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Monografia apresentada ao
Centro de Tecnologia e Geociências da
Universidade Federal de Pernambuco
como parte dos requisitos para obtenção do
Certificado de Especialista em
Engenharia de Instrumentação
Recife, 2009
Resumo
1
Figura 1-Triângulo da Explosão
Fonte: Senai(1999)
Observações
Só ocorrerá uma explosão se estiverem presentes substâncias inflamáveis no processo
de trabalho ou de produção, ou seja, se for utilizada pelo menos uma substância inflamável
como matéria-prima ou auxiliar, ou se surgir pelo menos uma substância inflamável como
produto residual, intermediário ou final, ou ainda se for possível a formação de pelo menos
uma substância inflamável em conseqüência de uma falha habitual.
Exemplo: As substâncias inflamáveis podem também surgir de modo não intencional, por
exemplo quando se armazenam ácidos fracos ou soluções alcalinas em recipientes de metal.
Neste caso pode formar-se hidrogênio por reação eletroquímica, o qual se pode acumular na
fase gasosa.
Substâncias e preparações (ainda) não classificadas, mas que preencham os critérios de
inflamabilidade ou que, de um modo geral, devam ser consideradas inflamáveis.
1. Gases e misturas de gases inflamáveis, por ex.: gás liqüefeito (butano, buteno,
propano, propeno), gás natural, gases de combustão (monóxido de carbono ou metano) ou
diversas substâncias químicas gasosas inflamáveis (acetileno, óxido de etileno ou cloreto de
vinilo, por ex.).
2. Líquidos inflamáveis, como, por ex., solventes, combustíveis, petróleo,óleos
lubrificantes ou óleos usados, vernizes, substâncias químicas insolúveis em água ou
hidrossolúveis.
3. Poeiras de matérias sólidas inflamáveis, por ex. carvão, madeira, alimentos para
consumo humano ou animal (açúcar, farinha ou cereais, por exemplo), matérias plásticas,
metais ou substâncias químicas.
Na avaliação dos riscos de formação de atmosfera explosiva devem ser observadas
as várias formas de operação de cada uma das partes do processo e das suas instalações como
principalmente:
condições de funcionamento normais, incluindo trabalhos de manutenção,
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mau funcionamento e falhas previsíveis,
uma má utilização razoavelmente previsível.
Os riscos de explosão devem ser avaliados globalmente. São elementos importantes:
os equipamentos de trabalho utilizados,
as características de construção,
as substâncias utilizadas,
as condições de trabalho e especificidade dos processos,
as possíveis interações entre estes elementos, bem como as interações com o ambiente
de trabalho.
O etanol( álcool etílico) é classificado com uma substância potencialmente
explosiva.
Estudaremos os critérios de classificação de áreas aplicados em um processo de
fabricação de desodorantes à base de álcool (tipo spray).
Como o processo já está construído e em funcionamento, iremos avaliar as
instalações elétricas e de instrumentação do processo sob a ótica das normas nacionais da
ABNT.
Na revisão bibliográfica apresentaremos os conceitos de classificação de áreas,
métodos de prevenção, em especial o método de segurança intrínseca.
O método de segurança intrínseca é baseado em seu modo de operação e consiste na
limitação de energia manipulada, de tal forma que não possa provocar uma explosão, no caso
de eletricidade a limitação da corrente, tensão e energia armazenada na forma de capacitância
de indutância.
1.1 Motivação
3
processo encontram-se instalados em dois níveis, sendo no nível térreo e em plataforma
metálica, configurando um mezanino.
O processo é composto por tanques de preparação e quatro tanques de esctocagem
de produtos fabricados.
O álcool utilizado como matéria-prima é aramazenado em dois tanques de
estocagem de 35.000 L enterrados em área próxima ao processo.
Os equipamentos principais do processo são válvulas tipo borboleta com
acionamento pneumático, conjuntos moto bomba de pequeno potência ( < 5CV) e células CE
carga nos tanques de mistura.
Na plataforma externa, há guarda de containers com matéria prima contaminada ou
sem condição de uso, como álcool.
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Figura 3-Fluxograma do processo dos tanques de estocagem de mátéria- prima
5
Figura 4-Fluxograma do processo de fabricação de desodorantes com os tanques de mistura de produtos
6
Todo o processo é controlado por um CLP da família SLC 500 da Rockwell
Auotmation. O processo de mistura é feito por uma pré-misturador para os pequenos
ingredientes e o processo principal em dois misturadoras que utilizam a recirculação das
bombas para realizar a homogeneização do produto.
