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Noções gerais
Historicamente, dois conceitos de temperatura foram desenvolvidos: um, macroscópico,
fornecido pela termodinâmica, e um, microscópico, fornecido pela física estatística. Segundo
a termodinâmica — que se fundamenta no estudo de grandezas necessariamente
macroscópicas — a temperatura é um parâmetro físico (uma variável termodinâmica)
descritivo de um sistema que, vulgarmente associada às sensações de frio e quente,
relaciona-se diretamente à lei zero da termodinâmica e ao conceito de equilíbrio
termodinâmico de um sistema ou sistemas. Sua mensurabilidade deriva-se diretamente da
mensurabilidade da transferências de energia térmica entre sistemas na forma de calor e
da segunda lei da termodinâmica. Entretanto a física estatística provê uma compreensão
mais profunda não só do conceito de temperatura mas também das demais grandezas
termodinâmicas, a exemplo a pressão, por associá-las diretamente às grandezas
fundamentais oriundas da mecânica clássica que são diretamente aplicadas ao estudo de
sistema de partículas visto que a física estatística considera explicitamente a matéria como
uma coleção de um grande número de partículas. Neste contexto a estatística provê as
ferramentas para compreensão microscópica das variáveis termodinâmicas macroscópicas
a partir das médias ou valores totais das grandezas mecânicas diretamente associadas a
cada partícula microscópica do sistema.
A temperatura não é uma medida de calor,[1][2] mas a diferença de temperaturas é a
responsável pela transferência da energia térmica na forma de calor entre dois ou mais
sistemas. Quando dois sistemas estão à mesma temperatura diz-se que estão em equilíbrio
térmico e neste caso não há calor. Quando existe uma diferença de temperatura, há calor
do sistema em temperatura maior para o sistema em temperatura menor até atingir-se o
equilíbrio térmico. Este calor pode dar-se por condução, convecção ou irradiação térmica.
As influências precisas da temperatura sobre os sistemas são estudadas
pela termodinâmica e esta é uma das principais grandezas intensivas encontradas na área.
A temperatura absoluta é diretamente proporcional à quantidade de energia térmica em um
sistema, e assim quanto mais energia térmica há em um dado sistema maior é a sua
temperatura. Um aumento na energia térmica acarreta aumento proporcional na
temperatura absoluta, e uma diminuição na energia térmica, a exemplo mas não
necessariamente por calor [nota 3], provoca uma diminuição na temperatura do sistema. Em
escala microscópica o calor corresponde à direta transmissão da agitação térmica
entre átomos e moléculas no sistema. Assim, uma elevação de temperatura de um sistema
em função de calor decorre de um aumento das velocidades de agitação térmica dos
átomos deste sistema às custa da diminuição da velocidades das partículas do outro
sistema mediante transferência direta da energia térmica associada. Pede-se atenção para
o fato de que, embora temperaturas maiores representem velocidades maiores para as
partículas, dois sistemas distintos à mesma temperatura não têm necessariamente
partículas se movendo com as mesmas velocidades. A relação entre energia cinética média
e temperatura não é restrita somente a gases ideais, entretanto ressalva dever ser feita para
temperaturas extremamente próximas ao zero kelvin, pois uma temperatura de zero kelvin
não implica repouso absoluto em função de um fenômeno quântico conhecido por energia
de ponto zero [nota 4][3]
O movimento das partículas e a energia cinética associados à temperatura não ficam
restritos a trajetórias retilíneas ou balísticas e também têm como parcelas o movimento e a
energia associados à vibração ou rotação das partículas. Até mesmo os elétrons podem
mostrar-se importantes na determinação da temperatura ou no estudo do calor, como ocorre
para os metais.
Praticamente todas as propriedades físicas da matéria, a exemplo seu estado físico
(sólido, líquido, gasoso, plasma, condensado de Fermi-Dirac ou condensado de Bose-
Einstein), a densidade, a solubilidade, a pressão de vapor e a condutibilidade
elétrica relacionam-se intrinsecamente com a temperatura. A temperatura tem também
papel importante na cinética das reações químicas; as reações bioquímicas que nos
mantêm vivos processam-se em uma velocidade ideal quando o corpo humano encontra-se
a uma temperatura de 36,7°C, a exemplo. A temperatura é fator determinante da radiância
espectral, a quantidade de radiações emitidas por um corpo negro por unidade de área e
tempo, e também determina sua cor, ou seja, a frequência para a qual a radiância espectral
é máxima. Uma aplicação direta da radiação de corpo negro é a lâmpada incandescente,
em que o filamento de tungstênio é aquecido eletricamente até uma temperatura onde uma
quantidade notável de luz visível é emitida.
