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QUE FOSTES VER


NO DESERTO?

Logo que João Batista e os seus discípulos saem de cena, Je-


sus se vira para multidão e pergunta: “Que fostes ver no deserto?”
(Mt 11:7). Jesus queria alinhar as expectativas do povo em relação a
João Batista ao passo que desejava alinhar as expectativas do próprio
profeta em relação ao Cristo. Essa foi uma pergunta que Jesus me
repetiu diversas vezes durante esse ano quando a dor, a solidão e as
dúvidas emergiam na minha mente: “Gabriel, o que você esperava
do deserto?”. Creio que precisamos nos perguntar o que esperáva-
mos ver em terras áridas. Quais eram as nossas expectativas sobre o
deserto? O que esperamos ver lá?
A palavra grega que Jesus usa para descrever o deserto (eremos)
é um adjetivo que significa solitário ou abandonado para indicar
pessoalidade, e desabitado usado para indicar localidade. João es-
teve nesse lugar por muitos anos, praticamente toda sua vida. É
muito provável que João tenha crescido no deserto porque os seus
pais o levaram para lá para protegê-lo da perseguição levantada por
Herodes a todas as crianças abaixo de dois anos por causa do nasci-
mento do Messias. Para nós, o deserto pode não parecer um lugar
de proteção, mas para o Senhor do Deserto, esse é o melhor lugar

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para proteger Seus filhos com destinos proféticos de perseguições,
calúnias e o espírito de morte. Muito provavelmente, Isabel e Zaca-
rias morreram no deserto sem ver a promessa do Messias chegando,
entretanto, João permaneceu lá – solitário – até o dia em que havia
de manifestar-se a Israel (Lc 1:80). Foi no deserto que João cresceu e
se fortaleceu em espírito. Para nós pais, esse não o melhor ambiente
para que os nossos filhos cresçam, mas para Deus, esse era o melhor
lugar para forjar um homem que tem como missão anunciar seu
Cristo entre os homens.1
É interessante que Mateus relata que: “partindo eles [os discí-
pulos do profeta], passou Jesus a dizer ao povo a respeito de João”
(Mt 11:7). Entretanto, curiosamente, a primeira pergunta que Jesus
faz ao povo sobre João é a respeito do deserto. “Que fostes ver no
deserto?”. Me parece que há uma íntima relação entre o deserto e
a pessoa de João que os conecta como uma só coisa. É impossível
visualizar a imagem do profeta João e não perceber as profundas
marcas que o deserto causou nele.
Sequencialmente, Jesus responde a sua primeira questão com
outra pergunta reveladora acerca de João: “que fostes ver no deserto?
Um caniço agitado pelo vento?” (Mt 11:7). O que seria um caniço
agitado pelo vento? A expressão profética usada por Jesus é muito
forte. A palavra grega para caniço (kalamos) nos faz visualizar a ima-
gem de uma cana que foi quebrada para se tornar um instrumento
de medição. A mesma expressão é usada por Mateus no próximo
capítulo ao aplicar a profecia messiânica de Isaías a Jesus: “Eis aqui
o meu servo, que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se
compraz. Farei repousar sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará
juízo aos gentios. Não contenderá, nem gritará, nem alguém ouvirá

1 Aurelius Ambrosius, De Spiritu Sancto, lib. ii. cap. 6. Citação original em latim: “an-
nuncians in homines Christum suum”.

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nas praças a sua voz. Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a
torcida que fumega, até que faça vencedor o juízo. E, no seu nome,
esperarão os gentios” (Mt 12:18-21). Essa é uma profecia retirada
de Isaías 42:1-4. A expressão “cana quebrada” usada pelo profeta se
refere a homens piedosos conscientes das tribulações que enfrentam
na vida, ao passo que são os objetos do cuidado de Cristo. Eles
são homens quebrados vindo do deserto. Ridderbos comenta que
a expressão revela a ternura com que Ele trata os fracos e ainda
complementa: “Uma cana quebrada é uma imagem bem contun-
dente, portanto, de fraqueza e impotência, e por si só, já é figura de
fragilidade”.2 Esse é o tipo de homem e mulher que está saindo do
deserto. Eles foram esmagados e quebrados pelo Senhor. Eles saem
do deserto conhecendo suas próprias fragilidades e limitações.
Nesses últimos dias, me veio uma palavra do Senhor dizendo:
“a próxima estação será marcada por homens quebrados”. Eles não
foram quebrados pela vida; eles não foram quebrados porque a em-
presa quebrou, e nem foram quebrados porque falharam. Eles foram
quebrados porque o Senhor os quebrou. Eles reconhecem: “estou
quebrado”. Esses são homens que foram tão esmagados pelo Senhor
que eles conheceram a profundidade de suas fraquezas a ponto de
dizer: “estou inabilitado para o ministério”. Eles olham para a pró-
xima estação e dizem “não estou pronto”, mas quem está? Quem
seria ousado o suficiente para ver o que o Senhor fará e diz que está
preparado? A verdade é que a proporção de temor de Deus neces-
sária para entrar na próxima estação nos deixa expostos, vulneráveis
e incapazes. Nós sabemos pregar, mas não sabemos o que pregar;
nós temos muitos esboços prontos, mas eles acabam ficando para
nós mesmos; nós sabemos que fomos enviados, mas não sabemos
quando ir. Esses somos nós agora, a estação anterior nos ensinou

2 Isaías, Introdução e Comentário. J. Ridderbos. 1950. Holanda.

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como fazer, mas agora, o nível de temor de Deus nos desabilitou.
Não estranhe nossa mudez ou nossa insegurança, estamos diante do
Senhor e estamos humilhados. Eu confesso: Eu sou esse homem!
Nós não sabemos como entrar na próxima estação, mas talvez essa
seja a única forma de entrar. A verdade é que Deus está esvaziando
os homens de ministério dessa nação do sentimento messiânico que
os impelem a dizer: “eu sou a resposta”. Nunca fomos a resposta,
nunca fomos o Homem, nunca fomos a única opção de Deus.
Esses homens foram quebrados pelo Senhor, entretanto, eles
foram agitados pelo vento. A expressão revela que tipo de agitação
era essa. A palavra agitado (saleuo) se refere ao movimento produ-
zido pelos ventos, pelas tempestades e pelas ondas, causando agita-
ção ou perturbação na pessoa que foi atingida pelas adversidades. A
palavra ainda se refere a uma agitação de mente. Já a palavra vento
(anemos) – que difere da palavra grega para Espírito – se refere a um
vento que causa uma agitação violenta ou a um vento tempestuoso
muito forte. Esse é o mesmo tipo de vento que Jesus descreve no fim
do Sermão da Montanha ao dizer: “e caiu a chuva, transbordaram
os rios, sopraram os ventos [anemos] e deram com ímpeto contra
aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha” (Mt
7:25). Também é o mesmo tipo de tempestade que Jesus acalma no
barco: “E, levantando-se, repreendeu os ventos [anemos] e o mar;
e fez-se grande bonança” (Mt 8:26). Isso quer dizer que esse ano
o Senhor decidiu que muitas tribulações nos abalassem, fizessem
marcas em nós e afetasse a maneira que estávamos seguindo Jesus. É
interessante observar algumas vezes que esse vento é aplicado como
um vento que sopra ao contrário da direção em que estávamos indo,
ou seja, é um vento que vem para nos desacelerar ou nos parar até
que ele pare de soprar contra nós. Se não resistirmos da maneira que
o Senhor espera que resistamos, esse vento pode nos empurrar para

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trás nos fazendo regredir em nossa caminhada com Deus. A verdade
é que se não estamos conseguindo avançar e o vento está nos pres-
sionando a voltar atrás, é melhor parar e esperar ele passar, do que
ser jogado para trás e ficar prostrado no deserto. É como o autor
apostólico de Hebreus declara sobre nosso caráter celestial: “nós,
porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, en-
tretanto, da fé, para a conservação da alma” (Hb 10:39).
Quem foi você nesse ano? O que retrocedeu ou o que permane-
ceu? – mesmo estando parado. A exortação apostólica já responde:
“nós não somos dos que retrocedem”. E não mesmo! Por isso, a
partir de agora vamos analisar o propósito do deserto e aqueles que
permanecem para conservação da alma.

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O DESERTO DE DEUS:
ENTRANDO PELO ESPÍRITO

É muito profético para mim o fato de Jesus ter iniciado Seu


ministério onde João Batista tinha começado o dele. Na verdade,
Jesus começou Seu ministério a partir do lugar onde o profeta João
permaneceu sua vida toda. Me soa uma relação de continuidade e
legado. Ir para o deserto não foi uma escolha proposital de Jesus,
mas o Cristo foi guiado pelo mesmo Espírito que atraiu João Batista
para lá. Lucas nos revela que havia uma voz no deserto clamando:
“preparai o caminho do Senhor” (Lc 3:4).3 Essa voz mística e invi-
sível era audível para João. Não era a própria voz de João clamando,
porém, a voz do Espírito clamando no deserto e atraindo o profeta
para este lugar. O profeta — em espírito — ouve esta voz, é a voz de
Alguém clamando para que o caminho do Messias seja preparado
no deserto e à partir do deserto. Isso fala de Jesus indo ao encontro

3 É interessante como Lucas — na função de historiador — registra a palavra profética


de João Batista nos moldes do Antigo Testamento, ao relatar a data da palavra profética,
quem estava no reinado, a ancestralidade do profeta e a expressão profética “veio a pala-
vra do Senhor a João” e o local onde ele recebeu essa palavra: “No décimo quinto ano do
reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judeia, Herodes, tetrarca
da Galileia, seu irmão Filipe, tetrarca da região da Itureia e Traconites, e Lisânias, tetrar-
ca de Abilene, sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás, veio a palavra de Deus a João, filho
de Zacarias, no deserto” (Lc 3:1,2).

