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No limiar do 3º Milênio FLS.

NO LIMIAR DO TERCEIRO MILÊNIO

INTRODUÇÃO

Caro Leitor:

As páginas deste pequeno manual são destiladas da experiência vivida


quotidianamente no trato com as outras dimensões, com os chamados mundos
dos espíritos.
São, também, o resultado de quinze anos de convivência com a angústia
humana, em todas as suas manifestações, do plano físico da moléstia ao plano
escorregadio da mente abstrata.
Destinam-se, portanto, àqueles que continuam na luta de trazer um
pouco de luz à escuridão dominante deste triste fim de era cósmica, àqueles
que abraçaram o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Todo supérfluo foi eliminado, toda a análise deixada para os que se
interessam em aprender os fenômenos da vida. Destina-se o livro, portanto, a
todas as mentes abertas a realidades sem nome, sem rótulo e sem
preconceito. Se há nomes e conceitos, são apenas marcos didáticos para
referência no relativo.
Este livro emergiu de uma comunidade mediúnica sui generis, uma
organização dos gurus, dos mestres tibetanos e indus, plantada num vaso
Kardecista. Mas, seu principal intento é trazer o Espiritismo para fora do
Espiritismo. Espiritismo, como todas as doutrinas e religiões, é apenas um
meio de se chegar a um fim, e esse fim, leitor, é Você.
Pouco importa quem seja Você. Importa desperta-lhe a consciência de si
mesmo, para que Você possa prosseguir na sua trajetória milenar. Prosseguir,
porém mais consciente, mais equilibrado, mais senhor de suas próprias forças,
mais feliz.
Essa obra não tem um autor, no sentido comum da palavra. Apenas um
médium Doutrinador-Receptivo captou as instruções dos Mentores, trazidas
pela Clarividente Neiva, e sintetizou-as em palavras. Traz, porém, a chancela
da Corrente Indiana do Espaço, cuja organização, na Terra, é a “Ordem
Espiritualista Cristã”, no Vale do Amanhecer.
É, também, incompleto. Um momentum didático num trecho do caminho
iniciático. Quando necessário, novos ensinamentos virão, outras formas
gráficas, novas sínteses e, talvez, algumas análises.

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As possíveis irreverências à Ciência existem, apenas, porque a obra se


destina a todos e, além da Ciência, existe um conceito de Ciência dos que não
são cientistas. Que os cientistas nos relevem a ousadia.
A forma direta e a linguagem íntima se devem ao fato de que esse
trabalho se destinava apenas à distribuição interna, entre nossos médiuns. Foi
impresso para distribuição mais ampla porque foi decidido que assim seria
mais útil.

Vale do Amanhecer, maio de 1972


MÁRIO SASSI, TRINO TUMUCHY

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CAPÍTULO I
FUNDAMENTOS DO MEDIUNISMO

O SER HUMANO E OS SERES DE OUTRA NATUREZA

O Universo é infinito, fora da nossa capacidade conceptual. Concebemos


apenas galáxias e sistemas, mediante alguma verificação e muita imaginação.
Nossa Terra pertence a uma galáxia e a um sistema. No
dimensionamento relativo, ela está para a galáxia como um grão de areia está
para uma praia. No sistema, ela é um dos menores planetas.
Em nosso planeta existe um processo biológico com base em partículas
diminutas. Essas partículas se organizam em formas de vida que denominamos
minerais, vegetais e animais.
Dentre as muitas formas, a mais aperfeiçoada é o animal chamado
Homem ou ser humano. O Homem se caracteriza pela consciência que tem
de si mesmo.
O ser humano, como espécie, não sabe sua origem e nem qual será o
seu fim. Tem, porém, a capacidade de especular sobre ambos. É, portanto,
uma reta entre dois pontos desconhecidos, do menos infinito ao mais infinito.
O sistema de verificação no planeta Terra é feito através dos sentidos.
Os fatos são armazenados num processo chamado memória e transmitidos,
de geração para geração, por meios variados e variáveis.
Os sentidos são adequados a uma determinada faixa vivencial e limitados
no tempo e no espaço. Para cada forma de vida existem sentidos apropriados.
O sistema de memória permite a continuação das espécies. Ela existe na
intimidade das partículas e nos arquivos complexos da Humanidade. A escolha
de um conjunto de memórias proporciona a existência, por tempo
determinado, de um tipo humano ou uma espécie.
Além dos seres verificáveis pelos sentidos, há outros seres, outras
formas de vida, cuja existência é admitida pelos efeitos na vida. Deles, o
Homem tem menor consciência, dada sua própria natureza.
Mas esses seres agem e interagem e seus efeitos só são percebidos
quando se fazem sentir no âmbito dos sentidos, nos chamados plano físico e
plano psíquico.
Esses seres fazem parte da Biologia e integram a vida.

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ESPÍRITO, ALMA E CORPO

Os sentidos humanos registram no Homem um aspecto palpável: o


corpo; e um aspecto sensível, mas impalpável, a psique ou manifestações
psicológicas. O físico e o psíquico conjugados formam a personalidade – o ser
humano diferenciado, característico e único.
O corpo é formado pelo sistema de memória física, ou seja, a herança
atávica transmitida pelos genes, partículas submicroscópicas da intimidade
celular.
A psique, ou alma, é gerada pela convergência da memória física e do
aprendizado recebido do meio ambiente. Ambos se originam de outros
indivíduos, outras personalidades.
Além das atividades psicofísicas, o indivíduo apresenta outro tipo de
manifestação, cujas origens não são do corpo ou da psique. Essas pertencem a
outra ordem de memórias a que chamamos espírito.
Portanto, o Homem é levado à ação mediante três tipos de estímulos: o
físico, o psíquico e o espiritual.
A memória física, impropriamente chamada instinto, é regida, na sua
reação, pelo condicionamento do mundo físico, do meio ambiente. Reage
através do sistema nervoso do grande simpático ou neurovegetativo.
A memória psicológica, ou da psique, interage por processos seletivos,
que proporcionam a ação consciente dos sentidos e se faz paralelamente à
percepção inconsciente, ou subliminar. O processo seletivo escolhe imagens,
formando as idéias e estas associadas formam o pensamento.
A memória espiritual existe e funciona num plano adimensional, num
organismo paralelo ao conjunto psicofísico, que denominamos espírito. A
herança do espírito transcende o tempo, pois representa o acervo de muitas
vidas.
Como conseqüência das três faixas vibratórias – a física, a psíquica e a
espiritual –, todas agindo no mesmo veículo, o ser humano apresenta
variações de comportamento a cada momento. A hegemonia de uma ou outra
faixa determina a tônica que caracteriza uma pessoa. Ela é
predominantemente animalizada, psíquica ou espiritualizada. Essa tônica varia
conforme as circunstâncias, principalmente em função da idade.

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O MUNDO E AS DIMENSÕES

O Universo é um todo contínuo e em perpétuo movimento. Ele é


concebido pelo Homem conforme o conjunto instrumental aplicado na
observação: sentidos físicos, psicológicos ou espirituais. A imagem resultante
varia conforme o indivíduo e seu dimensionamento. Existe, pois, um Universo
físico, um psicológico e outro espiritual. Visto pelos sentidos, ainda que
ampliado pelos instrumentos, ele se apresenta composto de corpos celestes e
fenômenos conhecidos, relativamente, até onde alcança esse tipo de
verificação. Visto pela psique, em termos interpretativos e de abstração, é
intuído, deduzido ou induzido. Forma-se, assim, um pensamento, ou
interpretação, que varia com o tempo e as circunstâncias.
Já a interpretação espiritual do Universo é feita pelo sentido religioso,
uma percepção indefinida de fatos que escapam à racionalização, tanto física
como psicológica. Classifica-se, pois, de mundo espiritual tudo o que escapa
ao sistema indutivo ou dedutivo.
Cada um dos planos ou universos se caracteriza por faixas vibratórias,
movimentos, cujos limites são perceptíveis. Isso pode ser verificado na
experiência quotidiana de qualquer ser humano. O Homem pode saber qual o
estímulo que ocupa seu campo consciencional, a cada momento, bastando
para isso o senso comum de observação.
Existem uma dimensão física, uma psicológica e outra espiritual. As três
coexistem simultâneas e ocupam espaços de acordo com o seu grau de
vibratilidade. A vibração de cada um determina a organização das partículas
componentes.
Assim, o mundo físico tem uma organização molecular de densidade
variável, mas de limites definidos, caracterizados na estequiometria dos corpos
simples. O mundo psicológico movimenta corpúsculos que se caracterizam na
sua organização pela extremada velocidade. A percepção desses movimentos
exige receptores de alta gama vibratória. Sua ação se traduz pelo som, pelo
calor e pela luz em suas múltiplas manifestações, que escapam aos sentidos
comuns, mas cuja existência é incontestável.
A organização do mundo espiritual, embora situada em termos
corpusculares, é de difícil conceituação, pois sua movimentação escapa
completamente à sensibilidade sensorial. Sua percepção é feita por processos
que, embora verificáveis nos efeitos, são imponderáveis na estrutura e na
mecânica.

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O campo consciencional – a sede dessas percepções, é chamado o eu,


uma abstração definida, uma quarta dimensão nitidamente separada das
outras três.
Eu sinto o meu corpo, percebo a minha psique e sou obrigado a admitir a
presença do meu espírito – simultaneamente. Mas, sou sempre o eu, algo
separado do meu corpo, da minha alma e do meu espírito, pois registro todos
eles.

A RELAÇÃO INTERDIMENSIONAL

Na continuidade universal, o mais vibrátil de um plano se liga ao menos


vibrátil de outro plano. Forma-se, assim, um campo neutro, uma zona
intermediária que possibilita a homogeneização, a comunicação de um plano
para outro. Podemos fazer uma analogia: uma pedra jogada para o alto ao
perder o impulso, começa a cair. No momento intermediário, quando pára de
subir e começa a cair, ela é regida por força diferente das duas outras: a que a
fez subir e a que faz cair.
Existe, pois, uma lei, um regime que governa as relações entre as
diferentes dimensões, algo entre dois planos. Esse algo é um “meio”, ou
usando a expressão latina, um medium. Essa a origem do neologismo
brasileiro médium.
Toda ação no Universo é feita por algo intermediário e isso pode ser
facilmente observado pelo senso comum. Quanto mais complexo é o
organismo, maior é sua ação intermediária. O Homem, o ser humano, é um
médium por excelência. Ele recebe energias e as transforma, adequando-as a
cada setor do universo que o cerca. Ele é mais importante por ser portador de
um espírito, um espírito para cada conjunto psicofísico. Por isso, ele é
diferenciado dos outros seres. Os outros, qualquer que seja sua natureza, são
portadores apenas de corpos e psiques ou almas, o princípio organizador e
mantenedor da vida. A alma é maior ou menor, segundo a complexidade do
organismo que anima. Ela mantém vivo, dá a vida, dirige o organismo em suas
relações com o meio. Esse meio é limitado – tem um sentido horizontal; não
cria, apenas transforma. Só o espírito traz uma finalidade, um rumo, um
objetivo. Só ele tem um sentido vertical, mais amplo, ilimitado em relação à
natureza.
O momento, isto é, o ato de fazer um contato entre dois campos
vibracionais, dois planos, é que estabelece a individualidade. Ele diferencia o

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estado intermediário, o campo de encontro, porque esse momento não


pertence nem a um nem a outro dos planos que se encontram.
Esse ponto morto de dois campos gravitacionais é semelhante ao
conceito de morte – a passagem de um plano para outro. Talvez, seja a isso
que Jesus se referia, quando disse que “é preciso morrer para ter a vida”, isto
é, nascer de novo. Sem a exaustão do percurso de um campo vibratório não se
pode penetrar em outro campo, noutra dimensão.
Esse é o sentido profundo, mas exato, verificável, de fácil percepção das
relações interplanos.

DEFINIÇÃO DE MÉDIUM

Abordamos o sentido generalizado de médium: o ser humano como


intermediário – recepção e emissão – de muitas forças.
O espiritismo tradicional, ou mais precisamente, o Kardecismo,
conceituou o médium como o ser humano excepcional, portador de poderes
psíquicos que possibilitam o contato com os chamados espíritos. A
conceituação kardecista de espírito é ampla e abrange muitas categorias. Mas,
o sentido desenvolvido na prática foi o do contato com espíritos que já tenham
tido corpos, isto é, já tenham sido seres humanos. Essa preocupação reduziu a
grandiosidade do Kardecismo e o espiritismo arcou com o ônus de ser a
doutrina dos mortos – o que o Kardecismo não é realmente.
Mais de cem anos depois, talvez sob a inspiração do próprio Kardec,
verifica-se que não existem poderes psíquicos especiais, mas apenas emissão
de forças, energias naturais comuns a todos os seres humanos. Vê-se também
que todos os seres humanos usam essas energias, pois, sendo elas naturais e
integrantes do processo biológico normal, ser-lhes-ia impossível deixar de usá-
las.
Outro fato tranqüilo é o relacionamento interplanos, o contato entre as
dimensões, a osmose universal. Esse fato só permanece obscuro porque se
convencionou que contato é o que se faz pelos sentidos, convenção essa fácil
de ser derrubada no moderno pensamento científico.
Se admitirmos, pois, a existência de espíritos, seres atômicos,
moleculares, cujo habitat é outra dimensão vibracional, somos obrigados, por
definição, a admitir a relação desses espíritos com os seres físicos –
naturalmente.
O contato se faz com mais precisão pelo ser humano, por ser este
portador de um ou mais espíritos. Um ou mais, porque, no caso das

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obsessões, mais de um espírito habita o mesmo corpo, formando a base das


esquizofrenias.
A conscientização do mecanismo desse contato, que é feito à nossa
revelia, é que diferencia o médium natural do médium no sentido espírita da
palavra.
O desenvolvimento da técnica de contato conscientemente, permite ao
médium ir além do relacionamento com seu próprio espírito e controlar o
fenômeno, também natural, de relações com outros espíritos.
Médium é, pois, um ser humano normal que utiliza conscientemente suas
faculdades mediúnicas. Mediunismo é o conceito organizado desse processo.

MEDIUNIDADE E MEDIUNISMO

Mediunidade é a faculdade, a maneira como essa energia se manifesta


no ser, seja ele humano ou não. É uma energia que emana do corpo físico e se
conjuga, na sua manifestação, com o mecanismo psicofísico. Basicamente, ela
é igual em todos os seres, porém, varia em teor, quantidade e forma, de um
para outro. Não existem dois médiuns iguais, como não existem dois seres
humanos iguais. Mas todos são médiuns na sua condição de seres humanos.
Mediunismo é o conjunto técnico-doutrinário que estabelece as maneiras
de manipulação da mediunidade. Suas bases repousam nas mais profundas
raízes da Humanidade, uma vez que sempre existiu como parte integrante
dela. É um pouco ciência, arte, religião e bom senso.

MEDIUNISMO E PARAPSICOLOGIA

Charles Richet analisou os fenômenos, considerados paranormais, pelo


método da observação científica, e é considerado o “pai da Parapsicologia”.
Allan Kardec, observando os mesmos fenômenos, classificou-os por
métodos diferentes, e é considerado o “pai do Espiritismo”.
O primeiro reduziu o fenômeno ao âmbito do conjunto psicofísico e
ignorou a presença do fator espírito. O segundo considerou o fator espírito e
dimensionou o fenômeno em termos religiosos.
Se os dois métodos de observação, ambos válidos e perfeitamente
aceitáveis, continuassem em paralelo, a Parapsicologia se tornaria Espiritismo
e este se tornaria Parapsicologia. Se ambos caminhassem para um
denominador comum, ambos se tornariam Mediunismo.

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Assim se apresenta o fenômeno nos dias atuais. A Ciência procura


determinar a existência do espírito no laboratório, e o Espiritismo procura uma
ciência do espírito. Ambos permanecem ainda inconclusos.
O fenômeno, porém, sempre existiu e não depende de métodos ou de
conceituações para existir. É, pois, um contra-senso querer eliminar um em
benefício do outro. A Parapsicologia é tão válida quanto o Espiritismo, e vice-
versa. Se o fenômeno que ambos observam é o mesmo, ele acabará por se
evidenciar, graças exatamente às experiências cada vez mais intensas em
torno dele.
Sempre que um parapsicólogo provoca um fenômeno dessa natureza, ele
põe em funcionamento os mesmos mecanismos que um espírita poria. O
primeiro atribuirá os resultados aos poderes ocultos do ser humano; o segundo
os considerará como poder dos espíritos.
Conclui-se daí que as posições assumidas são apenas de conceituação
filosófica, o que absolutamente não afeta o fenômeno. O Mediunismo, como
perspectiva ampla, irá atenuar essa luta inócua.

A ORGANIZAÇÃO CRÍSTICA

No seio das inúmeras civilizações que já existiram neste planeta, sempre


houve sistemas de relacionamento interplanos. Se observarmos, para a
medição do tempo, não importa qual seja o calendário, verificaremos o registro
de ciclos relativamente iguais em períodos diversos. Dentre eles, o mais
simples para nossa observação, é o de dois mil anos. Nesses ciclos observa-se
certa regularidade nos acontecimentos que os caracterizam. Talvez, quando a
História for mais científica, isso possa ser verificado com maior acuidade.
Assim é que vemos o Cristianismo. A vinda de Jesus ao planeta não só
foi precedida por uma série de fatos inusitados, mas também seguida por
eventos cuja trajetória pode ser traçada com nitidez.
Tais fatos, observados em conjunto, nos dão a idéia clara de
organicidade e dinâmica, apesar do seu registro se fazer sempre em relação a
outros movimentos da História.
Se olharmos com isenção podemos detectar claramente a Organização
Crística.
A resistência do Evangelho a todas deformações e as muitas práticas em
nome de Jesus demonstram, claramente, a existência de um sistema, uma
organização fundamental que resiste a todas as interpretações.

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Dentre as muitas coisas sugeridas no Evangelho, emerge com clareza a


organização mediúnica. O apostolado e toda a gama de missionarismo nos dão
idéia clara do sistema intermediário entre o Céu e a Terra. Assim nasceram as
religiões e as idéias do ser neutro – em da Terra nem do Céu, os pontos
mortos do alto da lei física.
Hoje, pode-se falar claramente em termos de plataformas espaciais, que
são as casas transitórias do Espiritismo, mundos organizados como pontos
intermediários entre duas dimensões vibracionais. Se observarmos o
Evangelho sem preconceitos, encontraremos um tratado técnico de
Mediunismo.
Entretanto, é preciso lembrar que o Mediunismo é uma das facetas do
Evangelho e do ser humano. A mediunidade é, apenas, o elemento de ligação
entre as atividades sutis do espírito e a trajetória do Homem na Terra.

MEDIUNISMO E RELIGIÃO

Religião é um conjunto de conceitos que procura estabelecer uma ligação


entre dois pontos desconhecidos – o princípio e o fim das coisas.
Por ultrapassar os limites do verificável pelos sentidos, ela estabelece a
fé, a crença, como norma de aceitação. Como esses conceitos variam no
tempo e no espaço, formam-se religiões características em determinados
momentos sociais.
Basicamente, consiste numa forma padrão de comportamento que
estimula, além do conjunto psicofísico, o mecanismo espiritual. A prática
religiosa procura despertar as forças latentes dos seres humanos no sentido de
servir a Deus, em detrimento da tendência natural de servir ao Diabo, Deus e
Diabo representando forças opostas e extremadas. Em todas as religiões, as
duas figuras emergem com nomes e representações as mais variadas.
Como a religião considera o espírito fator fundamental, ela manipula,
com toda naturalidade, as forças naturais de ligação, os pontos intermediários
– o Mediunismo.
Concluímos, pois, que a mediunidade é a força básica e instrumental de
todas as religiões e o principal fator da atitude religiosa. O estudo do
mecanismo das religiões leva-nos a distinguir facilmente as práticas
mediúnicas.
A não aceitação desse fator torna a religião motivo de angústia e
sofrimento, quando deveria ser exatamente o contrário. Cada ser humano traz

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consigo sua programação própria, sua maneira de servir o destino. Traz,


também, as forças necessárias, as armas próprias para a ação.
A tentativa de padronização do comportamento produz a angústia. É
desumano viver-se sob o peso do medo, pecando não contra a consciência,
mas contra um conjunto de textos.

MEDIUNISMO E CIÊNCIA

A Ciência é uma religião às avessas.


