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O CASO DO ESPELHO

Adaptação: Cibele da Costa Hubner

Era uma vez um homem que não sabia quase nada, morava lá nos cafundós da mata,
mais ou menos onde Judas perdeu as botas. Pois bem, o tal homem tinha uma mulher
(entra a mulher fazendo um bolo) e uma sogra (entra dando palpites sobre o bolo)

Homem : Hummm... Ta saindo um bolo de mio, guarda um pedaço que na vorta eu


como.

Mulher: Na vorta? Mas onde que tu pensa que vai?

Homem: penso, não,eu vou! Mas não se apoquente não, que vou pra cidade
rapidinho pega uns documento e vorto logo. É um pé lá e outro cá...

Mulher: Não ta si esquecendo di nada?

Sogra : Na minha época o falecido me cubria de presente...

Homem: cubria sim .... só se fosse de porrada!

Mulher: Não fala assim com a mamãe.

Esqueceu-se que hoje é nosso aniversário de casamento?

Que tu qué que eu mate : uma galinha , um porco, uma vaca?

HOMEM: deixa os bichos muié ,que eles não tem curpa!

Mulher: Mas tu é grosso mesmo ,né marido. Bem que a mamãe me avisou. Vê se pelo
menos me traz um presente BBB.

Homem :BBB? Que é isso?

Sogra: É bão, bonito e barato, que ela sabe que tu é panduro mesmo...
Homem : Chega de trololó que já to atrazado! Fui...

Sogra: já vai tarde! Vai pela sombra.

Mulher: marido, já tava me esquecendo de conta do desastre que aconteceu... sabe o


relógio lá do corredor? Pois não é que quase caiu na cabeça da mamãe.

Homem : oh relógio desgramado... ta sempre atrazado! Na vorta eu arrumo aí pode


ser que ele caia bem na cabeça dela....

Mulher: oh marido! Vai com Deus!

Sogra: traz um presente pra eu Tb!

Marido ; Só se for uma cama redonda...

Sogra: redonda?

Marido: redonda porque cobra dorme bem enroladinha.....

MULHER: FALANDO EM CAMA MAMÃE EU VOU ARRUMAR LÁ DENTRO PRA A


SENHORA TIRAR A CESTA ( SAEM AS DUAS )

CENA II

ENTRA UMA VENDEDORA COM UM CVARRINHO CHEIO DE BUJIGANGA

HOMEM CHEGA NA CIDADE E PARA NA FRENTE DA VENDEDORA.

Homem: Ai meu Deus! mas o qui é que o retrato do meu pai ta fazendo aí
dipindurado?( SE OLHA NO ESPELHO APERTA OS OLHOS E A BOCA) A senhora
conheceu o meu pai?

Vendedora: Mas moço este não é o retrato do seu pai. É apenas um espelho. Olha tem
moldura...
Homem: Eu não haveria de conhecer o meu pai, olha só: testa franzina ,
cabelera desgranhada, orelha grande... Eu não sei se é espeio ou não é . Eu só sei que
é o retrato do meu pai, Óia os olhos, o nariz, a boca é tudo do meu pai... Embrulha
que eu vou levar! ( E O HOMEM VOLTOU PARA CASA FELIZ DA VIDA COM O RETRATO
DO PAI. LÁ PELAS TANTA S NA METADE DO CAMINMHO ELE TEVE QUE APURAR O
PASSO, TEVE UMA DOR DE BARRIGA. ENTROU CORRENDO EM CASA, GUARDOU O
EMBRULHO NA GAVETA E CORREU PARA O BANHEIRO.

MULHER:Ué? Que pressa é esta?

Sogra: pra mim o safado ta escondendo alguma coisa...

Mulher: Mas agora eu vou tirar isto a limpo( pega o embrulho e abre) começa a
chorar) ( a velha tenta olhar mais a filha não deixa) –Eu sabia , ele foi para cidade para
se encontrar com outra bem mais moça do que eu... Que pele , que olhos e o cabelo
então? Aquele desgramado me paga! Não é possível! Mas porque que este
desgramado ta me traindo? O pior é que a desgramada é muito mais bonita do que
eu!

De agora em diante eu não cozinho, não lavo, não passo se quiser vai fazer!

(chega o marido)

MULHER: Mas o que é que o retrato daquela mulher horrorosa tá fazendo lá na


gaveta?

( marido pega o retrato- a sogra tenta olhar mas ele não deixa)

MARIDO: Mas tu não vê que este é o retrato do meu pai! Do meu falecido pai

MULHER: E ntão vc acha que eu não sei qual é a diferença entre o safado do teu pai e
uma jabiraca qualquer...

Ainda por cima uma mulher horrorosa!

( um toma o espelho do outro até que a sogra diz: _Chega! Me dá este retrato pra cá!
Cai na gargalhada
Só se for o retrato da tataravó dele... esta velha feia irrugada, caquética... toda
escabelada e desarrumada . há,há,há,há! Pode ficar tranqüila minha querida que essa
aí já está com os dois pés na cova!

Narrador: O homem não entendeu nada, achou que as duas estavam meio
destrambelhadas, guardou tão bem o retrato que nunca mais achou... Assim ficou o
dito pelo não dito e os três nunca mais brigaram... Por causa do retrato.

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