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A. A.

Rabelo (UFPA - Marabá)

Materiais Cerâmicos

Refratários
A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Definição:

REFRATÁRIOS
Material sólido, policristalino e/ou vítreo, natural ou manufaturado,
não metálico (não excluindo adições metálicas em pó ou fibras),
inorgânicos (podendo ser constituído de elementos e compostos
orgânicos) capaz de em condições específicas de uso a altas
temperaturas, suportar: carga, erosão e corrosão sem se deformar
ou fundir.
A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Micro e Macro-estrutura

Uma ou mais fases cerâmicas (óxidos e/ou não-óxidos) cristalinas e/ou

vítreas constituintes das partículas;

Distribuição de tamanho e formato de partículas variados

Presença de poros e trincas na vizinhança das partículas

Contornos de grão

Importância:
geradoras de riqueza (PIB; 1:1200)
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Classificação dos Refratários Estruturais


A classificação dos Refratários Estruturais pode ser feita nos seguintes
termos:

A – Quanto ao Caráter Químico (ácido, básico ou anfótero).

B – Quanto ao potencial Térmico e Refratário


refratariedade simples (ponto de amolecimento)
característica térmica: Densos – K > 1,5 W/m
Isolantes – K < 1,0 W/mk.

C – Quanto à Composição Químico/Mineralógica.


(resistência ao ataque químico)
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Perfil de consumo

Siderurgia > 70%

Cimento 6 – 10%

Vidro 2 – 4%

celulose
não-ferrosos 14 – 20%
cerâmica
petroquímica

• Em meados de 1960, o Brasil produzia um milhão de toneladas por ano de refratários, enquanto a produção de aço
beirava os 2,6 milhões de toneladas. Hoje, o país produz menos de 450 mil toneladas de refratários/ano, contra 27 milhões
de toneladas de aço por ano. À primeira vista, esses números parecem revelar que pesquisa e desenvolvimento em
refratários no Brasil tornou-se um péssimo negócio. Mas, na prática, eles indicam que o refratário vem se adaptando a uma
tendência da siderurgia em nível mundial de usar revestimentos térmicos de melhor qualidade, mais resistentes e de
menor volume, tanto que, nos anos 70, o consumo de refratários nas siderúrgicas brasileiras era de cerca de 30 kg/t de
aço. Atualmente, para cada tonelada vazada nas aciarias das usinas são consumidos 11 kg de refratário, representando
uma produtividade muito próxima à do Japão (7 kg/t), que é referência mundial em tecnologia para o setor siderúrgico .
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Solicitações de serviço Propriedades relevantes


1.a térmica → ΔT bruscos Refratariedade Simples –
Composição Químico-Mineralógica

1.b resistência ao choque Baixo  - Alta K – Baixo E


compatível com uma tensão de
térmico fratura razoável – Elevado
Trabalho de fratura wof

Tensão de fratura razoável –


Defeitos pequenos e
resistência mecânica → uniformemente distribuídos –
Razoável KIC
impacto, vibrações, trações

resistência química → Δμ Compatibilidade química com o meio –


Baixa porosidade – Sem transição de
(gradientes de potencial químico) fases – Partículas grandes – Hábito
morfológico apropriado dos cristais
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composição química

→ fenômenos de ataque por ação de escórias, fluxos e vapores;

reações entre refratários de diferentes composições em contato (reação de


contato) → principalmente nos revestimentos operados acima de 1600 ºC.
 

Os refratários, em relação à sua composição química, podem ser divididos


em 3 grandes grupos, que se colocados em contato, apresentam a
possibilidade de reagirem entre si, a elevadas temperaturas:
REFRATÁRIOS REFRATÁRIOS REFRATÁRIOS
ÁCIDOS BÁSICOS ANFÓTEROS
Alumina
Magnésia
Sílica Zircônia
Doloma
Semi-Sílica Cromita
Magnésia-Cromo
Zirconita-Sílica Espinélio
Cromo-Magnésia
Carbono
Forsterita
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Tipos gerais de refratários:

