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Obalùàiyé, Omolu, Jagun OLUBAJÉ E O SAGBEJÉ

Mo Juba Baba Omorodelomi, gbogbo ègbóm ati àbúrò mi !


Visando e primando pela perpetuação do culto as divindades de Panteão Iorubá, exponho
neste tópico alguma informações acerca de Obalùàiyé, Omolu e Jagun, para darmos inicio a
um intercâmbio maior sobre o conhecimento desta família da qual a denomino de Iji Jepetewu
ou como mais conhecida Família Ji.
SÒPÒNNÁUma das quatro principais divindades ligadas diretamente ao Igba Odù Iwa – A
Cabaça dos Odu da Existência. Entre os nagô-iorubá Sòpònná é temível e perigoso, divindade
das epidemias, sobretudo a varíola, sua maior arma de punição aos malfeitores e aqueles que
o desrespeitam. As altas temperaturas corpórea, seguidas de delírios, causados pela infecção
das doenças contagiosas, não são mais do que sintomas da ira de Sòpònná contra sua vitima.
Quando temos alguma razão para pensar que um enfermo esteja sob a manifestação maléfica
de Sòpònná é descrito de Ilègbóná – Varíola; Ìgbóná – Febre ou até mesmo Ilè gbígbóná –
Terra quente, ou seja, “a terra aonde o enfermo encontrasse está demasiadamente quente” é a
presença do Deus da Varíola e precisa ser apaziguado. Neste caso os iorubás não pronunciam
mais o nome Ilè gbígbóná e sim empregam um eufemismo e dizem exatamente o contrário Ilè
Tutu – O solo está frio, vertendo água de dentro para fora da casa. Terrivelmente temido, seu
nome não deve ser pronunciado, sobre tudo perante aos enfermos, quando invocado é mais
indicado usar nomes com expressões adulatórias, como: Obalùàiyé – Rei e Senhor da terra;
Olùàiyé – Senhor da terra ou Oloòde – Senhor dos espaços abertos. Quando um enfermo
padece de qualquer doença contagiosa e se crê que a causa seja Sòpònná os iorubás
descrevem a situação em términos de profundo respeito a divindade. Eles dizem Ó n sin Oba
– Ele está sob a vontade do Rei; Ilè gbígbóná n bá a jà – A terra quente há posto sua mão
sobre ele ou a terra quente o está afetando; Ó gb' ofá ou Ofá bà á – Ele atinge sua vítima
como uma flecha ou Ele foi atingido por uma flecha. Sòpònná é descrito como Alápó – Alguém
que maneja o temor e quando um enfermo morre como resultado de sua aflições, usualmente
não se diz Ó kú – Ele morreu, se diz Oba mú nló – O reio o levou ou ainda Ilè gbígbóná gbé e
ló – A terra quente o levou. Os mitos relatam que em dia de sol escaldante, em especial ao
meio-dia, Sòpònná está vagando por todos os lugares e comumente se alerta a não usar o
vermelho ao “sol a pino” correndo o risco de insulta-lo, do qual teriam sérias conseqüências.
Deve-se ter cuidado, especialmente durante a temporada de seca, de não fazer nada que o
ofenda, A sòroó pè léèrùn – Alguem cujo o nome não é propicio se chamar durante a época
de seca. Os antigos entendem desta forma porque as maiorias das epidemias de varíola foram
constatadas em épocas de seca, além de que os iorubás crêem que Sòpònná esta
particularmente ativo em épocas de seca. Sòpònná é considerado feroz e muitas vezes
implacável, então não insultá-lo é a melhor prevenção de não ser molestado por uma divindade
tão perigosa.Sòpònná é a única divindade de que sua vontade, qualquer que seja sua
manifestação, deve ser aceita, não somente com resignação senão com uma manifestação de
prazer e gratidão. Por exemplo, os parentes de alguém que morre de varíola não deve se
lamentar o mostrar que choram pela morte de um ente querido. Em vez disto eles devem estar
alegres e felizes e mostrar que estão amplamente agradecidos pela atitude do Rei da Terra.
