços, existem também
nesse aglomerado de resíduos pallets que podem ser utilizados para melhor
armazenamento de insumos que não podem ficar em contato com o solo.
Todos esses materiais podem ser reutilizados e não apenas descartados,
assim a empresa construtora terá menos percas de materiais, melhorando assim o
rendimento da obra, maximizando os lucros e melhorando a capacidade competitiva
da empresa no mercado da construção civil, que hoje é um mercado muito
competitivo.
A obra com a laje já concretado, a construtora ganha espaço para alocar seus
materiais, o que é apresentado na Figura 13.
37

Figura 13: Insumos dispersos na laje


Fonte: Autores, 2017

Na Figura 13 observa-se que a obra já se encontra com a primeira laje


executada. É notável que existe muitos resíduos de madeira espalhados pela laje,
além de treliça de lajes no chão. Na laje dependendo do tempo em que foi executada
deve-se colocar pouca carga pois o concreto ainda está em fase de ganhar
resistência, por isso não é aconselhável dispor de tantos materiais em cima da laje.
Um lado positivo é que os carregamentos da laje estão bem distribuídos no espaço.
Para otimização dos serviços deve-se utilizar equipamentos e insumos que não
estão sendo utilizados, a Figura 14 demonstra essa situação.
38

Figura 14: Detalhe dos insumos e equipamentos armazenados no canteiro da obra


Fonte: Autores, 2017

Na Figura 14, observa-se um grande acúmulo de entulho misturado com


insumos que serão necessários para execução de diversos serviços. Isso pode
prejudicar a empresa, pois o trabalhador pode confundir o insumo com o resto do
entulho, fazendo com que o trabalhador perca muito tempo procurando esse item para
realizar o trabalho. Ou pior ainda, se não encontrar pode fazer a empresa construtora
comprar mais insumos para a obra, sendo que o mesmo já foi comprado.
É possível observar na mesma fotografia que existem duas betoneiras que
aparentemente estão inutilizáveis. Esses equipamentos podem ser uteis para a
empresa, uma na confecção de argamassas e outra na produção de concreto. Com
os dois equipamentos operando de maneira correta e satisfatório, isso otimizaria
diversos serviços na obra, como produção de concreto para concretagem de pilares,
na confecção de argamassa de assentamento de elementos de vedação.
A betoneira não deve estar acondicionada a céu aberto, pois quando houver
precipitação, a água pode danificar o motor elétrico da betoneira, causando ainda mais
dano ao equipamento que é de propriedade da empresa, um bem que deve ser
cuidada.
Insumos que não irá ser utilizado deve-se providenciar uma destinação para o
mesmo, na Figura 15 demonstra claramente uma situação de materiais que estão
sendo desprezados.
39

Figura 15: Situação do canteiro da obra


Fonte: Autores, 2017

Na Figura acima observa-se uma desorganização no acondicionamento de


insumos. É possível ver treliças que são utilizadas execução das lajes disposta no
chão sem nenhuma organização, se não for mais utilizar em alguma parte da estrutura
da obra, deve-se procurar uma forma de acondicionar esse insumo de maneira que
possa, se possível, ser reutilizado. Se não for possível organizar em um canto do
canteiro da obra para ser descartado em um recipiente adequado.
Na Figura abaixo segue uma outra imagem que demonstra a quantidade de
insumos armazenados.
40

Figura 16: Acondicionamento de madeira no canteiro da obra


Fonte: Autores, 2017

Na Figura acima é possível observar que embaixo da laje entre as escoras,


está praticamente inacessível, pelo tanto de peças de madeira estocada. É possível
ver que tem vários lotes de estoques de madeira estocada, isso só prejudica a
movimentação dos operários dentro do canteiro de obra.
Nessa situação pode-se pegar toda a madeira e fazer apenas um estoque de
madeira, para que haja mais espaço e que a movimentação dos trabalhadores seja
otimizada e que o tempo de espera seja menor, aumentando assim o rendimento da
mão de obra na execução dos serviços da construtora, levando-se assim menos
tempo para execução da obra.
Na Figura 17 será apresentado uma situação que demonstra claramente a
dificuldade do trabalhador se movimentar, dificultando assim a execução de seu
trabalho, além do risco de acontecer acidentes de trabalho com o operário, podendo
deixa-lo impossibilitado de executar seu trabalho, prejudicando assim a empresa.
41

