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09/01/14 MEMÓRIAS DE CHARLES G.

FINNEY CAPÍTULO XXVI--O AVIVAMENTO EM ROCHESTER EM 1842

A VERDADE DO EVANGELHO
MEMÓRIAS DE CHARLES G. FINNEY
por Charles G. Finney

CAPÍTULO XXVI.

O AVIVAMENTO EM ROCHESTER EM 1842

Depois de descansar um ou dois dias em Boston, parti para casa. Por estar muito exausto de
trabalho e viagens, fiz uma visita a um amigo em Rochester, para ter um dia de descanso antes
de prosseguir. Logo que a notícia de minha estada em Rochester se espalhou, o Juiz G veio
visitar-me, e com muita insistência, pediu que eu ficasse ali mais um tempo e pregasse. Alguns
dos pastores também insistiam que eu pregasse para eles. Informei-lhes que estava esgotado, e
já era chegado o tempo de ir para casa. No entanto, eles foram muito urgentes, em especial um
dos pastores, cuja esposa era uma de minhas filhas espirituais, a Sarah B, de quem falei ter se
convertido em D'Oeste. Por fim, concordei em ficar por ali e pregar um ou dois sermões. Mais
isso trouxe sobre mim um convite ainda mais inoportuno, para permanecer a realizar uma série
de reuniões. Decidi ficar, e apesar de exausto, continuei com a obra.

O Sr. George S. Boardman era pastor da então chamada Bethel, ou igreja da Rua Washington,
e o Sr. Shaw, da Segunda Igreja do Tijolo. O Sr. Shaw estava muito ansioso para unir-se ao
Sr. Boardman e realizar reuniões alternadas em suas igrejas. O Sr. Boadman não estava
disposto a seguir esse caminho, dizendo que sua congregação era fraca, e precisava da
concentração de minhas obras naquele ponto. Senti muito por isso, mas ainda assim não pude
passar por cima de tal decisão, e continuei com a obra na Bethel, ou igreja da Rua Washington.
Pouco tempo depois, o Dr. Shaw conseguiu as obras do Rev. Jedediah Burchard para sua
igreja, e assumiu um prolongado trabalho ali.

Enquanto isso, o Juiz G unira-se com outros membros da Ordem dos Advogados, para fazer-
me um pedido por escrito, para que pregasse uma série de sermões para advogados,
adaptados à sua maneira de pensar. Na época, o Juiz G era um dos juízes das cortes de
apelação do estado, e tinha uma alta e posição estimada por toda a profissão. Concordei em
dar as palestras. Tinha consciência da mentalidade semicética daqueles membros da Ordem, ou
de pelo menos muitos deles, que ainda não haviam se convertido. Ainda havia na cidade um
bom número de bons e devotos advogados, que se converteram no avivamento de 1830 e 31.

Comecei minha série de palestras para advogados fazendo esta pergunta: Vocês sabem alguma

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coisa? E segui o questionamento dissertando, noite após noite. Minha congregação era muito
seletiva. As reuniões do irmão Burchard abriram um lugar interessante para uma classe da
comunidade e deu mais espaço para os advogados e para aqueles especialmente atraídos por
minhas palestras, na casa onde pregava. As noites eram todas lotadas. Conforme prossegui
com meus sermões, a cada noite, observei o interesse constantemente se aprofundando.

Sendo que a esposa do Juiz G era uma amiga pessoal minha, tinha a chance de vê-lo
freqüentemente, e tinha certeza de que a Palavra apoderava-se fortemente dele. Ele comentou
comigo, depois de várias palestras: "Sr. Finney, estou satisfeito com seus esclarecimentos até
agora, mas quando chegar à questão do castigo eterno dos ímpios, o senhor vai tropeçar,
falhará ao tentar convencer-nos neste assunto." Eu respondi "Espere e verá, Juiz." Essa dica
fez-me mais cuidadoso quando cheguei a essa questão, para que a discutisse minuciosamente.
No dia seguinte encontrei-me com ele e de pronto comentou "Sr. Finney, estou convencido.
Sua maneira de lidar com esse assunto foi um sucesso, nada pode ser contestado." A maneira
na qual ele disse isso indicava que o assunto não apenas convencera seu intelecto, mas
impressionara-o profundamente.

