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Biosseguranca Transgenicos e Risco Ambiental Os de
Biosseguranca Transgenicos e Risco Ambiental Os de
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Rubens Nodari
Federal University of Santa Catarina
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Evaluating the long term toxicity of a Roundup herbicide and a Roundup-tolerant genetically modified maize View project
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Introdução
1
In: Jose Rubens Morato Leite e Paulo Roney Avila Fagundez. (Org.). Biossegurança e novas tecnologias na sociedade de risco: aspectos juridicos, tecnicos e sociais. São Jose, SC:
Conceito Editorial, 2007, v. I, p. 17-44.
das expressões transgenia e biorrisco (biohazard) para assegurar a aceitação destes produtos pela
sociedade. Assim, governos, cientistas e o setor industrial produziram novas expressões:
organismos geneticamente modificados – OGM e biossegurança para substituir transgênicos e
biorrisco, respectivamente. A expressão biossegurança tem sido então utilizada nos últimos 20
anos em substituição a biorrisco, para dar a (falsa) idéia de que o produto é biosseguro. Contudo,
a expressão transgênico se popularizou e é utilizado como sinônimo de OGM.
Ao completar 10 anos a Lei nº 8974 foi substituída pela Lei nº 11.105, de 24 de março de
2005. A nova Lei de Biossegurança estabelece normas de segurança e mecanismos de
fiscalização de atividades com OGMs e derivados e tem como diretrizes a proteção à vida,
proteção à saúde humana, animal e vegetal e do meio ambiente, bem como a observância do
Princípio da Precaução. Mas a nova lei trouxe inúmeras novidades, muitas das quais se
transformam imediatamente em desafios.
Órgão Ministérios
CNBS MMA, MS, MAPA, SEAP, MDA, MD, MCT. MDIC, MRE, MJ, Casa
Civil
CTNBio MMA, MS, MAPA, SEAP, MDA, MD, MCT. MDIC, MRE
Órgãos de Registro e MMA, MS, MAPA, SEAP
Fiscalização
Assim, implementar uma nova lei que determina a observância ao Principio da Precaução se
constitui no maior desafio a ser vencido. Até então, utilizava-se o principio da familiaridade, que
recomenda a tomada de decisão até que os problemas apareçam.
Desafio 5 – Observância estrita dos conceitos ético-profissionais
Esta é também outra novidade da nova Lei de Biossegurança: os membros da CTNBio
devem pautar a sua atuação pela observância estrita dos conceitos ético-profissionais, sendo
vedado participar do julgamento de questões com as quais tenham algum envolvimento de ordem
profissional ou pessoal, sob pena de perda de mandato. Dispositivos neste sentido estão tanto na
Lei quanto no Decreto nº 5.591, de 22 de novembro de 2005, que regulamenta a Lei, como
também no Regimento Interno da CTNBio. O referido Decreto determina ainda que o membro da
CTNBio, ao ser empossado, assinará declaração de conduta, explicitando eventual conflito de
interesse, na forma do regimento interno.
Está posto, finalmente, a questão do conflito de interesses. É verdade que o problema
começa a ser enfrentado. Contudo, há muitas definições a serem tomadas, sendo a mais
importante delas, o que se entende por conflito de interesse de um membro da CTNBio em
relação à sua atuação naquela comissão.
O dispositivo legal a ser cumprido não foi muito bem recebido por vários membros da
CTNBio e passados seis meses desde a posse dos membros a matéria não foi discutida o
suficiente para o estabelecimento de um formulário especifico e procedimentos para verificação
da obrigatoriedade da observância estrita da determinação legal. A assinatura dos referidos
termos só foi feita depois do pedido do Ministério Público Federal.
