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ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Avenida Professor Almeida Prado, travessa 2 n° 83 CEP 05508-900 São Paulo – SP


Departamento de Engenharia de Construção Civil

Cerâmica Vermelha para Sistemas de Vedação

Princípios da Ciência dos Materiais

Aplicados aos Materiais de Construção

Civil - PCC 5726

Prof. Vahan Agopyan


Prof. Antonio Domingues de Figueiredo
Alunos:
Luiz Utida
Luís Alberto Borin

Maio 2006

1
ÍNDICE
1. RESUMO ........................................................................................................ 4

2. INTRODUÇÃO................................................................................................ 4

3. PROCESSOS E TECNOLOGIAS DE FABRICAÇÃO .................................... 5


3.1. DEFINIÇÃO ............................................................................................ 5
3.1.1. CERÂMICA VERMELHA ............................................................. 5
3.1.2. CERÂMICA BRANCA.................................................................. 5
3.1.3. COLAGEM OU FUNDIÇÃO......................................................... 7
3.1.4. PRENSAGEM.............................................................................. 7
3.1.5. EXTRUSÃO................................................................................. 8
3.1.6. TORNEAMENTO......................................................................... 8
3.1.7. SECAGEM................................................................................... 9
3.1.8. QUEIMA ...................................................................................... 9

4. DESCRIÇÃO DA MICRO-ESTRUTURA DO MATERIAL CERÂMICO ........ 10


4.1. INTERAÇÕES ATÔMICAS NOS MATERIAIS CERÂMICOS .............. 10
4.2. MATERIAIS CERÂMICOS CRISTALINOS .......................................... 11
4.2.1. NÚMERO DE COORDENAÇÃO ............................................... 12
4.2.2. TIPOS DE ESTRUTURAS DOS MATERIAIS CERÂMICOS ..... 12

5. IMPERFEIÇÕES NAS CERÂMICAS ............................................................ 15


5.1. DEFEITOS PONTUAIS......................................................................... 15
5.2. DEFEITOS DE LINHA .......................................................................... 16
5.3. DEFEITOS DE SUPERFÍCIE................................................................ 16

6. MICROESTRUTURAS CERÂMICAS ........................................................... 16

7. PROPRIEDADES E COMPORTAMENTO ................................................... 17


7.1. PROPRIEDADES MECÂNICAS........................................................... 17
7.1.1. MÓDULO DE ELASTICIDADE .................................................. 17
7.1.2. RESISTÊNCIA MECÂNICA....................................................... 18
7.1.3. TENSÃO DE RUPTURA ........................................................... 20
7.1.4. PROPRIEDADES TÉRMICAS E ELÉTRICAS .......................... 20

8. DESEMPENHO............................................................................................. 21
8.1. BLOCO PRINCIPAL............................................................................. 22
8.2. REQUESITOS GERAIS........................................................................ 22
8.2.1. IDENTIFICAÇÃO....................................................................... 22
8.2.2. UNIDADE DE COMERCIALIZAÇÃO......................................... 23
8.2.3. CARACTERÍSTICAS VISUAIS.................................................. 23
8.2.4. CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS ..................................... 23

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8.3. DETERMINAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS,
FÍSICAS E MECÂNICAS...................................................................... 23
8.3.1. CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS ..................................... 23
8.3.2. CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS........................................... 24

8.4. REQUESITOS ESPECÍFICOS ............................................................. 25


8.4.1. TOLERÂNCIAS DIMENSIONAIS .............................................. 25
8.4.2. ESPESSURA DOS SEPTOS E PAREDES EXTERNAS........... 25
8.4.3. DESVIO EM RELAÇÃO AO ESQUADRO (D) ........................... 25
8.4.4. PLANEZA DAS FACES OU FECHA (F).................................... 25
8.4.5. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (FB)..................................... 26
8.4.6. ÍNDICE DE ABSORÇÃO D´ ÀGUA (AA).................................. 26

8.5. IMPACTOS AMBIENTAIS.................................................................... 26


8.5.1. IMPACTOS NEGATIVOS SOBRE O MEIO FÍSICOS ............... 26
8.5.2. IMPACTOS NEGATIVOS SOBRE O MEIO BIOLÓGICO ......... 27

9. CONCLUSÃO ............................................................................................... 29

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 29

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1. RESUMO

Os materiais têm desempenhado um papel determinante na história da


humanidade. Nas últimas décadas foi possível estabelecer relações quantitativas entre suas
composições, estruturas e suas propriedades. Este texto discute a organização dos átomos
nos materiais cerâmicos. Trataremos de assuntos como ligações químicas e sólidas
cristalinos. A seguir, são abordados os defeitos cristalinos e a microestrutura. Na parte final
são discutidas as principais propriedades dos materiais e impactos ambientais. Ao longo de
todo o texto procuramos relacionar a microestrutura dos materiais com suas propriedades e
aplicações.

2. INTRODUÇÃO

A maioria dos materiais cerâmicos consiste em compostos que são formados entre
elementos metálicos e não metálicos, para os quais as ligações interatômicas ou são
totalmente iônicas ou são predominantemente iônicas com alguma natureza covalente.

O termo “cerâmica” vem da palavra grega Keramikos, que significa “matéria


prima queimada”, indicando que as propriedades desejáveis desses materiais são
normalmente atingidas através de um processo de tratamento térmico a alta temperatura
conhecido por ignição.

Até aproximadamente os últimos cinqüenta anos, os materiais mais importantes


que se enquadram nessa categoria eram conhecidos por “cerâmicas tradicionais” e eram
aqueles para os quais a matéria-prima é a argila; os produtos considerados cerâmicas
tradicionais são a louça, porcelana, tijolos telhas e os azulejos, ainda os vidros e as
cerâmicas de alta temperatura.

Devido a estudos entre a natureza desses materiais e suas propriedades, o termo


“cerâmica” tomou um significado muito mais amplo. Esses novos materiais possuem um
efeito considerável em nossas vidas, a indústria de componentes eletrônicos, indústria
aeroespacial, indústria de computadores e outros.

