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SISTEMAS DE AQUECIMENTO

AQUECIMENTO
SOLAR DE ÁGUA
MANUAL DO PROFESSOR

1.5
CURSO DE CAPACITAÇÃO EM AQUECIMENTO SOLAR

REDE ELETROBRAS
ELETROBRAS PROCEL SOLAR

MANUAL DO PROFESSOR / INSTRUTOR

2014
SUMÁRIO

1... VISÃO GERAL DO MANUAL DO PROFESSOR SOBRE AQUECIMENTO SOLAR DE


ÁGUA .................................................................................................................................. 8
1.1 TEMA: O AQUECIMENTO SOLAR DE ÁGUA .................................................................................... 9

1.2 O MANUAL DO PROFESSOR ........................................................................................................... 12

1.3 PÚBLICO ALVO .................................................................................................................................. 13

1.4 OBJETIVOS DO CURSO .................................................................................................................... 14

1.5 ORGANIZAÇÃO DO CURSO ............................................................................................................. 14

1.6 ORGANIZAÇÃO DO MANUAL........................................................................................................... 14

2 O QUE É UMA INSTALAÇÃO DE AQUECIMENTO SOLAR? ............................... 16


2.1 SISTEMA DE AQUECIMENTO SOLAR (SAS) .................................................................................. 16

2.2 COLETORES SOLARES .................................................................................................................... 18

2.3 RESERVATÓRIOS TÉRMICOS ......................................................................................................... 23

2.4 CIRCUITOS PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO ......................................................................................... 25

2.5 CIRCUITO SECUNDÁRIO .................................................................................................................. 28

2.6 CLASSIFICAÇÃO DE SISTEMAS DE AQUECIMENTO SOLAR ...................................................... 32

Classificação quanto ao porte ..................................................................................................................... 32

Classificação quanto ao escoamento da água no circuito primário ........................................................ 32

Classificação pelo tipo de sistema .............................................................................................................. 35

Classificação quanto ao aquecimento da água quente a ser utilizada .................................................... 36

3 RECURSO SOLAR ................................................................................................. 37


3.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 37

3.2 O Sol.................................................................................................................................................... 40

3.2.1 A Constante Solar - GSC ..................................................................................................................... 41

3.2.3 Irradiação solar e suas componentes ................................................................................................ 41

3.3 INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DA GEOMETRIA SOLAR .......................................................... 45

3.4 OS MOVIMENTOS DA TERRA E AS ESTAÇÕES DO ANO ............................................................ 46

3.5 ÂNGULOS DA INSTALAÇÃO SOLAR .............................................................................................. 47

3.6 NORTE MAGNÉTICO E NORTE GEOGRÁFICO .............................................................................. 54


3.7 A INFLUÊNCIA DOS ÂNGULOS DE INCLINAÇÃO DE COLETORES NA IRRADIAÇÃO SOLAR
INCIDENTE ..................................................................................................................................................... 56

4 COLETORES SOLARES PLANOS ........................................................................ 58


4.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 58

4.2 COMO ESCOLHER CORRETAMENTE UM COLETOR SOLAR ...................................................... 59

4.3 DECIFRANDO A TABELA DO INMETRO ......................................................................................... 60

5 RESERVATÓRIOS TÉRMICOS .............................................................................. 68


5.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 68

5.2 RESERVATÓRIOS TÉRMICOS SOLARES ....................................................................................... 68

5.3 COMO ESCOLHER CORRETAMENTE UM RESERVATÓRIO TÉRMICO ....................................... 69

5.3.1 Decifrando a Tabela do INMETRO ...................................................................................................... 71

6 DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS DE AQUECIMENTO SOLAR ..................... 74


6.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 74

6.2 METODOLOGIAS PARA DIMENSIONAMENTO DA DEMANDA DE ÁGUA QUENTE ................... 74

6.3 DIMENSOL - LEVANTAMENTO DA DEMANDA DE ÁGUA QUENTE ............................................. 79

6.4 DEMANDA DE ENERGIA ................................................................................................................... 81

6.5 CÁLCULO SIMPLIFICADO DA ÁREA DE COLETORES ................................................................. 82

7 MÉTODO DA CARTA-F .......................................................................................... 84


7.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 84

7.2 A FRAÇÃO SOLAR – F ..................................................................................................................... 85

7.2.1 Fator de Correção Xc1 ......................................................................................................................... 87

7.2.2 Fator de Correção Xc2 ......................................................................................................................... 87

7.2.3 Fração Solar Anual F ............................................................................................................................ 87

7.3 EXEMPLO DE APLICAÇÃO ............................................................................................................... 88

8 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA ............................................................ 92


8.1 INTRODUÇAO .................................................................................................................................... 92

8.2 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) ................................................................................................. 93

8.3 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR)................................................................................................ 94

8.4 TEMPO DE RETORNO DO INVESTIMENTO (PAY-BACK) .............................................................. 94


Autores e Colaboradores

Elizabeth Marques Duarte Pereira

Alexandre Salomão de Andrade

Daniel Neri

Eduardo Marques Duarte

Luciana Penha de Carvalho

Lucio Cesar de Souza Mesquita

Luiz Otávio Marques Duarte

Samira Domingos

Bolsistas de Iniciação Científica

Ana Carolina Benfica Mariano

Eliane Aparecida Leão

Filipe Silva Cota

Jaqueline Cordeiro da Silva

Leilaynne Pascoal Pedro

Priscila Alexandre Barbosa Coelho

Este Manual é um produto da Rede Eletrobras Procel Solar, sendo proibida sua reprodução total ou
parcial sem prévia autorização da Eletrobras Procel ou da coordenação da Rede. .
Prefácio

Desde os anos 1990, a Eletrobras Procel vem atuando em ações estruturantes para o melhor
aproveitamento da energia solar térmica no Brasil. A partir de 1999, suas ações foram intensificadas,
consolidando de forma continuada seu apoio e fomento às pesquisas em áreas consideradas
estratégicas para o desenvolvimento do aquecimento solar no Brasil, como medida efetiva de
eficiência energética.

Entre vários projetos executados, destacam-se: o Projeto Eletrobras Solar, de 1999, que promoveu,
entre outras ações, a instalação pioneira de coletores solares em habitações de interesse social em
Contagem/MG; a implantação do primeiro Simulador Solar da América Latina, em 2004, em parceria
com o Banco Mundial; e o projeto de Avaliação de Instalações de Sistemas de Aquecimento Solar,
finalizado em 2009, que traçou um minucioso panorama das instalações de aquecimento solar no
Brasil.

Um importante resultado dessas ações foi a identificação das barreiras ao maior aproveitamento da
energia solar no Brasil. Como um dos entraves identificados foi a carência de cursos regulares, tanto
em nível superior como no ensino médio, a Eletrobras Procel estabeleceu, em 2010, parcerias com
instituições de ensino, nas cinco regiões brasileiras, visando à estruturação de uma rede de
cooperação mútua com universidades e escolas técnicas, a Rede Eletrobras Procel Solar, para
formação de mão de obra qualificada, entre técnicos, engenheiros e arquitetos.

Este material didático é uma contribuição para a formação de professores e instrutores e foi elaborado
por especialistas brasileiros em energia solar térmica. Os cursos foram divididos de acordo com os
maiores segmentos de uso de aquecedores solares, de forma a facilitar o aprendizado, a saber:
sistemas de aquecimento solar de pequeno porte - incluindo o padrão do Programa Minha Casa
Minha Vida -, médio e grande portes, e de piscinas, com cursos específicos direcionados para
projetistas e instaladores de sistemas de aquecimento solar.

Equipe REDE Eletrobras Solar


2 VISÃO GERAL DO MANUAL DO PROFESSOR SOBRE AQUECIMENTO
SOLAR DE ÁGUA

Ao longo dos últimos anos, uma equipe se formou com apoio da Eletrobras Procel para o
desenvolvimento de projetos e também para a proposição de ações estruturantes à disseminação da
energia solar térmica no Brasil, notadamente para o aquecimento solar de água.

Acredita-se que uma das mais importantes iniciativas seja exatamente essa: a capacitação de
professores para atuar como multiplicadores na formação de profissionais em toda a cadeia produtiva do
aquecimento solar.

O setor é constituído de micro, pequenas e médias empresas. Em alguns casos, a empresa se


responsabiliza por todo o processo: da fabricação dos equipamentos até o atendimento pós-venda.
Entretanto, a partir do início da última década, constatou-se uma maior profissionalização do setor,
caracterizada por uma nova configuração de relacionamento com fornecedores e clientes, exemplificada na
Figura 2-1.

Figura 2-1 Estrutura típica da atuação das empresas brasileiras no


setor do aquecimento solar
Fonte: ABRAVA-Departamento Nacional de Aquecimento Solar (2009)
A Rede conta, em sua versão inicial, com seis
instituições de ensino e pesquisa na área da energia
solar, abrangendo quatro regiões do país Figura 2-2,
sendo coordenada pelo Centro Universitário UNA.

A concepção de sua estrutura é dinâmica e


aberta, podendo agregar rapidamente outras
instituições com interesse no tema.

Em sua implantação, a Rede é financiada pela


Eletrobras Procel, através de Convênio de Cooperação
com o Instituto UNA de Responsabilidade Social e
Cultural, mas tem como meta a busca por sua
sustentabilidade técnica e financeira em futuro próximo.

Essa iniciativa da Eletrobras Procel está em


plena sintonia com as ações previstas no Plano
Estratégico para “Disseminação de Sistemas de
Aquecimento Solar no Brasil”, elaborado pelo Grupo de
Trabalho em Energia Solar Térmica, coordenado pelo
Ministério de Meio Ambiente e que conta com a
participação do Ministério de Minas e Energia e da
própria Eletrobras, através da equipe técnica do
PROCEL.
Figura 2-2 Estrutura Inicial da
Rede Eletrobras Procel Solar

2.1 TEMA: O AQUECIMENTO SOLAR DE ÁGUA

Esse texto trata das aplicações práticas da energia solar até temperaturas da ordem de 60º C,
dentro da faixa de aplicações de baixa temperatura, e que abrangem o uso da tecnologia solar nos setores
residencial e comercial, e em alguns usos industriais.

Tal faixa de temperatura é atendida basicamente por coletores planos fechados e abertos, sendo
esses últimos destinados ao aquecimento de água de piscina. A Figura 2-3Erro! Fonte de referência não
encontrada. apresenta, esquematicamente, algumas aplicações da energia solar de baixa temperatura,
destacando o aquecimento de água, foco deste Manual.

As aplicações práticas da energia solar podem ser divididas em dois grandes grupos: ativa e
passiva. Classicamente, o uso da energia solar por meios passivos tem ênfase na Arquitetura Solar, que
envolve a seleção de materiais de construção, uso de cores e paisagismo, além da definição de parâmetros
de projeto que propiciem o melhor aproveitamento das condições locais de insolação e ventilação na busca
dos níveis de conforto e climatização pretendidos.

Neste texto, não trataremos da Arquitetura Solar, da secagem natural ou forçada de grãos, folhas e
frutos e da refrigeração solar. Nosso foco está no aquecimento solar de água, que pode ser passivo ou
ativo, dependendo do porte da instalação.
Figura 2-3 Fluxograma de aplicações práticas do uso da energia solar

As aplicações passivas para aquecimento de água – SAS (Sistema de Aquecimento Solar) de


Pequeno Porte – ocorrem com circulação natural da água nos coletores solares sem necessidade do uso de
bombas, abrangendo sistemas com geração de até 1.500 litros de água quente por dia.

No Brasil, os SAS de Pequeno Porte se destinam basicamente ao setor residencial para


atendimento unifamiliar, conforme exemplificado na Figura 2-4.

No caso do Projeto Mangueira (b), embora a instalação solar tenha sido feita em prédios de
apartamentos, cada unidade habitacional possui o seu SAS exclusivo, configurando, assim, o atendimento
unifamiliar.

Nos processos ativos de aquecimento solar de água – SAS de Médio e Grande Portes – a
circulação da água nos coletores é promovida por bombas hidráulicas, dimensionadas para atender
determinados níveis de vazão e perda de carga da instalação. No Brasil, os sistemas de aquecimento
central são basicamente utilizados pelos setores residencial e comercial (hotéis, hospitais e escolas) para
fins sanitários e piscinas. Exemplos dessas aplicações são mostrados nas Figura 2-5 a Figura 2-7.
Figura 2-4 – Exemplo de aplicação passiva do aquecimento solar em diferentes tipologias
de construção. Fonte: CAIXA (2012) e Pereira et al (2010)

Os pesquisadores da UNB,
durante o projeto de Avaliação
de Instalações de Aquecimento
Solar da Eletrobras Procel,
visitaram 73 residências,
localizadas no Lago Sul e no
Lago Norte, que utilizam o
aquecimento solar de piscinas.

Figura 2-5 Aquecimento solar de piscinas residenciais em


Brasília. Fonte: Eletrobras Procel (2010)
Figura 2-6 Aquecimento solar central para o setor de queimados do Hospital João XXIII em
Projeto CEMIG/ANEEL

A equipe do IF-Bahia,
durante o projeto de
Avaliação de Instalações de
Aquecimento Solar visitou 77
hotéis em Porto Seguro que
usam o aquecimento solar de
água com resultados
bastante positivos.

Figura 2-7 – Exemplo de Aquecimento Solar em Pousada em


Porto Seguro. Fonte: Eletrobras Procel (2010)

2.2 O MANUAL DO PROFESSOR

Essa publicação é uma contribuição da Rede Eletrobras Procel Solar no desenvolvimento de


material didático com estudo de casos, exemplos e exercícios aplicados às particularidades das diversas
regiões do Brasil.

A primeira iniciativa desse porte ocorreu no final da década de 90, quando criamos o 1º Curso de
Aquecimento Solar – Modalidade a Distância, através da PUC Virtual. Mais tarde, fez-se uma revisão
significaitva para atualização dos dados de mercado e para sua adequação a cursos presenciais no âmbito
do Projeto SolBrasil, financiado da FINEP e com a contribuição de vários professores, alunos e ex-bolsistas
de inciação científica do Green Solar da PUC Minas.
O material foi, então, amplamente utilizado em cursos para engenheiros e técnicos da Caixa,
Petrobras, Eletrobras; professores de Institutos Federais de Educação, das Universidades dos Estados do
Ceará e de Pernambuco e da FAETEC-RJ; estudantes do IFSC, em cursos oferecidos pelo
DASOL/ABRAVA e para estudantes de Engenharia da PUC Minas e do Centro Universitário UNA.
Ao longo dos últimos anos, esse material vem sendo atualizado com a inclusão de novas
abordagens sobre o aquecimento solar e outras tecnologias, como os coletores solares com tubos
evacuados; o uso do programa Dimensol, desenvolvido com apoio da Eletrobras Procel; a importância do
Programa Minha Casa Minha Vida do Governo Federal, como exemplo de Políticas Públicas de sucesso,
assim como a discussão das novas normas brasileiras para ensaio de coletores solares (ABNT 15747:2009)
e para projeto e instalação de sistemas de aquecimento solar – SAS (ABNT NBR 15569:2008).
Enfim, entendemos que nesse momento é necessário empreender novo esforço para disponibilizar
uma nova versão do Manual do Professor, que também poderá ser utilizado na capacitação do Analista de
Sistemas de Aquecimento Solar, conforme Figura 2-8.
Esse material consolida nossa experiência no tema, mas não exclui a necessidade de estudos
aprofundados em literatura disponível. Como principal referência, recomenda-se fortemente aos professores
o livro Solar Engineering Thermal Processes (DUFFIE e BECKMAN, 2006), adotado pelos melhores centros
de pesquisa e universidades de todo o mundo. Para facilitar a interação entre os dois materiais, sempre que
possível, foi mantida nomenclatura e definições similares a essa referência.

2.3 PÚBLICO ALVO

O “Manual do Professor sobre Aquecimento Solar de Água” destina-se aos professores que compõem a
Rede Eletrobras Procel Solar e demais colaboradores que desejem trabalhar na capacitação de
profissionais em aquecimento solar de água. Dentro do plano de capacitação elaborado, esse material
equivale à formação do Analista de SAS, conforme fluxograma da Figura 2-8.

Figura 2-8 Estrutura do plano de capacitação da Rede Eletrobras Procel Solar

Para a formação específica de projetistas e instaladores, recomendam-se os textos complementares


também disponibilizados pela REDE.
2.4 OBJETIVOS DO CURSO

Este curso tem como principais objetivos a disseminação do aquecimento solar de água no país e a
capacitação de multiplicadores, que deverão adquirir, ao final do curso, as seguintes habilidades e
competências: visando atingir profissionais de toda a cadeia produtiva.

Assim, ao final desse curso, o professor/instrutor deverá estar capacitado a:

- Dimensionar instalações de aquecimento solar;

- Selecionar equipamentos e componentes;

- Avaliar a economia anual de cada instalação, discutindo o impacto das condições de instalação e
dos componentes selecionados nessa economia;

- Discutir a viabilidade econômica das instalações estudadas frente o investimento inicial e o custo
da energia complementar;

- Utilizar corretamente o software Dimensol;

- Elaborar atividades de avaliação da aprendizagem relacionadas ao conteúdo do curso;

- Avaliar criticamente o texto atual e contribuir para a elaboração de novos materiais e textos
complementares.

2.5 ORGANIZAÇÃO DO CURSO

O curso de formação de professores deve ser ministrado em duas etapas, sendo a primeira totalmente
presencial e com duração mínima de 20 horas. Serão distribuídas atividades, exercícios e questões teóricas
para aprofundamento do tema. Na segunda etapa, os professores / instrutores receberão suporte da equipe
da REDE, via Portal. Serão criados ambientes colaborativos de discussão e troca de experiências de modo
a promover o crescimento continuado de toda a equipe.

Para uma formação mais completa, incentivamos a realização de aulas práticas e de visitas técnicas
orientadas para os professores /instrutores.

2.6 ORGANIZAÇÃO DO MANUAL

Os textos foram escritos em linguagem acessível, intercalados com questões, problemas e estudo de casos
que possibilitam uma avaliação contínua do próprio desempenho em termos de aquisição do conhecimento.
Na primeira página de cada Capítulo são apresentadas as palavras-chave referentes ao conteúdo a ser
apresentado. Não deixe de refletir sobre eles, pois eles orientarão seu estudo e, também, sua pesquisa
bibliográfica, imprescindível ao aprofundamento dos novos conhecimentos aqui introduzidos.

No Capítulo 2 são apresentados os aspectos gerais de um sistema de aquecimento solar – SAS – com
ênfase em seus componentes básicos, circuitos primário e secundário da instalação e, finalizando, uma
consolidação das diferentes classificações que um SAS pode assumir.

O Capítulo 3 trata da aplicação da geometria solar para apoio à decisão sobre as melhores condições de
instalação de coletores solares em uma obra, permitindo avaliar o impacto de seus ângulos de orientação e
inclinação sobre a irradiação solar incidente a partir do software DIMENSOL.
As informações contidas na Tabela do INMETRO para coletores solares e reservatórios térmicos são
discutidas no Capítulo 4 e 5, respectivamente. Nesses capítulos são introduzidos a nomenclatura adotada e
os conceitos básicos relacionados ao desempenho térmico desses equipamentos.