O processo pode ser considerado simples, quando comparado com outros processos
como o petroquímico, pois não envolve nenhuma variável com pressão ou temperatura,
apenas dosagem e mistura de ingredientes pesados.
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2 Fundamentos de Classificação de Áreas conforme a
norma ABNT NBR 60079 parte 10
A classificação de áreas é um método de análise do ambiente, onde atmosferas
explosivas gasosas poderão ocorrer, de forma a permitir a seleção e instalação de
equipamentos elétricos especiais (também chamados de equipamentos Ex).
Em poucas situações é possível, através de simples observação de uma planta ou
desenho de projeto, indicar quais partes corresponderão às três categorias de classificação de
áreas (Zonas 0, 1 e 2). Uma análise mais detalhada é, portanto, necessária e envolve o estudo
das probabilidades de ocorrência da atmosfera explosiva.
O primeiro passo é fixar a probabilidade de formação da atmosfera explosiva. A IEC
passa a diferenciar reunindo dados como: a provável freqüência e duração da liberação, a taxa
de liberação, concentração, velocidade do vento, grau de disponibilidade da ventilação e
outros fatores que afetem o tipo e/ou a extensão da Zona, para confeccionar uma base de
dados consistente para determinar a provável presença da atmosfera explosiva.
Como recomendação básica, as áreas Zona 0 e 1 devem ser minimizadas em número
e extensão através de projeto (incluindo-se a especificação de equipamentos de processo com
baixas quantidades e freqüência de liberação) ou mediante adoção de adequados
procedimentos operacionais. Em outras palavras, cabe ao projeto de engenharia prover as
instalações majoritariamente como Zona 2 ou não-classificadas, de forma a aumentar a
segurança da unidade industrial.
Quando o projeto já foi executado e a probabilidade de alteração do mesmo não é
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exeqüível, torna-se necessário avaliar outras variáveis que possam compensar eventuais
discrepâncias com a norma, entre as quais a ventilação do prédio ou local da instalação.
O método de cálculo citado na IEC 60079-10 avalia a suficiência da ventilação e
permite a determinação do tipo de Zona atribuído à área classificada pelo seguinte
procedimento:
1) Estima-se a ventilação mínima requerida para prevenir o aparecimento de uma
atmosfera explosiva e usa-se esta vazão para calcular um volume hipotético com atmosfera
explosiva Vz, o qual com um tempo de dispersão estimado “t” permite determinar o grau de
ventilação.
2) Determina-se o tipo de zona a partir do grau e disponibilidade da ventilação e do
grau da fonte de risco. O método exposto pode também ser aplicado em áreas externas. Para
este caso, a IEC 60079-10 fornece uma tabela para referência.
Outro detalhe importante é que outras normas não avaliam com detalhes as
características físico-químicas das substâncias, preferindo considerar o ambiente da
instalação.
A simulação matemática da dispersão atmosférica de gases mais leves que o ar
(também denominados gases neutros) é executada por softwares de cálculos de conseqüência.
O comportamento dos gases neutros resulta na formação de nuvens que se estendem
as distâncias verticais consideráveis (grande dispersão vertical). Outra característica peculiar à
dispersão de gases neutros é que uma vez terminada a fase densa da dispersão, a ação da
turbulência atmosférica dilui a nuvem de uma forma tal, que a taxa de crescimento da altura
da nuvem é consideravelmente maior do que aquela esperada para um gás pesado.
Já os gases mais leves que o ar, denominados gases neutros (Gás natural,
Hidrogênio, CO2, entre outros) tende a dispersar de maneira vertical ou horizontal, conforme
a velocidade dos ventos ou o efeito de ventilação nos ambientes em que ocorre o vazamento,
tais como efeito chaminé de “lanternins”.
O vazamento de um líquido inflamável no ambiente, através de um orifício,
acarretará na formação de uma poça de produto que, após trocar calor com o solo e o
ambiente, irá evaporar-se.Se o produto envolvido for inflamável e a ignição ocorrer, o
fenômeno resultante é conhecido como incêndio de poça. A análise do comportamento de
incêndio de poça é realizada considerando-se, basicamente, as dimensões da poça e a taxa de
evaporação do produto, ou seja, a taxa na qual o produto deixa a poça e alimenta o incêndio.