PEÇAS
TIJOLOS GRANULADOS
MOLDADOS
PLACAS
BLOCOS

ARGAMASSAS SECAS, ÚMIDAS, DE PEGA AO


AR, DE PEGA À QUENTE

de socar
de projeção
MOLDÁVEIS MASSAS de tamponamento
de reparo de soleira

CONCRETOS REFRATÁRIOS
PLÁSTICOS REFRATÁRIOS
Refratários A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

fatores de desgaste
 Condições de operação
 Projeto do revestimento
 Aplicação
 Seleção apropriada: ácidos básicos, densos, isolantes, formado, monolítico

tipos gerais
Densos Ceramizados
Formados De liga hidráulica
Isolantes De liga química

monolíticos:
argamassas, concretos, plásticos, coberturas, projetáveis.
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Fluxograma
geral
de fabricação
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Testes refratários

• Finalidade: vincular características → cont. recebimento, nível de qualidade,


especificações, compatibilidade com aplicação.
• Nota: testes → natureza comparativa, caros, destrutivos (maioria dos
casos), não são de consenso universal.
→ imperativo uso de normas.

PROPRIEDADES DOS REFRATÁRIOS VARIAM COM A TEMPERATURA


1 L
k  c..  = L T
propriedade

decréscimo do MR
com T devido a
M.R. grande % de fase
líquida que ocasiona
um escorregamento
entre os grãos
T
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PROPRIEDADES MECÂNICAS - A frio (conceito do elo mais fraco)

SUSCEPTIBILIDADE PARA FRATURAR OU DEFORMAR -


A AVALIAÇÃO DA PROPRIEDADE PODE SER:

À FRIO À QUENTE
CAPACIDADE DE SUPORTAR
CONTROLE DE QUALIDADE TENSÕES TERMO- MECÂNICAS
NA FÁBRICA CAUSADAS POR:

 RESISTÊNCIA AO MANUSEIO.  EXPANSÃO TÉRMICA.


 RESISTÊNCIA AO TRANSPORTE.  CHOQUE TÉRMICO.
 RESISTÊNCIA À ABRASÃO E IMPACTO.  CARGAS MECÂNICAS À QUENTE.

DÁ A IDÉIA DA QUANTIDADE DE FASE LÍQUIDA FORMADA À ELEVADAS


TEMPERATURAS NOS REFRATÁRIOS.
a) RESISTÊNCIA A A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)
LIMITES
COMPRESSÃO A FRIO - RCF

b) MÓDULO DE RUPTURA Resistência mecânica de um corpo de


MRF (à frio) prova cerâmico sujeito à um esforço
3 pontos, 4 pontos, ou CD de flexão.

F d
3 FL (L /2) -x
MRF =
2 db2 (L /2)
b
Onde: F = Carga na ruptura (N)
L = Espaçamento entre os apoios (mm)
L d = Largura do corpo (mm)
b = Espessura do corpo (mm)
x = Distância entre o ponto de aplicação de carga
e onde o corpo se rompeu(mm)

COMPRESSÃO
O corpo se rompe eminentemente por tração.
DIAMETRAL

Onde: P = Carga na ruptura


= 2P t = Espessura do corpo-de-prova
MR
tD D = Diâmetro do corpo de prov a
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• fatores de desgaste:
 Condições de operação
 Projeto do revestimento
 Aplicação
 Seleção apropriada: ácidos básicos, densos, isolantes, formado, monolítico

• T.T. → RM, microestrutura, estabilidade


• testes → estatística de Weibull → desvio padrão nos valores de resistência
dos materiais frágeis (cerâmicos) chega a ser igual ou maior do valor da média →
1
ln ln( )
tratamento estatístico. 1  PF
1 f
- distr. de Weilbull: ln ln( )  V .( )m
1  PF o Tg = m

RCF > MRF > CD > RT ln  f


cont. →
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Tamanho de defeito é crítico:

KIC = fYc1/2 KI = 2 E
ENERGIA DE FRATURA:
nBT , woF → resistência ao choque térmico

nBT – energia de fratura por entalhe, energia necessária para início


de trinca em uma amostra entalhada;
woF – trabalho de fratura, energia necessária para propagação lenta
da trinca existente.
2 E nBT
f = KIC .-1/2.c-1/2 = c

KIC = fator de intensificação de tensão crítico b


c = tamanho da trinca
Obs.: nBT depende de: b
entalhe padrão:
a)profundidade de entalhe, 2
b)raio de curvatura na frente do entalhe
Não é um número absoluto (apenas de validade comparativa)
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Permeabilidade: medida de vazão de um grão sob diferencial


de pressão.