No Capítulo 6 são discutidas diferentes fontes para auxílio ao dimensionamento da capacidade do


reservatório térmico e cálculo simplificado da área de coletores solares, cujo refinamento pode ser feito pelo
Método da Carta F, apresentado no Capítulo 7.

Finalmente, a análise econômica típica para sistemas de aquecimento solar com energia elétrica, como
fonte complementar, é discutida no Capítulo 8.
3 O QUE É UMA INSTALAÇÃO DE AQUECIMENTO SOLAR?

Principais componentes de uma instalação de aquecimento solar

Circuitos primário e secundário

Classificação das instalações de aquecimento sola

Palavras Chave: instalação de aquecimento solar – coletores solares – reservatórios


térmicos – aquecimento auxiliar – circuito primário e secundário - ABNT NBR 15569:2008

3.1 SISTEMA DE AQUECIMENTO SOLAR (SAS)

A nomenclatura da norma ABNT NBR 15569:2008 - Sistemas de Aquecimento Solar de Água em


Circuito Direto - Projeto e Instalação estabelece que:

- SAS é constituído por três elementos principais: coletor(es) solar(es); reservatório(s) térmico(s) e
sistema de aquecimento auxiliar.

- A transferência de energia entre cada um destes elementos é assegurada pelos circuitos: primário
(transferência de energia captada nos coletores para seu armazenamento) e secundário (abastecimento e
distribuição da água na rede).

Assim, vamos aplicar tais definições na Figura 3-1, que mostra o esquema de uma instalação típica
de aquecimento solar de pequeno porte. O coletor solar e o reservatório térmico, ou, em inglês, boiler, são
facilmente identificáveis.

O aquecimento auxiliar ou complementar, que normalmente utiliza resistências elétricas ou


aquecedor a gás, pode não ficar visível. No uso de resistência elétrica, ela pode ser colocada dentro do
reservatório térmico e ser acionada automática ou manualmente. Atualmente, em alguns casos específicos
como o do Programa Minha casa Minha Vida tem-se utilizado o próprio chuveiro elétrico como forma
complementar de energia para os dias chuvosos ou de baixa insolação, Figura 3-2.

.
CP- circuito primário: inclui
basicamente à interligação entre os
coletores e os reservatórios térmicos.

CS - circuito secundário: trata da


distribuição da água quente
proveniente do reservatório térmico
até os pontos de consumo.

Figura 3-1 Instalação SAS de Pequeno Porte


Fonte: Adaptado de (CRESESB)

O Projeto Baixada Flumi-


nense, realizado pela Light em
13 municípios do Rio de
Janeiro, instalou 3.235
aquecedores solares em
moradias unifamiliares de
baixa renda e em instituições
filantrópicas.

O aquecimento complementar
é feito pelo chuveiro elétrico
no ponto de consumo. Foi
Substituição por chuveiro de instalado um chuveiro de
maior potência baixa potência (2.000W),
praticamente substituído por
Instalação original com chuveiros comerciais de
chuveiro de baixa potência 4.400W em praticamente
todas as moradias pesqui-
sadas no projeto de Avaliação
de Instalações de Aqueci-
mento Solar (Eletrobras
Procel).

Figura 3-2 Aquecimento complementar realizado pelo próprio chuveiro


elétrico em moradias de interesse social no Rio de Janeiro
Fonte: Eletrobras Procel (2010)
O termo circuito direto é utilizado para destacar
que os circuitos primário e secundário operam com
a própria água que escoa entre os componentes do
SAS e que será posteriormente consumida nos
chuveiros, duchas e torneiras, Figura 3-1,

Internacionalmente, muitos países utilizam circuitos


indiretos, em que a água quente a ser efetivamente
utilizada é aquecida em trocadores de calor a partir
da energia liberada pelo fluido térmico que escoa
nos coletores solares (Figura 3-3)

Como o aquecimento por circuito indireto ainda é


raro no Brasil, este texto trata sempre de circuitos
diretos e, portanto, essa informação não será mais
explicitada.
Figura 3-3 Exemplo de aquecimento solar com
circuito indireto. Fonte: http://www.solar-
trade.org.uk/solarHeating/solarHeating.cfm

3.2 COLETORES SOLARES

O coletor solar é um equipamento concebido para promover o aquecimento de um fluido de trabalho


(água, ar ou fluido térmico) quando exposto à irradiação solar.

Imagine a seguinte experiência: corte três placas de cobre de iguais dimensões como mostrado na
Figura 3-4. A placa 1 não recebe nenhum tratamento ou proteção. As placas 2 e 3 recebem uma pintura
com tinta preta e fosca, mas somente a terceira placa é colocada em uma caixa com isolamento na parte
inferior e com uma cobertura superior de vidro semelhante a um aquário invertido.

? Discuta com seus alunos sobre o nível de temperatura que cada placa atingirá.

Figura 3-4 Experiência para ilustrar o comportamento da temperatura de três placas


de cobre expostas à irradiação solar

Esses conceitos tão simples se constituíram a base para a concepção de coletores abertos e
fechados e foram evoluindo ao longo dos anos e, hoje, construímos coletores sofisticados que concentram a
radiação solar e que acompanham o movimento do Sol em relação à Terra, atingindo temperaturas de
milhares de graus Celsius.

Nesse texto, vamos nos dedicar ao aquecimento de água para temperaturas inferiores a 80ºC.

O aquecimento de piscinas requer temperaturas entre 26ºC e 32ºC, sendo recomendado o uso de
coletores solares abertos, assim denominados pelo fato de não possuírem nem cobertura transparente nem
isolamento térmico, conforme mostra Figura 3-5.

O gráfico da Figura 3-6 evidencia que os coletores abertos apresentam elevadas eficiências para as
temperaturas de operação mais baixas, mas à medida que essa temperatura aumenta, sua eficiência
decresce rapidamente. Esse tipo de coletor é fabricado predominantemente em material polimérico, como o
polipropileno e o EPDM, ambos resistentes ao cloro e a outros produtos químicos. Para aumentar o tempo
de vida útil desses coletores, devem ser utilizados aditivos de proteção aos raios ultravioleta (anti-UV).

No mercado brasileiro, os coletores


abertos são predominantemente de
polipropileno (75%), seguido pelos
modelos de EPDM (16%) e demais
elastômeros (9%).

Figura 3-5 Exemplos de coletores abertos em material


polimérico

Figura 3-6 Tipos de coletores planos, temperatura de operação e curvas


características de eficiência térmica. Fonte: Solarserv

Os coletores solares fechados são utilizados para fins sanitários, podendo atingir temperaturas da
ordem de 70ºC a 80ºC. A Figura 3-7 ilustra os principais componentes de coletores fechados.

Figura 3-7 Componentes de um coletor solar fechado típico


Fonte: VERT (2013)

Caixa externa: suporta todo o conjunto, sendo fabricada principalmente em alumínio ou material
termoplástico.

Isolamento térmico: minimiza as perdas de calor para o meio, ficando em contato direto com a
caixa externa, revestindo-a. Dentre os materiais isolantes mais utilizados na indústria nacional, estão o
poliuretano e a lã de vidro.

Tubos (flauta/calhas superior e inferior): são os tubos de distribuição por onde a água escoa no
interior do coletor – da calha inferior para a calha superior. Normalmente, essa tubulação é de cobre, devido
à sua alta condutividade térmica e resistência à corrosão.

Placa absorvedora (aletas): responsável pela


absorção e transferência da energia solar para a água a ser
aquecida, podendo ser uma peça única ou várias peças para
compor a superfície absorvedora.

No Brasil, há predominância do uso de aletas


metálicas de alumínio (69%) ou de cobre (29%), pintadas com
tintas comerciais da cor preta e fosca. Em alguns casos, já
são utilizadas tintas ou revestimentos especiais, conhecidos
como superfícies seletivas, que aumentam a absorção da
energia solar e minimizam as perdas óticas. Exemplos desses
revestimentos são mostrados na Figura 3-8. Figura 3-8 Tipos de aletas
utilizadas em coletores solares

Cobertura transparente: permite a passagem da radiação solar, reduzindo as perdas de calor por
convecção e por radiação para o meio ambiente. O vidro liso comum (float glass) domina o mercado
nacional, sendo utilizado em 98% dos coletores testados.

Entretanto, o mercado internacional trabalha com vidros temperados e com baixo teor de ferro,
mostrados na Figura 3-9. Os vidros temperados, por serem mais resistentes às intempéries, como as
geadas, são também mais caros. Por isso, identifica-se, por parte de algumas empresas brasileiras,
interesse no uso de vidros de meia têmpera e de menor custo.
Figura 3-9 Vidros temperados e com baixo teor de ferro utilizados
no mercado internacional

Vedação: garante a estanqueidade do coletor, aumentando sua vida útil. O material mais empregado
é o silicone (65%), embora comecem a ser usados selantes poliméricos, como MS, EPDM e poliuretano.

A Figura 3-10 mostra coletores solares fechados em instalações residenciais.

(a) Belo Horizonte (b) Campinas

Figura 3-10 Exemplo de coletores solares fechados instalados


em sistemas de aquecimento de água central
Fonte: Eletrobras Procel (2010)

Consulta à Tabela do INMETRO (http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pbe/ColetoresSolares-


banho.pdf) em 26/06/2013, mostra que apenas três fabricantes nacionais oferecem coletores para aplicação
banho em material polimérico. Destaca-se, novamente, a necessidade do uso de aditivos anti-UV nos
materiais poliméricos.

Retornando à Figura 3-6, constata-se que, para temperaturas superiores a 80ºC, os coletores
solares de tubo evacuado apresentam os mais elevados valores de eficiência. A Figura 3-11 mostra alguns
exemplos desses coletores que são, predominantemente, fabricados por empresas chinesas ou joint
ventures sino-internacionais.

(a) Detalhe construtivo do coletor “all glass”. Fonte: www.apricus.com

(b) coletores de tubo a vácuo com tubos de calor para aplicação industrial.
Fonte: Mesquita (2012)

Figura 3-11 Exemplos de aplicação dos coletores solares de tubos evacuados

Contudo, deve-se notar que os coletores de tubo duplo de vidro (all glass) são de tubo evacuado,
mas operam a temperaturas inferiores a 80ºC e são, portanto, utilizados para aquecimento de água em
residências (a). Os coletores de tubo de calor (heat pipe) são empregados em aplicações industriais, pois
atingem temperaturas mais elevadas (b).

!! Para saber mais sobre os coletores de tubo evacuado consulte o texto disponível no em
nosso Portal.
3.3 RESERVATÓRIOS TÉRMICOS

Conforme discutimos anteriormente, em um SAS a água é aquecida pelos coletores solares. Esse
processo ocorre naturalmente entre 8h e 16h, dependendo do nível de radiação incidente. Entretanto, essa
água quente pode ser utilizada durante as 24 horas do dia e, portanto, precisamos providenciar seu
armazenamento para atender toda a demanda diária de água quente.

O armazenamento de água quente é feito em reservatórios térmicos (RT) ou boilers que podem se
dimensionados para proporcionar certa autonomia ao SAS. Por exemplo, se uma família estima consumir
300 litros de água quente por dia e compra um reservatório térmico com capacidade de 400 litros, afirma-se
que o sistema possui uma autonomia de 33%, ou seja, mesmo em um dia chuvoso o reservatório poderá
atender parte da demanda com a água quente armazenada no dia anterior.

!! Atenção: mais a frente, o efeito de tal decisão será discutido em relação ao investimento inicial
para aquisição do SAS e ao tempo de retorno desse investimento.

Uma consulta à Tabela do INMETRO mostra que os reservatórios térmicos solares são ensaiados
para volumes de até 1.000 litros, cujas categorias estão relacionadas à pressão de trabalho (alta e baixa
pressão); operação em nível e sem apoio elétrico.

As partes constituintes do reservatório térmico sem apoio elétrico são mostradas na Figura 3-12 e
descritas a seguir.

Figura 3-12 Ilustração dos elementos que constituem um reservatório térmico sem apoio
elétrico. Fonte: VERT (2013)

Corpo interno: fica em contato direto com a água aquecida e, por isso, deve ser fabricado com
materiais resistentes à corrosão. No caso dos reservatórios térmicos de alta e baixa pressão, o material
mais utilizado no corpo interno é o aço inoxidável, com exceção de dois fabricantes nacionais que utilizam
aço carbono vitrificado e cobre, esse último apenas para reservatórios de baixa pressão e com volumes de
até 600 litros. Nos reservatórios térmicos abertos utiliza-se, também, o polipropileno.

Além disso, o corpo interno do RT deve suportar variações eventuais de pressão e expansão da
água resultante do aumento de sua temperatura. Quanto maior a pressão de trabalho requeridas maior
deverá ser a espessura da parede do corpo interno. Por exemplo, no mercado brasileiro, essa espessura
normalmente varia de 0,4mm a 0,8mm para o aço inoxidável.
Para reservatórios sem apoio elétrico, largamente utilizados no Programa Minha Casa Minha Vida, a
participação dos materiais poliméricos é bastante significativa, com 38,5% dos 52 reservatórios ensaiados
pelo INMETRO, conforme mostrado na Figura 3-13.

Isolamento térmico: minimiza as perdas de calor para o meio, sendo colocado sobre a superfície
externa do corpo interno. A lã de vidro e a espuma de poliuretano são os materiais mais utilizados.

Proteção externa: tem a função de proteger o isolante de intempéries (umidade) e danos no


transporte ou instalação. Essa proteção é normalmente de alumínio, aço galvanizado ou aço carbono
pintado.

Tubulações: tem a função de interligar o reservatório térmico aos pontos de consumo, alimentação
de água fria e demais componentes da instalação (coletores solares, sistemas de aquecimento auxiliar e
etc).

Figura 3-13 Material utilizado para fabricação do corpo cilindro dos reservatórios sem apoio elétrico
e etiquetados pelo INMETRO (consulta em 22/05/2013)

Suportes de fixação e instalação: os reservatórios térmicos possuem bases de sustentação e


fixação capazes de suportar seu peso quando cheio de água e de garantir imobilidade ao equipamento. As
bases de fixação normalmente são fabricadas em materiais metálicos protegidos contra corrosão.

Reservatórios com apoio elétrico, Figura 3-14, contêm uma ou mais resistências elétricas blindadas,
colocadas dentro do reservatório térmico e que ficam em contato com a água armazenada. Seu
acionamento pode ser controlado automaticamente por meio de um termostato, ou manualmente, pelo
próprio usuário.

Em alguns casos, principalmente em obras de grande porte, utiliza-se o aquecimento complementar


a gás. Sua aplicação será discutida posteriormente
Figura 3-14 Detalhes dos principais componentes de um boiler com apoio
elétrico e acionamento automático. Fonte: http://www.heliotek.com.br

3.4 CIRCUITOS PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO

Conforme definido na Figura 3-1, os circuitos primário e secundário tratam das tubulações que
interligam os coletores solares aos reservatórios térmicos ou estes aos diferentes pontos de consumo de
água quente, respectivamente.

Circuito primário

O circuito primário de um SAS é constituído por:

 sistema de captação da energia solar, que pode possuir desde um único coletor solar até
uma associação de várias baterias de coletores solares;
 sistema de armazenamento de água quente, que pode ser constituído por um reservatório
térmico ou por um conjunto de tanques;
 fluido de transferência de calor, que escoa entre os dois sistemas, normalmente a água a
ser aquecida.
 tubulações que interligam esses sistemas.

A associação de coletores em série e paralelo obedece ao mesmo princípio das associações


clássicas de resistências elétricas. Assim, vejamos:
A água passa pelo primeiro coletor e sua temperatura
é elevada de T1 para T2, dirigindo-se com igual vazão
Associação em série: para o segundo coletor, sendo aquecida de T2 até
T3.

A cada novo coletor acrescentado à associação em


série, a variação de temperatura , que corresponde ao
ganho de energia, vai se tornando menor.

Associação em paralelo A água entra no primeiro coletor à temperatura T1 e


sua vazão é dividida entre os dois coletores, C1 e C2.
Na calha superior, a água é recolhida à temperatura
T2.

Note que, mantida a vazão total em 1, a cada novo


coletor acrescentado à associação em paralelo,
menor será a vazão que passa em cada coletor, mas
a diferença de temperatura entre as respectivas
entradas e saídas é sempre a mesma.

Assim, podemos afirmar que se desejarmos aumentar vazões e temperaturas simultaneamente,


precisaremos compor uma associação híbrida, definindo-se uma vazão constante em cada coletor. Assim,
mais coletores instalados em série garantem aumento da temperatura da água à saída e mais coletores
associados em paralelo permitem aumentar a vazão total de água aquecida. Na prática, normalmente
precisamos de ambas as soluções e, portanto, em grandes obras, utilizam-se as associações mistas ou
híbridas, conforme apresentado no exemplo a seguir.

Exemplo 2.1

A figura a seguir mostra o desenho esquemático de um SAS de médio porte com duas baterias de
coletores solares, sendo cada bateria constituída por quatro coletores.

Responda os itens a seguir:


Identifique os componentes que compõem o circuito primário do SAS.

Avalie o sentido do escoamento da água na primeira bateria composta pelos coletores C1 a C4.

Em analogia aos circuitos elétricos, verifique se os coletores C1 a C4 estão associados em série.


Ou em paralelo? Por quê?

Repita os itens b e c para a bateria 2.

Avalie o tipo de associação entre as duas baterias.

Tubulações para água quente no circuito primário

As tubulações utilizadas em instalações solares para água quente devem obedecer às normas da
ABNT pertinentes ao tema, disponíveis em www.abnt.org.br e que tratam de quatro materiais: Cobre,
Policloreto de vinila clorado (CPVC), Polipropileno copolímero random (PPR) e Polietileno reticulado (PEX).
Exemplos do uso dessas tubulações em SAS são mostrados a seguir.

Tubulações de distribuição de água


quente no circuito primário de uma
obra de grande porte de
aquecimento solar.

Detalhe para o uso do isolamento


térmico das tubulações e de
proteção externa contra intempéries
(chuvas e vento).

Figura 3-15 Tubulações de distribuição de água quente


do circuito primário. Fonte: Mesquita (2012)

Contraexemplo:

Detalhe do isolamento térmico


PRECÁRIO das tubulações do
circuito primário e do uso de
proteção externa INADEQUADA
contra intempéries (chuvas e vento).

Essa situação foi registrada durante


a pesquisa de campo do Projeto
Avaliação de Instalações de
Aquecimento Solar da Eletrobras
/Procel (2010).
Figura 3-16 Instalação hidráulica incorreta no
primário de um SAS de grande porte
Na totalidade das instalações do Programa Minha Casa Minha Vida, são utilizadas tubulações
plásticas no circuito primário. Este procedimento precisa ser visto com muita cautela.

A própria TIGRE, em seu site, por exemplo, não recomenda o uso do CPVC no circuito primário e
declara que o mesmo não possui aditivos de proteção contra os raios
UV.(http://www.tigre.com.br/pt/contato_faq_list.php).