No caso de não ocorrer a ignição imediata da poça pode-se, em determinadas
situações, estudar o comportamento de uma nuvem de vapor formada a partir da evaporação
da poça através da utilização de modelos de dispersão atmosférica.
Se o produto for inflamável, esta nuvem de vapor poderá, de acordo com a massa
envolvida e o seu grau de confinamento, dar origem a formação de uma massa de produto em
condições inflamáveis, que ao encontrar uma fonte de ignição poderá resultar em dois
fenômenos: flashfire ou UVCE (Unconfined Vapour Cloud Explosion).
Flashfire é a ignição retardada de uma nuvem de gás ou vapor sem efeitos de
sobrepressão, porém, com efeitos térmicos nas proximidades. Este evento não traz maiores
conseqüências à população circunvizinha, a menos que haja um indivíduo dentro da área
ocupada pela nuvem.
A UVCE é a ignição retardada de uma nuvem de gás ou vapor, onde ocorrem efeitos
significativos de sobrepressão, gerando danos às pessoas, equipamentos e edificações. A
diferença fundamental entre o flashfire e a UVCE está na massa de produto em condições
inflamáveis e no grau de confinamento da nuvem.
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Já para o estudo da explosão da fase vapor num tanque de armazenamento, a
principal característica que determinará num maior impacto é a pressão de vapor doproduto.
Quanto maior a pressão de vapor do produto, maior será a massa de vapor no interior do
tanque e, portanto, maiores serão as distâncias atingidas pela sobrepressão decorrente da
explosão.
De acordo com os fenômenos envolvidos nos vazamentos, foram utilizadas as
seguintes seqüências de cálculo:
Cálculo da taxa de vazamento
• Cálculo da formação e evaporação de poça;
• Cálculo da radiação térmica proveniente da poça;
• Cálculo da dispersão da nuvem para a concentração de interesse;
• Cálculo da explosão de nuvem de vapor na atmosfera.
• Explosão da fase vapor em tanques de estocagem
Como diferencial notável, a IEC 60079-10 procura levar em conta o ambiente da
instalação, especialmente sua ventilação.
Na avaliação do sistema de ventilação devemos considerar:
• Gases mais leves ou pesados que o ar;
• Mudanças na densidade do ar com a temperatura;
• Obstáculos que possam influenciar a ventilação.
A Tabela 1 resume como a NBR IEC 60079-10, classifica as áreas em função do
tipo de substância inflamável.
Tabela 1-Classificação de Àreas conforme NBR 60079-10- Classes
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período.
Para poeiras e fibras( Classe II e III) a classificação é feita conforme abaixo.
• Zona 20: Um local na qual uma atmosfera explosiva, na forma de nuvem de
poeira combustível, está presente continuamente, por longos período de tempo ou
frequentemente.
• Zona 21: Um local na qual uma atmosfera explosiva, na forma de nuvem de
poeira combustível no ar, é esperada ocorrer na eventualmente em condições normais de
operação.
• Zona 22: Um local na qual uma atmosfera explosiva, na forma de nuvem de
poeira combustível no ar, não é esperado de ocorrer em operação normal, mas se ocorrer,
permanece por um breve período de tempo.
A classe I não é classificado em Zona, pois sua particularidade de uso( Minas) não
necessita maiores detalhamentos.
A figura 4 (Fonte: Siemens), ilustra a classificação de áreas. O exemplo típico de
Zona 0 é a parte situada acima da superfície do líquido inflamável e interna a um tanque de
armazenamento, onde existe uma altíssima probabilidade de formação de mistura
inflamável/explosiva durante praticamente todo o tempo.
11
instalação.
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encontrados abaixo.
• EPL Ma- equipamento para instalação em uma mina susceptível a grisú,
tendo um nível “muito alto” de proteção, o qual possui segurança
suficiente que é improvável se tornar uma fonte de ignição em operação
normal, durante mal funcionamentos previstos ou durante mal
funcionamentos raros, mesmo quando deixado energizado na presença de
uma explosão de gás.
• EPL Mb- equipamento para instalação em uma mina susceptível a grisú,
tendo um nível de proteção “alto”, o qual possui segurança suficiente que
é improvável se tornar uma fonte de ignição em operação normal ou
durante mal funcionamento previsto em um tempo expandido na
explosão de gás e o equipamento sendo dezenergizado.
• EPL Ga- equipamento para atmosfera explosiva de gás, tendo um nível
de proteção “muito alto” o qual não é uma fonte de ignição em operação
normal, durante mal funcionamento previsto ou durante mal
funcionamentos raros.