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Este trabalho tem por objetivo apresentar os principais conceitos referentes aos
compostos cerâmicos, enfatizando as cerâmicas vermelhas, materiais com coloração
avermelhada empregadas na construção civil (tijolos, blocos e telhas). São abordados
aspectos referentes à sua microestrutura que influenciam sua macroestrutura e propriedades
mecânicas. Métodos normalizados de avaliação de desempenho em uso são apresentados.
Adicionalmente, são abordados aspectos do impacto ambiental da indústria cerâmica.

3. PROCESSOS E TECNOLOGIAS DE FABRICAÇÃO

3.1. DEFINIÇÃO

Cerâmica compreende todos os materiais inorgânicos, não metálicos, obtidos


geralmente após tratamento térmico em temperaturas elevadas.

3.1.1. CERÂMICA VERMELHA

Compreende aqueles materiais com coloração avermelhada empregados na


construção civil (tijolos, blocos, telhas, elementos vazados, lajes, tubos cerâmicos e argilas
expandidas) e também utensílios de uso doméstico e de adorno. As lajotas muitas vezes são
enquadradas neste grupo, porém o mais correto é em Materiais de Revestimento.

3.1.2. CERÂMICA BRANCA

Este grupo é bastante diversificado, compreendendo materiais constituídos por um


corpo branco e em geral recobertos por uma camada vítrea transparente e incolor e que
eram assim agrupados pela cor branca da massa, necessária por razões estéticas e/ou
técnicas. Com o advento dos vidrados opacificados, muitos dos produtos enquadrados neste
grupo passaram a ser fabricados, sem prejuízo das características para uma dada aplicação,
com matérias-primas com certo grau de impurezas, responsáveis pela coloração.

Os processos de fabricação empregados pelos diversos segmentos cerâmicos


assemelham-se parcial ou totalmente. O setor que mais se diferencia quanto a esse aspecto

5
é o do vidro, embora exista um tipo de refratário (eletrofundido), cuja fabricação se dá
através de fusão, ou seja, por processo semelhante ao utilizado para a produção de vidro ou
de peças metálicas fundidas. Esses processos de fabricação podem diferir de acordo com o
tipo de peça ou material desejado. De um modo geral eles compreendem as etapas de
preparação da matéria-prima e da massa, formação das peças, tratamento térmico e
acabamento. No processo de fabricação muitos produtos são submetidos à esmaltação e
decoração.

Grande parte das matérias-primas utilizadas na indústria cerâmica tradicional é


natural, encontrando-se em depósitos espalhados na crosta terrestre. Após a mineração, os
materiais devem ser beneficiados, isto é desagregados ou moídos, classificados de acordo
com a granulometria, e muitas vezes também purificadas. O processo de fabricação,
propriamente dito, tem início somente após essas operações. As matérias-primas sintéticas
geralmente são fornecidas prontas para uso, necessitando apenas, em alguns casos, de um
ajuste de granulometria.

Os materiais cerâmicos geralmente são fabricados a partir da composição de duas


ou mais matérias-primas, além de aditivos e água ou outro meio. Mesmo no caso da
cerâmica vermelha, para a qual se utiliza apenas argila como matéria-prima, dois ou mais
tipos de argilas com características diferentes entram na sua composição. Raramente
emprega-se apenas uma única matéria-prima.

Dessa forma, uma das etapas fundamentais do processo de fabricação de produtos


cerâmicos é a dosagem das matérias-primas e dos aditivos, que deve seguir com rigor as
formulações de massas, previamente estabelecidas. Os diferentes tipos de massas são
preparados de acordo com a técnica a ser empregada para dar forma às peças. De modo
geral, as massas podem ser classificadas em:

• suspensão , também chamada barbotina, para obtenção de peças em moldes


de gesso ou resinas porosas;

• massas secas ou semi-secas , na forma granulada, para obtenção de peças


por prensagem;

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• massas plásticas , para obtenção de peças por extrusão, seguida ou não de
torneamento ou prensagem.

Existem diversos processos para dar forma às peças cerâmicas, e a seleção de um


deles depende fundamentalmente de fatores econômicos, da geometria e das características
do produto. Os métodos mais utilizados compreendem: colagem, prensagem, extrusão e
torneamento.

3.1.3. COLAGEM OU FUNDIÇÃO

Consiste em verter uma suspensão (barbotina) num molde de gesso, onde


permanece durante um certo tempo até que a água contida na suspensão seja absorvida pelo
gesso; enquanto isso, as partículas sólidas vão se acomodando na superfície do molde,
formando a parede da peça. O produto assim formado apresentará uma configuração
externa que reproduz a forma interna do molde de gesso.

Mais recentemente tem se difundido a fundição sob pressão em moldes de resina


porosa.

3.1.4. PRENSAGEM

Nesta operação utiliza-se sempre que possível massas granuladas e com baixo de
teor de umidade. Diversos são os tipos de prensa utilizados, como fricção, hidráulica e
hidráulica-mecânica, podendo ser de mono ou dupla ação e ainda ter dispositivos de
vibração, vácuo e aquecimento. Para muitas aplicações são empregadas prensas isostática,
cujo sistema difere dos outros. A massa granulada com praticamente 0% de umidade é
colocada num molde de borracha ou outro material polimérico, que é em seguida fechado
hermeticamente e introduzido numa câmara contendo um fluido, que é comprimido e em
conseqüência exercendo uma forte pressão, por igual, no molde.

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No caso de grandes produções de peças que apresentam seções pequenas em
relação ao comprimento, a pressão é exercida somente sobre a face maior para facilitar a
extração da peça, como é o caso da parte cerâmica da vela do automóvel, isoladores
elétricos e outros. O princípio da prensagem isostática também está sendo aplicado para
obtenção de materiais de revestimento (placas cerâmicas), onde .a punção superior da
prensa é revestido por uma membrana polimérica, com uma camada interposta de óleo, que
distribui a pressão de modo uniforme sobre toda a superfície ou peça a ser prensada. Outra
aplicação da prensagem isostática que vem crescendo, é na fabricação de determinadas
peças do segmento de louça de mesa.

