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09/01/14 MEMÓRIAS DE CHARLES G.

FINNEY CAPÍTULO 5 -- PREGANDO COMO MISSIONÁRIO

A VERDADE DO EVANGELHO
MEMÓRIAS DE CHARLES G. FINNEY
por Charles G. Finney

CAPÍTULO V

PREGANDO COMO MISSIONÁRIO

Não havendo tido qualquer tipo de treino para o ministério, propus em meu coração não
desejar servir grandes congregações em grandes cidades, ou mesmo ministrar a congregações
muito cultivadas e cultas. Pretendia ir para aquelas aldeias de colonos e pregar em escolas,
celeiros e chácaras o melhor que sabia. Logo depois de me haver sido dada aquela licença para
pregar, isto para que assegurasse a minha introdução no meio rural daquela região onde me
propusera laborar, comissionado por seis meses através duma sociedade feminina localizada em
Oneida County, cheguei e entrei na parte nortenha de Jefferson County e comecei o meu labor
em Evans'Mills, na cidadela de Le Ray. Ali encontrei duas igrejas; uma Congregacional e
pequena, mas sem Pastor; uma outra Baptista com Pastor. Apresentei as minhas credenciais
aos diáconos da igreja. Ficaram muito felizes por haver chegado e desde logo pus as mãos no
arado. Tinham duas salas de reuniões. Mas as duas igrejas, reuniam-se alternadamente numa
escola grande feita em pedra, de tal forma que tinha a capacidade de acomodar lá, todas as
crianças daquela colónia. Os Baptistas ocupariam a sala num dia do Senhor, os
Congregacionalistas na semana seguinte, alternadamente. Mas, durante as noites, eu poderia
usar a sala quantas vezes desejasse. Assim, reparti os dias de culto (dia do Senhor) entre
Evans'Mills e Antwerp, uma vila a cerca de dezoito milhas a norte.

Antes vou relatar as ocorrências em Evans'Mills, durante essa época e depois uma curta
narrativa das ocorrências em Antwerp. Como pregava alternadamente nos dois locais, todas as
ocorrências que vou relatar separadamente, davam-se ao mesmo tempo. Comecei por pregar
na escola de pedra em Evans'Mills. As pessoas ficaram muito interessadas e faziam fila para me
ouvir pregar. Eles exaltavam a minha maneira de pregar e aquela pequena igreja Congregacional
interessou-me muito mesmo, vendo ali motivos de sobra para conseguirem edificar o seu templo
e que assim houvesse um avivamento. Umas ou outras convicções de pecado ocorriam durante
cada um dos sermões que ali realizava. Estava, no entanto, insatisfeito com o passar das coisas
e passadas duas ou três sessões de pregações aos Domingos, também várias vezes durante a
semana, uma noite confrontei a congregação no fim dum sermão. Disse-lhes que havia chegado
ali com o intuito de assegurar a salvação das suas almas; que sabia que a minha maneira de
pregar lhes era agradável, mas que eu não havia chegado ali para agradar aos seus ouvidos mas
sim para que se arrependessem todos. Também lhes disse que, caso eles acabassem por
rejeitar todos o meu Mestre, não me importava se os meus sermões lhes eram agradáveis ou
não. Falei-lhes que sentia que algo de errado se passava ou comigo, ou com eles; que a
benevolente aceitação das coisas que lhes transmitia, de nada lhes estaria a servir; e que não iria

