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Divisão de Engenharia

Engenharia de minas B

Topografia I

Trabalho individual

Curso diurno/ 2º Ano/ T: B

TEMA: MÉTODOS TOPOGRÁFICOS PARA O CÁLCULO DE ÁREAS E


VOLUMES

DISCENTE:

 Meiguy De Cecília Virgílio Chaphata Gumbi;

DOCENTE:

Eng. Edelson Assado

Tete, Maio de 2020


Índice
Introdução ............................................................................................................................... 3
MÉTODOS TOPOGRÁFICOS PARA O CÁLCULO DE ÁREAS E VOLUMES .............. 4
Cálculo de Áreas ..................................................................................................................... 4

Processo Gráfico ..................................................................................................................... 4


Processo Computacional ......................................................................................................... 5
Processo Mecânico ................................................................................................................. 6
Processos Analíticos ............................................................................................................... 7
O método de Gauss ................................................................................................................. 7
Cálculo de Volumes .............................................................................................................. 11
Método das alturas ponderadas ............................................................................................. 12
Método das Seções Transversais .......................................................................................... 16
Cálculo de Volumes em Curvas de Nível ............................................................................. 17
Referências Bibliográficas .................................................................................................... 19
1. Introdução

O presente trabalho é sobre métodos topográficos para o cálculo de áreas e volumes. A


estimativa da área de um terreno pode ser determinada através de medições realizadas
directamente no terreno ou através de medições gráficas sobre uma planta topográfica. As
áreas que realmente interessam em todos os trabalhos topográficos são as correspondentes à
projecção horizontal do terreno. Um terreno plano e um inclinado podem ter a mesma área
legal e administrativa, mesmo que as suas áreas reais sejam distintas. Portanto, a área de um
terreno pode ser estimada por vários métodos, assim como o volume e é o que abordaremos
mais concretamente no trabalho.

É objectivo deste trabalho ilustrar os métodos topográficos de cálculo de áreas e volumes.


Conhecer os métodos de cálculo de áreas e de volumes; indicar alguns cálculos demostrativos
a título de exemplo.

A metodologia utilizada foi a pesquisa virtual, isto é, a busca de informações através de


documentos em formato electrónico do tipo PDF e informações da internet relativamente ao
tema em estudo.

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2. MÉTODOS TOPOGRÁFICOS PARA O CÁLCULO DE ÁREAS E VOLUMES

2.1 Cálculo de Áreas


A avaliação de áreas é uma actividade comum na Topografia. Por exemplo, na compra e
venda de imóveis rurais e urbanos esta informação se reveste de grande importância.

Basicamente a área de um terreno pode ser determinada por vários processos sendo eles:

 Analíticos;
 Gráficos;
 Mecânicos;
 Computacionais.

A escolha do método é função de alguns factores, tais como: a precisão desejada, aplicação de
medições directas obtidas no terreno, informações obtidas através de planta topográficas, etc..

2.2 Processo Gráfico


Neste processo a área a ser avaliada é dividida em figuras geométricas, como triângulos,
quadrados ou outras figuras, e a área final será determinada pela somatória de todas as áreas
das figuras geométricas. A figura 1 ilustra a aplicação do método gráfico, através do processo
de divisão da área em quadrículas e em figuras geométricas equivalentes.

Fig.1 - Cálculo de área por métodos gráficos: quadriculado e figuras geométricas


equivalentes.
 Faixa de igual espessura (Áreas que se delimitam por poligonais irregulares):
Consiste em efectuar a divisão da figura em faixas de espessura constante (e),
medindo-se as larguras ( ) Dessas faixas.

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 Divisão em Quadrículas (Áreas que se delimitam por poligonais irregulares):
Consiste na contagem directa dos quadrados multiplicados pela área deles. Pode-se
utilizar milimetrado para facilitar a tarefa.

Fig.2 – Divisão em quadrículas

 Figuras Geométricas Equivalentes (Áreas que se delimitam por poligonais


irregulares): Consiste em dividir a área em figuras geométricas equivalentes:
rectângulos, triângulos e trapézios, de modo a compensar as áreas que ficaram dentro e
fora da figura geométrica.

