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PROTEÇÃO SUPERFICIAL
1. Introdução à corrosão
1.1. Definições
Existem várias maneiras de definir-se a corrosão, a mais genérica seria: "deteorização do material
pela sua interação com o meio que o envolve".
Para o objetivo deste curso, quando iremos tratar principalmente de metais ou ligas metálicas, a
definição que mais se adapta é: "a corrosão metálica é o processo inverso ao da obtenção de
metais".
A fim de entendermos com mais clareza esta definição de corrosão metálica, devemos considerar
que quando desejamos obter um metal ou liga metálica, normalmente partimos de um minério que
contenha o metal desejado. Os minérios de ferro, por exemplo, contém óxidos, sulfetos e outros
compostos de ferro.
Para se obter produtos à base do metal ferro, úteis para aplicações práticas (chapas, perfis e
vergalhões de aço, peças de ferro fundido, etc.), necessitamos transformar a matéria prima (o minério
de ferro), nesses produtos.
De uma maneira geral, a forma mais estável na qual encontramos um metal na natureza é a forma
oxidada (minério) e para a obtenção de um metal puro, ou de maior grau de pureza, precisamos
retirá-lo desta forma estável através do fornecimento de energia, colocando-o numa forma instável.
Logo, a tendência de um metal ou liga metálica é a de voltar naturalmente a sua forma estável ou
oxidada. Desta maneira a formação de ferrugem sobre a superfície do aço, por exemplo, é
espontânea, a menos que se proteja adequadamente essa superfície, de modo a não permitir que o
meio, no qual o material esta envolvido, atue sobre ela.
A figura abaixo mostra, de maneira esquemática, como ocorre essa transformação para o metal ferro.
Para se ter uma idéia da importância da corrosão e de seus efeitos nocivos, estima-se que nos USA
gasta-se cerca de 8 bilhões de dólares por ano em proteção contra corrosão. Porém, esse custo
poderia ser muito maior se não fossem aplicadas técnicas adequadas de combate à corrosão.
Os efeitos nocivos da corrosão podem ser observados sob vários aspectos, os mais comuns são:
Devido a todos esses efeitos, e muitos outros, que levam em consideração fatores técnicos,
econômicos e de segurança, acreditamos ser muito importante conhecermos os fundamentos da
corrosão e da proteção contra ela.
1.3. Princípios eletroquímicos
O mecanismo da grande maioria dos casos de corrosão pode ser interpretado como sendo
eletroquímico, portanto é bastante importante conhecermos os princípios básicos desse processo.
A natureza eletroquímica da corrosão pode ser observada pelo ataque do zinco pelo ácido clorídrico.
Quando o zinco é imerso numa solução diluída de ácido clorídrico ocorre uma reação intensa,
verificando-se a evolução de gás hidrogênio e a dissolução do zinco.
Para explicar o mecanismo eletroquímico da corrosão vamos imergir dois metais de origens
diferentes num determinado meio, uni-los por um fio de cobre e observar que, depois de algum
tempo, um deles irá apresentar corrosão, enquanto que o outro apresentará o aspecto original. Para
que haja corrosão eletroquímica é primordial que esses metais estejam em contato e imersos num
meio denominado eletrólito.
Para explicar esses princípios precisamos fazer as seguintes considerações:
Um metal é composto de átomos eletricamente neutros, isto é, a carga elétrica positiva do núcleo
do átomo é igual à carga elétrica negativa dos elétrons que circundam esse átomo.
Quando um átomo perde alguns de seus elétrons ele fica eletricamente positivo e a todo átomo
eletricamente carregado dá-se o nome de íon.
Definimos eletrólito como qualquer líquido que contenha íons. A água comum, por exemplo, é um
eletrólito pois ela possui íons hidrogênio (H+) e íons hidroxila (OH-).
Dessa maneira, no caso de dois metais, tais como, zinco e ferro, imersos num eletrólito, por exemplo,
ácido clorídrico diluído, se conectarmos eletricamente os dois metais, o processo de corrosão ocorre
da seguinte forma:
O zinco vai perder dois elétrons e vai passar
para a solução sendo, portanto, corroído
conforme a equação:
Zn Zn 2 2e
(Reação anódica ou de oxidação)
Neste ponto, poderemos explicar como ocorre a corrosão, quando imergimos uma chapa de ferro em
água do mar, por exemplo, havendo a formação de ferrugem.
Neste caso vai haver a formação na superfície do ferro de pequenas regiões anódicas e pequenas
regiões catódicas, que se comportam como o zinco (ânodo) e o ferro (cátodo) do exemplo anterior e
vão ocorrer todas as reações anódicas e catódicas já citadas anteriormente,
Assim:
Fe Fe 2 2e (reação anódica)
2H 2e H 2 (reação catódica)
Como o eletrólito contém oxigênio dissolvido e a água do mar pode ser considerada neutra ocorrerá
ainda a seguinte reação catódica:
O2 2H 2 O 4e 4OH
2Fe 2 4OH 2Fe ( OH ) 2
O hidróxido ferroso formado precipita; contudo ele é instável em soluções oxigenadas, sendo ainda
mais oxidado, segundo a reação:
2Fe ( OH ) 3
2Fe ( OH ) 2 H 2 O 1 2 O2
ferrugem
Devemos notar que nos processos eletroquímicos as reações anódicas e catódicas ocorrem ao
mesmo tempo, e se conseguirmos bloquear uma delas estaremos parando o processo corrosivo.
Ainda mais, se tivermos a presença de oxigênio dissoluto no eletrólito estaremos acelerando o
processo de corrosão, porque teremos uma reação catódica a mais, e estaremos consumindo mais
elétrons, conseqüentemente, liberando mais íons metálicos do metal base.
Se eliminarmos o oxigênio dissolvido estaremos retardando a corrosão pelo retardamento da reação
catódica. Se colocarmos uma barreira, através de uma pintura, isolando o metal base do meio
ambiente estaremos bloqueando as reações anódicas e catódicas, parando a corrosão. Se
colocarmos um revestimento anódico ao metal base estaremos bloqueando a sua corrosão em
sacrifício da corrosão do ânodo.
É conveniente classificar a corrosão pelas formas que ela se manifesta. Dentro deste critério existem
vários tipos de corrosão, porém neste capítulo vamos ainda incluir a corrosão atmosférica, a qual
está relacionada com o meio ambiente e não pela forma como ela se manifesta, devido a sua grande
importância no que se refere aos processos de proteção por pintura.
É a forma mais comum de corrosão, é normalmente caracterizada por reações eletroquímicas que
ocorrem uniformemente sobre toda a superfície exposta.
Cálculos aproximados mostram que cerca de 80% das estruturas metálicas estão expostas à
atmosfera. Se levarmos em consideração que a velocidade de corrosão, em certas condições
atmosféricas, alcança valores significativos, podemos assumir que mais da metade das perdas
ocasionadas pela corrosão são devidas à corrosão atmosférica.
Classificação
I E = 10 a 100Å - Formação de película extremamente fina que não pode ser considerada ainda como
tendo as propriedades de um eletrólito.
III E = 1µm a 1mm - existe um decréscimo da velocidade de corrosão devido a menor quantidade de
oxigênio dissolvido na película.
Condensação da Película
Esses defeitos ou depósitos na superfície metálica irão, sem dúvida, aumentar a velocidade da
corrosão atmosférica, devido à formação de condensado com uma umidade relativa menor do que
100%.
Corrosividade das Atmosferas
Experimentalmente realizaram-se ensaios com corpos de prova de aço carbono comum, expondo-se
a vários tipos de atmosfera, chegando-se aos dados da tabela abaixo, para a qual atribui- se o fator
100 para a atmosfera industrial altamente poluída.
Deve-se notar que essa tabela destina-se apenas para compararmos a agressividade das atmosferas
e os números obtidos para a corrosão relativa são apenas para fins de classificação, não devendo ser
adotados para nenhuma espécie de cálculo.
Além da composição da atmosfera (poluentes) e da umidade relativa, vários outros fatores
influenciam a velocidade de corrosão como: fatores geográficos, fatores meteorológicos (insolação,
nível pluviométrico, temperatura, etc.), partículas sólidas em suspensão, etc.
Para termos uma idéia bastante aproximada do desempenho de um esquema de proteção contra
corrosão ou da velocidade de corrosão de um determinado metal ou liga, devemos proceder a
ensaios não acelerados de exposição à atmosfera, de preferência onde a estrutura será aplicada.
Os ensaios acelerados do tipo névoa salina, câmara úmida, câmara de SO 2 ou intemperismo artificial
são apenas comparativos. Deles podemos concluir que um esquema de proteção é superior ao outro
ou que um metal ou liga é mais resistente à corrosão do que outro. Não é aconselhável tomarmos os
números resultantes desses ensaios para qualquer espécie de cálculo.
Colocam-se dois metais diferentes imersos num eletrólito surgirá uma diferença de potencial entre
eles. Se esses metais forem colocados em contato ou ligados eletricamente, essa diferença de
potencial produzirá um fluxo de elétrons entre os metais. Notaremos então o aumento da velocidade
de corrosão do metal menos resistente e a diminuição da velocidade de corrosão do mais resistente.