Revistas científicas e os interesses das industrias
Houve a necessidade da inclusão deste dispositivo nas normas em razão do crescente
ocorrência desses conflitos em diferentes comitês, nas consultorias, na condução de pesquisas, na
publicação de artigos e na tomada de decisões. Segundo Glaci Zancan, “antigamente, era a busca
pelo conhecimento que motivava as mentes. Hoje, busca-se ainda a utilidade dos resultados e
com isso a pesquisa deixou de ser neutra para ser vinculada aos interesses dos financiadores. O
exemplo claro dessa nova visão está na área biológica, financiada por grandes corporações, seja
na obtenção de novos fármacos, seja no desenvolvimento de variedades vegetais transgênicas ou
no emprego de células-tronco na terapia celular” (Zancan, 2005). No caso de fármacos, um caso
ilustrativo é a conclusão a que chegou o Dr. Robert Smith, que foi durante 25 anos editor da
Revista British Medical Journal: por estratégias discretas, as empresas fazem seus remédios
parecerem muito melhores do que realmente são e atrelam as revistas a seus interesses,
comprando milhões em artigos reimpressos e distribuindo para médicos em todo o mundo
(Smith, 2005). Ele sugeriu o cancelamento de toda e qualquer publicação de testes clínicos de
medicamentos nos periódicos científicos.
A freqüência de ocorrência de conflitos de interesse se tornou tão evidente (estimada em um
terço nos colaboradores das agências norte americanas) que o governo está estudando formas de
enfrentar a situação.
Segundo Norman Ellstrand (2003) “os cientistas são pesquisadores, professores e cidadãos.
Como pesquisadores eles têm a responsabilidade pela ciência que sai dos seus laboratórios. Como
professores eles têm a responsabilidade de comunicar o que aprendem da ciência para a
sociedade que os mantém. E, como cidadãos eles têm a responsabilidade de ouvir o que o resto da
sociedade pensa sobre o que eles aprendem e ensinam.” Portanto, é preciso evitar que a
interferência do mercado nas atividades de pesquisa leve ao descrédito da ciência que sempre foi
regida por princípios éticos severos, o que lhe conferiu a credibilidade que hoje desfruta. Sempre
foi praxe da comunidade científica não opinar sobre projetos de sua própria instituição, mas agora
é preciso mais. É preciso evitar que interesses comerciais, pessoais ou institucionais se misturem
aos acadêmicos (Zancan, 2005).
Desde 1989, parte da comunidade científica vem elaborando possíveis riscos ambientais das
plantas transgênicas. Os riscos previstos ainda em 1989, quando não havia plantas trangênicas em
cultivo, foram: criação de novas pragas e plantas daninhas; um aumento das pragas já existentes
por meio da recombinação gênica entre a planta transgênica e outras espécies filogeneticamente
relacionadas; a produção de substâncias que são ou poderiam ser tóxicas a organismos não-alvos;
o efeito disruptivo em comunidades bióticas seguido de contaminação de espécies nativas com
características originadas de parentes distantes ou de espécies não relacionadas; origem de
substâncias secundárias tóxicas após a degradação incompleta de químicos perigosos; efeito
adverso nos processos ecológicos e extravagância de recursos biológicos valorosos (Tiedje et al.
989). Passados 10 anos do cultivo de plantas transgênicas, praticamente todos os efeitos previstos
ocorreram.
A liberação de transgenes indesejáveis no meio ambiente pode ser considerado um
problema mais sério do que aquele representado pelos pesticidas. Por exemplo, uma molécula de
DDT permanece como molécula simples ou se degrada, contudo um simples alelo tem a
possibilidade de se multiplicar por meio da reprodução, o que pode frustrar as tentativas para seu
confinamento (Ellstrand, 2001).