Fig.3 – Figuras geométricas equivalentes

2.3 Processo Computacional

Actualmente é uma forma bastante prática para o cálculo de áreas. Baseado no emprego de
algum programa gráfico do tipo CAD ou similar, no qual são desenhados os pontos que
definem a área levantada e o programa calcula esta área, por métodos analíticos.

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O programa utiliza a fórmula de Gauss, já que o contorno da figura é na realidade uma
poligonal de muitos lados.

2.4 Processo Mecânico


Utiliza-se um equipamento denominado de planímetro (figura 2). Este consiste em dois braços
articulados, com um ponto fixo denominado de pólo e um cursor na extremidade dos braços,
o qual deve percorrer o perímetro do polígono que se deseja calcular a área. Também
apresenta um tambor giratório. De acordo com (CINTRA 1996), "pode-se demonstrar que o
giro do tambor e, portanto, a diferença de leituras, é proporcional à área envolvida pelo
contorno percorrido".

Fig.4 - Planímetro digital.


A área será dada por:

Onde:
S – área
k – é a constante do aparelho para um dado comprimento do braço graduado;
Lf – é a leitura final;
Li – é a leitura inicial.

O valor de K pode ser determinado planimetrando-se uma área conhecida (S) diversas vezes
(n).
)
De acordo com (CINTRA 1996) o pólo deve ser posicionado fora da área que está sendo
avaliada, caso contrário, deve-se adicionar à área o chamado "círculo zero", fornecido pelo
fabricante.

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2.5 Processos Analíticos

Nestes métodos a área é estimada por meio de expressões matemáticas, a partir das projecções
compensadas dos alinhamentos que compõem a poligonal ou a partir das coordenadas dos
vértices. Dentre os processos analíticos o mais empregado é:

 Método das coordenadas, também conhecido como o método de Gauss (Áreas


delimitadas por poligonais regulares: triângulos, trapézios, etc.).

O método de Gauss, Baseia-se na soma e subtracção da área de trapézios formados pelos


vértices e projecções sobre os eixos N, E.
Essa operação pode ser expressa por diferentes equações, como a equação a seguir, que utiliza
a propriedade distributiva.

(∑ ∑ )

O cálculo da área de poligonais, por exemplo, pode ser realizado a partir do cálculo da área de
trapézios formados pelos vértices da poligonal (fórmula de Gauss). Através da figura 5 é
possível perceber que a área da poligonal definida pelos pontos 1, 2, 3 e 4 pode ser
determinada pela diferença entre as áreas 1 e 2.

Fig.5 – Cálculo de áreas

A área 1 pode ser calculada a partir das áreas dos trapézios formados pelos pontos 2', 2, 1, 1´ e
1', 1, 4, 4'. Na figura a seguir é apresentada a fórmula de cálculo da área de um trapézio
qualquer.

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Fig.6 – Cálculo da área de um trapézio.

Para facilitar a compreensão, será calculada a área do trapézio formado pelos pontos 2', 2, 1,
1' (figura 7).

Fig.7 – Trapézio 2´2 1 1´.

Conforme pode ser visto na figura 7, a área do trapézio será dada por:

Desta forma a área 1 (fig.4) será calculada por:

Da mesma forma, a área 2 será calculada por:

A área da poligonal (AP) será dada por:

Desenvolvendo tem-se:

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( )

( )

( )

Reescrevendo a última equação, eliminando-se o sinal negativo obtém-se:

Genericamente a equação pode ser reescrita por:

Sendo n igual ao número de pontos da poligonal. Deve-se observar que quando i = n, o valor
de i+1 deve ser considerado como sendo 1, ou seja, o primeiro ponto novamente. Outra
fórmula pode ser obtida a partir da resolução da equação anterior.

Simplificando os termos semelhantes e reescrevendo a equação obtém-se:

A equação anterior pode ser representada genericamente por:


∑ Ou também de outra forma: ∑

Outra equação também pode ser empregada (CINTRA, 1996):

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∑ ∑

Utilizando-se esta equação pode ser realizado facilmente montando-se uma tabela com as
coordenadas dos pontos, com o cuidado de repetir a coordenada do primeiro ponto no final da
tabela, e multiplicando-se de acordo com o ilustrado pela figura 8.

Fig.8 - Forma de multiplicação dos valores.