A temperatura é medida com termômetros que podem ser calibrados em uma grande
variedade de escalas de temperatura. Praticamente em todo o mundo com a exceção
dos Estados Unidos, Belize, Mianmar e Libéria, usa-se a escala Celsius para os mais
variados fins. Entretanto, em se tratando de trabalhos científicos, é obrigatório o uso da
escala Kelvin visto que esta é a única que liga-se de forma direta à energia cinética média
por partícula do sistema em estudo e às definições estatística e termodinâmica de
temperatura, sendo por razões óbvias denominada escala natural ou escala absoluta de
temperaturas.
Em um corpo em aquecimento, como este segmento da proteína alfa-hélice, seus átomos
vibrarão mais, causando a expansão da substância ou a mudança de fase.
Muitos acham que uma maneira bem imediata de estimar-se a temperatura é através dos
nossos sentidos, mas além de imprecisa, já que a sensação térmicavaria de pessoa para
pessoa, o nosso sentido associado não é um termômetro, não sendo portanto sensível à
temperatura, e sim ao calor. O difundido procedimento de olhar se alguém encontra-se com
febre tocando-lhe a testa com a mão é fisicamente incorreto.
Embora sejam requeridos equipamentos laboratoriais bem sofisticados para medir-se
diretamente o movimento "termal" das partículas, as colisões entre partículas com
minúsculos objetos suspensos em um fluido produzem o movimento browniano, fenômeno
que pode ser facilmente observado com o auxílio de um microscópio comum e cujo estudo,
juntamente com o estudo do comportamento quântico da luz, valeu a Albert Einstein
o Prêmio Nobel em 1921. Os movimentos "termais" de átomos são muito rápidos, e seus
movimentos somente podem ser vistos diretamente quando a temperatura está próxima
do zero absoluto. A exemplo, quando os cientistas do National Institute of Standards and
Technology (NIST) atingiram o recorde de temperatura mais baixa já alcançada, de 700 nK (
; ;
A água congela a 0°C (à pressão atmosférica ao nível do mar). O gelo nesta foto está a uma
temperatura de -17°C.
Muitos métodos foram desenvolvidos para medir temperaturas, tanto direta quanto
indiretamente. A maior parte dos termômetros utiliza o equilíbrio térmico entre o
termômetro e o meio no qual se encontra. Um dos dispositivos mais utilizados para
medir a temperatura é o termômetro de vidro, que utiliza a dilatação de variados líquidos
para se medir a temperatura; consiste em um tubo de vidro contendo mercúrio ou outro
líquido. A subida da temperatura provoca a expansão do líquido, e a temperatura pode
ser determinada medindo o volume do líquido. Tais termômetros normalmente são
calibrados, e assim podem mostrar a temperatura simplesmente observando o nível do
líquido no termômetro.
Existe ainda uma variedade de outros tipos de termômetros, como os termômetros de
gás, que utiliza a expansão de um gás qualquer conforme o aumento da
temperatura, termômetros termorresistores, que se beneficiam da alteração
da resistência elétrica conforme a temperatura, termistores, que utilizam materiais
semicondutores que possuem propriedades de mudanças positivas ou negativas da
resistência elétrica conforme a temperatura, e o pirômetro, que mede temperaturas
acima de 600 °C com base na quantidade de radiação térmica emitida e na análise
dos comprimentos de onda predominantes.
mega-elétron-volts, equivalente a .
Para as aplicações cotidianas, normalmente usa-se a escala Celsius, no qual 0 °C é
o ponto de fusão da água e 100°C é o seu ponto de ebulição, sob a pressão
atmosférica ao nível do mar.
Nos Estados Unidos, Belize, Mianmar e Libéria, a escala Fahrenheit ainda é
bastante usada. A escala Fahrenheit é baseada na temperatura da mistura de gelo,
água e cloreto de amônio, que automaticamente se estabiliza em 0°F (-17,8°C), e
na temperatura do corpo humano, na qual Fahrenheit definiu como 96°F. Mais
tarde, percebeu-se que o ponto de ebulição da água era de aproximadamente
180°F a mais do que o ponto de fusão. A partir de então, a escala foi corrigida para
que a diferença de temperatura entre os pontos de ebulição e fusão da água ficasse
exatamente em 180°F. A fórmula de conversão da escala Fahrenheit para a escala
Celsius e vice-versa é: