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Viver em Vitória - Steve Gallagher
Viver em Vitória - Steve Gallagher
Steve Gallagher
G158v
Gallagher, Steve.
Viver em vitória - Pelo poder da misericórdia / Steve Gallagher; traduzido por Dra.
Maria Eugênia da Silva Fernandes - Rio de Janeiro; Graça, 2005.
256 pp. 16x23cm.
ISBN 85-7343-719-7
Inclui bibliografia
CDD-248.4
Bibliografia...........................................................................................................198
***
***
AMADORES ESPIRITUAIS
Carl é o subproduto de um sistema que se tornou fortemente
entrincheirado no interior da Igreja: uma forma de religião que
parece a coisa real, mas está suficientemente alterada para fazê-la
agradável àqueles que não queiram seguir o caminho estreito do
verdadeiro cristianismo. Distribui uma apresentação falsa do
Evangelho fundamentada nos sentimentos e não na fé. Essa versão
falsificada do cristianismo é promovida por vendedores, que se
tornaram populares como Carl, não por causa da maturidade
espiritual, mas porque sabem, instintivamente, como dar às pessoas
o que elas desejam.
Evangelistas itinerantes não estão sozinhos na propagação
dessa fé, a qual tem sua base na emoção. Muitos pastores edificaram
igrejas imensas com essa espécie de estímulo. O Pr. Pete servirá
como uma boa ilustração desse tipo de ministro. Ele lidera uma
igreja que está crescendo em uma cidade grande, com atividade
incessante, atraente e jubilante. Tal atmosfera é um reflexo da sua
própria natureza. Pete é, e sempre foi, positivo, social, divertido e
animador para se estar por perto. Quando você freqüenta um de
seus cultos, quase tudo o que se ouve é positivo: sermões sobre o que
Deus quer fazer por você, testemunhos a respeito do que Ele fez e
*
Nota da Revisão - Referência ao livro de Eleanor Porter.
um culto de adoração que lembra uma festa de vitória de algum
campeonato.
O que há de errado nisso? Sou contrário ao entusiasmo
cristão? Absolutamente não! Concordo com aqueles que fazem a
pergunta: "Por que alguns crentes ficam histéricos com um jogo de
futebol, mas recusam-se a mostrar entusiasmo por Deus?". Creio
que existe lugar para uma exuberância genuína com relação ao nosso
Salvador e o que Ele fez por nós.
O problema com a igreja que o Pr. Pete dirigia é que, quando
espreitamos por trás do muro da exuberância e da penugem exterior,
não há coisa alguma lá! O cristão maduro, que sabe discernir,
descobre, com tristeza, que aquela igreja não tem substância. A
esperança que está sendo espalhada não está ligada a um
conhecimento real do Senhor ou de Sua dependência, mas, sim, a
um clima de entusiasmo superinflado, que não deixa diminuir.
Conseqüentemente, o maior medo desse homem não é de que ele
possa desviar seu rebanho, mas de que, se ele deixar o entusiasmo
morrer, todos os seus seguidores rapidamente o abandonarão por
outra igreja "em que haja o mover de Deus".
A vida cristã não é para ser vivida continuamente no
entusiasmo febril. Estar perdido no regozijo do amor de Deus ou de
uma revelação elevadíssima de quem Ele é pode ser
maravilhosamente animador na jornada espiritual de um crente.
Não obstante, o crescimento cristão, geralmente, vem em meio à
luta, quando se passa entre a folhagem densa dos problemas da vida,
como em uma floresta. Nesse momento, o verdadeiro caráter santo é
edificado, e o cristão maduro aprende o que significa viver pela fé em
Deus.
Pr. Pete tem um conhecimento superficial de Deus, então, isso
é tudo o que ele pode oferecer à sua congregação. Na realidade, esse
homem não pode pastorear além do que ele mesmo já caminhou na
própria vida espiritual. Como sempre foi capaz de se relacionar por
causa de sua personalidade agradável, aparência otimista, natureza
cheia de energia, Pete nunca sentiu necessidade de algo mais
profundo do Senhor. Na verdade, aprendeu cedo que seus dons
carismáticos o fazem um "líder nato", anulando sua necessidade de
cultivar a autoridade santa que vem de uma vida de dependência do
Pai. Simplificando, Pr. Pete não precisa de Deus para atrair
seguidores.
O sorriso rápido e a movimentação incessante do Pr. Pete
geram entusiasmo nos outros. Um olhar para baixo da superfície
expõe alguns problemas reais em seu ministério e em sua vida
pessoal. As experiências pseudo-elevadas que ele tenta produzir para
os seus seguidores são concebidas do seu pensamento e sua vontade.
Em algum ponto de sua caminhada com o Senhor, Pete, talvez, tenha
testemunhado as tremendas manifestações do poder de Deus em
outros. Entretanto, em vez de buscar uma experiência genuína e
pessoal com o Altíssimo, está contente em ter um ministério cheio
de zelo, mas desprovido de qualquer conhecimento real ou
importância espiritual. É inevitável que todo culto da igreja se torne
um evento coreografado estimulante, na tentativa de manter a sua
congregação — isto é, os espectadores — eletrizados pelo esforço
humano de sustentar um alto nível de interesse que agrade à
multidão.
Em vez de receber alimento espiritual saudável, que leva ao
crescimento espiritual natural que ocorre em uma congregação bem-
nutrida e pastoreada de modo maduro, os membros da igreja
recebem uma dieta constante de algodão doce e cobertura de
marshmallow, a qual provê uma explosão temporária de energia,
mas deixa-os, no final, dolorosamente desnutridos. O que mais se
espera de um homem que passou a sua vida cristã inteira omitindo
os elementos primários de uma dieta bem-balanceada — o alimento
de ser convencido pela Palavra de Deus, os vegetais da disciplina, as
batatas do sacrifício, a salada da adversidade? Ele gosta de
sobremesa e imagina que, além dele, os outros possam viver com
isso o tempo todo. Então, o corpo de sua igreja lembra um viciado
em drogas, que se mantém artificialmente, enquanto, na realidade,
seu corpo carece da nutrição adequada para promover o crescimento
e sustentar a vida.
A falta da verdadeira liderança espiritual no Pr. Pete aparece
não apenas no púlpito, mas também no seu aconselhamento
pastoral. Quando abordado por pessoas que necessitam de respostas
reais, ele lhes empresta um ouvido simpático, da uma palavra
animada de encorajamento, faz uma oração que soa fervorosa e
termina com um tapinha de conforto nas costas. Inicialmente, a
pobre pessoa que buscou ajuda sente-se animada durante cerca de
dez minutos, antes que um senso de desespero lhe sobrevenha.
Naturalmente, ela tem dificuldade em entender como tal palavra e
tal oração de ânimo podem deixá-la tão confusa e desesperada. O
que esse homem ferido precisa é do conselho santo de um pastor
com um interesse sincero, que realmente entenda os seus problemas
e ore com autoridade.
Infelizmente, uma reunião com esse ministro desapontaria
todos aqueles que têm uma necessidade real. Pete não compreende
os vários dilemas da vida que muitas pessoas enfrentam, porque ele
não encara as próprias dificuldades. A compaixão não cresce dentro
dele, porque ele confia no sentimento e nas respostas emocionais
para a dor dos outros. Não oferece percepção espiritual, pois nunca
adquiriu a sabedoria que vem quando uma pessoa sobrevive na noite
escura da alma. Pete ora fervorosamente, mas sem poder. Suas
orações são a tagarelice de um homem frívolo, não as súplicas
sinceras de um autêntico intercessor, que move a mão de Deus. Ele
fala da vida de vitória, mas sua idéia sobre ela é que isso nada mais é
do que declarações exageradas, as quais não contêm uma realidade
espiritual. Conseqüentemente, a pessoa que o procura sai sem
respostas, sem ajuda, sem esperança.
Pr. Pete tem um problema muito sério: sua experiência com
Deus é extremamente superficial. Então, permanece superficial e
imaturo, sem qualquer substância para oferecer a outras pessoas.
FUNDAMENTO DEFEITUOSO
Carl e Pete são amadores espirituais que não deveriam estar
em posição de autoridade espiritual. Como são desprovidos
pessoalmente de relacionamentos significativos com Deus,
certamente, não podem representá-lO efetivamente para outros que
tenham necessidades. Além disso, sua falta de interesse genuíno
pelas pessoas aniquila qualquer possibilidade de intercessão real no
trono da graça em favor daqueles a quem eles são chamados para
servir. Infelizmente, esses dois homens tipificam a espécie de
liderança espiritual ativa em muitas igrejas.
Aparentemente, a mensagem dada pelos "animadores" como
Carl e Pete é de que as pessoas devem colocar a sua fé em Deus.
Entretanto, um exame detalhado dos seus ensinamentos revela que
eles estão realmente instruindo as pessoas a fundamentarem sua fé
em algo defeituoso, de uma atitude mental positiva, e não na Rocha
dos Séculos. Essa interpretação distorcida do cristianismo produz
resultados temporários para aqueles cuja disposição mental é alegre
por natureza, mas deixa o restante dos cristãos desesperados e
derrotados. Esses pseudoministros proclamam uma mensagem não-
falada de que os cristãos vitoriosos são aqueles que mantêm
regularmente o seu entusiasmo. Eles promovem a idéia de que
aqueles que excedem em fé são os que podem estimular o ânimo dos
outros.
Toda a confusão me faz lembrar das reuniões motivacionais
que eu tinha de freqüentar periodicamente como corretor de
imóveis. Primeiro, sócios líderes de vendas apresentavam
testemunhos de como haviam fechado grandes contratos por meio
de esforços persistentes. A seguir, um líder da empresa dava ao
grupo uma palestra comovente. O ponto alto da reunião surgia
quando os melhores vendedores eram reconhecidos pelos seus
méritos. Todo propósito da reunião era incitar a paixão no grupo
para vender mais casas nos meses seguintes.
A correlação entre os dois sistemas é notoriamente similar. O
"mover exagerado" (por falta de uma expressão melhor) também
tem seus testemunhos de vitória. Aqueles que sabem inflamar uma
multidão pregam sermões estimulantes. Liderando seguidores do
movimento, são reconhecidos como poderosos homens de Deus. É
fácil ver por que seus métodos têm tanto sucesso junto aos
seguidores que atraem. Em vez de serem humilhadas pela falta de
um caráter santo, as pessoas são encorajadas a ver a espiritualidade
da forma mais leve e otimista possível. A advertência de Paulo de
que o povo não deve pensar de si mesmo além do que convém;
antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus
repartiu a cada um (Rm 12.3 - ARA) cai em ouvidos surdos, porque
esses seguidores são encorajados a carregar uma visão inflada da
piedade pessoal. Enquanto isso, qualquer sugestão de que eles
estejam exagerando o que realmente têm em Cristo é vista
freqüentemente como um ataque proveniente do diabo.
Como essas pessoas julgam que estão indo bem
espiritualmente, elas não buscam o Senhor, não se consagram ou
lidam seriamente com o pecado do coração. Cegas pelo orgulho
espiritual com relação à verdadeira condição das suas almas, elas
não percebem a necessidade de fazer tais coisas. Não enxergam a sua
carência espiritual, mas vêem como se nada lhes faltasse. Em
resumo, não existe necessidade de se preocupar com o
amadurecimento da fé porque elas acreditam que já estão no topo!
Se Jesus Se dirigisse a uma dessas reuniões de poder hoje,
talvez dissesse algo conforme estas linhas: Como dizes: Rico sou, e
estou enriquecido, e de nada tenho falta (e não sabes que és um
desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu) (Ap 3.17). Eles não
percebem o que realmente são, pois foram ensinados a não ver.
O PROGNÓSTICO ADEQUADO
A questão não é tanto a forma de orar, mas se ele tem ou não
um entendimento real da própria necessidade. Se olhar para si sob o
ponto de vista correto, aproximar-se-á de Deus com um espírito
humilde. Por outro lado, se tiver vanglória por algo que não é, ele
tentará bombardear o céu com arrogância e presunção espirituais. A
maneira de uma pessoa orar flui da maneira como ela se vê em
relação ao Senhor.
Pessoas orgulhosas preferem ver a si mesmas sob uma luz
positiva. O capítulo 9 de Mateus fornece um exemplo que se encaixa
nesse contexto. Jesus estava sentado na casa de Mateus, um
cobrador de impostos, rodeado por aqueles considerados
"inferiores". Como é tão freqüente hoje, são os instáveis,
problemáticos, aqueles entregues ao pecado exterior, que enxergam
a necessidade da ajuda de Deus. Os líderes religiosos, em pé, do lado
de fora, não sentiram aquela mesma urgência. Como o fariseu
orando no templo, eles estavam muito confiantes na sua condição
espiritual. Não obstante, Jesus apareceu lá fora e fez uma das
afirmações mais pungentes encontradas na Bíblia: Não necessitam
de médico os são, mas sim, os doentes [...] não vim para chamar os
justos, mas os pecadores ao arrependimento (Mt 9.12,13). Esta
afirmação descreve uma das características mais importantes dos
que andam realmente em vitória: a necessidade espiritual os
mantêm na proximidade dAquele que pode suprir aquilo de que
carecem.
Alguns cristãos acreditam que a salvação põe fim à necessidade
desesperada pelo envolvimento de Deus em nossa vida. Bem, eles
podem avançar em sua jornada para o céu. Na realidade, os cristãos
maduros crescem com a consciência da necessidade pelo constante
envolvimento com o Senhor. Em vez de deixá-lO para trás, na porta
inicial, eles O vêem na linha de chegada. A percepção de que
precisam da Sua ajuda, direção, correção e disciplina para viverem
vitoriosamente os mantém, constantemente, voltando-se para Ele.
Em contraste, o crente superficial, o qual não está disposto a
pagar o preço da busca por Deus, prefere inventar uma santidade.
Ele pode tentar impressionar os outros, fazendo-se passar por uma
pessoa que procura o Senhor, mas a realidade da sua vida com o Pai
é que ele está contente com a mentira. Não está espiritualmente
saudável e recusa-se a reconhecer sua condição doentia, porque não
está inclinado a seguir o tratamento prescrito necessário para
corrigi-la. É muito mais fácil idealizar uma sensação exagerada de
bem-estar espiritual do que lutar por algo real.
Jesus falou a um grupo de homens que sofria dessa espécie de
auto-engano. Eles também imaginavam que andavam com o
Altíssimo. O Dia do Juízo exporá realmente algo distinto: Nem todo
o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas
aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me
dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu
nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome,
não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente:
Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a
iniqüidade (Mt 7.21-23).
Note que essas pessoas estavam exteriormente fazendo todas
as coisas certas: identificavam-se com o Nome do Senhor,
profetizando, expulsando demônios e até realizando milagres. Isso
mostra que alguém pode realizar obras maravilhosas, a ponto de ter
o poder de Deus de alguma forma, mas ainda estar em perigo
terrível. Diferentemente do evangelista que veio para o nosso
programa de residência, essas pessoas não enfrentam a realidade a
não ser que seja tarde demais.
A questão é: a menos que um homem perceba qual é a sua
condição desesperadora diante de Deus, ele nunca se quebrantará
nem terá arrependimento real, tampouco poderá desfrutar da
abundância disponível a um filho de Deus. Em vez disso, com
certeza, ele pode esperar que sua porção será de derrota, vazio e uma
sensação falsa de vitória, fundamentada em nada mais do que o
ânimo forçado.
Meditação para Hoje
O INIMIGO DE DEUS
Poucos cristãos percebem o quanto resistem a Deus. A verdade
é que somos iguais ao rei Rnal: a maior parte do tempo na
insanidade do pensamento humano caído (Há caminho que ao
homem parece direito - Pv 14.12a). Durante nossos períodos
ocasionais de sanidade, o Espírito de Deus é capaz de Se comunicar
conosco. Deixamos que Jesus entre, mas mantemos a Sua
autoridade em um beco sem saída. Por quê? Porque não queremos
que Ele nos diga como viver. Ficamos contentes de obedecer a Ele
exterior e superficialmente, mas não em nosso coração.
