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TUBULAÇÕES

INDUSTRIAIS
Prof. Ivanor Martins da Silva, Eng. Mecânico, Mestrando.
PLANO DE AULA
1. Emprego das tubulações.
2. Tubos, materiais e processos de fabricação.
3. Comportamento dos principais fluidos industriais.
4. Meios de ligação entre tubos e acessórios.
5. Acessórios de tubulações.
6. Válvulas industriais.
7. Normas, códigos e especificações.
8. Fabricação, montagem, ensaios, testes e condicionamento de tubulações.
9. Arranjo, traçado e detalhamento de tubulações.
10. Suporte de tubulação.
11. Projeto mecânico de tubulações.
12. Noções de flexibilidade.
INTRODUÇÃO
LITERATURA:
1. Tubulações industriais materiais projeto montagem, Pedro Carlos da Silva
Telles.
2. Tubulações industriais cálculo, Pedro Carlos da Silva Telles.
3. Tabelas e gráficos para tubulações industriais, Pedro Carlos da Silva
Telles e Darcy G. Paula Barros.
4. Materiais para equipamentos de processo, Pedro Carlos da Silva Telles.
5. ASME B31.3
6. Apresentação de projeto de tubulações N-1692, Petrobrás.
7. Projeto mecânico de tubulação industrial N-0057, Petrobrás.
8. Materiais de tubulação N-0076, Petrobrás.
PRINCIPAIS CONHECIMENTOS
APLICÁVEIS:
• MECÂNICAS DOS FLUIDOS - escoamento, perda de carga, escoamento
incompressível, (fluido não newtoniano é raro).
• MECÂNICA DOS SÓLIDOS - espessura de parede, esforços, tensões,
flexões, vibrações mecânicas, suportes, flexibilidade, etc.
• TERMODINÂMICA E TRANSFERÊNCIA DE CALOR - vapor, fluidos
quentes e frios, isolamento térmico, pressão, temperatura.
• MATERIAIS - seleção de materiais, corrosão, erosão, desgaste, aços,
metais não ferrosos, plásticos, materiais cerâmicos (revestimentos).
O QUE É TUBULAÇÃO?
• Tubulação é o conjunto de tubos e seus acessórios.
• Tubos são condutos fechados, destinados ao transporte de fluidos
(cilindro oco).
• Na prática chamam-se de tubos (ou canos) os condutos rígidos.
• Condutos flexíveis são chamados de tubos flexíveis, mangueiras ou
mangotes.
• Os norte americanos chamam de “pipe” ou “tube”.
O QUE É TUBULAÇÃO?
• TUBULAÇÕES DE PROCESSO: Fluidos principais (vapor na
termelétrica).
• TUBULAÇÕES DE UTILIDADES: Fluidos auxiliares (vapor na indústria de
petróleo).
• TUBULAÇÕES INTERNAS E EXTERNAS – Oleodutos e Gasodutos.
1) EMPREGO DAS TUBULAÇÕES
• Tubulações são usadas para conduzir todo tipo de fluido (líquidos ou
gasosos), sólidos em suspensão ou materiais pastosos.
• Na indústria são usadas para interligar os equipamentos.
FAIXA DE PRESSÃO – vácuo absoluto até 1000 MPa (~10000 atm).
FAIXA DE TEMPERATURA – zero absoluto até temperaturas de metais
fundidos.