• EPL Gb- equipamento para atmosferas explosivas de gás, tendo um nível
de proteção “alto”, o qual não é uma fonte de ignição em operação
normal ou durante mal funcionamento previsto.
• EPL Gc- equipamento para atmosfera explosiva de gás, tendo um nível
de proteção “elevado”, o qual não é uma fonte de ignição em operação
normal e que pode ter alguma proteção adicional para assegurar que este
permanece inativo como uma fonte de ignição no caso de ocorrências
regulares previstas (por exemplo falha de uma lâmpada).
• EPL Da- equipamento para atmosfera explosiva de poeira, tendo um
nível de proteção “muito alto”, o qual não é uma fonte de ignição em
operação normal, durante mal funcionamentos previstos, ou durante mal
funcionamentos raros.
• EPL Db- equipamento para atmosfera explosiva de poeira, tendo um
nível de proteção “alto”, o qual não é uma fonte de ignição em operação
normal ou durante mal funcionamentos previstos.
• EPL Dc- equipamento para uso em atmosfera explosiva de poeira, tendo
um nível de proteção “elevado”, o qual não é uma fonte de ignição em
operação normal e que pode ter alguma proteção adicional para assegurar
que este permanece inativo como uma fonte de ignição no caso de
ocorrências regulares previstas (por exemplo falha de uma lâmpada).
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Tabela 4 –Seleção do EPL quanto o grupo e Zona
Sabendo que existem diversos métodos de prevenção e que todos têm um código de
representação, por exemplo: à prova de explosão ( Ex-d). A tabela 5( Fonte: Franco, 2002)
mostra os métodos descritos na norma brasileira.
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Tabela 5 –Tipos de proteção
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A figura abaixo ilustra um certificado de conformidade emitido pelo OCP Cepel,
após os teste e ensaios realizados no laboratório Cepel / Labex:
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CAE que podem fazer a aplicação de equipamentos no local adequado e geração de relatórios
de inspeção e manutenção em tais equipamentos.
Na figura 8 ( Fonte: Bulgarelli) e figura 9 podemos ver exemplos da representação
tradicional de classificação de áreas em 2D e da classificação em 3D.
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encontrados projetos com a terminologia antigamente utilizada nas normas norte-americanas,
seja na documentação de projetos antigos ou na documentação de equipamentos importados
dos EUA.
Um resumo desta correlação entre as normas, pode ser representado nas tabela 5 e
6(Fonte: Franco, 2002) abaixo.
Tabela 6 –Correlação da classificação de áreas pelas NEC e IEC/NBR
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me função do graus de concentração do volume, observando que o ponto mais baixo das
curvas representam o ponto ótimo de combustão.
A figura 11( Fonte: Franco, 2002) também permitirá compreender que existe um
limite de concentração das substâncias inferior e superior que a torna explosiva.
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Figura 11-Limites de Explosividade de uma substância
Fonte: Maurício(2002)
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persiste o vazamento e/ou não pode evitar a persistência indevida após o vazamento ter sido
cessado.
Disponibilidade da ventilação Boa: A ventilação está presente praticamente, de
forma contínua.
Disponibilidade da ventilação Satisfatória: É esperada ventilação presente em
condições normais de operação.
São admitidas descontinuidades não freqüentes e por curtos períodos.
Disponibilidade da ventilação Pobre: Não se enquadra como Boa ou Satisfatória,
mas não são esperadas descontinuidades por longos períodos.
A tabela 8 ( Fonte:ABNT NBR 60079-0/2008) auxilia na classificação de área em
Zonas , que conforme dito anteriormente depende da ventilação e da disponibilidade da
substância.
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3 Estudo de Caso
3.1 Classificação do Processo
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Características da ventilação
Local: Galpão industrial com uma das faces aberta e venezianas laterais (Indoor)
- Velocidade do vento mínimo = 0,5 m/s (adotada conf. norma)
- número de trocas de ar =10/h (0,0028/s)**
- fator de restrição = 3 (com algumas restrições à circulação de ar)
- temperatura ambiente = 28ºC
- coeficiente de temperatura (t/293) = 1,017
** Na referência adotada neste estudo ”Arte de Projetar em Arquitetura”- Ernst Neufer
é indicado 2 trocas por hora para galpões indoor. Foi adotado um valor de 5 trocas por hora,
considerando a presença de uma face aberta ,uma porta aberta na face oposta criando corrente
de ventos e venezianas laterais no galpão das caldeiras.