Todos nós enfrentamos a luta com a nossa carne. Paulo disse:
Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espirito é
vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus
(Rm 8.6,7a). Imagine isso! Inimizade contra Deus!
Existe uma parte de nós que O ama. Nosso espírito foi avivado
e demos passos de "bebê" no sentido de amá-lO conforme Ele
ordena. Contudo, dos 50 mil pensamentos que entretemos em um
determinado dia, quantos giram em torno dEle? Quantos estão
centralizados em suprir as necessidades daqueles que Ele ama? A
maior parte dos nossos pensamentos gira em torno de nós mesmos:
o que queremos e gostamos; quais são nossos interesses e o que
desejamos fazer. Esse pensamento está em divergência com o Reino
de Deus. Com efeito, nosso pensamento é de total egoísmo,
completamente estranho ao Reino.
Viver em vitória requer uma mudança dramática nesse tipo de
pensamento. Conseguir que um ser humano egoísta e mundano
pense como Cristo não é uma tarefa pequena e explica parcialmente
o porquê de poucos alcançarem a vitória genuína. O primeiro desafio
de Deus nessa façanha é ajudar a pessoa a ver o erro do seu modo de
pensar. Infelizmente, somos como um homem em um hospital
psiquiátrico que perdeu o contato com a realidade, contudo, pensa
que é normal, porque todos ao redor dele são doidos! Se ele tiver
esperança de sair, algum dia, daquele lugar, terá de reconhecer o
fato de não estar pensando com muita lucidez. A partir de então, um
bom conselheiro (como Tellius) poderá guiá-lo ao pensamento
adequado. Qualquer pessoa da área de aconselhamento sabe que, se
uma pessoa não admitir que tem um problema com o seu modo de
pensar, não existirá absolutamente nada a ser feito para ajudá-la.
Para exacerbar ainda mais o problema, a pessoa em que Deus
está operando freqüentemente resiste aos Seus esforços. É como um
técnico chamado para consertar um computador que não funciona.
A unidade central de processamento que está lançando dados
errados e fazendo cálculos falhos é a mesma que deve cooperar com
os esforços do técnico para consertá-la. Quando o profissional tentar
restaurar a CPU, descobre que ela se opõe a cada movimento em seu
interior. Existe algo no circuito com defeito (orgulho) que nega a
existência de algo errado e tenta impedir tudo que é feito. O técnico,
então, procura introduzir os dados certos, os quais induzirão o disco
rígido a corrigir a falha, mas o computador rejeita a informação.
Muitos cristãos lutam, com unhas e dentes, contra Aquele que
tenta ajudá-los! Eles Lhe resistem, ignoram-nO e desobedecem-Lhe.
Prestam atenção quando é conveniente e O descartam no restante do
tempo. Por que as pessoas são tão hostis ao nosso Pai sábio e
amoroso? A vida seria tão melhor se deixássemos que Sus
governasse o nosso país, mas a insanidade, a qual nos faz realizar
um trabalho de má qualidade, continua a nos dizer que somos
melhores sem o Seu governo.
O maior desafio de Deus para levar Seu povo a uma vida
vitoriosa é fazê-lo perceber a necessidade do Seu controle na vida de
cada um. Essa é uma operação extremamente delicada, a qual requer
uma quantidade de esforço enorme da parte do Senhor. Não
obstante, Ele, graciosamente, deixa passar as nossas faltas, aguarda
pacientemente as oportunidades para argumentar conosco e realiza
tanto quanto pode com o pouco que Ele tem para trabalhar. Embora
o Senhor seja um cavalheiro e Se recuse a usar a força para realizar
Seus objetivos, não se engane a respeito disso. O Pai tem uma única
coisa em mente: a conquista absoluta do nosso mundo interior.
Antes de percebermos plenamente o desafio desse processo,
temos de entender melhor o que é a carne.
NÍVEL TRÊS
Intimidade profunda com Deus
Consagração profunda
Perdido no amor de Deus
Vida completamente sem egoísmo
Vontade própria totalmente conquistada
Humildade no espírito
NÍVEL DOIS O caminhar é na presença de Deus
Vida razoavelmente consagrada
Obediência no coração
Relacionamento real com Deus
Fidelidade
Sabedoria e maturidade
Usado pelo Senhor
Vida sem egoísmo
NÍVEL UM O fruto do Espírito
Obediência exterior básica
Sem pecado que importune
Certo grau de fidelidade
Fruto do Espírito no início
Gráfico 4-1
***
O GRANDE MANDAMENTO
Jesus disse: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento (Mt
22.37). Por causa da crescente passividade e a mornidão da Igreja,
tem-se dado pouca ênfase nesse mandamento, que é da maior
importância — se é que algum destaque tem sido dado a ele. Muitos
pastores preferem apaziguar as suas congregações, em vez de
insistir, sem medo, para que as pessoas examinem completamente
seus corações a fim de determinar se estão andando em obediência à
Palavra.
As pessoas ficam descuidadas com relação a este mandamento,
porque não entendem realmente a palavra amor. Acostumadas a
usar amor para descrever seus sentimentos de afeição pelos
esportes, empregos e animais de estimação da família, muitas
pessoas acreditam honestamente que elas também amam ao Senhor.
O uso excessivo da palavra retirou o seu significado real. O vocábulo
grego agápç * implica uma devoção muito mais forte do que a nossa
tradução. Ágape envolve companheirismo, amizade e comunicação
diariamente — precisamente o que falta para muitos em sua devoção
ao Criador. A profundidade e a paixão do amor ágape genuíno estão
expressas nas palavras de Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de
todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu
pensamento (Mt 22.37).
O amor de muitos crentes pelo Pai lembra a história de um
jovem que amava muito uma certa garota. Depois de saírem juntos
durante vários meses, eles se casaram. Na noite de núpcias,
desejando expressar plenamente seu amor pela noiva por meio da
intimidade física, ele ficou extremamente desapontado quando ela
recusou seus esforços, alegando não estar disposta. "Ela deve estar
*
agápç – exatamente como está no livro impresso. Essa palavra se repete em outras partes do livro.
(Nota da digitalizadora)
nervosa", ele pensou, compreensivo e paciente. Entretanto, depois
de vários anos de rejeição constante, o rapaz finalmente explodiu:
"Esse casamento é uma farsa! Você não me ama! Por que se casou
comigo?". Você diria que ele está exagerando ou sendo egoísta? Não,
absolutamente!
Imagino que o Senhor, talvez, sinta-Se dessa forma com
relação às pessoas que dizem amá-lO, mas têm o coração distante
dEle. Seu casamento alguma vez se consumou? Elas mantêm seu
Noivo aflito ou respondem ao Seu amor com indiferença? Creio que
o Altíssimo nunca teve a intenção de que tal coisa acontecesse. O
Senhor deseja o tipo de relacionamento no qual duas pessoas se
tornam uma, compartilhando mutuamente seus segredos mais
profundos — uma união reforçada pela íntima e recíproca devoção.
É cruel ou raro o Pai celeste esperar uma resposta recíproca ao
Seu amor? Posso demonstrar melhor descrevendo o relacionamento
que tenho com minha mulher, Kathy. Ela veio de uma família
amorosa que tinha proximidade, na qual cada filho sabia que sua
mãe e seu pai se amavam e amavam os filhos. Minha família, por
outro lado, era o oposto. Cresci em um lar onde a afeição nunca era
manifestada. Quando Kathy e eu nos casamos, assumi que
viveríamos juntos e, ao mesmo tempo, manteríamos nossa vida
separadamente. Eu estava errado! Ela não apoiava um
relacionamento distante! Desde o princípio, minha esposa esteve
completamente compromissada comigo e esperava a mesma
devoção em troca. Deus requer que os cristãos O amem de todo o seu
coração, sua alma e mente. Ele tem o direito de exigir essa espécie de
amor de nós, pois Ele nos ama dessa forma.
Deus nos ama, não porque somos amáveis, mas porque o Pai é
amor; não porque precisa receber, mas porque Ele Se deleita em dar
[...].
Embora nossos sentimentos vão para lá e para cá, Seu amor
por nós não é assim. Não é enfraquecido pelas nossas iniqüidades ou
por nossa indiferença; portanto, Ele é incansável em Sua
determinação de que seremos curados daqueles pecados, seja qual
for o custo para nós ou para Ele [...].
É uma verdade impressionante e surpreendente sermos
objetos do Seu amor. Você pediu um Pai amoroso: você tem um [...].
O amor de Deus não é uma benevolência senil que, enquanto dorme,
deseja que você seja feliz do seu próprio jeito, não é a filantropia
gelada de um juiz consciencioso nem a atenção de um anfitrião que
se sente responsável pelo conforto dos seus hóspedes, mas o próprio
Fogo Consumidor, o Amor que fez os mundos [...].
O Soberano não é orgulhoso e Se inclina para conquistar. O
Senhor ter-nos-á, embora tenhamos demonstrado que preferimos
qualquer outra coisa em Seu lugar e nos acheguemos a Ele, porque,
agora, 'não existe nada melhor' para ter.1
C. S. Lewis
LONGANIMIDADE
BENIGNIDADE
Quando penso em benignidade, lembro-me de uma antiga
colaboradora chamada Wilda. Ela foi uma das melhores pessoas que
já conheci. Como era Testemunha de Jeová, acho que é seguro
assumir que sua benignidade não era do Senhor. Ela, simplesmente,
tinha uma disposição agradável e boa.
Quando pensamos em expressões bíblicas, tais como, amor,
paciência e benignidade, tendemos a encaixar esses termos nas
definições que coincidem com as nossas experiências. Ao tentarmos
conceituar as características do Todo-Poderoso nas formas com as
quais nos relacionamos com seres humanos imperfeitos, nossas
descrições tendem a ser superficiais e vazias.
Deus é benigno como Wilda o era? Certamente, Ele é
poderoso, assim como Mike Tyson o é. Nossa benignidade é
superficial comparada ao amor ardente do Senhor pelas pessoas.
Todos nós conhecemos histórias dos pequenos atos da
benignidade de Deus por nós. Tenho uma declaração que faço
freqüentemente para os outros: "Nenhuma coisa boa que o Senhor
faça pelas pessoas me surpreende". É verdade! Estou tão
familiarizado com Ele a ponto de me acostumar a ver os Seus
pequenos atos de bondade com relação aos que estão à minha volta.
Tomei posse da expectativa do Seu caráter benévolo em minha vida
e na dos outros.
Alguém declarou: "O Senhor nunca teve um pensamento mau
a seu respeito". Eu sei que é esse o caso. Ele não é o juiz raivoso
como as pessoas descrevem. O Pai celeste é benigno e está esperando
para ajudar e salvar. Esse é o Espírito em quem Ele vive.
*
Pegadas na areia
Uma noite eu tive um sonho...
Sonhei que estava andando na praia com o Senhor e através do céu, passavam cenas da minha vida.
Para cada cena que passava, percebi que eram deixados dois pares de pegadas na areia: um era meu e
o outro era do Senhor.
Quando a última cena passou diante de nós, olhei para trás, para as pegadas na areia e notei que muitas
vezes, no caminho da minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia.
Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiosos do meu viver. Isso me
aborreceu deveras e perguntei então ao Senhor:
— Senhor, Tu me disseste que, uma vez que resolvi te seguir, Tu andarias sempre comigo, em todo o
caminho. Contudo, notei que durante as maiores atribulações do meu viver, havia apenas um par de
pegadas na areia. Não compreendo porque nas horas em que eu mais necessitava de Ti, Tu me deixaste
sozinho.
O Senhor me respondeu:
— Meu querido filho. Jamais eu te deixaria nas horas de provas e de sofrimento. Quando viste, na areia,
apenas um par de pegadas, eram as minhas. Foi exatamente aí que eu te carreguei nos braços.
(Do livro "Pegadas na areia" — Margareth Fishback Powers — Ed.Fundamento)
(Nota da digitalizadora).
O Senhor leva os nossos fardos de uma maneira que não
compreendemos. Ele está embaixo de nós, levantando-nos e
impedindo-nos de cair.
NUNCA FALHA
É maravilhoso saber que Deus está conosco. Na mente, muitos
homens sabem disso, mas, no coração, não discernem isso. Essa
espécie de segurança cresce quando experimentamos a presença do
Pai em tempos de dificuldade.
Uma lembrança que tenho da fidelidade do Senhor vem da
ocasião em que apareci no Programa da Oprah Winfrey. Os
produtores queriam um convidado que se tivesse envolvido com o
vício sexual para participar de um programa que estavam prestes a
pôr no ar. Eles me levaram de avião para Chicago, buscaram-me no
aeroporto de limusine e puseram-me em uma suíte no Hilton. O
programa seria gravado na manhã seguinte.
Aparecer na televisão era algo novo e sobrepujante. Durante a
noite inteira, fiquei aflito e preocupado. Não conseguia dormir;
então, andei de um lado para o outro em meu quarto, suplicando que
Deus me ajudasse. Na manhã seguinte, fui levado ao estúdio. Sentia-
me absolutamente sem forças e exausto até entrar no palco;
subitamente, senti-me revigorado! Em um instante, fui
transformado de um estado de fraqueza e medo para um de
confiança alerta. O Pai celestial tem feito isso por mim tantas vezes,
que agora não tenho mais medo. Sei que Ele já me está aguardando
na próxima situação.
O Senhor nos ama e jamais falhará conosco.
Receber uma revelação recente sobre como Deus Se parece irá
levar-nos longe e ajudar-nos a fazer-Lhe uma entrega maior. A vida
de vitória não pode ser alcançada sem o ato de entrega.
Neste capítulo, vimos a natureza amorosa do Onipotente, mas
esta é apenas metade da questão! Deus é amor; no entanto, se Ele
nunca fizesse nada com esse amor, para que serviria? Agora é tempo
de aprender sobre as Suas doces misericórdias.
Meditação para Hoje
TU ÉS FIEL, SENHOR *
Tu és fiel, Senhor, meu Pai celeste,
Pleno poder a Teus filhos darás.
Nunca mudaste, Tu nunca faltaste:
Tal como eras, Tu sempre serás.
Flores e frutos, montanhas e mares,
Sol, lua, estrelas no céu a brilhar!
Tudo criaste na terra e nos ares.
Todo o universo vem, pois, Te louvar!
Pleno perdão Tu dás, paz, segurança
Cada momento me guias, Senhor
E, no porvir — oh, que doce esperança! —,
Desfrutarei do teu rico favor.
Coro
Tu és fiel, Senhor,
Tu és fiel, Senhor,
Dias após dia, com bênçãos sem fim.
Tua mercê me sustenta e me guarda;
Tu és fiel, Senhor, fiel a mim.1
Thomas Chisholm
*
Nota da tradução - Hino original intitulado Great is thy faithfulness, traduzido para o português com o
título de Tu és fiel, Senhor, de domínio público.
Sete
O Deus de misericórdia
GRAÇA
Deus deseja uma amizade íntima e contínua conosco.
Entretanto, existe uma distância imensa entre os dois. Ele é santo,
puro e justo sob todos os aspectos. Isso O coloca em oposição direta
a qualquer coisa que lembre o orgulho ou egocentrismo. Em Sua
dimensão celestial, não há lugar para rugas nem máculas; não existe
pecado, porque tudo está perfeitamente conforme a Sua vontade.
Em total contraste, a humanidade não é santa, mas impura e
pecadora, em divergência com o Espírito de Deus. Por natureza, o
homem é transgressor. O pecado está ligado a quase tudo o que ele
faz. Apanhado habitualmente em um comportamento pecaminoso, o
ser humano é culpado pelo orgulho, egoísmo e pela rebelião contra
Deus. O profeta Jeremias descreveu, com sagacidade, o coração
humano como enganoso [...] mais do que todas as coisas, e
perverso; quem o conhecerá (Jr 17.9). O prognóstico para a
humanidade caída é o mesmo que para um paciente diagnosticado
com uma forma maligna de tumor espalhando-se pelo corpo: a
morte iminente, a menos que o Senhor intervenha.
