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Astrofísica B

Evolução na pre-Sequência Principal

Alejandra Daniela Romero


O colapso de uma nuvem interestelar instável pode ser calculado numéricamente. O sistema de
equações a ser resolvido é o seguinte: Equação de conservação de massa
∂m
+ 4πr2 vρ = 0 (1)
∂t
equação de movimento
∂v ∂v GM 1 ∂P
+v + 2 + =0 (2)
∂t ∂t r ρ ∂r
equação de energia
    
∂u ∂ 1 ∂u ∂ 1 1 ∂l
+P +v +P + =0 (3)
∂t ∂t ρ ∂r ∂r ρ 4πr2 ρ ∂t
equação de transporte de energia por radiação
16πacr2 3 dT
l=− T (4)
3σρ dr
e a equação de continuidade
∂m
= 4πr2 ρ (5)
∂r
Assim temos um sistema de 5 equações com 5 incógnitas: m(r, t), v(r, t), P (r, t), T (r, t) e l(r, t).
A densidade se relaciona com a pressão e a temperatura a partir da equação de estado.
O primeiro cálculo do colapso de uma nuvem homogênea foi feito por Larson (1969). A nuvem
tinha uma massa de 1M e uma composição inicial de X = 0.651, Y = 0.324 e Z = 0.025.
As condições de contorno eram v(R, t) = 0 e regularidade no centro do modelo para todas as
quantidades físicas calculadas. O modelo tinha inicialmente um raio 1.63×107 cm (R = 6.96×101 0
cm) e uma densidade ρ0 = 10−19 g/cm3 , correspondendo a um tempo de queda libre de τff ∼ 210 000
anos. Finalmente as condições iniciais são: v(r, 0) = 0, P (r, 0) =cte, T (r, 0) =10 K, e portanto
l(r, 0) = 0, ρ(r, 0) ∼ 10−19 g/cm3 .

1 Etapa oticamente na


Nesta estapa podemos considerar que o colapso da nuvem é isotérmico, com uma temperatura de
10 K. Um gás oticamente no consegue irradiar a energia ganhada pela contração gravitacional
numa escala de tempo τKH curta comparada com a escala de queda libre τf f .
Na medida que a contração da nuvem continúa, o sistema entra no regime não-linear e o
colapso deixa de ser homólogo. Para as regiões centrais a densidade aumenta e τf f ∼ (/Gρ)−1/2
diminui, se aproximando a escala de ajuste térmico. Assim o colapso das regiões internas deixa
de ser isotérmico, formando um caroço como se apresenta na gura 1. Os cálculos mostram que a
densidade, que começa num valor constante para toda a nuvem, se aproxima a uma dependência
de ρ ∼ r−2 como se apresenta na gura 2.
O colapso do caroço central segue quase uma contração em queda libre enquanto a materia pode
irradiar a energia gravitacional. As regiões centrais se tornam opacas quando a densidade central
atinge um valor de ρc ∼ 10−13 g/cm3 . Logo disso, o aumento da densidade causa um aumento da
temperatura seguindo um processo adiabático. Como consequência a pressão no caroço aumenta
até que a queda libre é contrabalançada. Isso leva à formação de um caroço central em equilibrio
hidroostático, entrando na etapa de protoestrela.

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Figure 1: Esquema de uma nuvem em contração. Com o colapso se forma um caroço central
rodeado de um envelope que cai.

Figure 2: Evolução da densidade ao longo da nuvem em contração. Cada curva corresponde a uma
idade que está indicada com um número. Fonte: Kippenhahn & Weigert, Ed. Springer- Verlag,
1990.

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Figure 3: Evolução central da nuvem desde o colapso isotérmico até a ignição da fussão nuclear.
Fonte: Kippenhahn & Weigert, Ed. Springer- Verlag, 1990.