A esse processo de corrosão denominamos corrosão galvânica ou bimetálica e seus princípios
eletroquímicos são exatamente aqueles explicados no item 1.3. (ânodo de zinco e cátodo de ferro).
- Os materiais mais nobres ou catódicos (na parte superior da tabela), quando em contato com os
menos nobres ou anódicos (na parte inferior da tabela) apresentam a tendência de diminuírem a sua
velocidade de corrosão em detrimento da aceleração da velocidade de corrosão dos materiais menos
nobres.
- Os materiais que se situam dentro de um mesmo grupo (chave) não acusam tendência de sofrer
corrosão galvânica.
- Quanto maior o afastamento entre eles (na série galvânica), tanto maior a tendência de ocorrer
corrosão galvânica.
- Alguns materiais figuram em grupos diferentes quando se encontram no estado ativo e no estado
passivo. Como podemos observar quanto ao aço inoxidável.
Efeito de área
Um fator importante na corrosão galvânica é a relação entre a área anódica (Aa) e a área catódica
(Ac). Quando a relação Ac/Aa é muito grande teremos um acentuado aumento na velocidade de
corrosão do ânodo.
Quando determinados metais ou ligas estão submetidos a esforços de tração tanto aplicados como
residuais e estão sujeitos à corrosão, eles podem romper-se em tempo muito curto, devido à
corrosão aliada a esforços de tração.
Os metais ou ligas, quando em estreito contato com outros materiais, metálicos ou não, formando
frestas, apresentam uma tendência a corroer com maior intensidade nas imediações das frestas.
Existem determinadas ligas metálicas que apresentam uma corrosão preferencial de um de seus
elementos de liga. Exemplos: Dezincificação do latão (corrosão preferencial do zinco); corrosão
grafítica do ferro fundido (corrosão preferencial do ferro).
A proteção superficial não é o único meio de evitar-se a corrosão. Existem vários fatores que devem
ser analisados durante a execução de determinado projeto sob o ponto de vista de proteção
anticorrosiva. Quando são adotadas soluções adequadas, o resultado será menores custos na
proteção inicial, menor freqüência e maiores facilidades de manutenção e aumento da segurança
passiva do equipamento ou estrutura.
Como a corrosão poderá afetar um determinado objeto é função da aplicação do mesmo.
Assim, se se tratar de uma lata para contenção de alimentos, pequenos focos de corrosão poderão
ser causa de rejeição, o mesmo acontecendo com objetos de adorno ou onde a estética seja
fundamental. Por outro lado, em determinadas aplicações, a corrosão poderá ser tolerada até que
haja perfuração ou diminuição acentuada na resistência mecânica do material.
Portanto, o projetista deverá ter sempre em mente, qual o grau de corrosão que poderá ser tolerado
em determinado objeto, qual sua expectativa de vida, qual o ambiente no qual o objeto será usado,
qual o custo de paradas e desligamentos para manutenção.
Só assim ele poderá decidir-se entre o uso de materiais mais ou menos nobres, proteções mais ou
menos sofisticadas.
Entretanto, depois de feitas essas considerações é sempre interessante que o projetista atente para
os pontos destacados no "check-list" que se segue:
1. Selecionar materiais que possam cumprir sua função por um período de tempo determinado, a um
custo razoável.
2. Especificar corretamente o material, de acordo com Normas Técnicas existentes.
3. Selecionar materiais mais resistentes à corrosão para locais mais críticos ou aonde os custos de
fabricação envolvidos sejam elevados.
4. Não especificar materiais mais caros que o absolutamente necessário, exceto por motivo de
segurança.
5. Não misturar materiais de expectativa de vida diferentes em conjuntos não desmontáveis.
6. Na união de metais dissimilares, procurar usar aqueles que se situem o mais próximo possível na
série galvânica.
7. Verificar se as condições a que será submetido o par metálico não alterarão sua posição relativa
na série galvânica.
8. Evitar que o metal menos nobre (ânodo) tenha uma área sensivelmente menor que o mais nobre
(cátodo).
9. Sempre que possível super dimensionar o ânodo ou projetá-lo de forma a ser facilmente
substituível.
10. Especificar materiais isolantes elétricos para serem colocados na interface entre dois metais
diferentes (plásticos, borrachas, etc.).
11. Dar preferência para uniões soldadas ao invés das rebitadas ou aparafusadas.
12. Cordões de solda contínuos são preferíveis aos intermitentes.
13. Áreas de contato entre dois metais diferentes devem ser isoladas do meio ambiente, não se
permitindo a entrada de eletrólitos.
14. As formas geométricas usadas devem ser o mais simples possível, evitando-se cantos vivos,
arestas, rebaixos, ressaltos, etc.
15. As superfícies metálicas devem ser facilmente acessíveis para aplicação de revestimentos
anticorrosivos e manutenção.
16. Frestas devem ser evitadas, seja pelo uso de solda, seja pelo preenchimento com materiais não
metálicos inertes (selantes).
17. Projetar drenos e superfícies em ângulo, que dificultem a estagnação de líquidos.
18. Evitar a formação de "câmaras úmidas".
19. Projetar sempre um eficiente sistema de ventilação que não permita a condensação de umidade.
20. Material que vai ser estocado por período longo deve ter embalagem e/ou proteção adequada
para resistir às condições de armazenamento a que será exposto.
21. O contato direto do metal com concreto, argamassa contendo cal ou madeira tratada deve ser
evitado.
22. Estruturas enterradas deverão ser revestidas com produto betuminoso ou outro revestimento de
alta resistência elétrica.
23. O terreno onde será enterrada a estrutura deverá apresentar alta resistência elétrica.
24. Uma rede de aterramento feito de sucata de aço deve ser instalada em locais onde correntes
dispersas abandonam as estruturas enterradas. Esta rede funcionará como um ânodo de sacrifício.
25. Base de concreto que envolva estruturas de aço deverão ter uma espessura mínima de
revestimento de 1,5 cm, se o ambiente não for corrosivo e de 5,0 cm em caso contrário.
26. Peças submetidas a tensões mecânicas/corrosão são mais susceptíveis à deterioração, devendo-
se tomar cuidados especiais para sua proteção.
27. Peças submetidas a tensões cíclicas (fadiga) devem ser isentas de riscos (polidas) devidamente
protegidas para evitar-se o efeito cumulativo da corrosão.
28. Deve-se atentar para o problema da cavitação em turbinas, bombas, hélices, etc., evitando-a
sempre que possível. Em caso contrário usar metais capazes de alto encruamento, devidamente
polidos.
29. Toda proteção superficial requerida deverá ser perfeitamente especificada, atentando-se sempre
para reforços nos pontos críticos (cantos, cordões de solda, etc.).
Dois metais ou ligas diferentes, quando em contato elétrico através de um eletrólito, irão comportar-
se de maneira que o menos nobre (mais eletronegativo) irá corroer-se preferencialmente, protegendo
contra corrosão o mais nobre. Assim, se colocarmos nesse eletrólito uma peça de magnésio e uma
de aço baixo carbono, a de magnésio irá corroer-se, protegendo a de aço contra a corrosão.
Baseando-se nos dados acima, podemos concluir que um determinado revestimento superficial pode
ser de três tipos diferentes:
2.1. Introdução
A maior utilização do zinco dá-se no revestimento do aço, devido à facilidade de aplicação, ao baixo
custo e a sua elevada resistência à corrosão.
Em aplicações práticas verifica-se que a velocidade da corrosão do zinco em atmosferas normais e
soluções aquosas relativamente neutras é bastante baixa (1/25 da do ferro em atmosfera marítima).
Uma das grandes vantagens do revestimento de zinco é que, quando o mesmo sofre qualquer
descontinuidade, arranhões por exemplo, age como proteção catódica do aço exposto, ou seja,
o ferro é protegido à custa da dissolução eletrolítica do zinco.
Os produtos de corrosão do zinco poderão recobrir o aço exposto e promover a sua proteção,
impedindo a continuidade do processo corrosivo.
Assim temos uma tríplice proteção do revestimento de zinco: como barreira entre a atmosfera e o
aço, como proteção catódica e como proteção adicional das áreas descobertas, pela deposição dos
produtos provenientes da corrosão do zinco.
A vida útil do revestimento é proporcional à sua espessura. Esta espessura deve ser uniforme em
toda a sua extensão, pois a vida da proteção será medida sempre pelos pontos de menor espessura,
que se corroeram primeiro, invalidando as áreas mais espessas.
A camada de zinco é comercialmente definida em [g/m²].
2.2. Aplicação
Os produtos zincados são ideais onde se procura a resistência e a rigidez do aço e uma excelente
resistência à corrosão, mesmo quando a peça será submetida à abrasão e a deformações, tais como
o dobramento.
Na maioria das aplicações as superfícies zincadas podem ser utilizadas sem nenhuma proteção
adicional, entretanto em meios fortemente agressivos, ou onde se deseja um acabamento estético, o
produto poderá receber pintura.
Hoje peças zincadas são utilizadas na construção civil, na indústria automobilística, na indústria
ferroviária, em material elétrico, em tubulações, em estruturas metálicas, etc.
Neste caso apenas uma rápida decapagem é suficiente para remover os óxidos de ferro.