É fascinante que o Pai, sempre com o Espírito de ágape, deseje
unir-Se ao homem. Ele busca apaixonadamente os pecadores,
porque os conhece e lembra que são apenas pó (Sl 103.14). Assim
como qualquer noivo na noite de núpcias, o Senhor deseja ser Um
com Sua noiva. A descrição perfeita dessa paixão, se você conseguir
ler sem corar, encontra-se em Cantares de Salomão. Tal narrativa
poética descreve o amor sem limites de Deus pela Sua Amada.
Para realmente avaliar o dilema de Deus, imagine um homem
que ama uma mulher, com sinceridade no coração, e está preparado
para dar sua vida por ela — para o que der e vier. Maravilha das
maravilhas, ela concorda com o casamento! Mas ele percebe alguma
coisa errada antes que a noiva chegue ao altar. Quando abre o
caminho pelo corredor, ela olha sedutoramente para os outros
homens da congregação. Que atitude inadequada! Que situação
embaraçosa! Obviamente, a moça tem um coração dividido. Ela está
em uma posição difícil: concordou em se casar, mas todos aqueles
outros homens atraíram repentinamente a sua atenção. O que ela
deve fazer?
A noiva decide continuar. Para a surpresa dele, o casamento
vai bem no princípio. A esposa parece sinceramente comprometida
com a vida conjugal. Entretanto, após alguns meses, ela começa a
voltar tarde para casa. Certa noite, ele descobre o que mais temia: a
mulher havia dormido fora de casa.
Ela demonstra arrependimento e pede perdão, mas continua a
ter os seus casos. Repetidamente, o marido a apanha mentindo
sobre suas ações. Às vezes, parece que ela o ama realmente, mas não
o suficiente para mudar de comportamento. Quanto tempo ele deve
suportar isso? Quantas vezes deve olhar de outra forma ou enterrar a
cabeça na areia? Quantas desculpas deve aceitar antes de se
divorciar? Oséias sabia o que significava estender a misericórdia a
uma mulher infiel.
O Senhor não pode ajudar a Si mesmo. Seu amor O move
incansavelmente em direção ao objeto do Seu desejo. Não importa
quão freqüentemente seja ferido. Ele a ama e não é suficiente que
esteja disposto a aceitá-la de volta depois dos seus repetidos
fracassos. Porque, quando ela volta para casa, Ele tem um sorriso
amoroso, de boas-vindas. Fica feliz por vê-la de volta, esforçando-se
por permanecer na relação. Isso é graça: o favor imerecido do
Criador com relação aos pecadores, os quais são infiéis por natureza.
Nós servimos ao Deus da graça, que perdoa quando nós
humildemente a pedimos e ainda a estende para alguém
arrependido. São as Boas-Novas para as pessoas más!
COMPAIXÃO
A compaixão de Deus vai mais além. Ele não apenas
recepciona a esposa instável arrependida com um sorriso, como
também sente compaixão pelo seu vício de adultério.*
Ele vê a sua luta. A esposa quer agir corretamente, deseja estar
nesse relacionamento, contudo, cede continuamente às pressões da
tentação. O esposo se sente mal por causa de seus embates.
Uma pessoa compassiva vê as necessidades dos outros e se
move interiormente. Ao se deparar com alguém ferido, mal consegue
conter-se e emociona-se bastante. Ela clama a Deus e fica insatisfeita
até que a dificuldade seja resolvida.
O Senhor é cheio de compaixão por nós. Suas misericórdias O
movem a nos fazer o bem e a preencher nossas carências.
Tal piedade está expressa na história que Jesus contou sobre o
bom samaritano. Ele foi movido de compaixão, mas o sacerdote e o
levita passaram pelo outro lado da estrada (Lc 10.31,32). O Senhor
nunca nos ignora quando estamos com necessidades. Ele jamais
atravessa para o outro lado da estrada para evitar o nosso problema,
mas vê as nossas dificuldades e Se move em direção a elas para nos
aliviar, curar e restaurar.
MISERICÓRDIA
Misericórdia é viver o amor de Deus para com os outros. A
palavra hebraica do Antigo Testamento traduzida como misericórdia
na versão da Bíblia King James [que corresponde à Almeida Revista
e Corrigida] é hhesed. É traduzida como bondade amorosa na NASB
[New American Standard Bible], e amor que não falha na NVI
[Nova Versão Internacional]. Hhesed refere-se, primariamente, ao
*
Temos de ser cuidadosos para não ficarmos com a impressão de que um Deus santo finge que não vê o
pecado. Ele lamenta a nossa luta, mas provê um escape, o qual espera que adotemos.
sistema de suprimento que Deus estabeleceu na terra para suprir
necessidades: físicas, emocionais e espirituais. Um irmão afirmou:
DUVIDANDO DE DEUS
Infelizmente, depois de tudo o que o Pai fez para demonstrar
Sua bondade amorosa para conosco, achamos difícil acreditar que
esse é o jeito que o Senhor realmente é. A luta para crer no melhor
sobre Ele remonta ao princípio.
Por um tempo, Adão e Eva desfrutaram a vida em seu paraíso
terrestre. Estavam em perfeita comunhão com um Deus amoroso.
Lançando mão de um fruto proibido, um intruso rastejou e
envenenou a mente de Eva com mentiras acerca do Criador. Ela
havia evitado aquele fruto, pois ele estava fora dos seus limites.
Como o diabo conseguiu que ela comesse? Utilizando a sugestão
sutil que ele usa ainda hoje: "Deus não é realmente bom. Ele está
prendendo você e fará com que aja sem querer. Não pode confiar
nEle, pois vai feri-la, tomar-lhe coisas, e forçá-la a se submeter à Sua
vontade. É muito mais seguro não confiar e seguir seu próprio
caminho na vida".
Que escândalo e vergonha! Nosso Pai celestial quer ajudar,
abençoar, fazer o bem, suprir as necessidades e, acima de tudo, ter
um relacionamento de amor com Seus filhos. O que Ele recebe em
troca? Ceticismo, dúvida, incredulidade, acusações falsas e total
rebelião! Contudo, em Sua infinita paciência, o Senhor continua a
estender a mão, mostrar-Se acessível, fazer o bem e, simplesmente,
distribuir favores de modo incondicional a quem não merece.
Por que nos recusamos a crer no melhor a respeito do
Soberano? Há muitas razões.
Primeiro, imaginamos que Deus seja uma versão maior de nós
mesmos. É impensável que alguém possa ser tão cheio de bondade.
Achamos difícil expandir os nossos conceitos fora da nossa
experiência. Não conseguimos compreender um Ser eterno. Não
podemos imaginar um Criador Infinito, Onipotente e Onisciente.
Acontece o mesmo com Sua bondade intrínseca. Simplesmente, não
temos condições de imaginar alguém que seja tão bom.
Segundo, somos tão cegos pela nossa própria bondade, que,
quando ouvimos a Bíblia falar da bondade de Deus, ela não nos afeta
realmente. A palavra bondade (assim como a palavra amor) foi
destituída do seu significado verdadeiro pelo nosso conceito
superficial do que ela é. Medimos a generosidade com base na
maneira pela qual olhamos para nós mesmos.
Uma terceira razão de termos uma visão tão pobre do caráter
de Deus é o que a Escritura Sagrada declara sobre Sua ira e Seus
juízos. No capítulo 8, investigamos essas verdades.
Finalmente, não vemos mesmo a Sua misericórdia em nosso
dia-a-dia. O Senhor faz tantas coisas, que não percebemos tudo o
que realizou. Muitos outros atos de bondade são perdidos, porque os
olhos da fé não estão suficientemente abertos para ver a Sua obra em
nosso cotidiano.
A natureza de Deus está cheia de bondade! Ele é infinitamente
bom. Um homem que andou intimamente com Ele não pode deixar
de perceber essa realidade. Leia o que alguns homens da Bíblia
proclamaram a respeito do Senhor.
*
Nota da Revisão - Princípio ativo: Salicinato de Bismuto Monobásico.
Meditação para hoje
A INDIFERENÇA DE DEUS
Algumas vezes, é extremamente difícil crer que o Pai Se
importe. O sofrimento é muito grande nesta bola de pó chamada
Terra. Milhões de pessoas morrem de fome na África — indivíduos
reais, com esperanças e sonhos iguais aos seus e aos meus. Outras
morrem por doenças, simplesmente porque não conseguem
remédios, aos quais nós não costumamos dar valor. Aldeias e
cidades inteiras são exterminadas brutalmente, porque as pessoas
são de um passado étnico diferente do de seus assassinos. O crime
cresce nas ruas quando os jovens, em sua falta de perspectiva,
voltam-se para as drogas, e os pais ficam desesperados. O
sofrimento, a miséria e a injustiça estão por todos os lados. Onde
está o Deus de amor e misericórdia em tudo isso?
Habacuque lutou com essa mesma questão do sofrimento e da
injustiça. Quando ele ponderava sobre isso com o Senhor em oração,
Ele deu ao profeta visões do futuro de sua nação. O Criador
descreveu um tempo de juízo vindo sobre Israel. O exército dos
saqueadores babilônico destruiria tudo em Israel. Não foi
exatamente uma palavra de encorajamento! Ao ver a situação,
Habacuque expressou a pura Palavra de Deus quando declarou: Mas
o justo, pela sua fé, viverá (Hc 2.4b).
Quando nada faz sentido e tudo na vida parece estar
desmoronando-se, os cristãos têm algo que os separa do desespero
dos incrédulos: a fé em Deus. O Pai celeste proveu nova segurança
diante das dúvidas de Habacuque. Quando não existe nada para se
ver adiante a não ser a tragédia, somente o Senhor pode dar a paz.
Foi nesse estado de espírito que o profeta declarou estas
palavras, as quais têm animado os crentes por milhares de anos:
A IRA DE DEUS
A ira do Senhor não pode, simplesmente, ser compreendida
em termos humanos. Ficamos bravos quando alguém nos ofende,
contradiz-nos ou nos fere. A ira é o nosso desejo de usar a força
contra outra pessoa. Sentimos ira porque somos egocêntricos. Deus
tem ira, mas não é como a nossa. A Sua ira é parte da misericórdia
divina.
Veja a história de Saul quando tinha acabado de ser ungido rei
de Israel. Nesse ponto, ele ainda era pequeno aos próprios olhos.
Um dia, ele estava arando o campo, quando um mensageiro veio
com uma palavra sobre uma grande ameaça nacional. Naás, rei dos
amonitas, havia sitiado a cidade de Jabes-Gileade. Os líderes da
cidade se ofereceram para se sujeitar aos amonitas se eles fizessem
aliança com Jabes-Gileade. Porém Naás, amonita, lhes disse: Com
esta condição, farei aliança convosco: que a todos vos arranque o
olho direito, e assim ponha esta afronta sobre todo o Israel (1 Sm
11.2). Os líderes solicitaram uma semana para enviar o pedido de
ajuda, e, para espanto deles, o rei concordou. Foi um desses
mensageiros que levou a Saul a notícia do incidente. Então, o
Espírito de Deus se apoderou de Saul, ouvindo estas palavras, e
acendeu-se em grande maneira a sua ira (1 Sm 11.6).
O Espírito de Deus fez com que Saul ficasse irado? O mesmo
Espírito de natureza doce sobre o qual aprendemos no capítulo seis?
Sim, o Único e o mesmo.
Muito da ira de Deus no Antigo Testamento é uma
manifestação diferente do mesmo fogo de amor consumidor do
Novo Testamento. Um dia, esse fogo queimará o planeta, destruindo
tudo o que se opõe ao Senhor ou ao Seu povo amado. Esse aspecto
da Sua ira é o amor protetor e feroz que uma mãe sente pelo seu
bebê. É totalmente desprovido de egoísmo e pensa apenas no bem
do seu amado.
Deus destruiu os amonitas, mas sua destruição total foi um ato
de misericórdia. Como pode ser? Da mesma forma, é um ato de
misericórdia para com a sociedade dar sentença de morte a um
assassino não-arrependido. O mesmo gesto de Deus é juízo para um
e misericórdia para outro — dependendo da sua disposição de
arrependimento e submissão.
As pragas do Egito servem como exemplo. Deus abordou os
egípcios pelo único caminho que capturaria a sua atenção. O Egito
era uma nação poderosa, acostumada a ter as coisas do seu jeito.
Não há quem se volte para Deus quando tudo está indo do seu
próprio jeito. Nós nos voltamos para Ele quando enfrentamos uma
situação avassaladora. Quando chegamos ao fim de nossos recursos,
respondemos ao Espírito Santo. Deus estava tentando fazer com que
os egípcios dobrassem o joelho, para que Ele pudesse mostrar-lhes a
misericórdia!
Todo ser humano tem livre-arbítrio. Quando Deus aparece,
podemos unir-nos ou opor-nos a Ele. O Senhor surgiu para os
egípcios com uma tremenda demonstração de força, pois queria que
se humilhassem, arrependessem-se e deixassem os hebreus. O
Altíssimo tê-los-ia abençoado alegremente, mas aquele povo era
adorador do diabo e não queria nada com o Pai de amor. Eles se
recusaram a experimentar a compaixão que Ele estende para o Seu
povo. A única alternativa à misericórdia é a ira. Eles se opuseram às
Suas tentativas de libertar os hebreus. No final, isso lhes custou
tudo. As pragas foram atos de piedade em relação àqueles que se
uniram a Deus e um juízo para os opositores.
Pelo fato de conhecermos tantas histórias do Antigo
Testamento tratando da ira divina em relação às nações ímpias,
temos problema em aceitar a premissa de que o Onipotente é amor.
Pode ser difícil para nós não O vermos pronto para punir a nossa
desobediência ao lermos tais relatos.
Como não podemos ver as coisas sob a perspectiva do Senhor,
não sabemos quanto tempo Ele foi capaz de suportar esses grupos
ímpios. Não temos informações sobre os Seus relacionamentos com
eles, então, não conhecemos os extremos a que Ele chegou para
adverti-los e salvá-los. Vimos somente o resultado final: mulheres e
crianças eram colocadas à espada sem distinção.
Coloque-se um momento no lugar de Deus. Você se esforça
para tentar revelar-se à humanidade e deseja homens e mulheres
capazes de um relacionamento de amor, da mesma maneira que
você pode fazer por eles. Grupos de pessoas respondem
diferentemente: algumas estão muito interessadas; outras, mais ou
menos, pois se encontram em uma posição em que podem ser
influenciadas a seguir qualquer caminho; outras ainda não têm
interesse e rejeitam todas as suas tentativas de ensinar-lhes.
Os desinteressados também são dados à iniqüidade de tal
modo que suas vidas corrompem as dos outros. Evidências
arqueológicas modernas revelam um exemplo notável disso. Os
cananeus estavam profundamente envolvidos com a bestialidade na
relação sexual com animais. Até as crianças eram entregues
inteiramente a isso! Como se não bastasse, adoravam demônios e
praticavam sexo nos altares como parte dos seus ritos de adoração.
Como se isso ainda não fosse suficientemente terrível, essas pessoas
levavam seus bebês regularmente e os atiravam nos braços
incandescentes do seu deus de bronze, Moloque, em nome do
sacrifício religioso.
Tudo isso era mau o suficiente para garantir a exterminação de
todos por um Deus santo, mas eles ainda estavam inclinados a
arrastar Israel para a vala de dejetos. Judas referiu-se ao erro de
Balaão (Jd 11 - ARA). Demonstrando que era corrupto, o profeta
Balaio indicou aos moabitas que o meio para destruir Israel seria
enviar lindas mulheres a seu povo e seduzir os homens, levando-os à
idolatria.