Eu ia de noite a noite, mas não achava que minha platéia, um tanto quanto nova e seleta já
estivesse preparada para ser chamada a tomar uma decisão, por causa dos questionadores.
Mas logo cheguei ao ponto em que vi que era necessário puxar a rede da praia. Eu estava
cuidadosamente espalhando-a por todo o grupo de advogados, atraindo-os, eu supunha, com
uma série de argumentos que eles não podiam resistir. Eu tinha consciência de que eles estavam
acostumados a ouvir argumentos, a sentir o peso de uma verdade apresentada de maneira
lógica, e não tinha dúvidas de que sua grande maioria estava plenamente convencida, em tudo
que eu dissera até ali. Por conseqüência, eu havia preparado um discurso com a intenção de
levá-los ao ponto, e se surtisse efeito, eu pretendia chamá-los a se comprometerem.

Quando estive em Rochester antes, quando a esposa do Juiz G se converteu, ele se opusera ao
assento ansioso. Eu esperava que ele fizesse isso novamente, pois sabia que ele havia se
comprometido fortemente, no que ele dizia, a ser contra o assento ansioso. Quando preguei o
sermão do qual falei, percebi que ele não estava no lugar que geralmente ocupava, e ao olhar
em volta, não pude encontrá-lo em meio aos outros advogados e juízes. Fiquei preocupado
com isso, pois me havia preparado com referência o seu caso. Eu sabia que ele tinha grande
influência, e que se ele decidisse tomar uma posição, isso causaria uma grande influência sobre
toda a profissão jurídica na cidade. Contudo, logo percebi que ele entrara pela galeria, e
encontrara um lugar para sentar-se junto às escadas, onde se assentou cobrindo-se com seu
casaco. Prossegui com meu discurso, mas perto do fechamento do que eu programara dizer,
percebi que o Juiz G não estava mais em seu lugar. Fiquei perturbado, pois concluí que, por ser
frio o lugar onde ele estava, e talvez porque houvesse alguma confusão por ser perto das
escadas, ele teria ido para casa, e assim o sermão que eu havia preparado com meu olho nele,
falhara em seu efeito.

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Do salão no porão da igreja, havia uma escada estreita que levava à nave superior, com saída
ao lado, um pouco para trás do púlpito. Eu estava para encerrar o sermão, com meu coração
quase afundando com o medo de falhar no que eu tinha esperanças de conseguir naquela noite,
quando senti alguém puxando a barra de meu paletó. Olhei, e ali estava o Juiz G. Ele descera e
atravessara o salão inferior, subira a escada estreita, e alguns degraus do púlpito, até estar perto
o suficiente de mim, até puxar-me pelo casaco. Quando me virei para ele, e contemplei-o com
grande surpresa, ele me disse "Sr. Finney, o senhor não poderia orar por mim, pelo meu nome,
e eu tomarei lugar à frente, no assento ansioso." Eu ainda não havia dito nada sobre o assento
ansioso. A congregação observara esse movimento da parte do Juiz G, conforme ele subia às
escadas do púlpito, e quando eu anunciei-lhes o que ele dissera, um maravilhoso choque foi
gerado. Havia um grande jorrar de sentimentos, por todos os lados do templo. Muitos
abaixaram a cabeça e choraram, outros pareciam estar engajados em sinceras orações. Ele foi
até à frente do púlpito e ajoelhou-se imediatamente. Os advogados levantaram-se quase em
massa, e amontoaram-se no corredor, enchendo o espaço vago à frente, ajoelhando-se onde
quer que pudessem. Houve um grande movimento. Nós oramos, e então encerrei a reunião.

