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2. CONCISÃO (não é simples escrever "tudo" em "pouco espaço/tempo"). O ato de resumir vai
permitir que treinemos a identificação das “ideias-núcleo” no texto;
3. COESÃO: a estrutura textual requer a concatenação, ou seja, uma sequência lógica de raciocínio.
Desse modo, a ideia apresentada tem um percurso argumentativo (começo-meio-fim). Vale dizer que
há um “iter” (caminho) a ser seguido, no chamado eixo temático (tessitura redacional). Se o
raciocínio não flui, e o interlocutor detecta quebras na compreensão da ideia, há problema de
coesão;
COERÊNCIA INTERNA: é a perfeita sintonia de ideias no texto, as quais seguem uma estrutura
ideológica pertinente. Tal pertinência pressupõe uma tese (parágrafo introdutório), atrelável a um
desenvolvimento e, finalmente, a um fecho de raciocínio, em rigorosa progressão. Exemplo: “não
posso começar com um SIM (pretendendo demonstrar a prevalência desse SIM) e terminar com um
NÃO”;
5. NATURALIDADE: o texto bem elaborado é aquele que flui com naturalidade, sem expressões
pernósticas e vocabulário erudito. Tudo deve estar coerente com a capacidade linguística do escritor.
Erudição não se mede pela utilização de palavras "bonitas".
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argumentativo. Nesse passo, disserta-se com o objetivo de convencer alguém sobre um certo ponto
de vista.
COMEÇO:...............................PREMISSA MAIOR
↓ ↓
MEIO: ...............................PREMISSA MENOR
↓ ↓
FIM: ........................................CONCLUSÃO
Trata-se do conhecido RACIOCÍNIO SILOGÍSTICO (SILOGISMO)
A ESTÉTICA DO TEXTO
PREMISSA MAIOR
↓
PREMISSA MENOR
↓
CONCLUSÃO
VAMOS DETALHAR...
1. INTRODUÇÃO: a introdução é uma parte do texto dissertativo dotada de muita relevância, uma
vez que serve para a apresentação inicial do assunto (tema). Tal indicação preambular deve conter a
chamada “ideia-núcleo” – o ponto principal do tema a ser anunciado. Além disso, a introdução deve
ter um caráter resumitivo, ou seja, apresentar uma sinopse daquilo que se pretende exteriorizar. Tal
resumo deverá ser detalhado nos tópicos subsequentes, daí a sua formatação meramente
panorâmica. Por fim, a introdução deve ter o viés provocativo, hábil a instigar/seduzir/despertar (a
curiosidade de) o interlocutor.
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PARÁGRAFO 1: INTRODUÇÃO
↓
PARÁGRAFO 2: DESENVOLVIMENTO
↓
PARÁGRAFO 3: DESENVOLVIMENTO
↓
PARÁGRAFO 4: CONCLUSÃO
Naturalmente, o contexto vai imperar na estética acima apresentada. Isso significa que o número de
linhas poderá ser variável, a depender da situação posta. Assim, poderei dissertar dispondo de 60,
80, 120 linhas. Daí a liberdade na confecção dos parágrafos (por exemplo, uma introdução com dois
parágrafos, um desenvolvimento com vários parágrafos), entre outras possibilidades de estilo.
O texto coeso é aquele que apresenta uma orientação argumentativa, ou seja, a chamada coesão
sequencial. Em outras palavras, mostra-se com ideias que são encadeadas em uma progressão de
raciocínio (começo, meio e fim). Seguem algumas estratégias para se alcançar a coesão no texto:
1) responda às perguntas: “vou falar sobre o quê?”; “pretendo demonstrar o quê?”; “vou
provar o quê?”; “vou concluir o quê?”;
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Posto isso, a coesão é a necessária direcionalidade que todo texto adequado deve possuir. A
propósito, a “costura” de ideias na superfície textual dependerá de alguns elementos:
a) é fundamental que o texto seja construído com parágrafos curtos e frases curtas;
c) é necessário que não se confundam as palavras parônimas (ex.: ratificar x retificar; elidir x ilidir;
eminente x iminente);
d) é preciso o domínio do bom uso dos pronomes relativos, os quais serão capazes de fazer com que
um elemento frasal esteja solidário com outro;
e) por fim, o texto coeso dependerá das chamadas partículas sequenciadoras, as quais unirão o
parágrafo anterior ao seguinte, mantendo o fio lógico de raciocínio, à luz da estrutura silogística
adequada (premissa maior / premissa menor / conclusão; ou tese / desenvolvimento / conclusão).
1. PARA A INTRODUÇÃO:
Se o tema requer, por exemplo, a citação de um dispositivo legal, fundamental para o desfecho do
caso, é simples imaginar que tal comando normativo será a PREMISSA MAIOR. Desse modo, a
introdução deve conter a sua menção, a par de seu detalhamento.
Exemplos:
Segundo o art. ___, (...)
Em consonância com o art. ___, (...)
Conforme o disposto no art. ___, (...)
À luz do disposto no art. ___, (...)
Com fulcro /Com supedâneo no art. ___, (...)