O que não vemos do nosso ponto de vista finito, temporal, é
que o espírito de destruição estava continuamente em operação por
trás das cenas, tentando reprimir as tentativas de Deus de Se revelar
por meio de Israel. O diabo entendeu que, se pudesse corromper
aquela nação à idolatria (o que conseguiu fazer), impediria que os
corações famintos encontrassem o Senhor. Satanás usou aqueles que
eram totalmente inclinados a adorá-lo para corromper Israel. O
Criador, em Sua sabedoria e misericórdia, sabia que a única
esperança era esmagar esses ímpios pelas mãos dos próprios
israelitas. Por quê? Para que eles mesmos lutassem contra o mal que
estava tentando seduzi-los.
No contexto da nossa vida, temos de compreender que os
crentes não são salvos pelo tanto que são bons, mas pela confiança
em Deus. Pela graça somos salvos. Quando desobedecemos, há
conseqüências a pagar, mas os resultados para os cristãos são ajuda
e bênçãos. Agradeço a Deus pelas conseqüências do meu pecado, que
agiram como um açoite para me levar de volta ao caminho estreito.
Sem elas, eu estaria rolando na lama do "curral" espiritual deste
mundo.
Você não pode entender a ira de Jeová pelo olhar da
experiência humana. Nossa ira é para destruir aquele que nos
ofendeu; a do Senhor é, de uma forma ou de outra, para trazer vida.
Antes de acusar Deus de não ser confiável, lembre-se de que Ele Se
entregou em sacrifício na cruz para salvar a sua vida. Não podemos
sempre entender os tratamentos do Pai para conosco,
individualmente, ou com relação ao mundo. No entanto, somente o
fato de que Ele permitiu ser brutalmente assassinado por nossa
causa deveria ser suficiente para responder a todas as nossas
dúvidas.
O TEMOR DO SENHOR
Para trazer um equilíbrio adequado à nossa percepção de
Deus, devemos entender a que a Bíblia se refere quando fala da
nossa necessidade de temê-lO. Um resultado infeliz da nossa
perspectiva distorcida sobre o caráter do Altíssimo é uma atitude
irreverente com Ele. Ver o Pai simplesmente como uma versão
maior de mim mesmo faz com que eu O banalize. Eu temia meu pai,
mas não de um modo que resultasse em respeito pela sua autoridade
em minha vida. Tinha medo do seu gênio e da sua imprevisibilidade.
Aquela espécie de medo não produziu a reverência, mas teve o efeito
oposto: tornei-me ressentido e rebelde.
No fundo do coração humano, esconde-se a atitude arrogante
de sermos mais justos do que Deus. Temos falta de confiança nEle.
Criamos uma ilusão de quem Ele é, e ela trouxe rebelião para com a
Sua autoridade. Muitos de nós somos como o servo inútil que se
recusou a obedecer a Deus, dizendo: Mas, chegando também o que
recebera um talento disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um
homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não
espalhaste; e, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui
tens o que é teu (Mt 25.24,25).
Ele sabia ou achou que sabia. Não havia dúvida na mente desse
homem quanto à natureza do seu Senhor. Pensou que O tivesse
compreendido completamente, e, de alguma forma, aquilo que ele
acreditava sobre Deus o dispensava (em sua cabeça) da necessidade
de obedecer a Ele. O homem era duro, por isso, viu o Soberano como
alguém insensível. Um indivíduo com pouco interesse pelos outros
não consegue imaginar que existam aqueles que se importam com as
pessoas. Ele acreditou que o Altíssimo não tinha sensibilidade,
porque preferiu avaliar dessa forma. Entretanto, aquilo em que nós
acreditamos não passa, necessariamente, a ser real. Um dia,
estaremos em pé, diante de um Pai santo, e veremos a realidade.
Naquele momento, nossas opiniões sustentadas com firmeza serão
totalmente inúteis. Muitas pessoas ficarão ante Aquele que tentou
revelar-Se, mas elas não estavam dispostas a ouvir. Aquelas que "não
tiveram ouvidos para ouvir" ouvirão, então, o que o servo inútil
ouviu:
*
Que vergonha não valorizarmos tudo o que Deus fez para nos colocar nesse ponto! Como é vergonhoso
o fato de lutarmos contra Ele e resistirmos quando o Pai tenta manter-nos cientes da nossa necessidade!
Seu filho, Salomão, escreveu: Porque ele livrará ao necessitado
quando clamar, como também ao aflito e ao que não tem quem o
ajude. Compadecer-se-á do pobre e do aflito e salvará a alma dos
necessitados. Libertará a sua alma do engano e da violência, e
precioso será o seu sangue aos olhos dele (Sl 72.12-14).
O salmista declarou: Mas ele levanta da opressão o
necessitado, para um alto retiro, e multiplica as famílias como
rebanhos (Sl 107.41).
Isaías disse ao Senhor: Porque foste a fortaleza do pobre e a
fortaleza do necessitado na sua angústia; refúgio contra a
tempestade e sombra contra o calor; porque o sopro dos opressores
é como a tempestade contra o muro (Is 25.4).
Finalmente, o próprio Senhor revelou Seu coração para com
aqueles em necessidade: Por causa da opressão dos pobres e do
gemido dos necessitados, me levantarei agora, diz o SENHOR; porei
em salvo aquele para quem eles assopram (Sl 12.5).
O Altíssimo é atraído irresistivelmente para os necessitados e,
quando clamamos pela Sua ajuda, colocamo-nos na posição
invejável de receber de Deus. Ele tem uma compulsão, impossível de
ser detida, de ajudar aqueles que pedem. Embora o Senhor favoreça
os pobres e deseja ajudá-los quando pode, as pessoas devem clamar
por ajuda antes que Ele responda.*
Pode não ser nada mais do que uma espiada em silêncio no
fundo do coração de alguém, mas é ouvido claramente na sala do
trono de Deus.
Instruindo Seus discípulos a orar, Jesus usou estas duas
histórias:
APLICAÇÃO PRÁTICA
Porque sou cínico por natureza, tive de incorporar várias
coisas em minha vida para me manter na luz da Sua bondade.
Primeiro, passo muito tempo expressando gratidão e louvor ao
Onipotente.
Segundo, lembro-me constantemente, por meio dos sermões e
escritos de santos ministros, da bondade e a misericórdia de Deus.
Sou propenso a esquecer quão bom o Soberano é e tudo o que Ele fez
por mim.
Freqüentemente, também procuro expressar a minha fé no
Todo-Poderoso: "Creio em Ti, Senhor. Confio em Ti. Sei que Tu estás
sempre me ajudando, sustentando-me e guardando. Tu estás
suprindo as minhas necessidades, fazendo-me vencer na vida. Eu
confio em Ti, Pai".
De alguma forma, as palavras criam a atmosfera. Você já
esteve em um lugar em que alguém começa a falar mal de tudo? Ou
quando alguma pessoa entra com raiva, amaldiçoando em voz alta?
Nos dois casos, é criada uma atmosfera sem paz.
O mesmo acontece em sentido positivo. Algumas vezes, os
homens do programa residencial de Pure Life são encorajados a se
levantar em nossas reuniões e louvar ao Senhor pelo que Ele está
fazendo em suas vidas. Isso aumenta a fé e também ajuda os outros
que estão naquele encontro. Palavras expressam vontade, e isso é
espírito. Quando ficam em pé e dizem: "Bendirei ao Senhor em todo
tempo", estão expressando a sua vontade de fazê-lo, o que afeta, ao
mesmo tempo, os outros de uma maneira positiva.
Outra coisa que fortalece a fé é a leitura da Palavra de Deus.
Paulo disse: De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de
Deus (Rm 10.17).
Enfim, você deve, simplesmente, obedecer ao Senhor. A
obediência aprofunda a fé. Quando lemos sobre o "corredor da fama
da fé" que se encontra em Hebreus 11, não encontramos menção
alguma a sinais e maravilhas. O que há no texto, como denominador
comum de todos esses heróis da fé, é uma simples disposição de
obedecer a Deus.
Todos esses exercícios espirituais aprofundam algo em seu
coração de tal modo que você pode clamar ao Senhor, tendo certeza
de que Ele ouve as suas orações e está disposto a respondê-las.
O LUGAR DO ARREPENDIMENTO
Mais freqüentemente do que pensamos, as provas e os
problemas marcantes que encontramos na vida ocorrem porque
temos, de alguma forma, seguido nosso próprio caminho, fora da
vontade de Deus. O comportamento que leva aos vícios, as
dificuldades conjugais e os conflitos com outras pessoas, geralmente,
giram em torno de não sermos controlados pelo Espírito Santo.
Quando começamos a ver mais claramente como Deus é em
relação àquilo que somos, começa a ocorrer, se você deseja, uma
reação química espiritual. Ver o Senhor somente nos faz querer
conhecê-lO melhor. Enxergar a nós mesmos somente nos faz querer
ser mais como Ele. Paulo disse que a bondade de Deus leva as
pessoas ao arrependimento (Rm 2.4). Colocando de outra forma, o
Pai simplesmente derrete o nosso coração com Sua bondade.
Conhecê-lO, simplesmente, faz com que almejemos agir certo!
Rogar a Deus por ajuda antes do arrependimento ocorrer não
nos traz bem algum. Quando estamos errados, devemos, primeiro,
buscar ajuda, reconhecendo o nosso erro e comprometendo-nos a
seguir adiante pelo caminho reto. O arrependimento consiste
basicamente em nos afastarmos do nosso próprio caminho (pecado e
rebelião) e nos voltarmos para o Senhor.
O arrependimento nos dá acesso ao Reino de Deus. Vem,
primeiro, quando constatamos a nossa necessidade — ou em que
estamos errados — e, segundo, ao expressarmos tristeza sincera por
aquele erro. Somente então, somos restaurados ao relacionamento
correto com o Altíssimo.
Antes do Êxodo, Faraó do Egito dá um exemplo perfeito do
que não fazer. Quando ele se recusou a deixar que os hebreus
saíssem, Deus pressionou por meio de pragas a fim de demonstrar
misericórdia. Ele suplicou pela ajuda divina, recebeu-a e continuou
com seu comportamento pecaminoso. Isso o faz lembrar de alguém?
Nós clamamos a Deus para que nos auxilie na situação terrível na
qual nos colocamos. Por causa da total compaixão, o Pai irá ajudar-
nos freqüentemente. Contudo, o problema de alguns é que nunca
mudam o seu comportamento, que, basicamente, leva-os à encrenca.
Veja Jim, por exemplo. Depois de muito abusar
emocionalmente da esposa e enganá-la com prostitutas, ela o
deixou. Ele pediu a ajuda de Deus, chorou, gemeu, pranteou, contou
para outras pessoas todos os seus problemas. Entretanto, a única
coisa que ele não fez foi arrepender-se do comportamento que
causou a separação. Como Jim não estava demonstrando o fruto do
arrependimento, nós aconselhamos a mulher dele que permanecesse
separada até que ele fizesse isso. Tragicamente, tanto quanto eu
saiba, Jim nunca o fez.
Deus, geralmente, não responde aos clamores de uma pessoa
em tal estado de falta de arrependimento. Isso não significa que Ele
não Se compadeça por ele e sua situação difícil. O Senhor sabe que, a
menos que ele se arrependa, nada poderá ser feito para ajudá-lo. O
que melhor chama a atenção do Altíssimo são as palavras "estou
errado". Essa é uma pessoa que o Pai celestial pode ajudar.
A RESPOSTA DE DEUS
Uma coisa fenomenal ocorre nas regiões celestiais quando um
dos filhos de Deus suplica por ajuda no espírito certo. Todo céu é
liberado em resposta! A coisa mais próxima que eu pensaria em
termos terrenos seria uma resposta a um incêndio ou a uma cena de
acidente de carro.
Davi, que tinha revelações maravilhosas de Deus,
experimentou isso, em primeira mão, quando o Senhor o livrou da
morte certa nas mãos dos escudeiros de Saul. Com um coração cheio
de gratidão, Davi escreveu o Salmo 18. Nesse hino de ação de graças,
ele nos deu uma linda descrição da resposta do Alto aos pedidos dos
necessitados.
Ele começa expressando o que o Senhor é para ele:
Porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai, que está nos
céus, este é meu irmão, e irmã, e mãe.
Jesus Cristo - Mateus 12.50
*
Nota da Revisão - Correspondente ao hino 296 do Cantor Cristão.
Meditação para Hoje
Mede a tua vida pelas perdas e não pelos ganhos; não pelo
vinho bebido, mas pelo vinho derramado, pois a força do amor
reside em seu sacrifício — e aquele que mais sofre mais tem para
dar.1
Jonathan Goforth, após ter perdido cinco filhos no campo missionário
CALCULANDO O CUSTO
Quando Jesus apareceu inicialmente na Palestina, uma
multidão de seguidores ardorosos O seguiu. Eles ouviram as Suas
palavras de vida e cheias de graça; viram a Sua compaixão e Seu
amor e testemunharam o poder de Deus. Todos queriam ser Seus
seguidores, embora não estivessem cientes do preço a pagar. Um
dia, Lucas nos conta, Jesus viu a grande multidão que O seguia e
aconselhou:
O SACRIFÍCIO DA MISERICÓRDIA
Qualquer pessoa determinada a fazer a verdadeira obra de
Deus sofrerá oposição e perseguição. Aqueles que fazem cócegas no
ouvido das pessoas nunca terão de lidar com uma oposição real.
Há uma razão muito boa para João ter falado sobre os crentes
entregarem a vida pelos outros, e de Paulo ter falado sobre
derramar-se como uma oferta de bebida. Uma pessoa que ama os
outros e faz algo por eles torna-se vulnerável. Quando você se
importa com as pessoas, elas o usam, roubam-no e o deixam
decepcionado. Tudo isso é parte de qualquer obra de Deus genuína.
Com certeza, há dificuldade a ser enfrentada em diferentes graus por
qualquer pessoa que esteja tendo uma vida de misericórdia.
Geralmente, há pouca recompensa terrena para a verdadeira
obra do Senhor, e, freqüentemente, é um sacrifício fazê-la. Kathy e
eu tivemos de esquecer nossas carreiras (aplicação da lei e
gerenciamento) por causa dos Ministérios Pure Life. Quando o
fizemos, perdemos tudo. Para obedecermos ao chamado de Deus,
tivemos de vender tudo o que possuíamos para morar em uma casa
móvel durante vários meses. Mais tarde, quando adquirimos a
propriedade onde estamos atualmente, moramos em um pequeno
trailer para acampamento durante um ano e meio. Digo isso
sentindo-me envergonhado quando penso no sacrifício que os
cristãos de outras nações fazem todos os dias. Recentemente, o
Senhor nos deu recursos financeiros para construirmos uma casinha
linda no ministério, mas ela veio após anos de sacrifício. Entretanto,
muitos dos que exercem a misericórdia jamais recebem tais bênçãos
materiais.
No topo de tudo isso, está a oposição exercida pelas forças do
inferno. Os demônios se importam pouquíssimo com aqueles que se
sentem atraídos pela baixeza humana. Quando alguém começa a
passar pelo caminho estreito, transmitindo aos outros a vida de
Cristo, os demônios do inferno reparam. Essa é uma parte muito real
da verdadeira obra de Deus, mas os que fazem isso não temem os
demônios porque viram o Pai.
Sofrer perdas; sacrificar-se pelos outros; sentir as críticas
inflamadas de caluniadores; ser usado por aqueles que você está
tentando ajudar; ver que as coisas dão errado quando não deveriam
e ser ferido por quem você foi chamado para amar fazem parte da
vida de compaixão. Contudo, de maneira estranha, também fazem
parte da glória de um chamado maior. Os cristãos são soldados, e
suas medalhas de valor são as cicatrizes do seu sofrimento pelo seu
Salvador.
OS BENEFÍCIOS DE SE VIVER A MISERICÓRDIA
Na dimensão invisível do Reino dos céus, há recompensas
tangíveis para aqueles que amarem as outras pessoas. Muitos jamais
conhecerão as ricas bênçãos dessa vida, porque, em seu ofuscamento
espiritual, tudo o que conseguem enxergar são as exigências e as
perdas envolvidas. Não obstante, os benefícios da vitória espiritual,
advindos de se praticar a misericórdia para com os outros,
ultrapassam a nossa capacidade de compreensão plena.