Figura 17: Acondicionamento de madeira no canteiro da obra


Fonte: Autores, 2017

Na Figura 17, observa-se novamente o canteiro de obras apertado, sem


condições do trabalhador se movimentar adequadamente dentro do canteiro, são
essas pequenas atitudes como jogar uma simples peça de madeira no chão que faz
com que o ambiente de trabalho seja prejudicado e assim consequentemente a
eficiência do trabalhador não será a mesma, de que se o mesmo trabalhador estivesse
em uma obra que tivesse um canteiro de obras limpo e organizado. É possível até
ocorrer acidentes de trabalho, visto que muitas vezes existem pregos fincados nos
madeirites, impossibilitando assim o trabalhador de exercer sua função, prejudicando
a empresa.
Será apresentado na Figura 18, a situação do canteiro de obras abaixo
da laje, em que esta estocado alguns insumos como aço e madeira.
42

Figura 18: Aço estocado no canteiro da obra


Fonte: Autores, 2017

Na Figura 18, nota-se um grande acúmulo da ferragem e peças de madeira


misturados dentro do canteiro sem nenhum controle de acondicionamento uma vez
que o aço está estocado aparentemente sobre o chão úmido. O que pode prejudicar
na qualidade do aço se o mesmo não for utilizado rapidamente.
Há muitos insumos nessa parte do canteiro de obra que estão acomodados de
maneira incorreta, além de estar misturado aço com madeira o que pode dificultar na
hora do trabalhador retirar uma barra de aço para fazer a montagem da armação ter
que retirar peça de madeira por cima, com isso o trabalhador perde tempo e
consequentemente perde eficiência.
43

4 ANALISES DE RESULTADOS E DISCUSSÕES

Diante do relatório exposto acima, é possível identificar alguns erros de


gerenciamento de obra e de planejamento. Antes de iniciar-se a obra é recomendável
elaborar um projeto de layout do canteiro de obra, para que obras que tenham um
ambiente reduzido de trabalho, tenham seus espaços e locais de armazenamento
planejado para a melhor produção da obra, o que não foi realizado. Um bom projeto
de layout de canteiro de obra, melhora a disposição dos insumos, instalações,
depósitos fazendo com que o trabalhador perca menos tempo procurando um insumo,
produzindo mais assim para a empresa.
Um problema encontrado no canteiro de obras foi o espaço reduzido para se
armazenar insumos, movimentação dos trabalhadores, para a execução da obra. Na
obra foi encontrado um problema no armazenamento dos elementos da alvenaria de
vedação de madeira e de EPS, que se encontram armazenado de maneira errônea e
que pode acarretar em desperdício de material. Deve-se acondicionar o elemento da
alvenaria de vedação sobre um tablado de madeira para evitar contato com a umidade
do solo, e em caso de dias chuvosos providenciar uma lona plástica para cobrir e
evitar que o insumo se encharque com a precipitação.
A madeira deve-se acondicionar de modo que, em dias chuvosos a madeira
não entre em contato com a água, pois se isso acontecer a madeira perde qualidade.
Na obra é possível observar também um grande acumulo de EPS, isso prejudica o
canteiro tornando-o mais desorganizado e sujo, o que vai contra os princípios do
sistema 5S.
Uma complicação que foi exposta no relatório, é que há um acondicionamento
do aço incorreto, o mesmo está totalmente exposto na umidade do solo, deve-se
alocar esse aço sobre algum tablado para que não fique exposto à umidade. Há
também um acumulo de resíduos de treliças de lajes que está sobre o chão, esses
insumos que estão sem destinação devem ser colocados sobre um contêiner ou
alguma baia, para que haja a correta destinação do insumo e para que não haja
poluição do canteiro de obra.
Um outro problema encontrado no canteiro de obra é o grande acumulo de
entulho existente na obra, isso prejudica o canteiro pois no lugar que deste entulho,
poderia-se ter um armazenamento de areia brita e cimento pertos, para que a
confecção de concreto e argamassas seja feita de maneira rápida sem o trabalhador
44