Já que eu pregava todas as noites, e não podia abrir mão de uma delas para uma reunião de
perguntas e respostas, marquei uma reunião para instrução daqueles que tivessem dúvidas para
o dia seguinte, às duas horas, no salão inferior da igreja. Quando fui para lá, fiquei surpreso ao
encontrar o salão quase cheio, e com um público composto praticamente só de cidadãos dos
mais proeminentes. Continuei com essa reunião diariamente, tendo a oportunidade de conversar
livremente, com muitas pessoas, pois eram ensináveis como crianças. Jamais participei de uma
reunião mais efetiva e interessante do que essa, eu acho. Muitos dos advogados se
converteram, o Juiz G, devo dizer, foi seu líder, pois foi o primeiro a vir para o lado de Cristo.

Permaneci ali, dessa vez, por dois meses. O avivamento tornou-se maravilhosamente
interessante e poderoso, e resultou na conversão de centenas. Apoderou-se de forma poderosa
de uma das igrejas Episcopais, a igreja de St. Luke, da qual o Dr. Whitehouse, bispo
presidente de Illinois, era o pastor. Quando eu estava em Reading, na Pensilvânia, vários anos
antes, o Dr. Whitehouse estava a pregar para uma igreja Episcopal naquela mesma cidade, e,
como fui informado por uma das mais inteligentes senhoras dali, fora tremendamente abençoado
em sua alma, naquele avivamento. Quando vim para Rochester, em 1830, ele era o pastor da
igreja de St. Luke, e fui informado que ele encorajava seu povo a participar de nossas reuniões,
e que muitos deles converteram-se naquela época. Assim também nesse avivamento, em 1842,
fui informado de que ele encorajava e aconselhava seu rebanho a participar de nossas reuniões.
Ele mesmo era um pastor muito bem sucedido, e tinha muita influência em Rochester. Soube
que nesse avivamento de 1842, não menos que setenta, dos principais membros de sua
congregação, converteram-se, e foram confirmados em sua igreja.

Um incidente de impacto, devo mencionar. Eu havia insistido muito, em minhas instruções, na


consagração plena a Deus, entregando tudo a Ele, corpo, alma, posses, e todas as coisas, para
serem para todo o sempre, usadas para Sua glória, como uma condição de aceitação com
Deus. Como era de meu costume em avivamentos, deixei isso tão claro quanto pude. Certo dia
conforme eu entrava na reunião, um dos advogados com quem já estava familiarizado, que
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andava profundamente agoniado em sua mente, estava esperando na porta da igreja. Conforme
entrei, ele tirou de seu bolso um papel, e entregou a mim, comentando "Entrego isso ao senhor
como o servo do Senhor Jesus Cristo". Deixei o papel em meu bolso até depois da reunião. Ao
examiná-lo, vi que era um termo de posse, redigido regularmente, no qual ele passava a posse
de si mesmo e de tudo que ele possuía para o Senhor Jesus Cristo. O termo estava de acordo
com a lei, com todas as peculiaridades e formalidades de tais contratos. Creio que ainda o
tenho em meio a meus papéis. Ele parecia ser solenemente sincero, e até onde pude ver,
inteiramente consciente do que fizera. Mas não devo entrar em mais detalhes.

No que diz respeito aos métodos usados neste avivamento, diria que as doutrinas pregadas
eram as mesmas que eu já havia pregado em todos os lugares. O governo moral de Deus foi
proeminentemente apresentado, e a necessidade de uma aceitação universal da vontade de
Deus como uma regra de vida, a aceitação pela fé, do Senhor Jesus Cristo como o Salvador do
mundo, e em todas as suas relações e obras, e a santificação da alma por meio da verdade,
essas e outras doutrinas relacionadas a elas eram trabalhadas de acordo com o tempo que
tínhamos, e conforme as necessidades do povo pareciam requerer.