1-Situação: 1-Ruptura total de tubulação ou acessórios - Etanol
Vazão mínima de ar
(dv/dt) min = (dc/dt) max / k x LEL x t / 293 = 1,05 /0,5 x0,028 x 301/293
vz = volume hipotético = 69,53 m3
vz= f x (dv/dt) min /c = 3 x 69,53 m³ /0,0028/s = 74496m3/s
V0-Volume do galpão =5000 m3
Tempo de Persistência
t = - f/c ln LEL x k / xo = -3/10 x ln 10 x 0,5/100
t = 0,033 h
1-Situação: 2-Liberação de vapores pela tampa durante a agitação -Etanol
Vazão mínima de ar
(dv/dt) min = (dc/dt) max / k x LEL x t / 293 = 0,28 /0,5 x0,028 x 301/293
vz = volume hipotético = 20,54 m³/s
vz= f x (dv/dt) min /c = 3 x 20,54 m³ /0,0028 s-¹ = 22185 m³
V0-Volume do galpão =5000 m3
Tempo de Persistência
t = - f/c ln LEL x k / xo = -3/10 x ln 0,028 x 0,5/100
t = 8,87 h
Análise
Ruptura total- o volume é bem maior que o volume do galpão (15 vezes) e o tempo de
persistência é baixo.
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O grau de ventilação pode ser considerado baixo com relação à taxa de vazamento e a
área considerada.
Esta condição atual não é aceitável para classe 1 zona 2, devendo ser tomadas medidas
para manter a ventilação e controlar possíveis taxas de vazamentos.
CASO 2 Ruptura parcial
O volume Vz é 4 vezes o volume do galpão (Vo) e o tempo de persistência é muito
alto estendendo a zona classificada para fora do prédio. Para este tipo de vazamento a
ventilação pode ser considerada como baixa, porém para sair da zona 2 e manter o raio
limitado ao prédio é necessário reduzir tempo de persistência através de ventilação.Deve ser
avaliado a necessidade de segurança estendida.
Com base nestes estudos, podemos resumir na tabela abaixo descrita.
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Tabela 11- Seleção de Proteção por Zona e EPL
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As figuras 13 ( Fonte: Oliveira, 1999) e 14( Fonte: Tucano alarmes) ilustram os
equipamentos à prova de explosão.
A técnica para impedir que os gases que saem de suas aberturas não atinjam a
temperatura de ignição está baseada no conceito de MESG.
MESG (Maximum Experimental Safe Gap): Fator determinante do grau de
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periculosidade de uma mistura explosiva, o MESG é a distância máxima indicada na figura 2
seguinte, na qual a combustão da mistura contida na parte interior da câmara de explosão não
é propagada para a câmara exterior, sendo que a ignição é causada por um eletrodo, estando a
mistura na proporção ideal de explosão.
Para Gaps maiores que o MESG a detonação se propaga da câmara interior para a
câmara exterior. A figura 15( Fonte: Franco,2002) ilustra o equipamento utilizado para
determinação do MESG de cada substância. E a figura 16 (Fonte: Oancea, 2007) é a foto do
equipamento para determinação do MESG.
cx
Figura 16-Câmara de teste de explosão para medição do MESG; 1- Válvula de Admissão; 2- Parafuso
micrometrico; 3- Janela Observação
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Figura 17-Diagrama esquemático de um invólucro à prova de explosão
Características
Os invólucros À Prova de Explosão não são permitidos, em zonas de alto risco
(Zona 0), pois a integridade do grau de proteção depende de uma correta instalação e
manutenção. Abaixo indicamos alguns desses problemas:
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Aplicações
Este tipo de proteção é usual nas instalações elétricas em atmosferas explosivas,
principalmente nos equipamentos de potência, tais como: painéis de controle de motores,
luminárias, chaves de comando, etc.
Segundo Bega (2006) “a utilização de equipamentos com invólucros metálicos, do
tipo à prova de explosão, é tradicional e ainda continua sendo adotada, embora em processo
de gradual desuso, sendo recentemente substituída sempre que possível pela utilização de
equipamentos com os tipos de proteção segurança aumentada ou segurança intrínseca”.
Segundo Júnior( 2004) “muitos profissionais associam, equivocadamente,a aplicação
dos “equipamentos blindados” às instalações elétricas em atmosferas potencialmente
explosivas (também chamadas áreas classificadas).Porém, “blindado” não é um dos tipos de
proteção definidos nas normas IEC/ ABNT para uso em atmosferas explosivas.”