perdendo tempo para encontrar os insumos. O acumulo de entulho prejudica também


a movimentação do trabalhador dentro do canteiro, e com isso prejudicando seu
rendimento.
Um trabalhador que para executar a concretagem de um pilar tem que montar
a forma, procurar o aço dentro de um espaço desorganizado e sujo para montar a
armação do pilar e produzir o concreto, buscando os agregados e o aglomerante
hidráulico. Ou seja, para produzir uma unidade de pilar de concreto armado o pedreiro
carpinteiro e armador tem que passar por todos esses obstáculos, o que aumenta o
tempo que seria necessário para executar o serviço.
O grande acumulo de entulho no canteiro, desorganização, sujeira pode fazer
com que o trabalhador exerça sua função desmotivado, o que pode acarretar em
trabalho mal feito, podendo assim ter que ser feito novamente o trabalho, indo contra
o pensamento enxuto que tem como princípios a mínimo de desperdícios dentro de
um ambiente de trabalho, para que a empresa tenha um bom rendimento.
Para melhorar o rendimento da obra, uma solução que poderia ser adotado é a
utilização de cartões kanban. Quando o trabalhador chegar na obra pela manhã seria
recebido com um cartão que demonstraria como transportar de maneira correta o
insumo e indicando a quantidade exata de insumos para produzir um determinado
serviço. Um exemplo da utilização do kanban seria na produção de alvenaria, por
exemplo no cartão teria escrito a quantidade exata de tijolos, de areia, de cimento para
a confecção da argamassa de assentamento, com isso evitaria de ter muitos
desperdícios na obra. E com isso o gestor poderia verificar o andamento da obra
comparando a realidade do que foi executado com o planejado no cronograma.
O cartão kanban é de extrema importância para se adotar e praticar o conceito
do just-in-time, que visa produzir apenas a quantidade exata necessária no momento
exato, para que não haja percas e a produtividade seja maior. A utilização do heijunka
box também é necessária para o melhoramento da gestão do canteiro de obras e da
produção da equipe. Esse equipamento tem a função de deixar organizado o
cronograma do dia, ou seja, o trabalhador terá a noção exatamente do serviço que irá
executar e a quantidade exata de insumos que será necessária para produzir aquele
serviço.
Para o melhor rendimento de uma empresa do ramo da construção civil, uma
as das soluções propostas é a implementação de um projeto de layout para melhorar
a gestão da construção, e aperfeiçoar o fluxo de insumos e mão de obra dentro de
45

uma obra. Foi elaborado um projeto de layout do subsolo e do pavimento térreo do


edifício do estudo de caso citado anteriormente. Esse projeto foi realizado se
baseando nos conceitos da construção enxuta, sistema 5s, para que o canteiro fique
mais organizado, limpo e que os trabalhadores tenham um rendimento melhor.
No layout do térreo nota-se o mesmo problema enfrentado no layout do
subsolo, que é a grande distância entre os mesmo insumos e a central de trabalho,
com isso há uma grande perda de trabalho por movimentação dentro do canteiro para
buscar os insumos. Na figura 8, será exibida um projeto novo de layout do subsolo,
que será proposto a implementação com novas disposições de materiais e instalações
provisórias.

Figura 19: Novo projeto de layout do subsolo


Fonte: Autores, 2017

Na Figura 19 observa-se que diferentemente do projeto de as built, no novo


projeto, os insumos estão dispostos de maneira eficiente, um perto do outro, fazendo-
se assim com que o trabalhador perca menos tempo movimentando-se no canteiro de
obras. Ou seja, com agregados estocados perto dos cimentos, com isso a
produtividade na fabricação de argamassas e de concreto será maior.
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Com os insumos locados perto de onde serão utilizados, a uma possibilidade


menor de haver perca de material durante o transporte, com isso o rendimento do
empreendimento civil será superior. Na Figura 20, será exposta o projeto novo de
layout do térreo, que será proposto a implementação, baseado nos conceitos da
construção enxuta.

Figura 20: Novo projeto de layout do térreo


Fonte: Autores, 2017

Na Figura 20, há um apenas um espaço para os insumos, facilitando-se assim


na busca por insumos, com isso há uma menor perca de tempo de movimentação e
de espera no canteiro de obras. Há também um espaço delimitado para entulhos, que
está locado de maneira eficiente facilitando o descarte e coleta dos entulhos.
Uma outra forma de melhorar o rendimento da empresa de construção civil,
diante do relatório apresentado, é que a mesma tenha gestores que conheçam e que
adote os princípios do sistema 5s. Com os princípios adotados a construtora terá uma
maior agilidade na construção, visto que a mesma terá um canteiro de obras mais
limpo, organizado e racional. Com instalações de almoxarifado bem organizado, com
os insumos armazenados de maneira corretamente em um local definido
estrategicamente, afim de diminuir o tempo de movimentação. Ou seja, colocar as
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baias de armazenamento de areia e brita perto das betoneiras, assim o trabalhador


perdera menos tempo para buscar os insumos e realizar a confecção do concreto.
Adotando esses conceitos a tendência é que a empresa construtora tenha seu
Market value aumentado, uma vez que a empresa se tornara mais competitiva, tendo
o mínimo possível de desperdícios na construção, ou seja, fabricando o máximo
possível de atividades que agregam valores ao cliente, deixando-o mais satisfeito com
o produto final.
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5 RESULTADOS ESPERADOS