Assim, Sòpònná é conhecido por Alápadúpé – Alguém que mata e se agradece por isso.
Sob seu absoluto domínio está a crosta terrestre; o solo onde o homem habita, constrói, cultiva
e deposita seu cadáver após a morte; ele nutre os homens dando-lhes o milho e outros grãos
do solo mas também os pune fazendo com que, através de suas peles, saiam os “grãos” que
eles comeram. Filho primogênito de Nã Buku ou mais conhecida no Panteão Iorubá de NãNã
Buruku. Seu maior companheiro, um ancestral denominado de Ãle que habita o lado de fora
de sua casa; nada o faz sem antes prestar reverencia a ele; seu nome não deve ser
pronunciado após o pôr do sol. Na crença iorubá Sòpònná é a “Destruição que surgiu em uma
noite” A ecasses de informações sobre a origem do culto o mantém na obscuridade. Isso
ocorreu devido ao fato deste culto ser de caráter reservado e em épocas remotas era proibido
falar sobre o assunto. Acreditasse que se trata de uma divindade estrangeira, agregada ao
Panteão dos Iorubás ou do retorno de origem iorubá longínqua, levadas por uma das inúmeras
migrações em direção ao oeste da Nigéria e imigrações ao país vizinho a Republica Federal do
Benim, antigo Dahomé. Ao pouco que se sabe, os antigos iorubás citam que Sòpònná teria
vindo do território Fon e outros que tenha retornado a suas terras de origem, o território
Iorubá... Na Cidade de Ketou há divergência de opiniões quanto a origem de Sòpònná...
alguns acreditam que tenha vindo a Ketou de Dassa Zoumé, segundo alguns, de Adja Popo,
segundo outros, de Aise e uma terceira opinião de Holi... Para um melhor esclarecimento, a
maioria dos estudiosos afirmam que o Culto ao Deus da Varíola, tenha sido oriundo do Leste
Iorubá... Fato este que poderíamos perfeitamente perguntar: Teria Sòpònná imigrado para o
antigo Dahomé ou Sakpata imigrado para a antiga Nigéria ?Para um melhor entendimento,
deveremos saber que no antigo Dahomé, existe uma divindade no Panteão Ewe Fon,
denominada de Sakpata, o Vodun da Varíola... A etnia Ewe Fon e conhecida popularmente no
Brasil pelo término Jeje e em Cuba por Arara... Da mesma forma que Soponná seu nome não
pode ser pronunciado, seus adeptos o preferem chamá-lo de Ayinon “O dono da terra”...
Sakpata pertence a primeira linhagem da família de Nyohwe Ananu uma Vodun que possui
característica idênticas as de NãNã Buruku... Os nomes mais conhecidos de Sakpata no Novo
Mundo são Azontunu e Avimage... Segundo reza a tradição, um grupo expedicionários da
região de Savalou que estavam ao norte do antigo Dahomé, encontraram os Kadjanu (nagôs
vindos da região de Badagris) em Damé, as margens do rio Wèmé, os quais o seguiram até
Savalou, levando com eles sua divindade protetora dos quais denominaram em língua Fon de
Sakpata Agbosu... Em Savé, afirma-se que Sòpònná teria vindo do reino de Oyo... Essa
remota origem nagô-iorubá é sublinhada pelo fato de que os Vodunsi (iniciados) de Sakpata
são denominados Anagonu, que significa forasteiro de onde se originou a corruptela nagô... Em
Dassa Zoumé, Soponná é conhecido por Sakpata... Os Sakpatanon grã-sacerdotes do Culto
à Sakpata tinham uma grande influência sobre os realeza, porém, os reis jamais tiveram muita
estima pelos sacerdotes desse culto... o mesmo culto passou por momentos de aceitação e
reprovação; foi restabelecido por várias vezes e em seguida proscrito formalmente, pelo
soberanos do reino do Dahomé... da mesma forma que os Oluwo Ipopo, os Sakpatanon
foram mortos e muitos expulsos do território do Benim...A Medicina Tradicional de se curar a
varíola denominado de Èro ou Oògùn Sòpònná era conhecido, entre os iorubás, unicamente
pelos sacerdotes de Sòpònná, que fizeram dele grande comércio e elevaram a varíola à
posição de uma divindade temível. Na qualidade de representantes do “senhor e rei da terra”,
os corpos e os bens das vítimas pertenciam de direito aos sacerdotes de Sòpònná. Esses
sacerdotes mantinham em suas casas, cabaças com parte do cadáveres da vítima da varíola,
tais como um braço ou pé; potes contendo um líquido escuro, feito com a água extraída do
cadáver ou da água que serviu para lavar o corpo, enquanto a pessoa estava viva; recipientes
com um pó escuro, proveniente das escamações secas, deixadas pela varíola. Essa água ou
esse pó eram jogados, durante a noite, na frente da casa das pessoas a quem se quer infectar.
