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Sistema de amortização de financiamento não pode ser alterado sem anuência do

banco

A 2ª Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região confirmou, por unanimidade, decisão


da 2ª Vara Federal de Presidente Prudente que não permitiu a alteração do sistema de
amortização do contrato de financiamento imobiliário que um mutuário celebrou com a Caixa
Econômica Federal (CEF), no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). O
mutuário alegou que, em decorrência de dificuldades financeiras, tornou-se inadimplente
perante a CEF, mas que pretendia retomar os pagamentos. Para isso, pedia a redução do
valor das prestações com a alteração do contrato. O desembargador federal Peixoto Júnior,
relator do caso, constatou que o contrato foi firmado pelo Sistema de Amortização Crescente
(Sacre), que “não acarreta prejuízo aos mutuários, na medida em que o valor das
prestações do financiamento é reduzido gradualmente com o passar dos anos”. Ele
concluiu, também, que a redução imediata das prestações do financiamento, neste caso, é
manifestamente improcedente, já que ao agente financeiro não pode ser imposto aquilo a
que ele não anuiu. O magistrado citou também jurisprudência do próprio TRF3 sobre o
assunto: “Não pode haver a redução do valor das prestações do contrato de mútuo com a
alteração do sistema de amortização nele previsto, como pleiteado pela agravante, visto que
o contrato previu a forma de reajustamento das prestações pelo sistema Sacre, não tendo
sido pactuada a observância à equivalência salarial por categoria profissional” (TRF3, AI
2002.03.00.027297-3). Em outro processo, o TRF3 também tomou decisão semelhante:
“Não há como alterar o plano de reajuste de prestação sem o consentimento de ambas as
partes. O Judiciário não pode obrigar uma das partes a cumprir deveres por ela não
contratados. Tal procedimento geraria instabilidade nas relações contratuais, e,
principalmente, atentaria contra a boa-fé dos contratantes” (TRF3, AC 2002.61.00.025994-
7). Outra decisão equivalente explicou os benefícios do Sacre: “Tendo em vista a legalidade
do Sistema de Amortização Crescente – Sacre, contratado pelas partes, não há razão para
a sua substituição pelo Plano de Equivalência Salarial por Categoria Profissional – PES/CP.
O Sacre pressupõe que a atualização das prestações do mútuo e de seus acessórios
permaneçam atreladas aos mesmos índices de correção do saldo devedor, mantendo
íntegras as parcelas de amortização e de juros, que compõem as prestações, possibilitando
a quitação do contrato no prazo convencionado. No contrato avençado, não ocorreu
qualquer reajuste abrupto e íngreme que pudesse representar surpresa incontornável à
apelante” (TRF3, AC 2004.61.00.032499-7/SP). O desembargador federal Peixoto Júnior
seguiu jurisprudência da corte e negou provimento à apelação, acompanhado pela Turma.

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