No tempo de Pasteur chegava-se a ridicularizar a idéia da existência dos
micróbios. Como conseqüência, matava-se cientificamente por falta de
assepsia. O mesmo aconteceu aqui no Brasil com relação à febre amarela. Os
jornais da época estão cheios de charges que ridicularizavam Oswaldo Cruz e a
vacina.
Allan Kardec foi o Pasteur do mundo invisível do espírito. Só que o tempo
ainda não foi suficiente para sua valorização universal.
Entretanto, a fenomenologia deste fim de ciclo irá trazer à luz os
fenômenos espirituais com tal evidência, que a Ciência terá que se voltar para
eles e colocá-los no lugar devido.
Além do processo reencarnatório, o Mediunismo evidencia a existência do
ectoplasma e, com base nesses dois fatores, a Ciência irá encontrar elementos
que se coadunem com a atitude científica.
Segundo literatura recente, dão-nos conta de que na Inglaterra, os
cientistas conseguiram registrar um tipo de energia, batizado de Fator L. Em
São Paulo, o cientista Hernani de Guimarães Andrade escreveu um ensaio
denominado “Teoria Corpuscular do Espírito”. Em todo o mundo se estuda o
sistema de fotografia chamado Efeito Kirlian. Poderíamos citar ainda inúmeros
exemplos do interesse da Ciência pelo mundo invisível do espírito. Mas nos
preocupa o fato de tais estudos estarem ainda no nascedouro e, enquanto isso,
milhares de seres humanos estão perdendo sua oportunidade neste planeta.
O Mediunismo, com toda sua simplicidade, poderá apressar o processo
científico e oficializar os meios de reequilíbrio humano, tanto no campo físico
como no psicológico.
Não existe conflito entre a atitude científica e a manipulação mediúnica.
Ao contrário, ambos podem se beneficiar se tomarem caminhos convergentes.

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CAPÍTULO II
A VIDA FORA DO MUNDO FÍSICO

A ENCARNAÇÃO

“Na casa de meu Pai existem muitas moradas” – a expressão evangélica


é o paradigma de referência para a crença na habitabilidade de outros
mundos. Mas, pouco ou nada sabemos como os espíritos moram nessas
paragens, como são seus corpos ou sua vida social. Admitindo a reencarnação,
teremos que acreditar que o espírito vem de algum lugar organizado e no
âmbito de um planejamento reencarnatório. A literatura espírita nos traz
algumas revelações, as quais, devidamente escoimadas do formalismo
humano, se coadunam perfeitamente aos objetivos desta doutrina.
Assim, podemos aceitar que o espírito vem de um sono hibernal e que
traz, no âmago do seu ser, a memória sintética das experiências anteriores.
Ele vem para a Terra a fim de completar o ciclo dessas experiências, retificar
os erros de sua trajetória ou retomar alguma tarefa interrompida em
encarnação anterior.
Além da razão do espírito vir para a Terra, existem muitas perguntas em
torno das finalidades da existência humana. Cremos, porém, que as respostas
serão sempre aleatórias, pois se trata de especulação da mente divina, fora da
nossa capacidade psicológica.
Mas, se o espírito traz consigo sua memória de atividades anteriores,
temos que aceitar ser a atual a resultante dessas experiências, desse
condicionamento. O equilíbrio do Homem consiste, justamente, em harmonizar
suas três faixas vibratórias com o mapa desse roteiro. O ser humano só é
equilibrado quando vive em paz consigo mesmo, com os caminhos que
escolheu anteriormente, com a trajetória de seu próprio espírito.
O processo reencarnatório é a morte às avessas, a exaustão da vivência
em determinada faixa e o início em outra faixa – o espírito deixa um mundo e
penetra em outro. O sistema gestatório é a forma mais perfeita para essa
transferência. As vibrações sutis que presidem a fecundação e a formação do
ser têm justamente as condições estáticas do ponto morto da Física.
O anseio que preside a alma de retorno às origens, a imensa saudade
das condições pré-natais, tem sua origem nesses momentos de não ser, que
vão desde o ato do amor até o nascimento, quando cessa o não ser, não
existir, e se chora por se tornar um ser que passa a existir. É o mistério do
amor, da criação.

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GUIAS E MENTORES

No vasto planejamento sideral, o ser tem sua reentrada no planeta bem


delineada.
Como acervo, ele traz consigo as conquistas de sua trajetória anterior,
de todos os recantos do Universo onde haja passado.
Embora seja único, na complexidade do seu vir a ser constante, sua
existência é sempre relacionada com outros seres que também fazem suas
trajetórias.
O ser percorre trechos diversos, com seres variados, porém sempre
ligados entre si no caminho maior. Assim, núcleos, átomos, moléculas, células,
falanges de espíritos afins, em gigantesco concerto, percorrem universos,
formando hierarquias infinitas.
Uns são instrutores de outros, alguns num plano, outros noutro, alguns
descendo para o vértice involutivo, outros subindo para a meta evolutiva.
Guias e Mentores são os espíritos responsáveis pela etapa terrena de
outros espíritos.
O Mentor é o espírito zelador do programa que o espírito delineou para
si na presente encarnação.
Como o engenheiro que acompanha a obra em andamento, ele assiste o
espírito na sua personalidade transitória. Obrigado a respeitar o livre arbítrio
do seu tutelado, ele usa de todos os meios possíveis para que ele obedeça à
planta da obra, sem arranhar a sua liberdade.
Um espírito pode ser o Mentor de vários espíritos, embora se apresente a
cada um deles com uma roupagem diferente.
Guias são espíritos amigos do encarnado que o ajudam na realização de
sua missão. O Mentor é o responsável pelo destino cármico e pelo êxito de
uma existência.
A vida na Terra é como um curso universitário. O aluno escolhe as
matérias, faz o vestibular, as provas, e sai diplomado ou não, conforme tenha
sido bom ou mau aluno. O Mentor eqüivale ao reitor e os Guias são como os
professores.
Como na escola, a vida terrena é livre e depende do livre arbítrio do
Homem.
No Mediunismo, o Mentor é o espírito que assiste o médium na sua vida
e com ele trabalha em suas linhas mestras. Os Guias são os espíritos que
trabalham com os médiuns na execução de suas mediunidades.

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Assim como os professores na Terra têm muitos alunos, os Mentores


celestiais também têm muitos tutelados, e os Guias muitos alunos.

A RECEPTIVIDADE DOS SERES HUMANOS

O aparelho humano é o mais complexo e sensível receptor e transmissor


da Natureza. Os outros animais têm alguns sentidos mais apurados, como o
cão ou a borboleta, porém sempre no rumo de especialização ou finalidade
restrita, afeitos ao plano denso da organização física. Há muitos mistérios nos
mundos animal, vegetal e mineral que ainda não foram decifrados pelo
Homem. Mas, verifica-se que as ações são sempre relacionadas com a
sobrevivência física do indivíduo e da espécie. A Ciência nos mostra isso cada
vez com maior acuidade e clareza.
As deficiências do Homem são apenas aparentes. Ele não consegue
perceber o som tão bem como o cão, mas sua capacidade seletiva lhe permite
registrar mais que o cão. Verifica-se, então, que a Natureza tomou cuidados
especiais em preservar a tônica humana, para a gama sensorial estritamente
indispensável para a vivência física. Aldous Huxley, na sua obra “Às Portas da
Percepção”, nos mostra como a função enzimática é redutora dos sentidos.
O hábito de se fechar os olhos para se concentrar em algo especial
evidencia isso com muita propriedade. Procedemos assim para eliminar os
estímulos visuais do exterior e, com isso, nos tornarmos mais sensíveis aos
estímulos da memória. Para sermos mais receptivos ao nosso mundo
psicológico, diminuímos o máximo a recepção aos processos físicos.
Somos senhores da técnica seletiva e atendemos ao mundo físico ou ao
mundo psicológico, conforme nossos interesses. Este trabalho pretende
mostrar o que fazemos para a recepção às emissões de nosso mundo espiritual
e como melhorar essa técnica seletiva.

A RECEPTIVIDADE MEDIÚNICA

Mediunidade é uma forma de energia, partículas em movimento e,


portanto, condutora. Sua vibração supera as dos mundos físico e psicológico.
As coisas que acontecem pelo processo mediúnico são muito mais rápidas que
as que acontecem no físico ou no psíquico. Um Homem está vivendo, isto é,
digerindo, movimentando etc., seu cérebro está pensando e os processos são
interdependentes com certa sintonia. Mas o campo vibratório do seu
pensamento é sempre mais rápido que o da sua vivência física. Ele pensa ou

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faz de acordo com seu interesse no momento. Seu campo consciencional está
focalizando numa ou noutra forma de ação (pensar ou fazer são apenas formas
de ação).
Enquanto pensamos ou agimos, nosso espírito também age, através do
processo mediúnico. Sua ação é semelhante à do mágico, que tira a toalha da
mesa sem entornar os copos e as garrafas.
Decidimos, com base nos processos lógicos, porém, por trás de todas as
decisões, está o substrato de nosso espírito que, às vezes, nos leva a
caminhos inesperados.
Cada campo vibratório é pleno de agentes relacionados entre si. Assim é
que fazemos nossos contatos particulares, nosso ambiente. Existe, pois, com
toda naturalidade, um ambiente físico, um psicológico e um espiritual.
Com isso, pode-se colocar tranqüilamente o Mediunismo junto à
Fisiologia e à Psicologia.
Para a Ciência do Homem se tornar mais completa falta apenas admitir o
fator espírito/mediunidade e a psicossomática se tornar espírito/psicossomática
ou, simplificando, Somática.
Há, pois, muita objetividade, muita clareza no relacionamento do Homem
com seu espírito, desde que admitamos como natural a existência autônoma
do espírito. Como conseqüência lógica, teremos que admitir o relacionamento
do Homem com outros espíritos sem alma e sem corpo.
Embora devamos ter certa cautela na classificação, poderemos dizer que
uma pedra, um pedaço de madeira, uma célula ou um cadáver seriam simples
corpos. Um ser humano possui um corpo, uma alma e um espírito. Um espírito
desencarnado é um ser humano que tem uma alma e um espírito, mas não
tem corpo físico. Um espírito puro não tem alma nem corpo.

O DESENCARNE

Terminado o curso na escola da Terra, o espírito deixa o corpo e penetra


em outras dimensões. Como bagagem, ele leva consigo alma, e a conserva
enquanto está a caminho. Para que a alma subsista ao desencarne ela separa
do corpo físico parte do sistema nervoso, a estação central, onde todo o
sistema da personalidade está concentrado.
Enquanto o espírito está ligado à alma, ele é obrigado a permanecer no
campo vibratório dela e fica sujeito às leis que regem esse plano.
Da mesma forma que a alma se alimenta, no ser vivo, das energias sutis
produzidas pelo corpo, ela continua se alimentando depois do desencarne.

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Como não tem corpo para seu sustento, ela passa a se alimentar de outros
corpos e isso estabelece o relacionamento inevitável entre vivos e mortos.
Isso explica toda uma série de fatos estranhos que acontecem na Terra e
que devem ser examinados com simplicidade, se quisermos nos equilibrar em
relação ao todo.
O desencarne é simples e difícil ao mesmo tempo, e exige assistência,
tanto no plano espiritual como em nosso plano. Se o paciente é bem ou mal
assistido, isso depende da maneira como viveu.
O processo dura cerca de vinte e quatro horas, no desencarne
considerado normal, isto é, o que se dá por moléstia. Depois do último suspiro,
ou seja, a cessação do processo metabólico, o espírito deixa o corpo e se
coloca pouco acima dele, em posição inversa relação à cabeça, se o paciente
estiver deitado em decúbito dorsal.
A partir desse momento, começa a absorção do acervo da personalidade
que acaba de morrer. Na medida em que o espírito vai recebendo os fluídos e
emanações, ele vai formando um novo corpo, e este vai se distanciando do
cadáver. Terminado o processo, o novo habitante do mundo invisível se afasta
e o corpo inanimado entra em decomposição.
Nesse mundo, o espírito, com toda a bagagem, entra no estado
semelhante ao do indivíduo que acabou de falecer. Ele ainda é considerado um
cadáver, até que o destino tomado lhe dê condição de vivente do plano em que
se encontra.
Essa é uma idéia generalizada sobre o desencarne. É preciso, porém, não
esquecer que cada ser humano tem sua própria maneira de morrer, assim
como teve a de viver.
Nesse processo, o sistema nervoso desempenha um papel importante.
Como um esquema de memória, ele representa a base material onde se
agrega o acervo recebido. Isso explica certas moléstias cármicas, que têm
origem na existência anterior.
Se o desencarne se deu por outros meios que não a moléstia, digamos
num desastre, o mecanismo é mais ou menos o mesmo. A diferença é que o
desencarne se processa antes do ato traumático. A pessoa que dirige um carro
que irá chocar-se dali a alguns instantes (ou mesmo horas), já tem o seu
desencarne feito.
Livre do envoltório físico, o espírito é encaminhado a um lugar no espaço
que, em nossa corrente, é chamado de Pedra Branca. Nesse lugar
dimensional ele fica entregue a si mesmo, durante um tempo equivalente a
sete dias da Terra. Ali ele chora, maldiz, rejubila-se, alegra-se ou se entristece,

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na medida em que vai tomando conhecimento do que lhe aconteceu. Seu


despertar é o momento solene do exame de consciência sem as distorções do
mundo sensorial e dinâmico.
Após esse período, em se tratando de uma criatura comum, o Mentor o
apanha na saída e o traz para a superfície, em busca do fluído necessário para
a viagem ao destino merecido.
Esse é o momento crítico do recém-desencarnado.
Se cumpriu seu destino e exauriu seu carma, ele abandona o plano físico
e é levado para uma estação intermediária do etéreo, conforme a falange ou
família espiritual a que pertence. Nessas casas transitórias ele se prepara
para voltar ao planeta de origem, onde estava antes de vir à Terra.
Devido às condições difíceis desse período, o espírito é chamado de
sofredor. Esse estado pode durar apenas alguns dias ou séculos. Isso
depende somente dele. Se o Mentor não consegue encaminhá-lo logo após a
volta de Pedra Branca, ele o deixa entregue ao próprio destino, pois terminou
sua missão junto àquele espírito. Esse se torna, assim, um espírito errante,
que vai, aos poucos, perdendo a identidade, atraído por outros espíritos nas
mesmas condições, para as macumbas e ambientes semelhantes.
Há, pois, duas maneiras básicas de um espírito cumprir seu destino na
Terra. A normal é a luta como ser vivo, com suas tramas, conflitos, reajustes,
vitórias e derrotas, até a exaustão de todos os compromissos. A outra é a da
fuga, do suicídio lento e ausência do aproveitamento das oportunidades
evolutivas. Isso leva ao parasitismo e à dependência do meio ambiente, que
resulta no desencarne com dívidas ainda por saldar.
Nessa condições, o desencarnado é obrigado a permanecer na Terra, e
se torna um sofredor. Mas a misericórdia divina, ainda assim, lhe dá novas
oportunidades, pois ninguém é abandonado nesse mundo de Deus.
Com os fluídos emanados do plexo solar dos médiuns de incorporação e
com a doutrina fluídica dos médiuns Doutrinadores, ele consegue sua
redenção, completa sua trajetória e vai se preparar para novas encarnações.

ESPÍRITOS SOFREDORES

Sofredor e, portanto, o espírito desencarnado que permanece no plano


da Terra, nos submundos que circundam a superfície. Chama-se, também,
espírito errante, alma do outro mundo e outros nome que as superstições e as
crendices os denominam. Sua situação é análoga à de uma pessoa
marginalizada, sem endereço ou emprego fixo.

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No plano em que vive, não existe a luz solar, o som e outras formas
energéticas do plano físico. Aí ele se liga a outros espíritos nas mesmas
condições, e forma com eles falanges e até legiões.
O tempo de permanência nessa situação varia conforme o destino de
cada um, até a exaustão de seus compromissos ou resgate no Sistema
Crístico, nas suas múltiplas manifestações mediúnicas.
Ele se alimenta das energias sutis e fluídicas dos seres humanos, do
ectoplasma colhido de plantas, animais, trabalhos de macumbas e outras
fontes desconhecidas dos humanos.
Possui um peso molecular variável com sua densidade. Quando
doutrinado e fluidificado a um ponto ideal, adquire leveza suficiente para ser
magneticamente levado para os postos de socorro espiritual.
Ele se liga ao ser humano pela gradação vibracional e só encontra acesso
quando a vibração do encarnado desce até à sua. Normalmente, sua influência
é neutralizada pelo mecanismo biológico em seu contexto psicofísico. Essa
relação é análoga aos fatores simbióticos do ser físico: respiramos micróbios e
impurezas e os neutralizamos com nosso mecanismo de defesa. Se esse
mecanismo enfraquece, ficamos doentes.
Da mesma forma, se nosso padrão vibratório é baixo, nós somos
tomados, carregados, espiritados, etc. Esse mecanismo determina a posição
voluntária de cada ser humano. Ele é responsável pelo seu padrão e, por
conseqüência, pela companhia em que vive a cada momento de sua vida.
O Evangelho é um manancial de lições a esse respeito, pois nele
encontramos inúmeras citações de problemas de passagem e redenção de
sofredores. A mais notável é aquela em que Jesus dá passagem a uma legião
de espíritos através de uma manada de porcos. Naquele tempo, havia tantos
espíritos desencarnados, ainda na Terra, que era comum um Homem ser
portador de mais de um espírito, havendo casos em que muitos espíritos
habitavam o mesmo corpo, como no caso acima.
O Sistema Crístico, adequado aos dois mil anos que se sucederiam ao
nascimento de Jesus, incluiu a organização das casas transitórias e, já no
tempo do Mestre, elas entraram em funcionamento.
De muita flexibilidade e previsto para as mais variadas situações, o
Sistema foi se espalhando pelo planeta, tomando as aparências mais diversas,
conforme as épocas e lugares. Assim, nasceram mitos, religiões, doutrinas e
práticas esotéricas, em cujas raízes se encontra, sempre, a base do sistema
mediúnico.

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No Brasil de hoje, o Sistema se chama sessão espírita, trabalho de


sofredores, passagem, sessão de doutrina, etc.
É preciso que se note, entretanto, que o Mediunismo independe, no seu
mecanismo básico, de um trabalho organizado. Os socorristas espirituais se
aproveitam de qualquer circunstância humana, principalmente reuniões de
pessoas, para fazerem a passagem dos espíritos sob sua responsabilidade.
Nesse caso, qualquer ser humano atua como médium, mesmo sem o saber.
Mas o esquema só funciona em sua plenitude quando sob os auspícios do
Evangelho. A técnica da passagem é acessível a qualquer um, porém, a moral
e as razões mais profundas somente são do domínio de pessoas evangelizadas.
É, também, natural que, em épocas de transição, como é a nossa, a
necessidade de trabalho seja maior.
Cumpre notar que se torna muito difícil, senão impossível, qualquer
doutrina religiosa evoluir sem a preocupação com os sofredores. Esses
asfixiam os grupos pelo simples fato de seus componentes serem humanos e
possuírem, gostem ou não, seus plexos epigástricos – o Sol Interior.

EXUS E OBSESSORES

Exu é um nome muito generalizado, que se dá a certos espíritos


desencarnados e que atuam como líderes do plano invisível da Terra.
Geralmente, são seres humanos, cultos e inteligentes, que desencarnam sem
terem compreendido nem aceito o Cristianismo.
Eles aceitam Deus à sua maneira e manipulam as energias mediúnicas
em consonância com as suas próprias maneiras de ser, isto é, sem submissão
aos planos da Lei do Amor e do Perdão. Eles fazem suas próprias leis.
O Doutrinador deve ter certa cautela na utilização da palavra exu, pois é
um pouco vaga e quer dizer muita coisa. Um simples sofredor, incorporado
num médium mal desenvolvido, pode parecer um exu.
Na verdade, eles incorporam, de preferência, nos seus cavalos, médiuns
afinados com suas finalidades, que variam conforme o tipo de exu e o meio
ambiente onde opera. Seus fins são sempre dirigidos para o enredo normal da
vida humana e falta, na sua caridade, a sublimação evangélica.
Eles se agrupam em falanges, como quaisquer outros espíritos, e
formam linhas, conforme suas especialidades. Certos tipos de exu pertencem
a escolas e universidades e manipulam tremendas forças invisíveis.
Dessas bases, eles comandam sua ação junto aos seres humanos,
sempre segundo sua maneira de ver e conceituar, como os seres humanos

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deveriam ser ou fazer. São eles os inspiradores de doutrinas estranhas, de


guerras e demandas, sempre, porém, pautadas pela não aceitação da Lei do
Perdão.
Obsessor é um espírito que mantém um relacionamento direto com um
ser humano encarnado, por afinidade. Essa afinidade, em geral, decorre de um
relacionamento estabelecido quando ambos habitavam o mesmo plano.
Obsidiar significa perseguir, assediar, manter o cerco. O obsessor é um
espírito que persegue, assedia um encarnado, para cobrar uma dívida da qual
se acha credor, num sentimento de ódio ou amor mal interpretado.
A categoria do obsessor varia ao infinito e cada caso de ser examinado à
parte. O mecanismo da obsessão é sempre o mesmo: troca de energias entre
o obsessor e o obsedado, de forma mais ou menos constante. Um sofredor ou
vários podem passar pela nossa vida sem serem obsessores, pelo simples fato
de não termos relações pessoais com eles.
O obsessor é, sempre, um inimigo pessoal. Um sofredor pode ser
afastado com um simples trabalho mediúnico e, às vezes, até sem ele. Mas,
para que haja o afastamento de um obsessor, é necessário que a razão do
assédio seja resolvida, a dívida saldada. Afastamentos feitos sem as devidas
cautelas resultam pior do que a própria obsessão.