Fluxagem
Consiste de uma solução com a finalidade de impedir a reoxidação superficial até a sua imersão no
banho de zinco fundido, garantindo um molhamento completo do aço.
Banho de zinco
Quando mergulhadas no banho de zinco, as peças de aço são imediatamente molhadas pelo zinco e
reagem, formando uma camada de liga de ferro e zinco.
Quando a peça é removida do banho, uma porção de zinco fundido é removida por arraste, formando
uma camada de zinco puro sobre as outras de ferro zinco.
Nas temperaturas normais de galvanização, 445°C a 465°C, a velocidade de reação é muito alta a
princípio, sendo que a maior parte das reações ocorre neste período e daí em diante o aumento de
espessura da camada dá-se lentamente.
O período normal de imersão é de um minuto ou dois.
Tratamentos posteriores
Normalmente as peças são resfriadas rapidamente, para permitir seu manuseio e limitar o aumento
de espessura das camadas de ligas intermediárias, pois estas camadas quando atingem a superfície
fazem com que esta fique com uma cor cinza-escura.
Após isto, a peça pode receber um tratamento de passivação à base de ácido crômico, que fará com
que o revestimento de zinco adquira uma capa protetora, dando um tom amarelado à superfície
zincada.
2.4.3. Metalização
A dureza da partícula é normalmente maior do que a do mesmo metal em outra forma metalúrgica,
devido à deformação mecânica e ao resfriamento brusco da partícula no momento em que atinge a
superfície a ser revestida.
Torna-se uma das maiores vantagens da metalização a possibilidade de aplicar camadas de zinco
virtualmente sem restrição quanto à espessura de camada. Além disso, é um processo rápido,
econômico e que pode ser executado com equipamento facilmente móvel, em peças de qualquer
tamanho e sem aumento de temperatura para estas.
O processo é empregado para a proteção de cascos de barcos, pontes, esquadrias, postes e
inúmeras outras aplicações. Os poros porventura existentes fecham-se rapidamente pelos produtos
da corrosão do zinco, impedindo a continuação do ataque.
3. Fosfatização
3.1. Introdução
A fosfatização é usada como proteção para aços, zinco, alumínio e suas ligas.
O tratamento é muito simples e muito barato, se comparado com revestimentos metálicos.
Fosfatos se depositam em todos os lugares de uma peça, uniformemente, mesmo em superfícies
complicadas. O aumento de espessura da peça tratada varia somente entre 1 a 10 mícron. A peça
não aumenta de peso, não muda suas propriedades magnéticas e não sofre tensões. A camada de
fosfato tem uma resistência elétrica grande. Oferecem uma excelente preparação para pintura,
evitando também a propagação da ferrugem embaixo das camadas orgânicas. Banhos de fosfato não
são venenosos. Além disso, camadas de fosfato vêm sendo usadas como lubrificantes em
deformações a frio e no atrito de peças móveis.
3.3. Valor protetivo da camada de fosfato
A camada de fosfato é composta de cristais de sais inorgânicos, os quais não fecham completamente
a superfície, mas deixam uma porosidade de 0,5 a 1%. Esta porosidade faz com que peças
fosfatizadas, sem tratamento posterior, enferrujem quando expostas a uma atmosfera úmida.
Por este motivo, peças fosfatizadas devem ser oleadas ou pintadas logo em seguida a fosfatização,
porque mesmo a ferrugem não sendo visível, uma oxidação está presente no fundo dos poros e influi
negativamente no valor protetivo do acabamento.
Uma grande vantagem oferecida pela camada de fosfato é que, além de oferecer uma ótima
ancoragem para a tinta, no caso de um rompimento da camada de pintura, o fosfato evita uma
propagação da ferrugem embaixo da mesma.
A qualidade de uma camada de fosfato depende grandemente da limpeza anterior, por isto o
processo de fosfatização compõe- se normalmente das seguintes operações:
As instalações usadas para execução da fosfatização podem ser classificadas em três grupos
principais:
a. por imersão;
b. a jato;
c. processo eletrolítico.
Para peças pequenas e médias é recomendado o uso de tambores rotativos, de chapa perfurada,
colocados no tanque de fosfato.
Para peças grandes, como carrocerias de automóveis, existem máquinas de fosfatização a jato. Já
no processo de eletro- fosfatização usa-se a própria peça como eletrodo, enquanto o pólo contrário
está ligado ou com o material do recipiente ou com uma chapa de cobre (300 a 400 A/m 2, 50°C).
4. Pintura
4.1. Introdução
No combate à corrosão, a proteção por pintura é o método mais antigo e mais empregado que se
conhece, dentro da gama dos revestimentos orgânicos.