No caso dos riscos ao meio ambiente, incertezas e indeterminações são frutos da
complexidade dos ecossistemas e raramente explicitadas. Falhas em reconhecê-las e levá-las em
consideração podem provocar severas conseqüências. A avaliação de risco feita em laboratório
pode ser adequada e simples. Contudo, quando as plantas vão para o meio ambiente em larga
escala, as dimensões sociais e ecológicas, além das agrícolas, devem ser levadas em
consideração, o que aumenta a complexidade das análises e a imprevisibilidade dos efeitos
(Peterson et al., 2000). A ciência pode, por exemplo, estimar as probabilidades de um dano
causado por um composto tóxico ao qual as pessoas estão expostas. Pode, da mesma forma,
estimar os benefícios humanos de uma nova droga que não era possível de ser criada no passado.
Contudo, as ciências naturais não podem estimar os custos econômicos e sociais associados à
presença de uma proteína nova na cadeia alimentar, a qual as pessoas não querem em sua comida
(Ellstrand, 2003).
Cautela com novas plantas transgênicas também foi a recomendação da Academia Nacional
de Ciências para o governo americano. A avaliação de plantas transgênicas deve ser feita de
maneira "mais rigorosa e transparente", com a participação de especialistas independentes e
maior envolvimento da população em geral foi a conclusão de um comitê especialmente formado
para analisar a situação da liberação comercial das plantas transgênicas. Além desta constatação,
os cientistas também condenaram o uso do termo “não há evidências” em suas avaliações
ambientais é ambíguo: pode indicar tanto a inexistência de provas que identifiquem impactos
ambientais, quanto a inexistência de estudos sobre o tema (NAS, 2002).
Mas as agências americanas, bem como a CTNBio, usam esta expressão por ocasião da
liberação comercial de OGM. Exemplo: no Parecer Técnico Conclusivo da CTNBio sobre a soja
RR em 1998 encontra-se: “...que não há evidências de risco ambiental ou de riscos à saúde
humana ou animal”. É legitimo (para a transgenia) inferir com base na ausência de evidência
contra uma teoria ou hipótese que é aceitável de acordo com a imparcialidade? (Lacey, 2005).
Segundo Traavik et al. (1999) este é um paradoxo científico, pois a ausência de evidência jamais
deve ser tomada como evidência da ausência.
Desafio 8 – Coexistência entre transgênicos e não transgênicos
A coexistência significa a possibilidade efetiva, para os agricultores, de escolherem entre o
modo de produção convencional ou biológico, ou ainda a produção de cultivos transgênicos, no
respeito das obrigações legais em matéria de rotulagem ou de normas de pureza (União Européia,
2003). Ou seja, só existe coexistência se não houver danos a terceiros pelo cultivo realizado. Mas
como prevenir a contaminação (fluxo gênico) de lavouras vizinhas a partir do pólen ou das
sementes produzidas numa propriedade? Se houver a contaminação, não só a produção das
lavouras contaminadas se torna um problema em si, mas também os produtos na cadeia
comercial, que, de acordo com a norma legal devem ser segregados e rotulados.
O fluxo gênico é sem dúvida o evento de extrema importância biológica, pois é o elo que
permite a troca de genes entre plantas da mesma espécie para que a espécie possa se perpetuar.
Portanto, o fluxo gênico é uma propriedade inerente das espécies como tal. Assim, ocorrendo o
fluxo gênico, o que é normal, ocorrerá a contaminação.
Contaminações são objeto de artigos em centenas de revistas científicas. Um dos trabalhos
que comprovou a situação real de comércio de sementes contaminadas foi feito por Mellon e
Rissler (2004) da Union of Concerned Scientists. A principal conclusão obtida pelos autores foi a
de que mais da metade das cultivares convencionais de soja, milho e canola vendida nos Estados
Unidos estavam contaminadas com graus variáveis de OGM. Posteriormente, foi verificado que
todas as variedades convencionais de algodão também estavam contaminadas com algodão
transgênico. Ou seja, as sementes convencionais que deveriam ter pureza genética, também já são
fonte de contaminação de transgênicos.