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de João Batista no deserto e ao encontro daqueles que estavam sen-
do preparados pelo profeta para receberem o Messias.
Jesus foi batizado por João Batista no rio Jordão, o mesmo local
onde centenas de anos antes o profeta Elias havia subido aos céus
em um redemoinho. O ambiente desértico do Jordão era místico
o suficiente para catalisar e promover movimentos sobrenaturais a
partir do esmagamento de Deus. Isso não é mera coincidência, o
Espírito estava conduzindo esses homens ao mesmo deserto debaixo
de um propósito específico. Desde muito cedo, João Batista sempre
seguiu a vida de Elias como padrão profético para sua própria, con-
clamando pessoas a se afastarem dos seus pecados através do arre-
pendimento e a buscarem uma vida de adoração genuína ao Senhor.
O que o Espírito desejava ao guiar diferentes homens de épocas
diferentes para o mesmo lugar? A proposta celestial do Espírito para
esses homens e para nós é forjar o mesmo caráter e a mesma mensa-
gem que atrai a manifestação da glória de Deus para o nosso meio.
Após ser batizado nas místicas terras áridas do Jordão, Jesus foi
guiado pelo Espírito mais adentro no deserto (Lc 4:1). É interessan-
te observar que a palavra grega para guiado (anago) nesse versículo
significa conduzir alguém a um lugar, e no sentido técnico era usado
por navegadores quando levantavam as velas do barco em direção ao
mar. Assim o vento podia soprar a embarcação em direção a águas
profundas. Esse vento (pneuma) identificado como a terceira pes-
soa da Trindade também é Aquele que sopra nossas vidas para um
lugar onde chocamos com ventos contrários. Por isso é importante
termos em mente que ser conduzido pelo Espírito é estar debaixo
da influência da presença manifesta Dele para cumprirmos a von-
tade específica de Deus sobre as nossas vidas – e isso inclui sermos
guiados ao deserto.
Mas o que de fato é o deserto? O profeta Oséias revelando as

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intenções de Deus em levar o povo de Israel a um deserto espiritual
declara:

Repreendei vossa mãe, repreendei-a, porque ela não é minha


mulher, e eu não sou seu marido, para que ela afaste as suas
prostituições de sua presença e os seus adultérios de entre os seus
seios; para que eu não a deixe despida, e a ponha como no dia
em que nasceu, e a torne semelhante a um deserto, e a faça como
terra seca, e a mate à sede.
Oséias 2:2,3

Como sabemos, Elias, João Batista e Jesus não foram guiados


ao deserto para serem repreendidos. Entretanto, o quadro apresen-
tado aqui para o deserto é valioso para nós pois retrata o processo de
sermos despidos e ficarmos vulneráveis diante do Senhor e daqueles
que nos cercam. Três coisas nos ocorrem quando o Senhor nos con-
duz ao deserto:

1. Somos despidos;
2. Nos tornamos dependentes como um recém-nascido e;
3. Encarnamos o deserto como parte de nós.

A palavra hebraica para despir (pashat) aparece pela primeira


vez nas Escrituras quando José foi despido para ser levado como
escravo ao deserto do Egito: “Mas, logo que chegou José a seus ir-
mãos, despiram-no da túnica, a túnica talar de mangas compridas
que trazia” (Gn 37:23). Por mais difícil que pareça, José estava sen-
do enviado para o deserto por causa dos dolorosos planos de Deus
e não como punição para algum pecado cometido. Sua túnica era
um sinal externo do favor que estava sobre ele, da sua influência,

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da sua beleza, da sua autoridade e unção. Ser desnudado significa
ser privado de todas as bênçãos que experimentamos no presente
ao sermos levados a um ambiente desértico que expõe a realidade
de quem nós somos. E isso revela que em algum nível o deserto nos
deixa despidos da influência e autoridade que tínhamos na esta-
ção anterior. Para mim esse é o primeiro sinal de quando entramos
no deserto e também é primeira coisa que precisamos identificar
que o Senhor removeu temporariamente de nós. No deserto não
existem títulos, cargos, ofícios ou carteiradas que possamos dar. No
deserto nós não nos relacionamos com o Senhor através das nossas
posições eclesiásticas ou através do nosso status quo na sociedade.
Não existe nada que possamos nos esconder atrás para justificarmos
ao Senhor o porque não deveríamos estar ali. A melhor coisa que
podemos fazer — e é melhor que façamos rápido — é reconhecer
que estamos nus diante de Deus e apresentar a Ele nossas vergonhas
ao nos expormos a luz da Sua glória. O deserto nos expõe a uma
nudez vergonhosa. E a verdade é que nós sentimos vergonha de nos
apresentar ao Senhor sem nossos títulos ministeriais. Entretanto, o
Senhor não tem vergonha e nem se constrange de nos ver sem eles.
A expressão “a ponha como no dia em que nasceu” significa
literalmente ser colocado como saímos do ventre materno. Sim, saí-
mos nus, mas principalmente saímos em um estado de dependência
total e sem nenhum conhecimento sobre a vida. A segunda coisa
que precisamos reconhecer no deserto é que não sabemos como en-
frentá-lo. Nós carecemos do Espírito do Senhor para nos ensinar,
nos guiar e da maneira Dele nos levar para fora do deserto. Não
sabemos como nos comportar no deserto. Precisamos do Espírito
para aprendermos a conduta do deserto. A exemplo dos pais israeli-
tas que ficaram prostrados no deserto, Paulo em sua primeira carta
apostólica aos Coríntios, descreve cinco coisas que precisamos evitar

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ao máximo enquanto estivermos submetidos ao árido e seco proces-
so do Espírito:

1. Não cobicem;
2. Não façam ídolos;
3. Não pratiquem imoralidade;
4. Não ponhamos o Senhor à prova;
5. Nem murmureis.4

Cobiça: Quando o Senhor nos despir daquilo que tínhamos


não devemos cobiçar aquilo que ainda está na vida do outro. A co-
biça vem com o sentimento de que o outro não tem o direito de
ter aquilo que gostaríamos de possuir. “Ele não deveria estar mi-
nistrando quando eu estou em silêncio”. E até podemos estar livres
do sentimento de que o outro não tenha o que desejamos, mas só o
fato de vermos o outro fazendo aquilo que fomos privados de fazer
e acharmos que deveríamos estar fazendo no lugar de, ou até melhor
que, isso já revela a cobiça no nosso coração.
Idolatria: É muito interessante que Paulo relaciona a idolatria
ao comer, beber e divertir-se (isto é, dançar) enquanto estamos sen-
do tratados por Deus. Paulo não está falando contra momentos de
lazer, mas ele está denunciando a idolatria por trás de um posicio-
namento indiferente quanto aquilo que o Senhor está fazendo em
nós. Isso fala de um coração que não está consciente do propósito
do deserto em nossas vidas. “Já que estou na pior, vou aproveitar
a vida”. Essa atitude revela uma falta de submissão ao Espírito de
Deus. Existe uma idolatria presente na nossa geração ao prazer e
ao conforto, ao passo que rejeitamos completamente qualquer tipo

4 1Coríntios 10:6-10.

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de sofrimento e o tornamos demoníaco. O próprio profeta Oséias
denuncia profeticamente essa atitude ao revelar a prostituição e ido-
latria de Israel: “porque diz: Irei atrás de meus amantes, que me dão
o meu pão e a minha água, a minha lã e o meu linho, o meu óleo e
as minhas bebidas” (Os 2:5). Ídolo é tudo aquilo que dissemos que
nos sustenta, nos protege, nos alimenta e nos dá prazer fora da pre-
sença de Deus. Entretanto, o Senhor responde quando queremos
fugir do deserto: “Portanto, eis que cercarei o seu caminho com
espinhos; e levantarei um muro contra ela, para que ela não ache as
suas veredas” (Os 2:6). As dores do deserto são muito intensificadas
quando tentamos passar pelos espinhos que o Senhor coloca para
nos impedir de fugir. Precisamos aprender a permanecer com uma
conduta santa e submissa diante do Senhor.
Imoralidade: Essa é a mesma palavra para fornicação e está dire-
tamente ligada diretamente a idolatria e a busca de prazeres fora da
presença de Deus. Pecado é pecado em qualquer lugar e a qualquer
momento, entretanto, debaixo de um tempo e propósito específico
de Deus, o mesmo pecado cometido antes sem punição terá uma
consequência maior por estarmos debaixo de um processo de tra-
tamento no Espírito. Pecar durante o tempo da disciplina ou do
deserto é tomado como rebeldia pelo Senhor. Paulo revela que o
Senhor não deixa impune esse pecado e que Ele mesmo fez cair em
um único dia vinte e três mil pessoas no deserto. Esse é o tipo de
pecado que faz com que pessoas fiquem prostradas no deserto e não
avancem para a próxima estação. Aquele que entra pelo Espírito, só
sairá pelo Espírito, porém, aquele que entra pelo Espírito e cai em
imoralidade, só sairá por meio de arrependimento e disciplina do
Senhor. Ser santo no deserto diante do Senhor exige de nós inten-
cionalidade, consciência e uma profunda atenção ao que o Espírito
está fazendo.

