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A origem da árvore de Natal na Bíblia

Se levarmos em consideração alguns costumes idólatras descritos na própria Bíblia Sagrada, a origem
da árvore de Natal é muito mais antiga do que se imagina. Pois desde tempos muito antigos as
árvores eram usadas para cultos idólatras. Mas será que isso tem alguma relação com o Natal que
celebramos hoje? Seria a árvore de Natal um objeto cristão, pagão, idólatra, ou mero enfeite de época?

A origem da árvore de Natal na antiguidade.


Primeiro de tudo devemos observar que, no século 15 AEC, ao tirar os hebreus do Egito e torná-los sua
nação escolhida, Deus proíbe a eles a prática da idolatria com o uso de árvores.

Não plantarás um poste sagrado ou qualquer árvore ao lado de um altar de Iahweh teu Deus que
hajas feito para ti. (Deut. 16:21 Bíblia de Jerusalém)

Por trás deste culto idólatra envolvendo o uso de árvores está a deusa Asherá,
que neste texto de Deuteronômio 16:21 é omitido na construção de algumas
traduções bíblicas. Mas a NAA e a NVT, por exemplo, não a omitiram.1

Mais adiante, por volta do século 7 AEC, no livro do profeta Jeremias (original
Irmeyahu), essa mesma Asherá, deusa cananeia, é identificada como "a rainha
dos céus".

Os filhos ajuntam a lenha, os pais acendem o fogo e as mulheres preparam


a massa para fazerem tortas à rainha dos céus, depois fazem libações a
deuses estrangeiros para me ofenderem. (Jeremias 7 18 Bíblia e Jerusalém)

Além disso, em certos momentos da história, as árvores eram usadas como


objetos idólatras até mesmo dentro de Israel, o povo de Deus. Nessa ocasião,
Asherá continuava intimamente ligada ao culto idólatra com uso das árvores, como vimos no versículo

1
Descrição da imagem: Estatueta de coluna da deusa Asherah. Judéia, 8-6 c. AC. Museu Eretz Israel. Terracota.
mais acima. Neste tempo, árvores também eram cortadas dos bosques, levadas para dentro das casas e
enfeitadas em homenagem às divindades, confira:

Porquanto os costumes do povo são vãos, pois um corta uma árvore da floresta, obra das mãos do
trabalhador, com o machado. Eles a adornam com prata e com ouro; eles a firmam com pregos e
com martelos, para que não se mova; (Jeremias 10:3,4 BKJ)

Essa prática antiga muito se assemelha à do Natal hoje em dia, não é verdade?! Principalmente nos
países americanos, onde árvores são cortadas dos bosques e levadas para dentro das casas, recebendo
muitos enfeites e luzes, e onde se colocam presentes.

Mas isso não é tudo, pois na antiguidade também eram feitos até mesmo bolos exclusivos para essas
ocasiões festivas que envolviam toda a família, como vimos em um versículo mais acima. É intrigante a
semelhança destes costumes tão antigos com o Natal que é celebrado hoje em dia.

A origem da árvore de Natal se dá com costumes idólatras?


Além das semelhanças já mostradas até aqui, estes costumes geralmente eram praticados durante o
solstício de inverno (início do inverno),
geralmente entre 21 e 25 de dezembro no
hemisfério norte, e meados de junho no sul.
Nas terras de Israel, por exemplo (na atual
Palestina) fazia frio e chovia durante este
período, que corresponde ao mês de Kislev
(ou Quisleu), o nono mês do calendário
hebraico (cf. Zc 7:1; Ed 10:9; Jer. 36:22).

Era como se os idólatras levassem as


árvores para dentro de casa para
preservar-lhes a vida durante aquele
período de inverno; como se estivessem
pedindo ao sol (ou a uma divindade ligada a
ele) que voltasse logo.

Outro fato impressionante é que este costume idólatra de se cortar uma árvore, e enfeitando-a levá-la
para dentro de casa, era praticado por muitas nações, sendo popular em todo o mundo da época (Jer.
10:1-4). Coincidência ou não, é muito parecido com o costume de se montar uma árvore de Natal bem
enfeitada dentro de casa hoje em dia, algo praticado em quase todo o mundo.