K = 18,4.10-2 (Vg.h)/(S.P) . 2P1/(P1 + P2)

onde:
Vg = volume do gás permeante por segundo (cc/s)
h = espessura do corpo de prova (cm)
S = área da secção transversal do corpo de prova (cm2)
P1 = pressão de gás na entrada (mmHg)

P2 = pressão atmosférica (mmHg)

P = P1 + P2 (mmHg)
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a qualidade de um tijolo refratário pode ser avaliada por:

porosidade aparente, densidade aparente e real

absorção de água, porosidade total, porosidade fechada

tamanho e distribuição de poros

difração de raios X: fundentes: K2O, Na2O, CaO, MnO2, Fe2O3, B2O

propriedades térmicas (, k): dilatometria; método do fio quente

permeabilidade

resistência à abrasão
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Propriedades mecânicas a quente

Refratariedade sob carga


Tipos: - carga constante carga constante

- temperatura variável temperatura constante


tempo constante
DIN ≈ ABNT MB 70 → corpo de prova cilíndrico 50 x 50 mm
carga 2kg/cm2
aquecimento 10°C/min

 CREEP – norma PRE-ISO-RG-78

 Módulo de ruptura à quente – ASTM C-583-69 (→ RSC)

 Variação dimensional de requeima – ASTM C 113


Refratários A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

• Tradicionais:

Sílica: (≥ 94% SiO2) quartzitos de fácil conversão em


cristobalita/tridimita, baixo teor de ferro e de metais-alcalinos e
alcalino-terrosos;

Sílico-aluminosos: (15 < Al2O3 < 45%) Argilas refratárias


(cristobalita/mulita/vidro) com < 38,5% Al2O3 (a verde) ou <
46% Al2O3 após queima a 1000 oC;

 Silicosos: (80 < SiO2 < 90%) quartzitos impuros ou argilas silicosas
(cristobalita/tridimita/mulita) com até 15% Al2O3 após queima a 1000 oC;
continua... →
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• Tradicionais:

Alta alumina: (70 < Al2O3 < 90%) Argilas refratárias ,


córindon/mulita

Aluminosos: (45 < Al2O3 < 65%) Argilas refratárias ,


mulita/córindon/vidro, com > 38,5% Al2O3 (a verde) ou
> 46% Al2O3 após queima;
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Magnésia (Magnesita): (MgO > 85%) magnesita natural -


MgCO3, MgO (periclásio) de água do mar, silicatos;

Magnésia-cromo: (55 < MgO < 80%) misturas de magnesita e


cromitas naturais (FeO.Cr2O3) - picrocromita;

Cromo-Magnésia: (55 < Cr2O3 < 70%) cromita, periclásio e


picromita;

Dolomita: (45 < CaO < 55%) cálcia e periclásio


 (CaMg)(CO3)2 → CaO + MgO + CO2 (DOLOMA);
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Forsterita: (MgO > 31%) silicato de magnésio: Forsterita


(Mg2SiO4), enstatita, vidro;

Cordierita: (> 50% cordierita, 2MgO.2Al2O3.5SiO2) cordierita ,


mulita, enstatita, espinélio;

Zircônia: (ZrO2 > 90%) minerais e sais de zircônia

Carbeto de Silício: (SiC>90%) SiC/Mulita, (SiC>60%)


SiC/Silicatos, (SiC>90%) SiC/Si3N4, (SiC>95%) SiC puro,
quartzo + coque;

Magnésia-Grafite: (7 < grafite < 25%) periclásio, grafite

Carbono: (C > 90%) Antracito, coque, grafite;


continua →
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Carbono e Grafite: grafite + argila;


coque (metalúrgico ou de petróleo + alcatrão);

Zirconita: silicato de zircônio natural de areias residuais - subproduto das


areias monazíticas e ilmeníticas;

Alumina Fundida: bauxita fundida + argila;

Silicato de cálcio (até 850 oC): sílica + hidróxido de cálcio, diatomito,


amiantos e carbonato de magnésio;

outros: refratários isolantes, argamassas e cimentos,


concretos refratários. (rever slide 7)
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Como projetar refratários resistentes ao choque térmico?