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Por o Senhor à prova: O verbo grego provar (ekpeirazo) significa
testar e usado unicamente para o ato de colocar a prova o caráter e o
poder de Deus.5 O termo grego se refere a testar uma pessoa com o
objetivo que ela falhe na prova. Assim, um sentido secundário para
essa palavra é “tentar” para ver até que ponto uma pessoa pode ir.
Jesus aplica essa palavra no deserto respondendo a Satanás: “Não
tentarás o Senhor, teu Deus” (Mt 4:7). Satanás estava oferecendo
a Jesus dar cabo da sua própria vida como fuga do deserto. Por
muitas vezes podemos dizer: “é melhor morrer do que passar por
isso aqui”. Entretanto, o Senhor está nos ensinando que é melhor
estar no deserto com Deus do que em qualquer outro lugar sem
Ele. Precisamos nos agarrar à vida de Deus que existe no processo e
podemos encontrá-la através de submissão e obediência. A vida de
Deus flui através da obediência e da permanência. A vida de Deus
é a única forma de transicionarmos do deserto para a nova estação.
A vida de Deus precisa fluir através de nós como um rio que se abre
no deserto.
Murmuração: O verbo murmureis (gogguzo) significa resmun-
gar, dizer algo contra em um tom baixo ou se queixar com descon-
tentamento. Toda vez que essa palavra foi aplicada no evangelho
era em relação a reclamação que os fariseus estavam fazendo por
causa de Jesus. Assim, murmurar no deserto está diretamente ligado
a murmurar contra a pessoa de Jesus. Precisamos guardar o nosso
coração da murmuração. Quando o processo do deserto fica doloro-
so demais precisamos nos guardar para não tornar o coração amar-
go e consequentemente amargas as nossas palavras. O deserto pode
demorar um tempo que excede nossas expectativas e não há jejum,
pregação ou imposição de mãos que rompa com o tempo de Deus

5 Ver também: Mateus 4:7; Lucas 4:12, 10:25; 1 Coríntios 10:9. Essas são as quatro
vezes em que a expressão “por o Senhor a prova” se repete nas Escrituras.

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para nos tirar do deserto. Precisamos encontrar contentamento. Pre-
cisamos descansar no deserto. Precisamos domar nossa ansiedade de
sair do processo antes do tempo de Deus.
O contentamento no deserto e o descanso na tribulação é o
único caminho para encarnarmos o deserto como parte de nós. O
deserto é um processo intenso e profundo de purificação. Não ape-
nas de pecado, mas de sentimentos, pensamentos e mentalidade,
de desejos e tantas outras coisas que tangem a maneira que enxer-
gamos o mundo à nossa volta. Saímos do deserto com uma visão
mais clara sobre Deus, com um coração mais humano, com desejos
mais simples, com expectativas mais reais. A privação do deserto nos
permite viver uma vida mais leve, menos apegada e mais piedosa.
A experiência mística do deserto nos faz perceber Deus e os céus de
uma maneira mais sensível, mais real e mais palpável. O deserto nos
torna mais fortes, mais vivos e nos torna mais convictos – mesmo
que seja uma convicção solitária, daquelas que nos firmam em uma
palavra de Deus ainda que pessoas digam o contrário ou as situações
sejam adversas.

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O DESERTO DE DEUS:
RESSIGNIFICANDO
A SOLIDÃO

Normalmente quando abordamos o assunto solidão dentro do


âmbito da espiritualidade cristã muitas pessoas amenizam a ques-
tão mudando o foco para o tema solitude. De fato, a solitude é de
suma importância para devoção espiritual na dimensão da contem-
plação mística do Senhor. Entretanto, solitude não pode ser um
nome cristão para o sentimento de solidão que enfrentamos como
seres humanos. Até porque a solidão da qual estamos falando é um
estado temporário provocado pelo próprio Deus no intuito de re-
direcionar emoções e expectativas que estavam sobre pessoas à Ele
mesmo. O resultado desse redirecionamento culmina no fortaleci-
mento integral da convicção que carregamos acerca da obra que o
Senhor está realizando em nós. O deserto é o local onde o Senhor
coloca o coração que estava deslocado no lugar certo e expectativas
que estavam sobre pessoas no próprio Deus. No deserto o Senhor
nos priva de muitos relacionamentos e nos faz entrar em uma jor-
nada de poucos relacionamentos. Esses muitos relacionamentos são
como distrações que desviam o nosso olhar do Senhor e faz com
que o nosso coração esteja repartido entre muitas pessoas. Eu quero

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que você entenda isso! O deserto é o lugar onde mantemos poucos
relacionamentos — na verdade, só aqueles que são vitais para que
permaneçamos firmes no árido processo do Espírito. Vou te mostrar
isso biblicamente.
A palavra solidão é traduzida dessa forma apenas quatro vezes
nas Escrituras veterotestamentárias.6 A palavra hebraica para soli-
dão (yeshiymôn) significa ermo, deserto e lugar desolado — sendo
traduzida como um estado emocional quando indica pessoalidade.
Dessa forma, existe uma íntima ligação entre solidão e deserto tanto
no Antigo quanto no Novo Testamento. Por duas vezes esse termo
hebraico é traduzido como solidão nos cânticos espirituais de Sal-
mos. O primeiro descreve desta forma: “Quantas vezes se rebelaram
contra Ele no deserto e na solidão O provocaram!” (Sl 78:40). Na
segunda vez — que é apenas uma outra versão da primeira men-
ção — diz assim: “Entregaram-se à cobiça, no deserto; e tentaram
a Deus na solidão” (Sl 106:14). Fica claro para nós que os salmistas
entendiam a solidão como um resultado natural do deserto, mas
que muitos se voltaram contra o próprio Deus nesse sentimento
humano.
Já nas porções proféticas de Isaías, o profeta relata a solidão
como um lugar que pode se tornar frutífero: “Porque o Senhor tem
piedade de Sião; terá piedade de todos os lugares assolados dela, e
fará o seu deserto como o Éden, e a sua solidão, como o jardim do
Senhor; regozijo e alegria se acharão nela, ações de graças e som de
música” (Is 51:3). Eu creio que esse é o maior propósito da soli-
dão provocada pelo Senhor no período do deserto: tornar o deserto
como Éden e a solidão como jardim do Senhor. Deus deseja preen-
cher os lugares solitários da nossa alma com um lugar de habitação

6 Ver também: Salmos 78:40, Salmos 106:14; Isaías 51:3; Jeremias 50:12.

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da Sua presença. Quando o Senhor provoca uma solidão na nos-
sa alma é porque Ele está abrindo espaço para Ele mesmo ocupar.
O tipo de solidão que o Senhor provoca é diferente do tipo de
solidão provocada pelos homens. A solidão causada pelos homens é
sinal de abandono, a solidão oriunda de Deus tem como princípio
nos conectar com pouquíssimas pessoas que se tornam canais de
provisão financeira, suporte emocional e pastoreio espiritual. Não
diferente da solidão provocada por homens, a solidão provocada
por Deus também é dolorosa, entretanto, ela está debaixo de um
propósito celestial do qual flui vida e nos conecta com amizades e
alianças profundamente enraizadas em Deus e no tempo específico
que estamos vivendo. Essas poucas pessoas nos compreendem, nos
acolhem e nos alimentam. Precisamos encontrá-las e ser vigorosa-
mente intencionais com elas. Entender que o Senhor é quem pro-
voca solidão nos livra de sentimentos depressivos e de abandono em
nossos processos desérticos. Esses sentimentos não são saudáveis e
eles nos impedem de experimentar a vida de Deus nos sofrimentos
que Ele nos permite passar.
Após Elias ter cumprido a dolorosa missão de fechar os céus de
Israel por três anos e meio, o Senhor o conduz a um deserto escasso
de provisão natural. Até mesmo o rio que ele beberia estava fadado
a secar. A palavra do Senhor veio a ele dizendo: “Retira-te daqui,
vai para o lado oriental e esconde-te junto à torrente de Querite,
fronteira ao Jordão. Beberás da torrente; e ordenei aos corvos que ali
mesmo te sustentem” (1Rs 17:3,4). O Senhor o moveu de sua cidade
para um lugar desértico. A palavra diretiva de Deus era clara. Quan-
do Elias estivesse escondido daqueles que o perseguiam e de seus
antigos relacionamentos, então os corvos proféticos e provedores o
encontrariam. Toda pessoa que é genuinamente guiada por Deus
ao deserto e à solidão é encontrada pelos corvos proféticos de Elias.

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A experiência mística de Elias com esses corvos revela que Deus se
encarrega de prover financeira e emocionalmente aqueles que Ele
mesmo esconde. Quando o rio secou e Elias não tinha mais da onde
beber, a palavra do Senhor veio novamente para Elias dizendo: “Dis-
põe-te, e vai a Sarepta, que pertence a Sidom, e demora-te ali, onde
ordenei a uma mulher viúva que te dê comida” (1 Reis 17:9). É esse
o modus operandi de Deus de administrar a solidão que Ele mesmo
provoca. Elias estava vivendo uma solidão proposital causada por
Deus e o próprio Senhor encaminha o profeta para encontrar uma
mulher que estava vivendo uma solidão consequente de sua viu-
vez no deserto. O Senhor faz uma pessoa solitária encontrar outra
pessoa solitária e os fazem viver família enquanto experimentam o
processo do deserto de Deus. Existe o propósito de família espiritual
no deserto. A solidão provocada por Deus consiste em nos conectar
com outras pessoas que estão vivendo o mesmo propósito que nós.
É interessante que mesmo estando no mesmo deserto, a viúva e
Elias estavam vivendo processos diferentes. A viúva estava vivendo
o luto de perder o seu marido e Elias estava vivendo o isolamento
causado pela palavra profética. Eles estavam no mesmo deserto e
debaixo do mesmo teto, entretanto, vivendo processos diferentes.
Nesse quesito, o processo de Deus é solitário. Ninguém pode viver o
que precisamos viver em Deus. Elias não podia experimentar o luto
daquela mulher porque não era ele quem estava casado com o mari-
do agora falecido, e a mulher não podia experimentar o isolamento
de Elias porque não era ela quem tinha liberado o decreto profético.
Precisamos ter clareza disso porque senão vamos cair no erro de
transferir o nosso processo para outras pessoas. Por mais que esteja-
mos acompanhados e suportando um ao outro espiritual e emocio-
nalmente, o processo que estamos vivendo deve ser experimentado
entre nós o Senhor. Por mais que eu esteja cercado de outras pessoas

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que também estão vivendo desertos semelhantes em Deus, o meu
processo é único, o processo delas também é único e cada um deve
assumir a responsabilidade individual de enfrentar suas dores desér-
ticas sem transferi-las para terceiros. Essa compreensão nos levará a
ressignificar a solidão e nos fará leves diante daqueles que amamos.
Também não nos permitirá nos posicionarmos como vítimas diante
do processo e protegerá o nosso coração de nos voltarmos contra o
Senhor. Creio que ao ressignificarmos a solidão, entenderemos os
limites daquilo que é Deus quem provoca e não estaremos feridos
com o distanciamento de pessoas que não fazem mais parte da esta-
ção da qual estamos vivendo. Uma prova disso é quando o Senhor
rejeita o reinado de Saul e o profeta Samuel ainda continua cho-
rando por ele: “Disse o Senhor a Samuel: Até quando terás pena de
Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche
um chifre de azeite e vem; enviar-te-ei a Jessé, o belemita; porque,
dentre os seus filhos, me provi de um rei” (1 Samuel 16:1). Eu creio
que o Senhor está enxugando as lágrimas daqueles que Ele mesmo
afastou de nós e está nos ungindo com óleo de alegria por aqueles
que Ele aproximou de nós para vivermos o propósito celestial. Dei-
xe-me te dizer voz profética: pare de chorar por aqueles que se foram
e comece a se alegrar por aqueles que o Senhor está trazendo para
dentro do seu deserto.