Consoante a dicção do art. ___ (...),
O art. ___ dispõe / reza / preconiza / preceitua / determina / expressa / estabelece / exprime /
exterioriza / evidencia / expõe / assevera (...)
2. PARA O DESENVOLVIMENTO
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Visualizando a situação:
ARGUMENTO A
↓
ARGUMENTO B
Exemplos:
3. PARA A CONCLUSÃO
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Assim, (...)
Do exposto, (...)
Diante do exposto, (...)
Destarte, (...) / Dessarte, (...)
Posto isso, (...)
Ante o exposto, (...) (CUIDADO: EVITE “ANTE AO EXPOSTO”: duas preposições?)
Em face do exposto / Em face ao exposto, (...) (CUIDADO: EVITE “FACE AO EXPOSTO”:
estrangeirismo, francesismo ou galicismo. A locução prepositiva no português é em face de/a)
O TEXTO NA PRÁTICA
MACETE:
VOU FALAR SOBRE O QUÊ? VOU DEMONSTRAR O QUÊ? VOU PROVAR O QUÊ? VOU
CONCLUIR O QUÊ?
(O macete reproduz o próprio percurso argumentativo baseado no silogismo: começo-meio-
fim)
2° PASSO: faça o rascunho (as ideias inicialmente pensadas devem ser “jogadas” no papel, ainda
que de modo desorganizado);
OBSERVAÇÃO: em outras propostas mais sofisticadas, por exemplo, aquelas que apresentam
textos para uma leitura e análise prévias, o escritor deve ter bastante cautela. Há que se observar a
ideia-núcleo (ou ideias-núcleo) em cada texto, extraí-las em uma atividade de resumo e, após,
elaborar o percurso argumentativo de modo global, ou seja, respondendo às perguntas do “macete”,
às luz de tais ideias-núcleo. É natural que devamos trazer incrementos argumentativos, mas sempre
presos à ideia central captada no(s) texto(s) fornecido(s).
- meio de comunicação;
- a televisão é um poderoso veículo de divulgação, em tempo real, dos mais diferentes episódios que
ocorrem no mundo;
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- a tevê demonstra uma aptidão para distanciar aqueles que assistem a ela;
- a tevê se adapta ao gosto (duvidoso) do telespectador, que se satisfaz com “baixarias” e programas
apelativos. Se falta cultura ao povo, como imaginar que ele buscará na tevê o que não conhece?
- a tevê, por meio de seus programas (algumas telenovelas, por exemplo), impõe modos de pensar e
agir, padronizando as referências sociais e comportamentos. Isso abre caminho à indústria cultural.
- Gramática em dia:
1. Verbo “assistir” (verbo transitivo indireto – preposição “a”) (presenciar): Eu assisto à tevê; Assiste-
se à tevê; Estes são os programas de televisão a que / aos quais assisto; Esta é a televisão a que/ à
qual assisto.
PARA REFLETIR...
“... No século 19, acreditavam os pensadores deterministas ser o homem um produto do meio. Neste
novo século, podemos dizer que os meios (de comunicação) são um produto (ou reflexo) do homem.”
(CAMARGO, Thaís Nicoleti de. Redação – Linha a linha. São Paulo: Publifolha, 2004, p. 40).
Parágrafo introdutório:
A tevê é um meio de comunicação que promove a difusão de informação a todos aqueles que
assistem a ela. Ao mesmo tempo, a televisão pode se mostrar como um poderoso veículo de
manipulação ideológica, afetando o discernimento dos telespectadores. Nessa medida, há que se
definir: a tevê informa, manipula ou, curiosamente, possui as duas faces?
Segundo parágrafo:
É evidente que a televisão se mostra como um poderoso veículo de conhecimento, e isso por mais
de uma razão. Ao mesmo tempo que diminui a distância, não discrimina os destinatários da
mensagem. Daí o seu “democrático” caráter informativo. Além disso, a tevê permite “que o mundo se
conheça”, quando todos têm acesso em tempo real aos mais diferentes episódios do planeta.
Terceiro parágrafo:
Por outro lado, a televisão, atendendo a interesses daqueles que detêm a propriedade dos meios de
comunicação, revela-se como um potente recurso de manipulação ideológica. De fato, a mensagem
ali difundida, ainda que irreal ou inverídica, dota-se de legitimidade, tornando-se indubitável. Essa
faceta “manipuladora” transforma a tevê em instrumento de satisfação de interesses dominantes em
detrimento da vontade e da real percepção do telespectador, quanto ao mundo exterior.
Quarto parágrafo:
Nesse rumo, a televisão, em boa parte de sua programação, procura divulgar alienantes programas
de entretenimento – muitos deles, focados na futilidade –, sem a ideal preocupação de exteriorizar o
conhecimento adequado sobre o mundo exterior. Ela entretém, mas aliena.
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Conclusão:
Assim, entende-se que assistir à tevê é se aproximar da informação com a velocidade que o
dinâmico mundo atual exige. Isso, todavia, não significa conhecer, engajadamente, o “mundo” por ela
revelado. A tevê possui mais de uma face.
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