Granulometria grossa → microtrincas na matriz proporcional ao


tamanho de grão; → porosidade;

Alta condutividade térmica sem comprometer o valor de condutividade


térmica;

Usar componentes com  distintos → microtrincas;

Usar componentes com E de fratura → grafite, carbono, fibras


metálicas;

Promover piroplasticidade (fases viscosas que aliviam tensões –


refratários eletrofundidos);

Usar peças de pequenas dimensões sem arestas vivas.


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ATAQUE DE ESCÓRIA

 Dois processos de desgaste:

1) Erosão: arraste mecânico de partículas que se libertam

devido a dissolução da fase ligante.

2) corrosão: reação química – refratário/escória resultando

produtos líquidos que são arrastados por convecção


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resistência à abrasão, relacionada a:

- módulo de ruptura a flexão (qto. maior f, maior resist.)

- relação de tamanho entre partículas abrasivas e o grão

refratário, na matriz e esqueleto (aumentando tam. part.,

diminui o dano geral)

- teste de res. abrasão – jateamento de pó


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Ataque de escórias
nível de temperatura
composição química/mineralógica → compatibilidade
refratário/escória
viscosidade da escória
atmosfera do meio
tipo de operação (laminar, turbulento)
mudanças metassomáticas no refratário
microestrutura (tamanho de grão, porosidade
 poros de pequeno diâmetro não são atacados devido a pressão insuficiente
 SBET - ataque
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Ataque de escórias - soluções

saturar a escória com o elemento refratário

aumentar a taxa de retirada de calor do


revestimento (resfriamento da chaparia)

diminuir a condutividade térmica do refratário se o


resfriamento externo não for feito
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Refratários de Sílica > 97% SiO2

Manufaturados a partir de quartzitos naturais (principais ocorrências de


impurezas nos quartzitos: Al2O3, TiO2, Na2O, K2O, FeO).

Fases finais:
 Tridimita 40 – 50% (A fase vítrea
favorece sua formação)
 Cristobalita 30 – 40%
 Quartzo ~10% (nuclea grãos maiores)
 Vidro 5 – 10%
 Wolastonita 2 – 5% (CaO-SiO2, pequenos cristais na fase vítrea)
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Microestrutura tijolo de sílica cristobalita

trincas
• Tridimita → 40 - 50% → matriz e bordas do grão
quartzo
• Cristobalita → 30 - 40% → interior e superfície

dos grãos maiores

• Quartzo → ~10% → núcleo dos grãos maiores

• Vidro → 5 – 10%

• CaO-SiO2 → 2 -5% → cristais pequenos na fase vítrea


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Sílica

Impurezas:
Al2O3 (<1,58% → quebra a refratariedade → eutéticos;
elimina imiscibilidade de líquidos no sist. SiO2-CaO)
TiO2 (melhora RCT → mineraliza tridimita + fácil)
Na2O
K2O
FeO → (aumenta a molhabilidade da fase vítrea)

Usos:
 Abóbodas de fornos
 Coqueria (paredes)
 Fornos de vidro
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Sílica

Mineralizadores (Fe2O3, CaO, Na2O):

São constantemente adicionados na composição de um tijolo


de sílica, de modo a promoverem a ligação das fases bem
como aceleram as transformações polimórficas (tridimita,
cristobalita) as quais são as fases desejadas no produto
final.