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O DESERTO DE DEUS:
SE TORNANDO A
VOZ PROFÉTICA

Se existe um texto que eu e Prisca meditamos profundamente


esse ano foi o de Isaías 40. Por muitas vezes nos pegamos debruça-
dos em cima dessa porção das Escrituras e nos vimos sendo conso-
lados pelo espírito da profecia que nos anunciava um novo tempo.
Curiosamente o Espírito nos fazia ler esse capítulo de trás para fren-
te — da última parte para a primeira. Então éramos consolados pela
promessa de que havia um renovo para aqueles que ainda no deserto
esperavam pelo Senhor.

Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador


dos fins da terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não se pode es-
quadrinhar o seu entendimento. Faz forte ao cansado e multipli-
ca as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansam
e se fatigam, e os moços de exaustos caem, mas os que esperam
no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias,
correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.

Isaías 40:28-31

23
Eu me lembro de certa vez, quando deitei na minha cama me
sentindo sem saída no deserto, eu comecei a desabafar com o Espí-
rito, dizendo: “O Senhor me trouxe até aqui e eu não sei mais como
sair. Eu tenho obedecido, sido fiel ao Senhor, buscado estar em Sua
presença, já orei, jejuei, já busquei aconselhamento com meus pas-
tores, até minha psiquiatra já me liberou para voltar com as minhas
atividades, mas eu não vejo saída desse lugar e nem consigo pensar
mais em possibilidades do que fazer para sair daqui”. O Espírito
Santo — que estava me ouvindo atentamente — esperou eu termi-
nar de falar e disse: “Aqueles que entram no deserto pelo Espírito só
saem pelo Espírito. Eles não saem pelas suas próprias forças ou pelos
seus próprios méritos, mas eles saem porque aprenderam a esperar
Eu mostrar a saída para eles. Se você esperar pacientemente pelo
meu tempo, você saberá a hora exata de se mover”. O Espírito não
tinha me prometido uma saída, Ele apenas me ensinou a como me
comportar enquanto não é tempo de se mover. Preciso te confessar
que isso não soou encorajador naquele momento — eu dormi frus-
trado — entretanto, ao acordar me senti firmemente posicionado
no Senhor para esperar Nele. O meu amigo Espírito Santo tinha
feito algo no meu coração enquanto eu descansava em Sua presença.
Na manhã seguinte, eu acordei com o versículo de Isaías 40:31
pulsando na minha mente. Então eu peguei minha bíblia e diferente
de outros dias a palavra esperar saltou na minha mente como um
highlight espiritual e eu me dispus a estudar esse termo. O termo
hebraico para esperar (qavah) significa aguardar ansiosamente por
algo ou estar à espreita como um leão pela sua presa. Eu já tinha sido
poderosamente ministrado por essa palavra através do meu amigo
Farley Labatut na conferência The Good Villages em São Paulo. No
entanto, eu não tinha percebido-a nesse texto que tanto o Senhor
estava semeando no meu coração e da Prisca.

24
Esperar no Senhor significa estar à espreita da Sua presença
ou à espreita daquilo que Ele está para fazer. É como um leão que
fica acampado esperando pelo momento certo para saltar sobre a
sua presa. O Espírito desejava que eu O esperasse como um leão
faminto que espera pelo momento exato de se alimentar. A verdade
é que precisamos estar mais ansiosos pela chegada do Senhor no de-
serto do que pela nossa saída do deserto. Meu coração estava como
um fugitivo não vendo a hora do término desse processo ao invés
de estar na queimando com uma santa expectativa pela chegada
do Senhor no deserto. Foi então que eu percebi que João Batista
nunca tinha pregado a saída do deserto, mas unicamente a chegada
do Senhor. João Batista nem mesmo saiu do deserto para viver algo
menos difícil, apenas viveu pelo momento da visitação do Senhor e
depois foi decapitado. Assim, meu propósito aqui não é anunciar a
saída do deserto, mas anunciar a chegada do Messias.

A VOZ PROFÉTICA

João Batista era filho do sacerdote Zacarias de Isabel, ambos


pertencentes à família sacerdotal de Aarão. Desde o nascimento de
João, os pais do menino eram pressionados a moldá-lo segundo os
costumes familiares e sacerdotais do templo. Entretanto, eles não
cederam às pressões por causa da visão celestial que os empurravam
para criar o menino segundo os padrões divinos. Isso não aconteceu
apenas quando opinaram qual deveria ser o nome dele, mas certa-
mente, sendo parte de uma família de sacerdotes, João também foi
pressionado a seguir a carreira ministerial da família. Porém, esses
não eram os planos celestiais para ele. O Senhor não desejava que
João seguisse tradições familiares que ocupavam cargos no templo.
O propósito de Deus para João era que ele fosse influenciado pelo

25
espírito profético de Elias que iria empoderá-lo para se tornar a voz
dAquele que clamava no deserto. O apóstolo João em seu evangelho
descreve a profunda desconstrução que João sofreu até se tornar a
voz de alguém clamando:
Este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram
de Jerusalém sacerdotes e levitas para lhe perguntarem: Quem és tu?
Ele confessou e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo. Então,
lhe perguntaram: Quem és, pois? És tu Elias? Ele disse: Não sou.
És tu o profeta? Respondeu: Não. Disseram-lhe, pois: Declara-nos
quem és, para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que
dizes a respeito de ti mesmo? Então, ele respondeu: Eu sou a voz do
que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse
o profeta Isaías. (João 1:19-23)
As respostas de João são tão contundentes que até parecem
contraditórias ao que conhecemos sobre a sua vida. João — agora
o Batizador — estava sendo questionado sobre o seu chamado, sua
missão e a sua identidade. E apesar de estar plenamente consciente
de todas essas coisas que abrangem quem ele era, João não se prende
a nenhuma delas.

• Eu não sou o Cristo: João estava vazio de qualquer sentimento


messiânico ou de grandeza a seu respeito.
• És tu Elias?: Apesar da profecia angelical dizer que ele andaria
no poder e no espírito de Elias, João não usurpou disso para con-
vencer os fariseus sobre o que ele estava fazendo.
• És tu o profeta?: João nem mesmo se valeu nem do seu ofício
profético para definir quem ele era.

Todas essas perguntas poderiam ser respondidas positivamente


por João se ele não fosse tão profundamente despido pelo deserto.

26
João não era nem mesmo a própria voz, ele não tinha nem a sua pró-
pria mensagem, no entanto, ele era a voz de outra pessoa que estava
clamando no deserto. Essa pessoa clamando não poderia ser ouvida
a não pela voz audível de João. Assim, o convite do Espírito para
os dias de hoje é que nos posicionemos como João para que de fato
ouçamos o que Ele ouviu. Por lermos as Escrituras, nós sabemos o
que João ouviu, porém estamos sendo chamados neste tempo para
ouvir com os nossos próprios ouvidos, carregar a mensagem com
a nossa própria vida e nos tornarmos a voz do Espírito para outras
pessoas que ainda não O ouviram.

A PRIMEIRA VOZ: PREPARAI O CAMINHO

Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor;


endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo vale será aterrado,
e nivelados, todos os montes e outeiros; o que é tortuoso será
retificado, e os lugares escabrosos, aplanados.

Isaías 40:3,4

Eu creio que a primeira ênfase do Espírito na próxima estação


será um aumento do nível de santidade na nação acompanhado de
uma consciência de temor do caráter de Deus. Enquanto você lê
essa página, mais de cinco mil pessoas do Brasil e das nações termi-
naram um jejum de 40 dias por santidade. Certamente isso é um
sinal que esta primeira ênfase do Espírito já foi iniciada no nosso
meio. Eles se tornaram precursores de um avivamento de santidade
que precede um avivamento de glória.
Quando olhamos para João Batista vemos o Senhor Jesus com-
parando-o a um caniço agitado pelo vento. O caniço — tanto na ex-

27
pressão grega quanto hebraica — fala de uma cana que foi quebrada
para se tornar um instrumento de medição. Isso quer dizer que o
nível de santidade João Batista se tornou uma vara para medir Isra-
el. O mesmo acontece com Ananias e Safira que são julgados pelo
nível de santidade e comprometimento com Deus de Pedro e os
outros apóstolos (Atos 5). Existe uma designação apostólica e pro-
fética para a próxima estação segundo o Espírito de Santidade que
traz purificação, santidade e pureza no governo da Igreja (Rm 1:4).
A nação israelita foi julgada segundo o padrão de santidade do
profeta. O apóstolo João usa a mesma expressão grega “caniço” em
Apocalipse dizendo: “Foi-me dado um caniço semelhante a uma
vara, e também me foi dito: Dispõe-te e mede o santuário de Deus,
o seu altar e os que naquele adoram” (Ap 11:1). Era o Senhor or-
denando a João — o discípulo amado de Jesus — que medisse o
santuário, o altar e os adoradores. Tanto o Santo dos Santos, quanto
o altar de sacrifício e aqueles que prestam adoração deveriam ter a
mesma medida celestial: santidade.
No dia 28.10.2021, uma quinta-feira, eu acordei com o meu
espírito alarmado dentro de mim. Enquanto cumpria com minhas
rotinas de casa e permanecia no conselho do Senhor, atento às Suas
palavras, eu percebi uma intensa movimentação angelical nas regi-
ões celestiais. O que estava acontecendo ao redor do trono de Deus
era como um reposicionamento celestial para a entrada de uma
nova estação na Igreja Brasileira. É comum esse “reposicionamento”
acontecer já que Ezequiel viu a glória do Senhor se mudando de
Jerusalém e se reposicionando sobre a Babilônia (Ez 1). Até então,
eu não ouvia nada, mas percebi uma nova unção profética sendo
preparada para ser liberada sobre o Brasil. Quando eu percebi isso,
eu ouvi o Espírito Santo dizendo: “Enquanto vocês contenderem
por um nível de santidade maior, nós vamos liberar um novo nível