3.1.5. EXTRUSÃO

A massa plástica é colocada numa extrusora, também conhecida como maromba,


onde é compactada e forçada por um pistão ou eixo helicoidal, através de bocal com
determinado formato. Como resultado obtém-se uma coluna extrudada, com seção
transversal com o formato e dimensões desejados; em seguida, essa coluna é cortada,
obtendo-se desse modo peças como tijolos vazados, blocos, tubos e outros produtos de
formato regular.

A extrusão pode ser uma etapa intermediária do processo de formação, seguindo-


se, após corte da coluna extrudada, a prensagem como é o caso para a maioria das telhas, ou
o torneamento, como para os isoladores elétricos, xícaras e pratos, entre outros.

3.1.6. TORNEAMENTO

Como descrito anteriormente, o torneamento em geral é uma etapa posterior à


extrusão, realizada em tornos mecânicos ou manuais, onde a peça adquire seu formato final.

O processamento térmico é de fundamental importância para obtenção dos


produtos cerâmicos, pois dele dependem o desenvolvimento das propriedades finais destes
produtos. Esse tratamento compreende as etapas de secagem e queima.

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3.1.7. SECAGEM

Após a etapa de formação, as peças em geral continuam a conter água,


proveniente da preparação da massa. Para evitar tensões e, conseqüentemente, defeitos nas
peças, é necessário eliminar essa água, de forma lenta e gradual, em secadores intermitentes
ou contínuos, a temperaturas variáveis entre 50 ºC e 150 ºC.

3.1.8. QUEIMA

Nessa operação, conhecida também por sinterização, os produtos adquirem suas


propriedades finais. As peças, após secagem , são submetidas a um tratamento térmico a
temperaturas elevadas, que para a maioria dos produtos situa-se entre 800 ºC a 1700 ºC, em
fornos contínuos ou intermitentes que operam em três fases:

• aquecimento da temperatura ambiente até a temperatura desejada; patamar


durante certo tempo na temperatura especificada;

• resfriamento até temperaturas inferiores a 200 ºC.

O ciclo de queima compreendendo as três fases, dependendo do tipo de produto,


pode variar de alguns minutos até vários dias. Durante esse tratamento ocorre uma série de
transformações em função dos componentes da massa, tais como: perda de massa,
desenvolvimento de novas fases cristalinas, formação de fase vítrea e a soldagem dos grãos.
Portanto, em função do tratamento térmico e das características das diferentes matérias-
primas são obtidos produtos para as mais diversas aplicações.
Normalmente, a maioria dos produtos cerâmicos é retirada dos fornos,
inspecionada e remetida ao consumo. Alguns produtos, no entanto, requerem
processamento adicional para atender a algumas características, não possíveis de serem
obtidas durante o processo de fabricação. O processamento pós-queima recebe o nome
genérico de acabamento e pode incluir polimento, corte, furação, entre outros.

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4. DESCRIÇÃO DA MICRO-ESTRUTURA DO MATERIAL CERÂMICO

4.1. INTERAÇÕES ATÔMICAS NOS MATERIAIS CERÂMICOS

Segundo VAN VLACK (1973), as ligações atômicas nos sólidos cerâmicos são
conseqüências de reações interatômicas. Assim, é preciso analisar três fatores para a
compreensão do fenômeno:

- conceitos de níveis de energia dos elétrons nos átomos individuais e nos


átomos dos sólidos poliatômicos, pois, para que dois elétrons interajam,
devem ter o mesmo nível de energia;
- espaçamentos interatômicos e seu efeito nas forças de atração e repulsão;
- tipos de ligação, de acordo com a distribuição e a liberdade dos elétrons de
valência mais externos, quando os átomos interagem.

A condição de energia mínima é a mais estável. Tal fator é responsável pela


tendência natural dos átomos em assumirem posições nas quais há um mínimo de energia
livre. O espaçamento interatômico de equilíbrio é a distância para a qual as forças atrativa e
repulsiva anulam-se nos átomos ligados quimicamente. É necessária certa quantidade de
energia para que estas forças sejam superadas.

O tamanho do átomo varia levemente em função do número de coordenação


(quantidade de átomos circundantes). Quando o número de coordenação é pequeno, existe
uma atração muito grande entre átomos adjacentes e, em conseqüência, uma pequena
distância interatômica (VAN VLACK, 1973).

Os elétrons mais externos, ou de valência, são responsáveis pela maior parte das
relações de energia que produzem ligações atômicas nas moléculas, líquidos e sólidos
(VAN VLACK, 1973). Nos materiais cerâmicos existe, normalmente, mais de um tipo de
ligação, ocasionando materiais com propriedades anisotrópicas. Como exemplo, a ligação
Ca-O na gipsita é diferente da ligação S-O (VAN VLACK, 1973).

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Quando um material cerâmico é composto de tal forma que os grupos
poliatômicos podem ampliar-se, através de contínuo compartilhamento de elétrons com
átomos adicionais, ocorre o que se denomina polimerização. Porém, diferentemente das
cadeias de polímeros, que contêm principalmente ligações carbono-carbono, os polímeros
cerâmicos mais comuns envolvem, alternadamente, silício e oxigênio
(VAN VLACK, 1973).

Nos materiais cerâmicos há duas importantes conseqüências comportamentais e


estruturais das forças atrativas e de Van Der Waals: elas constituem locais de
escorregamento plástico e promovem adsorção física dos átomos, íons ou moléculas, pelas
superfícies sólidas ou líquidas (por exemplo, sílica-gel) (VAN VLACK, 1973).