A árvore de Natal e a morte de Tamuz.


Tamuz, que na antiga civilização suméria (Sinar na Bíblia. Cf. Gên. 10:10; 11:2) era tido como o deus da
vegetação, tem certa ligação com essa cultura.

Este personagem é relatado no livro do profeta Ezequiel, capítulo 8 versículo 14, veja:

Conduziu-me então à entrada do portal do Templo de Iahweh, que dá para o norte, e eis ali as
mulheres sentadas a chorar por Tamuz... (Ezequiel 8:14 Bíblia de Jerusalém)
Segundo algumas lendas, Tamuz, que seria descendente de Ninrode (Gn 10:8,9), teria sido morto por
um javali e no local onde ele morreu nasceu uma árvore, provavelmente um pinheiro. Havia uma lenda
contada entre os sumérios de que ele havia ressuscitado. Por isso passou a ser considerado o deus da
vegetação/agricultura (este é Saturno na cultura romana).

O comentário bíblico Champlin nos informa que, segundo as lendas, a cada ano Tamuz morria, quando
as plantas não resistiam ao frio do inverno, e sua morte então era amargamente lamentada. Por isso
Ezequiel tem uma visão daquelas mulheres chorando pela morte dele.

Porém, outra parte da lenda diz que o grande dilúvio das lágrimas de seus devotos o trouxe de volta à
vida, como as chuvas da primavera dão vida nova à terra.

O culto a Tamuz, embora começasse na Babilônia, proliferou-se no Oriente. Por isso até as mulheres de
Judá estavam envolvidas nele.

Além deste, Semíramis, uma antiga rainha das regiões da Suméria (mãe e mulher de Ninrode?), segundo
as lendas, também era mãe de Tamuz. Isso explica porque o culto a ela tinha ligação com as árvores,
assim como o culto a Tamuz, cujo nascimento teria sido no dia 25 de dezembro. Na Bíblia, Astarote, uma
divindade também cultuada pelas mulheres dos filisteus, é identificada com Semíramis (cf. 1 Sam.
31:8-10; Jz 2:13).

O culto a estes dois alastrou-se por toda Mesopotâmia antiga, atravessou os tempos dos juízes de Israel
(1300 - 1100 AEC), fez Salomão pecar contra o SENHOR (970-931 AEC; cf. 1 Rs 11:5) e posteriormente
adentrou em Judá, nos tempos do profeta Jeremias, por volta de 600 - 586.

É realmente de se espantar a persistência deste culto idólatra com uso de árvores.

Com o passar do tempo, as divindades foram apenas mudando de nome. No Antigo Egito Semíramis e
Tamuz foram conhecidos como Ísis e Hórus, no panteão egípcio são Osíris e Ísis; na Grécia como
Afrodite e Eros, Tamuz também é apresentado como Adonis; na península Itálica como Vênus e Cupido.

A árvore de Natal pós era cristã.


São Bonifácio, bispo saxão que promoveu a cristianização de alguns povos da Germânia durante o
século 8 EC, encontrou alguns germânicos realizando sacrifícios em um carvalho. Para convertê-los, São
Bonifácio derrubou a árvore e mostrou às pessoas que nada havia acontecido com ele. Assim,
aproveitou a oportunidade para convertê-los ao cristianismo.

Então, após derrubar o antigo carvalho, o missionário católico


resolveu plantar no mesmo lugar um pinheiro e o adornou com
maçãs e velas, dando-lhe um simbolismo cristão. As maçãs
representavam as tentações, o pecado original, uma referência à
árvore do Jardim do Éden; e as velas representavam Jesus, a luz
do mundo. Dessa forma, o antigo culto a Odin no período da
festa do solstício foi substituído pelo culto à divindade cristã.