Uns dos maiores problemas enfrentados hoje no ramo da construção civil é a


falta de planejamento e também do controle de produção, desperdícios em grandes
proporções, mão de obra desqualificada, pequena produtividade e assim a falta de
qualidade no produto final. A sugestão da implantação da mentalidade e das
ferramentas da construção enxuta nesta empresa em questão irá trazer para a mesma
um grande avanço no ponto de vista sobre os conceitos produtivos atuais.
O presente trabalho estima-se que aconteça em um empreendimento civil em
Araguaína, uma proposta de implementação eficiente do modelo de produção enxuto,
apesar da falta de conhecimento por parte dos trabalhadores, da resistência que as
pessoas têm ao se deparar com algo novo. É um novo modelo que se espera que
traga benefícios para o empreendimento e que haja uma mudança na forma como a
mesma atua, fazendo-se assim com que haja uma padronização na execução de
novos empreendimentos.
A utilização das ferramentas da produção enxuta como o Kanban e Heijunka
Box trará aumento do índice de produtividade dos trabalhadores, uma vez que com a
produção ficará mais organizada, com o trabalhador recebendo apenas os insumos
necessários para a realização do serviço, haverá menor perda na realização das
atividades e com isso aumentando a produtividade e diminuindo o tempo de execução.
Com a utilização do sistema 5S que o canteiro de obras sem dúvidas ficará
mais organizado e limpo, facilitando a locomoção dos trabalhadores e aumentando a
rapidez com que um operário busque uma ferramenta, por exemplo, e por
consequência, aumentando a produção, tendo em vista que a mesma irá gastar
menos tempo em sua locomoção.
A ideia principal deste trabalho é buscar o melhor rendimento do funcionário,
acarretando com que não haja muitas perdas no empreendimento, porque esse
planejamento de um canteiro visa melhorar o espaço físico, o planejamento e a
organização ira possibilitar que os operários e maquinários trabalhem com segurança
e eficiência, com seu objetivo principal é minimização das distancias do transporte de
materiais e de tempos reduzidos de execução de serviços. Alem de um canteiro bem
limpo e organizado e desobstruído, possibilitara o cuidado e a manutenção visual do
local, causando impacto positivo para funcionários e clientes.
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Para Heineck et al. (2008) contribuem para a discussão quando relatam que ao
avaliar os processos gerenciais de construtoras, percebe-se que em sua grande
maioria há necessidade de desenvolvimento de ferramentas, práticas e
procedimentos para melhorar a coordenação e ainda é preciso facilitar a comunicação
entre as entidades que praticam o planejamento.
Dentre as mudanças esperadas com a proposta de implantação do sistema
enxuto, são citados:
- Aumento da produtividade;
- Aumento do equilíbrio dos processos produtivos;
- Minimização de mão de obra;
- Aumento do nível de satisfação de funcionários;
- Maior organização do canteiro de obras;
- Redução de prazos para a execução de atividades;
- Aumento do nível de satisfação dos clientes finais.
Após ter realizado este trabalho, é inevitável entender a importância a
implantação de novos conceitos e ferramentas mais eficientes para acompanhar a
competitividade do mercado e facilitar a redução dos custos e desperdício sem uma
empresa de pequeno porte, além do planejamento do canteiro de obras que auxilia
para melhor implantação destes métodos citados. Então se percebe que a empresa
tem muitos ganhos se adotar o pensamento enxuto no seu dia a dia no canteiro de
obras, sobretudo na questão financeira que nos dias atuais é um ponto chave de
qualquer empreendimento.
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6 REFERÊNCIAS

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e estudo de casos em empresas da construção civil. 79f. (Monografia de
bacharelado em engenharia de produção mecânica) São Carlos, Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, 2010.

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daProdução de Empresas Construtoras através do Estudo de seu Fluxo
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(Mestrado em Engenharia) Porto Alegre, Escola de Engenharia, Curso de
PósGraduaçãoem Engenharia Civil da UFRGS, 1996.

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em: <http://www.portal-administracao.com/2014/08/ciclo-pdca-conceito-e-
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Canteiro de Obras de Edifícios. Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP, São
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FORMOSO, et al. As perdas na construção civil: Conceitos, classificações e seu


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Competitividade:Aplicações e Inovações, Ed.: Adiel T. de Almeida & Fernando M.
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pequeno porte. São Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos, 2013. 60f.

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