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RESUMO
Entre o final da década de 1970 até os dias atuais aumentaram grandemente os debates sobre
as questões socioambientais e de sustentabilidade do planeta, concomitante a isso surgiram
inúmeros experimentos em busca da utilização de fontes alternativas de energia com a
utilização do biogás obtido a partir de processos anaeróbios em biodigestores. Este trabalho
pretende evidenciar a importância da utilização do biogás como fonte alternativa de energia,
para isso será feita uma abordagem acerca dos biodigestores, equipamento utilizado como
gerador de energia a partir da reutilização de materiais descartados no meio ambiente, os
chamados resíduos sólidos. Tem sido crescente a preocupação com as questões ambientais
principalmente com os problemas provocados pela ação antrópica em suas atividades
econômicas. Essa preocupação se justifica pelo excesso de poluentes lançados no ar, no solo e
nas águas e este tem sido o grande desafio, dar um destino adequado aos dejetos que
provocam tais poluentes e buscar técnicas de reaproveitamento para gerar uma fonte de
energia limpa e renovável, a bioenergia. A demanda por energia aumenta consideravelmente
assim como a quantidade de material particulado lançado na atmosfera principalmente pelo
uso dos combustíveis fósseis. Os aglomerados urbanos e as áreas rurais podem contribuir de
modo significativo com o fornecimento de grandes quantidades de resíduos e de restos de
culturas, matéria-prima para a biodigestão. Diante desse panorama as fontes de energia
renováveis representam uma realidade a ser cada vez mais difundida e utilizada, não para
mitigar impactos ambientais, mas como matriz energética prioritária e sobretudo viável
economicamente.
Geógrafa pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, especialista em Gestão do Meio Ambiente e
Engenharia Ambiental (Endereço de email: rythalima22@gmail.com)
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estácio de Sá campus Macaé – RJ, como requisito
parcial para obtenção do título de Especialista em Engenharia Ambiental e Saneamento Básico, sob a orientação
do Prof. M. Sc. José Mauro da Costa Martins. Macaé, 2016.
ABSTRACT
Between the late 1970 to the present day have increased greatly the debates about
environmental and sustainability issues of the planet, concomitant to that appeared numerous
experiments in search of alternative sources of energy with the use of biogas from anaerobic
processes in bio-digesters. This paper aims to highlight the importance of the use of biogas as
an alternative source of energy, for it will be made an approach about the bio-digesters,
equipment used as energy generator from reusing discarded materials in the environment, the
so-called solid waste. Has been growing concern with environmental issues mainly with the
problems caused by human action in their economic activities. This concern is justified by the
excess of pollutants released into the air, soil and waters and this has been the great challenge,
give a destination suited to waste products that cause such pollutants and reuse techniques to
generate a source of clean, renewable energy, bioenergy. The demand for power greatly
increases as well as the amount of particulate matter released into the atmosphere primarily
through the use of fossil fuels. The urban centers and the inland area can contribute
significantly to the provision of large amounts of waste and leftover crops, raw materials for
the biodigestion. In this panorama renewable energy sources represent a reality to be
increasingly widespread and used, not to mitigate environmental impacts, but as a priority
energy matrix and particularly viable.
1. INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas tem sido crescente a preocupação com as questões ambientais
sobretudo com os problemas provocados pela ação antrópica em suas atividades econômicas.
Dentre as inúmeras e complexas inquietações surge a necessidade de buscar fontes de energia
alternativas uma vez que os combustíveis fósseis têm em sua composição altos níveis de
poluentes que são incessantemente lançados na atmosfera.
Segundo relatório divulgado recentemente pela Organização Mundial de Saúde1, a
poluição atmosférica atingiu um nível extremo e reporta que 92% da população mundial se
encontram expostas. Este será, sem dúvida, o grande desafio no meio urbano. O relatório
sugere medidas inovadoras que instrumentalize condições técnicas, operacionais e políticas
para investir na chamada bioenergia.
De acordo com o IBGE (2010), o último censo apontou que 84% da população
brasileira vive em aglomerados urbanos, e a previsão é que em 2050 este número alcance
pouco mais de 93%2, um agravante em virtude da geração excessiva de resíduos sólidos de
toda natureza e classes.
Diante desses fatores é cada vez maior o número de grupos formados por
pesquisadores, empresas e profissionais multidisciplinares que discutem e fomentam questões
com a pretensão de desenvolver técnicas para a geração de um combustível limpo e
renovável. Dessa forma partindo do pressuposto que existe a necessidade de mudança de
hábitos urgente, surgem ações que causam uma verdadeira revolução e são acessíveis a
grande parte da população, a geração do biogás a partir do aproveitamento dos resíduos
sólidos.