Um amigo meu disse o seguinte:
MISERICÓRDIA FALSA
Mostramos bastante neste livro sobre a misericórdia e o que
ela significa pela perspectiva bíblica. Agora, temos de deixar de lado
as noções incorretas sobre o tema e não pensar mais nelas.
Qualquer coisa feita em nome da misericórdia que ponha as
necessidades temporais adiante das eternas não é de Deus. Quando
Jesus estava dependurado na cruz, muitas pessoas tentaram
persuadi-lO a descer de lá. Onde estaríamos hoje se elas tivessem
conseguido? Acontece o mesmo atualmente. Algumas vezes, Deus
trata Seus filhos com muito rigor. Depois, alguma alma bem-
intencionada aparece e, ao ver um irmão passando pela disciplina do
Senhor, tenta persuadi-lo "a sair da cruz" que o Pai lhe deu para
suportar.
Um dos participantes do nosso programa residencial era muito
cheio dessa falsa misericórdia. Durante o tratamento, Deus corrige
os homens para o seu próprio bem. Os indivíduos nunca mudariam
se não fosse por esse processo de correção. De fato, tal disciplina é a
misericórdia do Pai celestial com relação a eles, mas aquele interno
não agüentava ver os outros serem tratados pelo Onipotente com
rigor. Por querer que todos tivessem a mesma felicidade superficial
que ele tinha, não entendia o jeito do Senhor ajudar as pessoas por
meio da adversidade. Assim, na carne, com seu jeito emocional,
aquele homem sempre tentava colocar ataduras nas feridas que o
Todo-Poderoso havia feito! Teve de ser ensinado que, algumas vezes,
a misericórdia parece cruel, mas é exatamente o que a pessoa precisa
naquela ocasião e, portanto, também é benignidade.
Outro exemplo de falsa misericórdia é apiedar-se de alguém à
custa dos outros. Houve uma ocasião nos Estados Unidos em que
um assassino convicto era executado poucos dias após a sua
condenação; às vezes, era inocente. Em nome da misericórdia, os
ativistas abraçaram a causa de proibir que isso acontecesse e
prolongaram o processo de alguns dias para cerca de dez anos.
Agora, tais ativistas estão tentando eliminar completamente a pena
capital pela suposição de que ela não impede a criminalidade.
Naturalmente, ela não obstrui o crime! Tornaram tão difícil
condenar um assassino, sentenciá-lo à morte e fazer com que a
execução realmente aconteça, que os criminosos comuns
praticamente não têm mais medo da lei.
Sim, é verdade, desde que os liberais tiveram acesso ao nosso
sistema judiciário, poucos inocentes foram sentenciados por crimes.
Mas, em troca desses beneficiados (que, geralmente, são criminosos
no lugar errado e no momento errado), existem milhões de vítimas
todos os dias no país, porque a criminalidade cresce de modo
desenfreado. Os liberais impuseram suas idéias a tal ponto que os
direitos dos criminosos excedem aos do inocente cidadão comum.
Isso não é misericórdia.
Teria sido piedade para todos se a Justiça pusesse medo
naqueles que pensam em cometer um crime. Isso pode parecer duro
demais, mas, realmente, é a misericórdia para todos os envolvidos.
Outro exemplo de compaixão falsa é vista quando uma pessoa
quer apaziguar uma manipulação pecaminosa. É misericórdia dar
um brinquedo para um garoto porque ele teve uma explosão de
raiva? Ou uma jovem casar-se com um homem que ela não ama
porque ele ameaça cometer suicídio se ela não o fizer? Seria um ato
misericordioso um conselheiro nos Ministérios Pure Life deixar um
estudante seguir o próprio caminho, sabendo que isso iria prejudicá-
lo? Naturalmente, a resposta a todas essas perguntas é não. A
piedade supre necessidades, não o controle pecaminoso de alguém
que, simplesmente, deseja fazer as coisas do próprio jeito.
A seguinte canção de Ira B. Wilson daria uma oração
maravilhosa:
CORO
Faça de mim uma bênção,
Faça de mim uma bênção,
Em minha vida...
Que Jesus brilhe;
Faça de mim uma bênção,
Ó Salvador, eu oro,
Faça de mim uma bênção
Para alguém no dia de hoje.2
Meditação para Hoje
***
O ministério de Nelson Hinman durou 62 anos. Fui um dos
poucos privilegiados a falar em seu jantar de aposentadoria em 1995.
Não sabia que ele partiria para o amado Salvador um ano depois.
Após servir em um cargo na Marinha, Nels começou a pregar
como "o marinheiro evangelista". Logo ele foi requisitado em todo o
país. Em 1944, pediram-lhe que fosse o pastor do famoso templo
Betel em Sacramento, uma das maiores igrejas da Califórnia.
Servindo lá, tornou-se capelão do Senado daquele Estado.
Nels tinha uma personalidade carismática, mas sua mulher
sabia como ele era por trás das portas fechadas. A pessoa que ela
conhecia portava-se com freqüência de modo muito diferente do
pastor amável que todos viam. O Pr. Hinman tinha um problema
sério com a raiva. "Às vezes, eu ficava bravo com minha esposa.
Alguém batia à porta e eu, instantaneamente, transformava-me na
pessoa mais gentil que existia. Você não conseguiria perceber que,
um minuto antes, eu estava em uma daquelas brigas horrorosas com
minha mulher".
Depois de 29 anos de casamento, a Sra. Hinman havia visto
hipocrisia suficiente. Uma amargura turbulenta se formou aos
poucos em seu coração. Certo dia, ele foi para casa, e ela
simplesmente tinha desaparecido. Demorou um tempo até Nels
descobrir que ela fugira com outro homem. Ninguém ficou mais
chocado do que Nels. Ele andou tão iludido pelo seu
comportamento, que nem sabia da existência de um problema no
casamento deles.
Alguns anos mais tarde, já no segundo casamento, ele
descobriu que sua mulher também estava para deixá-lo e ficou
perplexo. Foi quando um de seus amigos mais chegados lhe
perguntou: "Já parou para pensar que o problema pode ser você?".
Nels Hinman se propôs a encontrar a ajuda de que precisava, o
que o levou até um homem chamado John Broger, um ex-oficial de
inteligência da Marinha, que ensinava as pessoas a vencerem seus
problemas por meio de princípios bíblicos. O sujeito fascinou Nels.
Quanto mais estudava, mais esperança brotava em seu coração de
que não apenas podia vencer o seu problema de raiva, como também
as pessoas poderiam vencer qualquer dificuldade, usando os
ensinamentos encontrados na Bíblia.
A segunda mulher de Nels acabou morrendo. Foi quase na
mesma época em que ele escreveu An answer to humanistic
psychology [Uma resposta à psicologia humanista], publicado pela
Harvest House. Nos anos seguintes, ele começou a ensinar técnicas
de aconselhamento bíblico em diferentes igrejas da Califórnia. Em
Redding, ele se interessou por uma das suas estudantes, também
viúva recente. Nels e Juanita se casaram em 1985.
Dessa vez, ele foi um marido diferente. Qualquer um que
passasse um tempo com aqueles dois sabia como Nels a tratava
ternamente. Por exemplo, ele determinou que sua mulher nunca
abriria uma porta se ele estivesse por perto. Essas pequenas
gentilezas revelavam a mudança ocorrida em seu interior. Juanita
jamais experimentou a ira que as duas primeiras esposas de Nels
conheceram tão bem. Se ele não contasse abertamente sobre o que
havia governado a sua vida anteriormente, ela nunca teria percebido.
Mais tarde naquele ano, os recém-casados foram a
Sacramento, convidados para falar em um programa diário de rádio
da KFIA. O gerente geral da estação ficou tão impressionado com o
que eles estavam ensinando, que lhes ofereceu uma hora diária
naquela emissora. Foi criado o programa Heart Talk [Conversa do
Coração].
Aqueles foram anos felizes para Nels e Juanita. Durante o dia,
quando não estavam ensinando em uma escola bíblica local (que um
ávido estudante chamado Steve Gallagher freqüentava) e no
programa diário de entrevistas, os Hinmans dedicavam-se a longas
horas de aconselhamento.
Quando Nels se casou com Juanita, ela possuía uma poupança,
que lhe dava uma sensação de segurança para a sua aposentadoria.
Como nunca cobravam pelo aconselhamento, e as doações jamais
cobriram as contas imensas do programa de rádio, eles gastaram
rapidamente todas aquelas economias. Durante anos, viveram com
pouquíssimo, para que pudessem ajudar os outros.
O programa de rádio era bastante popular em Sacramento.
Isso era evidente pela extensa lista de pessoas que queriam ser
aconselhadas. Um dia, a secretária falou: "Você sabe que estamos
agendando reuniões com três meses de antecedência?".
Nels não aceitou isso: "É como ir ao hospital com um apêndice
supurado e ter de voltar três meses depois!".
Os Hinmans decidiram iniciar os cursos de casamento e a fazer
com que a freqüência fosse obrigatória a todo casal que desejasse
aconselhamento. O ensino era tão bom, que os problemas conjugais
acabavam durante as seis semanas de aula.4
Encontrar espaço adequado para as aulas tornou-se um
problema. As pessoas, frustradas com a falta de resultado da
psicologia "cristã" convencional, ficavam fascinadas com os
conceitos bíblicos que elas ouviam. Logo, indivíduos de todo o norte
da Califórnia passaram a freqüentar as aulas. Nels e Juanita também
começaram a ensinar pessoas leigas a auxiliarem outros cristãos,
usando a Palavra de Deus. Treinar outros para esse trabalho aliviou
os Hinmans do fardo pesado daqueles que precisavam de orientação
bíblica.
Durante dez anos, apesar da oposição tremenda da
comunidade cristã, Nels Hinman firmou sua crença de que a Bíblia
deveria ser a única Fonte de respostas para os problemas das
pessoas. O texto de 1 Coríntios 4.6, Não ir além do que está escrito,
tornou-se o lema do programa. A programação, que levava ao ar o
aconselhamento, ensinou às pessoas, todos os dias, que Deus era
confiável para resolver as suas dificuldades. Não podemos saber o
impacto pleno de Heart Talk na comunidade cristã de Sacramento.
Muitas pessoas aprenderam a viver em vitória, aplicando os
princípios e padrões bíblicos em seu cotidiano.
Deus usou a vida misericordiosa de Nels Hinman de modo
tremendo a fim de suprir a necessidade daqueles ao seu redor.
Muitas pessoas agradecidas, presentes tanto no jantar de
aposentadoria quanto em seu funeral, eram testemunhas reais de
vidas transformadas e afetadas por seu amor pela verdade.
***
À primeira vista, a história de Dick Engel parece fora de
propósito neste capítulo. Ele nunca esteve em tempo integral no
ministério e, na verdade, não se vê sob esta perspectiva. Crescido na
United Church of Christ [Igreja de Cristo Unida], Dick sempre
assumiu que estava levando uma vida cristã. Quando se casou, ele e
sua mulher, Kathy, começaram a freqüentar a mesma igreja, que era
tudo o que ele conhecia.
"Pouco depois que comecei a freqüentar aquela congregação,
Kathy começou a ter experiências estranhas com Deus", conta ele.
"Eu não entendia o que estava acontecendo, nem o nosso pastor".
Sob intensa convicção do Espírito Santo, Kathy encontrou o Senhor,
mas demorou quase um ano a que Dick percebesse a sua
necessidade.
Uma vez salvos, foram absorvidos pelas necessidades da igreja.
"Deus nos deu um amor real pelas crianças. Ensinávamos na escola
dominical e nos envolvíamos totalmente com o grupo de jovens. Não
demorou muito, ficamos totalmente comprometidos com os jovens".
Com um coração sincero para o ministério, Kathy esperava
que, um dia, juntos, eles pudessem pastorear uma igreja, mas Dick
nunca se sentiu confortável com essa idéia. "Sempre quis estar no
ministério de socorro. O pastor não pode fazer tudo sozinho. Ele
precisa de gente disposta a ajudá-lo. Prefiro estar nos bastidores,
fazendo o que puder para ajudar".
Dick e Kathy acabaram indo para Cincinnati. Kathy trabalhava
como enfermeira diplomada, e Dick, como gerente de uma fábrica de
molduras para quadros de Florence, Kentucky. Foi assim que nós, do
Pure Life Ministries [Ministérios Vida Pura], encontramos Dick.
Os homens do programa de residência Pure Life têm empregos
externos durante a sua permanência de seis meses. A maioria
consegue trabalho nas agências locais de serviço temporário, com as
quais estabelecemos relações. Um empregador os chama pedindo
trabalhadores, e a agência temporária recebe uma taxa para cada
pessoa aceita.
Durante anos, trabalhamos com muitos empregadores, mas
nunca com alguém como Dick Engel. "Quando eu chamava Dick e
lhe contava sobre um rapaz que precisava de colocação, eu era
totalmente honesto com ele sobre os problemas que tivemos com a
pessoa", relatou-me um dos nossos conselheiros. "A maioria dos que
enviamos é de homens que ninguém mais contrataria. Ele nunca
recusou aqueles rapazes".
Muitos que estão no programa de residência possuem um
passado típico, de trabalho. Tiveram empregos a vida toda, e serem
contratados por uma agência temporária não é problema. Às vezes,
entretanto, surgem casos difíceis: aqueles que, por várias razões, não
conseguem firmar-se no trabalho; rapazes com dificuldade em se
relacionar com outras pessoas; outros que não conseguem trabalhar
muito por causa de alguma limitação física; alguém que tem
problema em compreender ordens simples. Todas as vezes que
tivemos uma pessoa difícil de ser recolocado no mercado de
trabalho, Dick Engel estava disposto a contratá-la.
Mas não termina aqui. Não apenas ele tem-se disposto a
contratar esses casos complicados, como também se envolve na vida
de cada um. "Algo de que gosto no Dick é que o interesse pelos
problemas dos rapazes sempre vem na frente dos negócios",
compartilhou o nosso conselheiro. "Se tivesse de tomar uma decisão
sobre um dos rapazes, sempre nos chamava primeiro, para saber se
não teria um efeito prejudicial na vida da pessoa".
Sua paciência com pessoas difíceis é quase lendária em Pure
Life. Alguns daqueles que mandamos não se relacionava bem com os
outros. Dick dá boas-vindas com os braços abertos de um pai
amoroso e trabalha com eles, disposto a ser paciente com os mais
problemáticos. Não é que ele esteja apenas disposto a aceitar e
tolerar os casos complicados, mas ele nos chama e pede por eles!
Há ocasiões em que nossos rapazes têm confrontos de
personalidade no emprego. Dick permanece sereno. Ele,
simplesmente, reúne os homens e conversa com eles. Dick possui
uma habilidade real de trazer a paz até nas situações mais tensas. É
uma presença tranqüilizadora no local de trabalho. Os rapazes
confiam nele.
Dick Engel é um homem muito singular. O que o faz especial é
sua disposição em amar as pessoas como o Senhor o amou.
***
Robert Carrillo experimentou uma das transformações mais
radicais que já vi em todos os meus anos de ministério. Casado e
com quatro filhos, Robert era um drogado sem esperanças, em
Sacramento. Seu vício o fez tão egoísta, que ele seria capaz de roubar
o dinheiro do seguro-desemprego e o vale-refeição da mulher para
comprar drogas, deixando-a procurar comida no lixo para alimentar
as crianças.
Certa ocasião, ao dirigir sua motocicleta pela rua, Robert foi
multado por velocidade. Quando o guarda enviou a mensagem por
rádio para o despachante, este respondeu que Robert tinha sete
ordens de prisão. O policial sabia que tinha nas mãos um mau
caráter. O guarda, que era cristão, preparava-se para prender
Robert, quando o Senhor falou-lhe que não o prendesse, mas lhe
falasse de Jesus. Antes de terminar o encontro, Robert havia
entregado a vida a Cristo.