2 Colapso do caroço
Logo após o caroço atingir o equilíbrio hidrostático a massa e o raio são 1031 g e 6 × 1013 cm, ∼ 5
UA, e os valores centrais são ρc = 2 × 10−10 g/cm3 , Tc = 170 K. O envelope cai sobre o caroço com
uma velocidade que queda libre de 75 km/s. Com a acreção de material do envelope, a temperatura
do caroço aumenta. Podemos assumir que o material está formado principalmente por hidrogênio
molecular H2 . Então, quando a temperatura do caroço é ∼ 2000 K o H2 se dissocia, levando
parte da energia gravitacional que se utilizava para aumentar a temperatura. Sem o aumento da
energia cinêtica, a pressão do caroço diminui e o sistema sai do equilibrio hidrostático, começando
a colapsar ainda mais. Nos cálculos do Larson, isso acontece quando a massa do caroço aumenta
ao dobro e o tamanho diminui pela metade. Para o caroço, a massa é ∼ 1.5 × 10−3 M , o raio
Rc ∼ 1.3R , a densidade ρc ∼ 2 × 10−2 g/cm3 , e a temperatura Tc ∼ 20 000 K.
A evolução do centro da nuvem de 1M , começando desde a instabilidade de Jeans, se apresenta
na gura 3. A curva começa a direita durante o colapso isotérmico. Depois a materia se torna
opaca, e a temperatura aumenta em forma adiabática. A inclinação é primeiro 0.4 (correspondente
a um γ =1.4 para H2 ), mas logo diminui consideravelmente devido à dissociação do hidrogênio
molecular, até atingir nalmente um valor γ = 2/3 (correspondente a um gás ideal monoatómico).
Eventualmente a temperatura de fussão nuclear de hidrogênio é atingida no caroço e a estrela entra
na Sequência Principal.

3 Evolução no diagrama H-R


A evolução na pre-Sequeência Principal no diagrama H-R se apresenta na gura 4, para diferentes
massas iniciais, desde 0.8 até 60 M . No inicio, a evoluão tem uma escala temporal térmica e
o colapso é quase estático. Com o colapso a temperatura efetiva aumenta e a estrela se move à
esquerda no diagrama H-R. A queda no valor da luminosidade é devida ao aumento da opacidade
no envelope pela formação do íon H − . A protoestrela ca quase completamente convectiva em ∼
1 millão de anos, para uma massa 1M , e evolui à esquerda da linea de Hayashi (possição de uma
estrela completamente convectiva).
O começo da fussão de deutério está indicada com um quadrado na gura 4. Essa fussão não
contribui consideravelemente à geração de energia da protoestrela e termina rápidamente.
A temperatura continua aumentando, levando as regiões centrais se tornarem radiativas o que
melhora a liberação de energia aumentando a luminosidade da protoestrela. O colpaso continua
até começar com a fussão nuclear de hidrogênio. Para as estrelas da alta sequência principal
(M > 1M ) o começo das reações nucleares é rápido causando a expansão do núcleo e a queda

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Figure 4: Evolução na pre-sequência principal.

na luminosidade. As estrelas da baixa sequência principal começam as reações nucleares de forma


mais suave porque a temperatura central é mais baixa que no caso das estrelas da alta sequência
principal, evitando uma expansão rápida do núcleo.
Dependendo da massa inicial, a produção de energia pela fussão nuclear de hidrogênio pode ser
pelos ciclos CNO e pp. Na gura 5 se apresenta a temperatura central em função da densidade
central, para diferentes massas estelares. Para estrelas de maior massa a temperatura central é
alta e a produção de energia está dominada pelo ciclo CNO. No caso das estrelas de menos massa
a temperatura central é menor e o ciclo dominante é o pp. Para uma massa ∼ 1M a contribuição
à produção de energia pelos dois ciclos é aproximadamente a mesma.

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Figure 5: Temperatura central em função da densidade central no inicio da sequência principal.
Se indica também o valor da massa inicial. Fonte: Kippenhahn & Weigert, Ed. Springer- Verlag,
1990.

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