Com a generalização do emprego do aço na construção de instalações e equipamentos industriais, a
proteção contra a corrosão tomou aspectos de importância prioritária. As perdas decorrentes da
corrosão elevam-se em todo o mundo a quase quarenta bilhões de dólares.
Na proteção contra a corrosão, à pintura constitui sem dúvida, o método mais utilizado pelas
vantagens de eficiência, facilidade de execução e baixo custo que apresenta. A estes fatores alia-se
ainda efeito estético e decorativo que, via de regra, a pintura confere aos elementos pintados.
Apesar de haver outras formas de definir-se o que é uma tinta, podemos escolher a que se segue,
que nos parece abranger os pontos mais importantes:
tinta é um produto composto de pigmentos sólidos de propriedades específicas, dispersos em um
meio orgânico apropriado, com características que permitam sua aplicação fácil e promovam a
formação de uma película sólida, contínua, uniforme, aderente, decorativa e/ou protetiva do
substrato.
Uma tinta é composta de:
1. Pigmento 2. Veículo 3. Solventes 4. Aditivos
4.2.1. Pigmentos:
São partículas sólidas, totalmente insolúveis no veículo e que permanecem em suspensão. São
responsáveis pela cor, poder de cobertura e outras propriedades, como os pigmentos inibidores da
corrosão.
Dividem-se em: orgânicos, inorgânicos e metálicos.
Para a pintura industrial cabe salientar a importância dos pigmentos anticorrosivos usados em tintas
de fundo. Os mais importantes são:
Óxido de Ferro
Usado em tintas com veículo sintético ou epóxi. Sua proteção é restrita mas seu custo é o menor
entre os pigmentos anticorrosivos, sua cor é marrom - avermelhado.
Zarcão
Composto de Pb3O4 usado em tintas à base de óleo, sintéticos, epóxi, borracha clorada, etc.
Confere ao substrato ferroso proteção anódica. Permite pintura sobre pequenas oxidações,
principalmente em tintas à base de óleo. Sua cor é laranja.
Cromato de Zinco
Usado geralmente em veículos sintéticos onde a solubilidade do radical CrO3 é a responsável pelas
propriedades inibidoras da corrosão.
Zinco em pó
Confere ao substrato ferroso a proteção catódica sendo que os “primers” com este tipo de pigmento
são chamados de tintas ricas em zinco, por conter na película seca 92% de zinco.
Cromato de Chumbo
É um pigmento laranja ou amarelo, confundido algumas vezes com o zarcão, porém de ação bem
menos efetiva ( PbCrO4 ) .
4.2.2. Veículos
Vinílicos
Resistente a ácidos, tendência ao amarelamento e a calcinação quando em uso externo. Não
propaga chama.
Borracha Clorada
Resistente a ácidos ou alcalinos fracos, grande impermeabilidade à umidade.
Não deve entrar em contato com óleos ou graxas ou em superfícies acima de 70 graus C.
Silicatos
Resistência à temperatura (até 600°C) e a umidade.
Acrílicos
Alto brilho, alta resistência ao intemperísmo.
Epóxi
Resistente a óleos, solventes, alta umidade, agentes químicos agressivos, apresenta perda de brilho
e calcinação quando exposta ao sol.
Poliuretano
Com alto preço é usado mais para acabamento por sua resistência à luz solar. Possui as vantagens
da tinta epóxi.
Silicone
Resistência à temperatura (até 600°C) e a umidade.
4.2.3. Solventes
O solvente é o componente que dissolve a resina, além de permitir a obtenção da viscosidade
adequada para a aplicação da tinta. Chama-se de SOLVENTE o veículo volátil utilizado na fabricação
da tinta e de DILUENTE ou THINNER o solvente adicionado à tinta, pelo pintor, no momento da
aplicação. Normalmente, a tinta é fornecida na viscosidade adequada para aplicação a pincel ou rolo;
para aplicação a revólver, geralmente, é necessária a adição de diluente.
4.2.4. Aditivos
Os aditivos não são elementos essenciais à tinta, porém, conferem algumas propriedades adicionais,
melhorando algumas de suas características. os principais aditivos são: os secantes, os
plastificantes, os antimofos, os anti-sedimentação, os antiespumantes, os dispersantes e outros.
Toda tinta nasce nos laboratórios de desenvolvimento das indústrias de tinta. Traçados os objetivos
de finalidade e desempenho do produto, o químico formulador inicia o estudo de sua formulação que
após pesquisas e ensaios o leva a uma formulação final que é testada em termos de desempenho e
produção. Segue-se então um teste de fabricação em unidades piloto onde se estabelece o processo
definitivo de fabricação.