Mais tarde, o policial levou Robert para a maior igreja da área,
Trinity Church, em Sacramento. Por coincidência, um evangelista
convidado falava sobre ministrar aos sem-teto. Robert entendia o
que era ficar sem casa, porque tinha estado sem abrigo muitas vezes
na vida. Os que participaram da conferência passaram o sábado
alimentando mendigos congregados no bairro pobre. Depois que a
conferência terminou, o evangelista deixou a cidade, rumo ao seu
próximo destino.
Para Robert, contudo, era apenas o começo. Na manhã
seguinte, ele voltou ao bairro pobre, reuniu 22 homens e levou-os
para o luxuoso santuário da Trinity Church. O pessoal da igreja ficou
chocado. Os homens eram rudes, malcheirosos e com a aparência
em desordem.
À noite, quando chegou a hora de Robert levar os homens de
volta para o bairro pobre, ele não conseguiu. Olhou para Beverly, sua
mulher, para lhe contar o problema, mas Deus já havia falado com
ela. "Eu sei, Robert, o Senhor já me disse. Você está trazendo os
homens para casa".
Naquela noite, Robert levou os 22 homens para o seu
apartamento de dois quartos. As crianças dormiram no quarto dos
pais, e os homens em algum lugar onde havia espaço. O ministério
Lord's House [A Casa do Senhor] para os desabrigados começou
naquela noite.
Nos vários anos seguintes, o Pr. Leroy Lebeck de Trinity teve
muito o que fazer. "Quando esses homens começaram a seguir o
Senhor, quase sempre a velha natureza se manifestava e havia
brigas, às vezes de faca, no estacionamento da igreja. Comecei a me
perguntar em que nos havíamos metido e se não precisávamos de
seguranças na igreja, em vez de diáconos".
O próprio Robert se envolveu em 13 brigas na igreja durante os
primeiros anos de ministério. Nisso tudo, o Pr. Lebeck ficou perto de
Robert, mesmo quando alguns estavam pedindo que ele o expulsasse
da igreja. Depois da última briga, Robert foi até o pastor e confessou
que tinha acabado de brigar novamente.
"Robert, você o matou?".
"Não, não foi tão ruim desta vez".
"Bem, as coisas estão melhorando".
Antes disso, Robert e Bev começaram a freqüentar as aulas de
aconselhamento de Nels e Juanita Hinman. Gradualmente, graças à
paciência da equipe de Trinity, à ajuda pessoal dos Hinmans e à obra
do Espírito Santo, Robert e Bev começaram a mudar.
Hoje, o ministério Carrillo fornece 15 mil refeições por mês.
Dão oito mil dessas refeições para os que ficam temporariamente no
bairro pobre. Centenas de caixas de comida são feitas para as
famílias trabalhadoras; "assim, elas podem comprar roupas para
seus filhos e outras coisas que, normalmente, não poderiam
comprar". Além disso tudo, eles têm um programa de discipulado
em uma mansão reformada no centro da cidade.
"Nosso objetivo", diz Bev, "é compartilhar com os outros,
assim como foi compartilhado conosco no passado, e ensinar-lhes a
importância do amor de Cristo".
Seguramente, a vida de Robert e Beverly Carrillo é um exemplo
brilhante de como Deus distribui Sua misericórdia para os
necessitados deste mundo.
***
Jimmy Jack cresceu em uma família grande, problemática, em
Long Island, Nova Iorque. Quando entrou no Ensino Médio, usava
drogas pesadas e tinha cinco condenações por crimes graves. Nos
vários anos seguintes, Jimmy tentou satisfazer a fome insaciável do
seu vício. Certa noite, isso quase terminou em tragédia.
"Meu melhor amigo, Billy, e eu fomos ao Lower East Side de
Manhattan e compramos quatro sacos de heroína. Aspirei um saco e,
depois, segurei o braço do Billy enquanto ele injetava três sacos.
Billy tomou uma dose excessiva, e a vida começou a deixá-lo. Tentei
de tudo o que podia para salvá-lo, mas não adiantou. A única coisa
que sobrou foi gritar para Deus. Então, clamei ao Senhor e,
milagrosamente, uns paramédicos vieram não sei de onde.
Começaram a fazer ressuscitação cardio-pulmonar, tentando salvá-
lo. Eu os ouvi dizer: "'Ele se foi'. Implorei para que continuassem
trabalhando, enquanto eu me ajoelhava ao lado do carro e gritava
em voz alta: 'Ó Deus, salva o Billy, e entregarei a minha vida inteira
para Ti'. De repente, ele ressuscitou!".
Embora tivesse prometido entregar a vida para Jesus, Jimmy
continuou no mesmo caminho. Totalmente envergonhado pelo seu
voto não-cumprido, ele tentava acalmar sua consciência com mais
drogas. As coisas pioraram. Certa ocasião, alguém roubou a van em
que ele morava. Ela continha tudo o que ele possuía. Sentindo que
não daria mais para agüentar, Jimmy saiu e se drogou com crack,
acabando em um bar da redondeza. Não demorou a que os efeitos do
álcool também se manifestassem. Sua depressão virou raiva.
Do outro lado do bar, estava sentado um outro camarada que
não estava bem e também mostrou uma certa atitude. Os dois,
então, olharam-se com ódio. Jimmy estava carregando uma chave de
fenda afiada e andou na direção do homem para apunhalá-lo. De
repente, um velho amigo chamado George entrou e viu o que estava
acontecendo. Ele correu para Jimmy e prendeu seus braços,
advertindo-o a não "fazer nenhuma idiotice". Jimmy se rendeu, e
George o levou para o Centro do Desafio Jovem, uma instituição
para drogados.
Depois de três meses no programa, Jimmy se casou com sua
namorada, Miriam, e eles foram para uma escola bíblica da
Assembléia de Deus. Depois da formatura em 1989, Jimmy voltou a
Nova Iorque e fundou o Desafio Jovem de Long Island. Desde então,
o ministério se expandiu, incluindo uma igreja de 500 pessoas, um
lar que abriga 30 homens e uma casa para 15 mulheres.
Mas a história real de Jimmy Jack não se encontra no tamanho
do ministério, mas na medida do seu coração.
"Jimmy Jack nunca desiste de uma pessoa", declara Jeff Colon,
diretor do programa residencial de Pure Life. "Ele está sempre
disposto a cooperar comigo". Jeff deve saber, tendo passado pelo seu
programa antes de vir a Pure Life. "Ele está constantemente
envolvido com os problemas dos outros. Tem um amor tão grande
pelas pessoas, que está disposto a fazer o que for necessário para
ajudá-las. Não importa o quanto isso lhe custe".
Isso significou muito para a mulher de Jess, Rose, a qual,
freqüentemente, chamava Jimmy e Miriam no meio da noite, por
causa dos problemas de Jeff com o vício das drogas. "Não importava
a hora do dia ou da noite. Eu, sabia que, quando chamasse, eles não
iriam achar que eu os estava incomodando", lembra-se Rose.
"Estavam ali para me ajudar".
Outro exemplo do cuidado de Jimmy pelas pessoas é visto nas
cruzadas de rua que ele organiza na área dos guetos, no verão. "Às
vezes, a atmosfera estava carregada de hostilidade", lembra Jeff.
"Houve ocasiões em que as pessoas até atiraram garrafas no Jimmy
enquanto ele estava pregando, mas ele é do tipo que ignora o ódio
delas. Simplesmente, continua a lhes dizer que elas precisam de
Jesus".
A vida de Jimmy e Miriam Jack é um exemplo adicional que
ilustra como Deus distribui Seu amor, usando vasos de misericórdia
para auxiliar aqueles considerados pelas demais pessoas impossíveis
de se amar.
***
Na verdade, esses santos preciosos são exemplos da vida de
vitória disponível ao crente. O cristianismo se manifesta por suas
obras exteriores, mas existe um outro aspecto da vida de
misericórdia que ninguém vê, a não ser Deus.
Quando Cristo disse que faria tudo o que fosse pedido em Seu
Nome, isso significa que posso pedir que um carro seja entregue na
porta da frente da minha casa? Descobrimos, por meio das orações
não-respondidas, que existe algo mais no princípio da oração em
Nome dEle do que simplesmente encerrar nossas súplicas com a
expressão: em Nome de Jesus.
O que significa orar dessa forma?
Parece que os Ministérios Pure Life sempre estiveram
envolvidos com projetos de edificação. Somente nos primeiros cinco
anos, geralmente com uma equipe de três ou quatro obreiros de uma
vez, construímos sete edifícios, dois celeiros e montamos dois
trailers. Posso dizer que foi tudo feito com pouco dinheiro no bolso,
pouca ajuda e um grão de mostarda de fé.
Houve ocasiões em que um dos nossos rapazes precisava ir até
a cidade comprar alguns materiais. Geralmente, quando isso
acontecia, eu o enviava à loja com um cheque assinado para adquirir
o necessário. Tudo o que ele tinha a fazer era preencher a quantia.
Com freqüência, nem sei o que ele ia comprar.
Esta é uma boa ilustração de pedir algo ao Pai em Nome de
Jesus. Foi-nos dado um "cheque" em branco com a assinatura de
Jesus Cristo. Esse documento nos autoriza a comprar aquilo de que
precisamos para o projeto no qual estamos trabalhando. O "cheque"
é aceito, não por causa da nossa confiabilidade, mas porque aquela
assinatura é respeitada. Se eu mandar um dos meus obreiros
comprar tinta, o pagamento é aprovado, não porque o obreiro é
conhecido, mas porque se sabe que os Ministérios Pure Life
honrarão aquele compromisso.
Da mesma forma, é pelo Nome de Jesus que nossas petições
são marcadas com o selo aprovadas ao serem apresentadas no Céu.
É por causa do respeito pelo Nome que aparece tal assentimento nos
pedidos, não pelo nosso mérito.
O que você acha que aconteceria se um dos nossos obreiros
aparecesse em uma loja de departamentos e, em vez de comprar
tinta, entrasse em uma farra e comprasse roupas, equipamentos
esportivos, sapatos finos, uma televisão e um aparelho de DVD?
Você acha que o empregado da loja não suspeitaria?
O Nome de Jesus significa que vamos para a loja do Céu
adquirir o que Ele nos mandou comprar. Estamos orando conforme
a Sua vontade. João disse: E esta é a confiança que temos nele: que,
se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E,
se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que
alcançamos as petições que lhe fizemos (1 Jo 5.14,15). Qual é o
desejo do Senhor? Que as necessidades do próximo sejam supridas.
Você nunca errará se clamar pelo que os outros precisam!
Entretanto, o mesmo não pode ser dito sobre as orações
egocêntricas. Tiago exemplificou: Pedis e não recebeis, porque pedis
mal, para o gastardes em vossos deleites (Tg 4.3).
INTERVENÇÃO NA CRISE
Intercessão significa ir ao Pai, intervindo em favor do próximo.
A descrição real disso é a de um advogado de defesa que vai até o
juiz representando seu cliente; ou melhor, representa, com os
próprios recursos, as pessoas pobres, porque elas não têm como
pagar a ele. Aquele profissional vê a necessidade e aceita a
responsabilidade daquele caso. Uma vez que concorde em aceitar o
processo, ele compromete-se a levar a cabo a tarefa e faz tudo,
dentro das suas possibilidades, para defender adequadamente o seu
cliente, tomando para si o problema.
Suponha que um artista trapaceiro e falante, o qual ficou rico
enganando os que não desconfiavam dele, tenha roubado a
poupança da vida inteira de um casal de idosos. O advogado sente
compaixão por eles e concorda em assumir a ação sem cobrar. Ele
faz todo o trabalho de coleta de dados, encontra o trapaceiro e
localiza a conta bancária onde ele depositou o dinheiro. O
profissional põe o seu coração na causa. Sua generosidade pelo casal
compele-o a tratar do caso como se estivesse ganhando muito
dinheiro. Essas atitudes, naturalmente, são de misericórdia a fim
suprir a necessidade de alguém.
Existe um outro elemento crucial nessa história: o juiz. Nesse
cenário, ele é um homem idoso, benevolente, que também sente
compaixão pelo casal, pois compreende a questão e está
comprometido em ver a justiça ser feita nesse caso. Assim, para ter
certeza de que o advogado não pedirá uma compensação pequena
demais para o casal, ele, secreta e sutilmente, faz o advogado saber
que é muito receptivo àquele processo. Naturalmente, não seria ético
chegar logo e dizer isso, mas ele cuida para que o advogado perceba.
Quando, finalmente, o advogado é capaz de ir diante do juiz
reclamar pelos danos, você acha que ele ficará satisfeito ao receber o
mínimo para essas pessoas? Não! Ele apresentará a causa ao juiz,
requerendo uma indenização considerável. O conhecimento prévio
das boas intenções do juiz motiva aquele profissional e lhe dá, na
corte, a confiança de que precisa.
Ao orarmos pelos problemas de outra pessoa, tornamo-nos,
em essência, seu conselheiro legal. Intercedemos porque vemos a
sua necessidade e sentimos compaixão por ela. Tal sentimento nos
move a buscar o Pai celestial em benefício dela várias vezes se
necessário. Não descansamos enquanto não vemos aquela
necessidade suprida. Diante de Deus, não buscamos uma pequena
resposta, mas queremos uma grande solução! O Senhor nos diz que
Ele olha muito favoravelmente para os pedidos que chegam por
intermédio de Jesus em prol dos necessitados. Não vamos diante do
Todo-Poderoso esperando uma colher de sobremesa de águas vivas,
mas, sim, um dilúvio!
A ORAÇÃO DA MISERICÓRDIA
Aprendi uma oração, a qual pode ajudar aqueles que desejam,
por meio da intercessão, sustentar outros que estejam desprovidos
de estrutura para fazer isso. "Senhor, inunda aquela pessoa em
quem eu estou pensando com as misericórdias para suprir as
necessidades".5
Temos visto como é a misericórdia do sistema de suprimento
de Deus no que diz respeito à necessidade das pessoas. Apenas o
Criador entende o que está no coração de um homem e conhece o
que uma alma precisa. Podemos ver alguns problemas e achar que
sabemos orar, mas, geralmente, é melhor levar a pessoa até o trono
do Altíssimo e confiar ao Senhor o que for necessário. Quando
oramos para que Ele envie as Suas misericórdias à situação de
alguém, estamos pedindo que o Pai supra o que for preciso conforme
a Sua visão. Assim como o remédio percorre o organismo de alguém
combatendo um vírus, ao orarmos dessa forma, abrimos a comporta
das benevolências celestiais para que elas entrem na vida daquele
indivíduo. As misericórdias procurarão destruir qualquer coisa que
esteja trazendo dano ao bem-estar da pessoa.
Ao intercedermos pela misericórdia de Deus e por Sua bênção
na vida de alguém, nós nos alinhamos com o Senhor. A Bíblia diz
que Satanás é o acusador de nossos irmãos (Ap 12.10), no entanto,
Jesus está vivendo sempre para interceder por nós (Hb 7.25; 9.24).
A realidade das nossas palavras é que, quando fofocamos, criticamos
ou diminuímos os outros, nós os amaldiçoamos e agimos no mesmo
espírito em que o diabo está. Por outro lado, quando encorajamos o
próximo, edificamo-lo ou intercedemos em seu favor, colocamo-nos
no Espírito em que Jesus Se encontra: o da bênção. Duas pessoas
diante do trono; dois espíritos dos quais podemos partilhar.
Quando oramos pelos outros, queremos que o Senhor os
abençoe abundantemente. Lembra-se do juiz benevolente? Não
ficaremos contentes com um chuvisco ligeiro: queremos um
transbordar! Não vamos à sala do trono procurando uma gota,
queremos inundações. Não estamos pensando em um pouco de
misericórdia para a necessidade deles, estamos buscando um
oceano. Nosso Deus é de abundância, e esse é o tipo de resposta que
esperamos em benefício dos nossos amados.