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Figura 20-Unidade seladora sem Massa de selagem
A equipe de manutenção não toma nenhum procedimento diferente para manter nestes
equipamentos à prova de explosão ( inspeção, manutenção preventiva e corretiva),
aumentando os riscos de má conexão das tampas, além de não ter conhecimento sobre
instalações elétricas à prova de explosão.
Não é tomado nenhuma medida de prevenção para manter o aterramento destes
equipamentos íntegros aumentando o risco de formação de uma diferença de potencial entre
as partes,podendo causar um arco elétrico que na presença de uma atmosfera explosiva poderá
causar uma explosão.
Baseado na técnica de segregação, esta técnica tem sua regência aqui no Brasil pela
norma NBR IEC 60079-2/2008. São equipamentos que não permitem que a atmosfera
explosiva entre em contato com possíveis fontes de ignição
A atmosfera explosiva é impedida de penetrar no invólucro devido ao gás de
proteção (ar ou gás inerte) que é mantido com uma pressão levemente maior que a da
atmosfera externa.
A sobrepressão interna pode ser mantida com ou sem fluxo contínuo, e não
requer nenhuma característica adicional de resistência do invólucro, mas recomenda-se a
utilização de dispositivos de alarme que detectam alguma anormalidade da pressão
interna do invólucro e desenergizam os equipamentos imediatamente após detectada a
falha.(OLIVEIRA, 1999)
É uma solução para equipamentos de grandes dimensões e que envolvem uma maior
potência elétrica, que não se possa empregar o principio da segurança intrínseca.
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Figura 21-Esquema de equipamento pressurizado
Dentro da técnica de pressurização uma série de critérios deve ser observada, como
energização inicial, alarmes para perdas de pressão e seqüência de energização e
desenergização.
Figura 22-Painéis locais de controle de instrumentação com tipo de proteção por invólucros pressurizados
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Figura 23- Casa de Analisadores Pressurizada
A técnica Ex-p é usado no processo Deo no quadro onde está a IHM( Interface
Homem-Máquina) e o indicador de pesagem do processo que não são equipamentos
intrinsecamente seguros ( não apropriados para instalação em ambientes explosivos)
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Figura 25- Válvula de ar-comprimido fechada
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potenciômetros não- indutivos, e resistores. Estes equipamentos não precisam
ser certificados como intrinsecamente seguros.
Um equipamento intrinsecamente seguro pode gerar ou armazenar
níveis de energia que ultrapassam os limites listados acima. Exemplos típicos
são transmissores, transdutores, válvulas solenóides, e relés. Quando estes
dispositivos são aprovados como intrinsecamente seguros, sob o conceito de
entidade, eles tem os seguintes parâmetros estabelecidos: Vi ( Tensão máxima
permitida); Ii ( Corrente máxima permitida); Ci( Capacitância Interna); e Li (
Indutância Interna).
Os valores de Vi e Ii são importantes, pois sob condições de falha uma
sobretensão ou sobrecorrente pode ser transferida para o dispositivo de campo
intrisecamente seguro. Se os valores de tensão e corrente excederem Vmax ou
Imax do dispositivo, o mesmo poderá aquecer e atingir valores de ignição dos
gases voláteis presentes. O Ci e Li são os valores da capacidade de armazenar
energia internamente sob a forma de capacitância e indutância.
A figura 27( Fonte: Siemens) apresenta um equipamento
intrinsecamente seguro.
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Figura 28-Barreira de segurança- Equipamento associado
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Para uma instalação ser executada com a proteção de Segurança Intrínseca tem que
interfacear o elemento de campo com o instrumento de controle / sinalização, através de um
limitador de energia.
Para tornar claro esta idéia, imagine a montagem da figura 30(Fonte: Franco, 2002)
abaixo, onde temos um contato mecânico proveniente de uma chave liga-desliga que deve
acionar um relé auxiliar, montado no painel de controle fora da área classificada.
Lembrando também que o conceito de segurança intrínseca é aplicado ao circuito
como um todo que tem suas partes: fonte, condutores e carga.
É fácil prever que com a abertura ou o fechamento do contato irá ocorrer uma centelha
elétrica com energia suficiente para inflamar a atmosfera.
No circuito da figura 31(Fonte: Franco, 2002) acrescentamos um resistor que tem
como função limitar a corrente elétrica, o que ainda não é suficiente para eliminar a centelha,
apesar de reduzir sua energia.
