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CURSO DE ENGENHARIA DE MINAS E DE PROCESSAMENTO MINERAL

Texto de apoio sobre corrosão e reacções de oxidação-redução

COROSÃO E PROTEÇÃO DE METAIS

Corrosão é a deterioração de metais pelo processo eletroquímico que ocorre nas reações de
óxido-redução.

CORROSÃO DO FERRO
O ferro oxida-se facilmente quando exposto ao ar húmido.

As reações envolvidas na formação da ferrugem são:

oxidação do ferro (ânodo) redução do oxigênio (cátodo)

Fe(s) Fe2+ + 2 e– O2 + 2H2O + 4 e– 4 OH–

A soma das duas semi-reações permite obter a reação global:


2Fe + O2 + 2H2O 2Fe(OH)2
O Fe(OH)2 é normalmente oxidado a Fe(OH)3:
4 Fe(OH)2 + O2 + 2 H2O 4 Fe(OH)3 (ferrugem)
Muitas vezes, a ferrugem é representada por Fe2O3. 3 H2O.
NOTA: A presença de iões dissolvidos na água facilita o fluxo de eletrões, favorecendo a
formação da ferrugem. Isto explica por que em regiões litorâneas a ferrugem se forma mais
rapidamente.

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PROTEÇÃO DE METAIS CONTRA A CORROSÃO
Para proteger o metal — ferro ou aço — da corrosão, podemos utilizar um metal que apresente
maior tendência a perder eletrões (maior potencial de oxidação). Esse metal se oxida e evita a
corrosão do ferro, sendo, por isso, chamado de metal de sacrifício. Um metal normalmente
utilizado com essa finalidade é o magnésio.
E0oxi Mg = +2,36 V > E0oxi Fe = +0,44 V

De acordo com a equação:


Mg(s) Mg2+ + 2 e–
Podemos perceber que o magnésio, quando se oxida, perde eletrões para o ferro, que
permanece protegido. As placas de magnésio devem, portanto, ser substituídas por outras,
esporadicamente.

REVESTIMENTO DO FERRO
Uma maneira muito comum de proteger um metal da corrosão é a aplicação de uma
fina camada de outro metal para revestimento.
Um dos metais mais utilizados para revestir o ferro é o zinco, que forma o ferro galvanizado.
Outro metal utilizado é o estanho. Este tipo de revestimento é usado para a fabricação da folha-
de-flandres ou lata.

TIPOS DE CORROSÃO

1 Corrosão uniforme

Mais comum e facilmente controlável, consiste em uma camada visível de óxido de ferro pouco
aderente que se forma em toda a extensão do perfil. É caracterizada pela perda uniforme de
massa e consequente diminuição da secção transversal da peça.

Esse tipo de corrosão ocorre devido à exposição directa do aço carbono a um ambiente agressivo
e à falta de um sistema protector.

A corrosão uniforme pode ser evitada com a inspecção regular da estrutura e com o uso de ligas
especiais como o aço inoxidável.

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2 Corrosão Galvânica

Esse tipo de corrosão ocorre devido a formação de uma pilha electrolítica quando utilizados
metais diferentes. As peças metálicas podem se comportar como eléctrodos e promover os
efeitos químicos de oxidação e redução.

3 Corrosão por concentração diferencial

Os processos corrosivos ocasionados por variação na concentração de determinados agentes no


meio provocam também, de um modo geral corrosão localizada. São resultantes da acção de
pilhas de concentração iónica diferencial e pilhas de arejamento diferencial.

Os principais processos corrosivos por concentração diferencial são: a corrosão por concentração
iónica diferencial, a corrosão por arejamento diferencial, a corrosão em frestas e a corrosão
filiforme.

4. Corrosão selectiva

Os processos corrosivos denominados de corrosão selectiva são aqueles em que se tenha a


formação de um par galvânico devido a grande diferença de nobreza entre dois elementos de
uma liga metálica. Os dois principais tipos de corrosão selectiva são a grafítica e a
dezincificação.