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gastar mais o meu tempo com nenhum deles caso não aceitassem a minha mensagem de
coração. Fiz uso daquelas palavras do servo de Abraão, dizendo-lhes assim: "Agora, pois, se
vós haveis de usar de benevolência e de verdade para com o meu Senhor, declarai-mo; e se
não, também mo declarai, para que eu vá ou para a direita ou para a esquerda", Gen 24:49. Eu
revirei aquela questão de cima para baixo e de baixo para cima até que me houvessem
entendido muito bem, insistindo que haviam de me dar uma resposta para que eu tomasse rumo
depois. Se eles não se propusessem salvar-se de uma vez por todas, alistando-se na causa do
meu Senhor, eu quereria saber e ouvir deles, para que eu não trabalhasse em vão no seu meio.
Disse-lhes: "Reconhecem que eu quero pregar o evangelho; vocês admitem crer nele; mas,
agora, vão aceitá-lo ou rejeitá-lo? Por certo algo se passa em vossa mente acerca disto tudo.
Assim, deduzo que estou no direito de aceitar de vós uma correspondência adequada,
assegurando assim a vossa salvação, já que todos vós, admitiram até aqui sem excepção, que
tudo aquilo que vos trouxe em mensagens, é a verdade. Acho-me no direito de pedir de vós
que desde já se arranjem com Deus. Esta obrigatoriedade, não a podem contestar; irão então
aceitar esta obrigação inevitável de se salvarem já, imediatamente? Irão vós rejeitá-la? É isso
que eu gostaria de vir a saber de vós. Então digam-me, para que eu assim possa decidir qual o
rumo que devo tomar daqui em diante, se vou para a esquerda se para a direita".

Virando e revirando aquela questão diante deles, assegurando-me que me estariam todos a
entender perfeitamente, eles pasmaram-se muito pela forma e irredutibilidade com que lhes
coloquei a questão da sua decisão. Assim que me estavam a entender todos, disse-lhes mais:
"Eu preciso saber o que se passa em vós, querendo saber se estão dispostos a ingressar na
causa de Jesus Cristo. Assim poderão comprometer-se irredutivelmente em assegurar a vossa
salvação, fazendo a paz com Deus de imediato, assim que saírem daqui. Assim, todos aqueles
que se vão comprometer aqui e agora em assegurar a sua paz com Deus assim que saírem do
culto, devem levantar-se para que vos veja e o assinale como sinal de resposta e
correspondência da vossa parte; os outros que não querem ter a sua paz com Deus resolvida,
permaneçam sentados". Coloquei aquela questão de tal forma que todos haviam entendido
muito bem o que pretendia desde logo. Assim terminei com as seguintes palavras: "aqueles que
se querem comprometer com Cristo e desde logo irem fazer as pazes com Deus e consciência,
por favor, levantem-se; os outros que me querem transmitir a mensagem que irão permanecer
no vosso estado actual, não aceitando Cristo e Sua paz, todos os que assim decidirem,
permaneçam sentados". Começaram a olhar uns para os outros e para mim, muito quietos e
surpresos. Todos permaneceram sentados, tal qual eu esperava que viesse a ocorrer.