Exercício: uma empresa de topografia levantou as coordenadas de uma poligonal de cinco


vértices destinada há construções de um Centro comercial. Com base nestas informações, o
engenheiro da obra pediu ao estagiário para calcular a sua área em . Com base nestas
informações, foi dada uma tabela como podemos ver a seguir, com os vértices da poligonal,
neste caso 5 vértices e as coordenadas.

Vértice X (m) Y (m)


A 10000 30000
B 15000 40000
C 20000 20000
D 18000 10000
E 12000 30000

Resolução: primeiro para o cálculo de área a poligonal não pode ser aberta, portanto, repete-se
a coordenada do vértice A como mostra a tabela a seguir.

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Vértice X (m) Y (m)
A 10000 30000
B 15000 40000
C 20000 20000
D 18000 10000
E 12000 30000
A 10000 30000

Segundo calcular a área Do sentido neste caso vamos fazer todas as multiplicações
ai em diagonal e somar essas multiplicações com isso teremos a área do sentido 1, isto é:

Terceiro calcular a área Do sentido , então:

Para finalizar a área total é dada por:


| | | |

3. Cálculo de Volumes

O cálculo de volume para Topografia consiste em se calcular o volume de uma determinada


quantidade de terra, característico daquele lugar. É necessário saber o volume inicial para
poder executar o volume final do projecto, de forma a se fazer o menor movimento de terras
possível, pois esse movimento é bastante oneroso, aproveitando-se sempre que possível, a
terra do corte para o aterro. Como em toda Topografia, é necessário se imaginar que aquela
determinada quantidade de terra é uma figura geométrica e, assim, possibilitar a realização de
cálculos.
A Figura a seguir, exemplifica um cálculo de volume de um terreno em forma de um
paralelepípedo, onde temos o volume de .

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Fig.9 – Cálculo de volume de um paralelepípedo.

3.1 Método das alturas ponderadas


Este método baseia-se na decomposição de um sólido cujo volume deseja-se calcular em
sólidos menores, mais fáceis de calcular o volume. Estes sólidos são normalmente de base
quadrada ou triangular. Sua utilização típica é em escavações, podendo no entanto também ser
aplicado a volume de barragens e outras obras de engenharia.

Para realizar o cálculo do volume vamos fazer a seguinte consideração: imaginemos um


sólido de base quadrada e área igual a Q e arestas verticais com alturas. O volume deste sólido
será dado pelo produto da área da base pela média das alturas das arestas, conforme mostra a
equação abaixo.

Fig.10 – Sólido regular de base quadrada

Na prática o terreno é dividido em uma malha regular e cada ponto desta malha tem a sua cota
calculada por algum método de nivelamento. Então é definida a cota de escavação, ou seja a
cota em que o terreno deverá ficar após a retirada do material. A partir destas informações é
possível calcular as alturas dos sólidos para o cálculo do volume. O exemplo a seguir ilustra
esta questão.

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Exemplo: Vamos imaginar que queremos calcular o volume de corte de um terreno hipotético
de 10x10m, cujas cotas dos cantos são dadas (figura 11-a). Num primeiro momento queremos
calcular o volume de corte necessário para deixar o terreno plano na cota 85m e depois 84m.

No primeiro caso vamos ter que calcular o volume de um sólido, conforme mostra a figura
10-b. Observe que para o ponto A o sólido terá uma aresta igual a 2m, resultado da diferença
entre a cota do ponto A no terreno (87m) e a cota do plano em que vai ficar o terreno (85m).
Para os demais pontos o raciocínio é o mesmo para a determinação das alturas das arestas do
sólido. Para o primeiro caso (figura 11-b) o volume de escavação será de E para o
segundo (figura 11-c) de .

Fig.11 – Volume pelo método das alturas ponderadas.

Para uma malha de pontos podemos calcular o volume de cada célula da malha e depois
somar todos os volumes, conforme mostra o próximo exercício. A partir deste vamos deduzir
uma fórmula geral para o cálculo pelo método das alturas ponderadas.

Exercício 01 – Para a malha quadrada abaixo, de lado igual a L, calcular o volume de corte.
São dadas as alturas de cada um dos sólidos.