4.2. MATERIAIS CERÂMICOS CRISTALINOS

A estrutura cristalina de todo material cerâmico apresenta um arranjo coordenado


de átomos. Tais arranjos variam desde modelos cristalinos altamente repetitivos até
matérias amorfos e vítreos, com coordenação somente com o átomo vizinho mais próximo
(VAN VLACK, 1973).

Para aqueles materiais cerâmicos para os quais a ligação atômica é


predominantemente iônica, as estruturas cristalinas podem ser consideradas como sendo
compostas por íons eletricamente carregados, em vez de átomos. Os íons metálicos, ou
cátions, estão carregados positivamente, pois eles doaram os seus elétrons de valência para
os íons não metálicos, ou ânions, os quais por sua vez, estão carregados negativamente.

Os cristais cerâmicos são normalmente mais complexos que os cristais metálicos,


pois os materiais cerâmicos são sempre compostos por elementos metálicos e não-
metálicos.

Além disso, há diversas variedades de átomos presentes (VAN VLACK, 1973).

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Devido à sua complexidade, eles serão analisados inicialmente sob o aspecto dos
primeiros vizinhos ou ligações a pequenas distâncias. Em seguida, serão apresentados
detalhes de ligações a grandes distâncias, que são repetitivas nos cristais cerâmicos. Após a
consideração das estruturas perfeitas, serão tratados imperfeições, invariavelmente
presentes nos cristais e que têm importante efeito sobre as propriedades dos materiais.
Finalmente, serão discutidas diversas estruturas cristalinas (polimorfismo) que os
compostos podem apresentar em conseqüência do seu processo de fabricação
(VAN VLACK, 1973).

4.2.1. NÚMERO DE COORDENAÇÃO

A coordenação dos compostos cerâmicos cristalinos envolve átomos diferentes.


Pelo fato das ligações iônicas serem não-direcionais e de haver liberação de energia
quando íons diferentes se aproximam, um átomo com maior número de coordenação (NC)
normalmente é mais estável que um de baixo NC. O tamanho do íon pode ser usado para
prever o máximo NC possível nos cristais iônicos. Os grandes íons negativos nunca se
coordenam com muitos pequenos íons positivos quando há espaço disponível devido às
necessidades de balanceamento de carga (VAN VLACK, 1973).

4.2.2. TIPOS DE ESTRUTURAS DOS MATERIAIS CERÂMICOS

4.2.2.1 COMPOSTOS AX

As estruturas cerâmicas mais simples podem ser consideradas como combinações


das estruturas cúbicas simples (cs), cúbicas de face centrada (cfc), cúbicas de corpo
centrado (ccc) e hexagonal compacta (hc) e de suas posições intersticiais. Em geral, o ânion
ocupará a posição de referência e o cátion, que é menor, a posição intersiticiaI. O cloreto de
césio, com grande relação atômica (0,9), desenvolve uma coordenação de 8 para cada íon
de césio. No periclásio (MgO), a relação atômica é somente 0,6, por isso não pode haver
mais de seis íons de oxigênio em torno de um íon de magnésio. Isso resulta numa estrutura
cúbica de face centrada de íons de oxigênio (VAN VLACK, 1973).

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4.2.2.2 COMPOSTOS AMXN

Talvez o composto AX2 mais simples seja a fluorita (CaF2), que pode ser
considerado como tendo uma estrutura cúbica simples de ânions com os cátions de cálcio
nos interstícios de número de coordenação 8. (Figura 1.)

Figura 1 – Células cúbicas. O espaço está dividido por três conjuntos de


planos paralelos, igualmente espaçados. Os eixos de referência x, y e z são
mutualmente perpendiculares. Cada ponto de interseção é equivalente

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A alumina (Al203), com estrutura cristalina chamada coríndon) e diversos outros
compostos têm relações de tamanho de íon que favorece o número de coordenação igual a
seis. Em geral, a forma hexagonal compacta é levemente mais estável pelo fato da distância
mínima entre os cátions ser ligeiramente maior. A alumina é um material refratário e
abrasivo (V AN VLACK, 1973).

Na tecnologia da cerâmica, os cristais do tipo AX2 mais comuns são os compostos


Si02. Entre eles, pode-se citar as formas polimórficas cristobalita (estável em temperaturas
elevadas) e tridimita (estável em temperaturas intermediárias) (VAN VLACK, 1973).

4.2.2.3 COMPOSTOS ABMXN

São de crescente importância na tecnologia cerâmica os óxidos, sulfetos, que


possuem mais que um tipo de cátion. Para alguns, como os espinélios (R2+R32+O4) e os
silicatos, embora venham sendo utilizados há vários anos, estão sendo descobertas novas
aplicações. (V AN VLACK, 1973).
O MgAb04, um exemplo de espinélio (R2+R23+04), tem uma estrutura cúbica a
qual pode ser vista como consistida de 8 cubos menores. Em cada um desses cubos, os íons
estão local izados em posições cúbicas de face centrada normais. Dentro dos cubos menores
estão 4 locais intersticiais octaédricos e 8 locais intersticiais tetraédricos. O Mg e ambos AI
se ajustam dentro de 3 desses 12 locais. Muitas importantes cerâmicas elétricas e
magnéticas, incluindo o Fe304 e outros ferritos, têm esta estrutura (ASKELAND, 1990).

4.2.2.4 ESTRUTURAS DOS SILICATOS

Os silicatos são materiais compostos formados por silício e oxigênio, os dois


elementos mais abundantes na crosta terrestre, a maior parte dos solos, rochas, argilas e
areia se enquadram na classificação de silicatos. Em vez de se caracterizar as estruturas
cristalinas desses materiais em termos de células unitárias, torna-se mais conveniente usar
vários arranjos de um tetraedro composto por SiO4-4 (Figura 2).

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Figura 2 – Um tetraedro silíco-oxigênio (SiO4).

Cada átomo de silício está ligado a quatro átomos de oxigênio, os quais estão
localizados nos vértices do tetraedro, o átomo de silício está posicionado no centro do
tetraedro. (Calister 2000).