Uma boa técnica de pintura recomenda (com raras exceções) que a primeira demão de tinta seja
aplicada a pincel para melhor umectação da superfície. Os processos de aplicação são:
- pincel
- rolo
- pulverização convencional
- pulverização air less
- pulverização eletrostática
- imersão
- eletrodeposição
Mais recentemente foram desenvolvidos processos modernos como o de deposição eletrostática,
usando-se tinta em pó (epóxi, epóxi poliéster, etc.), com posterior aquecimento em estufa por quinze
a vinte minutos a temperaturas entre 160°C a 180°C.
Toda tinta deve ser selecionada de maneira adequada para proteger a superfície contra corrosão,
considerando-se sempre aspectos econômicos e técnicos. A qualidade da tinta é garantida quando o
usuário inspeciona todas as suas características na ocasião do seu recebimento ou quando ela é
fornecida por fabricante idôneo, que garanta o seu desempenho.
Neste ponto deve-se informar que, geralmente as tintas são divididas em três grupos:
Tintas de fundo ou primers
São normalmente responsáveis pela proteção contra a corrosão e pela aderência do esquema ao
substrato.
Tintas intermediárias
São normalmente tintas de menor custo, que tem a finalidade básica de conferir maior espessura ao
revestimento.
Tintas de acabamento
As que estão diretamente em contato com o meio agressivo, devendo ter, portanto, resistência
química a ele. São responsáveis também, pela estética do esquema de pintura, devendo manter
durante o tempo mais longo possível o brilho, quando a tinta original for brilhante, e a cor.
Existem algumas tintas que não se enquadram nos grupos anteriormente descritos, pois sua função
principal é a de possibilitar a aderência entre o substrato e o esquema de pintura. A necessidade de
sua utilização ocorre quando da pintura de metais não ferrosos, do zinco (superfícies zincadas),
alumínio, etc ou de aços inoxidáveis. Elas são chamadas de tintas de aderência, “primers” de
aderência ou "wash primers".
clorada, epóxi betuminosos e até mesmo sistemas vinílicos. Não são recomendáveis produtos
saponificáveis. Como exemplo podemos citar:
Ambientes industriais
São ambientes sujeitos a impurezas ( poeiras intensivas, fuligem, fumaças ), emanações gasosas,
SO2 por exemplo, umidade, etc. Nestes ambientes, conforme o tipo de ataque, são utilizados
esquemas de pintura com pigmentos tais como o zarcão e veículos do tipo epóxi, éster de epóxi,
vinílicos e poliuretano.
Ambientes marítimos
Neste caso a seleção fundamental diz respeito ao “primer” anticorrosivo a ser escolhido. Deve-se
optar de preferência por “primers” de ação tais como os ricos em zinco que podem ainda ser
orgânicos ou Inorgânicos. É também de grande valor a zincagem das peças quando possível. Quanto
aos acabamentos, poderemos citar epóxi sem solventes, borracha clorada, poliuretânicos e também
vinílicos.
Estruturas zincadas devem ser inicialmente pintadas com “Shop-primer” para conseguir-se aderência
suficiente para a tinta de acabamento.
Em caso de manutenção parcial, quando apenas algumas áreas da estrutura vão ser reparadas, o
esquema de pintura deve ser aplicado apenas nessas áreas, sendo que, por questões estéticas a
última demão da tinta de acabamento deve ser aplicada em toda a superfície da estrutura, com um
tipo de tinta especificado caso a caso, que deve ser compatível com a tinta antiga.
Na aquisição de uma tinta não se deve levar em conta apenas o preço de custo de um galão.
Devemos considerar também os seus sólidos por volume. Entende-se por sólidos por volume a
quantidade de tinta seca que se obtém em um litro de tinta pronta, podendo-se a partir daí calcular o
rendimento real de uma tinta aplicada, por m².
Exemplo: (tintas de qualidade equivalente).
Verificamos que a tinta B que aparentemente custava 50% a mais, resultará, depois de aplicada num
custo 75% menor.
Nesta avaliação, deve ser considerado também o tempo de vida útil de cada esquema, como também
a freqüência de necessidade de manutenção preventiva para melhor avaliação do custo de cada
esquema.
O que queremos alertar é que, a especificação de um esquema de pintura que se inicia com o estudo
da agressividade ambiental, passando pela preparação superficial, aplicação e avaliação econômica,
deverá ser elaborada sempre por um especialista em corrosão a fim de que, minimizando os custos
da empresa, se possa otimizar a performance esperada do esquema.