ESPÍRITOS DE LUZ

A partir da concentração molecular da matéria densa, podemos


conceituar a vida, no âmbito do Mediunismo, em termos de vibração. Nesse
sentido, a matéria sólida, os líquidos, os gases, o som, a luz, etc. são estados
vibracionais.
Conforme o tipo do corpo de que o espírito é revestido, ele está sujeito
àquela gama vibratória. Um espírito encarnado age através do corpo físico, um
desencarnado do etérico, do astral ou do mental, de acordo com as vibrações
desses planos. Ao atingir determinado grau evolutivo, sem compromissos
nesses planos, o espírito adquire uma vibratilidade, cujo conceito mais
apropriado, em termos de sentidos humanos, é a luz. Costumamos dizer,
então, que o espírito é pura luz. A partir daí, conceituamos os Mentores e
Guias, que assistem os terráqueos, em termos de Espíritos de Luz.
Espíritos de Luz seriam, então, os que já superaram a faixa
reencarnatória em termos pessoais. Quando há reencarnação desses espíritos
na Terra é, provavelmente, para o exercício de missões a serviço dos planos
divinos e não em funções cármicas.

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Naturalmente, os conceitos desses espíritos estão fora do alcance


humano e sua ação, na Terra, deve obedecer a planos incompreensíveis para
nós, encarnados.
Isso é relativamente fácil de verificar, no contato com esses espíritos,
qualquer que seja a modalidade de comunicação. Em nenhuma hipótese, eles
invadem o campo de nosso livre arbítrio, ou nos levam a alguma decisão que
contrarie nosso destino transcendental. Suas ações são inexoravelmente em
termos de nossa evolução, da abertura para o espírito. Embora respeitem
nossos valores, jamais criticando as coisas de nossas vidas, ou da vida em
geral, eles procuram mostrar o caminho da realização através desses mesmos
valores. Eles respeitam a nossa condição de espíritos encarnados. Castigos,
punições, lições de moral, estão fora, completamente, das atitudes de um
Espírito de Luz.
Ao contrário, um espírito da Terra, ainda que muito evoluído, pauta,
sempre, sua ação em termos de aconselhamento, de vida moral, de formas de
comportamento. Eles fazem questão de demonstrar seus poderes ou sua
eficácia, e acabam, quase sempre, se tornando patronos. Os grupos dirigidos
por espíritos da Terra acabam, sempre, por se preocupar com problemas
sociais, dão demasiada ênfase à caridade material e à correção das injustiças
sociais.
Com isso, a vida mediúnica se horizontaliza, se impregna do
transformismo da personalidade. O grupo assim orientado, se preocupa com as
bases materiais da obra, com os resultados palpáveis, com estudos e
conceituações doutrinárias. Em resumo, ele se humaniza, em vez de se
divinizar.
Nesse caso, as ações e a orientação refletem o nível social do grupo. A
justiça praticada pode chegar, até mesmo, aos termos de punição, vingança e
corrigendas de comportamento.
Nesses grupos, o ectoplasma circulante é impregnado dos fluídos do
plano invisível, resultando daí uma divisão de forças, uma homogeneização em
termos diluentes. O mundo invisível não produz energias, mas, ao contrário, se
abastece de energia do plano físico. É por isso que o médium desses grupos se
cansa, desanima e desiste.
Ao contrário, quando o grupo mediúnico sintoniza com os Espíritos de
Luz, ele recebe forças do outro plano e, com isso, não gasta suas energias
fluídicas ou nervosas. Um médium, bem sintonizado com seu Mentor, pode
operar horas a fio, e voltar a si em melhores condições físicas e psicológicas do
que quando começou a trabalhar.

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Para melhor compreensão dessas afirmações é preciso entender a


diferença entre plano invisível e plano espiritual, objeto do subtítulo seguinte.

MUNDO INVISÍVEL E MUNDO ESPIRITUAL

É mais fácil a comprovação da existência de planos vibracionais


diferentes, na experiência pessoal e individualizada de um ser humano.
Tomando por base a experiência individual, podemos esquematizar esses
planos, com auxílio das revelações iniciáticas e um pouco de bom senso.
Sob esse prisma, temos um plano físico, um psicológico e um espiritual,
ou seja, do corpo, da alma e do espírito.
Os grupos iniciáticos fazem a divisão em sete planos, que seriam: o
físico, o etérico, o astral, o mental e os três planos crísticos ou búdicos – Pai,
Filho, espírito, ou Deus, Verbo e Universo), variando essas descrições de
acordo com cada grupo. Todos, porém, mantêm o número sete como base.
Mas, para nossa compreensão do Mediunismo, bastam os três planos.
O importante é saber que o mundo invisível não é, necessariamente, o
mundo espiritual, da mesma forma que o mundo dos micróbios não é o mundo
da alma, embora ambos sejam invisíveis aos nossos olhos.
O mundo invisível que nos cerca faz parte da Terra, é molecular e tem,
portanto, uma organização, leis que o regem. Sua forma é tal que ele não
ocupa espaços físicos, como um sólido. Uma construção desse mundo pode,
tranqüilamente, ser feita no mesmo lugar onde haja uma construção sólida.
Ele ocupa os espaços intermoleculares do plano físico e pode coexistir
simultaneamente.
Um corpo físico, sólido, pode ser transformado, na sua organização
molecular, num corpo invisível, ser transportado através dos sólidos e
reintegrado em seu estado anterior. O mesmo pode acontecer a um corpo do
mundo invisível. Esse é o fenômeno básico das materializações espíritas.
Esse mundo é intensamente habitado por espíritos que passaram pela Terra e
ainda não retornaram aos planos espirituais. Pertencendo à Terra, eles são
obrigados a viver das energias produzidas nela. Eles manipulam essas
energias, não a produzem. Isso é muito importante, e fundamental de se
saber. O espírito encarnado, o ser humano, absorve energias da Terra física
pelo alimento, pela respiração, etc. O espírito desencarnado não tem as
condições do encarnado, que põe em funcionamento os mecanismos de
produção. Não tendo possibilidades de produzir as energias que precisa, ele as
absorve do encarnado. Mas, para que isso aconteça, é necessário que essa

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energia tenha o teor adequado, e isso é feito pela mediunidade. Num certo
sentido, é uma vida parasitária, em que nada se cria e nem tudo se
transforma.
Há algumas coisas básicas desse mundo que devem ser tomadas em
consideração , se quisermos ter uma posição correta em relação a ele:

1. Não há possibilidade de um espírito nessas condições encarnar, isto é,


nascer na Terra física; a forma que eles encarnam é pela obsessão, ou seja,
sintonizam com um encarnado e ocupam, parcialmente, seu corpo.
2. mundo invisível não reflete a luz, o calor, e nem o som do mundo físico.
Como uma das conseqüências, eles não têm noção do tempo, da cronologia
da Terra. Os fatos que alimentam suas mentes são em menos quantidade
que os percebidos por um encarnado. Eles não têm a noção espacial que
lhes permita concepções superiores às concepções humanas.
3. Eles precisam de nós, mas nós não precisamos deles, a não ser como
instrumentos de nossa evolução, do exercício de nossa mediunidade.
4. Para nos manter em condições de bons fornecedores, eles procuram nos
induzir a formar correntes mediúnicas, sintonizadas com eles. Com isso,
eles são a maior fonte de ilusões da mente dos encarnados, e tudo fazem
para nos apresentar o seu mundo como o mundo espiritual. Uma boa parte
dos atuais seres e máquinas, pretensamente oriundos de outros planetas,
vem desse mundo. A plasticidade molecular do mundo invisível é tal que
eles podem fazer aparelhos que tenham todas as aparências de artefatos,
imaginados pelos seres humanos como interplanetários.
5. Conforme o ectoplasma que absorvem, eles são capazes de se materializar
no mundo físico, e não o fazem com maior constância em face do enorme
dispêndio de ectoplasma que o fenômeno exige.
6. A principal fonte de enganos dos seres humanos, ao lidar com esses
espíritos, é que eles usam a palavra Deus com muita facilidade. Mas, em
raras hipóteses, eles mencionam Jesus ou o Cristo, a não ser para combatê-
los. Isso é natural, pois, a impossibilidade da concepção de Deus, por quem
quer que seja, na Terra, não impede que se fale em Seu nome. O mesmo
não pode ser feito com o Cristo Jesus.

O mundo espiritual só pode ser entendido e concebido de acordo com a


experiência individual. Mas, dificilmente pode ser descrito ou explicado de
maneira a se formar conceitos. As tentativas nesse sentido são inteiramente
antropomórficas e, portanto, sem validade. Uma delas estabelece a

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conceituação de Céu para se referir a esse mundo. Essa premissa nasceu das
páginas do Evangelho; porém, é difícil separar-se essa idéia do conceito de um
estado íntimo do ser humano, de serenidade, de paz, etc.
Em nosso livro “2000 – Conjunção de Dois Planos” há uma série de
revelações, feitas através da Clarividente Neiva, de informações do contato
com seres de um planeta matriz da Terra, que nos dão uma idéia aproximada
do que seria a vida nos planos espirituais.
Fora das revelações, feitas por espíritos amigos, achamos muito difícil
estabelecer hipóteses ou premissas em torno das condições de vida nos
mundos extraterrestres.

MISSÃO

Todo espírito que encarna na Terra tem um programa a cumprir, mas nem
todos os espíritos têm missão.
Na hierarquia sideral, existem todas as categorias de espíritos e infinitos
graus de evolução. A Terra é uma complexa universidade, com toda categoria
de alunos. Uns vêm, apenas, completar o curso, outros vêm para um
aperfeiçoamento, outros para fazer um curso completo.
A missão se relaciona diretamente com o tipo de programa que o espírito
tem de cumprir. Se ele se atém somente ao seu âmbito, seus problemas
pessoais, sua faixa é essencialmente cármica. Mas se, além da sua faixa
cármica, ele se compromete a evoluir, cuidar de outros espíritos e ajudá-los,
nesse caso ele tem missão a cumprir.
Quanto maior é a missão, assim é a faixa cármica do espírito. Esse fato
suscita uma questão de magna importância: então, por que os missionários
sofrem tanto? Por que Jesus sofreu? E os apóstolos, os seguidores de Jesus, os
mártires, por que são sempre ligados a uma idéia de sofrimento?
A resposta a essa questão reside em dois pontos básicos: a diferença
entre dor e sofrimento, em primeiro lugar; e as diferenças da tônica
magnética dos seres humanos, em termo de corpo, alma e espírito.
A Fisiologia e a Psicologia nos dão uma idéia nítida com referência à dor.
Ela é registrada no sistema nervoso consciente, existindo, portanto, uma
consciência da dor. Quando se anestesia um paciente para uma operação, o
medicamento paralisa os nervos receptores da região a ser operada (ou o
conjunto, numa anestesia geral), na proporção direta da dor a ser sentida.
Esta, porém, varia de paciente a paciente, e o médico procura, sempre, evitar
o excesso de anestésico. Esse fato pode ser observado, com mais simplicidade,

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no dentista. Ele aplica certa quantidade de anestésico e começa a extração. Se


o paciente reclama, ele aplica mais anestésico. Isso prova maior ou menor
sensibilidade à dor, e esse fato é, na maioria das vezes, psicológico. Pessoas
existem que chegam a dispensar o analgésico, embora isso raramente
aconteça.
Existe, então, um estado psicológico de sentir mais ou menos dor,
facilmente comprovável na hipnose médica. Uns sofrem mais e outros sofrem
menos, com a mesma dor.
Os missionários têm tantas dores ou mais do que os que não têm missão
a cumprir, porém, sofrem menos. Isso porque seu campo consciencional está
mais ocupado com os objetivos de sua missão e, assim, ele não tem tempo
para dimensionar sua dor.
A dor psicológica, a chamada dor moral, segue a mesma fisiologia.
Isso se prende ao segundo fator, à tônica predominante no ser encarnado.
Se ele não tem missão a cumprir, sua consciência está sempre ocupada com
os problemas do seu corpo ou da sua alma. Mas, se ele tem missão, a voz do
seu espírito é mais forte e ele não tem tempo de se ocupar da sua
personalidade, do seu ego. Daí resulta que podemos situar a questão em
termos de maior ou menor egoísmo.
Para uma pessoa conservar um corpo atlético, em boa forma muscular
permanente, ela é obrigada a exercícios e cuidados que ocupam boa parte do
seu mecanismo consciente. Sua preocupação com o corpo, assim constante, dá
a ela uma tônica física.
Um intelectual, um erudito, um cientista ou uma pessoa que dependa do
intelecto para sua trajetória planetária, tem sua consciência predominante no
fator intelectual. O seu campo consciencional é sempre ocupado como os
problemas psicológicos. Sua tônica é a psíquica, sua vida é centralizada na sua
alma.
Um missionário, um ser humano cujo espírito se comprometeu a fazer
algo por alguém, vive preocupado em sintonizar seu espírito. Seu campo
consciencional se expande em termos espaciais, em captar as nuanças de sua
missão e os percalços da vivência, geralmente contraditória, com as coisas
mais simples da vida. Corpo, alma e espírito, cada um demandando do eu a
satisfação de suas necessidades, exigem decisões a cada momento, que são
tomadas conforme a tônica predominante naquela vida.
O símbolo mais antigo da Humanidade é a cruz, e ela exprime, com
fidelidade, os três estados. A haste inferior é o Homem físico, com seu
atavismo, o suporte material da vida; os braços horizontais representam a

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alma, os mecanismos psicológicos, o negativo e o positivo, o branco e o preto,


o eterno dualismo em que se debate a mente concreta; a haste superior
representa o espírito, a antena do transcendente.
Antes da consolidação do ser humano no planeta, quando o Céu se
confundia com a Terra, talvez nos tempos da Lemúria, a cruz tinha quatro
braços, iguais e simétricos. Quem tem olhos para ver...
Missão, pois, é viver em função do espírito e com os olhos no
transcendente. É “amar ao próximo como a si mesmo...”

CAPÍTULO III
PREPARAÇÃO DOS MÉDIUNS

FISIOLOGIA DO MÉDIUM

Biologicamente, a base física da mediunidade é uma energia sutil, comum


a todos os seres humanos, verificável, também, em animais e vegetais.
Ela tem uma correlação íntima com a circulação e o sistema nervoso.
Basicamente, indica uma produção molecular do sangue ativa no organismo,
que se transforma em energia. Flui através dos plexos nervosos e extravasa
pelas aberturas do corpo, inclusive pelos poros. Ao ser registrada como uma
substância, foi denominada por Richet e outros de ectoplasma. Como
linguagem comum do espiritismo, é chamada, simplesmente, de fluído.
Esse fluído atua como veículo de ligação entre as três gamas vibratórias
do ser humano: os órgãos, os plexos e os chakras. Os chakras eqüivalem,
basicamente, aos plexos, e são como centros nervosos do corpo invisível,
também chamado fluídico e etérico.
Os estímulos psico-físicos se fazem entre o sistema nervoso vegetativo e o
cérebro/espinhal. Os estímulos espirituais são recebidos através dos chakras e
transmitidos aos plexos, que atuam como redistribuidores, e vice-versa.
Esse fato tem muitas implicações, mas podemos afirmar que o
desenvolvimento mediúnico é, em última análise, a conscientização, na mente
cerebral, do funcionamento dos chakras e seu controle volitivo.
Conforme o chakra que se comunica, será o tipo de fenômeno mediúnico
que se realiza. Chakras correspondem a plexos e estes a órgãos. As posições
desses órgãos, no corpo físico, determinam o tipo de mediunidade.

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O chakra frontal, por exemplo, corresponde ao plexo cardíaco, cavernoso


e outros. Esses energizam o sistema glandular da cabeça, dos olhos, dos
ouvidos, do nariz, etc. As mediunidades que daí resultam são a vidência, a
audiência, a olfação, etc.

O CARMA

Carma (ou karma) é a palavra sânscrita e bramânica que significa “atos


praticados em outras encarnações, que produziram certos efeitos na
encarnação atual”.
Pelo aspecto espiritual, tem a mediunidade uma relação direta com a faixa
cármica dos seres humanos. Como conseqüência, pela manifestação mediúnica
pode se determinar, em linhas gerais, o carma de um indivíduo em extensão e
profundidade. Essa correlação, porém, só é verificável na especificação da
exteriorização mediúnica.
Logo, a mediunidade é uma arma individual que o ser humano traz
consigo ao nascer, que lhe servirá para a defesa nos momentos difíceis de sua
vida. Da eficácia da mediunidade é que depende o sucesso ou o insucesso de
uma existência. Há, por conseguinte, uma relação íntima entre o carma, a
personalidade e a mediunidade.

O ESPÍRITO E A MEDIUNIDADE

O espírito, ao reencarnar, traz consigo um programa de ressarcimento e


de retificação, que deverá realizar através da personalidade que terá na Terra.
Traz, ainda, sua missão como individualidade, ou seja, como um ser
transcendental que irá contribuir para o progresso humano. Na realização
dessa missão, a mediunidade é sublimada e se espiritualiza.
Há, pois, dois aspectos da mediunidade: o cármico, em que ela atua
como fator de equilíbrio dos conflitos da personalidade, e o espiritual, em que
ela é a manifestação da obra do espírito.
Dizemos, então, que na mediunidade do espírito, ou seja, o espírito
agindo na qualidade de intermediário da ação crística na Terra, como um
missionário, é um colaborador da obra divina.
É difícil, mas não impossível, distinguir-se as duas formas de
mediunidade. A observação desse fato é feita na prática do mediunismo,
quando se acompanha a evolução do médium. No princípio, ele manifesta
transes angustiados, nos quais mal se distinguem as presenças da Terra ou do

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Céu. Passado algum tempo, na proporção em que a faixa cármica vai se


extinguindo, os transes vão se tornando mais suaves, mais nítidos e positivos.
A partir daí, os fenômenos de que ele se torna portador vão revelando a sua
missão, se espiritualizam.
Isso mostra que a mediunidade cármica tende a ser transitória e se
identifica com a personalidade. Com o revelar da missão, o espírito começa a
predominar, e a personalidade se retrai. Enquanto esta sofre, morre um pouco
todos os dias, o espírito desperta, torna-se marcante e executa sua parcela no
planejamento sideral.

TIPOS DE MEDIUNIDADE

Por ser comum a todos os seres humanos e ter sua manifestação


individualizada, pode-se dizer que existem tantas mediunidades quantos são
os seres.
Nessa visão ampla, a mediunidade existe e funciona em todos, à revelia
de qualquer prática doutrinária ou religiosa.
No âmbito doutrinário, o fenômeno pode ser relativamente delimitado.
Teremos, assim, tipos de mediunidade, formas mais comuns de
exteriorização, que podem ser classificadas segundo um critério espírita. Mas,
é preciso notar que o espiritismo popular tem confundido mediunidade com o
fenômeno da incorporação, que é apenas uma manifestação da mediunidade.
Nesse caso, mediunidade e incorporação seriam a mesma coisa.
Por ser mais prático, no desenvolvimento inicial da mediunidade a
Corrente Indiana do Espaço estabeleceu, no Templo do Amanhecer, duas
mediunidades básicas: incorporação e doutrina.
Assim, são chamados médiuns de incorporação aqueles que recebem a
influência dos espíritos, sejam de luz ou não, diretamente no seu corpo, na
região do plexo solar. Chamam-se médiuns doutrinadores os que recebem
essa influência na região da cabeça. No primeiro caso, o médium perde parte
da sua consciência, e, no segundo, ao contrário, ele se torna mais alerta.
Objetivamente: sempre que um médium, ao manifestar, cerceia ou tem
cerceado algum dos sentidos biopsicológicos normais, ele é de incorporação;
quando se manifesta, sem prejuízo de nenhum desses sentidos, ele é de
doutrina.