A Amanco (www.amanco.com.br/web/contato/faq-perguntas-frequentes/#answer34) também


declara que “todos os materiais plásticos quando expostos ao sol por períodos prolongados e sem proteção
podem sofrer degradação. Portanto, sempre que um material plástico for exposto ao intemperismo deve ser
previamente tratado”.

Na resposta seguinte – 35 – a empresa declara que “caso o produto fique exposto ao sol, é
fundamental que se faça tratamento de superfície com pintura neutra (não solventes) para maior
durabilidade do material”.

Na Figura 3-17 são mostrados SAS em habitações de interesse social.

(a) Tubulações plásticas e isolamento (b) Tubulação flexível com isolamento


de PE expandido aluminizado.

Figura 3-17 Exemplos de tubulações empregadas no PMCMV sem identificação das empresas
fornecedoras

!! Para a qualificação dos profissionais instaladores de SAS pela Rede Eletrobras


Procel Solar será dada especial ênfase aos programas sociais.

3.5 CIRCUITO SECUNDÁRIO

O circuito secundário de um SAS é composto de:

 sistema de fornecimento de água da rede local;


 tubulações de interligação da caixa de água fria ao reservatório térmico;
 fonte de calor complementar ao solar;
 tubulações que interligam o reservatório térmico aos pontos de consumo.
Exemplo 2.2

Para o esquema apresentado no Exemplo 2.1, identifique agora os componentes que fazem parte do
circuito secundário do SAS (obs.: neste caso a fonte de calor complementar não está visível).

No caso do aquecimento por meio de resistências elétricas, usualmente encontram-se duas opções,
a saber:

Opção 1: o elemento de aquecimento é o


próprio chuveiro elétrico. Em dias
ensolarados, a resistência fica na posição
“desligada” e nos períodos em que o
aquecimento solar necessita de
complementação, a resistência deve ser
ligada na posição “verão” ou “inverno”,
dependendo da necessidade. Essa é a
Figura 3-18 Exemplo do uso do chuveiro solução que vem sendo adotada nas
elétrico como aquecimento complementar ao habitações de interesse social
solar. Fonte: Laughton (2010)

Opção 2: a resistência elétrica blindada é


inserida no reservatório de água quente,
podendo ser acionada manual ou
automaticamente.

Figura 3-19 Exemplo do uso do chuveiro


elétrico como aquecimento complementar ao
solar. Fonte:
http://www.aquecedorsolaragua.com.br

Para o aquecimento complementar a gás, a solução mais utilizada no país é mostrada na Figura
3-20.
Opção 3: essa solução foi adotada em
70% das obras de grande porte pesquisadas
durante o projeto de Avaliação de Instalações
de Aquecimento Solar em BH/MG.

Figura 3-20 Exemplo do aquecimento


complementar com aquecedores instantâneos
a gás. Fonte: Laughton (2010)

Tubulações para água quente no circuito secundário

Essas tubulações irão conectar o reservatório térmico aos diferentes pontos de consumo (duchas,
banheiras, torneiras, etc.) através de ramais e sub-ramais da distribuição hidráulica. Novamente, se destaca
que o projeto de distribuição de água quente nas edificações deve obedecer às normas da ABNT
pertinentes ao tema, disponíveis em www.abnt.org.br e que tratam de quatro materiais: Cobre, Policloreto
de vinila clorado (CPVC), Polipropileno copolímero random (PP-R) e Polietileno reticulado (PE-X) .

O projeto hidráulico com especificação de materiais, diâmetros, isolamentos e vazões faz parte do
escopo do Manual do Projetista. Nesse momento, nosso objetivo é apenas destacar os pontos fortes e
fracos que encontramos muitas vezes nas instalações de aquecimento central, não apenas no uso da
energia solar, mas de outras fontes térmicas também.

Um dos pontos mais


controversos é a necessidade de
isolamento nas tubulações
plásticas, no circuito secundário
de qualquer sistema de
aquecimento central (solar, gás,
elétrico). No caso do cobre, não
há qualquer dúvida e um detalhe
do isolamento da tubulação é
mostrado na Figura 3-21

Figura 3-21 Detalhes do uso do cobre nas tubulações do circuito


secundário. Fonte:
www.assenarts.com.br/?PAG=visualiza&texto=422&sessao=artigos
No site da TIGRE, há uma recomendação expressa para que se aplique isolamento no CPVC em
tubulações com mais de 20 metros de comprimento. Para o PEX mono e multicamada, a Ficha Técnica
“Linha 286” afirma que o “isolamento térmico deve ser utilizado de acordo com a necessidade/ distância
entre o ponto de utilização e o ponto de aquecimento de água. Para tal, a TIGRE indica materiais como
poliuretano expandido, EPS ou lã de vidro para fazer o isolamento”. O EPS é poliestireno expandido

O PEX multicamada suporta até 100 mca


a 95º C, enquanto que para o PEX monocamada
a pressão máxima de trabalho é 60 mca, a 80ºC.

Figura 3-22 Detalhe da composição do


PEX Multicamada. Fonte: Tigre (Ficha Técnica
– Linha 286)

O Manual Técnico da Amanco para o PPR apresenta uma tabela que correlaciona temperaturas de
operação, bitolas dos tubos classe de pressão PN 20, e comprimento permitido sem isolamento. Estas
informações são reproduzidas na Tabela 3-1.

Tabela 3-1 Reprodução da tabela do Manual da Amanco sobre isolamento de tubulações em


PPR para atendimento da norma britânica BS 6700

!! Esses pontos são muito importantes na formação do Instalador Solar.


3.6 CLASSIFICAÇÃO DE SISTEMAS DE AQUECIMENTO SOLAR

Os SAS podem ser classificados de quatro formas e, ao longo do texto, já apresentamos vários
desses sistemas, mas nesse ponto é importante uniformizar a nomenclatura utilizada.

Classificação quanto ao porte

A definição do porte de uma instalação de aquecimento solar está intrinsecamente associada ao


volume diário de água a ser aquecida e às características da edificação onde o sistema será instalado. De
maneira geral, quanto ao porte adotam-se as notações apresentadas na Tabela 3-2.

Tabela 3-2 Classificação do SAS com base no volume de água quente armazenado

Instalação Volume Diário de Armazenamento Tipo


Pequeno Porte V< 1500 L Termossifão
Médio Porte 1500 L ≤ V≤ 5000 L Circulação Forçada
Grande Porte V > 5000 L Circulação Forçada

Classificação quanto ao escoamento da água no circuito primário

No circuito primário, a água pode escoar em circulação natural (ou termossifão) ou em circulação
forçada (por bombeamento).

a) Instalação solar em circulação natural ou termossifão

Conforme visto anteriormente, a instalação solar em circulação natural ou termossifão trata-se de


uma aplicação passiva da energia solar, pois o escoamento da água é devido exclusivamente à redução de
densidade que ocorre em função do aumento da temperatura da água nos coletores solares

Os coletores solares estão


sempre cheios de água e muitas vezes
usa-se a expressão: “o sistema está
afogado”. Devido às perdas térmicas que
ocorrem durante a noite, a água
confinada nos coletores está sempre fria
no início da manhã.

Quando os raios solares atingem


os coletores a temperatura da água
começa a aumentar e, consequen-
temente, sua densidade diminui. Dessa
forma, a água torna-se mais “leve” e é
empurrada pela coluna de água fria (e
mais densa), retornando à parte superior
do reservatório térmico, conforme
ilustrado na Figura 3-23. Figura 3-23 Esquema ilustrativo do efeito
termossifão em SAS.
.
Critérios recomendados para o SAS em circulação natural

Apesar de essas instalações serem tecnicamente mais simples e não exigirem a elaboração de
projetos executivos detalhados, cuidados especiais devem ser tomados visando garantir o bom
funcionamento do próprio termossifão. O projeto e critérios desse tipo de circulação fazem parte do Curso
do Projetista, mas alguns itens mais relevantes serão introduzidos nesse texto e sucintamente discutidos a
seguir.

Constata-se que dificilmente uma equipe de engenharia estará envolvida no projeto solar desse
porte. Normalmente, ou um técnico (que pode ser o próprio instalador) ou o vendedor será o responsável
pelo levantamento de dados e definição de parâmetros do SAS a ser instalado. Assim, vale frisar que o
treinamento e o desenvolvimento desses profissionais são tão fundamentais para o sucesso das instalações
quanto a aquisição de um bom aquecedor solar, cujos critérios de escolha são apresentados mais a frente.

As condições recomendadas para instalação de um SAS por termossifão estão mostradas na Erro!
Fonte de referência não encontrada..

Figura 3-24 Posicionamento recomendado para componentes


do SAS, operando em termossifão

Hs: a altura do suspiro deve ultrapassar pelo menos em 30 cm o topo da caixa de água fria;

Hrr: a caixa de água fria deve ser instalada pelo menos 15 cm acima do reservatório térmico;

Hcr: o reservatório deve ficar de 20 cm a 4m acima do topo do coletor solar;

Dcr: corresponde à distância horizontal entre o centro do boiler e o topo do coletor.


Exemplo 2.3

Calcule a altura mínima da


cumeeira de uma obra
residencial que receberá um
SAS com reservatório de 200
litros e diâmetro externo de 60
cm, com a instalação de um
coletor solar de 2m² do tipo
horizontal (figura ao lado) com
inclinação de 30º:

Obs. Considere a altura da caixa


de água fria de 500 litros igual a
715 mm.

Como buscamos a altura mínima


da cumeeira, também
escolhemos a altura mínima
recomendada entre os
componentes do SAS, conforme
mostrado na figura ao lado.

Para o cálculo de H1, será preciso recordar alguns conceitos da


trigonometria. Vejamos a definição de sen(β).


  
() = =
Obs. É muito importante ℎ 
1
trabalharmos sempre com a o
Como o sen(30 ) = 0,667, o valor de H1 será obtido pelo produto
mesma unidade!!
do seno e do comprimento do coletor (1m). O valor obtido é de
0,667m, ou seja, 66,7 cm.

Portanto, a altura total (Htotal) da base do coletor ao topo da caixa


de água fria será de:

Htotal = 66,7 cm + 20 cm + 60 cm + 15 cm + 71,5 cm = 233,2 cm

Ou seja, 2,33 metros.

Para resolver esse problema construtivo, várias soluções têm sido utilizadas e serão discutidas em
detalhes no Curso de Projetista. Mas, retorne agora à Figura 3-17 do SAS em habitações de interesse
social, onde a alimentação de água fria vem diretamente da rede da concessionária local e a pequena caixa
colocada sobre o reservatório térmico “quebra a pressão”, garantindo pelo menos ao usuário terminar seu
banho no caso de falha no fornecimento de água.

!! Compare a solução encontrada pelas empresas para viabilização do SAS e os


resultados obtidos no Exemplo 2.3., destacando os itens que foram mais “sacrificados”.

b) Instalação solar em circulação forçada ou bombeada

Neste caso, a circulação do fluido de trabalho através do circuito primário de instalação é promovida
pela ação de uma bomba hidráulica. O uso da bomba é recomendado para instalações de médio e grande
porte, e para casos nos quais não seja possível atender aos parâmetros exigidos para a circulação por
termossifão. A Figura 3-25 ilustra os componentes básicos de um SAS com circulação forçada.

Figura 3-25– Esquema de uma instalação em circulação forçada. Fonte: (Heliotek)

Classificação pelo tipo de sistema

a) Convencional nesse
caso, o coletor solar e o
reservatório térmico podem ser
facilmente identificados como
equipamentos distintos,
separados fisicamente um do
outro. Esse tipo de sistema
pode ser observado na Figura
3-26.

Figura 3-26 Exemplo de um SAS convencional de


grande porte com vários reservatórios térmicos.

As demais classificações tratam de SAS de pequeno porte.


Acoplado ou Compacto - caracteriza-se quando o coletor solar e o reservatório térmico são
inseparáveis, como mostra a Figura 3-28. O sistema acoplado opera em circulação natural e tem como
grande vantagem a possibilidade de reduzir eventuais erros e minimizar os custos de instalação

Classificação quanto ao aquecimento da água quente a ser utilizada

Conforme mencionado no início desse capítulo, a norma brasileira ABNT NBR 15569:2008 -
Sistemas de Aquecimento Solar de Água em Circuito Direto - Projeto e Instalação está restrita aos circuitos
diretos de aplicação quase absoluta no país.

a) Circuitos Diretos

Nesse tipo de instalação, a água que circula pelos coletores é a mesma que será utilizada nos
pontos de consumo da edificação e discutida em detalhes ao longo desse capítulo.

b) Circuitos indiretos

Nos sistemas em que a troca de calor é indireta, o fluido que circula pelos coletores não é o mesmo
utilizado nos pontos de consumo da edificação. Esse tipo de instalação é adotado em locais onde a
temperatura ambiente pode trazer riscos de congelamento aos coletores, em processos industriais ou,
ainda, em outras aplicações em que o fluido que será consumido não pode se misturar ao que circula pelos
coletores. A Figura 3-27 apresenta, esquematicamente, este tipo de instalação, que inclui um trocador de
calor.

Figura 3-27 - Representação esquemática de um sistema de aquecimento solar operando


em circuito indireto

Figura 3-28 Exemplos de sistemas acoplados visitados durante a pesquisa de campo do


projeto de Avaliação de Instalações de Aquecimento Solar (Eletrobras Procel)
4 RECURSO SOLAR

Como posicionar corretamente os coletores solares na obra

Geometria Solar
Ângulos típicos de uma instalação solar

Palavras Chave: Irradiação solar. Inclinação. Orientação. Bússola. Software Dimensol.

4.1 INTRODUÇÃO

O ponto de partida na implantação dos SAS é o conhecimento do recurso solar na cidade e,


principalmente, nas condições de cada obra. Quanto a esse tema, as perguntas mais importantes são:

Quais as condições da cobertura: Telhado? Laje?

Se telhado, qual a sua inclinação?

Qual a sua orientação?

Tem caimento único? ou o telhado tem vários


caimentos, também conhecidos como “águas do
telhado” ? Veja o exemplo da Figura 4-1 ao lado.

Figura 4-1 Casa luxuosa com telhado de diversos


caimentos. Fonte: http://mulher.uol.com.br/

Essa situação é recorrente também em habitações de interesse social e em casas mais simples,
como mostram as fotos a seguir:
Figura 4-3 SAS em casa de classe média em
Figura 4-2 SAS em casas geminadas do Programa SP
Minha Casa Minha Vida

Portanto, em todas essas situações é preciso decidir qual é a melhor “água do telhado” para a
instalação dos coletores solares? Pois, se houver uma decisão equivocada, quanto se perde de energia em
um dia, um mês, um ano? Quanto essa perda representa, em reais, na conta mensal de energia elétrica?

Enfim, tais questionamentos são pertinentes e importantes, envolvendo conceitos bastante


complexos da geometria solar e que extrapolam o escopo desse texto. Assim, nossa discussão ficará
restrita à avaliação das melhores orientação e inclinação dos coletores solares com apoio da ferramenta
computacional Dimensol que permite o cálculo da irradiação incidente sobre as placas coletoras em cada
mês do ano.

Inicialmente, será apresentada uma revisão de conceitos e unidades importantes para entendimento
do recurso solar.

Revisão 3.1

A energia, definida por Maxwell em 1872, é “aquilo que permite uma mudança na
configuração de um sistema, em oposição a uma força que resiste a essa mudança”. Portanto, o
conceito da energia de um sólido ou fluido está associado à sua capacidade de vencer tal
resistência, realizando trabalho. A energia pode assumir diferentes formas como: calor (energia
térmica), luz (energia luminosa), movimento (energia cinética), etc. A energia pode se converter de
uma forma em outra, mas a energia total sempre se conserva, de acordo com a Primeira Lei da
Termodinâmica.

Em uma hidrelétrica, por exemplo, temos a conversão de energia potencial (nas barragens)
em energia cinética (nas turbinas hidráulicas) e dessas em energia elétrica (nos geradores).
Em granjas e suinoculturas, por exemplo, o aquecimento dos recém-nascidos é feito com
lâmpadas incadescentes, que convertem parte da energia luminosa em calor.

O calor é definido como uma forma de energia que cruza a fronteira entre um sistema e sua
vizinhança, resultado da diferença de temperatura entre eles. Por isso, dizemos que calor é energia
em trânsito. No sistema internacional de unidades (SI), a unidade de energia é o Joule (J), sendo
também comum o uso da caloria (cal). A conversão entre essas unidades é:

1 cal = 4,184 J
6 9
Neste texto, usaremos com frequênica o kJ (10³J), MJ (10 J) e o GJ(10 J)

A taxa de transferencia de calor é definida como a energia térmica transferida por unidade
de tempo e, de modo similar, define-se potência como o trabalho (realizado ou consumido) por
unidade de tempo, ou seja:

  !"#$ )*


. 

  = ' ê 
=
"%& "%&

Sendo ambos expressos em Watt ou seus múltiplos (kW, MW, GW).

Por exemplo, a potência gerada por uma turbina de Itaipu é de 700 MW. Qual a energia
gerada por essa turbina em um ano de operação?

ℎ ,

+,-
-,

= '  
   ,
çã = 70023  365
  24


+,-
-,

= 700  365  24 23ℎ = 6132000 23ℎ = 6.132 :3ℎ

Sugestão: motive os alunos a consultarem a conta de energia elétrica de suas residências.


Faça exercícios com a potênica dos equipamentos e tempo de uso. Para maiores detalhes, consulte
nosso Portal.

Fluxo de calor é definido como a taxa de transferência de calor que ocorre em uma direção
por unidade de área perpendicular à direção em que essa trasnferência ocorre:

""=#
"%& ,-

;< 
< , = =
á,
  á,

No sistema internacional de unidades (SI), a unidade do fluxo de calor é J/s.m² ou W/m².


4.2 O Sol

30
O Sol é uma esfera de 695 000 km de raio e massa de 1,989 x 10 kg, cuja distância média da
11
Terra é de 1,5x10 metros. Sua composição química é basicamente de hidrogênio e hélio, nas proporções
de 92,1% e 7,8%, respectivamente.

A energia solar é gerada no núcleo do


Sol, através de reações de fusão
nuclear, quando quatro prótons de
hidrogênio se transformam em um
átomo de hélio, sendo liberada grande
quantidade de energia.

Nesta região, mostrada na Figura 4-4 a


temperatura do Sol chega a atingir 15
milhões de graus Celsius, mas a
temperatura efetiva do Sol é estimada
em 5777 K.

Figura 4-4 Estrutura evidenciando as zonas do Sol


Fonte: http://www.apolo11.com/tema_astronomia_sol_estrutura.php

A Figura 4-5 mostra o espectro da radiação solar fora da atmosfera da terra (linha vermelha) e ao
nível do mar (linha amarela), evidenciando, assim, a atenuação que a radiação solar sofre ao atravessar a
atmosfera terrestre. Esse gráfico mostra ainda os principais elementos constituintes da atmosfera,
responsáveis pela absorção de determinados comprimentos de onda. É importante notar, também, como a
curva espectral do Sol coincide com a de um corpo negro a 5900K, sendo esse valor bastante próximo ao
de sua temperatura efetiva.