A adição de óxido de ferro aumenta a molhabilidade da fase


líquida sobre o quartzo. O mesmo ocorre com adições de
CaO, mas em menor escala
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Propriedades dos refratários de sílica

Excelente refratariedade sobre carga (devido a alta viscosidade do


líquido formado)

Ausência de contração no uso (tende a expandir um pouco)

Boa resistência ao choque térmico (T > 600 oC)

Resistência às escórias ácidas e cinzas de coqueria (caráter ácido)

Baixa condutividade térmica

Boa estabilidade em meio redutor (para T < 1350 oC)


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Produção de tijolos de sílica

Britagem separação
quartzito
e granulométrica
moagem

aditivos mistura proporcionamento

conformação
lignosulfonato de Ca, Fe2O3,
(*)leite de cal = ligante secagem
mineralizador atm levemente
o suficiente p/ fornecer queima redutora p/
2% CaO após calcinação formação de
cristobalita
( ) Ca(OH) + Mg(OH) + CaCO
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Sílico-Aluminosos
15%<Al2O3<45% (mais comuns 30 - 40% Al2O3)

Matérias-primas principais:

 Argilas plásticas refratárias (cauliníticas; Al 2O3.2SiO2.2H2O)

 Argilas tipo flint clay (não plásticas; debaixo de depósitos de


carvão)

 Agalmatolitos (pirofilítico, cianítico)

 Pirofilita (Al2O3.4SiO2.H2O)

Moderada refratariedade (depende do teor de Al2O3)


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O que é um chamote?

É um material estabilizado através da calcinação (1300 – 1500°C) de

qualquer uma das matérias-primas listadas anteriormente à calcinação.

Promove:

1.Perda de H2O estrutural

2.Decomposição dos minerais, transformação de fases

3.Sinterização (diminuição de PA, AA; aumento resistência mecânica)


A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Sílico-aluminosos
Impurezas:

- Fe2O3 (hidróxidos e óxidos)

- Na2O (feldspatos nos jazimentos argilosos)

- TiO2

- K2O (feldspatos nos jazimentos argilosos)

- CaO (carbonatos)

- MgO (carbonatos)

formam eutéticos de baixo ponto de fusão, diminuindo acentuadamente a

refratariedade esperada pelo diagrama de fases.


A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Sílico-aluminosos
Microestrutura
mulita (3Al2O3.2SiO2): 25 – 40%

vidro: 35 - 50%

cristobalita: 10 – 12%

quartzo: ~ < 5% (a queima é rápida!)

córindon: ≤ 5%

 Usos: mais variados dentre os refratários, obs. propriedades.

 É moderadamente ácido.
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Propriedades da mulita
(3Al2O3.2SiO2) → reter Fe2O3, TiO2 em s.s. evitando eutéticos (só começa

a se dissolver no líquido em T > 1600 oC)

alta estabilidade química

baixo coeficiente de expansão térmica

alta refratariedade (~1840 oC; depende do teor de Al2O3)

alta resistência ao creep e refratariedade sob carga (→ hábito morfológico

dos cristais com embricamento acicular)

boa a excelente resistência ao choque térmico


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Sistema Al2O3-SiO2
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Produção de sílico-aluminosos

argila plástica chamote

H2O,
proporcionamento

ligantes mistura
seco
prensagem semi-seco
plástica
conformação extrusão
colagem
moldagem
secagem

queima 1300 – 1450oC


A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

efeito do calor em argilas cauliníticas

550–600°C
1) 2(Al2O3.2SiO2.2H2O) → 2(Al2O3.2SiO2) + 4H2O
metacaulim
800°C
2) 2(Al2O3.2SiO2) → 2(Al4Si3O12) + 2SiO2
espinélio

1100°C

3) Al4Si3O12 → Al4Si3O10 + SiO2


> 1200°C

mulita
4) 3(Al4Si3O10) → Al6Si2O10 + 2SiO2
3Al2O3.2SiO2

Reação Global
> 1200°C
3(Al2O 2SiO 2H2O)
3
.
2
.
→ 3Al2O3.2SiO2 4SiO2 + 6H2O
mulita cristobalita
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Refratários Aluminosos 45% < Al2O3 < 75%


Matérias-primas:
Naturais: - Al2O3.SiO2 silimanita

* andalusita

cianita

* estruturas diferentes: se transformam em mulita


(86%) + cristobalita (14%) em T > 1350 oC

- argilas aluminosas

- bauxita
Sintéticas: mulita
Al2O3 eletrofundida;
Al2O3 tabular
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Aluminosos

com o aumento do teor de Al2O3 e redução do teor de fluxantes

(K2O, Na2O, CaO, Fe2O3) →


- promove o aumento de 5 a 10% do teor de mulita

- e o aumento da temperatura de formação do líquido.