Os moradores ao saírem de casa, entravam em contato com os germes. Assim que uma ou
mais pessoas da família se contaminasse, a erupção da pele aparece e um sacerdote de
Sòpònná é convocado. Durante o tratamento Èbè – súplicas, preces eram constantemente
recitadas com a finalidade de propiciar e apaziguar a fúria de Sòpònná. De dez sacerdotes do
culto, nove ajudam mais a desenvolver a doença do que interrompê-la. Era de seu interesse
agir assim, além de grandes somas que recebem, eles reivindicam todos os bens do doente,
caso esse venha a falecer. Esses sacerdotes inescrupulosos, retiravam os cadáveres da casa,
mas não o enterravam no bosque com de costume, a não ser joga-los no mato, onde os porcos
os comiam e, algumas vezes, os pedaços do corpo eram levados para as aldeias vizinhas,
contribuindo para espalhar o mal. Assim os sacerdotes faziam negócios muito lucrativos. Os
sacerdotes que procediam de maneira correta, conduzia o enfermo ao templo de Sòpònná e lá
os sacerdotes os lavam com areia-de-praia quente e remédios secretos. A História dos Iorubá
em meados do século XVIII, relata que um surto de epidemia da varíola dizimou a população
de Abeokuta. Centenas de pessoas morriam todos os dias, metade da população fora atingida.
Os governantes locais realizam uma sessão e um certo número de adeptos de Sòpònná foram
executados e outros expulsos, e suas casas incendiadas. OMOLULU OROGBO Divindade que
se funde ao culto de Sòpònná mas em muitas localidades não se confunde. A região de Kétou,
cidade fronteira entre a Nigéria e o Benim, é a única região em todo o território ioruba onde
Obalùàiyé e Omolu são considerados, ao que parece, como uma única divindade... Seu
templo é separado de sua mãe mítica NãNã Buruku... Com essa mesma característica ele é
conhecido no Brasil, onde a influência Kétou é muito grande entre os descendentes de
escravos que para lá foram levados. Em Ile Ife não existe culto à Omolu e muitos ali o
desconhecem. Contrário na região Mahi, onde seu culto se destinge totalmente de
Obalùàiyé.... ao que se sabe, seu culto se originou do Oeste Iorubá...A tradição local da
Cidade de Topli, no Togo, Omolulu Orogbo é considerado uma divindade feminina, que saiu
das água segurando um sasara – emblema ritualístico e em uma das mãos e um gbada –
facão na outra. Este facão é uma representação do crocodilo, animal sagrado entre as
divindades dos rios... Em Abeokuta Omolu é considerado um Òrìsà feminino, onde o Culto à
Sòpònná esta proibido desde 1884, divide seu templo com NãNã Buruku e a ambas as
divindade, quando se oferece sacrifícios de animais não se utilizam de facas... É possível que
existam duas divindades com o mesmo nome, um de cada sexo, conforme se verá... Na cidade
de Abeokuta, Omolu é chamado de Olù Odò – senhor do riacho (água) e Omolu Òrìsà omi ni
– Omolu é uma divindade das águas... Esse riacho é conhecido com Odomolu – o riacho de
Omolu e esta localizado em direção ao poente... De suma importância mencionar, que o
Templo de NãNã Buruku esta voltado em direção ao poente e neste são realizados as
oferendas somente ao por do sol, da mesma forma que se pratica nos Terreiros Tradicionais da
Bahia... Na Cidade de Aise, existe em seu templo uma grande lança esculpida, denominada de