Depois de olhar à minha volta e para eles directamente nos olhos, eu disse: "Então aceito desde
já que se comprometeram contra Deus e Sua causa. Tiveram a vossa oportunidade. Assumo
que hão rejeitado Cristo e o Seu evangelho. E assumo também que todos vós fazeis bem o
papel de testemunha desse facto uns pelos outros e que Deus, diante de vós posto como
crucificado, também testifica contra. Todos vós se comprometeram e acometeram, contra
aquela causa de Cristo e devem recordar-se enquanto forem vivos deste momento em que
clamaram "não queremos este Homem Jesus Cristo a reinar em nós; fora com Ele"; esta foi a
vossa atitude clara de rejeição". Foram mais menos estas as palavras que recordo haver usado,
para os urgir a tomarem posição ou a favor ou contra o evangelho. Quando os comecei a
pressionar por uma decisão, algumas faces começaram a irar-se, levantaram-se todos em
massa e acometeram-se para a porta! E, começando a movimentar-se em direcção à rua, eu
segurei o meu silêncio. Assim que eu parava de lhes dirigir aquelas palavras, eles paravam de
sair para verem porque razão havia eu parado de rugir na sua consciência. Logo lhes disse: "Eu
lamento por todos vós. Amanhã darei um último sermão, se Deus quiser"
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Todos saíram com excepção do diácono McC--, o qual era o diácono da igreja Baptista local.
Senti que todos os Congregacionalistas estavam aturdidos e confundidos. Estes eram poucos
em numero e extremamente debilitados e fracos em fé real. Presumo mesmo, que todos aqueles
membros de ambas as igrejas que ali estavam presentes, com a excepção do diácono McC--,
foram lançados numa insegurança absoluta de que tudo estaria terminado para eles e que eu
lhes havia anulado por inteiro toda e qualquer réstia de esperança em todos sem excepção e a
seu ver, pela imprudência. Diácono McC--, o qual tinha uma opinião contrária, levantou-se
com um sorriso largo e comunicativo, segurou na minha mão e dirigiu-me as seguintes palavras:
"Irmão Finney, apanhou-os mesmo desprevenidos; eles não mais alcançarão descanso até que
hajam obtido paz com Deus; não terão como descansar mais. Todos os irmãos se sentem
desmotivados e abatidos de espírito. Mas eu não, pois creio de todo o coração que o senhor
acabou fazendo a coisa mais certa, somente tudo aquilo que deveria ser feito e creio que em
breve obteremos resultados muito concretos por causa disto que você fez". Também era esse o
meu pensamento, pois concordava com aquela asserção. Eu apenas os coloquei numa posição
ingrata de terem que se decidir, depois de reflectirem bem mediante aquilo que haviam decidido
perante homens e Deus. Mas durante aquela noite e no dia seguinte, estariam muito irados. Eu e
o diácono McC-- concordamos ali mesmo passar todo o dia seguinte em oração e jejum,
separadamente de manhã e juntos à tarde. Ouvi rumores durante o dia que as pessoas
levantavam as vozes em ameaças contra a minha pessoa, de me irem colocar sobre os carris,
de me darem um "papel de demissão", para fazer uso de palavras suas. Um deles amaldiçoou-
me dizendo que eu os obrigara a ajuramentarem-se contra Deus; que eu os levara publicamente
a porem-se contratualmente contra Jesus. E assim por diante, mas nada mais do que aquilo que
eu já esperava que fosse acontecer. À tarde, o diácono McC-- e eu reunimo-nos num bosque e
ali passamos toda aquela tarde em profunda e solene oração. Mas apenas para o fim da tarde é
que Deus nos deu aquela liberdade de espírito e uma solene promessa de victória firme. Ambos
estávamos plenamente convencidos através do Espírito Santo, que havíamos prevalecido com
Deus, diante do Seu Trono; e que nessa noite o poder de Deus se iria manifestar de viva voz.

Havendo chegado o tempo para a reunião, deixamos a mata e entramos naquela vila. As
pessoas já estavam aos empurrões para entrarem no salão de culto. E aqueles que ainda não
haviam ido para o local de culto, assim que nos viram chegar do pinhal, logo trataram de
encerrar os seus negócios com a finalidade de se deslocarem para lá, outros deixaram no chão
os seus tacos com que jogavam à bola num relvado da vila, enchendo a sala até à sua máxima
capacidade. Eu nem sequer havia pensado ainda sobre aquilo que ia pregar. Era assim que as
coisas funcionavam comigo durante esse tempo. O Espírito Santo estava sobre mim e dava-me
aquela confiança que a palavra não me iria faltar no momento certo e que saberia sobre o que
deveria pregar. Assim que a casa estava repleta de gente, de tal modo que ninguém mais cabia
ali connosco, levantei-me e acho que mesmo sem orar antes da mensagem, logo lhes falei: "
Dizei aos justos que bem lhes irá; porque comerão do fruto das suas obras. Ai do ímpio! Mal
lhe irá; pois se lhe fará o que as suas mãos fizeram" Is. 3:10,11. O espírito de Deus desceu
sobre o local e mim, com tal poder, que eu parecia mais uma bateria a descarregar sobre eles
as minhas munições. Durante mais de uma hora, talvez hora e meia, a palavra de Deus passou
por mim em direcção a eles de tal forma que podia observar como devastava tudo à sua frente,
levando tudo o que encontrava. Era como fogo e martelo a quebrar rocha nos seus corações. A
espada estava cortante e afiada, dividindo alma e espírito logo ali. Eu via uma convicção geral a
alastrar-se sobre toda aquela congregação de gente. Muitos deles nem sequer conseguiam
erguer as suas cabeças mais. Nessa noite não cedi perante eles, não lhes pedindo ali ainda uma
reversão da decisão da noite anterior, nem sequer apontando ou fornecer pistas para um novo
caminho. Eu assumi diante deles que eles estariam em desavença comprometida contra Deus,
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contra Ele directamente. Lidei com eles como inimigos de Deus declarados e ajuramentados.
Logo, marquei outra reunião e despedi a congregação.