Figura 4-5 Espectro da radiação solar


Fonte: http://www.geocities.ws/kawakami_enc/caract.html

Outro ponto a se destacar é que praticamente toda a radiação emitida pelo Sol encontra-se na faixa
de comprimentos de onda entre 0,1µm a 3,0 µm, conhecida como banda solar. Do total dessa energia, 7%
se encontram na região do ultravioleta, 46,8% no visível e o restante na banda de infravermelho. Essas
regiões são mostradas nas respectivas cores na abscissa –x do gráfico da Figura 4-5..

3.2.1 A Constante Solar - GSC

Define-se a constante solar (GSC) como a


energia proveniente do Sol, por unidade de
tempo, que incide em uma área unitária fora da
atmosfera terrestre, e posicionada de modo a
receber os raios solares com incidência normal.
Para uma distância média entre a Terra e o Sol,
seu valor mais atual, recomendado por Duffie e
2
Beckmann [2006], é 1367 W/m , Figura 4-6.

A constante corresponde a um valor


máximo da irradiação solar, pois é medida antes
que ocorra qualquer tipo de atenuação por
nuvens, aerossóis, poluição ou absorção pelos
Figura 4-6 Definição da Constante Solar
próprios elementos constituintes da atmosfera
Fonte: adaptado de
terrestre. http://www.pvaustria.at/content/page.asp?id=62

Radiação ou Irradiação solar?

!!
A convenção adotada é a seguinte: a radiação solar é emitida pelo Sol e atravessa o
vácuo e a atmosfera da Terra, mas quando incide sobre uma superfície passa a se
chamar irradiância ou irradiação solar, sendo usado o símbolo G para valores
instantâneos. Sua unidade é W/m².

3.2.3 Irradiação solar e suas componentes

A irradiação solar incidente sobre uma placa plana, por exemplo, na superfície da Terra pode ser
decomposta em duas componentes, conforme representado na Figura 4-7.

Irradiação solar direta (GB): definida como a fração


da radiação solar que atravessa a atmosfera
terrestre sem sofrer qualquer alteração em sua
direção original;

Irradiação difusa (GD): refere-se à componente da


radiação solar que, ao atravessar a atmosfera, é
espalhada por aerossóis, poeira, ou mesmo,
refletida pelos elementos constituintes dessa
atmosfera.
Figura 4-7 Componentes da Irradiação solar.
Fonte: adaptado de ADEME (2000)

Assim, define-se a irradiação solar instantânea global (G), incidente sobre um plano horizontal e expressa
em W/m², como a soma de suas componentes na forma:

: = :? + :A (3.1)

Há, ainda, uma terceira contribuição para a irradiação, que atinge o coletor proveniente da
reflexão dos raios a partir de sua vizinhança (vegetação, solo e construções civis). Em muitos casos,
essa parcela também é incluída na componente difusa, sendo denominada albedo.

Valores instantâneos da irradiação global são medidos por piranômetros. Alguns modelos
comerciais são mostrados na Figura 4-8.

Figura 4-8 Fotos de piranômetros comerciais


Fonte: http://solardat.uoregon.edu/Instruments.html

Exemplo dos valores obtidos em um dia claro, com nuvens esparsas na cidade de Belo
Horizonte é apresentado na Figura 4-9. A linha sólida no gráfico corresponde a um ajuste
polinomial feito a partir dos dados experimentais.

Figura 4-9 Exemplo de dados de irradiação solar medidos em um dia claro na cidade de
Belo Horizonte/MG

Agora vejamos: se os valores instantâneos forem integrados durante todo o dia, do nascer ao
por do Sol, qual o significado físico dessa integração que corresponde geometricamente à área sob a
curva?

Essa área é calculada pelo produto da ordenada - irradiação instantânea (fluxo de energia)
pela abscissa – tempo. Retorne ao quadro de Revisão 3.1 e veja que o produto do fluxo de energia
pelo tempo fornece energia por unidade de área, expressa no SI em J/m².

Portanto, a área sob a curva da Figura 4-9 equivale a toda a irradiação incidente no plano
horizontal naquele dia em Belo Horizonte. A irradiação global diária que incide sobre o plano horizontal
é representada pela letra H.(DUFFIE e BECKMAN, 2006).

Exemplo 3.1

A integração da curva da Figura 4-9 deu como resultado 26.082.431 J/m².


Expresse o resultado em MJ/m² e em kWh/m².

C C
 = 26.082.431 = 26,1  10F D = GH, I JK/M²
 D 

Como 1W = 1J/s, tem-se que : 1 J = 1W.s. Então:

C 3.  P3. 
 = 26.082.431 = 26082  10O D = 26082
D  D

Mas, 1h = 3600 s logo 1 = ℎ
OFQQ

Assim,

P3.  26082 P3ℎ


 = 26082 = = R, GS TUVW
 D 3600 D M²

A conversão de unidade pode ser diretamente aplicada:

1 kWh = 3,6 MJ ou 1 MJ = 0,2778 kWh

O Brasil conta com dois atlas que disponibilizam dados sobre a irradiação solar:

Atlas Solarimétrico do Brasil: www.cresesb.cepel.br/.../Atlas_Solarimetrico_do_Brasil

Atlas Brasileiro de Energia Solar: http://sonda.ccst.inpe.br/publicacoes/atlas_solar.html

A Figura 4-10 mostra o gráfico com a média anual da irradiação solar no plano horizontal para
todo o país.
Figura 4-10 Mapa da irradiação solar incidente no plano horizontal, com escala ampliada
para facilitar a leitura
Fonte: sonda.ccst.inpe.br/publicacoes/atlas_solar.html

Compare o valor obtido no Exemplo 3.1 para a irradiação solar no plano


horizontal em BH (ponto sobre o mapa) em dia claro com a média anual
! prevista pelo Atlas Brasileiro de Energia Solar. Qual é a região do Brasil
com maior incidência da irradiação solar?

Infelizmente, essa informação ainda não é suficiente para a correta instalação dos coletores
solares de um SAS. Como ficou evidente em todas as fotos mostradas nos Capítulos 1 e 2, os
coletores sempre possuem uma inclinação em relação ao plano horizontal.

O Atlas Brasileiro de Energia Solar apresenta dados de irradiação solar para o plano inclinado,
mas fixado para a latitude de cada cidade. Como temos uma imensa variedade de combinações entre
a inclinação e a orientação dos coletores solares nas condições reais de instalação em cada obra, foi
desenvolvido o software DIMENSOL, com apoio da Eletrobras Procel para nos auxiliar nos cálculos
necessários.

Caso o professor tenha interesse em aprofundar seus conhecimentos no tema da Geometria


Solar, acesse nosso Portal e faça download no material disponível.
4.3 INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DA GEOMETRIA SOLAR

Conforme mencionado anteriormente, neste texto trataremos apenas dos conceitos envolvidos no
entendimento e na definição das melhores inclinações e orientações de um coletor solar, em função da
localidade onde será feita sua instalação.

Para isso, precisaremos recordar alguns conhecimentos já adquiridos no estudo da Geografia como, por
exemplo: latitude, órbita da Terra em torno do Sol, estações do ano.

Latitude Geográfica (φ) corresponde à


posição angular em relação à linha do
Equador, considerado de latitude zero. Cada
paralelo traçado em relação ao plano do
Equador corresponde a uma latitude
constante: positiva, se traçada ao Norte e
negativa, se posicionada ao Sul do Equador.
Os Trópicos de Câncer e de Capricórnio
o
correspondem às latitudes de 23 27’ ao Norte
e ao Sul, respectivamente, compreendendo a
região tropical, Figura 4-11.
Figura 4-11 Localização do Equador e dos trópicos.
Fonte: http://www.zun.com.br/fatores-climaticos-
atuantes-no-brasil/

A Figura 4-12 mostra o mapa do Brasil com as linhas de latitudes.

Figura 4-12 Mapa do Brasil com dados sobre latitude e longitude


Exemplo 3.2

Com auxílio do gráfico da Figura 4-12, estime a latitude de cada cidade onde já atua a Rede
Eletrobras Procel Solar. Depois, consulte uma bibliografia ou site e compare os valores.

Belém: ______________________ ---- _______________________

Belo Horizonte: ______________________ ---- _______________________

Florianópolis: ______________________ ---- _______________________

Rio de Janeiro: ______________________ ---- _______________________

Salvador: ______________________ ---- _______________________

São Paulo: ______________________ ---- _______________________

4.4 OS MOVIMENTOS DA TERRA E AS ESTAÇÕES DO ANO

O movimento de rotação da Terra em torno de seu próprio eixo tem um período de


aproximadamente 24 horas, sendo que o seu movimento de translação em torno do Sol ocorre em uma
órbita elíptica cujo período é de 365,256 dias. O eixo de rotação da Terra faz um ângulo de 23º 27`em
relação ao plano de sua órbita em torno do Sol, Figura 4-13.

(b) movimento de translação


(a) movimento de rotação

Figura 4-13 Movimentos da Terra


Fontes: (a) adaptado de http://pt.wikinoticia.com/cultura científica
(b) http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Universo/sistemasolar2.php

No caso específico do Hemisfério Sul, os solstícios e equinócios ocorrem nas seguintes datas:

Solstício de Verão: 21 de dezembro Equinócio de Outono: 23 de março

Solstício de Inverno: 21 de junho Equinócio de Primavera: 23 de setembro

que definem a posição relativa do Sol em relação à Terra. Vejam que, nessa frase, fizemos uma mudança
de referencial e falamos da forma em que vemos o Sol a partir da Terra, denominada órbita aparente.

Assim, o equinócio é definido como o instante em que o Sol em sua órbita aparente cruza o plano do
equador celeste (a linha do equador terrestre projetada na esfera celeste).
Para o hemisfério Sul, no solstício de verão, a órbita aparente do Sol está exatamente na projeção do
Trópico de Capricórnio na esfera celeste. No solstício de inverno o Sol está sobre o Trópico de Câncer.

Exemplo 3.3

Com base nessas informações, responda: Quantos meses o Sol se encontra ao Norte de:
o
a) Macapá, cuja latitude é de 0 ?

b) Cidade de São Paulo, que fica exatamente sobre o Trópico de Capricórnio (latitude de -
23º27´ ). (lembre-se: o sinal negativo identifica o hemisfério Sul, ou seja, 23º27´S )?

Agora, veremos como essas informações afetam os ângulos de instalação dos coletores solares: inclinação
e orientação.

4.5 ÂNGULOS DA INSTALAÇÃO SOLAR

Ângulo de inclinação do coletor (β): é o ângulo


formado pelo plano inclinado do coletor solar e o
plano horizontal, conforme ilustrado na Figura
4-14.

De uma forma simplificada, podemos dizer que a


inclinação dada ao coletor solar é uma forma de
levá-lo para a posição onde o Sol se encontra e,
assim, obter valores mais elevados da irradiação
incidente.

Figura 4-14 Definição do ângulo de


inclinação do coletor solar

Vamos refletir sobre o exemplo para a cidade de São Paulo:

1. Solstício de verão: nesse dia, o Sol encontra-se sobre a cidade de São Paulo. Então, em 21/12, a
melhor inclinação para o coletor solar seria β = 0. (horizontal)

2. Equinócios de outono e primavera: o Sol está sobre o Equador, portanto, a 23º 27´(23,45º) de São
Paulo. Deveríamos, então, inclinar o coletor exatamente desse valor.

3. Equinócio de inverno: em 21/06, o Sol está no Trópico de Câncer e, portanto, a 46º 54´ (46,90º) em
relação a São Paulo. Assim, nesse dia, o coletor deveria estar mais inclinado para receber uma
maior irradiação solar.

Bom, parece claro que para cada dia do ano existe uma melhor inclinação para o coletor solar, Entretanto,
isso seria muito difícil (e oneroso) de executar na prática e precisamos definir critérios de escolha para a
inclinação dos coletores solares, a saber:

Critério 1 – Média anual

Neste caso, a média aritmética calculada a partir das inclinações ótimas nos respectivos solstícios de verão
e inverno, coincide com a própria latitude do local, ou seja :
β fixa = lφ
φl

!! Volte ao exemplo de São Paulo e confirme que a média das inclinações fornece exatamente
a latitude da cidade, considerada em módulo.

Critério 2 – Favorecimento do Inverno

Este critério é muitas vezes aplicado devido à maior demanda de água quente coincidir com o período de
inverno. Neste caso, recomenda-se:
°
βfixa = lφ
φl + 10

!! Novamente, o exemplo de São Paulo nos mostra que as maiores inclinações dos coletores
são requeridas exatamente no inverno.

Critério 3 – Para atender demandas específicas

Por exemplo, para um hotel localizado em Fortaleza seria mais interessante inclinar os coletores para
favorecer o verão quando ocorre a alta temporada de férias na cidade. Nesses casos, não haverá um valor
pré-definido para a inclinação do coletor solar e, como veremos mais à frente, o programa Dimensol nos
auxiliará bastante nesses cálculos.

Entretanto, no Dimensol o ângulo de inclinação dos coletores está expresso em graus, mas profissionais
das áreas da Engenharia Civil e Arquitetura comumente expressam a inclinação dos telhados em
porcentagem, conhecida como declividade ou porcentagem de caimento do telhado. O Exemplo 3.4 ilustra a
correlação entre os dois valores.

Exemplo 3.4

A declividade do telhado de uma obra é igual a 30%. Calcule o ângulo de inclinação desse telhado,
expresso em graus.

Solução:
A declividade informada significa que, para um deslocamento de 100 cm na horizontal, o ponto de
contato com o telhado sobe o correspondente a 30 cm. De acordo com os conceitos da Trigonometria,
constata-se que a altura de 30 cm corresponde ao cateto oposto ao ângulo de inclinação do telhado (β)
e o deslocamento horizontal de 100 cm ao cateto adjacente.
o
Portanto, pode-se escrever que: a declividade de 30% é equivalente a um ângulo de 16,7 .
atan β = cateto oposto / cateto adjacente

atan β = 30/100 β = 16,7° β = 16° 42´


Obs: lembre-se que cada grau equivale a 60 minutos, portanto 0,7º são 42 minutos (conforme mostrado
na Tabela 3.1)

Para facilitar esse cálculo, a tabela a seguir mostra conversão entre essas duas grandezas.

Tabela 4-1 Correlação entre porcentagem de caimento e o ângulo de inclinação do telhado

Fonte: http://www.toptelha.com.br/calculo_consumo_telhas.php

Ângulo de orientação dos coletores: o


desvio em relação ao Norte Geográfico (NG) é
representado pelo ângulo formado entre a
direção Norte-Sul e a projeção horizontal da
normal da placa coletora.

Seu valor varia na faixa (-180º ≤ γ ≤ +180º),


sendo nulo para um coletor voltado para o
Norte Geográfico, + 90º para o Leste e - 90º
para o Oeste. Essa convenção atende a
norma ABNT NBR 15569:2008 que
convenciona: ângulo de orientação positivo, se
a normal ao plano do coletor estiver a Leste do Figura 4-15 Ilustração da definição da
NG, e negativo, se estiver a Oeste. orientação dos coletores solares.
Fonte: FINEP (2007)
Veja alguns exemplos que evidenciam a importância da orientação correta dos coletores solares.

Analise os SAS mostrados na Figura 4-16 com numeração 1 a 3: temos coletores instalados com diferentes
orientações. Faremos dois estudos de caso para evidenciar a importância desse ângulo nos valores
mensais e anuais da irradiação solar incidente nesses coletores.

Figura 4-16 Exemplo de SAS em que os coletores solares foram instalados com diferentes
ângulos de orientação

Vamos imaginar que o coletor solar número 1 esteja orientado exatamente para o Norte Geográfico.
Portanto, seu ângulo de orientação é nulo. Consequentemente o coletor de número 2 estará voltado para o
oeste e o de número 3 para leste.

!! Faça seu cadastro no site


http://www.eletrobras.com/pci/data/Pages/LUMISA84BD56DPTBRIEGUEST.htm

E a seguir, faça o download do programa Dimensol. Para orientação sobre o uso do programa,
consulte: http://www.eletrobras.com/pci/main.asp?View={E6B1AB72-B50E-4099-8939-6DAFA57BBC2A}

Estudo de Casos 3.1: Conjunto habitacional em Jau/SP, cuja porcentagem de caimento do telhado é
de 30% (16º 42´)

Passo 1 – Abra o programa e escolha a cidade na base de dados do programa, conforme mostrado
na Figura 4-17.

Passo 2 – Selecione o ícone para abertura da tela mostrada na Figura 4-18.


Figura 4-17 Tela do Dimensol para seleção da cidade de interesse

Figura 4-18 Tela do Dimensol para cálculo da irradiação solar incidente no plano do coletor na
cidade de Jau, estando os coletores orientados para o Norte Geográfico

Para melhor visualizar esses resultados, o programa oferece uma saída gráfica, mostrada na Figura 4-19.
Os valores em porcentagem significam a participação percentual de cada mês na irradiação incidente
durante todo o ano (1860 kWh/m² - ano).

Passo 3 – Agora vejamos o que acontece com os coletores voltados para o oeste ( Figura 4-20)

Constata-se que a irradiação anual reduziu de 139 kWh/m², que corresponde a 7,5% do valor anterior
(Passo 2). Entretanto, considera-se mais crítico o fato da distribuição mensal ser menos uniforme ao longo
dos meses, penalizando, exatamente o inverno, período de maior demanda de água quente, Figura 3.21.
Figura 4-19 Valores mensais da irradiação solar incidente em Jau para o
estudo de casos -1 ( coletor orientado para o NG)

Figura 4-20 Tela do Dimensol para cálculo da irradiação solar incidente no plano do coletor na
cidade de Jau, estando os coletores orientados para o Oeste)
Figura 4-21 Valores mensais da irradiação solar incidente em Jau para o
estudo de casos -1 (coletor orientado para o oeste)

A norma ABNT NBR 15569:2008 recomenda desvios máximos a partir do Norte de até 30º. A partir
desse valor, o Termo de Referência da Caixa, por exemplo, para as habitações do Programa Minha Casa
Minha Vida, estabelecem a adoção de procedimentos compensatórios para a perda de irradiação solar,
como aumento de área coletora ou instalação de suportes para correção do desvio.

Entretanto, é feita uma flexibilidade para cidades com latitudes ao sul de até 10º, como Fortaleza, Maceió,
São Luiz, dentre outras. Nesses casos, a perda de energia é menor e não se justifica manter tais
penalidades. Para maiores informações, consulte:
http://downloads.caixa.gov.br/_arquivos/desenvolvimento_urbano/gestao_ambiental/tr_sas_mcmv2.pdf)

Vejamos um novo estudo de casos.