Oko Omolu, na qual são representados por três personagens superpostos, representando
Òsumare, o próprio Omolu e Iroko... Em Dassa Zoumé Omolu é duplo, masculino segurando
um facão e feminino segurando um abebe – leque e um irukere – rabo de cavalo... Seu culto
foi trazido de Aja Aguna e agregado em Dassa Zoumé na época do Rei Onigbo – quarto
soberano de Dassa Zoumé...Nas proximidades de Atakpamé, cidade do Togo onde existe um
dos principais templos de NãNã Buruku, em uma aldeia igualmente chamada de Adja Agouna,
existe um templo dedicado à Omolu Arawe uma divindade masculina... em outra aldeia da
região, conhecida por Gbekon, encontra-se um templo de sua contrapartida feminina,
denominada de Omolu Idji Aguna... Nesta região ambos os Omolu são divindades totalmente
distintas de Soponná e o sacrifícios de animais à Omolu Arawe e Omolu Idji Aguna são
realizados sem que se utilize uma faca para imolar o animal... seus interditos são o vinho de
palmeira no que se diferencia de Obalùàiyé onde são ofertado este tipo de vinho... SASARA
OWOO emblema ritualístico mais importante do Culto à Obalùàiyé e Omolu é denominado de
Sasara-owo. Trata-se de um atado de nervuras de folhas da palmeira; revestidos de tecidos e
palha da costa; ornamentados com uma grande quantidade de búzios, ostentando opulência e
as mais diversas contas; onde dentro deste acomoda-se um de seus maiores enigmas, o
segredo da vida e da morte, a cura ou a proliferação das doenças, sobretudo as que alteram a
temperatura corporal do enfermo. Os feixes dentro do corpo do Sasara representam
coletivamente os ancestrais, os mortos contidos na terra. Devem ser confeccionados por um
sacerdote altamente qualificado, preparado para manipular representações tão poderosas.
Tem a finalidade de controlar os Espíritos da Terra para o seu espaço sagrado, eliminar as
energias negativas da comunidade, sobretudo as doenças, proporcionando a longevidade.
Nele esta o segredo da vida e da morte, a cura ou a proliferação das doenças, sobretudo as
que alteram a temperatura corporal do enfermo. Quando as doenças são liberadas do Sasara,
este tem como desígnios divinos ou punição de uma comunidade no intuito de uma renovação
de vida. Em algumas linhagens o Sasara de Omolu se diferencia ao utilizado por Obalùàiyé
do qual contém um detalhe a mais, a ponta de uma lança em sua extremidade e suas cores
são características, o preto e o branco.[Image]Wárin WarifunSasara Ile wò
Olorinjena wòWárin WarifunSasara Ile wòOlorinjena wò
“Homenagear um Rei ou Superioro Sasara na casa cuida de um doente”
AJAGUN AGBAGBAAjagun ou simplesmente Jagun é uma divindade guerreira, originário de
Ekiti Ifòn, pois acreditasse que seja filhos de um dos Òrìsà Funfun... ao que se sabe é
considerado um Guerreiro Branco... Considerado invencíveis, por sua bravura e coragem,
nunca perdeu uma batalha, o que lhe deu o título de Keledjegbe – O Guerreiro Invencível...Os
mitos relatam que Ajagun Agbagba liderava um exército, afim de invadir Osogbo – Cidade da
Divindade Òsun... As Ìyámi Àjé vendo os homens em direção a cidade, avisa Òsun, que de
imediato consulta o oráculo de Ifá e este prescreve que deva ser realizado uma oferenda ao