O pinheiro com esses enfeites de simbolismo cristão começou a


ser usado para celebrar a criação do mundo e dos primeiros seres
humanos por Deus. O pinheiro adornado passou a ser chamado
por eles de “Árvore do Paraíso”.
Martinho Lutero e a árvore de Natal cristã.
Parece que, mais tarde, isso inspirou Martinho Lutero a ter uma árvore de Natal também. Conta-se que,
em uma noite de inverno no mês de dezembro, no século 16, ao andar pela floresta, Lutero ficou
impressionado com os pinheiros cobertos de neve, iluminados pelas estrelas do céu.

Ele achou que aquilo era tão bonito que foi para casa e disse a seus filhos que a cena lembrava Jesus,
que deixou as estrelas do céu para vir a Terra no Natal.

Então, para reproduzir e bela cena que tinha presenciado, ele arrancou um pequeno pinheiro e o levou
para casa. Lá chegando, colocou o pequeno pinheiro num vaso com terra e, chamando a esposa e os
filhos, decorou-o não apenas com pequenas velas acesas afincadas nas pontas dos ramos, mas também
com papéis coloridos para enfeitá-lo ainda mais.

Além das estrelas, algodão e outros ornamentos, Lutero usou


aquelas velas acesas para mostrar aos familiares a cena que havia
visto na floresta.

A partir daquele momento, o pinheiro passou a ser usado como


símbolo do Natal em sua casa e, posteriormente, também na de
outras famílias.

Coincidência ou não, como vimos mais acima, este costume de se


cortar árvore dos bosques e leva-las para dentro de casa durante o
inverno era praticado como um ato de idolatria no passado. Não
sabemos se Lutero de alguma forma foi inspirado pelo costume
idólatra antigo, mas as semelhanças são notáveis.

A árvore de Natal moderna.


A origem da árvore de Natal moderna é alvo de controvérsia. Existem aqueles que falam que ela
surgiu em Tallinn (atual Estônia) em 1441, enquanto outros falam que ela surgiu em Riga (atual Letônia)
em 1510. Há ainda quem fale que ela surgiu em Bremen (atual Alemanha) em algum momento do
século 16. Neste último caso Martinho Lutero possivelmente foi seu inspirador.

O primeiro uso documentado de uma árvore nas celebrações de Natal e Ano Novo foi na praça da
cidade de Riga, capital da Letônia, no ano de 1510. Nessa praça, existe uma placa dizendo que aquela
foi a primeira árvore de Ano Novo. A frase está traduzida em oito idiomas.

Outro registro é de uma pintura da Alemanha, o país de Lutero, em 1521, que mostra uma árvore sendo
levada pelas ruas com um homem montado num cavalo atrás dela. O homem está vestido como um
bispo, possivelmente representando São Nicolau (santo que é relacionado com o Papai Noel), ou
mesmo Lutero.

Há também um registro de uma pequena árvore em Breman, na Alemanha, em 1570. Ela era descrita
como uma árvore decorada com "maçãs, nozes, tâmaras, pretzels e flores de papel", que era exibida
numa casa aliança (ponto de encontro de uma sociedade de homens de negócio na cidade).

As árvores natalinas modernas foram inseridas no interior das residências europeias ao longo do
século 16 e eram decoradas com maçãs e nozes.
Porém, elas começaram a se tornar mais populares mundialmente no século 19, por conta da rainha
Vitória e do príncipe Albert, do Reino Unido. Como a mãe da rainha Vitória era alemã, a tradição de
decorar árvores de Natal passou a ser realizada também na Inglaterra. Isso fez com que o símbolo se
popularizasse no Reino Unido e se espalhasse por outras partes do mundo.

Em 1846, estes membros da realeza, a Rainha Vitória e seu príncipe alemão, Albert, foram ilustrados no
jornal de Londres com os seus filhos em torno de uma árvore
de Natal.
2

Ao contrário da família real anterior, Vitória era muito popular


com seus súditos, e o que foi feito na corte imediatamente
tornou-se moda, não só na Grã-Bretanha, mas em todos os
países de língua inglesa, se espalhando depois para outras
partes do mundo.

Por sua vez, no continente americano, a tradição da árvore


de Natal foi trazida pelos alemães, muitos provavelmente
inspirados por Martinho Lutero, como vimos.