A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Aluminosos
Microestrutura

Mulita ≥ 60% (maior quantdd. que os sílico-aluminosos)

Vidro 10 – 20% (menor quantdd. que os sílico-aluminosos)

-Al2O3 5 – 10%

Cristobalita 5 – 10%

Tijolos com 50 a 70% Al2O3 pela adição de bauxita ou mat. sintéticos


a um sílico-aluminoso de 45% Al2O3
A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Aluminosos
Propriedades
alta refratariedade para Al2O3 > 60%

> resistência ao ataque de escórias e gases do que os


sílico-aluminosos

> refratariedade sob carga e resistência ao creep

> resistência mecânica

boa reisistência ao choque térmico

médio coeficiente de expansão térmica


Usos: em lugares onde os sílico-aluminosos começam a ter
desempenho insatisfatório.

Processamento similar ao dos sílico-aluminosos.


A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Refratários de Alta Alumina Al2O3 > 80%


Matérias-primas:

Córindon (-Al2O3) eletrofundido, alumina tabular, mulita sintética,


bauxita, alumina calcinada.
Se não fosse pela baixa RCT o refratário ideal seria um monocristal
de alumina-.

Estes materiais excedem os aluminosos em


a)RM b) Resistência à corrosão (em certos casos)
Usos: os materiais de alta alumina são usados principalmente em
siderurgia. No revestimento de panelas.
Refratários básicos: MgO, MgO-Cromo, Dolomita.
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Refratários Magnesianos
Estes refratários são responsáveis pelos processos siderúrgicos
atuais (metalúrgicos): revestimento básicos, na metalurgia extrativa
do coque, não ferrosos.
Preparo do sínter (sinterização do MgO – é o chamote magnesiano
estabilizado) - 2 caminhos:
II

MgCO3 calcinação peletização queima


Mg(OH) cáustica 900°C 1600-1800°C
I queima 1600-1800°C
britagem
britagem

sep. granulométr. sinter sep. granulométr.


A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Magnesianos
Previsão da resistência à corrosão

fases presentes e composição química do sinter para previsão da R


corrosão: CaO/SiO2 e composição do sínter:

Sínteres de CaO/SiO2 e Fe2O3 apresentam baixa refratariedade;

CaO/SiO2 apresentam fases mais refratárias com MgO, mas os silicatos


presentes contendo CaO são menos refratários.

 CaO e SiO2 controlam a proporção destes silicatos

 CaO/SiO2 ≈2 (melhor)
A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Refratários Magnesianos
MgO MgO
• A) sínter de MgO unidos por silicatos
resistentes à corrosão MgO
baixa resistência ao creep
 décimos de % B2O3 reduz drasticamente a RMQ e refratariedade
sob condições de carga (1200 – 1250 oC)
 B2O3 transforma os silicatos presentes em fases de alta
penetração reduzindo o contato entre os grãos de MgO
 controlar a composição evitando compostos de PF
 controlar a distribuição destes compostos na microestrutura
como o B2O3
•B) Magnesianos de liga direta → queima T > 1800°C (maior dureza)
A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Magnesianos
Fases presentes

Periclásio (MgO)

Forsterita (Mg2SiO4)

Mantecelita (CaMgSiO4)

Espinélio - 90% (MgAl2O4, MgFe2O4, CaMgSiO4)

Fases ligantes: silicatos

As impurezas Fe2O3, CaO, SiO2, Al2O3 - podem formar fases de


baixo ponto de fusão, assim como afetar a sinterização de MgO.
A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Magnesianos
propriedades

Alta refratariedade ( PF)

Basicidade (resistência as escórias básicas)

Capacidade de absorver FeO em s.s.