O Greenpeace mantém uma página na Internet na qual são registrados os casos de
contaminação ocorridos (http://www.gmcontaminationregister.org). Acessada em 03 abril de
2006, a referida página registrava 121 casos de contaminação envolvendo OGMs em 40 países:
43 em alimentos; 7 rações animais; 52 sementes, espécies nativas e selvagens; 2 de plantas
daninhas; 1 parental silvestre; 1 variedades crioulas e 14 outras. Até aquela data havia ocorrido
19 liberações ilegais. De todas as liberações, oito casos com efeitos agronômicos negativos. Nem
as variedades nativas do Centro de Origem do milho no México foram poupadas.
A contaminação por OGM pode provocar muitos efeitos. Dentre os efeitos biológicos dos
transgenes, os mais relevantes são: no valor adaptativo das espécies afins; na dinâmica de
populações; efeitos indiretos na comunidade (ecossistema); na diversidade genética de espécies
afins e efeitos na co-existência. Já os efeitos sócio-econômicos da contaminação são: (negativos)
no preço de produtos não OGMs; na segregação de produtos; nos procedimentos e custos da
identificação/rotulagem; na fiscalização e monitoramento; na coesão social (disputas pessoais,
coletivas, políticas, judiciais); no gerenciamento/governança da coexistência de diferentes
sistemas agrícolas e na reputação comercial.
Desafio 9 – O que as lições do passado ensinam
Existem muitas lições do passado, onde preocupações de pessoas ou cientistas não foram
levadas em consideração e que posteriormente vieram a causar de fato enormes danos à saúde
humana e ao meio ambiente. Uma dessas lições é relacionada aos agrotóxicos. Foi preciso morrer
muitas pessoas e ser constatado DDT nas gorduras dos ursos polares para que normas legais mais
estringentes fossem adotadas. Neste sentido é marcante o livro A primavera silenciosa, da Dra.
Raquel Carson, onde as questões relacionadas aos impactos de uma nova tecnologia eram
totalmente desprezados.
Os herbicidas mais utilizados em todo o mundo são a base de glifosato (Ex: Roundup),
liberado para uso comercial há mais de 20 anos. Contudo alguns estudos cruciais só foram feitos
recentemente. É relevante destacar dois estudos, uma da área da saúde humana e outro da área
ambiental. No primeiro caso, cientistas verificaram que tais herbicidas tem a capacidade de
interferir no sistema endócrino dos mamíferos, sendo considerados como “desregulador”
endócrino (Richard et al., 2005). Paralelamente, o Dr. Relyea (2005) verificou que esses
herbicidas podem afetar dramaticamente algumas espécies aquáticas, conseguindo eliminar certos
anfíbios.
E ao contrário do que intensamente propagandeado, a introdução da soja RR não diminui o
consumo de herbicidas no país. Ao contrário, pois no Rio grande do Sul, o consumo de
herbicidas a base de glifosato aumento mais de 5 vezes no período de 1998 a 2005.
O caso dramático da vaca louca proporciona mais uma incontestável lição. Em 1980 foram
introduzidas na dieta das vacas britânicas, farinha elaborada com carne e ossos de ovelhas. Cinco
anos depois, apareceram naquele país os primeiros casos de uma enfermidade desconhecida que
foi chamada de Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE) ou simplesmente “vaca louca”,
decorrente da falta de controle motor dos animais afetados.
Cientistas alertaram, já em 1989 sobre o risco de contágio ao homem e as coincidências
entre as doenças da cava louca e a doença em humanos, Creutzfeldt-Jakob (CJD). O mal de
Creutzfeld-Jakob, doença que a carne infectada provoca nos humanos, afeta o sistema nervoso,
levando a pessoa à demência Anos depois, foi detectado em humanos uma variação do CJD, o
vCJD. O mais intrigante desta história é que em 1990, a comissão de cientistas criada na Grã-
Bretanha para estudar essa relação (entre mal da vaca louca e vCJD) negou não só essa
possibilidade, como também que a enfermidade em bovinos não se constitui em risco para a
população. Em 1996 o governo inglês reconhece a possibilidade de relação entre as duas doenças.