O MÉDIUM DOUTRINADOR

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No limiar do 3º Milênio FLS. 29

É o médium cujo ectoplasma se acumula na parte superior do corpo, do


peito para cima, predominando na cabeça. Quando ele se mediuniza, isto é,
estabelece sintonia entre seu sistema psicológico e seus chakras, seus sentidos
se ativam acima do normal. Como conseqüência imediata, sua percepção fica
mais apurada, mais alerta. Com a tônica circulatória predominando na cabeça,
os órgãos inferiores diminuem a atividade, principalmente na área do sistema
neurovegetativo.
A partir daí, ele começa a emitir uma onda fluídica com a parte superior
do corpo, principalmente pela boca e pelas narinas.
Essa onda estabelece um canal fluídico entre os plexos superiores e os
chakras correspondentes. Seu sistema psicológico passa a receber as
influências dos chakras que, por sua vez, são ativados pelo plano vibratório do
mundo espiritual. O Doutrinador se torna, então, receptivo aos espíritos de sua
sintonia.
Essas emanações são filtradas pelo sistema cerebral, e o Doutrinador
emite sua doutrina, isto é, fala, pensa, escreve, cura, consola e executa sua
tarefa mediúnica.
Esse é o sentido amplo da doutrina. Ela não é, apenas, um conjunto de
palavras bem articuladas e com boa construção literária. Também, não é
simples pensamento bem elaborado, representando idéias precisas. É,
essencialmente, emissão de energia positiva, que tanto pode se manifestar por
palavras como pela aplicação das mãos, pelo olhar e até pelo simples
pensamento dirigido.
Essa realidade do Doutrinador tem algumas implicações que não podem
passar desapercebidas: 1º) O fenômeno existe e funciona, mesmo que o
Doutrinador nato não saiba disso; 2º) a emissão fluídica tanto pode ser
positiva como negativa, na dependência do campo de sintonia do Doutrinador.
Nos estados de ira, de cólera, de angústia, de medo ou de ansiedade, a
polarização das forças é, essencialmente, dos plexos nervosos. Nesse caso, os
chakras se fecham, e a pessoa entra em curto-circuito, que pode produzir
resultados funestos. O sangue que aflui ao cérebro se carrega de partículas
tóxicas e produz descargas em todo o organismo. O médium Doutrinador não
desenvolvido é um candidato natural à apoplexia, aos enfartes e derrames.
Pelas razões expostas acima, o Doutrinador é o médium por excelência, o
intermediário entre os planos e o responsável pelo fenômeno mediúnico. Sem
a presença de seu ectoplasma, é difícil a realização do processo, no qual ele
atua como catalisador.

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No limiar do 3º Milênio FLS. 30

A manifestação de sua mediunidade é feita través da sua psique normal e


esse fato inspira confiança, em virtude da plena responsabilidade em quaisquer
circunstâncias. O Doutrinador não sente arrepios, perdas de consciência, nem
tem descontroles emocionais, comuns em outros médiuns.
O desconhecimento desse tipo de mediunidade leva a considerar o
Doutrinador como um ser humano que não tivesse mediunidade, atitude essa
que tem tirado a oportunidade de realização a muitos.
Por outro lado, a tentativa de desenvolvimento da mediunidade de um
Doutrinador nato pelos plexos inferiores, leva a complicações de conseqüências
imprevisíveis.
A memória transcendental estabelece, para o ser humano, o momento
para cada etapa fundamental de sua trajetória. O exercício da mediunidade
tem um tempo certo para começar. Quando essa cronologia não é observada a
Natureza põe em funcionamento os sinais de alarme. Estes aumentam de
intensidade na proporção em que não são atendidos.
Nesse ponto, torna-se necessário lembrar ao leitor que o exercício da
mediunidade não é feito apenas no Espiritismo. Se assim fosse, o mundo seria
habitado somente por desequilibrados. Mas, por outro lado, apenas a vida
comum, o mundo da personalidade transitória, não satisfaz às demandas
mediúnicas. Isso explica, em parte, a busca eterna da realização religiosa,
política ou idealista. O ser humano sempre precisa de algo além da sua simples
sobrevivência. O Mediunismo se apresenta, atualmente, como a solução mais
objetiva.
O Doutrinador potencial, quando se apresenta ao grupo mediúnico,
demonstra, em geral, ter a vida desequilibrada e ser dominado pela angústia,
pela descrença, agressividade ou passividade excessiva.
Fisicamente, queixa-se de dores de cabeça, distúrbios digestivos e
incômodos cardíacos. De modo geral, esses incômodos cardíacos já foram
objeto de cuidados médicos e desanimaram o clínico pela falta de causas
definidas.
Submete-se, então, o paciente a um trabalho mediúnico, em que haja
absorção do ectoplasma excedente no organismo. A melhora quase
instantânea é a melhor prova de que estamos na presença de um Doutrinador.
Depois dessa experiência, se ele aceitar a idéia de trabalhar
espiritualmente, deve ser submetido ao exercício de sua mediunidade, a
começar pelos processos físicos. Durante um período mínimo de três meses,
ele deve trabalhar uma ou duas vezes por semana, doutrinando espíritos

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No limiar do 3º Milênio FLS. 31

incorporados, ministrando passes magnéticos e conversando com pacientes


que procuram o tratamento espiritual.
Por tendência natural, o Doutrinador tem interesse na cultura intelectual.
Tenha escolaridade ou não, ele sempre absorve o aspecto intelectivo do meio
em que vive.
Sua apresentação, pois, é cheia de justificativas, explicações e
demonstrações de conhecimentos. No seu arrazoado, predomina a análise com
tendências ao cerebralismo. Nisso ele revela certo bloqueio à recepção
espiritual. O racionalismo excessivo impede o contato com o transcendente.
A alimentação do intelecto, nesse caso, é somente horizontal, isto é,
nutrida, apenas, pelas idéias elaboradas por outros, remodeladas num
transformismo contínuo, que nada cria. É uma psique saturada.
Paralelamente à desassimilação ectoplasmática, o médium deve ser
submetido a uma confortável desassimilação intelectual. Durante algum
tempo, ele deve se abster de leituras, experiências e pesquisas mais sérias;
isso irá aguçar sua curiosidade, mas descansará sua mente. Esta, sem o
bombardeio das informações formais, começará a sintonizar as antenas com o
mundo chákrico e, mais além, com o mundo espiritual.
Nesse período, ele deve receber, apenas, as informações essenciais à
técnica da mediunização, um sutil fenômeno da Natureza, mas de fácil alcance.
Na vida comum, ele pode ser verificado nos momentos dramáticos, quando os
acontecimentos superam o senso comum e o ser humano apela,
automaticamente, para o transcendente.
O Mediunismo provê a mediunização por meio de chaves, mantras e o
ritual em geral. Em última análise, é um problema de disponibilidade de
ectoplasma e de focalização da consciência.
Sem dúvida, o sucesso de um Doutrinador depende de sua capacidade
de mediunizar-se. Pela sua própria natureza, ele é um impaciente, e tudo que
lhe acontece em torno o incomoda. Tem tendência para dar ordens e organizar
as coisas. Gosta de falar, mas não de ouvir, provocando, com isso, reações
desfavoráveis à sua atividade.
No estado normal, sob o domínio da personalidade, ele manifesta seu
temperamento, sua cultura e seus preconceitos, nem sempre agradando.
Ao mediunizar-se, porém, ele entra em sintonia com seu espírito,
portador da experiência milenar, e com o plano em que se acha. Seus Guias
encontram acesso à sua psique e, através dela, trazem suas vibrações
benéficas ao ambiente, no verdadeiro exercício da mediunidade.

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No limiar do 3º Milênio FLS. 32

Como vimos até aqui, a mediunidade de doutrina revela as maiores


possibilidades do ser humano, podendo, sem medo, se atribuir a ela as
grandes conquistas da Humanidade.
Se pensarmos em termos da iluminação intelectual, mediante o processo
mediúnico, chegaremos à conclusão de que a revelação mística não é
antagônica ao processo científico, e tem sido a base da evolução humana. Com
essa reflexão simples, colocaremos as religiões no lugar que lhes compete e
partiremos mais tranqüilos ao encontro do nosso futuro.
Qualquer ser humano, por modesto que seja em seu mecanismo
intelectual, pode ser o portador da experiência transcendente. Basta, para
isso, que se disponha a servir o seu próximo nas normas evangélicas e
conheça as técnicas do Mediunismo.

O MÉDIUM DE INCORPORAÇÃO

É o médium cuja tônica ectoplasmática é maior no plexo solar, na região


umbilical. Esse plexo nervoso é a maior concentração de nervos do corpo
humano, um intrincado cruzamento nervoso, com ligações por todo o
organismo. Pertence ao sistema autônomo, também chamado
neurovegetativo, ou seja, que faz funcionar os órgãos sem a vontade, sem que
se tenha consciência disso. Assim funciona a maioria dos órgãos internos e,
parcialmente, outros órgãos.
O ectoplasma, ativando o plexo solar acima da tônica normal, produz
toda uma série de fenômenos, que resultam na chamada incorporação. Tais
fenômenos são opostos aos da mediunidade de doutrina.
O sangue afluindo com maior pressão nessa região, empobrece a
irrigação cerebral e, com isso, amortece os principais sentidos. A força do
plexo solar é transmitida aos plexos vizinhos, proporcionando um espectro
amplo de ligação com os chakras.
A emissão fluídica resultante reflete o processo nervoso da região,
relativamente alheia ao processo psicológico. Nela entra muito menos a
vontade do médium do que na emissão do Doutrinador.
Isso esclarece a questão da incorporação. Tanto no Doutrinador como no
Incorporador, o fenômeno básico é o mesmo, ou seja, a presença da energia
ectoplasmática e a ligação com os chakras. A diferença existe, apenas, na
exteriorização, na manifestação do fenômeno.

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No limiar do 3º Milênio FLS. 33

Se o médium recebe a influência na cabeça, ele age pelo processo


psicológico; se essa influência se faz no meio do corpo, ele age pelo processo
fisiológico.
A partir desse fenômeno, podemos classificar as mediunidades com o
relativo isolamento de cada uma. Mas, não podemos esquecer que o que
acontece numa parte do corpo reflete, automaticamente, em todo o corpo. Se
acendermos uma lâmpada num aposento de uma casa, é muito difícil que os
outros compartimentos permaneçam completamente escuros.
Por estar mais próxima das funções básicas do corpo físico, a
mediunidade de incorporação é de assimilação mais imediata, sendo por isso
do domínio de maior número de pessoas.
Por outro lado, ela abrange uma faixa ampla de manifestações, que vão
desde a simples incorporação de espíritos sofredores até às mais complexas
formas de comunicação espiritual. Talvez, pelo teor emocional, a incorporação
é mais freqüente no médium feminino. Já o médium Doutrinador se inclina
para o racionalismo, sendo esse o provável motivo de se encontrar maior
número de Doutrinadores entre os homens.
A incorporação tem um sentido mais horizontal que a doutrina, pois esta
se expande em sentido espacial.
Por essa razão, o desenvolvimento do médium de incorporação obedece
a um esquema diferente do Doutrinador.
Quando chega ao Mediunismo, o Incorporador nato apresenta incômodos
na parte inferior do corpo, principalmente no aparelho digestivo, rins, bexiga e
outros órgãos energizados pelo plexo solar e circunvizinhos.
É muito comum, também, apresentarem incômodos na coluna.
Como conseqüência direta desses males, ele sofre cronicamente de dores
de cabeça, tonturas e sintomas semelhantes.
Psicologicamente os sintomas são de fobias, alucinações, insegurança,
irritabilidade, emotividade exagerada e até histeria.
A primeira medida, no seu desenvolvimento, é fazê-lo sintonizar com o
seu Mentor (Veja 2º item do capítulo II). Ele é a garantia do equilíbrio do
médium.
Convida-se o candidato a se concentrar, de olhos fechados, de pé, e a
respirar profundamente. Mediante a aplicação das mãos, da cabeça para baixo,
sem o tocar, o Doutrinador magnetiza o aparelho. Esse trabalho deve ser
acompanhado de leve hipnose, através de palavras repetidas. Pede-se ao
médium que imagine seu Mentor, e vai-se sugerindo sua presença, mediante
chaves próprias.

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No limiar do 3º Milênio FLS. 34

Na maioria dos casos, o médium incorpora na segunda ou na terceira


tentativa. Se ele apresentar sintomas de angústia, deverá ser submetido a
uma enfermagem, na mesa mediúnica, e voltar ao processo.
Assim que o médium se habituar a incorporar o seu Mentor, sempre que
for solicitado, e na presença de um Doutrinador, ele deve ser encaminhado à
mesa e ali incorporar sofredores, assistido pelos Doutrinadores.

FUNÇÕES MEDIÚNICAS

Conforme seu tipo básico de manifestação mediúnica – incorporação ou


doutrina – cada médium inclina-se a uma função, de acordo com suas
possibilidades, personalidade, cultura e dedicação ao trabalho.
Há coisas que só podem ser feitas por um Doutrinador e outras mais
adequadas ao Incorporador. Outras, ainda, podem ser feitas por ambos.
Um aspecto importante do trabalho mediúnico é ser ele essencialmente
coletivo. No mínimo, ele deve ser executado por dois médiuns – um de
doutrina e outro de incorporação. Principalmente, a incorporação nunca deve
ser feita sem a presença de um Doutrinador, devido à perda parcial de
consciência do Incorporador.
O Doutrinador jamais incorpora e nunca perde a consciência no trabalho
mediúnico. Inclina-se, com isso, aos trabalhos em que é necessário tomar
decisões, interpretar situações e manipular as forças mentais.
São funções próprias do Doutrinador:
1. Aprender, interpretar e conceituar a Doutrina praticada pelo seu grupo
mediúnico, bem como a missão a ele confiada;
2. Organizar, administrar e desenvolver os médiuns;
3. Abrir e fechar os trabalhos;
4. Assistir e controlar todo e qualquer trabalho de incorporação;
5. Interpretar as situações dos médiuns quando incorporados. Se for o Mentor
ou o Guia, atendê-lo respeitosamente; se for sofredor, doutriná-lo e fazer
sua entrega aos planos espirituais;
6. Ministrar passes magnéticos de equilíbrio aos médiuns de incorporação,
sempre que estes terminam uma incorporação; estes passes podem ser
ministrados a qualquer pessoa, e mesmo a outro Doutrinador, quando
revelar desequilíbrio;
7. Controlar, com sua mente, qualquer situação anormal de pessoas ou
grupos, mantendo sempre seu equilíbrio pessoal. O Doutrinador, que

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No limiar do 3º Milênio FLS. 35

conhece o seu potencial mediúnico, pode controlar um ambiente sem


externar qualquer gesto.
O Doutrinador deve evitar o desenvolvimento de outras mediunidades
embora as tenha em potencial. Em casos específicos, que justifiquem outros
desenvolvimentos, ele deve ater-se, apenas, a mediunidades dos plexos e dos
chakras superiores, como psicografia (automática e semi-automática), vidência
(com todas as restrições que essa mediunidade suscita), olfação e audição.
Mas, sempre que um Doutrinador desenvolver alguma dessas mediunidades,
ele deve ser mantido sob observação dos companheiros, pois essas funções
podem prejudicar a acuidade do seu julgamento e sua objetividade.
No sentido oposto, o médium de Incorporação nunca trabalha sem
incorporar, isto é, sem a perda parcial de sua consciência. Nestas condições,
ele tem duas funções básicas: a incorporação de espíritos de Luz, Mentores ou
Guias, e a incorporação de espíritos que ainda não alcançaram os planos
espirituais, ou seja, sofredores.
O Mentor incorpora para o equilíbrio o médium, mantendo seu aparelho
nas melhores condições possíveis. Os Guias incorporam para o exercício de
funções específicas. Um Guia incorpora quando o médium é chamado a fazer
uma cura de doença física; outro vem para uma comunicação, outro para um
trabalho de passes, etc. Às vezes, eles se alternam nas funções e, em outras,
o próprio Mentor atua como Guia.
Com essa visão, poderemos classificar as funções do Incorporador:
1. Passagem de sofredores
2. Cura de doenças
3. Comunicações
4. Passes
5. Desobsessão
6. Psicografia automática
7. Materialização
Há, ainda, duas funções específicas que devem ser confiadas, apenas,
aos médiuns de incorporação: o transporte e o desdobramento, este último
podendo ser desenvolvido com fonia.

EVANGELIZAÇÃO

O Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo é o mais completo manual da


Vida. Nele, qualquer espírito em trânsito na Terra, poderá encontrar todas as
condições para o melhor aproveitamento de sua estada no planeta.

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No limiar do 3º Milênio FLS. 36

Mas, é preciso que se distinga, com muita clareza, o Evangelho escrito,


isto é, os livros que contêm a Doutrina de Jesus, escritos por outros,
transcritos, copiados, interpretados, escoimados, escamoteados e traduzidos e
o Evangelho Vivo, isto é, a orientação Crística, que é ministrada a todos os
seres humanos na Terra, e que não depende exclusivamente da transmissão
pelos sentidos, seja ela falada ou escrita.
O Evangelho Vivo é uma Luz potencial, que reside, faz parte intrínseca
do organismo de todos os espíritos que habitam o Sistema Solar e, talvez, de
outros sistemas.
Na conceituação iniciática, os seres humanos, isto é, os espíritos
encarnados na Terra, possuem essa Luz sob a forma de uma partícula atômica
– o Átomo Crístico. O Mestre Jesus teve e tem em si toda a força Crística. É,
pois, a emanação de Jesus que desperta, no ser humano, a Partícula
Crística.
Esta se expande e impregna o ser da sua intimidade para fora,
traduzindo-se em conceitos, atos, atitudes e maneira de viver.
Para cada quadrante do Universo, o estímulo de Jesus age de forma
dinâmica e adequada e, absolutamente, não depende dos textos escritos. Por
miríades de formas, em todas as línguas e em todos os gestos, a Mensagem de
Jesus fala diretamente ao íntimo dos seres humanos. Sua linguagem está
escrita na vida de cada dia, nos seres humanos que cercam outros seres
humanos, no viver de cada momento. Talvez, seja até mais fácil encontrar
uma pessoa que viva, com intensidade, os ensinamentos de Jesus entre os que
nunca tiveram oportunidade de ler um texto do Evangelho, do que entre os
eruditos.
Embora esse fato não invalide todas as pregações, doutrinas e religiões,
é preciso lembrar que todas se transmitem pelos sentidos, se destinam à
personalidade, à parte transitória do ser humano. Mas, a personalidade é,
apenas, o instrumento através do qual o espírito realiza um curso, uma
experiência. Os ensinamentos de Jesus não se destinam somente a ela, mas
ao espírito que habita nela.
É importante que se vejam as duas coisas separadamente, para que se
possa entender o fenômeno. O melhor campo para se percebê-lo é o
mediúnico.
Toda vez que praticamos alguma ação fora da rotina de nossa vida, um
gesto de generosidade ou uma atitude caridosa, automaticamente nos
lembramos de Deus, de religião, da bondade, da moral, etc.

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No limiar do 3º Milênio FLS. 37

Da mesma forma, cada vez que fazemos um gesto negativo, entramos


em debate íntimo, no qual entram as justificativas, o medo, a angústia, etc.
Sempre, porém, nossa elaboração mental fica ligada a um aspecto mais
transcendente da vida; sintonizamos com nosso espírito.
O próprio fato de nos interessarmos e procurarmos exercer alguma
função mediúnica já nos liga a esse mundo transcendental. Nesse processo,
nos ligamos a alguma coisa, fora do circuito de nossas experiências, do nosso
quadro quotidiano, e percebemos, com mais clareza, a imagem de nossa
personalidade contrastando com a imagem de nosso espírito.
A partir do momento em que começamos nossa mediunização, a
Partícula Crística encontra acesso em nossa mente, e seus raios começam a
impregnar os nossos atos. Assim, apreendemos, por um processo natural, o
Evangelho. A partir daí, sobem à nossa consciência os fragmentos do
aprendizado que tenhamos tido em termos de religião, cultura religiosa,
crendices, superstições, rituais, etc., seguidos da inspiração espiritual
profunda.
É por isso que, em condições anormais de acontecimentos, nós soltamos,
involuntariamente, exclamações como “Deus do Céu!”, “Mãe do Céu”,
“Virgem!”, ou, então, tomamos uma aparência reverente, solene.
E, por estarmos no limiar do Terceiro Milênio, não falta, qualquer que
seja nossa ambientação, a manifestação evangélica, a Palavra do Mestre
Jesus, em forma verbal ou escrita, para formalizar nosso aprendizado.
Concluímos, pois, que a evangelização no Mediunismo se faz,
objetivamente, adequada a cada grau evolutivo e estado em que o ser
humano se apresenta para o exercício de sua missão, de sua tarefa no planeta.