Conforme as pessoas se iam retirando, apercebi-me duma senhora nos braços duns amigos
seus, suportando-a, num canto da sala. Dirigi-me para lá tentando saber o que se passava, pois
pensava que estaria a desmaiar por doença ou algo assim. Logo descobri que ela não estava
prestes a desmaiar, mas que não conseguia falar uma palavra. Tinha uma expressão de uma
enorme angústia reflectida na sua face e fez-me entender gestualmente que não tinha como me
falar mais. Aconselhei as senhoras a levarem-na para casa, orarem com ela a ver o que Deus
faria. Logo trataram de me transmitir que ela era a Sra. G--, a irmã dum pregador muito
conhecido como missionário e que ela seria um membro fiel daquela igreja, bem comportada.
Naquela noite não fui para os meus aposentos, mas aceitei um convite para casa duma família
com a qual nunca havia estado. Cedo, na manhã seguinte, fui informado que várias pessoas
durante toda aquela noite mandaram e foram-me procurar onde morava, porque haveria muita
gente muito perturbada de espírito e em busca de paz com Deus. Isto levou-me a passar tempo
com pessoas por quem eu passava que estavam sob uma convicção de pecado madura,
bastante alarmados com o estado pecaminoso da sua alma.

Depois de haver estado num estado completamente mudo durante dezasseis horas, a boca da
Sra. G-- abrira-se e uma nova canção lhe havia sido dada. Ela havia sido resgatada daquele
lago de lama movediça e sido plantada na Rocha Firme. Muitos viram aquela ocorrência e
temeram. Isso proporcionou um autêntico vendaval de busca interior entre todos os membros
da igreja. Ela declarou publicamente que havia estado completamente enganada até então, que
há oito anos era membro da igreja e que cria piamente que era crente. Mas durante aquele
sermão da noite anterior viu como afinal nunca havia conhecido o verdadeiro Deus. E quando o
verdadeiro carácter de Deus emergiu diante de seus olhos da forma que lhe havia sido
apresentada, usando as suas próprias palavras, as suas "esperanças desvaneceram desde logo
como fumo". Ela disse que tal visão panorâmica da santidade de Deus lhe havia sido
apresentada, que como uma nuvem grossa, envolveu-a ali onde se encontrava, para aniquilar
tudo aquilo em que baseava as suas esperanças. Foi assim que ficou muda.

Descobri naquele local muitos homens e mulheres de boa reputação, considerados justos e em
alta estima pela comunidade inteira. Um deles era um guarda num hotel da vila; outros eram
homens respeitáveis, conhecidos por terem uma inteligência acima da média. Mas todos estes
se juntaram em uníssono contra aquele avivamento. Assim que me certifiquei qual o terreno
onde se agruparam, onde se fortaleciam suas resistências, preguei um sermão com a finalidade
expressa de ir de encontro às suas necessidades. Sabia que no Domingo todos iriam assistir ao
culto. Sustentei-me neste texto da Escritura: "Espera-me um pouco, e mostrar-te-ei que ainda
há razões a favor de Deus. De longe trarei o meu conhecimento, e ao meu criador atribuirei a
justiça" Job 36:2,3. Passei todo o seu terreno de segurança a pente fino, daquilo que entendia
das suas posições estratégicas resistentes e Deus permitiu que conseguisse dar uma total
limpeza nas suas muitas falsas esperanças. Assim que despedi a reunião, aquele guarda do hotel
logo se aproximou de mim, sendo ele o principal líder dos opositores e de forma franca e
honesta, pegou em minha mão e disse: "Sr. Finney, estou convencido. Você correspondeu a
todas as minhas questões e dificuldades. Agora quero que venha comigo para minha casa, pois
quero muito conversar consigo. Não mais ouvi falar da sua oposição e infidelidade e, se bem
me recordo, toda aquela multidão de opositores se converteram rapidamente, ou quase todos.