Òrìsà Funfun da cidade... Òsun recolhe e oferece a oferenda... com as cascas dos caracóis,
Òsun prepara um pó bem fino que é acrescentado ao pó das Ìyámi Àjé... no momento da
invasão as Àjé através de seu poder de Eleye lançam o pó em direção ao Guerreiro e seus
seguidores, tornando-os cegos... indefesos a é poupada de seus ataques... Cego e
desorientado Jagun passa a vagar sem destino até chegar em terras longinqua é acolhido por
um antigo povo, onde se depara com Òsányín, que através de sua magia recupera a visão de
Jagun... Ao retomar a visão este se da conta que esta na Cidade de Ijena, terras do temível
Soponná... em agradecimento ao povo que lhe acolheu, Jagun passa a ser agregado a família
de Obalùàiyé tornando-se um dos guardiões do culto...Importante mencionar que a cidade
iorubá Ijena ou Jena foi fronteiriça com o antigo Dahomé e outrora um dos grandes centro de
contacto e aculturação entre duas das maiorias etnias da África os Ewe-Fon e os Yorubá... Em
território iorubá o descrevem segurando uma lança – Okò em uma das mãos e um facão –
gbada na outra... sua cor predominante é o branco e seus interditos são o vinho de palmeira,
cabe ressaltar que o vinho-de-palma é tabu para todas as divindades da família de Òrìsà-
Nlá....Nos Terreiros Tradicionais, Jagun é acomodado em cuscuzeiras de barro branco, veste-
se de branco, porta uma lança de metal branca, mas não utiliza o Àso Òdùn denominado de
Azen para cobrir o corpo e não tem direito de carregar o Sasara-owó, o único entre eles que
tem cânticos específicos para guerrear...CONCLUSÕES Não poderia nos tempos de hoje
chegar a uma conclusão definitiva a não ser a maiores questionamentos, sobre esses diversos
aspectos de Obalùàiyé, Omolu e Jagun:Duas divindades de origem diferente e pertencentes
a antigos grupos culturais diferentes, divindades essas que vieram uma do leste ( Sòpònná) e
outro do Oeste (Omolu), unindo e assumindo um caráter único em Ketou ?Trata-se de uma
divindade única, de origem iorubá e de origem Tapa (Nupe) mais longínqua, trazida para o
oeste por uma das numerosas e antigas migrações que as tradições mencionam, e do retorno,
em seguida, dessa divindade para seu ponto de partida, trazendo um novo nome, que
originalmente, não passava de simples epíteto ?Seria Omolu Idji Aguna divindade feminina
que saiu das águas a conhecida Nã Yyógbáyin já que à ambos não se realizam sacrifícios
com faca ?E quanto a Jagun, seria este Omolu Arawe divindade masculina, baseando-se pelo
fato de ambos portarem um facão em uma de suas mãos ?A grande lança na entrada do
Templo de Omolu Arawe na Cidade de Aise, não poderia ser a lança de Jagun ?Existem
muitos mistérios em nossa sagrada religião que jamais serão revelados. As vezes penso que
nossa religião precisasse das Areias do Tempo a mítica ampulheta que permitia viajar pelo
tempo para alterar a própria linha do tempo ou trazer o que quiser de qualquer época para o
presente.
Cerimônia do Olùbàjé é de exclusividade do afro-brasileiro, assim como “As Quartinhas de
Oxóssi”, “Os Pratos de Nàná”, “A Cabeça do Boi”, “O Cordão de Ibejí” e outras mais... Em
território iorubá, não existem esses tipos de festividades e muitos dos mitos existentes em
nosso país, são para justificar a sua suposta origem.