A ACULTURAÇÃO DO MÉDIUM

A palavra cultura tem dois sentidos – um geral e outro particular. De


modo geral, cultura é o aprendizado que uma pessoa faz no seu meio
ambiente, sua maneira de viver. De modo particular, a cultura é o aprendizado
de um conjunto de idéias específicas, como, por exemplo, a cultura física, a
cultura filosófica, etc. Nesse sentido existe, portanto, uma cultura espírita, ou
seja, o conjunto de idéias, normas, técnicas e práticas, que regem o
Espiritismo.
Essa cultura, entretanto, é complexa e variável conforme a época, o
lugar e o grupo. O que há de mais aproximado para uma cultura espírita é a

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No limiar do 3º Milênio FLS. 38

obra de Allan Kardec e seus divulgadores. A Codificação Kardecista é ampla e


preenche, perfeitamente, a mais exigente necessidade de aculturação espírita.
Mas, a própria evolução do Espiritismo e a tendência natural para o
sectarismo nos leva ao conceito do Mediunismo, totalmente abrangente, pois
se refere a coisas básicas do ser humano, portanto, livre de qualquer injunção.
O médium, no sentido popular, é uma figura humana de dons excepcionais. O
médium, no conceito do Mediunismo, é um ser humano comum, ou seja, todos
os seres humanos são médiuns.
Para uma aculturação kardecista é necessário, de modo geral, haver um
mínimo de escolaridade, pelo menos saber ler. É muito difícil conceber-se um
grupo mediúnico kardecista sem a leitura. Já na Umbanda, a transmissão
doutrinária é, predominantemente, oral, formando, com isso, uma cultura mais
particularizada. Ambas, naturalmente, são reflexos de grupos sociais e
obedecem às leis sociológicas. Como grupos eles têm, logicamente, certo
exclusivismo que, em termos doutrinários, significa sectarismo.
No conceito amplo do Mediunismo, podemos citar, ainda, os grupos mais
fechados, embora tais grupos não aceitem a mediunidade como aconselhável.
O problema aí entre em termos de cultura intelectual, o que o torna mais
exclusivo, etc. Falemos, portanto, em termos de “aculturação mediúnica”, que
irá tornar o problema bem mais simples.
Mediunidade sendo algo natural, inerente ao ser humano, tem,
logicamente, meios naturais de aprendizado. Decorre daí, que a aculturação
mediúnica é apenas aculturação geral, quer dizer, as coisas do Mediunismo
fazem parte do quotidiano, como comer, vestir, estudar, etc., coisas que tanto
podem ser feitas por pessoas cultas como incultas.
Cabe aqui um parêntesis: a experiência da Humanidade, em termos de
aculturações específicas em massa, tem sido sempre desastrosa. Basta, para
isso, que se olhe o calendário das guerras e das lutas sociais para se ter uma
idéia.
A oportunidade só existe para todos se a cada um for dado o pode
absorver e não uma cultura padrão, geralmente mal assimilada.
Duas coisas são fundamentais no desenvolvimento do médium: a técnica
da mediunização e o conhecimento sensato da vida fora da matéria.

AS CORRENTES

Corrente mediúnica é o conjunto de espíritos empenhados numa tarefa


específica, uma missão comum que os identifica.

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No limiar do 3º Milênio FLS. 39

Parte desses espíritos estão situados nas esferas superiores e outros


estão encarnados. Como conjuntos, eles se reúnem em falanges, quer dizer,
se afinam em grupos de sete espíritos, formando hierarquias, cujo número é
sempre um múltiplo de sete.
Cada corrente é conhecida, na Terra, pelo tipo de trabalho que executa
através dos médiuns a ela filiados. Para que haja a filiação, é necessário que o
médium se afine, isto é, que a sua sintonia se ajuste ao padrão vibratório do
grupo.
A atração do médium, para um tipo de corrente determinada, se faz por
laços cujas raízes são anteriores à presente encarnação. Quando esses laços
não existem, o médium dificilmente se ajusta ao trabalho.
Não é, pois, o exame objetivo, segundo critérios humanos, que
determina a junção. Todos os grupos são bons para aqueles que se afinam
com eles. Não há grupos melhores ou piores, mas apenas grupos. A crítica aos
conjuntos, sejam doutrinários ou religiosos, ou a idéia de que um tem a
verdade e outro não, absolutamente não procede, em termos do
transcendente. A verdade está no ser humano, no íntimo do seu espírito, que é
inexprimível por um conjunto dogmático ou mesmo doutrinário.
Talvez, se falarmos da verdade em termos de realidade, possamos dizer
que um grupo doutrinário, ou melhor, uma doutrina, corresponde, em
determinado momento, a realidades do conjunto humano e melhor se adaptem
às necessidades do momento.
É assim que as correntes fazem sentido. Exemplifiquemos:
Em dado momento de nossa época, certos espíritos dos planos
superiores preocuparam-se com os rumos tomados nos processos de cura, na
Terra, em termos de Mediunismo. As superstições medravam mais do que as
ervas usadas nas curas, afastando, cada vez mais, a medicina científica das
possibilidades mediúnicas.
Com essa preocupação, eles foram ao Cristo e pediram permissão para
consertar essa situação na Terra. Essa falange era composta de espíritos cuja
maioria já havia sido encarnada na Europa, principalmente na Alemanha, onde
haviam exercido a Medicina. Recebida a autorização, eles começaram a
incorporar em médiuns de efeitos físicos e fazer curas, predominando no
Brasil. A partir daí, começaram a aparecer curadores tipo Zé Arigó e outros.
Formou-se, então, uma corrente, cuja evolução vem sendo notável. Do
sensacionalismo das curas, feito talvez com a idéia de despertar atenção, a
mediunidade de cura está ingressando num quadro mais harmônico de
entrosamento com a Medicina da Terra. Isso explica, também, o porquê dos

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No limiar do 3º Milênio FLS. 40

espíritos curadores se apresentarem como “Doutor Fritz”, um diminutivo de


Francisco, em alemão. Simples problema didático, visando capitalizar o
prestígio dos médicos alemães. Assim, temos correntes especializadas em
todos os ramos da vida na Terra: de cura, de desobsessão, de vida intelectual,
científica, etc.

CAPÍTULO IV
A CURA ESPIRITUAL

ORIGEM DAS DOENÇAS

Doença é um estado de anormalidade física ou psíquica. A ciência que


trata das doenças é a Patologia. Um dos ramos da Patologia chama-se
Etiologia, ou ciência das causas. A Etiologia considera a origem das doenças
nos agentes biológicos, nas profissões, na insalubridade e em outros fatores
desconhecidos.
Fora da Ciência, na observação comum, qualquer pessoa pode perceber
que os estados psicológicos também produzem doenças. Por sua vez, as
alterações psicológicas tanto podem ter sua origem num fato expresso
conscientizado, como num fato inconsciente ou subliminar.
O inconsciente é o mundo desconhecido do ser humano, o vasto
repositório dos mistérios da vida. A ciência médica ou a Psiquiatria não têm
condições, ainda, de explicar esses mistérios. Enquanto isso não acontece,
teremos que aceitar o pragmatismo mediúnico.
Para o Mediunismo, todas as doenças têm sua origem no plano invisível,
na dimensão envolvente do plano físico. O espírito não tem doenças, mas pode
ser o portador delas. Ao reencarnar, ele traz, na sua memória o esquema de
outras encarnações e se liga, pelos corpos invisíveis, aos déficits energéticos
de sua cota, e procura fazer o ressarcimento.
Vista por esse prisma, a doença tem um sentido educativo, faz parte do
mecanismo cármico e é coerente com a posição atual do planeta.
A Neogenética é uma ciência relativamente nova, que estuda os
problemas dos genes. Estes corpúsculos se situam no íntimo das células, e
determinam as características do indivíduo, suas doenças, enfim, a vida física
de uma pessoa.
Uma das coisas que intriga os geneticistas é o fato que uma célula,
possuidora de um gene causador de uma determinada lesão ou doença de um

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No limiar do 3º Milênio FLS. 41

organismo, ficar dormente durante muitos anos, e só entrar em atividade num


tempo certo, como um ator, que só entra no palco no momento de representar
a sua parte!
Isso dá a entender que o organismo tem uma programação, um
esquema no qual cada coisa acontece na hora determinada. Mas, assim o
como o fato genético pode ser modificado, por razões do próprio organismo ou
por interferências externas, assim são as vidas das pessoas nos outros planos.
Existe uma gênese do corpo, uma da alma e uma do espírito.
Mas existe, também, o livre arbítrio.
Um espírito programa uma encarnação em função do seu débito para
com a Terra. Para que ele salde esse débito, é preciso que emita energias, se
coloque em posição de produtividade espiritual. É necessário que sua força se
evidencie no plano da Terra e, com isso, outros espíritos, talvez seus próprios
credores, se beneficiem dessas forças. Ele escolhe, então, uma vida em que a
dor anule, até certo ponto, a tônica da alma e do corpo, para que se evidencie
a do espírito.
Ele programa um corpo e, para ele, certas doenças. Para isso são feitas
miríades de combinações, impossíveis de serem entendidas ou concebidas em
nossa mente humana. Os genes são manipulados a partir dos pais ou, talvez,
dos avós. Não esqueçamos que o tempo do plano espiritual não é o mesmo
que o nosso. Não esqueçamos, também, que os espíritos programam suas
encarnações um função de outros espíritos, e que famílias inteiras se
relacionam por acordo mútuo, muito antes do encontro.
Chegado o momento propício, a doença aparece – ou não –, na
dependência da maneira que esse espírito tenha vivido até esse ponto. Mesmo
encarnado, o espírito sabe o que programou. Mas sua alma, sua psique,
apenas pressente. O corpo nada sabe: é apenas o executivo, a base material.
A luta se passa no Eu, no campo consciencional, entre a alma e o espírito. Uma
boa alma pode pagar o débito energético de um espírito, sem precisar da dor.
Mas, isso só pode acontecer no ser humano adulto, quando a alma tem
capacidade de decisão.
Disso podemos tirar inúmeras conclusões. Por exemplo, a doença de uma
criança causa mais dor aos pais do que a ela mesma. Os adultos têm mais
consciência da dor que as crianças. A morte de uma criança em nada afeta seu
espírito, mas atinge muito o espírito dos pais.
O ser humano, enquanto não se torna adulto, não tem vida mediúnica,
da mesma forma que não tem autonomia sócio-econômica. Deduz-se, daí, que
o aspecto cármico das doenças, embora tenha nas crianças um instrumento,

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se refere mais aos adultos. Só eles têm seu livre arbítrio em condições de viver
uma dor, ou evitar essa dor pelo trabalho espiritual.
O trabalho mediúnico, qualquer que seja sua modalidade, no âmbito
doutrinário ou não, pode evitar uma doença, nos adultos ou nas crianças da
sua dependência. Isso tanto pode acontecer antes ou depois de a doença se
manifestar.
Portanto, as doenças cármicas são as programadas.
Mas, não existem, apenas, doenças cármicas. Os desatinos, tanto no
plano físico como no psíquico, causam, talvez, mais doenças do que os carmas.
Também, a doença pode ser, apenas, um fato correlato com o carma de uma
pessoa. Há miríades de possibilidades de um ser humano apanhar doenças
apenas como decorrência de outros fatores cármicos, como, por exemplo,
viver numa região insalubre ou trabalhar em condições que provoquem
doenças.
Deve-se, por conseguinte, distinguir os fatos que são parte integrante da
Natureza, em que o fator cármico é natural, sendo a Terra um planeta de
retificação dos espíritos e os destinos particulares de cada espírito.
Conclui-se que cada caso deve ser examinado de per si, não se podendo
estabelecer generalizações em torno das doenças. A mesma terapêutica
aplicada em indivíduos diferentes produz resultados diferentes.

DIAGNOSE MEDIÚNICA

A Medicina, antes de se tornar uma ciência, era um culto. Antes da


ciência de Hipócrates, existia o culto a Esculápio. Antes da existência de um
hospital, havia o templo. A Patologia tem 2.500 anos, o culto do espírito se
perde nos cálculos de tempo.
Natural, pois, que, no revisionismo atual, se procure novas luzes para a
ciência – ou arte? – de curar. O Mediunismo é uma dessas luzes.
Entre os enigmas da Medicina, o maior é, talvez o da diagnose. E o
grande problema da diagnose é a interpretação correta das causas. É difícil,
senão impossível, interpretar-se corretamente uma situação em que não
temos todos os dados do problema.
Vimos, no subtítulo anterior, que, além das origens conceituadas na
Medicina, existem outras fontes onde se poderá buscar as causas das doenças.
Tais fontes, porém, são inacessíveis ao médico convencional, preso à ortodoxia
científica. Entretanto, são inúmeros os relatos de médicos que localizaram a
causa de distúrbios, em certos pacientes, de forma completamente alheia aos

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métodos habituais. Muitas estórias desse tipo são contadas por médicos de
zonas rurais, habitualmente enfrentando toda sorte de problemas humanos e
contando com menos recursos que os médicos de cidades.
Mesmo com os recursos da Patologia atual, ainda é o médico que faz o
diagnóstico, e isso depende mais da sua personalidade do que dos aparelhos
que o cercam. Partindo desse ponto, podemos apontar os caminhos em que a
mediunidade pode ajudar o médico.
O primeiro deles é a semelhança entre o processo mediúnico e um
computador, com seu sistema de memórias.
A diagnose médica atual joga com dois tipos de incertezas: o estado
psicofísico do diagnosticador e a sintomatologia do diagnosticado.
No primeiro caso, a experiência pessoal do médico aflora ao seu campo
consciencional, conforme seu estado no momento da diagnose; no segundo, o
doente manifesta os sintomas, conforme seus momentos psico-físicos.
Essa variação não existe no indivíduo mediunizado, ou melhor, existem
apenas duas variáveis: o indivíduo está sintonizado numa faixa horizontal ou
numa vertical. Ele está bem ou mal assistido, mas distingue, com facilidade, as
duas coisas. Para que esse processo possa ser entendido, é apenas necessário
que se admita as origens dos estímulos, que são do campo físico, psíquico ou
espiritual.
Lembremo-nos, apenas, que mediunizar-se, isto é, colocar-se em
estado receptivo às emanações vibratórias de campos de forças diferentes, não
é privilégio exclusivo de alguns. Qualquer ser humano pode fazê-lo,
principalmente o médico. Percebida a causa fundamental do incômodo do
paciente, o problema se resume na interpretação correta dos dados fornecidos.

DISTÚRBIOS MEDIÚNICOS

O mecanismo de produção, emissão e absorção ectoplasmática é tão


simples e natural como o do alimento físico. Existe um metabolismo do plano
físico, do psicológico e do espiritual, um influindo sobre o outro.
Em cada ser existe um estado ideal de equilíbrio dinâmico, a cada
momento de sua vida. Fora desse ótimo é que se apresentam os distúrbios,
resultantes da atividade celular descompassada.
A produção da energia mediúnica é involuntária, relacionada com a
corrente sangüínea e o sistema neurovegetativo. Se essa energia encontra
meios de aproveitamento, no relacionamento mediúnico favorável à pessoa,
ela é normal e saudável. Se, ao contrário, não existirem meios de escoamento,

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o acúmulo de fluido magnético provoca um tipo de pressão nos plexos


nervosos, tornando-os hipersensíveis.
Essa sensibilização provoca sintomas de anormalidade nos órgãos de
influência desses plexos e, na medida da persistência do fenômeno, se
transformam em distúrbios físicos.
O fenômeno provoca, também, certa descompensação energética, uma
perda constante de energia vital. Até certo ponto, esse quadro é normal,
manifesto em pequenos incômodos, aos quais não damos importância.
Tomamos um comprimido ou um remédio caseiro, e continuamos cumprindo
nossas obrigações. Chega o dia, porém, em que esses incômodos se tornam
mais agudos, e tratamos de procurar o médico.
Este intervém, mediante a análise dos sintomas e a visão do quadro
geral apresentado pelo próprio paciente. Em hipótese alguma os fatores aqui
mencionados entram na cogitação do médico ou do paciente.
Naturalmente, na medida em que os incômodos aumentam, vai se
tornando evidente o dano celular, e o paciente entra nas classificações
tradicionais do equacionamento clínico. O problema começa para o leigo em
Mediunismo, seja ele o médico ou o paciente, quando as intervenções clínicas,
consagradas pela experiência, não produzem o resultado esperado.
Se tomarmos em conta o problema que representa, para a sociedade, a
atual oferta de serviços médicos em face da procura, seria de bom alvitre a
Medicina volver os olhos para esse fator.
A manipulação mediúnica pode resolver, em questão de minutos, certos
problemas médicos que, de outra forma, representariam muito dispêndio e
sofrimento.
O problema é conjugar as duas visões: a psico-espiritual e a física, e
empregar a terapêutica certa.
Na Psiquiatria, isso se torna mais fácil. As anormalidades da psique
oferecem maior campo de observação dos fatores mediúnicos. Os distúrbios da
mente são atribuídos a fatores generalizados, dificilmente especificados na
feitura de um diagnóstico. Tanto neste como na terapêutica, o clínico está
envolvido nas dificuldades da definição das causas.
A mediunidade pode aliviar muito essa situação, pois se a pressão
mediúnica tem a propriedade de alterar as condições orgânicas do ser humano,
ela altera, com muito mais facilidade, as condições psíquicas.

LICANTROPIA E CÂNCER

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A licantropia é a capacidade do espírito desencarnado de moldar seu


corpo etérico conforme as deformações de sua mente. Essa palavra deriva da
lenda universal do lobisomem, o homem que se transforma em lobo.
Traumatizado pelo ódio, ele vai se deformando e concentrando, a ponto
de ficar com o tamanho aproximado de uma cabeça de mico, onde
predominam os olhos grandes, e com os braços e pernas atrofiados e colados
ao corpo.
Na Corrente Indiana do Espaço, esses espíritos se chamam elítrios.
Na fixação de seu ódio, ele permanece nos planos invisíveis, aguardando
a oportunidade de vingança, e assim pode ficar até por milênios. Chegado o
momento do reajuste, do acerto de contas com o espírito que o levou a essa
condição, ele vem para o plano físico e começa a exercer sua ação deletéria.
Na maioria das vezes, nasce com o espírito de quem vai cobrar a dívida.
Enquanto o recém nascido vai se formando como ser humano, ele permanece
incubado, dormente. Assim que as condições físicas da vítima se apresentam
favoráveis, ele começa a absorver as energias vitais.
Cada caso aparece com características próprias da situação em que a
dívida se formou. Esse mecanismo é obscuro e de difícil penetração. Sua
presença é verificada, no trabalho mediúnico, nos casos de doenças rebeldes e
tratamentos médicos, principalmente as consideradas incuráveis.
A doença causada pelos elítrios pode estar situada em qualquer parte do
corpo. Também, pode ser verificada a presença de mais de um elítrio no
mesmo paciente.
A forma sutil de sua atuação faz com que, a princípio, os sintomas sejam
imperceptíveis. O elítrio vai firmando seus tentáculos e, quando chega o
momento, começa a sucção. A partir daí, os sintomas são alarmantes, e o
paciente é levado ao médico, já sem recursos.
A aderência de um elítrio tanto pode ser em termos musculares como em
centros nervosos e medulares. Sua ação, entretanto, se faz sentir em todo o
organismo, pois absorve as energias sutis do paciente.
O câncer, em algumas das modalidade que se apresenta, tem essa
característica. Muitas doenças, consideradas curáveis pela Medicina, não são
resolvidas quando o paciente tem elítrios. Só o Mediunismo pode detectá-los e
atingi-los. Falaremos disso no título dedicado à cura espiritual.