Havia ali um homem velho, o qual não era um ímpio, mas sim um grande promotor da religião.

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Ele enfureceu-se extremamente contra o movimento de avivamento. Eu ouvia-o blasfemar e


acometer-se de viva voz contra a obra de Deus, mas não tomei nota das suas crueldades. Ele
recusava-se a participar numa singular reunião. Mas no meio da sua infidelidade brusca, quando
aquele entusiasmo estava no auge, estando assentado na sua cadeira de manhã, ele caiu dela,
entrando num estado de apoplexia. O médico foi desde logo chamado, o qual lhe deu a
entender ali mesmo que pouco tempo de vida lhe restaria. Se tivesse algo a dizer, que usasse
logo o tempo que lhe restava ainda. A única coisa que ele conseguiu ainda dizer foi: "Não
deixem que o Finney ore sobre o meu cadáver!" Este foi o último fôlego de oposição naquele
local.

Durante esse avivamento, a minha atenção havia sido atraída para uma senhora muito doente na
comunidade, a qual era membro efectivo da igreja Baptista e muito conhecida por ali. Mas
ninguém depositava confiança na sua aparente piedade. Ela degradava-se muito rapidamente
através do consumo de álcool. Suplicaram-me que a fosse ver. Fui e tive uma longa conversa
com ela. Relatou-me um sonho que havia tido em criança que a havia feito crer que os seus
pecados lhe haviam sido perdoados. Foi nessa esperança que se assentara para descansar no
engano do pecado e nenhum argumento meu a conseguiria demover da sua falsa esperança.
Tentei demovê-la do sonho, mostrando que nada daquele sono evidenciava que se havia
convertido de facto. Disse-lhe abertamente que todos aqueles que a conheciam, afirmavam que
nunca a tinham visto viver como crente real e que nunca manifestara um temperamento cristão.
Tentei que se afastasse da falsidade da sua esperança, ver se havia como se entregar ao
Senhor Jesus Cristo com a finalidade expressa de vir a ser salva. Lidei com ela o mais doce que
podia, sem nunca deixar de lhe manifestar com poucas palavras, tudo aquilo que queria dizer
mesmo. Mas ofendeu-se com as minhas palavras e depois de me haver retirado dali, dizia que
eu lhe tentara roubar a sua esperança e perturbar o seu espírito; que eu era cruel ao tentar
perturbar aquele espírito velho e cansado, retirando-a do seu descanso daquela maneira
insípida. Ela faleceu pouco depois, Mas as circunstancias da sua morte fazem-me recordar
muitas vezes o livro do Dr. Nelson, "A causa e a cura da infidelidade". Ela morrera de olhos
arregalados. Mesmo antes de morrer obteve uma visão da santidade de Deus e de como seria
o céu, tal como da santidade requerida para que se tivesse como viver lá. Gritou em agonia
exclamando que estava a cair no inferno. Foi assim que faleceu, tal qual me relataram mais
tarde.