Desvantagem:

Baixa RCT (  e instabilidade volumétrica)

 em T o MgO tende a se contrair e parte se volatiliza


A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Magnesianos
aditivos de sinterização:

Fe2O3, TiO2, FeTiO3, talco, serpentina

Aditivos que aumentam R.S.C → Al2O3, MgAl2O4

Outros tipos
 Queimados e impregnados (piche, alcatrão); carbono
residual ~3 – 4% nos poros
 Ligados à piche (prensados à quente ~150 – 200°C →
curado 350 – 400°C); carbono residual ~8 – 10%
A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Produção de refratários magnesianos


Sínter MgO proporcionamento mistura

quimicamente conformação
ligado

MgCO2 secagem
MgSO4

queima
conformação 1500 – 1750 °C

350 – 400 oC
cura resulta em 6 – 10% C
ligados a piche 8 – 10% C pto. amolecimento
→ prensados à quente (150 – 200 oC)
A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Efeito dos aditivos e impurezas:


- Sinterizadores - Fe2O3,TiO2 ( RCT), FeTiO3, talco, serpentina

- Aumentar a refratariedade sob carga – Al2O3, (MgAl2O4) espinélio

Cuidados especiais:
a.envelhecimento da massa (desenvolver gel Mg(OH)2)
b.secagem a 40°C com ar circulante
c.queima lenta até 1200°C
Produtos magnesianos quimicamente ligados:
5% MgCl2
Sinter. MgO +
H3PO4 prensagem secagem
calc. cáustica
(Na2HPO4)

Os quim/e ligados com MgCl2 desenvolvem resistência mecânica pela formação


de uma fase ligante (cim. sorel):
MgO + MgCl2 + H2O → 2Mg(OCl)2 + 2 HCl = cimento sorel
A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Refratários magnésia-cromo
MgO-cromita → (s.s. espinélios)

alta estabilidade volumétrica (até 1800 oC)

RCT superior

caráter anfótero (apesar de ser refratário básico, pode tolerar


contato com tijolos ácidos)

RMQ superior

Cromita por si só é um refratário se não fosse pela baixíssima


estabilidade volumétrica (expansão em uso) e tendência a volatização.
A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Refratários magnésia-cromo

magnesianos: tendência a retrair em serviço, baixa


refratarieade sob carga (silicatos).

adições de cromita – eliminam instabilidade volumétrica,


aumentam refratariedade sob carga, formação intensa de
espinélios e ligações diretas, expulsando silicatos.

cromita aumenta tensão superficial SL entre silicato líquido e


MgO, diminuindo a molhabilidade
A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Magnésia-cromo

Matérias-primas

sínter MgO + cromita (espinélio)

 cromita não fina para facilitar as reações (fino → tendência


a oxidação)

 expulsa os silicatos entre os grãos aumentando o número


de ligações

(s.s. de espinélio) (Mg+2, Fe+2)(Cr+3, Al+3, Fe+3)2O4


A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Magnésia-cromo
propriedades
resistência ao ataque de escórias
 porosidade, silicatos isolados em bolsões
 resistência a absorção de FeO; menor tendência a
hidratação

estabilidade volumétrica até 1800 oC

Rcreep e RSC

boa resistência ao choque térmico


A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Produção de refratários magnesia-cromo

sínter MgO aditivos cromita


2 – 4 mm
< 2 mm
40 – 75%
mistura

prensagem

T > 1500 oC em atm


queima levemente redutora

a oxidação e redução da cromita leva a expansão exagerada


A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Refratários magnésia-cromo
microestrutura:
1. grãos MgO com inclusões angulares (espinélios)
2. grãos de cromita
3. Silicatos
→ durante a queima Cr+3, Fe+3, Al+3 difundem através dos silicatos no
MgO precipitando espinélios.

Efeito de calor:
a. 400 – 700 °C – desidroxilação e oxidação Fe+2 a Fe+3
b. >800 °C – início difusão íons
MgO

MgO
cromita
espinélio
cromita
MgO v

MgO
ordem de difusividade: Fe+2 > Fe+3 >Cr+3 > Al+3
A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

Comparação: magnesianos x MgO-Cromo


Magnesianos MgO-Cromo
Refratariedd sob carga depende C/C Alta refrataeiedd sob carga
Estabilidade vol. Medíocre Excelente
Baixa RCT Alta RCT
Sensibilidade e hidretação Não é tão sensível
Resiste escórias básicas Resiste básicas, ácidas

MgO-Cromo → usos:
a.Abóbodas de fornos
b.Panelas de refino
c.Abóbodas forno elétrico
A. A. Rabelo (UFPA - FEMAT)

anexo

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