5. Anodização do alumínio
5.1. Definição
Antes da anodização há cinco estágios de preparação de superfícies, que são fundamentais para a
qualidade final do processo:
Gancheira
Trata-se da fixação dos perfis de alumínio em gancheiras de alumínio ou titânio. O contato perfil-
gancheira deve ser firme de modo a não permitir deslocamentos durante a movimentação da carga
pelos vários tanques ou pela agitação de ar utilizado em alguns tanques da linha de anodização.
Desengraxe
Serve para limpar os perfis, removendo gorduras, óleo e outros resíduos aderentes ao metal. O
tanque contém uma solução aquosa levemente alcalina. Dependendo do acabamento superficial
desejado, pode-se adicionar solventes, emulsões de limpeza e inibidores de alcalinidade.
Lavagem
Feita com água e sempre repetida depois de cada estágio. Obviamente seu objetivo é remover
resíduos da etapa anterior na superfície da peça.
Fosqueamento
Pode ser considerado como uma limpeza da peça em processo. No entanto, o tratamento com
solução alcalina (usualmente hidróxido de sódio) resulta em um acabamento fosco, sendo este o tipo
de acabamento superficial nos perfis de alumínio para aplicação arquitetônica.
Neutralização
O objetivo é neutralizar os efeitos dos resíduos alcalinos, bem como dissolver compostos formados
em decorrência das reações químicas dos elementos de liga de alumínio durante o fosqueamento.
Utiliza- se uma solução ácida (usualmente ácido nítrico) e o processo deve ser controlado sobretudo
em termos de concentração de solução e tempo de tratamento.
5.3. Anodização
modo uniforme toda a peça. O filme é claro, transparente e duro. Dependendo da técnica utilizada
pode ser brilhante ou opaco (fosco).
O que foi descrito até agora retrata o processo usual de anodização natural fosca. É possível também
se obter peças de alumínio anodizado colorido graças às características de transparência e
porosidade do filme anódico.
Basicamente há três processos de coloração do alumínio:
Utilizando-se pigmentos inorgânicos (sais metálicos), ou corantes orgânicos (anilina).
Utilizando-se um eletrólito especial (ácido orgânico) em concomitância com a composição
química da liga de alumínio.
Utilizando-se a deposição de sais metálicos através de uma técnica de corrente alternada
(c.a.).
5.5. Selagem
É o estágio final no processo de anodização, independente do mesmo ser natural fosco, natural
brilhante ou colorido, que confere à camada anódica sua resistência química e mecânica.
5.6. Aplicações
Decorativa
São aquelas que utilizam propriedades particulares da camada anódica tais como conservação do
estado de superfície e possibilidade de coloração.
Protetoras
Baseia-se na resistência de camada anódica à corrosão atmosférica.
Técnicas
Estas aplicações estão ligadas mais diretamente às propriedades intrínsecas do óxido de alumínio
do que a propriedades da camada anódica, apesar de ambas estarem intimamente relacionadas.
Três propriedades se destacam nessas aplicações: dureza, a ação como isolante elétrico (como nas
armaduras de condensadores eletrolíticos) e resistência à abrasão.
6. Eletrodeposição de Metais
6.1 Introdução
Eletrodeposição é um tipo de acabamento superficial usado tanto para proteção superficial, como
para fins estéticos e para conferir determinadas características ao metal, tais como condutividade
elétrica e dureza superficial.
O termo eletrodeposição significa revestir um objeto com uma fina camada e metal, com o uso da
eletricidade. Os metais normalmente usados são: o ouro, a prata, o cromo, o cobre, o níquel e o
zinco, mas muitos outros podem ser usados. A eletrodeposição é usualmente feita sobre metais, mas
pode também ser feita sobre não metais, como os plásticos, por exemplo.
A eletrodeposição é feita em um tanque contendo uma solução do metal que vai ser depositado sobre
a peça. O metal está dissolvido em forma de íons. A solução costuma apresentar uma cor típica. A de
níquel, por exemplo, é verde esmeralda, embora o depósito seja cinza ou prateado.
O objeto a ser revestido recebe carga negativa de uma fonte de energia e atrai os íons metálicos
positivos, que recobrem o objeto e recuperam os elétrons tornando-se metal novamente.
Um exemplo clássico do processo é o apresentado na figura abaixo, onde uma chave é revestida
com cobre. A chave está conectada ao terminal negativo de uma bateria e é colocada em uma
solução de vinagre (ácido acético). O pólo positivo da bateria está conectado a um pedaço de cobre,
que também é imerso na solução. O ácido lentamente dissolve o cobre, liberando íons do metal, que
então são atraídos pela corrente positiva e se depositam sobre a chave, sendo neutralizados e
tornando-se um revestimento metálico. A bateria força o movimento dos íons e evita que o cobre
depositado seja novamente dissolvido.
6.2.Cromeação
Bibliografia específica