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Precisamos fazer uma distinção entre “tornar justo” e “declarar justo”. Para os
reformadores a justificação era um pronunciamento ou uma declaração de que alguém
possuía a retidão de outra pessoa (ou seja, Cristo). Portanto, a justificação era um
veredito perfeito, outorgado de uma vez por todas, declarando que alguém permanecia
íntegro desde o início da vida cristã, e não em nenhuma outra etapa desta. Para os
romanistas a graça é infundida no coração do crente, resultando de uma justiça que lhe é
inerente (justiça do próprio crente). Roma descreve uma doutrina da justificação como um
processo de transformação interior do ser humano através da graça. Esse entendimento
da justificação muito semelhante ao de Charles Finney, teólogo do século XVIII, seguido
em alguns círculos pentecostais e neo pentecostais de nossos dias. Finney nega
veementemente uma justificação onde Deus declara pecadores legalmente justos:
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Porém, na Escritura justificação é comumente apresentada como o oposto de
condenação como, por exemplo, em Romanos 8.33: “Quem intentará acusação contra os
eleitos de Deus? É Deus quem os justifica” 2. Como, pois, acusação e condenação
ocorrem somente ante um tribunal, assim também se dá com a justificação. No Antigo
Testamento a palavra hebraica צ ִּ֙דיקּו (δικαιόω no
ְ grego da septuaginta) tem uma variedade
de significado, mas o seu significado mais comum aponta para o ato de um juiz declarar
uma pessoa inocente.
A conclusão então é que a justificação, não é tornar alguém justo, mas é um ato
declarativo judicial de Deus. Deus nos declara justos, não com base no que somos em
nós mesmos nem com base em nossas boas obras, mas somente com base na justiça de
Cristo. “Deus não declara que o ímpio é santo; ele declara que, não obstante sua
pecaminosidade e indignidade pessoal, ele é aceito como justo com base no que Cristo
fez por ele”6.
Sendo então a justificação um ato declarativo de Deus, tanto Roma como Finney
vão na contramão das Escrituras quando defendem a justificação como um processo. Na
verdade, a doutrina da justificação nos termos tanto de Roma quanto de Finney,
precisamente, não são outra coisa senão o outro evangelho que Paulo condenou.
Josué Marcionilo
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HODGER CHARLES. Teologia Sistemática. 1.Ed. São Paulo. Hagnos. 2011.p.1115