O artigo em evidência, está dividido em quatro sessões. Inicialmente, a abordagem
apresenta o tema e a sua relevância frente aos desafios de se buscar novas fontes energéticas
com menor grau de poluentes e que sejam sustentáveis. A sessão dois, descreve acerca dos
biodigestores e a sua evolução ao longo da história, são exemplificados os principais modelos,
os clássicos chinês e indiano, para demonstrar que se trata de um equipamento que tem sido
mais difundido e utilizado nas últimas décadas como gerador de fonte de energia alternativa.
1 A Organização Mundial da Saúde divulga anualmente relatórios completos sobre a saúde do ar por continente
destacando as cidades onde esse índice ultrapassa os limites permitidos - Relatório Global divulgado em 27 de
setembro de 2016. https://nacoesunidas.org/maior-parte-da-populacao-mundial-vive-com-poluicao-do-ar-
excessiva-diz-onu/ acesso em setembro de 2016.
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Este índice é uma estimativa que o IBGE, em conjunto com organismos internacionais, faz para projetar o
cenário futuro.
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2. BIODIGESTOR: HISTÓRICO
biogás e sim fornecer as condições ideais para que um grupo de bactérias (metano gênicas)
degradem o material orgânico, como consequência desse processo de fermentação anaeróbica
será produzido o biogás e o biofertilizante.
Seria um equívoco afirmar que a discussão acerca da bioenergia é recente. No século
XIX na Inglaterra e na Índia já havia o conhecimento para separar dejetos e aproveita-los para
a geração de bioenergia a partir de métodos e instrumentos que posteriormente se chamaria de
biodigestor.
Com o advento da Revolução Industrial, dos ideais iluministas e das necessidades
iminentes, alguns cientistas investiram em estudos e técnicas que culminaram na descoberta
do gás combustível produzido a partir de materiais orgânicos, utilizados para diversos fins.
Na Inglaterra, essa fonte de energia passou a ser utilizada para iluminação pública
produzida a partir de fossas sépticas projetadas por Donald Cameron. Antes disso, Bombaim
na Índia já produzia biogás a partir da construção da primeira instalação operacional a qual
era destinado a atender um hospital de hansenianos. (Apud GASPAR, 2003)
A propósito Bombaim é considerada como a cidade vanguardista do biodigestor,
embora o biogás tenha sido descoberto em 1776, pelo pesquisador italiano Alessandro Volta
responsável pela descoberta do chamado "gás dos pântanos", principal subproduto
proveniente da decomposição de restos vegetais nestes ambientes confinados. (Apud
GASPAR, 2003)
No século XX mais uma vez Bombaim preconiza a primeira biodigestão a batelada
com funcionamento regular. O processo por bateladas ocorre porque o tanque ou dispositivo,
ao finalizar um processo é recarregado tantas vezes seja necessário para atender uma demanda
de pequena a média produtividade.
No século das guerras, a geopolítica dos conflitos mundiais impôs aos alemães e
italianos prejuízos irreparáveis no setor econômico que movidos pela necessidade passaram a
desenvolver técnicas para obtenção de biogás, uma vez que foram os povos mais atingidos
durante e depois da segunda guerra mundial.
No Brasil não tem consenso sobre o início do uso de biodigestores, as datas divergem
entre a década de 70 e 80, sabe-se, porém, que um dos principais motivos para a utilização
dos biodigestores foi a crise do petróleo. As pesquisas para utilização do biogás a partir da
biodigestão anaeróbia, ou seja, ausência de oxigênio, eram realizadas principalmente na
região Sul devido à grande concentração de criadores de suínos, aves e bovinos.
No nordeste do Brasil, por mais que as condições climáticas fossem as mais favoráveis
se comparada com as de outros países, não havia incentivos para este tipo de atividade, o
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interesse por essa tecnologia limpa se deu pela necessidade de alternativas energéticas e
exemplos bem-sucedidos da Índia e China, porém, com a produção do etanol da cana de
açúcar, os projetos relacionados com a biodigestão foram sendo esquecidos a ponto de não
haver registros destes empreendimentos por um bom tempo.
No modelo contínuo coloca-se a carga de matéria orgânica diariamente, por essa razão
requer um pouco mais de observação quanto ao processo de diluição que ocorre de forma
hidráulica.
A oferta de peças e equipamentos para a fabricação de biodigestores é encontrada nos
grandes centros e a sua funcionalidade depende de orientações técnicas.
Trata-se, portanto de uma tecnologia que pode ser utilizada por pequenos e médios
produtores e tem se mostrado uma alternativa viável que ajuda no controle de fontes
poluidoras do meio ambiente.
O biodigestor além de funcionar com dejetos animais pode ser abastecido com outras
fontes de matéria orgânica como palhas e sobras de cultivo, esgotos domésticos e sobras das
indústrias de alimentos. Deve-se considerar, no entanto a matéria orgânica que confere um
maior poder calorífico.
Como todo processo tem vantagens e desvantagens, essa última pode ser superada pela
diminuição dos GEE que potencializam o aquecimento global e pela geração de emprego e
renda, pois agrega significativo valor econômico e qualidade de vida aos pequenos e médios
produtores.