Estudo de Casos 3.2: Conjunto habitacional em Petrolina/Pe, cuja porcentagem de caimento do


telhado é de 30% (16º 42´)

Repetindo os mesmos passos anteriores e dados de entrada, foram obtidos os seguintes valores anuais
para a irradiação solar global:

Coletores orientados para o Norte: 1932,6 kWh/m² - ano

Coletores orientados para o Oeste: 1878,5 kWh/m² - ano

ou seja, uma diferença de apenas 54 kWh/m² - ano e uma melhor uniformidade na distribuição mensal da
irradiação recebida, no primeiiro caso, conforme mostram a Figura 4-22 e Figura 4-23.
Figura 4-22 Valores mensais da irradiação solar incidente em Petrolina para o
estudo de casos - 2 ( coletor orientado para o Norte)

Figura 4-23 Valores mensais da irradiação solar incidente em Petrolina para o


estudo de casos - 2 ( coletor orientado para o oeste)

4.6 NORTE MAGNÉTICO E NORTE GEOGRÁFICO

O Manual de Aulas Práticas inclui um experimento sobre a correta utilização de bússolas e GPS e a
aplicação da correção a ser feita para diferentes localidades.
Um cuidado especial que precisamos ter é que
toda a teoria apresentada se baseia no desvio em
relação do Norte Geográfico, mas a bússola normalmente
utilizada nesses casos aponta para o Norte Magnético e,
por isso, precisamos introduzir uma correção que
depende de cada cidade, Figura 4-24.

A declinação magnética de um local é a medida


do ângulo formado entre a direção do norte magnético
(apontado pela agulha da bússola), e a direção do norte
geográfico. Adota-se a seguinte convenção:

- declinação positiva: significa que o norte


magnético se encontra a leste do norte verdadeiro (no
sentido horário).

- declinação negativa significa que o norte


magnético está a oeste do norte verdadeiro (no sentido
anti-horário). Figura 4-24 Bússola
Fonte: http://nautilus.fis.uc.pt/astro/
hu/magn/bussola_orientacao.html
.

A Tabela 4-2 a seguir mostra os valores da declinação magnética para as capitais brasileiras.

Tabela 4-2 Correção para obtenção do Norte Geográfico para as capitais brasileiras
e Distrito Federal

Cidade Declinação magnética Cidade Declinação magnética


(em graus) (em graus)
Porto Alegre -14,74 Fortaleza -21,6
Florianópolis -17,46 Teresina -21,4
Curitiba -17,3 São Luis -20,7
São Paulo -19,6 Belém -19,5
Belo Horizonte -21,5 Macapá -18,5
Rio de Janeiro -21,4 Palmas -19,9
Vitória -22,8 Manaus -13,9
Salvador -23,1 Boa Vista -14
Aracaju -23,1 Porto Velho -10,6
Maceió -22,9 Rio Branco -7,34
Recife -22,6 Goiânia -19,2
João Pessoa -22,4 Cuiabá -15,1
Natal -22,1 Campo Grande -15,2
Brasília -20
Exemplo 3.5

A figura ao lado mostra uma bússola bastante


simples, adquirida para os Centros da REDE.
Considere que o instalador esteja avaliando um
conjunto habitacional em Salvador.

Determine:

O desvio em relação ao Norte Magnético: 80º

A correção para Salvador: -23,1º

O desvio em relação ao Norte Geográfico:


(80º - 23,1º) = 56,9º

Obs. Note que a declinação magnética é negativa


para todas as cidades da Tabela 4-2.
www.orientista.com.br

A presença de material ferromagnético afeta as medidas feitas com auxílio de bússolas. Por isso, são
recomendadas distâncias mínimas de alguns objetos, conforme a Tabela 4-3.

Tabela 4-3 – Distâncias mínimas recomendadas para uso de bússolas

http://www.cartografia.eng.br/artigos/bussola4.php

4.7 A INFLUÊNCIA DOS ÂNGULOS DE INCLINAÇÃO DE COLETORES NA IRRADIAÇÃO


SOLAR INCIDENTE

Para facilitar a compreensão dos conceitos aqui apresentados, vamos voltar ao primeiro estudo de
casos para a cidade de Jau/SP. Agora, iremos variar a porcentagem de caimento do telhado.

Estudo de Casos 3.3: Conjunto habitacional em Jau/SP, com porcentagem de caimento do telhado
de 60% (30º 57´)

Faça agora os cálculos com o Dimensol e compare os resultados:


Inclinação Irradiação Solar Anual
(graus) (kWh/m²)

17 1860
31 1845
45 1753

Veja o que acontece com os valores mensais e compare os gráficos da Figura 4-19 e da Figura
4-25. Embora o valor anual foi reduzido em 107 kWh/m² - ano, os valores mensais no período de inverno
ficam bem maiores, conforme esperado.

Figura 4-25 Valores mensais da irradiação solar incidente em Jau para o


estudo de casos - 3 ( coletor orientado para o NG e inclinação de 45º)

Consulte agora o Caderno de Exercícios. Nossa sugestão é que você faça


todos os exercícios e nos envie depois uma avaliação crítica dos mesmos, mas
!! principalmente que você proponha uma lista de exercícios com base no nível de
seus alunos sobre os temas abordados até aqui. A contribuição de todos é
muito importante para o desenvolvimento do material didático da REDE.
5 COLETORES SOLARES PLANOS

Coletores Solares Etiquetados

Eficiência Térmica

Produção mensal de energia

Palavras chave: Coletor solar plano. Programa Brasileiro de Etiquetagem. Eficiência. Produção
mensal de energia

5.1 INTRODUÇÃO

Na seção 1.2, foi apresentada de forma simplificada os principais componentes de um coletor solar,
destacando-se os materiais mais utilizados pela indústria nacional. Esses materiais, assim como
parâmetros geométricos como a espessura da placa absorvedora (aletas), espessura do isolamento na
base e nas laterais, tinta utilizada, qualidade dos processos de fabricação e de vedação definirão a
produção de energia pelo coletor solar e bom funcionamento ao longo de sua vida útil, estimada entre 15 a
20 anos.

Nesses casos, é muito difícil, quase impossível, para o consumidor final acompanhar e decidir por
um produto. A decisão acabaria sempre tendendo para o de menor preço. Por isso, nosso foco será sempre
nos produtos ensaiados e etiquetados pelo INMETRO, cujo Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) de
Coletores Solares teve início em 1997 e conta hoje com quase mais de 210 coletores para aplicação banho,
110 coletores para aplicação piscina e 03 sistemas acoplados. Esses números são atualizados
periodicamente e recomendamos que a consulta ao site do INMETRO seja frequente:
http://www.inmetro.gov.br/consumidor/tabelas.asp

Não há nenhum impedimento que nossos alunos desenvolvam modelos artesanais com materiais
de baixa durabilidade: é bom que eles entendam os princípios de funcionamento dos aquecedores solares e
se aventurem na “arte de engenheirar”. Grandes ideias surgem assim!!!

Em nosso curso e na REDE ELETROBRAS PROCEL SOLAR, estamos trabalhando para


desenvolver novas habilidades e capacitar pessoas, motivando-as a ampliar sua área de atuação com a
criação de novos negócios e oportunidades. Então, é importante focar em produtos com garantia e
aprovados depois de passarem por uma série de testes padronizados.

Existe no Brasil um desejo comum de que o aquecimento solar se popularize com preços acessíveis
para todas as camadas sociais. Entretanto, qualquer dispositivo que vai ficar exposto às intempéries
climáticas, sofrendo ciclos de aquecimento e resfriamento e, principalmente, gerando água quente para uso
doméstico precisa obedecer a critérios de eficiência, durabilidade e segurança.

5.2 COMO ESCOLHER CORRETAMENTE UM COLETOR SOLAR

Para a seleção de coletores solares, é fundamental consultar e entender as informações


disponibilizadas na Tabela do INMETRO, a partir da definição do uso que será dado à água quente
produzida: banho e sistemas acoplados (para fins sanitários, operando em temperaturas de até 60ºC) e
piscina (para aquecimento da água, atingindo no máximo temperaturas de 30ºC a 35ºC, em spas )

Atenção: os ensaios e, consequentemente, os resultados gerados são diferentes para a aplicação banho e
para a aplicação piscina. Portanto, a consulta precisa ser direcionada exatamente para a finalidade de uso
dos coletores solares pesquisados, conforme destacado na Figura 5-1 e Figura 5-2. Nesse exemplo, vamos
selecionar “sistemas e equipamentos para energia solar – aplicação banho”. Uma reprodução parcial da
tabela, acesso em 26/06/2013, é mostrada na com a seguinte legenda:

A: número da edição da publicação da tabela (06/2013)

B: data de sua última atualização (26/06/2013)

C: informação consolidada com número de empresas (34), marcas (49) e modelos etiquetados (215)

Figura 5-1 Informações disponíveis no site do INMETRO


Figura 5-2 Reprodução parcial da primeira página da Tabela do INMETRO/Aplicação Banho
Fonte: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pbe/ColetoresSolares-banho.pdf (acesso em
26/06/2013)

5.3 DECIFRANDO A TABELA DO INMETRO

Colunas 1 a 3: Informações sobre o produto – fabricante,marca e modelo

Coluna 4: Pressão de funcionamento

A pressão de funcionamento é declarada pelo fabricante e define o valor a ser aplicado no coletor
solar, pelo laboratório credenciado pelo INMETRO, para o Ensaio de Pressão Hidrostática. A pressão de
teste é igual a 1,5 vezes a pressão de funcionamento declarada, e deve manter esse valor durante 15
minutos.
Atualmente, a pressão de teste não deve ser inferior a 17 mca
ou superior a 60 mca, mas essa restrição vai ser retirada a
partir da implantação pelo INMETRO da norma de ensaios de
coletores solares ABNT NB 15.757- 2: 2009.

Por exemplo, na primeira linha da figura ao lado, o fabricante


declarou 40,8 mca. Multiplicando-se esse valor por 1,5, obtém-
se: 61,2 mca. O ensaio é, então, realizado para 60 mca.
Raciocínio análogo se aplica ao limite inferior.

Coluna 5: Área externa do coletor (m²)

A ABNT 15747-2 substitui a nomenclatura área externa por área


bruta (AG) que corresponde à área máxima projetada do coletor
completo, excluindo-se qualquer elemento de montagem e as
tubulações de entrada e saída do fluido. A Figura 5-3 mostra a
maneira correta de medir as dimensões (X: largura, Y: comprimento,
Z; altura) da área externa para coletores fechados e abertos.

Figura 5-3 Dimensões para avaliação da área externa de coletores solares


Fonte: INMETRO/RAC 006

O valor da área externa é utilizado para calcular a vazão de água no ensaio de eficiência térmica e para
determinação da produção específica mensal de energia, expressa em kWh/mês/m².

Coluna 7: Eficiência energética média (%)

Para determinação dos valores das colunas com numeração 6 na Tabela do INMETRO, é preciso introduzir
primeiramente os conceitos associados às colunas 7, 10 e 11 e discutidos a seguir.

Vamos acompanhar a trajetória dos raios solares ao incidirem sobre um coletor solar na Figura 5-4.
Figura 5-4 Fluxos de energia em um coletor solar fechado

Inicialmente, os raios solares encontram a cobertura transparente, sendo parte da irradiação


refletida nas superfícies externa e interna do vidro e parte também absorvida pelo próprio vidro. Assim,
podemos escrever:

;< ;< ;< ;<


X Y+Z \ + X Y=X Y (4.1)
,
  ,[< 
] ,^   

que representa basicamente o princípio de conservação da energia ( Primeira Lei da Termodinâmica). Se


dividirmos todos os termos pelo fluxo incidente (G), a equação 4.1 pode ser rescrita como:

_`a _`a _`a Y


X Y X"!"#$Y X
 %##$ ) b#$
+ + = 1 (4.2)
X _`a Y X _`a Y X _`a Y
##$"" ##$"" ##$""

Considerando-se:
Logo: GT = τG; GR = ρG e GA = αG.

Portanto,

c + d + e = 1 (4.3)

Essa equação é geral e quando aplicada ao vidro, devemos usar o subscrito V e para a placa absorvedora,
adotaremos P. Assim, a equação 4.3 pode ser rescrita na forma:

cf + ρf + ef = 1 (4.4)

cg + ρg + eg = 1 (4.5a)

Como as placas absorvedoras são de cobre ou alumínio, a transmissividade desses dois materiais é nula e
a equação 4.5a se reduz a:

ρg + eg = 1 (4.5b)

Assim, voltando à Figura 5-4, vemos que apenas parte do fluxo incidente (τvG) se dirige à placa
absorvedora e desse valor apenas uma fração será absorvida, ou seja:


;< k
;<
] ,^
Z he i
\ = g j
,
^
^, l = eg τf G = τn op G 4.6)
<
<



-
<

A coluna 10 da Tabela do INMETRO, Figura 4.2, é qr τn op s. FR significa a eficiência com que
a água, que passa pelos tubos do coletor, consegue retirar a energia contida na placa absorvedora.
Portanto, esse termo significa ganhos de energia pela água e, portanto, quanto maior seu valor mais
eficiente será o coletor solar.

Já na coluna 11 da Tabela do INMETRO, o termo FR aparece novamente, mas agora multiplicando UL que
significa o coeficiente global de perdas térmicas e ópticas. Perdas térmicas ocorrem pela base, lateral e
topo do coletor solar e são inerentes aos materiais utilizados, espessuras do isolamento e à própria
diferença de temperatura entre o coletor e sua vizinhança. As perdas ópticas se relacionam ao tipo e
espessura do vidro e das tintas ou revestimentos da placa absorvedora. Portanto, os coletores mais
eficientes devem apresentar os menores valores de perdas térmicas.

Consulte a reprodução parcial da tabela do INMETRO (Figura 5-2) e


!! encontre o coletor solar que tem o maior valor para os ganhos (coluna10)
e o menor valor de perdas (coluna 11).
Para um bom entendimento do conceito de eficiência energética, ou eficiência térmica, vamos analisar uma
definição que pode ser aplicada a qualquer dispositivo e, então, aplicá-la inicialmente ao chuveiro elétrico
por sua simplicidade. Nesse caso, a eficiência térmica t*`b ) é dada pela razão entre a taxa de
transferência de calor para a água (Qágua) e a potência elétrica do equipamento ( W E) na forma:

uávwx
t*`b =
yz
(4.7)

sendo

{á=` = | & } −   (4.8)

|: vazão mássica da água que escoa através do equipamento, expressa em kg/s;
& : calor específico da água, considerado constante e igual a 4180 J/kg. C
o

TS e TE: temperatura da água à saída e à entrada do chuveiro, respectivamente

Veja o exemplo a seguir:

Exemplo 3.6

Um chuveiro elétrico com potência de 4400 W aquece a água de 20ºC a 38ºC com uma vazão volumétrica
de 3 litros/min. Determine a taxa de transferência de calor para a água e a eficiência térmica do chuveiro,
discutindo seu significado físico.

Solução

Inicialmente, precisamos converter a vazão volumétrica da água (litros/min) para vazão mássica (kg/s).
Para tal, basta multiplicarmos a vazão volumétrica pela densidade da água nessa faixa de temperatura,
que será considerada constante e igual a 1000 kg/m³ ou 1 kg/litro.

3 < ,  1 P- 3 P- 3 P-
| =  = = = 0,05 P-/
 < ,  60 
= ‚
Assim: {á=` = 0,05  4180 38 − 20°C = 3762 3
=.° „

Portanto, a eficiência do chuveiro elétrico nessa condição é de:

{á=` 3762 3
t*`b = = = 0,855 85,5%
3 4400 3

Significando que 85,5% da energia elétrica consumida pelo chuveiro foram convertidos em energia para
aquecimento da água e, portanto, ocorrem perdas da ordem de 14,5%.

De modo análogo, a eficiência térmica de coletores solares é calculada pela razão entre a taxa de
transferência de calor para a água e a energia solar incidente sobre a placa coletora. Lembrando que a
irradiação solar instantânea incidente no plano do coletor (G) corresponde a um fluxo de energia, sendo
expressa em W/m², para se obter a taxa de transferência de energia associada a irradiação solar ( Esolar),
aplica-se a equação:

+}‡ˆ‰Š = :  ‹Œ (4.9)

Portanto, a eficiência térmica dos coletores solares é dada por:

uávwx
t =
Ž‘’
(4.10)
Exemplo 3.6 (cont)

Em um coletor solar de 2m² de área externa, circula água com uma vazão mássica de 2,4 kg/min,
aquecida de 20ºC para 28ºC em sua primeira passagem pelo coletor. A irradiação solar incidente no
plano do coletor e medida durante o mesmo período é de 1000 W/m². Determine Qágua e a eficiência
térmica do coletor solar.

2,4 P- 2,4 P-
| = = = 0,04 P-/
 60 
= ‚
Assim: {á=` = 0,04  4180 28 − 20°C = 1337,6 3
=.° „

A eficiência térmica do coletor solar será de :

{á=` 1337,6 3
t = = QQQ y = 0,669 66,9%
+   2 ²

Ou seja, as perdas óticas e térmicas atingem 33,1%.

Portanto, para se aumentar a eficiência de um coletor solar, precisamos maximizar os ganhos de energia e
reduzir as perdas. Caso seja de seu interesse aprofundar nesse tema, faça o download em nosso Portal do
texto: Coletores solares e mecanismos de transferência de calor

A representação gráfica com ajuste linear da eficiência em função dos parâmetros envolvidos nos ganhos e
perdas energéticas adotada na etapa atual do PBE/INMETRO é exemplificada na Figura 5-5 para coletores
abertos e fechados.

O ajuste linear gera uma equação do tipo:

z ” x•–
t =
−] (4.11)
—

Figura 5-5 Representação gráfica da eficiência térmica


de coletores abertos e fechados

em que o termo independente a está associado aos ganhos de energia pelo coletor, sendo calculado pela
‰˜Ž™
equação:
= ;Š ce;
‰zš˜
o termo dependente b (inclinação da reta), relacionado às perdas totais que ocorrem no coletor PE dador
‰˜Ž™
por: ] = ;Š Uœ ;
‰zš˜

onde ATSP representa a área transparente do coletor solar. TE e Tamb correspondem à temperatura da água
à entrada do coletor solar e à temperatura ambiente, respectivamente.

Relembrando: FR é o fator de remoção que mede a eficiência da água para retirar a energia absorvida pela
placa; τα é o produto de duas propriedades ópticas associadas à capacidade do vidro de transmitir os
raios solares (τ e da tinta ou do revestimento da placa absorvedora de absorver essa irradiação (α).

Finalmente, estamos aptos a entender a informação da Coluna 7 da Tabela do INMETRO: a eficiência


energética média é calculada para diferentes valores da abscissa no gráfico da Figura 5-5, a saber:

 z ” x•–  .%²
Para coletores fechados: = 0,02
— y

 z ” x•–  .%²
Para coletores abertos: = 0,005
— y

Coluna 6: Produção Média Mensal de Energia

Para determinar a produção média de energia define-se inicialmente um dia padrão de modo a simular a
operação dos coletores solares nas mesmas condições de operação (vazão por unidade de área e
temperatura de entrada da água no coletor solar) e condições climáticas (irradiação solar, temperatura
ambiente e velocidade do vento). Para o Brasil, foi escolhido o dia médio do mês de setembro para a cidade
de Belo Horizonte.

Os dados de entrada para a simulação são


os coeficientes a e b da equação (4.11) e
o valor experimental K, que expressa
basicamente o comportamento da
transmissividade do vidro a cada hora do
dia em relação ao seu valor ao meio-dia.

Portanto, o valor máximo de K é igual à


unidade, decrescendo para as primeiras
horas do dia e ao final da tarde.