À medida que cresce a nossa vida de intercessão, nós nos
achamos orando por pessoas com as quais entramos em contato
durante o dia. "Senhor, inunda aquela moça do caixa do
supermercado com as Tuas misericórdias. Supre suas necessidades
conforme Tu as vês". Quando somos tentados a nos zangar,
imediatamente, começamos a orar, cumprindo assim o mandamento
de Jesus: Bendizei os que vos maldizem e orai pelos que vos
caluniam (Lc 6.28). Se um homem cristão vê uma moça pouco
vestida, em vez de tentar lutar contra a luxúria pela própria força,
deve praticar a misericórdia para com ela por meio da oração,
limpando, portanto, o seu coração (Lc 11.41). Seu mundo interior,
tão acostumado à crítica, luxúria, ira, ao ressentimento e à inveja,
gradualmente, irá transformar-se em uma fonte de bênção.
A NECESSIDADE DA HORA
A maior carência de hoje no Corpo de Cristo é de crentes que
saibam interceder pelos outros. Não há compaixão tão grande, nem
gesto tão altruísta, tampouco ato capaz de realizar mais pelos outros
do que a intercessão. Apesar de toda a honra dada por nós para as
figuras da mídia do país, não existe um chamado mais elevado na
Igreja Cristã do que o da intercessão.
Durante os dias mais tenebrosos da história de Israel, eles
tinham problemas para encontrar intercessores. Isaías descreve que
o Senhor viu que ninguém havia e maravilhou-se de que não
houvesse um intercessor (Is 59.16a). No livro de Ezequiel, o Senhor
disse: E busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o
muro e estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que
eu não a destruísse; mas a ninguém achei (Ez 22.30).
Que trágico! As imagens vividas de Lamentações, de mães
cozinhando seus próprios bebês e da matança "por atacado" pelos
babilônios, dão uma idéia das repercussões daquela falta. Será que,
na América, enfrentamos a mesma devastação porque Deus não
consegue encontrar pessoas dispostas a ficar na brecha pelos
necessitados? Possivelmente sim.
Eis o que Andrew Murray disse sobre a procura de Deus por
intercessores:
Deus busca intercessores. Existe um mundo de milhões de
seres humanos perecendo, tendo na intercessão sua única esperança.
Tanto amor e tanta obra são comparativamente vãos, porque existe
pouquíssima intercessão. Há milhões de pessoas vivendo como se
nunca tivesse existido um Filho de Deus para morrer por eles. Todos
os anos, multidões passam para as trevas exteriores sem esperança.
Uma quantidade imensa de cristãos leva esse nome, mas a grande
maioria vive na ignorância ou indiferença total. Muitos cristãos
fracos, doentes, e milhares de obreiros exaustos poderiam ser
abençoados pela intercessão, o que iria ajudá-los a se tornarem
também poderosos nesse tipo de oração. Igrejas e missões sacrificam
a vida e o trabalho com poucos resultados e, freqüentemente, têm
falta do poder da intercessão. Almas, mais valiosas que os mundos,
as quais valem nada menos do que o preço pago por elas no sangue
de Cristo, estão ao alcance do poder que pode ser conquistado na
intercessão. Seguramente, não concebemos a magnitude da obra a
ser feita pelos intercessores de Deus, ou então devemos clamar para
que, acima de tudo, Ele nos dê o espírito de intercessão.
O Pai celestial busca intercessores. Existe um Senhor de glória
capaz de suprir todas estas necessidades. Sabemos que Ele Se deleita
na misericórdia e aguarda para dar graça, assim como também
deseja derramar as Suas bênçãos. Temos conhecimento de que Seu
amor, capaz de entregar o próprio Filho à morte, é o mesmo que, a
cada momento, flutua sobre cada ser humano. Contudo, Ele parece
não ajudar, e as pessoas perecem. É como se o Altíssimo não Se
movesse. Já que Ele nos ama tanto e deseja abençoar, deve haver
alguma razão inescrutável para a Sua demora. Qual seria esse
motivo? Segundo a Bíblia, a causa é a incredulidade e a conseqüente
infidelidade do povo de Deus. Mesmo assim, o Todo-Poderoso
elevou essas pessoas à parceria com Ele mesmo. Ao honrar a Igreja e
comprometer-Se com ela, Ele fez de suas orações as medidas
padrões da operação do Seu poder. Ausência de intercessão é uma
das razões principais para a falta de bênção. Ó, que desviemos
nossos olhos e corações de tudo o mais, e os fixemos neste Ser
Supremo que ouve as súplicas! Deixemos que a magnificência das
Suas promessas, do Seu poder e desse propósito de amor nos
inunde!6
PARTE QUATRO
BATALHA ESPIRITUAL
A guerra é uma luta ou um conflito entre grupos opostos, cada
um tentando vencer o outro pelo uso da força. Comandantes
militares usam a estratégia, o planejamento, os movimentos e os
contramovimentos. Existem a guerrilha e as imensas batalhas
campais; as operações secretas; os golpes rápidos e as campanhas
prolongadas; as patrulhas que entram em lutas armadas; os espiões
que reúnem informações da força de inteligência; as batalhas navais,
aéreas; os ataques de mísseis e os combates corpo a corpo. Neste
século 21, tudo isso faz parte da batalha.
A guerra espiritual envolve conflito entre as forças de Deus,
que incluem os crentes, os anjos e o poder do Espírito Santo, contra
as forças de Satanás, junto com os não-salvos e os demônios aos
quais eles servem.
Alguns guerreiros fazem confusão entre crentes e incrédulos e
presumem que possam vencer pela legislação da moralidade.
Protestam em frente às lojas de artigos pornográficos e clínicas de
aborto; fazem petições aos senadores e representantes; escrevem
livros, aparecem na televisão e falam em emissoras de rádio. Tentam
vencer as batalhas espirituais por meio da política.*
Outros guerreiros, talvez um pouco mais próximos da
realidade da situação, fazem dela uma batalha existente apenas entre
anjos e demônios. Eles imaginam que existam guerreiros celestiais
com espadas flamejantes em pé para guardá-los. Imaginam espíritos
malignos prontos para atacá-los de todo lado. Batalhas são
empreendidas nos céus quando vão para o trabalho.
Nenhum desses grupos está inteiramente errado. Entretanto,
há um único elemento nesse conflito que ambos os grupos parecem
descartar ou negligenciar: o poder do Espírito Santo. Nós
esquecemos que existe um Deus soberano reinando sobre toda a
criação. Ele não está ausente, sem Se envolver. Os versículos
seguintes estão entre os muitos que mostram a extensão do Seu
envolvimento:
*
Aprecio sinceramente os esforços dos ativistas cristãos que estão tentando fazer da América um lugar
melhor para se viver. Mas esta é uma batalha que deve ser ganha principalmente de joelhos.
intencionalmente como se fosse a única criatura no
Universo.
E os seus ouvidos, atentos ao seu clamor. Os olhos e
ouvidos do Senhor estão voltados na direção dos Seus
santos. Toda a Sua' mente está ocupada com eles. Se
desprezados pelos outros, não são negligenciados pelo
Soberano. Ele ouve imediatamente seu clamor, como
uma mãe está segura de ouvir seu bebê doente. O grito
pode ser quebrado, queixoso, infeliz, débil ou
desconfiado. Contudo, o rápido ouvido do Altíssimo
capta cada nota de lamento ou apelo, e Ele não demora
a responder à voz dos Seus filhos.5
Não desprezo o poder dado ao diabo neste mundo. Sua
influência e o modo como pode agir são muito reais. Também não
quero minimizar o envolvimento dos anjos nas questões humanas,
especialmente nas dos cristãos. A Bíblia nos ensina claramente que
eles nos ajudam e defendem espiritualmente. Porém, mais
importante, tenhamos em mente que, pairando sobre tudo isso, está
a presença do Onipotente.
O ESPÍRITO SANTO
Jesus estava em um Espírito diferente quando andou por
aquelas ruas da Judéia. Ele tinha inimigos que procuravam feri-lO,
contudo, respondia com gentileza e amor. Seus inimigos tinham um
*
Passei muito tempo em arrependimento por esse incidente horrível. Alguns anos depois, o Senhor me
autorizou a "fazer as pazes", quando me foi dada a oportunidade de ministrar aos palestinos em muitas
reuniões em Amã, na Jordânia.
espírito de homicídio com relação a Ele, que poderia ter respondido
como eu fiz, ou como Tiago e João agiram na ocasião em que uma
cidade de samaritanos rejeitou Jesus: quiseram trazer fogo do céu. O
Mestre, voltando-se, porém, repreendeu-os e disse: Vós não sabeis
de que espírito sois. Porque o Filho do Homem não veio para
destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para
outra aldeia (Lc 9.55,56).
Pedro também quis lutar na carne. Quando a multidão veio
prender Jesus no jardim de Getsêmani, ele arrancou a orelha de um
homem com a espada. Jesus, imediatamente, curou o homem e
declarou: Mete no seu lugar a tua espada, porque todos os que
lançarem mão da espada à espada morrerão. Ou pensas tu que eu
não poderia, agora, orar a meu Pai e que ele não me daria mais de
doze legiões de anjos? (Mt 26.52,53).
No que se refere à guerra espiritual, você não luta fogo contra
fogo. O diabo o incitará contra os outros. O espírito em que uma
pessoa está determina sua vida espiritual. Você pode declarar que é
um guerreiro para Cristo, mas a eficácia da sua batalha depende do
seu modo de viver.
AUTORIDADE ESPIRITUAL
Mateus nos conta que, depois de Jesus ter ministrado o
revolucionário Sermão do Monte, as pessoas se surpreenderam,
porquanto os ensinava com autoridade e não como os escribas (Mt
7.29).
O que deu a Jesus a autoridade espiritual que os escribas não
tinham? Obviamente, por ser o Filho de Deus, dominava a questão.
No entanto, há algo mais que aponta para o poder que nós também
podemos desfrutar.
Em Mateus 5.7, Jesus fala para a multidão reunida sobre a Sua
maneira de pensar. Centenas de livros foram escritos, e milhares de
sermões, ministrados sobre os princípios apresentados nesses três
capítulos curtos. Essas verdades gloriosas de Deus, com as do
"capítulo do amor" (1 Co 13), representam o Espírito no qual Jesus
sempre vivia. Ele falava e tinha autoridade, porque vivia a realidade
daquelas palavras em Seu cotidiano.
A autoridade advém de uma fonte de poder, não de palavras.
Se estou andando na rua e alguém grita para que eu pare, não
importa quão alto ele grite, ou com que autoridade nem mesmo
como a pessoa se pareça. Posso pensar: "Quem ele pensa que é?". Se,
entretanto, ele estiver usando um uniforme com crachá, presto
muita atenção. A autoridade advém de quem o indivíduo represente,
se for o caso, por exemplo, do governo dos Estados Unidos da
América.
Jesus representou perfeitamente o Pai, porque andou em
submissão absoluta a Ele. Sua autoridade foi estabelecida pela Sua
obediência ao Senhor. O apóstolo Paulo também teve uma tremenda
autoridade espiritual. Ele não ficava aplicando "golpes de caratê" nos
poderes das trevas. Na carta aos efésios, ele diz:
UM CASO PERTINENTE
Pedi a Deus
Pedi a Deus força para poder conquistar.
Fiquei fraco para aprender a obedecer.
Pedi saúde para poder fazer mais coisas.
Ganhei enfermidade para realizar coisas melhores.
Pedi riquezas para poder ser feliz.
Ganhei pobreza para poder ser sábio.
Pedi poder para ter o louvor dos homens.
Ganhei fraqueza para sentir a necessidade de Deus.
Pedi todas as coisas para poder aproveitar a vida.
Ganhei vida para desfrutar de todas as coisas.
Não consegui nada do que pedi
Mas tudo o que eu esperava.
Apesar de mim, minhas orações não-faladas
Foram respondidas.
Eu sou, entre todos os homens, o mais ricamente abençoado.3
Anônimo
Dezessete
Viver em vitória
*
A Turner Broadcasting Company produziu um vídeo sobre Salomão que mostrou bem a miséria do seu
pecado. Com exceção das infelizes "cenas de amor" explícitas com a rainha de Sabá, recomendo o filme.
desejaram os meus olhos não lhos neguei, nem privei o meu
coração de alegria alguma (Ec 2.10a).
Não parece a busca do sonho americano? Estatísticas recentes
dizem muito sobre esse estilo de vida. O padrão de vida do
pensionista médio está colocado entre a classe média dos outros dez
maiores países do mundo. Os americanos mais pobres vivem melhor
do que os pobres de outras 240 nações. A segunda estatística mostra
que o americano médio come melhor do que, no mínimo, um bilhão
de pessoas em nosso planeta. São indivíduos assim como você e eu!
Nos Estados Unidos, desfrutamos de um estilo de vida mais
opulento, cheio de luxúria, prazer e conforto, do que o de muitos reis
na História da humanidade. Salomão, certamente, não desfrutou de
encanamentos internos, eletricidade, televisão, jornais, torradeiras,
automóveis, serviço de ambulância, telefones e todas as outras coisas
que consideramos, hoje, necessidades absolutas. Os prazeres de
ontem se transformaram nas necessidades de hoje. Exemplos
recentes incluem microondas e computadores pessoais. Não faz
muito tempo, somente os ricos se davam ao luxo de ter tais bens.
Agora, a maioria das casas na América tem tudo isso. Nos últimos
cem anos, aumentamos nosso padrão de vida a ponto de, agora, até
nossos gatos comerem melhor do que quase um terço das pessoas do
mundo.
Essa prosperidade tremenda tende a deixar as pessoas em um
estado constante de desejar mais. Além disso, os anunciantes fazem
um trabalho notável de nos treinar para nunca ficarmos satisfeitos.
Para onde olhamos, dizem-nos que há algum novo item sem o qual
nós não podemos viver. Roupas, computadores, carros, férias, casas
e mobília desfilam diante de nós, mantendo-nos em um estado fixo
de cobiça. Sempre desejando mais, nunca estamos satisfeitos.
Salomão foi capaz de alcançar cada sonho carnal e, no fim, viu
tudo como realmente era: E olhei eu para todas as obras que fizeram
as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando,
tinha feito; e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito e que
proveito nenhum havia debaixo do sol (Ec 2.11). Ele chegou a ver a
futilidade e o vazio de buscar os prazeres deste mundo. Vaidade de
vaidades! — diz o pregador, vaidade de vaidades! É tudo vaidade (Ec
1.2). Se as coisas mundanas não são vazias para você, sua mente está
ainda sendo manipulada com sucesso pela voz deste mundo.
Jonas aprendeu essa dura lição quando tentou seguir seu
próprio caminho em rebelião ao chamado do Senhor em sua vida.
Os que observam as vaidades vãs deixam a sua própria
misericórdia (Jn 2.8). Quando a busca do prazer e das posses
materiais se torna o foco da sua existência, é impossível viver de
modo vitorioso em Deus, e o vazio, com certeza, consome o seu
coração.
Quando Salomão escreveu os Provérbios, ele ainda acreditava
que poderia manipular as riquezas e permanecer fiel ao Senhor. É
interessante que foi Agur, não Salomão, quem proferiu esta oração:
Não me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da
minha porção acostumada; para que, porventura, de farto te não
negue e diga: Quem é o SENHOR? (Pv 30.8b,9a).
O contentamento de Agur com o que tinha é um dos
ingredientes primordiais para uma vida de vitória. Paulo,
compartilhando um dos seus princípios em Cristo, afirmou: Não
digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me
com o que tenho. Sei estar abatido e sei também ter abundância;
em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter
fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer
necessidade (Fp 4.11,12).
É muito importante ficar satisfeito com as circunstâncias que
temos na vida. Deixados por conta própria, iríamos pelo caminho de
Salomão, convencidos de que ainda permaneceríamos fiéis a Deus.
Não está feliz pelo fato de que o Pai não permita que você arruine a
sua vida, como Salomão fez?
Embora a satisfação seja importante, ela não trará por si só a
vitória.
VIVER EM GRATIDÃO
Uma pessoa ingrata é a mais miserável de todas as criaturas.