Tarde demais, pois dezenas de pessoas já estavam mortas e centenas ou milhares contaminadas,
vitimas desta vCJD, suspeita de estar relacionada com o mal da vaca louca. O segundo aspecto
intrigante é a absoluta semelhança entre uma vaca sadia e uma normal. A única diferença entre
ambas é a conformação espacial de uma proteína.
Mas a lição não foi apreendida em todo o mundo. Nos anos 90, a equivalência substancia
foi suada como critério pelas nações desenvolvidas para promover um transgênico à fase
comercial. Atualmente, uma variedade transgênica é considerada equivalente a uma variedade
convencional se os valores de certos parâmetros (teor de amino ácidos, proteínas, cinzas, lipídios,
entre outros) se situam no intervalo de variação para os referidos parâmetros com 95% de
confiança. O caso da vaca louca demonstra inequivocamente que este critério não tem base
cientifica.
Este conceito de equivalência substancial tem sido alvo de críticas, entre outras, porque a
falta de critérios mais rigorosos pode ser útil à indústria, mas é inaceitável do ponto de vista do
consumidor e da saúde pública (Millstone et al., 1999). Esta estratégia baseada na equivalência
substancial foi introduzida para evitar que as indústrias tivessem custos maiores com testes de
longa duração. Quando se utiliza a equivalência substancial, nenhum teste de longa duração é
requerido. Este princípio da equivalência substancial é equivocado, carece de base científica e
deveria ser abandonado em favor de testes biológicos, toxicológicos e imunológicos mais
aprofundados e eficazes (Nodari e Guerra, 2001). Nos caso de OGM, o que importa é exatamente
os possíveis efeitos adversos das seqüências inseridas.
Conclusões
A nova Lei de Biossegurança traz consigo muitas novidades, a maioria deles acompanhado
desafios. Na verdade a biossegurança deveria ser entendida como biorrisco associado aos
produtos de novas tecnologias, em particular dos OGM. E a biossegurança (ou os biorriscos)
deixa de ser uma questão só para os cientistas e o governo. Passa sa ser também da sociedade,
que agora pode participar mais ativamente do processo de compreensão, conscientização e
tomada de decisão.
Diversas lições das “primeiras preocupações” com certas tecnologias nos ensinaram que é
preciso muita cautela na adoção de novas tecnologias. Estas lições nos ensinaram que a ciência
deve ser independente; ciência não é suficiente; incertezas e imprevisibilidade estão
inerentemente associadas às novas tecnologias; as dimensões social, econômica e ética deve ser
parte efetiva do processo decisório e que a participação pública deve ser efetiva.
Desta forma, o Principio da Precaução está adequadamente colocado. Alguns cientistas
naturais passaram a reconhecer que as tecnologias que emergem de suas pesquisas podem ter um
conjunto de impacto, bons e ruins. Em um editorial da Science, Donna Shalala, que foi secretária
do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, ponderou em 2005 que: “...Nós
devemos abrir essas portas cuidadosamente, nunca deixando nossa ciência ir adiante de nossa
ética. Ciência e tecnologia não são inerentemente morais; a responsabilidade de colocar moral
nelas pertence a nós”.
Esta postura é de fato relevante pois tecnologia é poder como ponderou, Hugo de Vries, um
dos redescobridores das Leis de Mendel, em 1907, portanto, a quase 100 anos atrás: “Numa
ciência aplicada como a genética agrícola, o econômico domina o científico e, além dos ganhos
financeiros, determina o que é cientificamente verdadeiro”. Hugo de Vries chegou a esta
conclusão quando a industria da semente começa a se estabelecer nos Estados Unidos. Será que
100 mais tarde é apenas uma coincidência?
Para concluir, uma recomendação de Albert Einstein: “Qualquer um que aspire ser um
autêntico cientista deve tirar, pelo menos, meia hora por dia para pensar o contrário de seus
colegas.”
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