28
de unção profética”. Então, naquele dia, eu entendi pelo Espírito do
Senhor que é tempo de contender com o céu por uma nova capa-
citação profética enquanto contendemos com nós mesmos por um
nível de santidade mais sólido e profundo.
Ao longo dos dias que se passaram, eu percebi que essa mo-
vimentação não tinha acabado, mas continuou como uma janela
de tempo aberta nos céus para que a Igreja Brasileira respondes-
se ao trono de Deus e ao conselho divino. Foi então que no dia
12.11.2021, eu ouvi uma nova definição e decreto celestial. O Es-
pírito Santo me disse:

“Eu fiz questão de levantar ministros no Brasil que fossem como


Davi, porém, muitos deles se tornaram completamente como
Saul. Outros permaneceram como Davi, entretanto, com práti-
cas de Saul. Já outros, permaneceram posicionados como Davi,
com o coração de Davi, e com uma conduta santa diante dos
céus. Eu estou rejeitando o ministério daqueles que foram levan-
tados como Davi e se tornaram como Saul. Eu estou purificando
aqueles que foram levantados como Davi, mas com o coração
no lugar, ainda tinham práticas de Saul. E eu estou derramando
uma unção específica sobre aqueles que foram levantados como
Davi, permaneceram como Davi e foram achados santos mesmo
depois da provação — estes serão ainda mais recompensados,
eles receberão uma promoção espiritual por permanecerem fiéis
e saberem guardar seu coração em meio a tanta tentação. Tanto
os que foram purificados quanto aqueles que permaneceram,
continuarão como meus ministros no Brasil na próxima estação.
Já no lugar daqueles que caíram como Saul — em orgulho, pe-
cado sexual e dinheiro — eu levantarei outros no lugar deles, e
estes crescerão diante de mim enquanto ministram como servos
fiéis segundo o meu coração”.

29
Eu creio que estamos em um tempo de purificação no Brasil
que definirá quais homens e mulheres de Deus estarão na próxima
estação. O que estamos vivendo agora é um breve espaço de tempo
que antecede uma mudança de estação. Estamos nos aproximando
de uma virada! Quando os tempos sobre a Igreja haverão três tipos
de pessoas:

I. Os aprovados;
II. Os que foram provados para aprovação;
III. Os reprovados.

Desde o começo da pandemia (2020) eu tenho constantemen-


te profetizado dois versículos em específico:

Muitos serão purificados, embranquecidos e provados; mas os


perversos procederão perversamente, e nenhum deles entenderá,
mas os sábios entenderão.

Daniel 12:10

Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda


sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo
continue a santificar-se.

Apocalipse 22:11

Muitos permaneceram, foram purificados e aprovados. Muitos


já caíram, foram expostos e a obra e o caráter de cada um revelado
— e o que eu ouço do Senhor é:

Disse o Senhor a Samuel: Até quando terás pena de Saul, ha-

30
vendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche um
chifre de azeite e vem; enviar-te-ei a Jessé, o belemita; porque,
dentre os seus filhos, me provi de um rei.

1 Samuel 16:1

Igreja — pare de chorar pelos reprovados quando o Senhor


os rejeitou, comemorem os Davi’s que estão sendo levantados com
óleo fresco. Depois de uma noite escura, está nascendo um novo
tempo como um nascer do sol sobre a Igreja Brasileira. Alguns mi-
nistros vão sair de cena e perder a sua voz e autoridade, mas vão
tentar ao máximo manter sua influência na força do braço fazendo
àquilo que o Senhor estava fazendo na estação anterior; outros vão
permanecer, porque mesmo sendo purificados com fogo, permane-
ceram diante do Senhor; e muitos outros novos ministros vão surgir,
ocupando os lugares dos antigos Sauls, estes já estavam prontos,
apenas aguardando uma nova janela de oportunidade no Senhor
para entrar, eles virão com algo fresco e sólido da parte do Senhor
para derramar sobre a nação brasileira. O Senhor está fechando um
ciclo turbulento na Igreja Brasileira e abrindo um ciclo de renovo
para aqueles que esperaram Nele. A nova estação se chamará: “Santo
dos Santos” — tão intensa, tão profunda e tão perigosa como esse
lugar — e todos nós, ministros do Senhor, entraremos cheios do
temor de Deus, temendo pela própria vida errar com aquilo que o
Senhor estará fazendo.

A SEGUNDA VOZ: A GLÓRIA DO SENHOR

A glória do Senhor se manifestará, e toda a carne a verá, pois a


boca do Senhor o disse. Uma voz diz: Clama; e alguém pergun-
ta: Que hei de clamar? Toda a carne é erva, e toda a sua glória,

31
como a flor da erva; seca-se a erva, e caem as flores, soprando
nelas o hálito do Senhor. Na verdade, o povo é erva.

Isaías 40:5-7

A segunda promessa de Isaías 40 é de que a glória do Senhor se


manifestará. A ênfase da próxima estação estará no trono e ao redor
do trono (Ap 4—5). Primeiro, João viu Cristo andando entre os
candelabros e, agora, vê a própria sala do trono — o conselho divi-
no, onde a beleza majestosa do Cordeiro é revelada antes do juízo.
As cenas retomam as experiências visionárias de Ezequiel 1 relatan-
do o movimento da glória de Deus em uma tempestade, e de Isaías
6 descrevendo a glória do Senhor se manifestando no templo. Desta
forma, o assunto que trará unidade à Igreja é certamente o “trono”
e o que acontece ao redor dele.7 Enquanto no início de Apocalipse,
João é chamado para escrever (1:11), em 4:1 ele é chamado para
“subir” ao céu e contemplar quem está sendo adorado e a adoração
que acontece ali. Creio que a próxima estação será marcada pelo
conhecimento pelo do trono recebido tanto através da experiência
mística como pelo conhecimento adquirido através de uma profun-
da leitura das Escrituras.
Em Apocalipse 4, a soberania e a majestade de Deus são cen-
trais, e a adoração predomina. Assim, as próximas canções que vão
varrer a nação são aquelas que cantarão sobre o trono, sobre o go-
verno de Deus e sobre a pessoa de Jesus. A adoração se inicia com os
seres viventes, depois é entoada pelos anciãos, por ambos os grupos,
e a Igreja — daqui da terra, porém misticamente reunida ao redor
do trono — se une a essa adoração cantando as mesmas canções
entoadas pelos seres celestiais.
Em Apocalipse 5, o Cordeiro que fica em pé no meio do trono

32
se torna o foco da adoração (5:6). Assim como João Batista pregou
sobre o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, o Espírito
do Senhor através da Igreja apontará para o Cordeiro assentado no
trono que é digno de abrir os selos. A pregação do evangelho terá
ênfase na humanidade, na simplicidade, na mansidão e na humilda-
de de Jesus. Os ministros e pregadores do evangelho estarão diante
da glória de Deus vazios de si, sem apontar para seus méritos, capa-
cidades e ministérios. Haverá um misto de manifestação de glória e
manifestação da fragilidade humana. Isso porque enquanto o Cor-
deiro se preparava para abrir os selos, João chorava compulsivamen-
te demonstrando sua humanidade diante da majestade do Cordeiro.
Eu, particularmente, não creio que haverá uma melhora no quadro
geral das nações, ao contrário disso, a Igreja experimentará a Glória
de Deus enquanto ela sofre tribulações e sofrimentos.

A TERCEIRA VOZ: A PALAVRA DO SENHOR

Seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus per-
manece eternamente.
Isaías 40:8

Essa é a terceira ênfase do Espírito para a próxima estação — a


palavra do Senhor. Em Apocalipse 4, havia diante do trono sete to-
chas de fogo que são os sete espíritos de Deus. Essa visão representa
o conhecimento do Espírito — através da presença majestosa de
Deus — revelado nas Escrituras. João Batista no deserto também
apontou profeticamente para o Cordeiro de Deus como o Verbo
que se fez carne e habitou entre nós — e por isso, vimos a sua gló-
ria. Portanto, na próxima estação haverá um aumento exponencial
da palavra revelada no meio do povo, um aumento considerável do

33
conhecimento de Deus pelo Espírito do Senhor e um aumento do
espírito de sabedoria e de revelação. Eu creio que o Espírito rompe-
rá com estruturas teológicas enrijecidas que foram historicamente
construídas para impedir a revelação do Espírito através das Escri-
turas.

A QUARTA VOZ: O BRAÇO DO SENHOR

Tu, ó Sião, que anuncias boas-novas, sobe a um monte alto!


Tu, que anuncias boas-novas a Jerusalém, ergue a tua voz for-
temente; levanta-a, não temas e dize às cidades de Judá: Eis aí
está o vosso Deus! Eis que o Senhor Deus virá com poder, e o
seu braço dominará; eis que o seu galardão está com ele, e diante
dele, a sua recompensa.