5. IMPERFEIÇÕES NAS CERÂMICAS

Embora uma ordem constante seja característica de todos os cristais, observamos


que os cristais nem sempre apresentam um arranjo atômico perfeito. Essas imperfeições
influenciam profundamente sobre as propriedades dos materiais cristalinos. (VAN
VLACK, 1973).
Dividimos as imperfeições em três grupos:

5.1. DEFEITOS PONTUAIS

Envolvem átomos em excesso ou ausência de átomos em relação oas que estaria


presentes normalmente na estrutura cristalina. Os átomos em excesso, comumente
denominados intersticialidades

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Vazios também podem apresentar-se como defeitos de Frenkel ou defeitos de
Schottky. O defeito de Frenkel ocorre quando um átomo abandona sua posição natural,
deixando um vazio na estrutura cristalina. O defeito de Schottky é um par de vazios - um
vazio de cátion e um vazio de ânion (ASKELAND, 1990).

5.2. DEFEITOS DE LINHA

O defeito unidimensional mais comum numa estrutura cristalina é a discordância,


que consiste em uma imperfeição linear. (VAN VLACK, 1973). (Figura 3)

Figura 3 – Exemplos de defeitos lineares (discordâncias). (a) Discordânica em


hélice: o “plano” cristalino normal ao defeito linear forma uma hélice em torno
do defeito. (b) Discordância em cunha: a cunha é uma linha terminal de um
plano extracristalino, normal ao plano da página. As restrições impostas por
tais imperfeições são mais severas nos cristais cerâmicos do que nos metálicos.

5.3. DEFEITOS DE SUPERFÍCIE

São imperfeições que se estendem em duas dimensões no interior do cristal, o


tipo mais comum de defeito é a falha de empilhamento.

6. MICROESTRUTURAS CERÂMICAS

Os materiais cerâmicos comerciais, exceto o vidro e algumas aplicações de


monocristais, apresentam microestrutura. O termo microestrutura é usado aqui para
descrever as cartacterísticas estruturais encontradas nos materiais poligranulares

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(polocristalinos ou polifásicos). As microestruturas são normalmente estudadas com o
auxílio do microscópio, muitas delas sendo mesmo visíveis a olho nu. As microestruturas
podem ser caracterizadas por 5 fatores: tamanho do grão, forma e distribuição dos grãos,
quantidade de fases, orientação dos grãos e poros idade. (VAN VLACK, 1973).

Um grão pode ser considerado como sendo um cristal individual interno ao


material. Geralmente um grão apresenta um contorno irregular, conseqüência de sua
justaposição a outros grãos. Como os materiais cerâmicos podem apresentar
microestruturas muito variáveis, pode haver variações nos tamanhos dos grãos. Seu
tamanho também pode variar em função do tratamento térmico. Um material de granulação
grosseira apresenta menor área superficial e, portanto, menor energia livre superficial. Os
átomos ao longo da interface, com raio de curvatura menor (grãos menores) são menos
estáveis que os que os átomos do contorno de um grão grande (CALLISTER, 2000).

As propriedades dos materiais cerâmicos são influenciadas pelas quantidades


relativas das diversas fases presentes. Portanto, medidas quantitativas são importantes. Há
vários métodos para determinar a quantidade de uma certa fase numa microestrutura. Todos
eles oferecem respostas volumétricas, sendo necessário, assim, cálculos posteriores para a
obtenção das porcentagens em peso.

7. PROPRIEDADES E COMPORTAMENTO

7.1. PROPRIEDADES MECÂNICAS

Embora os materiais cerâmicos sob tensão mecânica comportem-se


diferentemente dos metais, são utilizados em diversas aplicações estruturais de engenharia.
Discutiremos o comportamento dos materiais cerâmicos quando submetidos a tensões nas
situações elásticas, de ruptura e de deformação. (VAN VLACK, 1973).

7.1.1. MÓDULO DE ELASTICIDADE

Nas deformações elásticas há manutenção das vizinhanças atômicas,


simplesmente ocorrendo alteração dos espaçamentos interatômicos. O módulo de
elasticidade é uma medida de tensão necessária para produzir deformação.

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A classe dos materiais cerâmicos apresenta elevado módulo de elasticidade maior que
outros materiais, o que não é surpresa, pois o módulo de elasticidade é um índice que
decorre das forças das ligações interatômicas. Outros índices que dão idéia dessa força são
o ponto de fusão e a dureza.

O módulo de elasticidade diminui a medida em que a temperatura aumenta, pois a


expansão térmica aumenta a distância interatômica.

Ainda sobre o módulo de elasticidade dos compostos cerâmicos, não se distribui


uniformemente na microestrutura do material, variando de grão para grão. As
concentrações de tensões são maiores em grãos grossos do que em finos. Variações nas
tensões implicarão necessariamente em variações no módulo, se considerarmos deformação
constante.

7.1.2. RESISTÊNCIA MECÂNICA

Talvez a mais conhecida propriedade mecânica dos materiais cerâmicos seja a sua
fragilidade, ou seja, sua incapacidade de deformarem-se antes da ruptura de sua m
icroestrutura. O escorregamento nos materiais cerâmicos é evitado ou limitado em algumas
direções, pois os íons de mesma carga rompemse quando em contato íntimo. Esse fato
ocorre geralmente nos materiais cerâmicos cristalinos em que a ligação é
predominantemente iônica. Por isso, a probabilidade da ruptura antes do escorregamento é
grande, fazendo com que a cerâmica seja um material não-dúctil e com poucas deformações
plásticas. Sob tensão, a quebra de ligações internas, que iniciaria a deformação plástica no
material por escorregamento dos planos cristalográficos com conseqüente deslocamento de
discordâncias, origina na realidade uma trinca perpendicular à direção de aplicação da
carga. Isto porque as fortes ligações químicas encontradas em seus compostos, em geral
iônicas ou covalentes, não dão a possibilidade de haver rearranjo atômico para
deslocamento das discordâncias no material após tal escorregamento (a ruptura ocorre
antes). Uma vez iniciada, a trinca propaga-se rapidamente, através dos grãos e ao longo dos
planos cristalográficos de sua estrutura atômica. Há uma concentração das tensões nos
poros, cantos de grãos ou microfissuras, que desencadeará a ruptura do material.