5. Medidas de prevenção da corrosão

Embora difícil de evitar, podem ser tomadas diversas medidas para prevenir ou atenuar a
corrosão de um metal, algumas das quais já referidas. Como exemplos temos:

a) Protecção catódica (ver atrás) – aplicação de voltagem ou corrente externa, ou utilização de


ânodo sacrificado

b) Passivação (certos metais sofrem oxidação dando origem a finas películas de óxidos estáveis,
que impedem posterior corrosão – exemplo: anodização do alumínio).

c) Revestimentos metálicos;

d) Revestimentos orgânicos: pintura, óleos, substâncias betuminosa;

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e) Revestimentos inorgânicos;

f) Evitar contactos bimetálicos;

g) Remoção de oxigénio e água.

Influência de outros factores na velocidade da corrosão

Alguns outros factores influem na velocidade de corrosão, principalmente porque actuam nos
fenómenos de polarização e passivação.

Tais factores que também influenciam a velocidade de corrosão são:

1- Arejamento do meio corrosivo: como foi dito anteriormente oxigénio funciona como
controlado dos processos corrosivos.

Portanto, na pressão atmosférica a velocidade de corrosão aumenta com o acréscimo da taxa de


oxigénio dissolvido. Isto ocorre por ser o oxigénio um elemento despolarizante e que desloca a
curva de polarização catódica no sentido de maior corrente de corrosão;

2- pH de electrólito: a maioria dos metais passivam-se em meios básicos (excepção para os


metais anfotéricos). Portanto, as taxas de corrosão aumentam com a diminuição do pH.

3- Temperatura: o aumento de temperatura acelera, de modo geral, as reações químicas. Da


mesma forma também em corrosão as taxas de desgaste aumentam com o aumento da
temperatura. Com a elevação da temperatura diminui-se a resistividade d electrólito e
consequentemente aumenta-se a velocidade de corrosão;

4- Efeito da velocidade: a velocidade relativa, superfície metálica-eletrólito, actua na taxa de


desgaste de três formas: para velocidades baixas há uma acção despolarizante intensa que se
reduz à medida que a velocidade se aproxima de 8 m/s (para o aço em contacto com água do
mar). A partir desta velocidade as taxas praticamente se estabilizam voltando a crescer para altas
velocidades quando diante de um movimento turbulento há uma acção erosiva.

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REACÇÕES DE OXIDAÇÃO – REDUÇÃO. OXIDANTE E REDUTOR

Uma reacção de oxidação – redução é uma reacção em que ocorre transferência de electrões.

Oxidante é a espécie química que, numa reacção química, capta electrões, isto é, é reduzida,
provocando a oxidação da outra espécie. O oxidante é o aceitador de electrões.

Redutor é a espécie química que, numa reacção química, cede electrões, isto é, é oxidada,
provocando a redução da outra espécie química. O redutor é o dador de electrões.

Exemplo

A semi – equação de oxidação é:

A semi – equação de redução é:

O é a espécie que dá electrões, é o redutor, electrões esses que são aceites pela espécie

, que é o oxidante, é a espécie que se reduz.

Os pares redox conjugados são e .

Estado de oxidação/ Número de oxidação

Um átomo que perde total, ou parcialmente, electrões está oxidado relativamente ao seu estado
elementar.

Um átomo que ganha electrões está reduzido em relação ao mesmo estado elementar.

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Um dado átomo pode, assim, aparecer em vários estados de oxidação referenciados pelo
chamado número de oxidação.

Número de oxidação de um elemento, num dado estado, é a carga que um átomo desse
elemento adquire se os electrões, em cada ligação, forem atribuídos aos átomos mais
electronegativos.

O número de oxidação é positivo se corresponde a electrões perdidos e é negativo se corresponde


a electrões ganhos.

Regras para determinar o número de oxidação (n.o.x) dos elementos

1. O nº de oxidação de um elemento no estado livre é sempre 0, qualquer que seja a forma


em que se apresenta. Ex: He, H2, O, O2, Na, Ca, P4
2. Nos compostos iónicos binários, os nºs de oxidação coincidem com a carga do ião.
3. O hidrogénio, com um único electrão e pequena electronegatividade, apresenta
geralmente o nº de oxidação +1, excepto nos hidretos, em que o nº de oxidação é –1.
4. Na generalidade dos compostos o nº de oxidação do oxigénio é –2, excepto nos
peróxidos, em que o oxigénio apresenta o nº de oxidação –1.
5. Os metais dos grupos 1, 2 e 3, que possuem na última camada eletrónica,
respectivamente, 1, 2 e 3 eletrões, e apresentam pequena eletronegatividade, têm números
de oxidação +1, +2 e +3.
6. A soma algébrica dos números de oxidação de todos os átomos numa molécula é igual a
0 (regra da electronegatividade) e, no caso de um ião composto essa soma é igual à carga
desse ião.