História
• Antecede a história escrita, vestígios de tubulações nas ruínas da
Babilônia, China Antiga, Pompéia, e outras.
• Primeiros tubos metálicos feitos de chumbo, séculos a.C, na Roma
antiga. Ferro fundido só no século XV na Europa Central (França).
• Tubos de aço a partir de 1825 na Inglaterra.
• Em 1886 patente dos irmãos Mannesmann, do laminador oblíquo, para
produzir tubos sem costura.
IMPORTÂNCIA DAS TUBULAÇÕES
• Todas as indústrias (médias ou grandes) tem redes de tubulações.
• Essenciais nas indústrias de processo – são aquelas em que fluidos
sofrem transformações físicas ou químicas, ou que armazenam,
manuseiam ou distribuem fluidos:
• petróleo e gás, química, petroquímica, alimentos, farmacêutica, parte
térmica das centrais termoelétricas, terminais de armazenamento de
petróleo e derivados.
• Tubulações interligam os equipamentos como vasos de pressão, reatores,
tanques, bombas, trocadores de calor, turbinas, compressores, etc.
• Nessas indústrias, o valor das tubulações representa, de 20 a 25% do
custo total da indústria.
• A montagem das tubulações representa de 45 a 50% do custo total da
montagem de todos os equipamentos.
• O projeto das tubulações vale 20% do custo total do projeto da indústria.
2 - TUBOS, MATERIAIS E PROCESSOS
DE FABRICAÇÃO
SITES DE MATERIAIS:
http://www.matweb.com/
http://www.alleghenyludlum.com/ludlum/pages/products/xq/asp/G.2/qx/Product
Line.html
http://webstore.ansi.org/
https://bomdetail.services.ibm.com/matcodes/matcodes.nsf
http://www.principalmetals.com/specifications/astm-asme.htm
http://www.spiusa.com/Ref001/reference1.html
http://klappe.sites.uol.com.br/tabelas.htm
• Seleção e especificação do material mais adequado para uma
determinada aplicação pode ser um problema difícil.
• Avaliar pressão, temperatura, corrosão, oxidação, contaminação do fluido,
custo, grau de segurança exigido, rugosidade.

Só são empregados materiais que obedecem alguma norma técnica


reconhecida (ASME, ANSI, API, ASTM, ABNT, DIN, etc).
• O material deve ser certificado por norma.
PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE TUBOS

• Tubos sem costura (seamless pipe) – laminação, extrusão, fundição.


• Tubos com costura – fabricação por solda (welding).
• No final os tubos passam por calandragem e desempeno.

LAMINAÇÃO

• Aços-carbono, aços-liga, aços inoxidáveis.


• Diâmetros de 80 a 650 mm.
• Laminador oblíquo Mannesmann – 1200ºC, usa um lingote e uma
ponteira.
EXTRUSÃO E FUNDIÇÃO
• Um tarugo no estado pastoso (1200ºC) é colocado em recipientes de aço
debaixo de uma prensa.
• Diâmetros menores que 80 mm.
FUNDIÇÃO
• Material em estado líquido é despejado em moldes.
• Fundição centrifugada.

TUBOS COM COSTURA


• Todas as faixas de diâmetro usuais.
• Soldagem feita automaticamente.
• Solda longitudinal ou helicoidal.
• Expansão a frio para corrigir circularidade – usar tratamento térmico para
alívio de tensões (trinca de corrosão sob tensão) – baixa
responsabilidade.
• Teste hidrostático de pressão interna.
• Solda inspecionada por radiografia ou ultrassom.
• Aço-carbono é o material largamente empregado – representa melhor
relação custo / resistência mecânica, fácil de soldar e conformar, e fácil de
comércio.
• Aço é material de uso geral.
• Refinaria – mais de 90% é aço-carbono.
• Uso de -45ºC a +520ºC (fluência, oxidação, grafitização, fragilização).
• Aços para tubos o carbono vai até 0,35%, manter soldabilidade e
ductilidade.
• Aço acalmado, adição de até 0,6% Si (eliminação de gases), menor
incidência de defeitos internos.
• Acalmados são usados para T<0ºC ou T>400ºC.
• Sobreespessura para corrosão.
ESPECIFICAÇÕES DE MATERIAL
PARA TUBOS DE AÇO CARBONO
• ASTM, API,
• Não aceitar tubos e acessórios que não tenham certificação de alguma
norma reconhecida (custo).
• Mais usada API 5L Gr B.
AÇOS-LIGA E AÇOS INOXIDÁVEIS
• Baixa liga até 5% outros materiais.
• Liga intermediária 5 a 10%.
• Alta liga > 10% (> 12% Cr são inoxidável).
• Não é necessário fazer uma instalação industrial com vida útil maior que
20 anos ou 30 anos (obsoleto).
Usa-se aços-liga nas seguintes situações:
• Altas temperaturas (res mec, fluência, corrosão).
• Baixas temperaturas (fraturas frágeis).
• Alta corrosão (fluido corrosivo).
• Exigência de não contaminação (alimento e farmacêutica).
• Segurança.
Custo/benefício – levar em conta o custo de parada para troca da tubulação.