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Nos metais, os átomos equivalentes e eletricamente neutros fazem com que ocorra
o escorregamento das discordâncias sem a ruptura, gerando deformações plásticas e
ductilidade.

Pequenos aumentos da ductilidade podem diminuir sensivelmente a probabilidade


de ruptura de qualquer material.

Cerâmicas cristalinas com ligações covalentes também são de difícil


escorregamento, tanto pela força das ligações como pelo número limitado de sistemas de
escorregamento.

Já as cerâmicas não-cristalinas deformam-se plasticamente por escoamento


viscoso, como os líquidos. Há possibilidades de escorregamento dos átomos já que não há
estrutura cristalina, e a aplicação de uma tensão faz com que átomos quebrem e refaçam
suas ligações.

A resistência à fratura real das cerâmicas é sempre inferior à que pode ser
estimada pela análise de sua microestrutura, que possui fortes ligações. A responsabilidade
dessa diferença de resistência real para a estimada é dos defeitos presentes no material, que
servem como pontos de concentrações de tensões e, portanto, de ocorrência de prováveis
trincas.

Daí também provém à tamanha distância entre suas resistências à compressão e à


tração: a resistência à tração pode ser medida pela probabilidade de encontrarmos um
defeito no material que possa iniciar uma trinca, pois a ruptura por tração ocorre pela
concentração de tensões nas falhas da microestrutura, já que as ligações fortes as impedem
de mover-se por escorregamento), evidenciadas no esforço de tração. Já a resistência à
compressão é bem maior, pois os compostos cerâmicos não se rompem por deslizamento,
não existindo, para tensões de compressão, aumento de tensões devido a defeitos existentes.

19
Sua resistência à compressão, deste modo, está intimamente relacionada com suas
forças de ligações interatômicas, que, como sabemos, são grandes.

Corpos grandes em geral têm menor resistência à fratura do que pequenos. A


probabilidade de encontrarmos defeitos é maior nos grandes.

7.1.3. TENSÃO DE RUPTURA

A tensão necessária para causar ruptura varia intensamente no interior de um


cristal e é denominado tensão normal crítica (tncf). A mica é um exemplo característico,
pois, apresenta clivagem acentuada ao longo de um plano no qual há algumas ligações
primárias.
Como os materiais cerâmicos são geralmente não dúcteis, suas características de
resistência mecânica diferem bastante dos metais.
Um material cerâmico não dúctil é muito resistente a compressão porque ele não
se rompe por deslizamento e portanto a compressão está diretamente relacionadas suas
forças interatômicas.
A resistência de um material não poroso é frágil, varia com o tamanho do grão.
(VAN VLACK, 1973).

7.1.4. PROPRIEDADES TÉRMICAS E ELÉTRICAS

A condutibilidade térmica é bem menor nos compostos cerâmicos do que nos


metálicos. Possuem, em oposição a estes, muito poucos elétrons livres, sendo a condução
térmica por elétrons insignificante. Os fônons (vibrações cristalinas de natureza
ondulatória) assumem importância principal na condução térmica dentro de sua
microestrutura.

As fases cristalinas, em geral, possuem condutibilidade maior do que as amorfas


de mesma composição, pois sua estrutura mais regular interfere menos sobre a propagação
dos fônons. A condutibilidade também é influenciada pela forma e orientação dos grãos e
pela porosidade do material cerâmico.

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A dilatação térmica também é maior nos cristais iônicos, pois se trata de fases
mais compactas com maior fator de empacotamento, nas quais os átomos, mais próximos,
não têm espaço para se agitarem dentro da microestrutura. Sem muito espaço, empurram os
vizinhos, criando a dilatação do material. As fases mais abertas, normalmente as amorfas,
têm menor fator de empacotamento e, portanto, mais espaços internos para que os átomos
aquecidos se movam sem empurrar muito os vizinhos (dilatação). Assim, a dilatação
térmica nos materiais cerâmicos está ligada à simetria da fase cristalina, assim como a seu
fator de empacotamento.

Variações de temperatura geram alterações dimensionais não-uniformes (são


anisotrópicos) no interior dos compostos cerâmicos, o que gera tensões internas pontuais.
Estas, por sua vez, como já vimos, podem provocar trincas nos materiais frágeis.

Em geral, as mesmas características dos materiais cerâmicos em relação à


condutibilidade térmica são aplicáveis para a condutibilidade elétrica: baixa condutividade,
já que seus elétrons não estão livres. São considerados isolantes térmicos e elétricos, salvo
exceções de alguns que se enquadram na classe dos semicondutores. Como os átomos de
sua estrutura interna estão com a banda de valência preenchida, é necessária grande
quantidade de energia para que ocorram pequenas movimentações das cargas.

A porosidade vem diferenciar as condutividades térmica e elétrica. Os poros


bloqueiam a eletricidade, mas não totalmente a condução térmica, que é apenas diminuída.

8. DESEMPENHO

O desempenho em uso dos produtos cerâmicos para vedação na Construção Civil


é avaliado através das suas características físico-químicas. Os parâmetros de caracterização
das peças cerâmicas considerados na norma NBR 15270-1 se baseiam nos diferentes
ensaios praticados para a quantificação das mesmas e sua conseqüente classificação. Esta
norma considera as seguintes características:

Os blocos cerâmicos para vedação constituem as alvenarias externas ou internas


que não têm a função de resistir a outras cargas verticais, além do peso da alvenaria da qual
faz parte. (Figuras 4 e 5).