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Acerto de equações de oxidação – redução

I:Método das semi-equações

De um ponto de vista prático e, sempre que se trate de uma reacção em meio aquoso, para acertá-
la, usando o método das semi-equações, há que aplicar as seguintes regras:

Uma equação redox, como qualquer outra equação química, deve estar certa quanto à massa e à carga.

1. Escrevem-se separadamente as semi – equações correspondentes às duas semi – equações, de


oxidação e de redução, pondo no primeiro membro o reagente e no segundo o produto.
2. Acertam-se as semi – equações, relativamente ao oxigénio e ao hidrogénio, com o auxílio de

moléculas de água e de iões ou , conforme a solução for neutra, ácida ou


básica.
3. Levam-se os dois membros das semi – equações a apresentar a mesma carga eléctrica através
da introdução, no membro conveniente, do número necessário de electrões.
4. Obtém-se a equação total somando-se as duas semi – equações, depois de ter multiplicado
cada uma delas por um número apropriado de modo a que o número de electrões seja o
mesmo no processo de oxidação e no processo de redução.

Ex: Acerto da equação de reacção seguinte em meio ácido.

1. Semi – equação de redução

a) Acerto do número de átomos de oxigénio e de hidrogénio

b) Acerto da carga eléctrica

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2- Semi – equação de oxidação

a) Na semi – equação não figuram átomos de oxigénio nem de hidrogénio.


b) Acerto da carga eléctrica;

c) Equação total:

II:Método de variação dos números de oxidação

Baseia-se na escrita de uma equação única, onde, a partir da variação dos números de oxidação
das espécies oxidada e reduzida, se prevê os coeficientes estequiométricos adequados ao acerto.
Como, por exemplo, a reacção do ácido nítrico concentrado com o cobre metálico, reacção da
qual resultam nitrato de cobre e dióxido de azoto.

Para este método torna-se imprescindível conhecer a variação dos números de oxidação dos
elementos presentes na reacção. A soma algébrica das variações dos números de oxidação em
reagentes e produtos tem de ser nula.

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A igualdade da carga eléctrica nos dois membros da equação que traduz a reacção química é

conseguida adicionando ao membro conveniente iões , se a reacção ocorrer em meio

ácido, ou iões , se a reacção ocorrer em meio alcalino.

Em resumo,se se pretende acertar uma equação redox pelo método da variação dos números de
oxidação, há que usar as seguintes regras:

1) Escrever num único esquema as fórmulas químicas correctas de reagentes e produtos.

2) Identificar as espécies oxidadas e as espécies reduzidas. Para isso basta determinar os números
de oxidação dos vários elementos.

3) Verificar a variação do número de oxidação do elemento oxidado e a do elemento reduzido.

4) Prever, a partir do passo anterior, os coeficientes pelos quais se devem multiplicar as espécies
envolvidas na oxidação e na redução, de forma a que o aumento do número de oxidação de uma
das espécies seja numericamente igual ao decréscimo do número de oxidação da outra espécie.
Na prática, equivale a igualar o número de eletrões «perdidos» e «ganhos» por ambas as
espécies.
5) Proceder ao balanço de massa das restantes espécies presentes na reacção.
6) Efectuar o acerto de oxigénio e hidrogénio com moléculas de água e iões H+ se a reacção
ocorrer em meio ácido; utilizar moléculas de água e iões OH- se a reacção se processar em meio
básico, no menbro conveniente.

Ex: acerto da seguinte equação em meio básico:

1. Escrita dos reagentes e produtos da reacção

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2. Cálculo e anotação dos números de oxidação dos átomos dos elementos intervenientes:

3. Variação do número de oxidação do azoto: +2

Variação do número de oxidação do manganês: -3

Na equação têm de figurar três átomos de azoto por cada dois de manganês.

4. Acerto da carga eléctrica por adição de iões

5. Acerto do número de átomos de hidrogénio, por adição de moléculas de água ao membro


conveniente.

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