Enquanto estava naquele lugar, uma tarde, um irmão crente veio ter comigo com o pedido que
fosse visitar a sua irmã, a qual estava perdida no consumo de álcool e era Universalista.
Também o seu marido era Universalista e havia sido ele quem a levara a tal fé. Pediu-me que
não a fosse visitar quando o marido lá estivesse, porque temia que ele fosse agressivo comigo.
Ele estava determinado a que ninguém conseguisse perturbar a mente da sua esposa
Universalista a não ser com a questão da salvação universal. Fui visitá-la e descobri que não
descansava em conforto na sua esperança universalista. Apegou-se ao evangelho de imediato
entregando-se a Cristo. Creio mesmo que permaneceu firme até ao fim da sua vida. À noite,
seu marido chegando a casa, soube através dela mesmo o que se havia passado. Ele enfureceu-
se em demasia clamando que "Vou matar o Finney!". Ao que vim a saber, armou-se com uma
pistola carregada e foi para o salão de culto com o intuito de me matar. Aquele salão de culto
estava a abarrotar, quase que em sufoco para todos ali presentes. Eu preguei com todo o meu
fulgor e poder. A meio da minha pregação notei que um homem forte, mais ou menos a meio do
salão, caía da sua cadeira. Ele afundou-se de joelhos clamando e gritando que estava a cair no
inferno. Repetiu tal coisa por várias vezes, sendo um estranho para mim, no entanto seria
conhecido de todos por ali. Penso mesmo que nunca o havia visto antes.
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Era de esperar que tudo aquilo criasse um certo grau de excitação pela sala toda. Aquela
situação quebrou o meu falar e tão grande era a sua agonia visível que passamos o resto da
noite orando por ele. Assim que aquela reunião foi desfeita, os seus amigos carregaram-no para
casa. Na manhã seguinte perguntei sobre ele e vim a saber que passara uma noite sem dormir e
sem descanso possível, que pela manhã saíra dali e ninguém sabia para onde. Só perto das dez
horas da manhã é que se ouviu falar dele novamente. Eu estava passando pelo bosque e viu-o
vir a uma certa distância da vila. Estava do outro lado da rua quando o vi pela primeira vez,
vindo rapidamente em minha direcção. Assim que me reconheceu saiu para me cumprimentar.
Quando se aproximou o suficiente para que eu o pudesse ver melhor, havia um brilho de luz na
sua cara. Disse-lhe: "Bom dia Sr. C--". "Bom dia", respondeu-me. "E como está o senhor
hoje?", perguntei-lhe. "Olhe, não sei bem o que se passa comigo", respondeu-me. "Tive uma
noite muito perturbada e como não podia orar ali dentro de casa, pensei que para estar só onde
pudesse dar largas à minha alma e voz, devia ir para o bosque orar de manhã. Mas quando lá
cheguei não conseguia orar uma palavra. Pensei que podia entregar-me a Deus ali, mas era-me
impossível. Tentei várias vezes e cheguei ao desespero. Finalmente vi que de nada me valia
continuar a tentar e retorqui ao Senhor que achava que estaria irremediavelmente perdido; que
já não tinha como orar a Ele; não tinha coração para me arrepender; que me havia endurecido
de tal forma que não conseguia mais entregar meu coração a Ele; assim deveria deixar tudo em
Suas mãos, para que me dissesse o que fazer. Eu estava à Sua mercê e não podia mais objectar
contra a Sua coerência para comigo, que fizesse como muito bem merecia e parecesse a Seus
olhos, porque eu não tinha mais nenhum argumento a meu favor. Deixei que fosse Ele a decidir
sobre a minha condenação ou salvação". "Então, que aconteceu depois?" Ele prosseguiu: "Bem,
eu descobri que havia perdido toda a minha convicção de pecado e tormento de consciência
naquele momento. Levantei-me e vim-me embora e achei a minha mente tão serena que pensei
que tivesse sido abandonado por completo pelo Espírito de Deus e que nunca mais chegaria à
convicção do pecado que perdera. Mas quando vinha para cá, vi o senhor Finney e o meu
coração começou a queimar como uma bola de fogo em mim e em vez de o evitar, senti-me
instantaneamente compelido a vir ter consigo para lhe falar". Devo dizer que quando este senhor
veio ter comigo, ergueu-me do chão, rodou sobre si de alegria uma ou duas vezes comigo no
ar, e depois de me colocar no chão de novo, falou comigo naquelas palavras. Depois de mais
um dedo de conversa abandonei-o por ali. Pouco tempo depois entrou num estado de espírito
de esperança sem fim, creio. Nunca mais se ouviu falar da sua oposição também.