TUBOS DE AÇOS-LIGA.
• Cr-Mo e Ni

TUBOS DE AÇO INOXIDÁVEIS


Austeníticos (não-magnéticos) – 16-26% Cr e 6-26% Ni. Muita res fluência e
oxidação.
• Ferríticos (magnéticos) – 12-30% Cr.
DIÂMETETROS COMERCIAIS DOS
TUBOS PARA CONDUÇÃO DE AÇO
• Conforja.
• Diâmetro nominal – Diâmetro externo fixo.
• Comprimento usual da vara de tubo é 6 ou 9 m, podendo ser de 12 e 18
m também.
• Extremidades – ponta lisa, chanfrada e rosqueada.

ESPESSURAS (Schedule):
• Standard (Std), Extraforte (XS), Duplo extraforte (XXS).
• Séries 10, 20, 30, 40 (Std), 60, 80 (XS), 100, 120, 140, 160 (XXS).
• Tubos de aço inoxidáveis 5S, 10S até 80S (XS).
• Tubos de pequeno diâmetro (2” ou <), só Sch 80 ou maior resistência
estrutural.
Ex. 500m de Tubo T-02A 6” Sch 80 API 5L Gr B PC s/cost Norma ASME
B16.10.

Ex. 500m de Tubo 6” Sch 80 ASTM A106 Gr B PC c/cost Norma ASME


B16.10.

ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA.
• ET-200.
TUBOS DE FERRO FUNDIDO E
FERRO FORJADO
• Fabricados por fundição centrifugada.
• Seviços de baixa responsabilidade.
• Boa resist corrosão e ao solo.
• Ferro forjado (ferro galvanizado – quase sempre).
• Tubulações secundárias de baixa responsabilidade.
• Fabricados pelo processo de solda de resist elétrica.
• menor resist mec e boa resist corrosão.

Ferro fundido nodular e ferro fundido ligados (Si, Cr). Muito caro, usado para
maioria dos ácidos.
TUBOS DE METAIS NÃO FERROSOS
• Melhor resist corrosão e preço mais elevado, menor resist mec, menor
resist Temperatura, melhor resist baixa temp.
• Pouco usados – alto custo.

Cobre, latão (Cu-Zn), Cu-Ni. Aplicação álcali, ácidos diluídos, orgânico, vários
fluidos corrosivos.
• Não usar em amônia, amina e nitrogenados.
• Usado de -180 a 200ºC.
• Serpentinas, tubos de aquecimento e refrigeração.
• Não usar em alimentos e farmacêuticos (resíduos tóxicos).

Alumínio e ligas.
• São leves, alto coef troca calor.
• Boa resist atmosfera, água, ácidos orgânicos, compostos org.
• menor resist mec, T de -270 a 200ºC.
• Baixo ponto de fusão.
Chumbo e ligas.
• Macio, pesado, baixíssima resist mec, excepcional resist corrosão.
• Resiste atmosfera, solo, água (salgada, acidulada), álcalis, halógenos e
outros.
• Não usar em ácido sulfúrico.
• Baixíssimo ponto de fusão.
• Esgoto industrial.

Níquel e ligas.
• metal monel (67Ni 30Cu), Inconel (80Ni 13Cr).
• Excepc res corrosão, ótima resist mec e T.
• Usado álcalis quentes e ácidos diluídos.
• Monel -> água salgada, ácidos clorídrico, fluorídrico, álcalis.
• Monel usado até 1050ºC.

Titânio, Zircônio e ligas.


• Resist corrosão, T, mec, leve, melhor que aço inoxidável -> muito caro.

Todos não ferrosos espessura BWG (cobre K, L, M).