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Figura 4 – Bloco cerâmico de Figura 5 – Bloco cerâmico de
vedação com furos na horizontal vedação com furos na vertical

8.1. BLOCO PRINCIPAL

Bloco mais usado na elevação das paredes, pertencentes a uma família de blocos
cerâmicos, cujo comprimento é um múltiplo do módulo dimensional M menos 1 cm.

8.2. REQUESITOS GERAIS

8.2.1. IDENTIFICAÇÃO

O bloco cerâmico de vedação deve trazer, obrigatoriamente, gravado, em uma das


suas faces externas, a identificação do fabricante e do bloco, em baixo relevo ou
reentrância, com caracteres de no mínimo 05 mm de altura, sem que prejudique o seu uso.

Nessa inscrição deve constar no mínimo o seguinte:

a) Identificação da empresa;

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b) Dimensões de fabricação em centímetros, na seqüência largura (L), altura (H)

e comprimento ©, na forma (L x H x C), podendo ser suprida a inscrição da

unidade de medida em centímetros.

8.2.2. UNIDADE DE COMERCIALIZAÇÃO

Para fins de comercialização, a unidade é o milheiro.

8.2.3. CARACTERÍSTICAS VISUAIS

O bloco cerâmica de vedação não deve apresentar defeitos sistemáticos, tais como
quebras, superfícies irregulares ou deformações que impeçam o seu emprego na função
especificada.

As características visuais do bloco cerâmico face-à-vista devem atender aos


critérios de avaliação da aparência especificado.

8.2.4. CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS

O bloco de vedação deve possuir a forma de um prisma reto, sendo sua geometria
indicada esquematicamente conforme indicado nas figuras acima.

8.3. DETERMINAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS, FÍSICAS


E MECÂNICAS

8.3.1. CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS

As características geométricas do bloco cerâmico de vedação são as seguintes:

a) Medidas das faces – dimensões efetivas;


b) Espessura dos septos e paredes externas dos blocos;
c) Desvio em relação ao esquadro (D);
d) Planeza das faces (F);
e) Área bruta (ab).

As determinações das características físicas dos blocos cerâmicos de vedação


devem seguir os ensaios da ABNT NBR 15270-3.

23
8.3.2. CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS

A característica mecânica dos blocos cerâmicos de vedação é a resistência à


compressão individual (fb).

A determinação da resistência à compressão individual deve seguir o ensaio da


ABNT NBR 15270-3.

Tabela 1 – Dimensões de fabricação de blocos cerâmicos de vedação


Dimensões Dimensões de fabricação cm
LxHxC Comprimento (C)
Largura Altura
Módulo Dimensional
(L) (H) Bloco principal ½ Bloco
M=10 cm
(1) M x (1) M x (2) M 19 9
9
(1) M x (1) M x (5/2) M 24 11,5
(1) M x (3/2) M x (2) M 19 9
(1) M x (3/2) M x (5/2) M 14 24 11,5
(1) M x (3/2) M x (3) M 9 29 14
(1) M x (2) M x (2) M 19 9
(1) M x (2) M x (5/2) M 24 11,5
19
(1) M x (2) M x (3) M 29 14
(1) M x (2) M x (4) M 39 19
(5/4) M x (5/4) M x (5/2) M 11,5 24 11,5
(5/4) M x (3/2) M x (5/2) M 14 24 11,5
(5/4) M x (2) M x (2) M 11,5 19 9
(5/4) M x (2) M x (5/2) M 24 11,5
19
(5/4) M x (2) M x (3) M 19 14
(5/4) M x (2) M x (4) M 39 19
(3/2) M x (2) M x (2) M 19 9
(3/2) M x (2) M x (5/2) M 24 11,5
14 19
(3/2) M x (2) M x (3) M 29 14
(3/2) M x (2) M x (4) M 39 19
(2) M x (2) M x (2) M 19 9
(2) M x (2) M x (5/2) M 24 11,5
19 19
(2) M x (2) M x (3) M 29 14
(2) M x (2) M x (4) M 39 19
(5/2) M x (5/2) M x (5/2) M 24 11,5
(5/2) M x (5/2) M x (3) M 24 24 29 14
(5/2) M x (5/2) M x (4) M 39 19
Nota: Os blocos com largura de 6,5 cm e altura de 19 cm serão admitidos excepcionalmente, somente em
funções secundárias (como em “shafts” ou pequenos enchimentos) e respaldados por projeto com
identificação do responsável técnico.

24
8.4. REQUESITOS ESPECÍFICOS

8.4.1. TOLERÂNCIAS DIMENSIONAIS

As tolerâncias dimensionais relacionadas às medidas individuais são indicadas na


tabela 2.

As tolerâncias dimensionais relacionadas à média são as indicadas na tabela 3.

Tabela 2 – Tolerâncias dimensionais individuais relacionadas à dimensão efetiva


Grandezas Controladas Tolerância individual mm
Largura (L)
Altura (H) ±5
Comprimento (C)
Nota: Grandezas controladas conforme tabela 7

Tabela 3 – Tolerâncias dimensionais relacionadas à dimensão efetiva

Grandezas Controladas Tolerância mm


Largura (L)
Altura (H) ±3
Comprimento (C)

8.4.2. ESPESSURA DOS SEPTOS E PAREDES EXTERNAS

A espessura dos septos dos blocos cerâmicos de vedação deve ser no mínimo 6
mm e a das paredes externas no mínimo 7 mm.

8.4.3. DESVIO EM RELAÇÃO AO ESQUADRO (D)

O desvio em relação ao esquadro deve ser no máximo 3 mm.

8.4.4. PLANEZA DAS FACES OU FECHA (F)

A flecha deve ser no máximo 3 mm.

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8.4.5. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (FB)

A resistência à compressão dos blocos cerâmicos de vedação, calculada na área


bruta, deve atender aos valores mínimos indicados na tabela 4.