Aqui neste lugar tornei a ver o Papai Nash, o homem que orava com os seus olhos abertos, que
orou assim na reunião do Presbitério no dia que fui licenciado a pregar. Depois de haver lá
estado, os seus olhos inflamaram-se de doença e durante muitas semanas a fio foi mantido num
quarto escuro. Não conseguia nem ler nem escrever e conforme cheguei a saber, entregou-se
inteiramente à oração. Ele experimentou uma total mudança em toda a sua vida evangélica.
Algum tempo depois recuperou a sua vista, mas através dum duplo véu; vagueou num mundo
perdido em busca de almas perdidas desde então. Assim que apareceu em Evans'Mills ele
estava cheio do poder da oração. Era outro homem por inteiro, nada tinha da sua vida pastoral
anterior. Descobri que levava com ele uma lista de pedidos de oração, como ele próprio a
chamava, onde estavam escritos vários nomes de pessoas por quem se punha a orar várias
vezes ao dia. Estando tanto a orar com ele, ou mesmo ouvi-lo orar apenas num culto ou
reunião, logo desvendávamos o grande dom que este homem possuía, o tipo de fé que exultava,
sendo quase miraculosa.

Havia um homem, dono duma taberna, de nome D--, numa das esquinas daquela vila, onde
muitos homens ímpios se juntavam em assembleia como opositores do avivamento. Era local de
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blasfémias predilecto de todos os homens ímpios dali e este dono de taberna era o homem mais
profano que se podia imaginar, abusivo e inculto. Ele esforçava-se em demasia para sair à rua
com o intuito de se opor à obra de Deus reavivada, praguejava quando passava por um crente.
Um dos convertidos jovens vivia quase de frente. Disse-me ele que pretendia mudar dali a sua
habitação, porque sempre que saía e D-- o via, ele também saía da sua taberna para praguejar
contra ele, blasfemando mesmo, usando de tudo para ter como o ferir sentimentalmente. Penso
que ele nunca até ali, havia estado em qualquer das nossas reuniões. Está claro que nada
entendia das verdades do evangelho e desprezava por inteiro todo aquele empreendimento
crente que ali se expandia fortemente. Papai Nash ouviu-nos dizer que este homem D--, era de
facto osso duro de roer e incluiu-o desde logo na sua lista de oração. Permaneceu por ali mais
um dia ou dois e seguiu o seu caminho tendo em vista outro campo missionário.

Não muitos dias depois, estando nós ocupados numa grande reunião de gente, sobrelotada,
quem apareceria por ali senão o senhor D--? A sua entrada naquela sala provocou um
movimento absurdo entre os presentes. As pessoas temiam que o homem viesse provocar e
causar desacatos intermináveis. O aborrecimento da sua presença era palpável entre toda a
gente que cria. Mal entrou, algumas pessoas ergueram-se e saíram. Eu conhecia-o de vista e ia
mantendo um olho nele. Logo percebi que ele não viera ali para se opor, mas sim para ouvir,
porque se achava em grande angústia de espírito. Sentou-se pesadamente em todo o seu
assento e estava muito desconfortável diante das pessoas. Levantou-se e em tremedeira pediu-
me para dar uma palavrinha a todos ali presentes. Consenti. Da sua boca saiu uma das maiores
e mais quebrantadas confissões a que assisti em toda a minha vida. Toda a sua confissão
abrangia o vasto terreno de todos os males que executou e perpetrou contra Deus, crentes e
avivamento religioso e de tudo o que era bom, dizia. Esta cena quebrantou todos os corações
ali presentes. Foi a melhor arma que Deus poderia ter usado naquele momento, para que a Sua
obra se espalhasse com furor e poder. O senhor D--, logo de seguida veio professar uma
esperança dentro de si, experimentando-a mesmo, destituiu toda a rebeldia e blasfémia, e o seu
estabelecimento e em vez de ser taberna, transformou-se em lugar para reuniões de oração
todas as noites durante todo o tempo que lá estive presente.

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