Esses valores, aplicados ao dia padrão


conforme representado no diagrama da
Figura 5-6 permitem avaliar a produção Figura 5-6 Diagrama ilustrativo para cálculo da produção
específica de energia pelo coletor solar. mensal de energia

O valor da produção mensal específica de energia, expressa em kWh/m² - mês, é utilizado para classificar
os coletores solares, conforme Tabela 4-1.
Tabela 4-1 Faixas de classificação de coletores solares no PBE

As demais colunas são autoexplicativas.


6 RESERVATÓRIOS TÉRMICOS

Reservatórios térmicos etiquetados

Critérios de seleção

Desempenho Térmico

Perda mensal de energia

Palavras chave: Reservatórios térmicos. Programa Brasileiro de Etiquetagem. Desempenho Térmico.


Perda mensal de energia.

6.1 INTRODUÇÃO

Nesse ponto, trataremos do reservatório térmico e critérios de seleção baseados na Etiqueta do


INMETRO e cujos principais componentes já foram estudados no Capítulo 2. O reservatório térmico é
também conhecido por tanque ou boiler. Esse último, embora em inglês, foi adotado pelo mercado brasileiro
de aquecedores solares.

Devido ao caráter intrinsecamente intermitente da radiação solar, que intercala dias e noites,
períodos ensolarados, chuvosos e nublados, em toda instalação solar deve-se prever uma fonte
complementar de energia, como eletricidade ou gás, que garantirá o aquecimento auxiliar nos períodos sem
a insolação mínima requerida ou mesmo quando ocorrer um aumento eventual do consumo de água
quente.

6.2 RESERVATÓRIOS TÉRMICOS SOLARES

Os reservatórios térmicos de acumulação da água quente em instalações de aquecimento solar são


dimensionados para garantir a demanda diária de água quente na temperatura previamente definida.
Características Construtivas dos Reservatórios Térmicos

Os reservatórios térmicos podem ser classificados usualmente de duas maneiras:

Quanto ao seu posicionamento físico os reservatórios são classificados em horizontal e vertical,


como mostrado na Figura 6-1.
(a) horizontais (b) verticais
Figura 6-1 Reservatórios Térmicos.
Fonte: Agência Energia

Quanto ao tipo de funcionamento: podem operar em desnível ou em nível com a caixa de água
fria, conforme apresentado na Figura 6-2. Reservatórios em desnível operam sempre cheios, mas aqueles
que operam em nível variam de acordo com o nível da caixa de abastecimento. Reservatórios em nível são
mais fáceis de instalar sob o telhado, mas têm a desvantagem de apresentar falha em casos de falta de
abastecimento de água. Nesses casos, o retorno de água dos coletores pode ficar acima do nível da água,
o que provoca paralização da circulação de água por termossifão.

(a) desnível (b) nível

Figura 6-2 Funcionamento de reservatórios Térmicos.


Fonte: Soletrol

6.3 COMO ESCOLHER CORRETAMENTE UM RESERVATÓRIO TÉRMICO

Para a seleção de reservatórios térmicos solares, é fundamental consultar e entender as


informações disponibilizadas na Tabela do INMETRO em função do tipo de reservatório desejado, conforme
Figura 6-3.
Figura 6-3 Informações disponíveis no site do INMETRO

Nesse exemplo, vamos selecionar “reservatórios térmicos solares – baixa pressão”. Uma reprodução parcial
da tabela, acesso em 27/06/2013, é mostrada na com a seguinte legenda:

A: número da edição da publicação da tabela (04/2013)

B: data de sua última atualização (26/06/2013)

C: informação consolidada com número de empresas (40), marcas (46) e modelos etiquetados (215)

Figura 6-4 Reprodução parcial da Tabela do INMETRO para reservatórios de baixa pressão
5.3.1 Decifrando a Tabela do INMETRO

Colunas 1 a 3: Informações sobre o produto – fabricante, marca e modelo

Coluna 4: Volume (litros)

O INMETRO reorganizou a tabela por fabricante e, assim, o


consumidor pode visualizar facilmente todos os reservatórios
oferecidos por determinada empresa para o nível de pressão
desejado.

O PBE/Reservatórios etiqueta apenas reservatórios de até 1000


litros de capacidade volumétrica.

Coluna 5: Potência das resistências (kW)

A potência da resistência, expressa em kW, é instalada


no RT para garantir o aquecimento complementar da água no
caso da energia solar não ser suficiente para garantir a demanda
de energia. A pesquisa na Tabela do INMETRO mostra que as
potências elétricas variam de 2kW a 5kW, embora alguns
fabricantes mantenham a mesma potência independentemente
do volume do tanque. Normalmente, se espera a instalação de
maiores potências para maiores volumes.

Para exemplificar o cálculo da potência mínima da resistência elétrica, o quadro a seguir mostra a
potência necessária para volumes de 200 litros e 400 litros.

Desprezando-se as perdas térmicas no tanque, a potência mínima pode ser calculada pela Primeira
Lei da Termodinâmica através da equação:

' ê 
  ^
,
çã 
,-

X Y  X Y = Z \
<é ,

 
 
á-
 ,,^
ó,

'ˆ  3600 £ = d¤Š g ∆ (5.1)

sendo VRT o volume de água dentro do tanque, expresso em litros, ∆T a temperatura requerida pela
água que varia de cidade para cidade e θ o tempo de acionamento da resistência, em horas. A constante
3600 é incluída para converter o valor do tempo em segundos.

Exemplo 5.1.

Determine a potência elétrica mínima do aquecimento auxiliar de um SAS para que seja possível
aquecer 1/3 do volume total de um tanque de 400 litros em 3 horas. A diferença de temperatura pretendida
é igual a 20ºC.

Substituindo-se esses valores na equação (5.1) tem-se:

= ‚
1  133 < ,   4,18  20℃
'ˆ =
# = ℃
= 1,03 P3
3ℎ  3600
*
Analise as situações propostas na tabela a seguir que ilustram o uso da equação 5.1:

Volume a ser Diferença de Potência


Volume total
aquecido temperatura Tempo (h) resistência
(litros) o
(litros) ( C) elétrica (kW)
200 67 20 3 0,52
200 67 20 1 1,55
200 200 20 3 1,55
400 133 20 3 1,03
400 133 20 1 3,1
400 400 20 3 3,1

Coluna 7: Perda específica de energia, em valores mensais

A perda de energia está associada à redução da temperatura média da água


que ocorre em um tanque mesmo com um bom isolamento térmico. Para a
simulação, o INMETRO considera a temperatura inicial da água igual a 50ºC
e temperatura ambiente de 21ºC.

Por exemplo, o RT de 300 litros tem uma perda mensal de 0,17 x 300 = 51
kWh – mês e o tanque de 1000 litros apresenta perda de 80 kWh – mês.

Para avaliar o impacto dessas perdas na temperatura do tanque, foi avaliado o comportamento da
temperatura em dois tanques: um de 200 litros e outro de 400 litros. O gráfico da Figura 6-5 mostra que,
embora a perda mensal de energia seja maior no tanque de 400 litros, a variação de temperatura da água é
menor. Esse resultado parece coerente para você?

54,0
Temperatura média da água (o C)

52,0

50,0

48,0

46,0

44,0

42,0

40,0
0 5 10 15 20 25

200 litros 400 litros

Figura 6-5 Exemplo da redução de temperatura em tanques de 200 litros e 400 litros
Se não, vamos imaginar outra situação:

Dois auditórios A e B possuem 200 e 400 pessoas, respectivamente, todas com R$50,00 na carteira. Ao
final das palestras, essas pessoas devem se quotizar para pagar R$ 5000,00 (no auditório A) e R$ 8000,00
(no auditório B). Vamos calcular o valor que cada pessoa terá ao deixar as salas:

Auditório A: cada pessoa dará R$ 25,00 e deixará o auditório com R$ 25,00

Auditório B: cada pessoa dará R$ 20,00 e deixará o auditório com R$ 30,00

Ou seja, mesmo pagando mais, as pessoas do auditório B ficarão com mais dinheiro, pois havia mais
pessoas para participar da “vaquinha”.

Voltando aos tanques, a analogia se complementa assim: mesmo tendo uma perda maior no tanque de 400
litros, como se tem mais massa de água para “ceder” energia, cada massa perderá menos e, portanto, sua
temperatura no final fica mais elevada. Ficou claro???

Coluna 7: Dimensões externas

Essa informação é
importante, pois permite
ao projetista escolher o
produto que melhor se
adapte às condições da
obra.

Note que para volumes


diferentes, o fabricante
mantém diâmetros iguais,
variando apenas o
comprimento do
reservatório.

As demais colunas são autoexplicativas.


7 DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS DE AQUECIMENTO SOLAR

Determinação da demanda diária de água quente

Demanda de energia

Volume do reservatório térmico

Área de coletores solares

Palavras chave: Dimensionamento de SAS. Volume do reservatório. Área coletora

7.1 INTRODUÇÃO

O bom dimensionamento de um sistema de aquecimento solar (SAS) exige conhecimento prévio de


vários parâmetros, a saber:

 hábitos de consumo de água quente pelos usuários finais: determinado pelos pontos de
consumo, vazão e temperatura de água quente e da frequência de uso;
 tipo da cobertura da obra ( caimento dos telhados, tipos de telhas, lajes, etc.) que receberá
os coletores solares;
 disponibilidade de radiação solar nas condições específicas da obra em função dos ângulos
de inclinação e orientação previstos;
 fatores climáticos locais: temperatura ambiente, velocidade do vento, risco de
congelamento;
 qualidade da água
 desempenho térmico dos produtos, segundo os dados disponíveis na Tabela do INMETRO

A estimativa da irradiação solar disponível no local e nas condições da instalação foi estudada no
Capítulo 3. Os critérios de seleção de coletores solares e reservatórios térmicos foram discutidos nos
Capítulos 4 e 5, respectivamente.

7.2 METODOLOGIAS PARA DIMENSIONAMENTO DA DEMANDA DE ÁGUA QUENTE

Nesse ponto, é importante avaliarmos a demanda de água quente e de energia requerida para
atender as necessidades do consumidor. A partir desse levantamento é possível definir-se volume de água
quente a ser armazenada diariamente e o número requerido de coletores solares de determinado modelo. A
Figura 7-1 mostra essas etapas que compõem no dimensionamento básico de um SAS e que permitirão
estimar o desempenho térmico de longo prazo da instalação solar e sua viabilidade econômica, a serem
estudados nos capítulos 6 e 7.

Figura 7-1 Etapas do dimensionamento de sistemas de aquecimento solar - SAS

Passo 1 - Visita técnica: essa etapa trata do levantamento das expectativas do empreendedor ou
usuário final quanto ao nível de conforto e economia a serem atingidos com o uso do SAS. Essa avaliação
pode ser feita com o uso de questionários que inclui uma pesquisa de hábitos dos futuros moradores, por
exemplo. Muitas vezes é importante orientar o entrevistado, pois se constata frequentemente uma tendência
para majorar o número diário de banhos e/ou de sua duração. Fato esse que tem impacto direto no preço
da instalação solar. Nessa etapa também é sugerida uma avaliação prévia dos locais disponíveis na obra
para inserção dos componentes de uma instalação solar in loco ou em projeto.

A visita ao local permite avaliar distâncias e espaços disponíveis para equipamentos de manobra,
largura de portas e acesso ao telhado ou cobertura. Também é importante considerar o fornecimento de
água e de energia elétrica ou gás, para o aquecimento auxiliar. Laughton (2010) sugere uma lista de
equipamentos e ferramentas que devem ser levadas nessas visitas técnicas e apresentadas no Anexo 1.

Passo 2 - Demanda diária de água quente: para dimensionar corretamente a necessidade de


água quente dos usuários, caracterizada pelo volume diário de água quente e temperatura de operação
requerida, é importante se ter conhecimento prévio de padrões de consumo para diferentes edificações
brasileiras, em função das classes sociais e das aplicações finais para o setor residencial, industrial e de
serviços.

O levantamento da demanda de água quente é feito com base em informações gerais obtidas a partir de:

 Normas de Instalações Prediais de Água Quente, como NB128 e NBR7198;


 Pesquisa de hábitos (rotinas diária) dos usuários potenciais ( passo 1)
 Observação, sensibilidade e bom senso;
 Experiência.

GHISI [2005] sugere as faixas de temperaturas de operação conforme Tabela 7-1 para diferentes
aplicações e para determinação dos volumes diários de água quente, recomendam-se os valores da Norma
ABNT NB128, cujos consumos específicos para diferentes aplicações, estão mostrados na Tabela 7-2..
Tabela 7-1 Temperaturas indicadas para a água quente em diferentes aplicações

Temperatura de operação
Aplicação
Indicada

Lavanderias 75º C a 85º C


Cozinhas 60º C a 70º C
Uso pessoal e banhos 35º C a 50ºC

Fonte: Ghisi [2005]

Tabela 7-2 Consumos específicos para diferentes aplicações a temperatura de 60°C

Edificação Consumo (litros)


Alojamento Provisório 24 per capita
Casa Popular ou Rural 36 per capita
Residência 45 per capita
Apartamento 60 per capita
Quartel 45 per capita
Escola Internato 45 per capita
Hotel (s/ cozinha e s/ lavanderia) 36 por hóspede
Hospital 125 por leito
Restaurante e similares 12 por refeição
Lavanderia 15 por kg roupa seca

Fonte: ABNT NB 128

Um cuidado especial que devemos ter ao usar os valores da Tabela 7-2 é que eles estão referenciados à
temperatura de 60ºC, mas o uso da água quente para banho, por exemplo, fica entre 38ºC a 40ºC.
Assim, pela Primeira Lei da Termodinâmica, o consumo corrigido para as aplicações banho seria dado pela
equação:
²³O´ FQ
Consumo¬­®®¯°¯±­ = ²²O´ µ (6.1)
¶·¸¹º

Os valores 983 e 993 correspondem à massa específica (densidade) da água a 60ºC e a 38ºC,
respectivamente. Nesse cálculo, o calor específico da água é cancelado, pois aparece no numerador e
denominador da fração da equação 6.1. Sua variação nessa faixa de temperatura é da ordem de 0,1%.
Portanto, em uma residência em que o consumo per capita é de 45 litros a 60ºC, o consumo de água
quente a 38ºC equivale aproximadamente a 70 litros por pessoa.

Entretanto esse valor não é aplicável a todas as residências e depende sobremaneira do padrão da
residência e da classe social dos moradores. Por exemplo, famílias mais abastadas usam normalmente
duchas com elevadas vazões muitas vezes superiores a 10 litros por minuto, enquanto em habitações de
interesse social são utilizados chuveiros com vazões de 3 litros por minuto. Nesses casos, a família precisa
economizar nas contas de consumo de água e energia. Além disso, recomenda-se bom senso, observação
e sensibilidade.
Outra forma de dimensionamento pode ser desenvolvida com base na vazão e capacidade dos
equipamentos de uso final no setor residencial, além do tempo e frequência de sua utilização. A Tabela 7-3
apresenta valores típicos para uso residencial.

Tabela 7-3 Vazão de água quente de equipamentos

Peças de Utilização Vazão total por peça


(litros/minuto)
Bidê 3,6
Chuveiro 7,2*
Lavabo 7,2
Tanque (lavanderia) 18**
Pia cozinha 15

* Este número, por exemplo, é bastante controvertido. No caso de casas populares onde são instalados chuveiros de
potência até 4400W, a vazão do banho é limitada pelo próprio equipamento em 3 litros/minuto.

** As máquinas de lavar roupas, assim como as lava-louças consomem quantidades pré-definidas de água para cada
ciclo. Recomenda-se verificar com o fabricante do equipamento ou manual de instruções o volume e temperatura da
água a ser utilizada.

Perfil do Consumo de Água Quente no Setor Residencial

Quando a demanda de água quente coincide com o período de insolação, o SAS opera com maior
eficiência e a necessidade de armazenamento diminui. Se a maior demanda ocorre no período da manhã, a
água quente precisa ser gerada no dia anterior e armazenada durante toda a noite. Nesse caso, a escolha
do reservatório térmico deve contemplar os produtos com a menor perda específica de energia. Tais
considerações exemplificam a importância do perfil de consumo da água quente no dimensionamento do
SAS.

No Brasil, infelizmente, tem-se grande carência de informações sistematizadas sobre os hábitos


típicos no setor residencial. A CEMIG considera um perfil bastante concentrado de demanda de água
quente nas residências onde seu uso se restringe à aplicação banho, ou seja, cerca de 30 % do volume
total armazenado são consumidos nas primeiras horas da manhã e os 70% restantes entre 17 e 21 horas.

No projeto de Avaliação de Instalações de Aquecimento Solar (ELETROBRAS PROCEL, 2010)


foram encontrados dois perfis de consumo em habitações de interesse social no Rio de Janeiro, sendo que
o horário do banho foi declarado pelo entrevistado em situações bem definidas, Figura 7-2 e Figura 7-3.

Figura 7-2 Hábito do banho diário em comunidades mais próximas ao centro da cidade
do Rio de Janeiro
Figura 7-3 Hábito do banho diário em comunidades mais distantes do
centro da cidade do Rio de Janeiro

A Figura 7-2 trata de conjuntos habitacionais mais próximos ao centro da cidade do Rio de Janeiro e
que utilizam coletores metálicos de classificação A no INMETRO, sendo declarado que 35% dos banhos
ocorre entre 6h e 9h e 28,5% entre 18h e 21h. No caso da Figura 7-3, a Concessionária LIGHT, responsável
pelo Projeto Baixada Fluminense, optou pela instalação de coletores poliméricos, classificação D à época e
hoje com produção descontinuada. Esses conjuntos situam-se a maiores distâncias do centro da cidade,
sendo que 19,8% dos banhos ocorrem entre 6h e 9h e 46,6% entre 18h e 21h. As fotos da Figura 7-4
mostram as duas tecnologias utilizadas pela LIGHT.

(a) coletores metálicos (b) coletores poliméricos

Figura 7-4 Tecnologias utilizadas no Projeto Baixada Fluminense/LIGHT


Fonte: Eletrobras Procel (2010)

O volume diário de água quente desagregado em função da hora do dia em uma residência ainda é
conhecido, na maioria das vezes, por autodeclaração e denomina-se histograma de consumo. Uma
evolução desse processo é o estabelecimento de programas de Medição e Verificação (M&V) para
validação dessas metodologias de estimativa aqui estudadas.

Nível de conforto

Entende-se por nível de conforto no uso da água quente a relação entre vazões, tempo de utilização
e temperatura. O nível de conforto influencia sobremaneira o consumo total de água quente em uma
residência. As vazões típicas apresentadas por um chuveiro elétrico ficam entre 3 e 6 litros por minuto.
Duchas podem apresentar vazões muito maiores. No Projeto de Avaliação de Instalações de Aquecimento
Solar (ELETROBRAS PROCEL, 2010) foram encontradas vazões superiores a 30 litros por minuto.