Ele passa a vida lutando continuamente por uma posição mais
elevada, por mais posses e experiências. A mensagem sutil por trás
dessa situação é que, quando conseguirmos a promoção seguinte ou
a nova casa ou o que seja (e essas coisas nos atraem no presente),
então, de alguma forma, alcançaremos a felicidade. No entanto, na
melhor das hipóteses, esse bem-estar é circunstancial, temporário e
enganoso.
O problema é, simplesmente, não percebermos quão ricos
somos. Muitos homens passam a vida buscando coisas que nunca os
satisfazem e perdendo aquelas que podem realizá-los. Carros novos
e casas confortáveis não são prejudiciais por si, mas não levam uma
pessoa ao verdadeiro contentamento. Se pudéssemos perguntar a
Marilyn Monroe, Jimi Hendrix, Janis Joplin, John Belushi e outros
incontáveis que alcançaram o pináculo do sucesso neste mundo, eles
nos falariam do vazio que descobriram.
Nós, cristãos, somos freqüentemente como os fazendeiros de
Oklahoma. A maioria passou a vida inteira tentando sobreviver com
pouco dinheiro, quando tudo o que tinha a fazer era afundar um
cano no solo até o campo de petróleo, e teriam conseguido riquezas
fabulosas. Durante muito tempo da minha vida cristã, perdi o que
um coração cheio do Senhor pode prover: alegria e satisfação. São os
elementos essenciais de uma vida vitoriosa.
Um caminho para essa vida vitoriosa é por meio da disciplina
da gratidão. Essa atitude é estimulada quando uma pessoa vê tudo o
que o Criador provê. "Conte suas bênçãos, nomeie-as uma a uma",
diz a canção. Uma maneira prática de fazer isso é pela lista de
agradecimento. Uma vez por semana, tome aspectos da sua vida
(trabalho, lar, casamento, família, vida espiritual) e liste 30, 40, 50
coisas sobre ela pelas quais você é grato. Um estudo bíblico de tudo o
que o Pai dá ao cristão também desenvolve um coração agradecido.
Você pode surpreender-se ao ver que exercícios simples como esses
podem mudar a sua perspectiva. Deus já lhe deu muito. Por que
ficarmos nessa prisão miserável da insatisfação? Um coração
agradecido trará uma vida de alegria, um dos elementos
fundamentais para a vitória. Contudo, ainda não é o mais
importante.
A REALIZAÇÃO DA OBEDIÊNCIA
Outro aspecto vital da vida cristã vitoriosa é a simples
obediência. A realização e a felicidade aumentam com a obediência
diária a Deus.
Imagine que um estudante universitário tenha uma prova
importante amanhã. Alguns amigos o convidam para ir ao bar. Na
manhã seguinte, ele está cansado e de ressaca. Por não ter estudado
como deveria, com certeza, terá um desempenho ruim. Agora se
sente pior. Sua falta de autodisciplina fez com que fosse reprovado
no teste importante, e ele está perto de repetir o curso inteiro. Isso,
por sua vez, afeta sua média de notas e, subseqüentemente, o seu
futuro. Sua confiança cai, e ele se sente mais infeliz do que nunca.
Para ele, a vida parece agora vazia e sem sentido.
Aqueles que não têm esperança permanecem na armadilha de
uma rotina da qual nunca parecem sair. Quando sofrem a
conseqüência inevitável da iniqüidade, voltam-se para uma emoção
temporária de pecado para se consolarem. Pedro declarou: Deste
modo, sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O
cão voltou ao seu próprio vômito; a porca lavada, ao espojadouro
de lama (2 Pe 2.22). É assim a decadência na vida do viciado.
Freqüentemente, a miséria de um fracasso tem um efeito dominó,
resultando depois em outro. Depois, vêm as conseqüências
inevitáveis da transgressão. Tudo isso se soletra DER-RO-TA, não é?
Uma coisa maravilhosa sobre o Reino de Deus é que os
mesmos princípios que operam contra uma pessoa também podem
agir em favor dela. Digamos que um professor se senta com o aluno
e tem uma conversa com ele: "Jimmy, se você for bem nesta prova,
ainda pode tirar um C na matéria. Quero que você estude bastante!".
Quando seus amigos aparecem naquela noite, ele recusa o convite e
fica em casa para estudar. Acorda preparado, depois de uma boa
noite de sono e descanso. Faz a prova e não apenas passa, como
também tira nota A! Sua confiança aumenta e o enche de esperança
de que, talvez, ele possa ter uma boa carreira um dia. Com
freqüência, muita coisa depende de uma única decisão.
Viver em obediência aos princípios de Deus traz um estilo de
vida de triunfo contínuo. Uma pessoa que vive em obediência
mínima, respeitando apenas àqueles mandamentos que lhe são
convenientes, jamais conhecerá a vitória real. A propósito, a canção
diz: "Confie e obedeça, pois não há outro jeito de ser feliz em Jesus,
que o de confiar e obedecer".4 A obediência é outra exigência para se
achar a realização na vida, mas ela também não chega a prover a
satisfação desejada.
É mais abençoado
Há dois tipos básicos de pessoas: as que dão e as que tomam.
Pelo que me lembro, sempre fui um tomador, pois era
completamente egoísta. Tudo o que eu fazia, em última análise,
tinha alguma coisa para mim.
Talvez, você pense que uma pessoa tão envolvida em alcançar
prazer é quem recebe a maior satisfação; porém, os caminhos de
Deus não são como os nossos. Neste mundo, aquele que procura
tomar o máximo recebe o mínimo.
Os não-salvos e os cristãos mundanos, da mesma forma,
tentam encontrar a realização neste mundo apesar da felicidade
superficial e fugaz que ele oferece. Isso é tudo o que cada um deles
conheceu. Não experimentaram a alegria real em resultado de uma
vida submissa a Deus.
Entretanto, a felicidade é, na própria essência, um conceito
mundano. É o senso de animação que alguém sente sob
circunstâncias favoráveis. Se você for a um clube por volta das dez
horas da noite, em geral, encontrará pessoas muito felizes. Em um
estádio, onde o time da casa estiver ganhando, verá torcedores
alegres. Na casa de uma jovem apaixonada, que acabou de receber o
pedido de casamento, poderá achar uma pessoa feliz. Em termos
gerais, a felicidade é o sentimento que as pessoas têm quando as
coisas estão indo do seu jeito.
Encontre aqueles festeiros na manhã seguinte, ou aqueles fãs
quando seu time está perdendo, ou a garota quando o namorado a
rejeita, e você descobrirá um bando de criaturas miseráveis. Por
quê? A felicidade deles estava fundamentada na própria situação. É
triste, mas a maioria dos cristãos não sabe o que significa viver
acima das circunstâncias e experimentar a alegria do Senhor, sem se
importar com o que pode acontecer em sua vida.
Jesus conheceu uma outra maneira de viver. A Sua não foi uma
vida de tomar, mas de doar. Embora Ele fosse chamado de homem
de dores (Is 53.3), por causa do Seu sofrimento em lidar com
pessoas não-arrependidas, Ele foi o Homem mais alegre que já
andou na terra. Cristo estava sempre Se doando e continuamente
feliz. Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber (At 20.35).
Podemos ter também a mesma alegria e satisfação. Quando
aprendermos a viver na misericórdia para suprir as necessidades dos
outros, conhecemos a alegria real. Mas, mesmo viver uma vida de
doação, por si, não preencherá o grande vazio dos corações.
CAPÍTULO UM
1. Oswald Chambers, The best from all his books [O melhor de todos os seus livros],
Thomas Nelson Publishers, Nashville, TN, 1987; p. 223.
2. Citação de Robert Bolton feita por Iain H. Murray, Jonothan Edwards, a new
biography [Jonothan Edwards, uma nova biografia], Carlisle, Banner of Trust, reprint
1988; p. 128.
CAPÍTULO DOIS
1. Topical encyclopedia of living quotations [Enciclopédia essencial de citações vivas],
Bethany House Publishers, 1982, p. 117.
2. ibid.
3. Topical encyclopedia of living quotations [Enciclopédia essencial de citações vivas],
ibid; p. 226.
4. A. W. Tozer, Jesus, our Man in glory [Jesus, nosso Homem em glória], Christian
Publications, Camp Hill, PA, 1987, p. 84.
CAPÍTULO TRÊS
1. Leonard Ravenhill, Revival raying [Oração revivificadora], Bethany House
Publisher, 1962, p. 40.
2. Andrew Murray, In search of spiritual excellence [Em busca da excelência
espiritual], Whitaker House, 1984, p. 116.
CAPÍTULO QUATRO
1. A. W. Tozer, The knowledge of the Holy [O conhecimento do Santo], Harper & Row
Publishers, 1961, p. 103.
2. Charles Finney, Crystal christianity [Cristianismo cristalino], Whitaker House,
Springdale, PA, 1985, p. 136.
3. Andrew Murray, Humildade, a beleza da santidade, São Paulo: Editora dos Clássicos,
p. 116.
4. Roy Hession, A senda do Calvário, Belo Horizonte: Ed. Betânia.
CAPÍTULO CINCO
1. Joy Dawson, Intimate friendship with God [Amizade intima com Deus], Chosen
Books, Old Tappan, NJ, 1986, p. 16.
2. J. I. Packer, Knowing God [Conhecendo Deus], InterVarsity Press, Downers Grove,
IL, 1973, p. 30.
3. Charles Finney, Crystal Christianity [Cristianismo cristalino], Whitaker House,
Springdale, PA, 1985, p. 11.
4. Brother Lawrence, The practice of the presence of God [Praticando a presença de
Deus], Whitaker House, 1982.
5. ibid.
6. ibid.
7. ibid.
8. Philip Yancey, Decepcionado com Deus, São Paulo: Mundo Cristão, 2004.
9. Citação de Alexander MacLaren em The Bethany parallel commentary [Comentário
paralelo Betânia], Bethany House Publishers, Minneapolis, MN, 1983, p. 198.
10. A. W. Tozer, À procura de Deus, Belo Horizonte: Betânia, p. 17-18.
CAPÍTULO SEIS
1. The quotable Lewis [Citações de Lewis], Tyndale House Publishers, Inc. Wheaton,
IL, 1989, pp. 408, 407, 405, 406.
2. God's treasury of virtues [O tesouro de virtudes de Deus], Honor Books, Tulsa, OK,
1995, pp. 30-31.
3. The Zondervan Pictorial Encyclopedia of the Bible [Enciclopédia bíblica ilustrada
Zondervan], Zondervan Publishing House, Grand Rapids, MI, 1976, p. 183.
4. Programa de computador QuickVerse, Dicionário grego e hebraico, extraído da
Concordância exaustiva Strong da Bíblia, Copyright 1980, 1986 e pertencente a World
Bible Publications, Inc.
5. Vines Expository Dictionary [Dicionário expositivo Vine], Fleming H. Revell
Company, Old Tappan, NJ, 1981, p. 116.
6. The Bethany parallel commentary of the New Testament [Comentário paralelo
Betânia do Novo Testamento], Bethany House Publishers, Minneapolis, MN, 1983, p.
1029.
7. The quotable Lewis [Citações de Lewis], p. 292.
CAPÍTULO SETE
1. Baptist hymnal [Hinário batista], Convention Press, Nashville, TN, 1956, p. 47.
2. James Thomas, Mercy, truth and judgment [Misericórdia, verdade e julgamento], p.
4.
3. God's treasury of virtues [O tesouro de virtudes de Deus], p. 206.
CAPÍTULO OITO
1. The Bethany parallel commentary of the New Testament [Comentário paralelo
Betânia do Novo Testamento], p. 1920.
2. ibid.
3. Catherine Marshall, Beyond our selves [Além de nós mesmos], McGraw-Hill Book
Co., NY, 1961, pp. 21-23.
4. ibid, p. 28.
CAPÍTULO NOVE
1. Victor Ostrovsky & Claire Hoy, By way of deception [Por meio da decepção], St.
Martin's Press, 1990, pp. 1-2.
2. ibid, pp. 13-15.
3. Hannah Whitall Smith, A christian's secret of a happy life [O segredo cristão de uma
vida feliz], Whitaker House, Springdale, PA, 1983, p. 77. Utilizado com permissão.
4. H. D. M. Spence, The pulpit commentary [O comentário do púlpito], vol. XI,
MacDonald Publishing Company, pp. 444-445.
CAPÍTULO DEZ
1. Oswald Chambers, The best from all his books [O melhor de todos os seus livros], p.
223.
2. Topical encyclopedia of living quotations [Enciclopédia essencial de citações vivas];
p. 183.
3. ibid, p. 184.
4. Steve Gallagher, No altar da idolatria sexual, Rio de Janeiro: Graça Editorial, 2003.
5. Vine's expository dictionary [Dicionário expositivo Vine], p. 116.
6. Spiros Zodhiates, The complete Word study dictionary [Dicionário de estudo
completo da Palavra], AMG Publishers, Chattanooga, TN, 1993, pp. 1133-1134.
CAPÍTULO ONZE
1. God's treasury of virtues [O tesouro de virtudes de Deus], p. 278.
2. Rex Andrews, What the Bible teaches about mercy [O que a Bíblia ensina sobre
misericórdia], Zion Faith Homes, Zion, IL, pp. 166, 3, 121.
3. Mercy, truth and judgment [Misericórdia, verdade e julgamento], p. 6.
4. A christian's secret of a happy life [O segredo cristão de uma vida feliz], p. 42.
5. Oswald Chambers, The best from all his books [O melhor de todos os seus livros],
pp. 1-2.
6. A christian's secret of a happy life [O segredo cristão de uma vida feliz], pp. 80-83.
7. What the Bible teaches about mercy [O que a Bíblia ensina sobre misericórdia], p.
121.
8. Baptist hymnal [Hinário batista], p. 356.
CAPÍTULO DOZE
1. Rosalind Goforth, Jonothan Goforth [Jonothan Goforth], Bethany House
Publications, 1937, p. 109.
2. Baptist hymnal [Hinário batista], p. 431.
CAPÍTULO TREZE
1. God's treasury of virtues [O tesouro de virtudes de Deus], p. 47.
2. Oswald Chambers, The best from all his books [O melhor de todos os seus livros], p.
320.
3. Jonothan Goforth [Jonothan Goforth], p. 121.
4. Estão disponíveis em fita de áudio e vídeo no Heart Talk Ministry, 9616 Micron Ave.
#900, Sacramento, CA 95827-2626, EUA.
CAPÍTULO CATORZE
1. Revival praying [Oração revivificadora], pp. 64, 70.
2. ibid, p. 14.
3. Jack Hayford, Orar é invadir o impossível, São Paulo: Ed. Vida.
4. ibid.
5. What the Bible teaches about mercy [O que a Bíblia ensina sobre misericórdia].
6. Andrew Murray, The ministry of intercession [O ministério de intercessão], Whitaker
House, 1982, pp. 138-139. Utilizado com permissão.
CAPÍTULO QUINZE
1. Inspiring quotations [Citações inspiradoras], p. 215-216.
2. ibid, p. 157.
3. ibid.
4. Um cristão desconhecido, The kneeling christian [O cristão de joelhos], Zondervan
Book Publishers, 1971, p. 17.
5. The Bethany parallel commentary of the New Testament [Comentário paralelo
Betânia do Novo Testamento], p. 1015.
CAPÍTULO DEZESSEIS
1. Charles H. Spurgeon, O melhor de C. H. Spurgeon, Curitiba: Luz e Vida, 2001.
2. Oswald Chambers, The best from all his books [O melhor de todos os seus livros], p.
328.
3. Topical encyclopedia of living quotations [Enciclopédia essencial de citações vivas],
p. 249.
CAPÍTULO DEZESSETE
1. Inspiring quotations [Citações inspiradoras], p. 76.
2. ibid, p. 77.
3. Extraído da coluna de Ann Landers de 28 de novembro de 1996.
4. Baptist hymnal [Hinário batista], p. 260.
5. Roy e Revel Hession, Queremos ver Jesus, Belo Horizonte: Betânia.