As medidas eram simplesmente as pregações do evangelho, e orações abundantes, em secreto,


em círculos sociais, e em reuniões públicas. Muita importância sempre foi dada à oração, como
sendo um dos principais métodos para a promoção de um avivamento. Pecadores não eram
incentivados a esperar que o Espírito Santo os convertesse enquanto fossem passivos, e não
deveriam esperar o tempo de Deus, mas ensinávamos, sem equívocos, que seu primeiro e
imediato dever era submeterem-se a Deus, renunciar suas próprias vontades, seus próprios
caminhos, e a si mesmos, entregando no mesmo instante tudo que eram e tudo que tinham a seu
verdadeiro ano, ao Senhor Jesus Cristo. Elas eram ensinadas aqui, da mesma forma que foram
ensinadas em todos os outros avivamentos, em todos os outros lugares, mostrando que o único
obstáculo no caminho era sua própria teimosia, que Deus estava tentando ganhar seu
consentimento desqualificados de desistir de seus pecados, e aceitar o Senhor Jesus Cristo
como sua justiça e salvação. Insistíamos freqüentemente para que consentissem assim, e
ensinávamos que sua única dificuldade era realmente consentir de forma sincera e honesta como
os termos sob os quais Cristo os salvaria.

Reuniões para perguntas e respostas foram realizadas, como o propósito de adaptar a instrução
àqueles que estavam em diferentes estágios de convicção. Depois de conversar com eles,
sempre que eu tinha tempo e forças para fazê-lo, tinha o hábito de fazer um resumo final,
tomando casos representativos, e respondendo a todas as suas objeções, todas as suas
perguntas, corrigindo seus erros, e seguindo um caminho de comentários, com a intenção de
anular qualquer desculpa, e trazê-los face a face com a grande decisão da imediata, irrestrita e
total aceitação da vontade de Deus em Cristo Jesus. A fé em Deus, e Deus em Cristo era
sempre apresentada como proeminente. Eles eram informados de que essa fé não era um
assunto meramente intelectual, mas sim o consentimento ou confiança do coração, uma
confiança voluntária e consciente em Deus, como sendo revelado no Senhor Jesus Cristo.

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Insistia-se plenamente na doutrina da justiça da punição eterna, não somente em sua justiça,
mas também na certeza de que pecadores seriam eternamente punidos, se morressem em
pecado, era fortemente apresentada. Em todos esses pontos, o evangelho era apresentado de
maneira a não deixar nenhuma dúvida. Esse era, pelo menos, meu constante objetivo, e o
objetivo de todos que davam instruções. A natureza da dependência do pecador da influência
divina era explicada, reforçada, e apresentada proeminentemente. Os pecadores eram
ensinados que, sem o ensinamento e influência divinos, é certo que, a partir de seu estado de
depravação, jamais se reconciliariam com Deus, e que ainda assim, sua necessidade de
reconciliação devia-se simplesmente à sua dureza de coração, ou à teimosia de sua própria
vontade. Portanto sua dependência do Espírito de Deus não era desculpa para que não se
tornassem cristãos de vez. Esses pontos que relatei, e outros que por lógica, os seguiam, eram
apresentados e discutidos sob todos os aspectos, sempre que havia tempo hábil para fazê-lo.

Nunca ensinávamos aos pecadores, naqueles avivamentos, que precisavam esperar pela
conversão, como resposta de suas orações. Ensinávamos que enquanto guardassem a
iniqüidade em seus corações, o Senhor não os ouviria, e que enquanto permanecessem na
impiedade, guardariam a iniqüidade em seus corações. Não quero dizer que eram exortados a
não orar. Eram informados de que Deus queria que eles orassem, mas orassem em fé, orassem
em espírito de arrependimento, e que quando pedissem a Deus que os perdoasse, deveriam se
comprometer plenamente com Sua vontade. Eram ensinados, expressivamente, que a mera
oração ímpia e sem fé é uma abominação a Deus, mas que se realmente estivessem dispostos a
oferecer oração aceitável a Deus, poderiam fazê-lo, pois não havia nada além de sua própria
obstinação no caminho de sua oferta. Nunca foram levados a pensar que poderiam cumprir
seus deveres a respeito de qualquer coisa, a menos que entregassem seus corações a Deus.
Acreditar, arrepender-se, submeter-se, como atos interiores, eram os primeiros deveres a
serem cumpridos, e até que esses fossem realizados, nenhum ato exterior seria a realização de
seus deveres, e toda sua falta de fé era apenas uma blasfema e mentirosa queixa contra Deus.
Em suma, tomamos as dores para que os pecadores fossem levados a aceitar a Cristo, toda a
Sua vontade, a redenção, as relações e obras oficiais, cordialmente e com um propósito
firmado no coração, renunciando a todo pecado, todas as desculpas, toda a falta de fé, toda a
dureza de coração, e todas as coisas ímpias, no coração, na vida, aqui, agora, e para sempre.