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[ ] [ ] [ ]

Esta última equação seria o resultado do exercício. Notar que os pontos que entram somente
no cálculo de um sólido recebem peso 1 (ponto A por exemplo), pontos que entram no cálculo
do volume de dois sólidos peso 2 (pontos B e F) e finalmente, para pontos utilizados no
cálculo do volume de 3 sólidos peso 3 (ponto E). A partir desta dedução é possível chegar a
uma fórmula geral para o cálculo do volume através do método das alturas ponderadas:

(∑ ∑ ∑ ∑ )

Onde os pesos 1, 2, 3 e 4 correspondem:

1 – Pontos localizados nos cantos da malha


2 – Pontos localizados nas bordas da malha
3 – Pontos localizados em cantos reversos da malha
4 – Pontos localizados no interior da malha

A figura abaixo mostra os pesos que cada tipo de vértice recebe, conforme visto
anteriormente.

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Fig.12 – Pesos atribuídos a cada um dos vértices da malha.

Para a determinação da malha no terreno procederemos da seguinte forma: a primeira etapa é


a quadriculação do terreno (figura 13-a). Esta etapa pode ser realizada somente a trena ou com
auxílio de um instrumento como um teodolito ou estação total. No exemplo da figura 12 os
pontos da malha foram materializados por piquetes. Depois faz-se a determinação das cotas
ou altitudes dos pontos, através de algum método de nivelamento (figura 13-b). Finalmente
após a escavação teremos o terreno na forma requerida pelo projecto (figura 13-c).

Fig.13 – Determinação da malha no terreno.


Exercício 02 – Calcular o volume de corte para a malha dada abaixo. A cota de escavação é
100m e o lado da malha quadrada mede 20 m. São dadas as cotas, em metros, de cada um dos
vértices da malha.

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Somatória dos pontos com peso 1:

Somatória dos pontos com peso 2:

Somatória dos pontos com peso 3:

3.2 Método das Seções Transversais

A aplicação desta fórmula supõe seções planas paralelas entre si, espaçadas de uma distância
“d” (figura 14). O volume será dado por:

( )

Fig.14 – Seções paralelas

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Esta fórmula é largamente empregada em estradas e ferrovias, nos cálculos de corte e aterro.
Para uma mesma seção poderemos ter áreas de corte e aterro, que posteriormente significarão
volumes de corte e aterro. A figura a seguir ilustra esta questão.

Fig.15 – Seções de corte e aterro.

O mais complicado e demorado deste método é o cálculo das áreas das seções transversais. A
aplicação da fórmula em si é muito simples.

3.3 Cálculo de Volumes em Curvas de Nível

Para obtenção do cálculo de volume de um terreno, através de uma planta com curvas de
nível, tem-se a seguinte fórmula:

Essa fórmula representa o volume entre duas cotas consecutivas.

No exemplo abaixo existe um terreno representado por curvas de nível (Figura 15A) e seu
correspondente perfil (Figura 15B). Considerando-se que a área da cota 100 = 1000m2; da
cota 120 = 900 m2; da cota 140 = 800 m2; e da cota 160 = 700 m2, deseja-se descobrir o
volume da cota 100 até o cume. Então, dividindo-se em vários volumes tem-se que: V1 = cota
100 à cota 120; V2 = cota 120 à cota 140; V3 = cota 140 à cota 160 e V4 = da cota 160 ao
cume 166,12. Assim, o volume total será igual à soma de todos os volumes encontrados.

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A B

Fig.16 – Curvas de nível em A representadas no perfil em B.

Na tabela abaixo, apresentamos a resolução.

(fórmula de um cone):

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4. Referências Bibliográficas

 COMASTRI, J. A. & GRIPP JR. J. Topografia aplicada: Medição, divisão e


demarcação. Viçosa: UFV, 1998.
 DOUBEK, A. Topografia. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 1989, 205p.
 ESPARTEL, L. Curso de Topografia. 9 Ed. Rio de Janeiro, Globo, 1987.
 MCCORMAC, J. Surveying. 4 ed. Prentice Hall, Columbus, 1999.
 BORGES, A. C. Exercícios de Topografia. 3 Ed. Editora Edgardo Blacher. São
Paulo, 1975. 192p
 VEIGA, Luís Augusto Koenig. Topografia – Cálculo de Volume. Notas de Aula.
Levantamentos Topográficos II. 2007.
 VEIGA, Luís Augusto Koenig; et al. Fundamentos de Topografia. Universidade
Federal do Paraná. 2012.

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