O Olùbàjé foi realizado ainda na época do Terreiro da Barroquinha, depois que a primeira
ìyáwò foi iniciada e consagrada à Obalùàiyé. Este caminho de Obalùàiyé vistia-se de preto e
sua palha-da-costa era de tonalidade escura, após o término da “festa” suas roupas não
podiam ser guardadas a não ser queimadas. Esta cerimônia, que durava naquela época 14
dias, foi introduzida na ritualística com a finalidade de prolongar a vida, afastando as doenças e
trazendo saúde a todos os membros da comunidade-terreiro.
A palavra Olùbàjé designa o ritual onde são servidos alimentos aos participantes em uma
verdadeira comunhão com o Deus da Varíola. A mesma palavra, com gráfias diferentes
Olùbáje nos leva a um outro significado “Senhor da Putrefação”, um dos títulos de Obalùàiyé
visto que as doenças sob seu dominio fazem com que suas vitimas apodreçam ainda em vida.
Muito tem se discutido a quantidade de iguárias que devam ser oferecidas durante a
cerimônia... em meu conhecimento são num total de 21 comidas, 7 de caráter publico e 14 de
caráter privado, que permanecem em uma esteira dentro do Quarto de Santo. As de caráter
publico são:
Feijão fradinho cozido e refogado Feijão preto cozido e refogado Milho de galinha cozido em
água com sal acaça branco Milho de canjica branco cozido acarajé carne da matança cozida e
refogada

SAGBEJECerimônia afro-brasileira, onde as mulheres em um tabuleiro forrado com milho-alho


estourados, das quais elas denominam de “flor do velho”, carregam o principal emblema de
Obalùàiyé o Sasara-owo seus colares de conta, terra-cota, corais e búzios. Este “tabuleiro” a
representação mítica desta divindade, visita sete Terreiros diferentes durante os sete dias que
antecedem os Ritos do Olùbàjé. Ao chegar a cada Terreiro, este será recebido
ritualisticamente onde serão entoadas orações e rezas à Obalùàiyé e Nàná. Durante este
ritual, será depositado aos pés do tabuleiro, senão aos próprios pés de Obalùàiyé grãos e uma
quantia em dinheiro que serão de uso exclusivo nas despesas do Olùbàjé. Cada membro do
Terreiro receberá uma porção de gbùgbùrù (pipoca) e desta saberá como
proceder.Interessante notar que a palavra sagbe – significa pedir esmola e a palavra je –
comer; então a palavra sagbeje poderia perfeitamente ser interpretada como “pedir esmolas
para comer”. Obviamente que não podemos levar a palavra “esmola” num sentido pejorativo e
sim entender que há uma troca entre o homem e a divindade. Troca esta que ao darmos grãos
e dinheiro para comprar “comida” para “O senhor da terra” este nos dá um de seus principais
grãos que nutrem o homem – o milho. Os antigos dizem que aqueles que participam do terão
vida próspera e nunca há de faltar comida em casa, pelo menos os grãos.Quando da
Cerimônia do Olùbàjé este “tabuleiro” será apresentado no salão, carregado por Oya, onde
será distribuído uma porção de gbùgbùrù e muitos que recebem o milho, em gratidão acabam
por depositar algumas quantias em dinheiro sobre os grãos. Em algumas linhagens o sagbeje
sai antes da “mesa” e em outras depois da “mesa”.Por favor não confundam o sagbeje com
aquelas pessoas vestidas de baiana que ficam com uma peneira em pleno sol do meio dia,
distribuindo milho de pipoca americano e arrecadando dinheiro. Este tipo de procedimento
nada tem haver com a nossa ritualística.
O sabejé é o ato onde Oyá sai com o balaio de pipocas, e as pessoas vão colocando dinheiro
em troca de um punhado de pipoca. Porém o sabejé é muito mais do que isso, ele significa a
submissão e o sacrifício em nome do orixá, e nos dias de hoje muitas pessoas não sabem que
antigamente os filhos de santo no mês de Agosto, saiam realmente as ruas para pedir dinheiro
para poder fazer o olubajé.

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