Sempre fui especialmente interessado na salvação de advogados, e de todos os homens na


profissão legal. Eu mesmo já havia sido parte dessa classe profissional. Compreendia muito
bem seus hábitos de leitura e pensamentos, e sabia que eles eram com certeza mais controlados
por argumentos, provas e declarações lógicas, do que qualquer outra classe social ou
profissional. Sempre descobri, todas as vezes que trabalhei que quando o evangelho era
propriamente apresentado, eles eram os profissionais mais acessíveis. Creio que seja verdade
que, na proporção em relação a seu número, em todas as comunidades, mais advogados se
converteram do que quaisquer outros profissionais. Sempre fui especialmente interessado na
maneira com a qual uma apresentação clara da Lei e do evangelho de Deus envolvia a
inteligência de juízes, homens que estão acostumados a sentar e ouvir testemunhos, e pesar
argumentos em ambos os lados. Jamais, desde que me lembro, vi um caso no qual juízes não
foram convencidos da verdade do evangelho, em lugares onde participavam das reuniões, nos
avivamentos que testemunhei. Fui várias vezes muito tocado, ao conversar com membros da

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profissão jurídica, pela maneira que consentiam com as proposições, às quais outras pessoas,
cujas mentes não fossem tão disciplinadas, fariam objeções.

Havia um juiz do tribunal de apelação morando em Rochester, que parecia estar possuído por
um ceticismo crônico. Ele era um pensador, lia muito, homem muito refinado e de grande
honestidade intelectual. Sua esposa experienciara a religião sob meu ministério, e era uma de
minhas amigas pessoais. Eu conversei muito com aquele homem. Ele sempre confessava
livremente para mim que os argumentos eram conclusivos, e que seu intelecto estava
preocupado por causa da pregação e das conversas. Disse-me: "Sr. Finney, sempre fico
extremamente envolvido com seus discursos públicos, mas enquanto penso na verdade de tudo
o que o senhor diz, sinto que há algo de errado, de alguma forma meu coração não responde."
Ele era um dos mais amáveis homens não-convertidos que já conheci, e era sempre um prazer e
pesar conversar com ele. Sua franqueza e inteligência faziam da conversa com ele, sobre
assuntos religiosos, um grande prazer, mas sua crônica falta de fé as tornava excessivamente
dolorosas. Conversei com ele mais de uma vez, quando sua mente parecia estar profundamente
agitada. E ainda assim, até onde sei, ele jamais se converteu. Sua esposa, idolatrada mulher de
oração, já foi para seu descanso eterno. Seu único filho afogara-se diante de seus olhos. Depois
dessas tragédias o terem atingido, mandei-lhe uma carta, falando sobre algumas das conversas
que tivera com ele, tentando ganhá-lo para uma fonte de onde ele conseguiria grande consolo.
Ele respondeu com toda gentileza, mas falando sobre suas perdas, disse que não havia consolo
que poderia suprir um caso como esse. Ele estava verdadeiramente cego para toda a
consolação que poderia achar em Cristo. Ele não concebia como jamais poderia aceitar essa
situação e ser feliz. Ele morou em Rochester e vivenciou vários grandes avivamentos, e apesar
de sua boca estar calada, pois não havia mais desculpa alguma que pudesse dar, e refúgio
nenhum em que pudesse se esconder, ainda assim, até onde sei, ele misteriosamente
permaneceu descrente. Menciono seu caso como uma ilustração da maneira na qual a
inteligência da profissão jurídica pode ser levada, pela força da verdade. Quando eu falar do
próximo avivamento em Rochester, do qual participei, terei a oportunidade de mencionar outros
exemplos que ilustrarão o mesmo ponto.