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3.2.5.1 À prova de Defeitos
Categoria “ia”
Esta categoria é mais rigorosa e prevê que o equipamento possa sofrer até dois
defeitos consecutivos e simultâneos mantendo com um fator de segurança 1,5, aplicado sobre
as tensões e correntes, visando a incapacidade de provocar a ignição. Motivo pelo qual se
assegura a utilização desses equipamentos até nas zonas de risco prolongados (Zona 0).
Categoria “ib”
A categoria é menos rigorosa, possibilitando a instalação dos equipamentos apenas nas
Zonas 1 e 2 devendo assim assegurar a incapacidade de provocar a detonação da atmosfera
quando houver um defeito no circuito, mantendo também o fator de segurança como 1,5.
A aplicação dos fatores de segurança são objetos de estudo aprofundado para os
projetistas dos circuitos intrinsecamente seguros, não sendo um fator importante para os
usuários dos instrumentos, que devem preocupar-se apenas em utilizar os equipamentos em
zonas adequadas.
Categoria “ic”
Recentemente, a última versão da norma IEC 60079-11/2008 formalizou uma terceira
categoria que se denomina Categoria “ic”. Este conceito já havia sido discutido nos idos de
1980 e somente em 2008, passou a fazer parte da norma internacional de segurança intrínseca.
Seguindo o mesmo conceito de que a categoria “ia” é adequada para uma Zona 0, a categoria
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“ic” refere-se a um produto que, em operação normal, é adequado para uma Zona 2, onde não
se espera a ocorrência de uma atmosfera explosiva em condições normais de operação.
3.2.5.3 Aterramento
Visando ainda eliminar a possibilidade de ignição, o circuito deve estar apto a desviar
as sobretensões perigosas capazes de provocar uma centelha elétrica na área classificada. A
figura 34 ( Fonte: Franco, 2002) mostra que uma falha na isolação do equipamento em área
não- classificada poderia provocar o surgimento de uma sobretensão na área classificado,
podendo provocar uma faísca.
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Figura 36-Falha de Aterramento na Barreira Zener
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Uo - Tensão máxima de circuito aberto: Máxima tensão (pico ou DC) que aparece
nos terminais intrinsecamente seguros de saída, em circuito aberto, quando este será
alimentado por "Um".
Io - Corrente máxima de curto circuito: Máxima corrente (pico ou DC) que pode
ser obtida nos terminais intrinsecamente seguros de saída, quando em curto circuito.
Po - Potência máxima de saída: Máxima potência que pode ser obtida nos terminais
intrinsecamente seguros de um equipamento elétrico.
Co - Capacitância externa máxima: Máxima capacitância que pode ser conectada
aos terminais intrinsecamente seguros, sem afetar o tipo de proteção.
Lo - Indutância externa máxima: Máxima indutância que pode ser conectada aos
terminais intrinsecamente seguros, sem afetar o tipo de proteção.
Ui - Tensão máxima de entrada: Máxima tensão que pode ser aplicada aos terminais
intrinsecamente seguros, sem afetar o tipo de proteção.
Ii - Corrente máxima de entrada: Máxima corrente que pode ser aplicada aos
terminais intrinsecamente seguros, sem afetar o tipo de proteção.
Pi - Potência máxima de entrada: Máxima potência de entrada que pode ser
seguramente dissipada internamente no equipamento intrinsecamente seguro.
Ci - Capacitância interna máxima: Máxima capacitância interna vista através dos
terminais intrinsecamente seguros de entrada.
Li - Indutância interna máxima: Indutância interna máxima vista através dos
terminais intrinsecamente seguros de entrada.
O conceito de entidade permite a conexão de equipamentos intrinsecamente seguros
com equipamentos associados.
A tensão (ou corrente) que o equipamento seguro pode receber e manter-se ainda
intrinsecamente seguro deve ser maior ou igual à tensão (ou corrente) máxima fornecida pelo
equipamento associado.
Adicionalmente, a máxima capacitância (e indutância) do equipamento
intrinsecamente seguro, incluindo os parâmetros dos cabos de conexão, deve ser menor ou
igual à máxima capacitância (e indutância) que pode ser conectada com segurança ao
equipamento associado.
Se esses critérios forem empregados, então a conexão pode ser implantada com
segurança.
Assim:
Uo < ou = a Ui
Io < ou = a Ii
Po < ou = a Pi
Co > ou = a (Ci + capacitância do cabo)
Lo > ou = a (Li + indutância do cabo).