Tabela 4 – Resistência à compressão (Fb)

Posição dos Furos fb MPa


Para blocos usados com furos na horizontal (figura 1) ≥ 1,5
Para blocos usados com furos na vertical (figura 2) ≥ 3,0

8.4.6. ÍNDICE DE ABSORÇÃO D´ ÀGUA (AA)

O índice de absorção d´água não deve ser inferior a 8% nem superior a 22%.

8.5. IMPACTOS AMBIENTAIS

A Resolução CONAMA n.º 001 de 1986, em seu artigo 1.º, dá a seguinte


definição de impacto ambiental: “toda alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante
das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a segurança e o bem estar da
população; as atividade sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do
meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais”.

Os impactos ambientais mais significativos decorrentes da indústria cerâmica são:

8.5.1. IMPACTOS NEGATIVOS SOBRE O MEIO FÍSICOS

• Poluição do solo: Disposição inadequada de cacos.

• Poluição da água: Efluente (massa liquida, vernizes e esgoto), disposição


dos cacos .
• Poluição do ar; Emissão de sílica acima dos padrões, permitidos pelo órgão
responsável e odores exalados por produtos orgânicos utilizados na limpeza dos produtos.
• Poluição sonora: Ruído excessivo produzido pelos equipamentos.

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• Consumo de recursos naturais: Utilização de matérias-primas como argila,
caulim, feldspato, consumo de água de superfície e subterrânea, de energia hidrelétrica, de
GLP, madeira, etc.

8.5.2. IMPACTOS NEGATIVOS SOBRE O MEIO BIOLÓGICO

• Danos à vida aquática: Disposição irregular de ef1uência, visto que a


maioria das cerâmicas não possuem tratamento para o mesmo. Essas atitudes podem causar
danos à vida aquática, pela falta de oxigenação, alteração do pH da água e dificuldade de
infiltração dos raios solares;

• Consumo insustentável de recursos naturais: Dependendo da maneira como


é extraído e do tempo em que se leva para recuperar as áreas degradadas, pode resultar em
prejuízos à flora e fauna do ambiente de onde estes recursos estão sendo explorados.

Para todos os ramos de atividade, a poluição ambiental, o desperdício de recursos


e os impactos decorrentes do processo, produto ou serviço implicam perdas.

Na seqüência, estão relacionadas algumas medidas de prevenção da poluição que


podem favorecer o desenvolvimento sustentável da atividade cerâmica:

• Usar sistemas de exaustão, com "lavagem do ar" por aspecto de água, que
consiga reter as partículas menores de sílica (invisíveis) causadoras de danos à saúde, pois
apenas o uso de máscara respiratória não é suficiente para impedir que o indivíduo adquira
silicose;

• Aumentar o teor de umidade da massa o máximo possível para impedir a


dispersão da sílica no ar.

27

--
• Reutilizar o calor do forno, em que o calor do final do mesmo, através de
tubulação, deve retomar ao inicio do "túnel", gerando uma economia considerável de
energia.
• Reutilizar os resíduos sólidos (isoladores) desqualificados nos moinhos
rotativos para homogeneizar a matéria-prima em substituição aos seixos, embora este
último seja mais resistente e resista por um tempo maior. É importante observar que as
perdas em isoladores são consideravelmente elevadas, o que impossibilita a solução de
disposição de resíduos por esse método a curto prazo.

• Reciclar o caco cerâmico em uma usina de reciclagem para os resíduos


sólidos (cacos cerâmicas e entulhos da construção civil), transformando-os em matéria-
prima para a construção, civil é bastante, eficaz, para solucionar os impactos causados com
sua disposição inadequada.

• Reciclar a massa liquida que escorre dos equipamentos durante o processo


produtivo, encaminhando-a para os moinhos rotativos, entrando na composição da massa
novamente através de sistemas de canalizações simples que estejam instalados sob as
máquinas, principalmente, no processo de extrusão.

• Reaproveitar os restos dos vernizes.

• Tratar o efluente (decantação) no final do processo produtivo.

• Reduzir o desperdício de recursos naturais (água, energia e matérias-primas)


através de uma conscientização ambiental.

• Usar formas alternativas de energia como o gás natural ou solar. No entanto,


a energia solar não se aplicação eficiência em todas as partes do processo produtivo da
cerâmica, pois para que os fumos atinjam a temperatura ideal de queima, utilizando essa
fonte energética, seria necessário um coletar muito grande. o que dificulta e encarece sua
instalação.

• Regulamentar os poços tubulares profundos existentes na cidade, estudo de


seus potenciais e monitoramento do uso da água, que também pode ser feito pelos órgãos
públicos.

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9. CONCLUSÃO

A compreensão da microestrutura dos compostos cerâmicos através da Ciência


dos Materiais fornece importantes parâmetros para o entendimento de suas propriedades
mecânicas e seu desempenho, o que traz possibilidades de intervenções benéficas no
processo de fabricação, com geração de materiais finais com melhores propriedades
mecânicas de desempenho ou até mesmo menores custos para serem aplicados na
construção civil. A importância disso é evidente, tendo-se em vista a grande quantidade de
produtos cerâmicos de utilização na vida cotidiana.

É necessário também, controlar o impacto ambiental do seu processo de


fabricação, visando diminuí-Io afim de atingir níveis sustentáveis.

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

™ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CERÂMICA - ABC. Informações


técnicas, 1999.
Disponível na Internet:
http://www.abceram.org.br/info_tec/consideracoes_gerais.htm> Maio 1999.

™ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, (ABNT). NBR


15270-1 (2005).
Blocos Cerâmicos para Alvenaria de Vedação – Terminologia e requisitos

™ CALLISTER, W. D. CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS UMA


INTRODUÇÃO

™ VAN VLACK, L.H. Propriedades dos materiais cerâmicos. Edgar


Blucher/EDUSP, São Paulo, 1973.

™ DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DE SIMONE FARIA DE SOUZA – A


INDÚSTRIA CERÂMICA DE PEDREIRA E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS

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