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O psicanalista Marcos Donizetti escreveu para ele mesmo e deixou aberto para seus leitores...

Farei das
suas palavras as minhas (com um pouquinho de diferença). Escrever um manual de conduta em meio à
turbulência que a web está causando.

Ninguém está dizendo que não podemos mais demonstrar indignação, medo ou se revoltar com o
absurdo. Mas é necessário ser "seletivo" com sua indignação, seu medo ou sua revolta. Se perceber que
os posts do seu círculo de amizade fazem você espumar, proponho outra via... Pense em sair um pouco
das redes sociais. Vá ver um filme, ler um livro, ouvir a música que você ama ou um disco novo.
Consuma e produza arte, que é uma maneira e tanto de elaborar angústias e mobilizar forças, de forma
crítica, inclusive. Arte ajuda a seguir e a mostrar que a vida continua lá fora.

Convide alguém para estar junto contigo e compartilhe amor, pois é uma forma de proteger os seus e de
alimentar esperanças e conseguir força, bem como experimentar mudanças. É hora de usar o potencial
mobilizador e de comunicação das redes em nosso favor: criando e fortalecendo laços... (sem eles não
seriam possíveis), articulando movimentos coletivos e grupos de apoio.

No entanto, que nossa ação não fique restrita à web. A melhor resposta a quem quer te capturar pela
indignação, ou pelo medo ou pela revolta é seguir vivendo, sem esquecer da empatia para com os que
estão sofrendo ou com os que estão te fazendo sofrer.

O que precisamos uns dos outros é apenas que sejamos entendidos e que não necessariamente
concordemos com que o outro expressa. Não precisamos tanto de concordâncias, apenas e
possivelmente, compreensão de si mesmo e do outro.

Precisamos também, investir forte naquilo que efetivamente podemos fazer para ajudar o próximo. Ler,
Estudar e ouvir a Palavra de Deus, pode nos fazer aprender muito mais formas de ajudar o outro. Jesus é
mestre em se importar com o outro, cuidar do outro, olhar e ter empatia pelo outro.

Acolher o próximo, pode nos deixar mais atento aos movimentos da web, bem como sabermos
efetivamente onde estamos investindo o nosso precioso tempo. Isso estará sempre nas entrelinhas, o
que não se ver a olhos nus.

Há medo, indignação, revolta? Claro que há! Mas, se me deixo capturar eu faço o jogo daquele que
provoca esse sentimento em mim. Então enquanto invisto em formas de ajudar quem está precisando,
preciso de maneiras de me cuidar, de não sucumbir à ansiedade e não me deixar paralisar pela confusão
propositada dos discursos.

Portanto, não esqueça que é preciso mais do que nunca estar com as pessoas. Não é sem motivos que
homens querendo ser deuses, em algum momento, proibiam a reunião de pessoas, nas quais incluo
aquelas que se reunia aos pés do Senhor.

Sinta-se querido, abraçado pelo amor que emana em corações de boa-fé.

Texto adaptado do psicanalista, Marcos Donizetti.

O termo tolerância vem de um radical que origina nossa palavra tonelada... Quando
toleremos alguém precisamos entender que há algo a ser superado. Pensando em peso, a
Jeane sabe bem disso, precisamos de exercícios para superar os pesos que nossos músculos
ainda não suportam. Sem exercício não conseguimos. A tolerância carrega em si a ideia de
suportar algo ou alguém que nossas forças ainda não conseguem. Da mesma forma em que
fazemos numa academia de musculação para fortalecer nossos músculos, precisamos
também desenvolver a nossa tolerância para que no momento oportuno possamos tolerar
isso ou aquilo. Amados, até aqui falei de forma quase teórica... No entanto, como
colocamos “carne” neste esqueleto mal formado acima? Entendo que para o exercício da
tolerância, pessoas precisamos de pessoas, mas não pessoas boas. Jesus disse no sermão do
monte: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos
do vosso Pai celeste, Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não
fazem os publicanos também o mesmo? Pessoas boas nos ajudam a continuar firme neste
exercício de buscar a paz com todos e de tolerar as diferenças. Sim, precisamos de thiagos
(ricardos também) na vida. Eles são os que nos fazem crescer na tolerância. Precisamos de
pessoas tolerantes com aqueles que estão acorrentados e enquadrados pelo nosso país que
massificam as mentes deles. Nossa tolerância com essas pessoas, talvez seja a única via para
que elas sejam transformadas. Eu acredito! Precisamos ajudar os thiagos (e ricardos) da
vida, a se libertarem destas correntes que assolam o mundo ocidental. Se quisermos ganhar
o outro e propor uma ressignificação e uma libertação das correntes sexistas, machistas,
misóginas, etc... precisamos tomar o exemplo do apóstolo Paulo quando falou aos coríntios:
Quando estou com aqueles cuja consciência facilmente os inquieta, não ajo como se eu
soubesse tudo e não digo que eles são tolos; o resultado é que assim eles estão dispostos a
me deixar ajudá-los. Sim, qualquer que seja o tipo de pessoa, eu procuro achar um terreno
comum com ela. (1 Co 9.22, Versão Bíblia Viva). Não queremos nos tornar um dos tais...
proponho apenas que Não paguemos a ninguém o mal com o mal, pois, no que depender
de nós, façamos todo o possível para viver em paz com todas as pessoas. (Rom 12.17-18,
Versão Bíblia Viva).

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