Entretanto, não é correto trabalhar com esses limites no momento em que buscamos o
desenvolvimento sustentável para o nosso país. Por isso, recomenda-se para um bom nível de conforto
ajustar a vazão da água entre 6 e 10 litros por minuto. O tempo de banho é o outro fator que determina o
nível de conforto e está associado também ao numero de banhos diários. Segundo a Pesquisa de Posse de
Eletrodomésticos e Hábitos de Uso - 2005 (PPH) identificou-se que 65,4 % dos entrevistados declaram
tomar banhos de até 10 minutos. Dessa forma, pode-se tomar como referencia nos dimensionamentos, um
tempo de 6 a 10 minutos por banho. A Tabela 7-4 também auxilia no dimensionamento, correlacionando as
peças de utilização e o consumo diário de água quente a 40º C.

Tabela 7-4 Consumo médio de água quente por ponto de utilização

o
Peças de Utilização Consumo diário a 40 C
Ducha 70 a 90 litros/pessoa
Lavatório 5 a 7 litros/pessoa
Bidê 5 a 7 litros/pessoa
Cozinha 24 litros/pessoa
Banheira 30% a 50% do volume da banheira

7.3 DIMENSOL - LEVANTAMENTO DA DEMANDA DE ÁGUA QUENTE

Para facilitar o uso do software, será proposto um Estudo de Caso que o aluno pode implementar
concomitantemente ao estudo dessa seção.

Estudo de Caso 6.1.

Uma família, composta por dois adultos e dois adolescentes, mora em uma casa de alto padrão,
sendo previsto:

 Duchas: 5 banhos por dia com vazão de 8 litros/min e duração média de 10


minutos.
 Lavabo e pias dos banheiros: vazão de 3 litros/min e uso de 40 minutos por dia
 Pia da cozinha: vazão de 3,6 litros/min e uso de 60 minutos por dia
 Banheira Hidromassagem de 150 litros: uma vez por semana

Na tela inicial do Dimensol, deve ser selecionado o ícone Dimensionamento, conforme mostrado na

Figura 7-1Figura 7-5 e, aplicando-se as demandas da família na tela do programa, são obtidos os valores
mostrados na Figura 7-6. O consumo diário de água quente dessa família é de 757 litros.
Figura 7-5 Tela inicial do Dimensol para Dimensionamento

Figura 7-6 Demanda de água quente para o Estudo de casos 6.1

Caso haja dúvida nos valores a serem utilizados para as diferentes peças, basta clicar sobre
“valores sugeridos” que são apresentadas faixas de consumo e condições de operação típicas ( Figura 7-7)
Figura 7-7 Valores sugeridos para dimensionamento do SAS

A opção “Gráfico” da tela do Dimensol mostra a participação percentual de cada peça e uso final da
água quente (Figura 7-8) e que permite visualizar o maior consumo das duchas, conforme esperado.

Figura 7-8 Participação percentual de cada peça na demanda diária de água quente

Assim, concluímos que para atender essa família seria necessário um reservatório de 700 litros a
800 litros. Consultando a Tabela do INMETRO para reservatórios térmicos solares de baixa pressão
(http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pbe/reservatorio-solar-bp.pdf), encontramos um único produto com
volume de 700 litros e vários fornecedores de tanques de 800 litros. Mais a frente, avaliaremos técnica e
economicamente as duas opções.

7.4 DEMANDA DE ENERGIA

O cálculo da demanda mensal de energia (Lmês) é feito com base na Primeira Lei da Temodinâmica
pela equação:
 ¼ ½¾w¿ÀÁ¿ ” x•– Â
»%ê = ρ ¤%ê hP3ℎ − êi
OFQQ
(6.1)

Onde
ρ: massa específica da água e igual a 1 kg/litro;
Vmês: volume mensal de água quente (Figura 7-6)
& : calor específico da água, considerado constante e igual a 4,18 kJ/kg. C
o

Tquente e Tamb: temperatura requerida para a água quente e a temperatura ambiente, respectivamente

A constante 3600 é usada para converter a unidade de energia para kWh.

Voltando ao estudo de caso 6.1, vamos calcular a demanda de energia da família proposta pela
equação 6.1, considerando a temperatura da água quente de 38º C e a temperatura ambiente média de
22ºC:

ou seja, Lmês = 422 kWh - mês

que é um valor muito elevado, considerando-se que essa energia se destina apenas ao aquecimento de
água. Ainda falta computar refrigeradores, iluminação, ar condicionado, etc

? Vamos economizar? O que podemos sugerir a essa família?

7.5 CÁLCULO SIMPLIFICADO DA ÁREA DE COLETORES

A área total de coletores solares necessária para atender à demanda de energia estimada pela
equação 6.1 é definida pelas condições climáticas de instalação dos coletores na obra e, claro, pelas
características operacionais e de projeto do modelo selecionado

Para um pré-dimensionamento rápido, o número de coletores e, consequentemente, a área coletora


total pode ser determinada a partir dos dados da Tabela do INMETRO cujos critérios atuais de classificação
do coletores solares no Brasil são mostrados na Tabela 7-5.

Tabela 7-5 Classificação de Coletores Solares – Aplicação Banho

Fonte : INMETRO
Considerando-se dois coletores genéricos A e C, com produções mensais de energia da ordem de
84,4 kWh/mês/m² e 70,3 kWh/mês/m², respectivamente, para os valores gerados no Estudo de casos 6.1
seria recomendada a instalação de :

 5,0 m2 do coletor A
 6,0 m2 do coletor C

ou seja, um acréscimo de 20% na área coletora.

Cabe ressaltar que este cálculo é apenas orientativo e, portanto, não deve ser adotado como
metodologia de projeto. O valor da produção de energia mensal do coletor solar, expresso na etiqueta do
INMETRO, só é válido para comparação entre produtos desde que, conforme vimos anteriormente, esse
valor é calculado para o dia padrão que corresponde ao dia médio do mês de setembro para BH/MG.

Para realizar um cálculo específico para determinada localidade e para as condições da obra, será
estudado o Método da Carta – F , a seguir.
8 MÉTODO DA CARTA-F

Modelo da carta F

Parâmetros de simulação

Relação Volume do reservatório por área coletora

Palavras chave: Modelo da carta F. Desempenho anual SAS

8.1 INTRODUÇÃO

Uma pergunta bastante frequente a ser respondida quando da substituição de combustíveis


convencionais pelo aquecimento solar é: Afinal, qual será a economia que terei em minha conta mensal de
energia elétrica ou de gás?”

A economia a ser atingida dependerá do padrão de consumo de cada residência: hábitos dos
moradores, eletrodomésticos usados, frequência de sua utilização e tarifas praticadas pela concessionária
de energia elétrica local.

Por exemplo, uma residência da classe A onde se utiliza, de forma intensiva, água quente em
duchas de elevada vazão, em banhos de longa duração, em banheiras de hidromassagem, na cozinha e
lavanderia, a conta de energia elétrica ao final do mês é bastante elevada. Entretanto esse valor também é
decorrente do uso do ar condicionado em todos os cômodos, de fornos elétricos e de micro-ondas, de
geladeiras e congeladores de diferentes portes, etc. Neste caso, embora o consumo de água quente seja
alto, o impacto na conta mensal de energia elétrica decorrente do aquecimento solar poderá ser
relativamente menor ao obtido em uma habitação de interesse social que dispõe apenas de uma televisão e
geladeira pequena e cuja participação do chuveiro na conta de energia é muito mais significativa do que no
primeiro caso, inclusive pelo maior número de moradores.

De uma forma geral, pode-se afirmar que a substituição de sistemas convencionais de aquecimento
de água por energia solar atende a uma dicotomia do mercado brasileiro: Conforto versus Economia. Em
determinadas classes sociais, busca-se intensivamente o maior conforto propiciado pelo aquecimento solar
central, enquanto que para a classe média e de baixa renda, a economia obtida torna-se cada vez mais
importante e decisiva.

Para a avaliação da economia de energia elétrica obtida com a utilização do aquecimento solar, nas
condições específicas de cada obra, utiliza-se, internacionalmente, o Método da Carta F. Este método
avalia a contribuição da energia solar na demanda total de energia elétrica para aquecimento de água,
conhecida como fração solar.
8.2 A FRAÇÃO SOLAR – F

Este método foi desenvolvido por Beckmann et al. [1977] com base na compilação e consolidação
dos resultados de várias simulações matemáticas e avaliações de condições operacionais reais de
instalações de aquecimento solar. Ele permite avaliar o desempenho térmico dessas instalações a médio e
longo prazo, a partir do conhecimento adquirido nos temas anteriores, como:

 Constantes a e b da eficiência térmica do coletor solar


 Coeficiente K
 Volume do reservatório térmico
 Área de coletores

A fração solar (fi )para um determinado mês do ano é definida como a razão entre
a energia suprida pelo sistema de aquecimento solar (Qsolar) e a demanda mensal de energia (Li), calculada
pela equação:

Q solar
fi = (7.1)
Li

Beckman et al. [1977] propuseram dois parâmetros adimensionais e empíricos X e Y, a saber:

AC FR U L (TREF − Tamb )∆t i


X = (7.2)
Li
AC FR (τ cα p )θ H T N
Y= (7.3)
Li
onde cada grandeza é definida no quadro a seguir:

Grandeza Definição Unidade (SI)

AC área total de coletores solares m2

produto do fator de remoção e coeficiente


global de perdas térmicas do coletor
FR UL W / m2 °C
solar, correspondente à inclinação da
curva de eficiência térmica instantânea

temperatura de referência, considerada


TREF °C
constante e igual a 100°C

temperatura ambiente média para o mês


Tamb °C
em questão

∆t duração do mês segundos


demanda total de energia para
Li aquecimento do volume de água (V), Joule
calculada pela equação

produto do fator de remoção,


transmissividade do vidro e absortividade
FR (τc αp)θ W / m2 °C
da tinta dos coletores, para ângulo médio
de incidência da radiação direta **

radiação solar diária em média mensal


HT incidente no plano do coletor por unidade J/m²
de área
Ni número de dias do mês
** Duffie e Beckman [2006] recomendam, quando essa informação não estiver disponível, adotar o valor de
0,96* FR (τcαp)n, ou seja, 96% do valor medido experimentalmente durante os ensaios do PBE / INMETRO.

Avaliando-se cuidadosamente as equações 7.2 e 7.3, constata-se que o parâmetro X está


relacionado às perdas térmicas do coletor solar, enquanto o parâmetro Y depende da energia solar
absorvida pela placa. Portanto, conclui-se que no dimensionamento de uma instalação de aquecimento solar
deve-se buscar valores de X cada vez menores, enquanto os valores de Y devem ser sempre maximizados.

A determinação da fração solar f pode ser feita pelo ábaco da Figura 8-1, apresentada a seguir, ou
da seguinte equação empírica, proposta por Klein:

f = 1,029Y − 0,065X − 0,245Y 2 + 0,0018X 2 + 0,0215Y 3 (7.4)

A adoção deste modelo deve atender às restrições mencionadas na tabela a seguir, citadas por
Duffie e Beckmann:

Tabela 8-1 Faixa de Parâmetros de Projetos Usados


no Desenvolvimento da Carta – F

0,6 < (τα


τα )n
) < 0,9
5 < FRA C < 120 m²
2,1 < UL < 8,3 W/m²°C
30 < β < 90°
83 < (UA)h < 667 W/°C

A equação 7.4 pode ser representada graficamente na forma:

Figura 8-1 Ábaco para Determinação da Fração Solar - F


7.2.1 Fator de Correção Xc1

O Modelo da Carta- F foi desenvolvido considerando-se uma relação de 75 litros de água quente
2
armazenada por m de área coletora. Entretanto, para determinadas condições operacionais esta relação
não é recomendada. Para o Brasil, devido à nossa diversidade climática tal relação não é adequada para
todas as cidades.

Nesses casos, Duffie e Beckman [2006] propuseram uma correção no adimensional X, dado pela
equação:

−0 , 25
 relação volume/área 
X c1 = X  (7.5)
75 l/m 2 
 

7.2.2 Fator de Correção Xc2

Esta segunda correção também se torna necessária pela diversidade da nossa situação frente à
realidade americana, no que se refere à necessidade de aquecimento de água e do ambiente na maioria
das residências. Quando o uso da energia solar restringe-se apenas ao aquecimento de água, Duffie e
Beckman [1991] propuseram uma segunda correção ao adimensional X, na forma:

11,6 + 3.86Trede + 1.18Tf, min - 2,32T amb 


X c 2 = X c1   (7.6)
 100 - T amb 

em que:

Trede : temperatura na qual a água é admitida da rede pública

Tf,min: temperatura mínima desejável de água quente.

Obs: as temperaturas são expressas em graus Celsius.

Assim, a equação 7.4 deve ser recalculada para incluir as duas correções propostas.

7.2.3 Fração Solar Anual F

A fração solar anual F é definida como a razão entre a soma das contribuições mensais do
aquecimento solar e a demanda anual de energia que seria necessária para fornecer o mesmo nível de
conforto. É dada pela equação:

12

∑ fL i i (7.7)
F= i=1
12

∑L
i=1
i

Um exercício completo e as planilhas automatizadas de cálculo estão disponíveis no material complementar


a este manual.
8.3 EXEMPLO DE APLICAÇÃO

Retornemos ao estudo de caso 6.1 para exemplificar o uso das equações estudadas nesse capítulo
e do cálculo automatizado pelo programa DIMENSOL para determinação do desempenho anual do
aquecimento solar.

Alternativa 1: Cidade de Jau/SP (orientado para o Norte Geográfico e inclinação de 14º (Figura 8-2)
Coletores solares classificação – A: (modelo hipotético da base de dados do Dimensol): 3 coletores
Volume do tanque: 800 litros

Figura 8-2 Reprodução da tela do Dimensol para a cidade de Jau/SP – Estudo de caso 3.1

Para a seleção do coletor, veja orientação na Figura 8-3

Figura 8-3 Tela Dimensol para escolha do coletor solar


Para encontrar os valores relativos ao produto já cadastrado, siga a orientação: clique no ícone do
coletor para abrir a tela com as informações necessárias para determinação dos parâmetros X e Y (Figura
8-4). Caso o modelo não esteja previamente cadastrado, você pode efetuar um novo cadastro a partir dos
dados da Tabela do INMETRO.

Figura 8-4 Informações disponíveis no cadastro dos coletores solares

Vamos fazer o passo a passo para o mês de abril na cidade de Jau. Para os demais meses,
usaremos o programa Dimensol.

Cálculo do parâmetro X

Item Referência

AC = 3x 2m² = 6m² Figura 8-4

FR UL = 6,5 Figura 8-4

TREF = 100ºC Nomenclatura eq. 7.2 e 7.3

Tela Dimensol, clique “base


Tamb = 21,9ºC = 22ºC
de dados” + “cidades”

Li = 422kWh
Valores do exemplo da seção
6.4 (demanda de energia)
LI= 422 x 3600 = 1519.200kJ = 1.519.200.000J

∆ti = 30 (dias) x 24 (horas)/dia x 3600s/h


∆ti = 2.592.000 segundos

W
6m ² x 6,5 (100 − 22)o C x 2.592.000s
X = m² C = 5,2
1.519.200.000 J
Cálculo do parâmetro Y

Item Referência

AC = 6m² Figura 8-4

FR (τα) = 0,73 Figura 8-4


FR (τα)θ = 0,96 x 0,73 = 0,70 observação das eq. 7.2 e 7.3

HT = 585.3 MJ/m² = 585.300.000 J/m² - mês Figura 8-2

Não será necessário


multiplicar pelo número de
N = 30 (dias) dias, pois o valor calculado
pelo Dimensol já está
totalizado para o mês

,
J
6m² x 0,70 x 585.300.000
Y= m² = 1,6
1.519.200.000 J

Para cálculo da fração solar – f – podemos usar a equação 7.4 ou o ábaco da Figura 8-1. Veja que
os resultados são iguais, a saber:

f = 1,029 x 1,6 − 0,065 x 5,2 − 0,245 x 1,6 2 + 0,0018 x 5,2 2 + 0,0215 x 1,6 3 = 0,818

O cálculo do fator de correção 1 é feito com a equação 7.5, a partir dos dados obtidos e do volume
do tanque e área de coletores definidos na Alternativa 1:

−0 , 25
 800/6 
X c1 = 5,2 x  2 
= 4,50
 75 l/m 

Para o fator de correção 2, equação 7.6, consideramos a temperatura da água da rede local igual à
temperatura ambiente. Para o valor da temperatura mínima aceitável, utilizamos 36ºC, a saber:

11,6 + 3.86 x 22 + 1.18 x 36 - 2,32 x 22  =5,07


X c 2 = X c1  
 100 - 22 

f = 0,824

Para todos os meses do ano, tem-se:

Obs. Veja que temos uma pequena diferença no valor obtido no mês de abril pelas equações e pelo
Dimensol, atribuída aos arredondamentos feitos.
9 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA

Viabilidade econômica:

Impacto das dimensões e custo do SAS

Importância do custo da energia complementar

Palavras chave: SAS – tempo de retorno de investimento

9.1 INTRODUÇAO

A decisão quanto à troca de equipamentos convencionais de aquecimento por energia solar ou


mesmo a instalação pura e simples deste, se constitui em um exemplo de utilização de conceitos de Análise
de Investimentos, ramo da Matemática Financeira, cuja maior preocupação é com o comportamento do
capital no tempo.

A Análise de Investimentos é definida como “o conjunto de técnicas que permitem a comparação, de


uma maneira científica, entre os resultados de tomada de decisões referentes a alternativas diferentes.”

Além das técnicas utilizadas, que serão posteriormente demonstradas, são vários os aspectos a
serem observados no momento em que se faz necessária uma tomada de decisão, devendo se considerar,
ainda, que tal decisão envolve componentes financeiros e não-financeiros.

O primeiro aspecto a ser considerado diz respeito ao fato de que, quando há necessidade de se
decidir quanto à utilização de energia solar, não se pode trabalhar com uma alternativa única. Assim, caso
se pense em substituição, deve-se analisar o ganho econômico-financeiro em relação ao sistema anterior,
enquanto se só se pensar em aquecimento, quando este não existia, tem-se que pensar em termos de
conforto, embora, sempre, não se possa dimensioná-lo, em termos financeiros.

O segundo seria a preocupação em só se comparar alternativas homogêneas. No caso de


substituição, por exemplo, de chuveiros elétricos por coletor solar, o volume e temperatura da água
deveriam ser equalizados para que a comparação se torne justa.

Um outro aspecto, o terceiro, diz que apenas as diferenças de alternativas são relevantes. Desse
modo, se houver, por exemplo, troca de uma bomba de calor por coletores, o investimento na bomba não
seria considerado, nem na situação atual, tendo em vista que ela já foi adquirida e está em funcionamento e
não haveria necessidade de aquisição de outra para servir ainda como um equipamento auxiliar, pois ela já
existe.

O quarto aspecto a ser observado é que as alternativas estudadas devem sempre considerar o
valor do capital no tempo, ou seja, valores nominalmente iguais em investimentos, custos operacionais ou

em redução de gastos, porém ocorrendo em épocas distintas, na realidade, são diferentes quando
analisados sob a ótica da matemática financeira ou da análise de investimentos

O quinto aspecto diz respeito ao problema do capital escasso. Qualquer alternativa que exija
quantia superior aos recursos disponíveis, sejam próprios ou de terceiros, deve ser descartada.

O sexto ponto fala da necessidade de que decisões separáveis devem ser tratadas isoladamente.
Por exemplo, se uma empresa estiver analisando, simultaneamente, a troca de chuveiros elétricos e de
aquecimento industrial por energia solar, os dois projetos devem ser analisados separadamente, pois um
deles pode ser viável e o outro não, mas em conjunto serem viáveis. Nesse caso, se optasse apenas pelo
projeto que é viável, seu ganho seria maior.

O sétimo aspecto recomenda que se atribua certo peso para aquelas previsões que apresentam
determinado grau de incerteza. É o que ocorre, por exemplo, com as estimativas das médias de
temperatura e dos dias de chuva, quando se projeta a utilização de coletores solar.

Outra situação que deve ser levada em consideração na elaboração de um projeto diz respeito aos
aspectos qualitativos não quantificáveis em termos monetários. Nesse caso, podem ser incluídos os
impactos ambientais, como ocorre com a geração de CO2, quando se utiliza o aquecimento através de óleo
combustível, diesel, GLP e gás natural

Finalmente, os dados econômicos e gerenciais são de extrema importância na tomada de decisão.


Principalmente, para empresas, a vida útil de determinados equipamentos pode não corresponder aos
prazos determinados por lei. Dessa forma, deve-se levar em conta, sempre, o prazo real além de se
considerar o reinvestimento em equipamentos.

A Análise de Investimentos, basicamente, utiliza quatro métodos para determinação da viabilidade


ou não de algumas decisões.

Esses métodos são os cálculos do VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL), da TAXA INTERNA DE
RETORNO (TIR), do PAY BACK SIMPLES e do PAY BACK DESCONTADO.

9.2 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)

O Valor Presente Líquido (VPL) descapitaliza os desembolsos e economias ao longo do tempo de


duração do projeto para o tempo atual, utilizando-se a seguinte fórmula:

FV1 FV2 FV3 __ FVn

VPL = ----------- + ----------- + ----------- + ...... + ---------- (8.1)


1 2 3 n
(1 + i) (1 + i) (1 + i) (1 + i)

Onde:

VPL: valor atual

FV: valor de um desembolso ou de um ganho no futuro

i: taxa de juros mensal (da poupança ou de qualquer outra aplicação pertinente)

n: prazo (expresso em meses)


O projeto será viável se o VPL for positivo.

9.3 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR)

A Taxa Interna de Retorno (TIR) que corresponde a uma taxa mensal que anula o Fluxo de Caixa,
determinando a real rentabilidade gerada pelo projeto, ou seja:

E0 E1 E2 En
0= 0
+ 1
+ 2
+K+ (8.2)
(1 + i) (1 + i) (1 + i) (1 + i) n

Onde:

E: corresponde aos eventos (entradas ou saídas de recursos) que ocorrem ao longo do projeto.

O projeto será viável caso a TIR seja superior à taxa de atratividade i desejada.

9.4 TEMPO DE RETORNO DO INVESTIMENTO (PAY-BACK)

O Pay Back é calculado de duas maneiras:

Pay Back Simples tem o defeito de não considerar o valor do capital no tempo, mostrando apenas o
momento em que, através de valores nominais, acontece o retorno do investimento inicial.

Pay Back Descontado já considera o valor do capital no tempo, pois descapitaliza cada parcela ao
longo do projeto da mesma forma que a utilizada no VPL, mostrando o momento exato em que acontece o
retorno do investimento inicial agora em termos reais.

Em ambos os casos, o projeto só será viável se o prazo de retorno do investimento se der dentro do
período previsto, normalmente a vida útil do equipamento.

Para efeito didático, apresentaremos a análise de investimento de um sistema utilizando a planilha


de cálculos presente no material complementar deste livro texto.

Estudo de caso 8.1

Para um edifício residencial, tem-se os seguintes dados:

Localidade: Belo Horizonte – MG


o
Temperatura média: 21 C

Número de apartamentos: 16

Número de moradores por apartamento: 3

Tempo médio de banho: 10 minutos

Vazão média das duchas: 8 litros/minuto

Água quente nos lavatórios: sim

Água quente na cozinha: sim

Volume armazenado: 5.000 litros

Sistema de aquecimento auxiliar: resistências elétricas

Custo do kwh: R$ 0,55

Custo estimado da instalação: R$ 40.000,00

Vida útil dos equipamentos: 15 anos

Custo anual de manutenção da instalação: 2% ao ano

Fração solar média da instalação: 65%

Para decisão quanto à aquisição do equipamento levaremos em conta duas situações:


a
1 ) Pagamento à vista do equipamento,

Considerando-se a perda financeira da aplicação do investimento de acordo com uma taxa de


poupança de 0,75% (custo de oportunidade) ao mês
Tabela 9-1 Dados de Entrada – Situação 1

ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA - INSTALAÇÃO DE AQUECIMENTO SOLAR

RESIDÊNCIAS E SISTEMAS DE GRANDE PORTE

Dados de Consumo Dados Financeiros


TIPO DE CLIENTE Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 2 6,00%
Nº Pessoas por unidade 3,0 Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 3 6,00%
Nº de unidades 16 Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 4 6,00%
Nº total de pessoas 48,0 Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 5 6,00%
Consumo médio por usuário (litros) 112,00 Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 6 6,00%
Demanda Diária AQ (litros) 5.376,00 Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 7 6,00%
Volume Reservatório (litros) 5.000,00 Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 8 6,00%
Temperatura Amb. Local (ºC) 21 Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 9 6,00%
Demanda Energia Mensal (kWh) 4.494,34 Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 10 6,00%
Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 11 6,00%
Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 12 6,00%
Dados da Instalação Solar Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 13 6,00%
Fração Solar 0,650 Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 14 6,00%
Perdas no reservatório (kWh/mês/litro) 0,15 Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 15 6,00%
Consumo Mensal de EE (kWh) - solar + perdas 1.808,97 Preço do kWh R$ 0,55
% de Economia 59,75% Economia Mensal de EE (R$) 1.476,95
Economia Mensal de EE (kWh) 2.685,37 Economia Anual de EE (R$) 17.723,41
Economia Anual de EE (kWh) 32.224,39 Gasto Mensal de EE -aquecimento água (R$) 994,93
Preço da Instalação Solar R$ 40.000,00 Valor Total do Investimento R$ 40.000,00
Estudo da Viabilidade Econômica R$ 0,00 Valor do Desembolso Inicial R$ 40.000,00
Custo de Negociação e Parceria R$ 0,00 Valor do Financiamento Total R$ 0,00
Custo do Projeto de Engenharia R$ 0,00 Taxa mensal de financiamento 1,50%
Custos Adicionais de Instalação R$ 0,00 Custo de oportunidade (Aplicações) 0,75%
Valor Total do Investimento R$ 40.000,00 Nº de Prestações Mensais 1
Manutenção (% do investimento) 2,00% Valor da Prestação Mensal R$ 0,00

Tabela 9-2 Fluxo de Caixa – Situação 1

RETORNO DE INVESTIMENTO EM INSTALAÇÕES SOLARES


RESIDÊNCIAS E SISTEMAS DE GRANDE PORTE
Período Demanda Instalação Diferença
(meses) Energia Solar Nominal Atual Acumulada
0 R$ 40.000,00 R$ (40.000,00) R$ (40.000,00) R$ (40.000,00)
1 R$ 2.471,88 R$ 1.061,60 R$ 1.410,28 R$ 1.399,79 R$ (38.589,72)
2 R$ 2.471,88 R$ 1.061,60 R$ 1.410,28 R$ 1.389,37 R$ (37.179,43)
3 R$ 2.471,88 R$ 1.061,60 R$ 1.410,28 R$ 1.379,02 R$ (35.769,15)
4 R$ 2.471,88 R$ 1.061,60 R$ 1.410,28 R$ 1.368,76 R$ (34.358,86)
5 R$ 2.471,88 R$ 1.061,60 R$ 1.410,28 R$ 1.358,57 R$ (32.948,58)
6 R$ 2.471,88 R$ 1.061,60 R$ 1.410,28 R$ 1.348,45 R$ (31.538,29)
7 R$ 2.471,88 R$ 1.061,60 R$ 1.410,28 R$ 1.338,42 R$ (30.128,01)
8 R$ 2.471,88 R$ 1.061,60 R$ 1.410,28 R$ 1.328,45 R$ (28.717,72)
9 R$ 2.471,88 R$ 1.061,60 R$ 1.410,28 R$ 1.318,56 R$ (27.307,44)
10 R$ 2.471,88 R$ 1.061,60 R$ 1.410,28 R$ 1.308,75 R$ (25.897,15)
11 R$ 2.471,88 R$ 1.061,60 R$ 1.410,28 R$ 1.299,01 R$ (24.486,87)
12 R$ 2.471,88 R$ 1.061,60 R$ 1.410,28 R$ 1.289,34 R$ (23.076,59)
13 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.414,32 R$ (21.517,99)
14 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.403,79 R$ (19.959,39)
15 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.393,34 R$ (18.400,79)
16 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.382,97 R$ (16.842,20)
17 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.372,68 R$ (15.283,60)
18 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.362,46 R$ (13.725,00)
19 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.352,32 R$ (12.166,40)
20 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.342,25 R$ (10.607,81)
21 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.332,26 R$ (9.049,21)
22 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.322,34 R$ (7.490,61)
23 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.312,50 R$ (5.932,01)
24 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.302,72 R$ (4.373,41)
25 R$ 2.777,41 R$ 1.061,60 R$ 1.715,81 R$ 1.423,45 R$ (2.657,61)
26 R$ 2.777,41 R$ 1.061,60 R$ 1.715,81 R$ 1.412,86 R$ (941,80)
27 R$ 2.777,41 R$ 1.061,60 R$ 1.715,81 R$ 1.402,34 R$ 774,01
28 R$ 2.777,41 R$ 1.061,60 R$ 1.715,81 R$ 1.391,90 R$ 2.489,82
29 R$ 2.777,41 R$ 1.061,60 R$ 1.715,81 R$ 1.381,54 R$ 4.205,63
30 R$ 2.777,41 R$ 1.061,60 R$ 1.715,81 R$ 1.371,25 R$ 5.921,44

Verifica-se que o período onde a diferença no fluxo de caixa se torna positiva significa que ocorreu o
retorno do investimento.

TIR 3,39% a.m.


49,19% a.a.

VPL R$ 459.338,14

Pay-back descontado 27 meses


a
2 ) Financiamento de 50% do equipamento, com uma taxa de juros mensal de 1,5% .

Tabela 9-3 Dados de Entrada – Situação 2

ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA - INSTALAÇÃO DE AQUECIMENTO SOLAR

RESIDÊNCIAS E SISTEMAS DE GRANDE PORTE

Dados de Consumo Dados Financeiros


TIPO DE CLIENTE Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 2 6,00%
Nº Pessoas por unidade 3,0 Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 3 6,00%
Nº de unidades 16 Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 4 6,00%
Nº total de pessoas 48,0 Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 5 6,00%
Consumo médio por usuário (litros) 112,00 Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 6 6,00%
Demanda Diária AQ (litros) 5.376,00 Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 7 6,00%
Volume Reservatório (litros) 5.000,00 Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 8 6,00%
Temperatura Amb. Local (ºC) 21 Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 9 6,00%
Demanda Energia Mensal (kWh) 4.494,34 Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 10 6,00%
Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 11 6,00%
Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 12 6,00%
Dados da Instalação Solar Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 13 6,00%
Fração Solar 0,650 Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 14 6,00%
Perdas no reservatório (kWh/mês/litro) 0,15 Taxa de Aumento - Energia Elétrica - Ano 15 6,00%
Consumo Mensal de EE (kWh) - solar + perdas 1.808,97 Preço do kWh R$ 0,55
% de Economia 59,75% Economia Mensal de EE (R$) 1.476,95
Economia Mensal de EE (kWh) 2.685,37 Economia Anual de EE (R$) 17.723,41
Economia Anual de EE (kWh) 32.224,39 Gasto Mensal de EE -aquecimento água (R$) 994,93
Preço da Instalação Solar R$ 40.000,00 Valor Total do Investimento R$ 40.000,00
Estudo da Viabilidade Econômica R$ 0,00 Valor do Desembolso Inicial R$ 20.000,00
Custo de Negociação e Parceria R$ 0,00 Valor do Financiamento Total R$ 20.000,00
Custo do Projeto de Engenharia R$ 0,00 Taxa mensal de financiamento 1,50%
Custos Adicionais de Instalação R$ 0,00 Custo de oportunidade (Aplicações) 0,75%
Valor Total do Investimento R$ 40.000,00 Nº de Prestações Mensais 12
Manutenção (% do investimento) 2,00% Valor da Prestação Mensal R$ 1.833,60

Caso haja um aumento no custo de oportunidade ou na taxa de financiamento, haverá uma


ampliação no prazo de retorno.

Tabela 9-4 Fluxo de Caixa – Situação 2

RETORNO DE INVESTIMENTO EM INSTALAÇÕES SOLARES


RESIDÊNCIAS E SISTEMAS DE GRANDE PORTE
Período Demanda Instalação Diferença
(meses) Energia Solar Nominal Atual Acumulada
0 R$ 20.000,00 R$ (20.000,00) R$ (20.000,00) R$ (20.000,00)
1 R$ 2.471,88 R$ 2.895,20 R$ (423,32) R$ (420,16) R$ (20.423,32)
2 R$ 2.471,88 R$ 2.895,20 R$ (423,32) R$ (417,04) R$ (20.846,63)
3 R$ 2.471,88 R$ 2.895,20 R$ (423,32) R$ (413,93) R$ (21.269,95)
4 R$ 2.471,88 R$ 2.895,20 R$ (423,32) R$ (410,85) R$ (21.693,26)
5 R$ 2.471,88 R$ 2.895,20 R$ (423,32) R$ (407,79) R$ (22.116,58)
6 R$ 2.471,88 R$ 2.895,20 R$ (423,32) R$ (404,76) R$ (22.539,89)
7 R$ 2.471,88 R$ 2.895,20 R$ (423,32) R$ (401,74) R$ (22.963,21)
8 R$ 2.471,88 R$ 2.895,20 R$ (423,32) R$ (398,75) R$ (23.386,52)
9 R$ 2.471,88 R$ 2.895,20 R$ (423,32) R$ (395,78) R$ (23.809,84)
10 R$ 2.471,88 R$ 2.895,20 R$ (423,32) R$ (392,84) R$ (24.233,15)
11 R$ 2.471,88 R$ 2.895,20 R$ (423,32) R$ (389,91) R$ (24.656,47)
12 R$ 2.471,88 R$ 2.895,20 R$ (423,32) R$ (387,01) R$ (25.079,78)
13 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.414,32 R$ (23.521,19)
14 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.403,79 R$ (21.962,59)
15 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.393,34 R$ (20.403,99)
16 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.382,97 R$ (18.845,39)
17 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.372,68 R$ (17.286,80)
18 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.362,46 R$ (15.728,20)
19 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.352,32 R$ (14.169,60)
20 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.342,25 R$ (12.611,00)
21 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.332,26 R$ (11.052,41)
22 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.322,34 R$ (9.493,81)
23 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.312,50 R$ (7.935,21)
24 R$ 2.620,20 R$ 1.061,60 R$ 1.558,60 R$ 1.302,72 R$ (6.376,61)
25 R$ 2.777,41 R$ 1.061,60 R$ 1.715,81 R$ 1.423,45 R$ (4.660,80)
26 R$ 2.777,41 R$ 1.061,60 R$ 1.715,81 R$ 1.412,86 R$ (2.944,99)
27 R$ 2.777,41 R$ 1.061,60 R$ 1.715,81 R$ 1.402,34 R$ (1.229,18)
28 R$ 2.777,41 R$ 1.061,60 R$ 1.715,81 R$ 1.391,90 R$ 486,62
29 R$ 2.777,41 R$ 1.061,60 R$ 1.715,81 R$ 1.381,54 R$ 2.202,43
30 R$ 2.777,41 R$ 1.061,60 R$ 1.715,81 R$ 1.371,25 R$ 3.918,24

TIR 3,69% a.m.


54,55% a.a.

VPL R$ 457.334,94

Pay-back descontado 28 meses

Verifica-se que mesmo com financiamento de 50% do valor total da instalação o prazo de retorno do
investimento não aumenta significativamente. Este fato pode ser explicado através do fluxo de caixa da
instalação, uma vez que a economia gerada com o uso do aquecimento solar possibilita o pagamento das
prestações amortizando mais rapidamente o investimento realizado.

Agora, recomendamos que sejam feitos os exercícios de fixação disponíveis em nosso Portal e
faça, também, o download da planilha de análise econômica.
Anexo 1 - Visita técnica

Lista de equipamentos e ferramentas


Lista de Ferramentas
Bússola
Trena : medida precisa dos espaços disponíveis
Escada (para inspeção)
Lanternas ou lâmpadas de inspeção
Câmera digital
Anotações : quartionário, bloco de papel, lápis
Inclinômetro
Balde e cronômetro para cálculo da vazão de água atual

Sugestão para Questionário


IDENTIFICAÇÃO GERAL
Código do projeto ou atendimento Data:
Nome do Cliente: Endereço:
( ) residencial unifamiliar Limite de orçamento:

( ) residencial multifamiliar
( ) hospital
Aplicação do aquecimento solar a ser utilizado ( ) clínica
( ) hotel
( ) motel
( ) escola
( ) academia
( ) outros
Número de ocupantes
( ) Duchas Número : Frequência:
( ) Banheira Hidromassagem Número : Frequência:
( ) Torneiras Número : Frequência:
( ) Duchas higiênicas Número : Frequência:
Lista de pontos de consumo a serem atendidos ( ) Cozinha Número : Frequência:
pelo SAS ( ) Lavanderia Número : Frequência:
() Número : Frequência:
() Número : Frequência:
() Número : Frequência:
() Número : Frequência:
() Número : Frequência:
Aquecimento Auxiliar e Economia
( ) energia elérica Gasto mensal com energético:
( ) gás GLP
Outras fontes de energia disponíveis
( ) gas natural
( ) outros
Economia pretendida (kWh/mês)
Economia pretendida (m³ de gás/mês)

Código de obras ou restrições à instalação do SAS


Visita técnica
TELHADOS e COBERTURAS
Esboço do telhado (em anexo)
Desvio do Norte Geográfico
Ângulo de inclinação do telhado
( ) telhas ceramicas
( ) telhas de concreto
( ) telhas de pedra Fonte:http://www.casosdecasa.com.br/index.php/dicas-
Tipo de cobertura
( ) telhas fibrocimento uteis/entenda-quais-sao-os-diferentes-tipos-de-telhas/
( ) fibra vegetal
( ) outros
Outros elementos instalados no telhado e que
podem causar sombreamento
Desenhe um esboço mostrando possições e
(em anexo)
alturas desses elementos
PARA INSTALAÇÃO DO SAS
Altura do beiral
Equipamentos de acesso ao telhado

Localização do reservatório térmico

Distância coletor - reservatório

Locais para instalação de equipamentos e


acessórios ao SAS
( ) diretamente da rede
Origem da água fria
( ) caixa de água fria

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