O mercado oferece, atualmente, diversos tipos de modelos de biodigestores os quais
variam de acordo com o local e o volume de dejetos a recepcionar. Os biodigestores mais
utilizados são o canadense, indiano e o chinês, sendo os dois últimos mais utilizados no Brasil
devido a facilidade de manuseio e os custos operacionais.
Esse tipo de biodigestor requer técnicos qualificados para uma manutenção contínua
além disso, o maior obstáculo para esse equipamento é o alto custo da cúpula
Entre os diversos modelos de biodigestores, o modelo indiano, destaca-se dos demais,
por ser perfeitamente adaptável aos diferentes tipos de solos. (Fig.3 e 4)
3. BIOGÁS
3.2 Biofertilizante
Embora seja uma solução mitigadora a ser alcançada a longo prazo, não existe
consenso em relação a sua efetividade e as divergências não cessam, grupos apoiam e outros
contestam afirmando que os créditos de carbono é uma permissão para poluir o fato é que a
partir do uso dos biodigestores, algumas propriedades já estão comercializando créditos de
³ O Anexo I reúne países industrializados membros da Convenção do Clima da ONU que se comprometeram em
reduzir as emissões de gases causadores de efeito estufa, aos níveis de 1990. Disponível em:
http://www.ecodesenvolvimento.org/glossario-de-termos/a/anexo-i-e-nao-anexo-i#ixzz4Lb4jy695 Acesso em 03
de agosto de 2016.
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Durante o primeiro período de compromisso, entre 2008-2012, 37 países industrializados e a Comunidade
Europeia comprometeram-se em reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) para uma média de 5% em
relação aos níveis de 1990
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carbono por produzirem o biogás que é considerado uma energia limpa e com isso deixam de
lançar na atmosfera os poluentes gases do efeito estufa (GEE).
Os créditos de carbono representam uma realidade principalmente nas regiões do sul
do país onde tem um maior investimento na gestão dos recursos advindos da diminuição
desses gases poluentes e onde a utilização da bioenergia tem se tornado uma realidade
lucrativa e ecologicamente correta.
O valor arrecadado tem sido utilizado para pagamentos dos investimentos e dos
financiamentos feitos pelas cooperativas de pequenos e médios produtores, o restante é
dividido proporcionalmente entre os integrantes cooperados de acordo com a redução em cada
propriedade.
Uma das mais eficazes medidas dessa lei refere-se ao princípio da responsabilidade
compartilhada, ou seja, as pessoas sejam elas físicas ou jurídicas respondem em conjunto por
danos causados ao ambiente numa cadeia que vai desde a origem do problema até seu ponto
de impacto.
Os resíduos sólidos têm uma significativa influência em todas as alterações dos
ecossistemas, a necessidade desse suporte legal vem como um mecanismo de contenção para
diminuir de fato a emissão de poluentes através de compromissos firmados, entre pessoas
físicas ou jurídicas e para isso deverão ser adotadas medidas mitigadoras a partir da avaliação
dos riscos que a atividade urbana ou rural pode ocasionar ao ambiente.
Algumas ações servem como mitigação para determinadas atividades econômicas.
São práticas como o uso de biodigestores que tendem a minimizar os danos causados pela
geração de resíduos sólidos., até porque existe os resíduos urbanos produzidos pela sociedade
de consumo alimentada pela indústria e seus produtos com “obsolescência programada” e
existe os resíduos ou dejetos produzidos pelas atividades agrícolas com igual ou maior
potencial poluidor, o fato é que se faz necessário e urgente a reciclagem, e os biodigestores
demonstram ser o instrumento viável que se qualificam para produzir energia limpa e
renovável que pode diminuir o uso de combustíveis fósseis.
Segundo VELÁZQUEZ (et al 2006), o aproveitamento do biogás como produto do
tratamento de esgoto, para a geração de energia elétrica ocasiona uma redução no potencial de
poluição do meio ambiente.
O biogás é uma alternativa possível porque o Brasil é um país que tem sua economia
voltada principalmente para as atividades agrícolas e a grande quantidade de dejetos gerados a
partir da agropecuária deverá, obrigatoriamente, ter uma destinação adequada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, M. O.; PAGANINI, N. C.; RIBEIRO, R. M.; 2013. Biodigestores – fonte renovável
de energia. UNICESUMAR – Centro Universitário Cesumar. Editora: Cesumar. Maringá –
Paraná – Brasil.
MOURA, L. F.; BARBOSA, P. T.; SILVA, F. F. M.; MACEDO, C. S.; 2012. Construção de
biodigestor modelo indiano no Instituto Federal Campus-APODI-RNL. IX Congresso de
iniciação cientifica do IFRN. PROPI – Pro- Reitoria de pesquisa e inovação.
OLIVEIRA, Rafael e Deleo. Geração de energia Elétrica a partir do biogás produzido pela
fermentação anaeróbia de dejetos em abatedouros e as possibilidades do mercado de carbono.
São Carlos, 2009.