40
3.2.5.6 Cablagem de Equipamentos SI
41
Separação Mecânica:
A separação mecânica dos cabos SI dos NSI é uma forma simples e eficaz para a
separação dos circuitos.Quando utiliza-se canaletas metálicas deve-se aterrar junto as
estruturas metálicas.
Caixa e Paineis:
A separação dos circuitos SI e NSI também podem ser efetivadas por placas de
separação metálicas ou não, ou por uma distãncia maior que 50mm, conforme ilustram as
figuras:
42
Figura 44-Cuidado na Montagem de Caixas e Painéis
Figura 45- Circuito de Segurança Intrínseca do Processo Deo a)CLP b) Quadro de segurança Intrínseca frontal
c)Repetidor Digital d) Quadro de Segurança Intrínseca Interna e) Controlador de válvula borboleta f) Sensor
de posição da Válvula- Namur g) Medidor de Nível h)Medidor de nível- detalhe
43
1. Repetidor Digital KD-04/Ex Fabricante Sense
Ui = 15 V, Ii = 50 mA, Pi = 120 mW
44
Na manutenção, alguns circuitos já foram descaracterizados, devido ao não
conhecimento das equipes de manutenção elétrica.
Numa análise generalizada, as instalações não são qualificadas como intrinsecamente
segura, há a intenção, mas na prática não o são.
No próximo capítulo iremos abordar os outros métodos de prevenção não utilizados no
estudo de caso apresentado.
45
4 Outros métodos de prevenção
Iremos apresentar neste capítulo os métodos ainda não mostrados neste trabalho.
46
A segregação é obtida emergindo as partes “vivas” (que podem provocar faíscas
ou as superfícies quentes) em um invólucro com óleo. Normalmente é utilizado em
grandes transformadores, disjuntores e similares com peças móveis, aconselhado para
equipamentos que não requerem manutenção freqüente.(OLIVEIRA,1999)
47
Figura 50- Painel de Segurança Aumentada
As técnicas vão desde a escolha de materiais e suas dimensões, também avaliando
distâncias de condutores e conexões, entre outras medidas.
48
5 Conclusão
49
Concluímos também que é necessário um maior engajamento dos profissionais da área
para que haja uma uniformização das normas, facilitando o entendimento e aplicação de todas
as técnicas para redução de riscos de explosão em áreas classificadas.
Trabalhos Futuros
O trabalho pode ser melhorado estudando com profundidade os métodos de
segurança intrínseca ou outros métodos, criando rotinas de manutenção preventiva baseados
nas normas técnicas brasileiras e implantando as melhorias recomendadas.
Além de uma correta especificação dos equipamentos, estudando a viabilidade
econômica das modificações.
50
6 Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Atmosferas explosivas – Parte
0: Equipamentos – Requisitos gerais, NBR IEC 60079-0.Rio de Janeiro, 2009.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Equipamentos elétricos para
atmosferas explosivas- Parte 11: Segurança intrínseca "i", NBR IEC 60079-11.Rio de
Janeiro, 2009.
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Instrument Society of America- 1993. Disponível em:
http://www.omega.com/temperature/z/pdf/z131-148.pdf. Acesso em : 08.Jul.2009.
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equipamentos elétricos e de instrumentação para instalação em atmosferas explosivas –
parte III- Revista o Setor Elétrico, Ed. 38- 2009. Disponível em:
<http://www.osetoreletrico.com.br/ose/assets/2c688ee8/ed.36_fasciculo_capitulo_1_instalaco
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BEGA, Egidio A. Instrumentação Industrial - Interciência - Rio de Janeiro – 2006
FRANCO, Maurício. Segurança Intrínseca, 2002, Notas de Aula. Disponível em:
http://www.professor.cefetcampos.br/professores/franco/seguranca-
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IEC- Session 12 – IEC Protection Techniques- Apresentação
JORDÃO, Dácio de Miranda- Manual de Instalações Elétricas em Indústrias Químicas,
Petroquímicas e de Petróleo. 3ª Edição,Ed. Qualitymark.Rio de Janeiro, 2002.
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chimie.math.unibuc.ro/anunivch/2008-2/AUBCh2008XVII21924.pdf. Acesso em 09.Jul.2009
52
7 Anexos
7.1 Certificado de Conformidade utilizado
53
7.2 Relatório de Não Conformidades da Unilever
54