No Brasil, talvez o costume tenha vindo dos americanos, ou


mesmo de seus colonizadores portugueses, visto que na
altura do século 16, época da descoberta do Brasil, já havia se
popularizado na Europa o costume de se enfeitar uma árvore
na época do Natal.

É possível, porém, que até os romanos antigos tivessem o


hábito de enfeitar árvores nesta época do ano, e isso
certamente influenciou o cristianismo quando tornou-se a religião oficial do império, no século 4. Até
essa altura era celebrado o deus Sol Invicto nos festivais de fim de ano, além da Saturnália, que
celebrava Saturno.

Direta ou indiretamente, parece que estas celebrações anuais foram herdadas do antigo culto a Tamuz,
porque era celebrado com práticas similares, e acontecia na mesma época. E já que Roma absorvia
culturas e crenças de outras nações, é uma possibilidade não distante.

Por fim ficamos com a seguinte questão: Podemos tomar elementos anteriormente idólatras e
identificá-los com Deus e Seu filho? O que as Escrituras Sagradas dizem?

Há quem não goste da celebração do Natal devido ele ter se originado em uma série de práticas e
elementos idólatras. À nação de Israel, como vimos, Deus proibiu imitar seus costumes e cobiçar seus
bens, vide Deuteronômio 7:25-26. Naturalmente, até não israelitas tementes ao Eterno poderiam
considerar essas orientações do Criador para si e aplicá-las ao Natal também. Portanto, considerando
isso, seria sim errado fazer tal mistura cultural, pois o povo de Deus tem a sua própria. Mas seria o Natal
celebrado atualmente, em que Jesus é trazido à recordação, um erro também?

É óbvio que o Natal tal com conhecemos atualmente não é genuinamente bíblico, antes foi criado a
partir de uma tentativa do Império Romano antigo de unificar crenças e criar uma religião oficial no
império, o cristianismo. Logo, o Natal "cristão" foi inventado por imperadores e papas a partir do século

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Descrição da imagem: Ilustração da família real britânica de 1848 em frente árvore de Natal.
4 de nossa era, como mostramos em outro estudo. Na verdade, o ungido judeu Yeshua, cuja forma final
adaptada de seu nome, Jesus, veio de uma modificação grega, não faz aniversário no Natal, pois quem
realmente nasceu nessa data foram divindades de outras nações, entre as quais está o Sol Invicto, que
era celebrado no império romano antes do papa Júlio I decretar o 25 de dezembro como festividade
cristã.

Concluindo: é pecado ter uma árvore de Natal em casa ou não?


Embora de fato tenham sido práticas baseadas em crenças idólatras muito antigas que tenham dado
origem à árvore de Natal, hoje no entanto ela é usada como mero enfeite de época. Ainda existem
algumas crenças envolvendo a árvore e a famosa "magia do Natal", principalmente em filmes temáticos.
Mas seria isso idolatria também? O que você pensa acerca deste assunto?

A maioria das pessoas nem sequer sabe dos costumes idólatras e das divindades que deram origem aos
costumes natalinos. Uma parte do mundo recorda-se do nascimento de alguém que dizem ser o
Salvador, e vivem a compartilhar textos supostamente natalinos, como Isaías 9:6. Outra parte, porém,
continua a contar os mitos do Papai Noel, suas renas voadoras e duendes auxiliares. Muitas outras
porém nem sequer se importam com crença alguma.

O que você pensa a respeito? Você acha que a árvore de Natal de hoje é mero enfeite de época ou
realmente um objeto idólatra? Você vê o Natal como época de se recordar do nascimento do Salvador,
mesmo não tendo ele nascido nessa data, ou acha que trata-se de uma festa pagã com falsa roupagem
bíblica?

Algumas fontes de consulta:

● A origem da árvore de Natal, por CPAD News.


● Origem da árvore de Natal, por Mundo Educação.
● História e significado da árvore de Natal, por A Voz da Serra Acervo.
● Você conhece a origem da árvore de Natal? Mega Curioso.

Autor do estudo: Gabriel da Rocha Filgueiras (apoia.se/gabrielfilgueiras).


Publicação original: Blog Bíblia se Ensina (bibliaseensina.com.br).

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