TUBOS NÃO-METÁLICOS
• Plásticos.
• Cimento amianto (tubo de pressão ou tubo de esgoto).
• Concreto armado (água e esgoto).
• Barro vidrado (manilhas).
• Vidro, cerâmica. Vidro melhor resist corrosão que existe.
• Borrachas naturais e sintéticas, mangueiras e mangotes.
• Borrracha elastômero.
• Plásticos e borrachas degradam-se exposta à luz solar.
TUBOS DE MATERIAIS PLÁSTICOS
• Leve, menor resist corrosão (ácidos e outros produtos químicos)
• Barato, baixo coef atrito.
• Fácil fabricação e manuseio.
• menor condut térmica e elétrica.
• Dispensa pintura.
• menor resist calor, usar CPVC.
• menor resist mec, menor estabil dimensional.
• Insegurança nas informações técnicas.
• Muita dilatação. São combustíveis.
• Termoplásticos (recicláveis).
• Termoestáveis (não recicláveis).
Polietileno
• Cloreto de polivinil (PVC).
• Acrílico butadieno-estireno (ABS).
• Acetato de celulose.
• Hidrocarbonetos fluorados -> politetrafluoreteno (PTFE ou teflon), usado
em revestimento de aço e para juntas de vedação.
• Epóxi.
• Poliésteres, fenólicos -> armação de fibra de vidro (tubos FRP).
TUBOS DE AÇO COM
REVESTIMENTOS INTERNOS
• anticorrosivo.
• contaminação.
• antiabrasivo, antierosivo.
• revestimento refratário ou térmico.
3 - COMPORTAMENTO DOS
PRINCIPAIS FLUIDOS INDUSTRIAIS
• Comportamento mecânico.
• Comportamento térmico.
• Propriedades físicas.
• Software PIPESIM – escoamento.
• Software Olga - escomento.
• Software Hy Sys – simulação termodinâmica.
• Site para fluidos: http://webbook.nist.gov/chemistry/fluid.
DOCUMENTOS DE PROJETO DE
TUBULAÇÃO
1 – Fluxograma de Processo – A1 (594x841mm) ou A0 (841x1189).
2 – Fluxograma de Engenharia – A1 ou A0.
3 – Planta de Tubulação – A1 ou A0.
4 – Isométrico de Tubulação – A3 (297x420), raro em A2 (420x594).
5 – Lista de Linhas A4 (210x297) ou A3.
6 – Planta Chave de Tubulação – A1 ou A0.
7 – Índice de Isométrico A4 ou A3.
8 – Planta de Locação de Suportes – A1 ou A0.
9 – Desenho de Suportes Apoios e Restrição, A4, A3.
10 – Diagrama de Carga sobre Suportes – A2.
11 – Desenho de Detalhes de Tubulação – A1.
12 – Desenho de Instalações Subterrâneas – A1.
13 – Desenho de Arranjo de Plataformas de Operação – A1.
14 – Plantas de Locação de Sistemas de Aquecimento de Tubulação.
15 – Lista de Material de Tubulação – A4.
16 – Requisição de Material de Tubulação – A4.
17 – Padronização de Material de Tubulação – A4.
18 – Lista de Suporte de Tubulação – A4, A3.
19 – Lista de Purgadores de Vapor – A4, A3.
20 – Lista de Linhas com Isolamento Térmico – A4, A3.
21 – Listas de Sistema de Aquecimento – A4, A3.
22 – Listas de Plataformas de Operação – A4, A3.
23 – Memorial Descritivo – A4.
24 – Memória de Cálculo dos Diâmetros das Linhas – A4.
25 – Memória de Cálculo de Flexibilidade – A4.
26 – Memória de Cálculo de Isolamento Térmico – A4.
27 – Lista de Linhas de Isolamento Térmico – A4.
28 – Especificação Técnica de Soldagem, Fabricação e Montagem – A4.
29 – Lista de Documentos de Projeto – A4.
O QUE O ENGENHEIRO DE TUBULAÇÃO FAZ?
- Definir diâmetro das tubulações.
- Definir espessura de parede dos tubos.
- Especificar o material dos tubos e acessórios.
- Escolher os tipos de acessórios (válvulas, flanges,
conexões, purgadores, filtros, etc).
- Calcular e especificar isolamento térmico.
- Definir teste hidrostático ou pneumático.
- Definir e calcular os suportes de tubulação.
- Calcular a flexibilidade, vibrações mecânicas.
- Escolher o arranjo e os detalhes de tubulação.
- Definir pintura e proteção.
- Escolher as normas e códigos a serem seguidos.

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