CURA MÉDICA E CURA ESPIRITUAL

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A Organização Mundial de Saúde considera doente o cidadão que


apresenta desequilíbrio num dos três aspectos: físico, mental ou social.
O Mediunismo considera, além desses três, o fator transcendental. Para
ele, o paciente é um ser reencarnado, isto é, que já existia antes do
nascimento, continuará existindo depois da morte e mantém contínua relação
com as outras dimensões.
Portanto, a ausência da saúde pode ter sua origem no corpo, na mente,
nas condições sociais e nos fatores transcendentais.
A missão do Mediunismo é cuidar, apenas, do fator transcendente,
embora os problemas resultantes se manifestem nos planos físico, mental ou
social, isto é, distúrbios de ordem física, mental ou social podem ter sua
origem no plano espiritual.
A Medicina está perfeitamente aparelhada para sua missão de curar, e
compete ao Mediunismo, apenas, fazer a enfermagem espiritual. O trabalho
mediúnico deve encaminhar aos médicos os pacientes livres dos elítrios e das
pressões ectoplasmáticas.
Mas, para que os dois processos funcionem em sintonia, se torna
necessário a admissão, no conceito médico, da existência desses fatores
invisíveis da doença. A ciência médica e a ciência espiritual se completam
perfeitamente.
É preciso que se saiba, com toda clareza, que a cura de um paciente,
qualquer que seja sua moléstia, está relacionada com o seu destino
transcendente. Tanto a morte prematura como a vida de saúde precária são,
às vezes, condições que o espírito estabeleceu para sua própria evolução.
Casos como esses é que dão motivos de desânimo aos facultativos, pois são
rebeldes às mais severas intervenções. São os pacientes que não querem ser
curados, inconscientemente. Aliás, a atividade médica, se olhada sem
distorções românticas, é a luta perene contra o suicídio. O ser humano
considerado normal, suicida-se todos os dias um pouco, na insensatez da vida
moderna.
Só o Mediunismo tem condições de erguer uma pessoa da sua miséria
íntima e incutir-lhe a vontade de viver. O despertar dos fatores
transcendentais explica o mundo e mostra ao Homem qual a posição nele.

MEDIUNIDADE DE EFEITOS FÍSICOS

Certas pessoas emitem um ectoplasma que tem a propriedade de intervir


na matéria física, exterior ao seu corpo. Com esse fluido, uma pessoa ou um

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espírito pode materializar ou desmaterializar, mudar padrões vibratórios ou


magnéticos, transportar objetos, produzir ruídos, etc.
O fenômeno é muito amplo e vem sendo estudado, na época moderna,
desde o Século XIX, e é apresentado como base da comunicação com os
espíritos. Na verdade, ele é muito mais amplo, e a prova disso está,
justamente, na cura espiritual, cuja base é a desmaterialização.
A maioria das doenças consideradas incuráveis é produzida por elítrios.
Estes são espíritos concentrados a tal ponto que interferem na matéria física.
Quando o paciente portador de elítrios é submetido ao trabalho mediúnico, o
elítrio recebe a aplicação do fluido do médium de efeitos físicos. Esse
ectoplasma produz o alargamento dos espaços intermoleculares do elítrio,
fazendo com que ele cresça, se torne menos sólido, e perca sua concentração.
Mediante sucessivas aplicações, ele chega a atingir a estatura normal de
um ser humano. Nesse ponto, ele está tão leve e sutil que não tem
possibilidade de aderência, podendo, então, ser encaminhado ao seu plano.

MÉDIUNS CURADORES

Com base no que verificamos até aqui, a respeito de doenças e doentes,


a cura não se faz, apenas, na desmaterialização dos elítrios ou outros fatores
da doença. Nela entra em jogo a verificação dos antecedentes espirituais do
paciente, o quadro clínico, os diagnósticos, tratamentos, internamentos, idade,
etc.
De acordo com o quadro obtido no contato com o doente ou com seus
acompanhantes, é que irá se processar a eventual cura. Para cada um desses
aspectos, é usada uma função mediúnica diferente, e se chega à conclusão de
que todas as mediunidades se aplicam à cura.
Se quisermos, porém, considerar a cura apenas quanto aos sintomas
patológicos, o curador por excelência é o médium de efeitos físicos. É preciso
considerar, entretanto, que o ectoplasma de efeitos físicos não é exclusivo de
um único tipo de médium, ou seja, não existe um médium cuja função
mediúnica seja, unicamente, a de efeitos físicos. Qualquer médium pode ter
esse fluido, embora nem todos os médiuns o tenham.
Poderíamos, então, caracterizar o médium curador como aquele que se
dedica a essa missão, especificamente, e seja portador do fluido necessário. O
afastamento dessa realidade leva a superstições e conceitos que prejudicam
mais do que ajudam à Humanidade, tão carente de um médium sadio.

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CIRURGIA INVISÍVEL

A cura mediúnica ou cura espiritual é feita, exclusivamente, através do


corpo sutil do paciente. Não há, portanto, necessidade alguma de contato físico
entre os médiuns curadores e o doente. Não é o médium que faz a cura, mas
os espíritos que a fazem, por intermédio do médium. Para maior facilidade,
para que haja ambiente, concentração de forças mediúnicas e auxílios de
ordem psicológica, é melhor que o paciente esteja próximo aos médiuns que
irão curá-lo. Mas, absolutamente, não é necessário que o médium toque no
paciente ou faça qualquer ato de ordem física. Uma cura mediúnica pode se
processar em qualquer distância física entre médiuns e o paciente,
dependendo do tipo de corrente mediúnica que pratica.
O significado profundo desse fato é que qualquer imitação dos processos
da Medicina, na cura mediúnica, é fraude ou ignorância da realidade. Quando
isso acontece, é porque os espíritos que estão intervindo na moléstia do
paciente são espíritos da Terra e não espíritos do Céu.
Espíritos da Terra são de pessoas que morreram, mas ainda não
alcançaram os planos superiores, estando, portanto, presos à faixa cármica e
reencarnatória. Seus critérios são prejudicados pelo simples fato de que vivem
num plano intermediário, numa zona de conceitos indefinidos.
Espíritos do Céu são redimidos do carma, são os chamados espíritos
de Luz, cuja posição é nítida e definida na Organização Crística, nos critérios
transcendentais.
Há, portanto, duas formas claras de se encarar o problema de um
doente: o da ciência médica, com base na razão e no bom senso, usando-se a
inteligência humana lastreada nos fatos sensoriais, e o da ciência espiritual,
tomando-se em consideração o fato transcendental, o destino mais amplo da
criatura humana que se quer curar.
No primeiro caso, a única autoridade é o médico, o profissional da cura,
responsável pela saúde humana. No segundo caso, a autoridade é o Espírito
Superior, que preside os médiuns que, eventualmente, irão intervir num caso
de cura.
Espíritos do plano invisível da Terra, por melhor que sejam suas
qualidades ou suas intenções, não têm capacidade de julgamento, nem
autoridade, para interferir num destino humano, pelo simples fato de que eles
ainda não definiram seu próprio destino.
Essa posição é o suficientemente clara, e uma operação só aparece no
plano material, sensorial, com cheiro de éter, assopeais, curativos, incisões,

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bisturis, esparadrapos, sangue, tumores em vidros, etc., por motivos humanos


de uma suposta origem espiritual.
Os espíritos superiores, absolutamente, não precisam dessa parafernália
para efetuar uma cura, quando é justa no destino transcendente do paciente.
Também, não fazem dispêndio de energias em atos físicos, para os quais
existem seres preparados e treinados – os médicos. Esses exercem uma
profissão das mais nobres e respeitadas no plano espiritual, tanto que todo
médico recebe proteção espiritual, qualquer que seja sua posição
doutrinária.

A MEDICINA E O MEDIUNISMO

A principal finalidade da Medicina é preservar a vida humana na Terra. A


principal finalidade do Mediunismo é preservar o destino de um espírito em
tráfego encarnatório, na Terra. A Medicina se preocupa com o destino
transitório de uma encarnação do corpo físico que um espírito está usando
para o seu programa atual. O Mediunismo se preocupa com a conservação do
corpo físico, em função das finalidades do espírito que o utiliza.
Ambas as ciências têm sua razão de ser e suas finalidades bem
definidas. Uma trata do plano psicofísico, e a outra, do plano espiritual.
Remédios se usam para o corpo, e são problemas de Química e Fisiologia. Um
espírito receitar um remédio é o mesmo que um médico querer recartilhar um
carma. Um espírito fazer um diagnóstico clínico, é o mesmo que um médico
querer definir a posição de um espírito. Se o paciente precisar de um
diagnóstico, ele vai ao médico, e o seu Mentor, junto com o Mentor do médico,
inspiram a este o quadro certo. Se o diagnóstico não for certo, provavelmente
será porque o espírito daquele paciente não quer que ele seja curado. Não se
pode generalizar esse assunto, pela simples razão que cada ser humano
apresenta um problema único e original. Não nos esqueçamos, porém, de que
todos os seres humanos são objeto da misericórdia divina.

AS DOENÇAS DO FUTURO

No Universo em expansão, a Terra sofre, periodicamente,


transformações impossíveis de serem previstas e registradas pelo processo
científico.
Tais processos se manifestam em termos de ciclos, que são
imperceptíveis no começo, e mais sensíveis no fim. Tomando-se por base os

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ciclos de dois mil anos, definidos em termos astronômicos, pode-se registrar


modificações biofísicas palpáveis.
Mas, o fenômeno não se traduz, apenas, em termos geológicos, mas,
também, de uma ecologia ampla. Por exemplo, as viagens espaciais de
artefatos, sejam tripulados ou não, terão que trazer alguma modificação à
Terra, pois apenas parte dos fenômenos envolvidos são previsíveis e
conhecidos. Por outro lado, quantos fenômenos de ordem psicológica, social ou
econômica essas viagens já produziram?
O assunto é, aparentemente, vago, uma vez que não existe uma
autoconsciência coletiva e seja, talvez, objeto de cuidados secretos dos
cientistas. Por enquanto, o que existe de público, são as profecias, antigas e
novas, do mundo espiritual.
Nessas profecias, são previstas alterações na intimidade biológica e,
dentre elas, novas doenças que irão se manifestar nos próximos dez ou vinte
anos. A única razão de registro desse fato neste manual é que o princípio
dessas doenças está, justamente, no aumento em termos de profundidade e
extensão do fenômeno elitriano.
Seria, então, de bom alvitre que a Ciência começasse a volver os olhos
para o fenômeno mediúnico, única forma pela qual poderia registrar os fatos
estranhos à lógica científica. Assim, talvez, possibilitasse a formação dos
técnicos que iriam enfrentar o problema de saúde, quando sair fora da lógica
atual.
CAPÍTULO V

AS OBSESSÕES

O FENÔMENO

Diz-se que uma pessoa é obsidiada quando tem uma idéia fixa, ama ou
odeia descontroladamente alguém ou algo, e é assediada por essa idéia,
pessoa ou coisa. Isso, na linguagem comum, é uma obsessão, um defeito da
personalidade, uma anormalidade de comportamento. Caracterizadas, no
indivíduo, sob a forma de vícios, hábitos estranhos, marginalização social,
revoltas, etc., são resultantes do conflito natural da gama vibratória
psicofísica, e, até certo ponto, faz parte da vida normal.
Ao ser registrado no âmbito do Mediunismo, o fenômeno adquire outra
dimensão, primeiro pela admissão, pelo paciente, da existência de fatos

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estranhos na sua vida, e, segundo, porque o diagnóstico abrange os fatores


transcendentais da anormalidade.
O Mediunismo situa, sempre, o problema em termos de presença de
espíritos, e a maior ou menor influência no fenômeno obsessivo. Porém,
considera obsessão somente quando o indivíduo perde a liberdade, total ou
parcial, para outro espírito.
Entretanto, para se compreender o fenômeno em toda a sua extensão, é
preciso que se tenha em mente o processo reencarnatório.
O espírito, ao encarnar, ocupa um corpo submisso às leis físicas. Nesse
corpo atuam todas as leis naturais – do mineral, do vegetal e da química do
carbono. Este, por sua vez, é comandado pela alma, que obedece às leis
psicossociais que regem o meio onde vive.
O espírito é regido por leis de outra dimensão, de aspecto transcendente.
Ao encarnar, ele subordina-se às leis que regem o organismo que ocupa, e
visa, com isso, obter determinado fim. Esse objetivo é inteiramente particular,
da mesma forma que o organismo ocupado é inteiramente seu, de sua
escolha.
Temos, assim, uma certa dualidade, o corpo e a psique compromissados
com seu ambiente, e o espírito com suas obrigações transcendentais. A luta
entre os dois – personalidade e espírito – cada qual procurando atender às
demandas de seu ambiente, forma a eterna dualidade que se reproduz em
todos os homens. À personalidade repugna qualquer interferência e, para isso,
dispõe do seu mecanismo de defesa. O espírito, a fim de atender aos
compromissos anteriores, liga-se e permite que outros espíritos interfiram na
vida da pessoa. Para o espírito, o corpo tem, apenas, uma utilidade transitória:
o período necessário para atingir os fins a que ele se propõe. É apenas um
meio, um veículo. O corpo pode se desagregar, e acabará por desaparecer. O
espírito permanece, neste ou em outros planos.
Essa ligação e a subordinação a leis mais amplas é que explica o
mecanismo da obsessão. Pelo seu caráter negativo, ela é o reflexo das lutas
entre espíritos, cuja arena é o plano físico. Não é, portanto, um fenômeno
exclusivo dos encarnados, mas é, principalmente, dos espíritos.
Nessa perspectiva ampla, a obsessão é um fenômeno próprio da vida
neste planeta, onde o espírito encontra condições de equacionar seus
problemas, criados por ele, em tempos diferentes, em encarnações diversas.
A personalidade, regida por leis relativamente estáveis, procura a
tranqüilidade, a satisfação de suas necessidades básicas e o melhor
aproveitamento do ambiente. O espírito, regido por leis mais dinâmicas, com

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outro conceito de tempo, procura o conflito, o ajuste de contas e a cobrança ou


o pagamento de seus débitos.
A ligação de um espírito com outro, qualquer que seja a sua natureza,
produz alterações no meio psicofísico, na forma de ação da personalidade.
Quando essas ligações são de caráter negativo, produzem-se as obsessões.
A interferência pode ser de ordem intelectual, no plano da mente física,
no sistema nervoso ativo, ou pode ser de ordem física, no sistema vegetativo –
caso das doenças licantrópicas.
Existem, pois, mais obsessões do que se considera habitualmente como
tal, por se notar esse fenômeno apenas quando se manifesta em termos de
convulsões, manifestações de loucura ou ações criminosas.

OBSESSÃO POR DESENCARNADO

É a obsessão mais comum. O espírito encarna, e traz programada uma


série de reajustes com outros espíritos desencarnados. A maioria desses
reajustes se faz na vida quotidiana do indivíduo, nas mil e uma maneiras que a
vida diária proporciona. Os espíritos cobradores se aproximam da área invisível
da pessoa, e provocam situações embaraçosas.
Com isso, provocam a dor, e esta libera as energias de que eles se
acham credores. Satisfeitos e vingados, eles se afastam. Assim são nossos
aborrecimentos e nossos desastres quotidianos. Sempre tem alguém se
aproveitando de nossas amarguras e se libertando de nosso espírito.
Essa energia sutil, da qual os espíritos são ávidos, é produzida de duas
maneiras básicas: pela dor ou pelo trabalho espiritual, considerando trabalho
espiritual toda atitude humana condizente com os princípios crísticos. A forma
mais lucrativa do trabalho espiritual é a mediúnica.
A obsessão começa a existir quando as condições de cobrança são
desequilibradas. Ou o espírito cobrado não tem dor o suficiente intensa para
satisfazer o cobrador vingativo, ou não consegue outra forma da produção da
energia necessária para satisfazê-lo.
Nesse caso, o obsessor toma conta da personalidade, na proporção em
que consegue romper suas resistências, e a pessoa entra em desequilíbrio.
Esse fenômeno pode durar de apenas alguns minutos a uma existência. Até
certo ponto de sua duração, a intervenção é possível, no mecanismo da Lei do
Perdão e do Amor Crístico. Ultrapassado esse ponto, o indivíduo se torna um
esquizofrênico ou um louco total, e acaba por desencarnar nessas condições. O
que se passa depois está fora do domínio humano.

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É importante saber que o ajuste de uma situação obsessiva não consiste,


apenas, em afastar o obsessor. A intervenção indevida só transfere o problema
para situações futuras, provavelmente piores. É necessário dar, ao obsidiado,
condições de pagamento de suas dívidas e proporcionar, com isso, a libertação
de ambos – obsidiado e obsessor.

OBSESSÃO POR FALANGES

Falanges são agrupamentos de espíritos afins, geralmente em número de


sete ou seus múltiplos. Todos os espíritos pertencem a alguma falange. Como
nos grupos sociais, a constituição de uma falange pode se dar por um motivo
único e transitório, assim como por razões mais duradouras e transcendentes.
A obsessão por uma falange se dá quando esses espíritos efetuam uma
cobrança de algo que lhes foi feito coletivamente por um único indivíduo.
Naturalmente, as energias necessárias para esse tipo de cobrança são
muito maiores. O obsidiado por uma falange, geralmente, é, enquanto dura o
assédio, um anormal psicofísico. Pode acontecer de o obsidiado produzir, na
sua atividade humana normal, mais energias que um indivíduo comum. Para
que se caracterize essa obsessão, é necessário que o obsidiado tenha poderes
energéticos ou sociais que, de alguma forma, atendam os interesses da
falange.
Mesmo assim, o problema se apresenta semelhante, tanto na obsessão
de uma personalidade atuante na vida social, como de um ser humano
comum, sem expressão.
Mas, é necessário não se deixar enganar pelas aparências. Um pobre
alcoólatra, que perambula pelas estradas, obsidiado por uma falange em busca
do magnético animal pesado, apresenta, muitas vezes, um quadro de
reajustes semelhantes ao de um político ou cientista, bem colocado na vida
social, que atende obsessivamente a espíritos de gabarito.

OBSESSÃO LICANTRÓPICA

É, tipicamente, a presença dos elítrios, espíritos condensados no ódio, já


descrito no capítulo das curas espirituais. Geralmente, o elítrio já vem na
bagagem do espírito quando encarna.
Um espírito leva muito tempo para se tornar um elítrio. Só algo terrível,
em termos de crueldade humana, pode provocar essa situação. O espírito
desencarna sob torturas físicas ou morais, e seu ódio se concentra numa ou

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mais pessoas que causaram sua desdita. Uma vez no plano invisível, sem a
alimentação relacional que poderia fazê-lo esquecer, ele vai deformando seu
corpo etérico, num processo inverso do feto humano.
Todo espírito, ao desencarnar, leva consigo sua alma e a reveste de um
novo corpo, no plano invisível. No princípio, este corpo é semelhante ao que
deixou no plano físico. Ele tem as mesmas características, os mesmos hábitos,
usa as mesmas roupas, os mesmos óculos, etc. Esse corpo e esses hábitos
vão, a partir do desencarne, se modificando, de acordo com rumos que o
espírito toma, com a síntese mental que forma da existência que acaba de
deixar. Se essa síntese é o ódio caracterizado num agrupamento de fatos, ele
se torna um elítrio.
Atingida essa condição, ele permanece hibernando, até que chegue o
momento de retomar o caminho. Isso pode durar anos, séculos ou milênios,
contados em termos da Terra.
Assim que o espírito ofensor atinge o grau de evolução suficiente, às
vezes através de várias encarnações, para ter condições de suportar a
cobrança, ele programa a encarnação em que vai pagar a dívida para com os
elítrios que ajudou a formar.
O espírito, geralmente, encarna no ventre materno, quando o corpo
gerado atinge o terceiro mês. Nessa altura, ele é colocado nesse corpo e se
torna um ser humano que irá nascer, provavelmente, daí a seis meses.
Junto com esse espírito, os responsáveis por essa encarnação colocam,
também, os elítrios. A posição desses espíritos, em relação ao organismo que
vai se formando, obedece a razões acima do nosso conhecimento. De um
modo geral, sabemos que, na qualidade de futura doença, eles se preparam
para causar ao paciente dores semelhantes àquelas que lhes foram causadas
no início do drama.
O processo de descongelamento do elítrio vai se fazendo de acordo com
as etapas de crescimento do ser cobrado. Eles tanto podem causar um mal
congênito, como permanecer dormentes e aparecer, subitamente, em idade
avançada. Cada caso é um caso específico e, dificilmente, aparecem dois casos
iguais.
Qualquer doença pode ter sua origem num elítrio, porém nem todas são
causadas por eles. A de maior incidência, com essa origem, é o câncer, em
algumas de suas modalidades. Por essa razão é que existem doenças que são
curáveis em uns indivíduos e incuráveis em outros. E, por essa razão,
indivíduos portadores da mesma doença, uns são curados no Mediunismo, e
outros não. A cura mediúnica é possível quando se trata de obsessão, quer

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dizer, doença causada por uma dívida espiritual e o paciente apresente


condições que permitam arranjos na contabilidade sideral.
O indivíduo pode ter um ou mais elítrios, e certos elítrios podem causar
efeitos em mais de uma pessoa de intimidade, como o caso de marido e
mulher, mãe e filho, etc.