Vários dos advogados que se converteram em Rochester nessa época largaram suas profissões
e entraram no ministério. Entre eles, um dos filhos do Chanceler W, na época um jovem
advogado na cidade, que parecia firmemente convertido. Por alguma razão, a qual eu
desconheço, ele foi para a Europa e para Roma, e acabou por se tornar um padre Católico
Romano. Há anos ele trabalha zelosamente para promover avivamentos religiosos no meio
deles, realizando prolongadas reuniões e, como ele mesmo me contou quando nos encontramos
na Inglaterra, estava tentando alcançar na igreja Católica Romana, o mesmo que eu me
esforçava para conseguir na igreja Protestante. O Sr. W parece ser um honesto ministro de
Jesus, de coração e alma entregues pela salvação dos Católicos Romanos. Não sei dizer o
quanto ele concorda com suas visões. Quando eu estive na Inglaterra, ele estava lá, e veio
visitar-me, tivemos um encontro muito agradável e afetuoso, tanto quanto teríamos, creio eu, se
ambos fôssemos Protestantes. Ele não disse nada sobre suas visões peculiares, mas somente
que estava trabalhando em meio aos Católicos Romanos, para promover avivamentos
religiosos. Muitos pastores têm sido frutos dos grandes avivamentos em Rochester.

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Um fato que muito me interessou, quando eu trabalhava naquela cidade, era que advogados
vinham até meus aposentos, quando eram pressionados e estavam prestes a se submeterem,
para conversarem e esclarecerem alguns pontos que não haviam compreendido claramente,
percebi então, uma e outra vez, que quando tais pontos eram esclarecidos, eles estavam
prontos a se submeterem de imediato. De fato, como regra geral, eles obtém uma visão mais
inteligente de todo o plano da salvação do que outros homens de quaisquer outras classes
profissionais para as quais já preguei, ou com quem já conversei.

Muitos médicos também se converteram nos grandes avivamentos que presenciei. Creio que
seu estudo os inclina ao ceticismo, ou a alguma forma de materialismo. Porém, sendo
inteligentes como são, se o evangelho lhes é apresentado de forma completa, despido daquelas
características peculiares, incorporadas ao hiper-Calvinismo, são facilmente convencidos, e
prontamente se convertem, como quaisquer outras pessoas. Seus estudos, como regra geral,
não os prepararam para compreender tão prontamente o governo moral de Deus, como foram
preparados aqueles que tinham a lei como profissão. Mas ainda assim, encontrei-os abertos à
convicção, e de maneira alguma podem ser consideradas pessoas difíceis de se lidar, no que diz
respeito à questão da salvação.

Descobri que em todos os lugares, as peculiaridades do hiper-Calvinismo têm sido uma grande
pedra de tropeço tanto para a igreja quanto para o mundo. Uma natureza pecaminosa em si, a
total inabilidade de aceitar a Cristo e de obedecer a Deus, a condenação à morte eterna pelo
pecado de Adão, e por uma natureza pecaminosa, e todos os dogmas relacionados e
resultantes dessa tradição peculiar, têm sido pedras de tropeço para crentes e a ruína para
pecadores.

Universalismo, Unitarismo, e na verdade todas as formas de erro fundamental abriram caminho


e sucumbiram na presença desses grandes avivamentos. Eu aprendi, mais de uma vez, que o
homem precisa somente ser plenamente convencido do pecado pelo Espírito Santo, para
desistir de uma vez por todas, com alegria, do Universalismo e do Unitarismo. Quando eu falar
sobre o próximo grande avivamento em Rochester, terei a oportunidade de falar com mais
detalhes da maneira na qual céticos podem ser calados quanto à condenação, se o caminho
certo for seguido com eles, de acordo com suas próprias convicções irresistíveis. Assim sendo,
alegrar-se-ão ao encontrarem uma porta de misericórdia aberta por meio das revelações que
são feitas nas Escrituras. Mas deixo isso para ser apresentado no momento apropriado.

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