Isaías 40:9,10

A quarta e última ênfase do Espírito para a próxima estação


será na manifestação do poder de Deus. O Espírito se moverá para
promover toques de Deus e encontros sobrenaturais com a pessoa
de Jesus que promovem uma transformação radical do caráter caído
para um caráter santo. Além disso, haverá uma distribuição massiva
de dons espirituais — inclusive daqueles que são raros e extraordi-
nários — para capacitação dos santos frente às dinâmicas do fim dos
tempos. Os dons ditos extraordinários voltarão a ser comuns no âm-
bito da vida da Igreja. Isso resultará em manifestações do poder de
Deus para salvar, curar e libertar pessoas em âmbitos nacionais. Por
fim, o poder de Deus quebrará barreiras de unidade que nos impede
de vivermos como Igreja apostólica e profética que se conecta com
famílias espirituais ao redor das nações. O Espírito de Deus tratará
de transicionar a Igreja de uma realidade unicamente local e deno-

34
minacional para uma realidade corporativa, coletiva e missional.

A CHAMADA

Estamos vivendo um dos momentos mais decisivos da história


da Igreja. Jesus, o Apóstolo da Noiva, está mais uma vez abalando
as estruturas da Sua Igreja. Ele está levando Sua Noiva para o de-
serto com o intuito de purificá-la de uma maneira mais intensa,
mais profunda e definitiva. Em Oséias 2:14 o Senhor revela Seu
coração e Seus propósitos “Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei
para o deserto, e lhe falarei ao coração”. O termo atrair revela uma
forte linguagem de amor onde o marido busca conduzir sua esposa
a um lugar a sós com ela para reconquistá-la enquanto revela seu
coração. Àqueles que desejam ser vencidos pelo Senhor responderão
positivamente a esse chamado de estar a sós com Ele. O deserto é
o local da corte de Jesus, bem longe de tantas distrações que tanto
nos pressionam a perder o foco, e este é o lugar de um novo nome e
um novo começo (Os 2:15). O que eu ouço do Espírito é que é um
tempo de reset! No contexto deste capítulo, Deus está levando Israel
para o deserto a fim de purificá-lo de suas prostituições e de suas
idolatrias. Assim, o deserto não é apenas um lugar de intimidade
profunda, mas também um lugar de purificação e um aumento do
nível de santidade. Como ministros e como homens e mulheres de
Deus, o Senhor está requerendo de nós um novo nível de santidade
e posicionamento moral diante dos céus antes da segunda vinda de
Jesus. Ele está às portas! Nós precisamos nos posicionar no Espírito
de Deus para sermos moldados para a próxima estação.
No dia 27/02/2021 eu tive um sonho onde eu via a voz de Deus
se espalhando por toda terra chamando filhos e filhas para estarem
com Ele. A palavra hebraica que eu ouvia da parte do Senhor era

35
“vayikrá” que é a primeira palavra do livro de Levítico onde Deus
chama Moisés para estar com Ele no Tabernáculo. O livro de Leví-
tico contém uma série de instruções divinas e princípios espirituais
que moldam a maneira que os sacerdotes e os ministros do Senhor
devem se portar enquanto ministram no Tabernáculo. Na época eu
não entendi, mas agora, eu percebo que em primeira instância Deus
estava modificando e até mesmo diminuindo a movimentação na-
cional dos ministros de Deus para um tratamento profundo diante
do Senhor. Entretanto, no dia 22 de outubro desse ano eu recebi
uma chamada do Espírito Santo dizendo: “provoque um movimen-
to de 40 dias de jejum e oração por santidade nas nações”. É inte-
ressante que a palavra provocar na fala do Espírito Santo está rela-
cionada com a palavra atrair em Oséias 2:14. Estou convicto que o
Senhor está movimentando o Corpo místico de Cristo nas nações
para um lugar de intensa separação e consagração que resultará em
uma santidade escatológica que antecede o Retorno de Jesus.
O nome grego do Espírito Santo é Pneuma Hagios. O Espí-
rito Santo é o Espírito da Santidade que promove a semelhança
com Jesus em nossas vidas (Rm 1:4). Hagios é a palavra grega que
denomina o processo de santificação. É isso que estamos buscando
como Igreja: o caráter do Espírito que atrai a revelação de Jesus para
os últimos dias. Isso é o que queremos encarnar como estilo de vida
dos últimos dias.
Os últimos dias vem da expressão grega escathon. Em Mateus
24:12 Jesus nos alerta que nos últimos dias se multiplicarão a ini-
quidade e o amor de quase todos se esfriará. Com esse jejum de 40
dias estaremos resistindo contra a multiplicação da iniquidade na
Igreja e contra o esfriamento da nossa paixão por Jesus. Eu creio
em um avivamento de santidade a níveis apostólicos que antecede
a volta de Jesus.

36
No dia 10 de Janeiro daremos início a esse jejum de 40 dias por
santidade. E nesta cartilha você encontrará uma breve explicação
acerca do tempo de oração, jejum e consagração que entraremos
nesses dias.

A ORAÇÃO

Jesus era um homem de oração, isso significa que a oração era


o meio pelo qual ele vivia aqui na terra. A carta de Hebreus nos diz
que durante os seus dias de vida na terra, Jesus ofereceu orações e
súplicas, em alta voz e com lágrimas, sendo ouvido por causa da
sua reverente submissão (Hb 5:7). Submissão é a forma de nos en-
tregarmos a Deus em oração. Diversas passagens dos Evangelhos
enfatizam a necessidade que Jesus tinha de se retirar para orar.7
“Tendo-se levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar
deserto, e ali orava” (Mc 1:35). Esses versículos falam do estilo de
vida de oração de Jesus.
Esse não é apenas um tempo de consagração individual, mas
corporativo, assim, a minha oração não será dirigida às minhas ne-
cessidades e desejos pessoais, mas a nossa oração será dirigida àqui-
lo que o Senhor quer fazer individualmente em nós e de maneira
corporativa na Igreja. Desta forma, oração é algo que aprendemos
com o próprio Espírito. Os discípulos pediram a Jesus: “Senhor, en-
sina-nos a orar” (Lc 11:1). Eles desejavam aprender a orar com Jesus
porque o viram orar e experimentar resultados reais das próprias
orações. “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes
em vossos prazeres” (Tg 4.3). Tiago, irmão de Jesus, aquele que a
história da Igreja descreve como “o homem que tem joelhos como

7 Ver também: Mateus 14:23, 26:36, 42, 44; Marcos 1:35, 6:46, 14:32, 35, 39; Lucas
3:21, 5:16, 6:12, 22:41, 44, 46.

37
de camelo” para falar da sua extrema devoção em oração. Tiago pas-
sava horas ajoelhado orando, porém não com uma lista de pedidos
sobre a sua própria vida, mas conhecendo as demandas celestiais
para se engajar em intercessão com o objetivo de que a vontade de
Deus seja feita na terra assim como ela é no céu. Pedir corretamen-
te envolve paixões transformadas, renovação total. No verdadeiro
espírito de oração começamos a pensar os pensamentos de Deus,
a desejar as coisas que Ele deseja e amarmos as coisas que Ele ama.
No mesmo sentido, Paulo também nos ensina que não sabemos orar
como convém. Isso acontece quando estamos em oração, entretan-
to, ignorantes acerca da vontade do Espírito que intercede por nós
com gemidos inexprimíveis (Rm 8:26). Portanto, agora que enten-
demos o que o Senhor está para fazer na próxima estação, precisa-
mos nos dispor para orar segundo a vontade Dele revelada a nós.
Aqueles que oram mediante o espírito de oração e intercessão
agem como se suas orações tivessem realmente poder para nos trans-
formar e alterar a realidade em que vivemos. O apóstolo Paulo nos
ensina a nos posicionarmos como “cooperadores de Deus” (1Co
3.9), ou seja, estamos trabalhando com Deus para determinar o re-
sultado dos acontecimentos futuros. A oração e intercessão é o meio
pelo qual o espírito de profecia constrói o futuro segundo a vontade
de Deus.
Por isso, durante esses 40 dias de jejum vamos avançar em ora-
ção segundo as quatro ênfases do Espírito para próxima estação. É
importante que você fortaleça o seu espírito através de momentos
de oração em línguas. Estabeleça um tempo diário para você se de-
dicar a esse tipo de oração. A oração em línguas é o meio que Deus
nos deu para orarmos no espírito e sermos edificados em Jesus. Orar
em línguas também permite que o nosso corpo receba poder de
Deus e o nosso corpo físico suporte momentos jejuns prolongados.

38
Quanto mais oramos, mais longe podemos ir em consagração. Se
não estivermos dispostos a orar, o jejum não será nada mais do que
passar fome.

39
TÓPICOS
DE ORAÇÃO

SANTIDADE

Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor ;


endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo vale será aterrado,
e nivelados, todos os montes e outeiros; o que é tortuoso será
retificado, e os lugares escabrosos, aplanados.
Isaías 40:3,4

• Senhor, libere um avivamento de santidade que precede


um avivamento de glória na Igreja Global.
• Me faz santo Senhor, em tudo o que eu sou!
• Santifica a minha mente, dando-me uma consciência pura
diante do Senhor, pensamentos sadios, livre de sofismas e
fortalezas mentais, curada de transtornos psíquicos;
• Santifica minhas emoções para ter desejos puros, sentir
como o Senhor e ter uma personalidade equilibrada como
Jesus;
• Santifica minha língua e purifica minha linguagem, me dá
uma linguagem sadia e que traz edificação;
• Santifica meus olhos, me fez ver através do coração, puri-

41
fica o meu olhar, desvia os meus olhos daquilo que é im-
puro, me faz ver como o Senhor, ilumina os olhos do meu
coração para ver o Senhor.
• Santifica minha vida sexual, me liberta de qualquer vício,
memórias do passado ou padrões sexuais mundanos. Me
ensina a ver o sexo de maneira pura como o Senhor vê.
• Santifica minhas ações, meus comportamentos e minha
postura. Me faz alguém manso, humilde e maduro.
• Me capacita sobrenaturalmente para produzir em grande
quantidade e qualidade frutos de amor, alegria, paz, lon-
ganimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão,
domínio próprio.