OBSESSÃO EPILÉTICA

A epilepsia tanto pode ter sua origem num ou mais elítrios, como em
outras causas. Ela é obsessiva quando existe a presença de elítrios junto ao
cérebro do paciente. Nesse caso, os sintomas são mais localizados pelos
órgãos, pois, que entram em convulsão; pode-se, eventualmente, determinar
a região do cérebro que está sendo afetada (pequeno mal).
Há, porém, outras causas espirituais que produzem a epilepsia. Um
espírito, endividado com muitos outros espíritos, não teria condições de
sobrevivência na Terra se todos lhe cobrassem na obsessão comum. Os
Mentores os conservam em seus mundos invisíveis, e o devedor encarnado
recebe a cobrança indireta.
Estabelece-se, então, uma ligação vibracional entre esses espíritos e o
devedor encarnado, em parte diluída pela distância. A onde vibratória é
detectada pelo cérebro do paciente. A intensidade de cada onda é diferente, e
atuam nas células cerebrais. produzindo a convulsão e outros sintomas típicos
da epilepsia.
Nessa relação complexa e variável, cada paciente apresenta condições
diferentes. Os fatores comuns da epilepsia são as fases típicas, os estágios da
moléstia e a tendência dos ataques em horários mais ou menos certos. A
ionização dos raios solares interfere nas comunicações interplanos, num
processo semelhante ao que afeta as ondas hertzianas.
Também, nesse caso, o desenvolvimento mediúnico pode ajudar o
paciente a diminuir ou minimizar as crises, se conjugar esse trabalho com
medicação apropriada. Deve-se considerar que o epiléptico pode ter,
paralelamente, obsessões comuns e outros sintomas de mediunidade
angustiada.
Um epiléptico que consiga condições mediúnicas de equilíbrio, pode viver
plenamente e se realizar como qualquer pessoa. Os fatores de influência social
estabelecem um ritmo de produção mental constante que reforçam os
mecanismos de defesa. A literatura nos dá notícias de epilépticos geniais, que
muito contribuíram para o progresso humano.

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OBSSESSÃO POSSESSIVA

A obsessão possessiva – ou possessão – difere da obsessão pela forma


como se dá o fenômeno.
Na obsessão, o espírito se liga ao indivíduo pela afinidade vibracional,
usando os plexos nervosos como pontos de contato. Na possessão, o ser
obsessor desdobra uma parte de si mesmo e penetra na metade do corpo do
paciente. Devido a essa forma de assédio, a possessão se dá muito entre os
vivos. Uma pessoa ama ou odeia outra, continuadamente, atribuindo a ela as
razões de seu sofrimento ou a culpa dos males que lhe acontecem. Com isso
permanece num estado quase contínuo de depressão psíquica, estado esse que
estabelece condições de transe mediúnico meio sonambúlico. Seu ectoplasma
se destaca do corpo e, carregado de sentimentos, dores e incômodos, se
transforma quase num ser à parte, uma pequena alma que se movimenta.
Esse meio ser penetra no objeto de sua desdita e ocupa, por razões
obscuras, metade do corpo do sujeito visado, quase sempre o lado esquerdo.
O ectoplasma assim constituído invade a medula da perna e do braço, e irradia
por todo o corpo.
O primeiro sintoma de possessão é a sensação de desconforto físico e
dores indefinidas na perna. O corpo se descontrola e as sensações depressivas
se alternam com atitudes de reação. Na medida em que a possessão se firma,
o paciente começa a sentir as mesmas sensações do possuidor. Sente culpas,
arrependimentos, revoltas e passa a detestar as coisas do seu próprio mundo.
Ele assimila o estado psíquico do possessor.
A intensidade da possessão varia conforme os estados do possessor e
tende a aumentar à noite, quando ambos dormem. O corpo ectoplasmático
entra e sai, produzindo, no paciente, estados alternados de depressão e de
normalidade.
O maior problema que apresenta o fenômeno da possessão é a sua
verificação. Há certa dificuldade em se distinguir estados depressivos comuns
de outros que sejam possessivos. O sintoma mais característico é o incômodo
físico em apenas um dos lados do corpo.
Também, não existem métodos seguros de afastamento da possessão,
no âmbito do Mediunismo. A neutralização de uma possessão exige o emprego
de forças mais sutis da alta magia. Isso eqüivale a dizer que, para se afastar
uma possessão, é necessário uma atitude crística elevada, um estado de amor,
de perdão e de humildade. Talvez, por essa mesma razão, a possessão é mais

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comum em pessoas de elevado gabarito moral e religioso. Qualquer brecha na


sua atitude dá oportunidades aos seus desafetos.
A possessão por espíritos se dá por processo semelhante, partindo de
espíritos recém desencarnados ou muito saturados de fluído magnético animal.
A melhor solução para um problema de possessão é conseguir o auxílio
de um Guia Espiritual, incorporado num médium bem desenvolvido.

OBSESSÃO DO PRÓPRIO ESPÍRITO

Trata-se de uma forma obsessiva na qual o agente obsessor é o próprio


espírito do paciente.
Dominado por quadros do passado e influências de outros espíritos,
estabelece-se uma desassociação extremada entre a atual personalidade e o
espírito da pessoa, produzindo angústia constante.
Esse tipo de obsessão é mais comum em pessoas aculturadas
intelectualmente, que se adaptam a uma linha unilateral de pensamento. Seu
espírito se filia a uma corrente de idéias do plano invisível, e essa tônica
dominante contrasta, quotidianamente, com as idéias que a própria
personalidade entra em contato. A fonte do seu espírito é única, enquanto as
fontes da personalidade variam, formando um contraste extremado, teimoso.
O espírito desse tipo de obsidiado tanto pode estar sob o domínio de uma
revolta contra a sociedade, como contra uma pessoa, ou grupo de pessoas, a
quem atribui as causas dos seus males.
Esse quadro, quando atinge o limiar da esquizofrenia, provoca, no
paciente, crises de violência e convulsões. Ela se revela ao Doutrinador por um
detalhe de suma importância: no decorrer de uma crise, pronunciando-se o
nome do paciente, ela aumenta. Num obsidiado por outro espírito, o mesmo
processe faz com que volte ao normal.

OBSESSÃO RELIGIOSA

É a escravidão espiritual, em suas várias modalidades de expressão, a


prova mais contundente do antropomorfismo aplicado às coisas do espírito.
Deus feito à imagem e semelhança do Homem. São os conceitos do Bem e do
Mal, do bom e do mau, o positivo e o negativo, particulares da Terra, com um
aval forçado do Deus Universal, o Inconcebível.
Esse tipo de obsessão se origina, em geral, na educação religiosa
divorciada da educação comum, para as coisas da vida. O fenômeno é tão

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antigo quanto a Humanidade, porém mais notável no ciclo atual, e formou


uma poderosa falange de espíritos desencarnados, que habitam uma região do
plano etérico da Terra, conhecida, nos meios iniciáticos, como o Vale das
Sombras.
Para esse poderoso exército afluem, todos os dias, espíritos de pessoas
que desencarnam sem ter compreendido o Sistema Crístico. Em sua maioria,
são cientistas, intelectuais, líderes religiosos e políticos, que nunca aceitaram
as leis do perdão, do amor e da humildade. Sua principal argumentação é falar
em nome de Deus, porém, não aceitam, em hipótese alguma, a palavra Cristo.
São eles os mestres da dialética do conhecimento, e atuam, sutilmente,
na mente fechada dos ditames do próprio espírito do paciente.
A pessoa que cai sob o domínio desses espíritos é intransigente e
inabalável na sua posição religiosa, qualquer que seja ela, e chega ao
fanatismo extremado. O mesmo fenômeno pode acontecer a uma pessoa
nessas condições, que seja anti-religiosa ou que espose um credo político ou
científico. Qualquer conjunto de idéias pode servir para um obsidiado desse
tipo. Quando ele atinge a esquizofrenia, repete, com monotonia, as idéias e
frases estereotipadas da sua religião ou credo.

OBSESSÃO ALCOÓLICA

É, tipicamente, a obsessão que poderia ser chamada de obsessão


química.
O ectoplasma natural do alcoólatra vai se impregnando dos resíduos
extremamente voláteis do álcool e, com isso, estabelece um contato regular
com o mundo invisível que o cerca.
Paralelamente, a repetida agressão que sofrem as células cerebrais,
amortecem suas reações, e o alcoólatra vai perdendo a consciência do mundo
psicofísico, em termos de normalidade de percepção.
É uma condição mediúnica constante e angustiada. Os espíritos
desencarnados que vivem, naturalmente, em torno dos seres humanos,
encontram, no ectoplasma do alcoólatra, um alimento fácil e acessível. Na
medida das afinidades que estabelecem com o paciente, vão se apoderando de
sua vontade, e acabam por se tornar obsessores. Como se vê, a iniciativa é do
indivíduo, e não do espírito desencarnado. É uma obsessão que se origina na
educação, nos hábitos sociais e nos traumas psíquicos.
O mesmo fenômeno se passa em relação a outras drogas, e sua
generalização se dá devido aos momentos fugazes de prazer que

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proporcionam. A ativação dos sentidos além da gama normal, que a


embriaguez proporciona, é semelhante à percepção mediúnica, porém, nada
tem de igual. Nunca se deve confundir a excitação sensorial com a
sensibilidade espiritual.

A DESOBSESSÃO

A desobsessão é o trabalho fundamental do Mediunismo. Compreendida


em seu sentido amplo, a obsessão é uma condição generalizada em que se
acham os seres humanos no presente ciclo do planeta. A maioria das pessoas
sofre as influências dos espíritos, numa ou outra modalidade obsessiva.
No sentido comum da palavra, ela só é reconhecida quando o paciente
apresenta sinais visíveis de anormalidade, tais como convulsões, crises de
agressividade ou prostrações repentinas.
Como resultante, existem duas terapêuticas aplicáveis: uma de
emergência, e outra a longo prazo. Para que não haja decepções, tanto dos
socorristas como das pessoas que procuram o Mediunismo numa crise, é
preciso que haja certa cautela na verificação do paciente. Se ele já entrou no
quadro clínico da esquizofrenia ou da loucura, tendo recebido choques
químicos ou medicação psicotrópica prolongada e profunda, nesse caso o
Mediunismo já não lhe adianta. Fazer um trabalho mediúnico para um paciente
nessas condições é arriscar os médiuns, cansá-los inutilmente, e não obter
resultados.
A terapêutica mediúnica é a restauração do equilíbrio da pessoa. Se ela
não apresenta condições básicas de recuperação, se o seu sistema nervoso já
foi danificado, o veículo físico não tem condições de restauração; nesse caso, o
problema já ultrapassou a faixa puramente mediúnica. Sem dúvida alguma, a
misericórdia divina sempre pode acudir uma pessoa nessas condições. Às
vezes, a medicação adequada, combinada com a intervenção mediúnica,
produz extraordinários fenômenos de recuperação.
A base da desobsessão é a Doutrina, desde que não se entenda por
doutrina a simples persuasão. Embora se use a palavra em quase todas as
fases da desobsessão, elas só se tornam inteligíveis, tanto para o obsidiado
como para o obsessor, se estiverem em condições de entender, racionalizar as
coisas. Isso significa que ambos evoluíram a ponto de se libertarem
mutuamente. A principal função da palavra, em Mediunismo, é servir de
condutora de fluído, de ectoplasma.

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CAPÍTULO VI

A PRÁTICA DO MEDIUNISMO

INFRA-ESTRUTURA CRÍSTICA

“Onde houver duas ou mais pessoas reunidas em meu nome, eu estarei


entre elas em espírito e verdade” (Mateus,18/20)
Essa promessa do Mestre Jesus, repetida antes de qualquer trabalho
mediúnico, é a melhor forma de garantir, para ele, a assistência dos espíritos
superiores. Essa frase evangélica pode ser repetida em todos os quadrantes do
globo, em qualquer língua, pois, dificilmente, o seu sentido pode ser
deturpado.
O Mestre Jesus representa, no atual Ciclo de Peixes, o Cristo atuante, a
manifestação sensível de Deus aos seres humanos. Pouco importa se a
apresentação se faz em termos de Budismo, Induísmo, Catolicismo ou outras
roupagens religiosas. A presença Crística se evidencia através de fatores que
são comuns e inconfundíveis a todo espírito encarnado na Terra ou, em outras
condições, nas suas imediações.
Toda religião, doutrina, iniciação, ciência oculta, conhecida ou não da
atual Humanidade, esotérica ou exotérica, se caracterizará como Crística se a
atitude fundamental que sugerir puder se resumir em três palavras: Amor,
Humildade e Tolerância.
Para se compreender amplamente esse fato, deve-se notar que a
presença Crística não é manifesta, apenas, em termos de doutrina verbalizada
ou escrita, mas, sim, na determinação de uma atitude básica de
comportamento global, que envolve todos os aspectos da vivência humana.
O Mestre Jesus foi o executor de um plano sistemático, que envolveu
toda uma etapa evolutiva da Humanidade, compreendendo um período de dois
mil anos. Esse sistema abrange todos os aspectos concebíveis do ser humano,
e visa dar, essencialmente, a cada espírito, a mais completa oportunidade
evolutiva.
O Ciclo de Peixes é do carma, e seu símbolo máximo é a estrela de seis
pontas, dois triângulos equiláteros sobrepostos em posição inversa, que
representam a evolução e a involução.
Carma significa o pagamento de dívidas anteriores, liquidação de débitos.
Por isso, a figura de Jesus aparece como o Redentor, o Salvador, o amigo que

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No limiar do 3º Milênio FLS. 61

ajuda a pagar nossas dívidas. Com essa premissa, o sistema se apresenta


como algo intermediário entre duas situações.
Esse é o fato básico do Mediunismo: o ser humano colocado na posição
de intermediário entre as forças superiores e os que o cercam (amor ao
próximo), submetendo-se às determinações do mundo espiritual (humildade
diante de Deus) e aceitando os ditames da sua posição cármica (tolerância).
Conclui-se que a base do Mediunismo é a manipulação do fenômeno
mediúnico em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A MOTIVAÇÃO

A mais sã motivação, para que um grupo de pessoas se reuna na prática


do Mediunismo, é a admissão honesta da existência do fenômeno.
A vida humana é o constante equacionamento de problemas físicos,
psicológicos e espirituais, desde que se evidencie que problemas espirituais
não são, necessariamente, problemas religiosos.
Essa sutil distinção entre as inquietações do espírito e o fato puramente
psicológico de pertencer ou não a uma religião, deve ser buscada em termos
individuais.
Religião é um modelo de comportamento, e o fato de um indivíduo não
se ajustar a um padrão determinado, não é problema espiritual, mas, apenas,
social, psicológico. Religiões representam épocas, latitudes e longitudes, de
maior ou menor extensão e profundidade, variando, portanto, no tempo e no
espaço. O ser humano é, basicamente, sempre o mesmo.
Inquietações espirituais são os estímulos desconhecidos da
personalidade, os fatos estranhos ao previsível de cada um, os anseios
desconhecidos, os sonhos secretos, as dores inconsoláveis, as sensações de
abandono, coisas essas que só o indivíduo pode saber de si mesmo.
Ao chegar o momento em que essas coisas se tornam prementes, a
ponto de alterarem o comportamento físico ou psicológico, o indivíduo está
pronto para o Mediunismo.
Sem dúvida, existem outras motivações para o ingresso num grupo
mediúnico ou a procura para organizar outro. Mas a pessoa só permanece ou o
grupo obtém sucesso quando os motivos são fortes. A pesquisa ou a
curiosidade não são suficientes, pois são puramente psicológicos. Também,
não adiantam as provas ou testes, porque são sempre exteriores ao indivíduo.
Para que uma pessoa procure o Mediunismo, ou pense em organizar um
grupo mediúnico, é preciso que ela tenha sentido o fenômeno em si mesma, o

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No limiar do 3º Milênio FLS. 62

admita por experiência própria, individual. E quem, nesse mundo, já não teve
alguma experiência nesse sentido?

O GRUPO SOCIAL

A mediunidade é uma manifestação essencialmente individualizada,


porém, com características comuns a todos os seres humanos. Essa
exteriorização comum permite que quaisquer pessoas possam se reunir para
formar um grupo mediúnico, independente da aculturação social ou intelectual.
Um conjunto mediúnico ideal é o que se compõe de pessoas com
aspirações espirituais comuns, e não por motivações sociais. A padronização
de um corpo mediúnico se faz em termos de ideais transcendentes, mas não
personalísticos.
Compreensão espiritual não é o mesmo que compreensão social. Isso
porque um espírito evoluído pode habitar um ser humano, qualquer que seja
sua posição social, e o mesmo pode acontecer com um espírito involuído,
atrasado. Posição social nada tem a ver com posição espiritual.
Embora seja natural a aglutinação das pessoas de interesses comuns,
em termos de posicionamento social, formando grupos harmônicos
culturalmente, isso pouco benefício traz para o exercício evangélico.
Ao contrário, o perfeito entendimento psicológico e a concordância de
todos em torno de tudo, reforçam as relações horizontais e provocam uma
constante transformação na forma. Isso não dá lugar à alimentação vertical,
que vem do espírito, não traz criatividade, nada acontece de original. Como
decorrência normal dessa situação, nascem a exclusão e o sectarismo.
Conclui-se, daí, que a escolha dos que irão se constituir em grupo
mediúnico deve ser feita em termos de mediunidade e não de personalidade. A
figura do médium deve excluir, completamente, a da pessoa. Pouco importa se
a pessoa é boa ou má, bonita ou feia, pobre ou rica. Importa, isso sim, se ela
manifestar sua mediunidade, e o exercício dessa qualidade produzir o efeito
desejado, se ela cura, alivia e consola, enquanto está mediunizada.
O comportamento só deve ser preconizado para o médium como
participante do conjunto. O que ele faz ou deixa de fazer fora do trabalho
mediúnico é de sua alçada, e o grupo nada tem a ver com isso.
Ninguém se torna melhor ou pior porque se ache que assim deva ser,
ninguém modifica ninguém. Mas, no exercício constante da mediunidade, no
contato regular que o médium tem com seu próprio espírito, ele se modifica
efetivamente, de dentro para fora. Nenhuma pessoa se torna boa médium

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No limiar do 3º Milênio FLS. 63

porque é boa. Quase sempre, essas pessoas se tornam bons organizadores,


solícitos e serviçais, mas, raramente, bons médiuns.
De modo geral, o candidato a bom médium é aquele sofrido, maltratado
pela vida e que já experimentou os altos e baixos de sua existência. Esse está
em melhor condição de perceber a autenticidade e de se realizar através da
mediunidade. A heterogeneidade do grupo proporciona muito mais
oportunidades aos participantes de exercer sua tolerância, sua humildade e
seu amor.