A GLÓRIA DO SENHOR

A glória do Senhor se manifestará, e toda a carne a verá, pois a


boca do Senhor o disse. Uma voz diz: Clama; e alguém pergun-
ta: Que hei de clamar? Toda a carne é erva, e toda a sua glória,
como a flor da erva; seca-se a erva, e caem as flores, soprando
nelas o hálito do Senhor. Na verdade, o povo é erva.
Isaías 40:5-7

• Senhor, libere um avivamento de glória sobre a Igreja Bra-


sileira e nas nações. - Senhor, nós cremos que a glória do
Senhor se manifestará.
• Nos faz homens e mulheres que conhecem a manifestação
da Sua glória. - Senhor, torna a sua presença manifesta aos
nossos sentidos físicos, espirituais e as nossas emoções. -
Nos dê paixão pela Sua presença manifesta.
• Nos faz dependentes da presença da Sua glória.

42
• Clamamos por uma imersão profunda na dimensão da Sua
glória.
• Senhor, nos leva pelo Seu Espírito à sala do trono onde o
Senhor está assentado governando e os anciãos e os quatros
seres viventes te adoram sem parar.
• Senhor, nos faz conhecer a adoração dos seres celestial para
adorarmos conforme o padrão celestial. - Senhor, nos per-
mita permanecer no conselho do Senhor (Jr 23). - Senhor
nós colocamos os nossos olhos no Cordeiro de Deus e na
pessoa de Jesus. - Senhor nos conduza as profundezas do
caráter e da revelação do Cordeiro de Deus.
• Queremos conhecer a humanidade, a simplicidade, a man-
sidão e a humildade de Jesus.
• Senhor oramos para que o Cordeiro de Deus tome o livro
e abra os selos.
• Senhor nos dá o dom das lágrimas para que possamos cho-
rar diante do Cordeiro de Deus.
• Senhor libera sobre nós o peso da Sua glória, nós permiti-
mos que ela nos esmague produzindo em nós eterno peso
de glória.
• Oramos para que a manifestação e a revelação da Sua gló-
ria nos capacite para suportar todo e qualquer sofrimento
dessa presente era.

A PALAVRA DO SENHOR

Seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus per-
manece eternamente.
Isaías 40:8

43
• Senhor nos dá fome pelas Escrituras.
• Reconhecemos que as Escrituras são alimento para o nosso
espírito.
• Senhor nos dá uma graça para sermos disciplinados na lei-
tura diária das Escrituras. - Reconhecemos que Jesus é a
Palavra Relevada, a Palavra Escrita, a Palavra Criadora. -
Oramos por Espírito de Sabedoria e revelação que aumen-
ta o conhecimento genuíno do Senhor através do Espírito.
• Oramos para que o Senhor rompa com toda estrutura his-
tórica-teológica em nós e na Igreja que impedem a revela-
ção do Espírito.

O BRAÇO DO SENHOR

Tu, ó Sião, que anuncias boas-novas, sobe a um monte alto!


Tu, que anuncias boas-novas a Jerusalém, ergue a tua voz for-
temente; levanta-a, não temas e dize às cidades de Judá: Eis aí
está o vosso Deus! Eis que o Senhor Deus virá com poder, e o
seu braço dominará; eis que o seu galardão está com ele, e diante
dele, a sua recompensa.
Isaías 40:9,10

• Eis que o Senhor Deus virá com poder.


• Nós clamamos por uma visitação de poder de Deus.
• Oramos por encontros sobrenaturais com o Espírito Santo.
• Queremos ser tocados por Deus.
• Senhor, nos batiza com poder do Espírito Santo.
• Queremos ser revestidos com poder do Espírito Santo.
• Oramos por um derramar abundante do Espírito sobre
nós.
• Oramos para que aja uma ativação sobrenatural de dons

44
espirituais em nossas vidas. - Tira todo impedimento em
nós de recebermos um batismo com poder de Deus. - Ora-
mos por um derramar massivo de sinais, maravilhas e dons
espirituais sobre a Igreja Brasileira.
• Senhor, libere novamente um clamor por ekballo.
• Oramos por um novo liberar de pregadores do evangelho
nas ruas.
• Oramos por uma mentalidade apostólica-missionária so-
bre o Brasil.

45
O JEJUM

Jejum não é greve de fome, cujo propósito é adquirir poder po-


lítico ou atrair a atenção para uma boa causa. Também não é dieta,
que apesar de ser abstinência de alimento, têm unicamente propó-
sitos físicos e não espirituais. Nas Escrituras o jejum refere-se ao ato
de se abster de alimentos para finalidades espirituais. Sendo uma
forma de devoção a Jesus enquanto nos abstemos parcialmente ou
totalmente de alimentos e líquidos, com o objetivo de nos entregar-
mos a Deus não apenas com o nosso tempo, mas com o nosso corpo
e as nossas forças. Eu costumo dizer que o jejum é a oração do corpo
físico que não é interrompida quando a nossa oração audível se si-
lencia diante de Deus. Desta forma — no jejum — permanecemos
orando com o nosso corpo enquanto nossa boca está em silêncio.
Existem muitos motivos para jejuar, mas nós jejuamos por que
amamos Jesus. Certa vez os discípulos de João Batista vieram ter
com Jesus e lhe perguntaram por que os seus discípulos não jeju-
avam. Jesus respondeu: “Podem, acaso, estar tristes os convidados
para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, con-
tudo, em que lhes será tirado o noivo, e nesses dias hão de jeju-
ar” (Mt 9:15). Sem dúvida, esta é a mais importante declaração do
Novo Testamento sobre o dever de jejuarmos hoje. A interpretação

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mais correta sobre quando deveríamos jejuar está ligada ao momen-
to em que o Noivo fosse tirado. Ou seja, o jejum tem a ver com
atrair a presença do Noivo para a Noiva. Jesus termina explicando o
jejum fazendo uma analogia com vestes velhas e novas, odres velhos
e novos e vinho velho e novo. Ou seja, jejuamos de saudade de Je-
sus, para vestirmos as vestes santas dele, para conhecê-lo mais (odre
novo) e para vivermos a novidade da vida de Jesus (vinho novo).
Lucas afirma que a profetisa Ana, com os seus oitenta e quatro
anos, adorava ao Senhor dia e noite com jejuns e orações (Lc 2:37).
O Senhor interrogou o povo e os sacerdotes através do profeta Za-
carias dizendo: “Quando jejuastes e pranteastes [...] acaso, foi para
mim que jejuastes, com efeito, para mim?” (Zc 7:5). Se nosso jejum
não é para Deus, então estamos miseravelmente fracassando. Bene-
fícios físicos, êxito na oração, recebimento de poder, dons espiritu-
ais — estas coisas nunca devem tomar o lugar de Deus como centro
de nosso jejum. É muito fácil fazer usar do jejum para conseguir que
Deus faça o que desejemos. Entretanto, Jesus ensina que todas essas
coisas já estão garantidas quando jejuamos: “Tu, porém, quando
jejuares, [...] em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recom-
pensará” (Mt 6:16-18). Por isso, o propósito do jejum não deve
ser as coisas de Deus, mas sim o próprio Deus. O nosso desejo é a
presença de Deus e sermos transformados à imagem de Jesus Cristo.
Ao ensinar isso Jesus sabia que o jejum tem o poder de reve-
lar aquilo que nos controla. Escondemos com aquilo que comemos
aquilo que está dentro de nós, mas durante o jejum, todas estas
coisas vêm à tona. Se é o orgulho que nos controla, ele será revela-
do imediatamente. Tudo na nossa alma que ainda não foi mudado
por Jesus aflorará durante o jejum. Em primeira instância podemos
dizer que a ira se acendeu por causa da fome, porém, se formos sin-
ceros, vamos entender que na verdade a obra da ira que há dentro

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de nós ainda não foi mortificada pelo Espírito de Deus. Por isso, é
importante que vençamos aquilo que aflorar mantendo os nossos
olhos em Jesus e através da oração em espírito. Isso é o que Paulo
em seu exemplo apostólico declara: “Mas esmurro o meu corpo e o
reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha
eu mesmo a ser desqualificado” (1Co 9:27). Semelhantemente, de-
clarou Davi: “Eu afligia a minha alma com jejum e em oração me
reclinava sobre o peito” (Sl 35:13). E depois reafirma: “Chorei, em
jejum está a minha alma” (Sl 69:10).
Segue abaixo alguns dos tipos de jejum que você pode fazer.
Pedimos para que você ore e seja direcionado mediante a vontade
de Jesus, não seja confortável demais ou extremista por si mesmo,
apenas faça o que Jesus está te pedindo e seja fiel a isso.

O JEJUM DE DANIEL

Esse é um jejum parcial que Daniel praticou em seus dias (Dn


1; Dn 10). Ele demonstra um compromisso físico de disciplina por
um relacionamento de maior intimidade com Jesus. Em Daniel 1,
ele rejeita os banquetes do rei e pede para ser alimentado apenas
com legumes e água por 10 dias. Ao final desse período, Daniel e
seus companheiros estavam melhor nutridos que os demais, além de
terem recebido dons específicos de Deus e conhecimento espiritual
em todas as coisas. Em Daniel 10, por 21 dias, ele não comeu comi-
das agradáveis, vinho e ao final, recebeu visitação do próprio Jesus,
o “homem vestido de linho” onde ele lhe contava sobre os últimos
dias (Dn 10:5). Esses jejuns capacitaram sobrenaturalmente Daniel
para compreender por meio de revelação o fim dos tempos. Creio
que esse jejum está sendo reavivado nos nossos dias com o propósito
de entendermos mais profundamente o tempo do fim.