IDENTIFICAÇÃO DA MISSÃO

Todo ser humano está ligado a dois tipos de família: a família da


presente encarnação, geralmente ligada pelos laços cármicos, feita por acordo
mútuo, antes desta encarnação, e a família espiritual, formada por espíritos
afinados na sua origem remota e transcendente.
Durante a encarnação, os espíritos ficam submissos às suas
personalidades e se ajustam por elas. A família é uma luta de personalidades
na qual as pessoas se amam ou se odeiam de acordo com os reajustes que
elas mesmas programaram. Quando, porém, o ser humano começa a exercer
conscientemente a sua mediunidade, os estímulos de seu espírito vão
superando os da sua personalidade, e isso ameniza os reajustes, diminuindo os
choques.
Na proporção que isso acontece, diminuem os atritos e o espirito liberto
da luta procura sintonizar-se com suas tarefas, geralmente fora da família
atual. Assim, vão se encontrando os velhos companheiros de luta que se
aglutinam em torno de seus ideais, de seus hábitos, de suas especializações
transcendentais. Aos poucos, o grupo assim formado, mesmo que socialmente
haja as maiores diferenças, vai identificando a missão, sabendo,
tranqüilamente, o que tem a fazer. Só esse encontro produz a originalidade na
obra realizadora. Quando os espíritos de um grupo mediúnico não são afinados
transcendentalmente, a missão se torna indefinida e insegura.
Naturalmente, é quase impossível um grupo ser composto, apenas, por
espíritos afinados, mesmo porque esse fato só é verificado depois de certo
tempo de convivência. Mas, essa preocupação se torna válida quando se
observa, no mesmo grupo, a formação de subgrupos que se afinam mais.
Nesse caso, podem surgir missões diferentes no mesmo programa, da mesma
forma que falanges diferentes de espíritos trabalham na mesma humanidade.

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No limiar do 3º Milênio FLS. 64

Mas, sempre é conveniente a definição da missão, em termos de


especializações mediúnicas ou vocacionais, que possam caracterizar aquela
falange de médiuns.

POSIÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA

Essa é a fronteira, a linha demarcatória entre o Mediunismo e as práticas


anímicas, as religiões formais e entre o que é humano e o que é divino. A força
mediúnica só é criativa e benéfica para o progresso do espírito integrante do
Sistema Crístico, sob a égide do Evangelho.
A vida humana, em termos físicos e psicológicos, funciona em torno de
produção e dispêndio de energias que, em última análise de traduz em
sistemas econômicos. A vida mediúnica não depende de energias físicas ou
psicológicas. Ao contrário, o mecanismo mediúnico equilibrado é uma fonte de
energias. Mesmo a produção do ectoplasma humano, que é um processo
fisiológico, é tão sutil em relação ao mundo físico, que as energias despendidas
quase não afetam o equilíbrio normal do organismo.
Como atividade, trabalho/hora, dificilmente existe uma tarefa mediúnica
que possa prejudicar o ganha pão normal de uma pessoa. O ambiente físico e
o pouco necessário para o ritualismo mediúnico raramente são de monta a
afetar a economia. Conclui-se, então, que o exercício da mediunidade nada
custa a ninguém.
Não há, portanto, razão alguma para que haja qualquer tipo de cobrança
em torno da vida mediúnica. Não há custo, não há dispêndio e, por essas
razões, o Mediunismo não exclui pessoa alguma por motivos de ordem sócio-
econômica. Quanto mais humilde e simples for o grupo, melhores serão os
resultados. Com isso observado, estaremos mais enquadrados nas palavras de
Jesus: “Daí de graça o que de graça recebestes”.

O PREPARO DOS MÉDIUNS

Os conhecimentos básicos do Mediunismo, a disposição para agir nos


princípios crísticos e a necessidade de realização são as condições necessárias
para o trabalho mediúnico. O que for melhor, em termos de posicionamento
sociocultural, deve ocupar a liderança. Mas, deve-se atentar para dois fatores
importantes: o “melhor” é aquele que se dispõe a servir desinteressadamente
e o padrão de referência tem que ser local, de acordo com o meio onde o
trabalho irá se realizar.

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No limiar do 3º Milênio FLS. 65

O escolhido deverá examinar os problemas da comunidade e fazer uma


síntese dos mais constantes e característicos. De acordo com esse exame
inicial é que pode ser orientado o tipo de trabalho a ser realizado.
Depois, começa o desenvolvimento dos médiuns. Não é preciso procurar
aqueles que já tenham experiência mediúnica. É preferível que os próprios
candidatos revelem suas mediunidades. Se observadas as coisas fundamentais
do mediunismo, as vocações se revelam logo. O principal cuidado que o
responsável deve ter, é com as comunicações mediúnicas que irão surgir,
inevitavelmente. É preciso, sempre, ser lembrado de que a comunicação nunca
é isenta da personalidade do médium. A direção dos trabalhos deve ser,
sempre, de um Doutrinador, e compete a ele julgar as comunicações,
aproveitando as que correspondam, objetivamente, ao trabalho.
Deixem que os médiuns se revelem e se desenvolvam com certa
liberdade. Procurem, somente, prestar-lhes assistência, dando uniformidade na
forma, principalmente aos que incorporam. Aprendam a distinguir o
Doutrinador do Incorporador, a fim de que não haja desenvolvimentos errados.
Depois de certo tempo de experiência com o grupo, faça pequenas
reuniões informais, em que todos possam ser ouvidos. Quando o grupo se
sentir seguro, comece o atendimento de pacientes.

O AMBIENTE E O RITUAL

Os fatores mediúnicos estão, sempre, presentes em todos os ambientes


onde haja pessoas reunidas. Para um trabalho deliberado, qualquer aposento
serve, desde que fique reservado para esse fim, devido à impregnação. Uma
mesa e algumas cadeiras são o suficiente. Com o desenvolvimento e o
aumento natural dos participantes, o aposento dará lugar ao templo, de acordo
com o meio social e o conhecimento iniciático do grupo.
Cada falange de espíritos tem o seu próprio sistema, por isso deve ser
evitada a imposição de um determinado ritual. Deixem que os Mentores o
determinem. Procurem, apenas, simplificar o problema, evitando agregar
hábitos doutrinários ou religiosos de outros grupos. Também, não se
preocupem se o ritual que irá nascer se parece com o de outros grupos. Existe
um ritual básico do Cristianismo que é comum a qualquer grupo. Por exemplo,
a estrela de seis pontas é um símbolo iniciático universal do carma. A cruz
sempre representou o ser humano encarnado. A água sempre foi o veículo da
cura. O defumador não pertence a religião alguma, em particular. E assim por
diante, desde os cantos, música ambiente, cores, uniformes, etc.

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A LIDERANÇA

Esse é o ponto crítico do trabalho mediúnico. Ele só irá inspirar confiança


se a liderança for exercida por um Doutrinador, secundado por outros
Doutrinadores.
Entendemos, aqui, por liderança, toda a orientação do grupo mediúnico
nos aspectos fundamentais, a saber:
a) Doutrina ou conjunto doutrinário;
b) Finalidade específica do grupo; e
c) A filosofia do comportamento.
A doutrina básica do Mediunismo é a reencarnação. A partir dessa
premissa, o líder seleciona os aspectos que mais se apropriem às finalidades
específicas do grupo, de acordo com a média do padrão cultural ambiente. Na
medida do possível, esse conjunto doutrinário deve ser do conhecimento de
todos os médiuns, principalmente os Doutrinadores.
A finalidade básica de um trabalho mediúnico é o reequilíbrio de seres
humanos. Os médiuns que formam o grupo irão se reequilibrar pela
mediunidade; os clientes, pelo atendimento dos médiuns. Reequilibrar significa
ajustar uma pessoa à sua faixa cármica, de acordo com o grau de evolução
alcançado pelo seu espírito.
O líder deve estabelecer a filosofia a ser seguida pelo grupo, cuja base é
considerar o participante pela sua mediunidade, e o cliente pela sua
necessidade. O respeito ao livre arbítrio é a única atitude compatível com o
Sistema Crístico. Não julgar para não ser julgado, é a melhor forma de dar
oportunidade a todos, indistintamente.
O cliente – ou médium em potencial – deverá, sempre, ser atendido,
qualquer que seja sua posição social. Por pior que seja sua moral, depois de
atendido ele não fica devendo nada ao grupo. Ninguém assume obrigação
alguma com o grupo, nem mesmo doutrinária. O grupo, porém, sempre tem
obrigação com as pessoas.

ALIMENTAÇÃO DOUTRINÁRIA

Esse é o maior problema com o qual o corpo mediúnico irá se deparar.


Quem trará a Doutrina a ser seguida? Os videntes? Os médiuns de
incorporação? Os psicógrafos?

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No limiar do 3º Milênio FLS. 67

A vidência é mediunidade interpretativa. O que o vidente vê, ele é


obrigado a traduzir em imagens e palavras compreensíveis aos de fora de sua
vidência. Não há, portanto, maneira alguma de ser comprovado. O
Incorporador comunica a mensagem impregnada de seu próprio ponto de
vista, a não ser em condições excepcionais de inconsciência. O psicógrafo
escreve mensagens, mas ninguém pode comprovar quem seja o mensageiro a
não ser, também, em condições excepcionais, como é o caso de Chico Xavier.
Quem, então, terá condições de interpretar uma orientação espiritual com
autenticidade?
A resposta é única: o Doutrinador! Somente esse médium tem condições
de interpretação correta de uma mensagem, pelo simples fato de que seu
raciocínio normal é iluminado pela sua mediunidade. O Doutrinador ouve, lê,
compara e sintetiza com muito maior possibilidade de isenção.
O fundamento na interpretação de mensagens que o Doutrinador deve
ter é a seguinte: só os espíritos superiores, que já alcançaram o plano
espiritual, que estão fora da faixa cármica e cujo habitat é fora da Terra, têm
condições de alimentar doutrinariamente e dar socorro a espíritos encarnados.
A mensagem desses espíritos é completamente isenta, pois seu padrão de
referência é o destino transcendental dos que eles assistem, de acordo com o
Sistema Crístico. Esses espíritos jamais interferem no livre arbítrio dos
encarnados. Eles nunca decidem as questões pelas pessoas, mas se resumem
em ajudá-las a decidir por si mesmas. Só esses espíritos têm a capacidade de
trazer energias siderais e produzir modificações efetivas na trajetória cármica
dos encarnados. Só eles têm acesso aos registros transcendentais, e podem
fazer um recartilhamento, sem fugir às metas cármicas, individuais ou
coletivas.
Fora dessa premissa, qualquer comunicação, não importa os meios, é de
espíritos que ainda habitam o planeta Terra, nos seus vários planos e até
mesmo na sua superfície física. Esses espíritos, por melhor que sejam, se
baseiam em motivos e opiniões humanas e, como tal, interferem no livre
arbítrio, tomam partido nas situações, sendo, portanto, incapazes da
observância rigorosa das premissas evangélicas.
É fácil, pois, ao Doutrinador, saber como agir em face das informações
que recebe. A maioria das vezes ele tem que decidir sozinho, embora esteja,
na realidade, sempre assistido pelo seu Mentor, quando está agindo na
qualidade de líder.
É preciso não se esquecer que a Doutrina, em suas linhas principais, já
existe na mente e no coração dos Homens, e que são precisas poucas

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No limiar do 3º Milênio FLS. 68

mensagens para dirigir um grupo. O que queremos, realmente, dos espíritos


superiores é a cura, a remoção de nossas angústias, a abertura de nossas
esperanças no dia de amanhã. Essas coisas, porém, não vêm em forma de
mensagens escritas ou faladas, mas, sim, de realidades verificáveis. Pouco
adianta a uma pessoa ouvir bonitas palavras se com elas não forem removidas
as cargas magnéticas e as correntes negativas que a assediam. O que
precisamos, efetivamente, são as forças do Céu. Compete a nós mobilizar as
forças da Terra através das nossas possibilidades humanas.
Concluindo: um trabalho mediúnico só é autêntico e está enquadrado no
Sistema Crístico quando é dirigido pelos espíritos superiores e qualquer outra
classe de espírito seja apenas cliente. Que se acautelem, pois, todos aqueles
que queiram cumprir seu dever mediúnico: só os espíritos superiores podem
nos orientar, e só eles sabem não só dos nossos destinos particulares, como o
destino do nosso mundo e dos mundos que nos cercam.

NO LIMIAR DO TERCEIRO MILÊNIO

Faltam, apenas, vinte e cinco anos para o ano 2000! Já se passaram,


portanto, mil novecentos e setenta e quatro anos, desde que Jesus iniciou,
com sua vinda ao planeta, o Sistema Crístico deste ciclo. Daqui mais um
quarto de século, estaremos no Terceiro Milênio, que irá ser, talvez, o Primeiro
Milênio de um outro sistema, a Era de Aquário.
Para as almas e para os corpos, restam, provavelmente, apenas esses
vinte e cinco anos. Para os espíritos que habitam essas almas e esses corpos,
haverá novos caminhos a percorrer, novos corpos e novas almas.
Se tomarmos por base o começo e o fim de ciclos anteriores, podemos
prever transformações dolorosas, drásticas, e o nascimento de novas formas
civilizatórias, novos conceitos de vida. Nada indica que continuaremos na atual
linha de vida. Os fatos reais evidenciam isso. A demografia nos apavora com
os dados do crescimento populacional. Os Ecologistas nos dão notícias
sombrias da destruição da natureza. A poluição aumenta drasticamente e, em
pouco tempo, começaremos a sentir os efeitos da poluição atômica.
Os sistemas políticos e econômicos se tornam, a cada dia, menos
eficientes. O Homem se padroniza e perde sua individualidade. A liberdade é
apenas aparente. Cada vez mais as almas se enclausuram e se concentram
nas neuroses, nas psicoses e nos vícios autodestruidores. Periodicamente, as
neuroses eclodem coletivas, em guerras e doutrinas extremadas.

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No limiar do 3º Milênio FLS. 69

A conseqüência direta da desagregação da alma aumenta a ansiedade


pela tranqüilidade do espírito. Essa atitude explica a atual busca mística e
religiosa. As religiões tentam ir ao encontro dessa demanda, mas sua própria
infra-estrutura, apenas humana, psicológica, constitui obstáculo. Falta o
caminho mais seguro, que corresponda à realidade humana, que sirva de farol
às mentes obscurecidas e abra caminho para o espírito.
Essa situação foi prevista pelo Mestre Jesus, em seus principais aspetos,
numa das poucas profecias que fez: segundo um dos seus doze apóstolos,
Mateus – que também se chamou Levi –, Jesus havia terminado um longo
debate no Templo de Jerusalém e fora ter com seus discípulos. Sentaram-se
no Monte das Oliveiras, e os discípulos chamaram sua atenção para o belo
edifício do templo, que dominava a paisagem. Disse-lhes Jesus:
“Vedes tudo isto! Em verdade vos digo que não ficará aí pedra sobre
pedra: tudo será arrasado. Tomai cuidado que ninguém vos engane! Porque
aparecerão muitos em meu nome dizendo: eu sou o Cristo! E a muitos hão de
enganar. Ouvireis falar de guerras e boatos de guerras. Ficai alerta e não vos
perturbeis com isso. É necessário que assim aconteça, mas ainda não é o fim.
Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino: haverá fome,
peste e terremotos por toda parte. Mas tudo isto será apenas o princípio das
dores. Então vos hão de entregar a atribulação e a morte. E, por causa do meu
nome, sereis odiados de todos os povos. Muitos hão de perder a fé, atraiçoar-
se e odiar-se uns aos outros. Surgirão falsos profetas em grande número,
iludindo a muitos. E com o excesso de impiedade, há de a caridade arrefecer
no coração de muitos. Mas, quem perseverar até o fim, será salvo. Será este
Evangelho do reino pregado no mundo inteiro, em testemunho a todos os
povos: só depois disto virá o fim!
Quando, pois, virdes reinar no lugar santo os horrores da desolação, de
que falou o profeta Daniel – atenda a isto o leitor! – então fujam para os
montes os que estiverem na Judéia, e quem se achar no telhado não desça
para buscar alguma coisa em casa. E quem estiver no campo, não volte para
buscar o seu manto. Ai das mulheres que, naqueles dias, andarem grávidas,
ou com filhinho ao peito! Orai para que vossa fuga não incida no inverno nem
no dia de Sábado. Então sobreviverá uma atribulação tão grande como não
tem havido igual desde o princípio do mundo até agora, nem haverá igual,
jamais. Se aqueles dias não fossem abreviados, não se salvaria pessoa
alguma, mas aqueles dias serão abreviados em atenção aos escolhidos.
Quando, então, alguém vos disser: “eis aqui está o Cristo! Ei-lo acolá!”,
não acrediteis, porque aparecerão falsos Cristos e falsos profetas, que farão

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No limiar do 3º Milênio FLS. 70

grandes sinais e prodígios, a ponto de enganarem, possivelmente, até os


escolhidos. Eis que vos ponho de sobreaviso! Quando, pois, disserem: eis que
estais no deserto! – não saiais. Eis que estais no interior da casa! – não lhe
deis crédito. Pois, assim como o relâmpago que rompe no oriente fuzila até o
ocidente, assim há de ser, também, na vinda do Filho do Homem. Onde houver
carniça, aí se juntam as águias!
Logo depois da atribulação daqueles dias, escurecerá o Sol, e a Lua dará
sua claridade; as estrelas cairão do céu, e serão abaladas as energias do
firmamento. E então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem. Lamentar-
se-ão todos os filhos da Terra, e verão o Filho do Homem vindo, sobre as
nuvens do céu, com grande poder e majestade. Enviará os seus anjos, ao som
vibrante da trombeta, e ajuntarão os seus escolhidos dos quatro pontos
cardeais, de uma extremidade do céu até a outra.
Aprendei isto por uma semelhança tirada da figueira: quando os seus
ramos se vão enchendo de seiva e brotando folhas, sabeis que está próximo o
verão. Do mesmo modo, quando presenciardes tudo isto, sabei que está à
porta. Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto
aconteça. O Céu e a Terra passarão, mas não hão de passar as minhas
palavras. Aquele dia, porém, e aquela hora, ninguém os conhece, nem mesmo
os anjos do Céu, mas, tão somente, o Pai!
Como foi nos tempos de Noé, assim há de ser quando vier o Filho do
Homem. Nos dias que precederam o dilúvio, a gente comia e bebia, casava e
dava em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E não atinaram, até
que veio o dilúvio e os arrebatou a todos. Bem assim há de ser por ocasião do
advento do Filho do Homem. De dois que se acharem no campo, um será
admitido e o outro deixado de parte; de duas mulheres que estiverem moendo
no moinho, uma será admitida e a outra deixada de parte. Alerta, pois! Porque
não conhecereis o dia em que virá o vosso Senhor. Atendeis a isto: se o pai de
família soubesse em que hora da noite havia de vir o ladrão, decerto vigiaria e
não o deixaria penetrar em sua casa. Ficais, pois, alertas também vós, porque
o Filho do Homem virá numa hora em que não O esperais” (Mateus, 24-2/44)
A pequena diferença na forma como essa profecia nos é relatada por
Lucas e Marcos, a confirma em sua essência. Destaca-se, nela, a menção de
um ciclo anterior, cujo símbolo foi a arca de Noé. A palavra “geração”,
evidentemente, se referia ao sistema do ciclo atual, e assim por diante. Com
um pouco de cautela no problema da semântica e das traduções, poderemos
tirar, dessa advertência de Jesus, um quadro acurado da realidade atual.
Qual seria a intenção de Jesus ao traçar um quadro tão sombrio?

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No limiar do 3º Milênio FLS. 71

A resposta poderá ser encontrada por cada pessoa, na dependência da


perspectiva como olha as coisas do mundo. Um fato se evidencia no
Evangelho: “O meu Reino não é deste mundo!” O reino mencionado pelo
Mestre Jesus, às vezes substituído pela palavra “céu”, se refere à tranqüilidade
do espírito, à “paz verdadeira”, que pode ser obtida pelo ser humano
qualquer que seja a situação que o cerque.
Sempre que a vibração do espírito predomina, a psique e o corpo se
tornam secundários. Como conseqüência direta dessa afirmativa, qualquer ser
humano pode ser feliz e tranqüilo, mesmo que o mundo esteja se
desmoronando em torno.
Mas, para que isso possa ser obtido, é necessário que haja o método, o
sistema, as setas indicativas do caminho. É por isso, talvez, que surge a
expressão Sistema Crístico, pois sistema é um corpo de doutrinas cujas partes
são todas dirigidas para o mesmo fim. Tem, portanto, o aspecto dinâmico que
se adapta a cada etapa do fim a que se destina.
O Mediunismo é, apenas, um dos componentes do Sistema Crístico. Ele
não invalida os aspectos anteriores, as religiões, as iniciações e as doutrinas.
Apenas estabelece uma nova perspectiva, melhor adaptada ao quadro atual. O
Homem de hoje não se satisfaz, apenas, com a forma. As religiões são
excessivamente formais, estratificadas. O Mediunismo desce às essências, e
pouco se preocupa com a forma. O que interessa nele é que o ser humano
possa se encontrar, individualmente, e tenha um bom instrumental para
equacionar sua vida, que é sempre única e inimitável.
Penetremos, seguros, no limiar do Terceiro Milênio!

-FIM-

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