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Alimentação indicada: Existem dois tipos de jejum de Daniel.
Em Daniel 1 o profeta nos conta que ele só comeu legumes, frutas
e bebeu água por três anos — esse jejum é o que se aproxima da
dieta vegana. Já em Daniel 10 o profeta relata que durante 21 dias
ele comia normalmente, com exceção de carnes, doces e bebidas
fermentadas (no nosso caso, bebidas alcoólicas ou refrigerantes) —
dieta vegetariana. O jejum de Daniel só com legumes e água é o que
estaremos indicando ao longo desses 40 dias, exceto se o Senhor
te direcionar de outra forma. Seja qual for a forma que Jesus lhe
direcionar, beba muito líquido, especialmente água e coma a cada
3 horas. Segue abaixo a relação de comidas que se pode ingerir no
jejum de Daniel 1.

O que pode:
1. Água;
2. Todos os tipos de frutas e vegetais frescos, congelados, se-
cos ou enlatados;
3. Todos os tipos de grãos integrais e legumes;
4. Óleos vegetais saudáveis (canola, milho, uva, sementes, oli-
va, amendoim, cártamo, soja e girassol); todos os tipos de
nozes e sementes.

O que não pode:


1. Todos os tipos de carnes e alimentos derivados de origem
animal e ovos; b. todos os laticínios, como leite, queijo e
manteiga;
2. Todos os tipos de açúcares e adoçantes naturais ou artifi-
ciais, incluindo mel e melado.
3. Pães ou qualquer outro alimento fermentado;
4. Todos os alimentos refinados ou processados, incluindo

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aromatizantes artificiais, aditivos alimentares,
5. Arroz branco, farinha branca e alimentos com conservan-
tes;
6. Alimentos fritos, incluindo salgadinhos, batata-frita e
chips;
7. Gorduras sólidas, incluindo margarina, banha e alimentos
com alto teor de gordura; i. bebidas como café, chás, bebi-
das gasificadas, energético e álcool.

JEJUM DE ELIAS

Em 1 Reis 19 nos é relatado uma história acerca de Elias sobre


um jejum sobrenatural que o Senhor o levou a fazer. Elias tinha
acabado de matar os profetas de Baal e Jezabel tinha mandado um
mensageiro ao profeta com uma mensagem de ameaças de que ela
faria com ele exatamente o que ele fez aos profetas dela. O espírito
de Jezabel caça o espírito profético. Por isso, com o propósito de sal-
var sua vida, Elias fugiu para Berseba, mais propriamente dito “para
os confins da civilização” ao sul de Judá – ou seja, retirou-se para
o deserto. Enquanto dormia, um anjo preparou pão e água para se
alimentar e o acordou. O texto revela que com a força daquela co-
mida, Elias caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o
monte de Deus. Claramente, através da provisão sobrenatural con-
cedida pelo anjo, Elias pôde caminhar por 40 dias sem voltar a co-
mer. Isso de forma nenhuma é indicado fazer até porque Deus sabia
que somente através de uma intervenção divina um homem poderia
fazer isso. Entretanto, eu creio que o Senhor está comunicando um
jejum profético através desse exemplo de Elias que nos guia para
uma jornada em Deus com pão e água para chegarmos ao Monte
do Senhor. Esse é um tipo de jejum profético para pessoas que estão

51
sendo perseguidas em seu chamado e por isso foram encaminhadas
pelo Espírito para o deserto.

JEJUM DE JESUS

Logo após ser batizado por João Batista no deserto, Jesus foi
guiado pelo Espírito mais dentro dessa região árida. O cenário desse
jejum é um território estéril a noroeste do Mar Morto, completa-
mente despido de vegetação ou qualquer espécie de abrigo. Neste
lugar, Jesus jejuou por 40 dias e 40 noites só bebendo água. Lucas
afirma que Ele “nada comeu” e ao fim desses quarenta dias “teve
fome”, e Satanás o tentou a comer, indicando que a abstenção era
de alimento e não de água (Lc 4.2).
Recomendações: Este jejum envolve uma preparação física e
espiritual tanto no início quanto no fim do jejum. É melhor que
aqueles que adotem esse jejum já tenha o hábito de fazer jejuns
prolongados. Para períodos superiores a 3 dias de jejum de água,
prepare-se antes com uma dieta vegetariana e de líquidos para acos-
tumar seu corpo com a falta de alimentos.

O JEJUM DE ESTER

Também conhecido como jejum absoluto, onde há abstenção


total tanto de alimento como de água.

Após saber que a execução aguardava a ela e ao seu povo, Ester


instruiu a Mordecai: “Vai, ajunta todos os judeus que se acha-
rem em Susã, e jejuai por mim, e não comais, nem bebais por
três dias, nem de noite nem de dia; eu e as minhas servas tam-
bém jejuaremos. Depois, irei ter com o rei, ainda que é contra a

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lei; se perecer, pereci”
Ester 4.16

O jejum de Ester foi uma forma de mostrar dependência total


em Deus, o único que poderia salvar sua vida. Esse foi um jejum
muito radical, que só deve ser feito, no máximo, por três dias. Ficar
mais tempo sem comer nem beber é muito perigoso para a saúde. A
situação de Ester era muito grave, e pedia medidas drásticas! Ester e
todos que participaram do jejum gastaram muito tempo em oração.
Paulo também fez um jejum absoluto de três dias após seu encontro
sobrenatural com o Jesus exaltado (Atos 9:9). É preciso dizer que o
jejum absoluto é a exceção e nunca deveria ser praticado, a menos
que a pessoa tenha uma ordem muito clara de Deus, e por não mais
do que três dias.
Recomendações: Em nenhuma possibilidade faça esse jejum
por mais de três dias. Porém, se durante os 40 dias você for direcio-
nado a fazer esse jejum por três dias, esteja certo que você estará em
casa todo o tempo e que você de maneira nenhuma vai estar em casa
sozinho durante esse tempo específico.

JEJUM PARCIAL

O Jejum de tempo parcial é um jejum onde nos abstemos de


todo tipo de alimentos ou bebidas (exceto água), apenas por uma
parte do nosso dia, durante o período de 12 horas onde você pode
escolher como procederá (ex: 6h às 18h).
Alimentação indicada: Beba bastante água durante o dia. À
noite coma coisas bem leves (alimentos do jejum de Daniel e carne
branca) e evite laticínios, para não agredir o estômago. Dê preferên-
cia a comidas naturalmente calóricas.

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JEJUM DE LÍQUIDOS

Assim como no jejum de água, no jejum de líquidos também


evitamos todo tipo de alimento. A nossa dieta diária é baseada em
sucos de frutas, vegetais e vitaminas. Opte por frutas calóricas e
utilize o mel como açúcar natural.

RECOMENDAÇÕES:

• Esses jejuns estão aí para você ter mais de uma opção. Você
pode intercalar esses jejuns caso tenha necessidade ou for
direcionado dessa forma.
• Gaste tempo com Jesus, em contemplação, oração, adora-
ção e leitura das Escrituras, mais do que nos dias normais,
jejum sem oração é passar fome. Quando a rotina de casa o
permitirem, separe o tempo em que você normalmente se
alimentaria para oração.
• Durante os jejuns ficamos mais sensíveis a tudo. Por isso,
atente-se bem ao conteúdo de TV, cinema e músicas, pois
poderão lhe afetar mais.
• Crianças, adolescentes, idosos, gestantes e pessoas sob tra-
tamento médico devem consultar algum médico antes de
iniciarem o jejum.
• O jejum é uma decisão pessoal.
• Evite exercícios físicos.
• Antes de começar um jejum prolongado, muitos são ten-
tados a ingerir muita comida com o intuito de formar um

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estoque no seu corpo. Isto é muito imprudente! Refeições
ligeiramente mais leves do que o normal são melhores para
um dia ou dois anteriores ao jejum.
• Se a última refeição a estar no estômago é de frutas e vege-
tais frescos, você não terá dificuldade com prisão de ventre.
• Se abstenha de tomar café ou chá três dias antes de come-
çar um jejum longo.
• Em todos os tipos de jejum, esteja preparado para sentir
desconfortos físicos, como dores de cabeça, tonturas e
afins. Principalmente se você bebe muito café ou chá. Não
se preocupe, seu corpo está passando por um processo na-
tural de desintoxicação. Durante o jejum, beba bastante
água o tempo todo.
• Durante o jejum você pode sentir mais frio, simplesmente
porque o metabolismo do corpo não produz a soma cos-
tumeira de calor. Cuidando-se de manter o calor, não há
dificuldade alguma.
• Beba muita água. Tenha sempre com você uma garrafa.
Muitos acham que o melhor é água destilada. Se o gosto
da água lhe desagrada, pode adicionar uma colher de chá
de suco de limão.
• No começo é normal a perda de quase um quilo de peso
por dia, diminuindo para quase meio quilo diário à medi-
da que o jejum prossegue.
• Os primeiros três dias são geralmente os mais difíceis em
termos de desconforto físico e dores de fome. Provavel-
mente você sentirá algumas dores de fome ou desconfor-
to antes de terminar o tempo. O corpo está começando a
livrar-se dos venenos tóxicos que se acumularam durante
anos de deficientes hábitos alimentares, e o processo não é

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nada confortável. Você tem que ser o senhor de seu estô-
mago, e não seu escravo.
• No quarto dia as dores da fome começam a ceder, em-
bora você tenha sensações de fraqueza e tontura. A ton-
tura é apenas temporária, causada por mudanças súbitas
de posição. Movimente-se mais devagar e você não terá
dificuldade. A fraqueza pode chegar ao ponto em que a
mais simples tarefa demande grande esforço. Descansar é
o melhor remédio.
• Quebre seu jejum com uma leve refeição de frutas, vegetais
frescos.
• Não chame a atenção para o que você está fazendo. Os
únicos a saber que você jejua são os que devem saber.
• Um jejum prolongado deve ser quebrado com suco de fru-
tas ou de vegetais. A princípio, tomar pequenas quantida-
des. Lembre-se de que o estômago se contraiu considera-
velmente e todo o sistema digestivo entrou numa espécie
de hibernação.
• No segundo dia você deve poder comer frutas, e depois
leite ou iogurte. A seguir você pode comer saladas frescas
e vegetais cozidos. Evite todo molho de salada, gordura ou
amido. É preciso tomar o máximo cuidado para não comer
em excesso.

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