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CASCAVEL
2014
CASCAVEL
2014
Título:
Resumo:
O presente trabalho objetiva analisar o instituto do licenciamento a bem da disciplina
no âmbito do Exército Brasileiro. Trata-se de assunto atual que vem despertando a
curiosidade dos operadores do direito que labutam na seara do Direito Militar. Neste
trabalho serão analisadas as circunstâncias que fazem deflagrar o processo
administrativo de licenciamento e suas consequências. A investigação adotou como
desenho metodológico o enfoque qualitativo e tipo de estudo descritivo, com a
classificação de pesquisa bibliográfica e documental.
Palavras-chave:
Hierarquia. Disciplina. Transgressão Disciplinar. Devido Processo legal.
Consequências.
Abstract:
This paper aims to analyze the institution of the licensing and discipline within the
Brazilian Army. This is the current issue that drew the attention of law enforcement
officers who labor in the vineyard of the Military Law. In this paper we analyze the
conditions that make trigger the administrative licensing process and its
consequences. The research adopted the qualitative methodological design
approach and type of descriptive study, with the classification of literature and
documents.
Key words
Hierarchy. Discipline. disciplinary offense. Due legal Process. Consequences.
SUMÁRIO:
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 5
2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 6
2.1 - HISTÓRICO DO SERVIÇO MILITAR NO BRASIL .......................................... 6
2.2 - A SUJEIÇÃO AO REGIME MILITAR ............................................................... 8
2.3 - O COMPORTAMENTO MILITAR DE ACORDO COM O DECRETO 4.346/02
(RDE) ...................................................................................................................... 11
2.4 - O PROCESSO ADMINISTRATIVO QUE POSSIBILITA O LICENCIAMENTO 13
2.5 - CONSEQUÊNCIAS DO LICENCIAMENTO....................................... ........... 17
2.6 - DA REABILITAÇÃO ....................................................................................... 19
3. CASO PRATICO ILUSTRATIVO ....................................................................... 20
4. CONCLUSÃO .................................................................................................. 22
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 24
5
1. INTRODUÇÃO
O serviço militar, em que pese tratar-se de uma obrigação imposta pelo Estado,
atualmente é encarado pela quase unanimidade daqueles que são selecionados pelas
Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) como uma atividade interessante e
desafiadora, sendo para muitos uma oportunidade do primeiro emprego (realidade de
algumas regiões do nosso país).
1
Primeiro Sargento do Exército Brasileiro (servindo no 15º Batalhão Logístico –
Cascavel/PR).
6
A forma com que este cidadão atinge o “mau comportamento”, que acaba
culminando em seu licenciamento a bem da disciplina, bem como as consequências
daí advindas, é o que procuraremos demonstrar no presente estudo.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 - Histórico do Serviço Militar no Brasil
Para regular a forma como se dará este serviço militar alternativo surge a Lei
8.239, de 4 de outubro de 1991. De acordo com o §2°, do seu art. 3°, podemos
vislumbrar a amplitude do serviço a ser desempenhado de forma alternativa: “Entende-
se por Serviço Alternativo o exercício de atividades de caráter administrativo,
assistencial, filantrópico ou mesmo produtivo, em substituição às atividades de caráter
essencialmente militar”.
Desta forma, de acordo com o que acima foi observado, o serviço militar em
nosso país continua possuindo caráter obrigatório, é o que diz o art. 2°, da Lei 4.375/64
- “Todos os brasileiros são obrigados ao Serviço Militar”.
3
Escola de Comando do Estado Maior do Exercito. Serviço Militar Obrigatório: a alternativa
adequada. Disponivel em <http;;eceme.ensino.eb.br> Acesso em 12 de maio de 2014.
9
Democráticas (Título V). Sendo assim, para o presente estudo, importante se mostra a
transcrição de parte do art. 142:
As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares,
organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade
suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à
garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer deles, da
lei e da ordem. (grifo nosso)
§1° Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na
organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas.
§2° Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares
militares.
§3° Os membros das Forças Armadas são denominados militares,
aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes
disposições
I – as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são
conferidas pelo Presidente da República e asseguradas em plenitude aos
oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e
postos militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos
uniformes das Forças Armadas.
Dentre os vários princípios que devem estar presentes no dia a dia dos
militares, a própria Constituição Federal tratou de eleger dois deles, pela grande
significância e utilidade, a um nível mais alto de observância, são eles: a hierarquia e a
disciplina. Para Wilson Odirley Valla,
A organização militar e baseada em princípios simples, claros e que
existem há muito tempo, a exemplo da disciplina e da hierarquia. Como se
trata dos valores centrais das instituições militares, é necessário conhecer
alguns atributos que revestem a relação do profissional com estes dois
ditames basilares da investidura militar, manifestados pelo dever de
obediência e subordinação, cujas particularidades não encontram
4
similitudes na vida civil .
Por outro lado, devemos asseverar que também nas demais instituições
devem estar presentes a hierarquia e a disciplina. É claro que para os militares estes
4
Valla, Wilson Odirley. Deontologia Policial Militar – Etica Profissional. 3ª edição, Curitiba:
Publicações Tecnicas da Associação Vila Militar, 2003. Volume II, pg. 116.
10
princípios possuem uma conotação mais específica. Numa noção mais abrangente,
trata-se de uma maneira de estruturar a própria administração pública, demonstrando a
organização que devem possuir todas as atividades que representam a coisa pública.
11
forma de vida castrense. Não quer significar que seja melhor ou pior do que a vida civil,
mas apenas que possui suas peculiaridades.
Devemos concluir, pelo exposto acima, que o jovem ao adentrar pelos portões
da Organização Militar e durante todo o ano de instrução, estará submetido às ordens
de seus superiores hierárquicos. Tais ordens são fruto do minucioso acatamento dos
regulamentos e das leis que regem o serviço militar 6 .
De acordo com o seu art. 2º, estão sujeitos a este Regulamento os militares
do Exército na ativa, na reserva remunerada e os reformados. Por outro lado, sabemos
que algumas polícias militares, na falta de regulamento próprio, também utilizam o RDE
(como exemplo podemos citar a PM do Estado do Paraná).
O conceito de disciplina é dado pelo próprio RDE, em seu art. 8º, nos
seguintes termos: “A disciplina militar é a rigorosa observância e o acatamento integral
das leis, regulamentos, normas e disposições, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento
do dever por parte de todos e de cada um dos componentes do organismo militar”. Em
6
Decreto 4.346, de 26 de agosto de 2002. Regulamento Disciplinar do Exercito (RDE). Art 8º A
disciplina militar e a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, regulamentos, normas e disposições,
traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dos componentes do
organismo militar. Disponivel em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4346.htm. Acesso em 08
Jul. 14.
12
No presente estudo o que nos interessa é entender que aquele que está
cumprindo o serviço militar obrigatório, também chamado de Recruta, para que seja
licenciado a bem da disciplina, como primeiro requisito, deverá regredir do
comportamento “bom”, passar pelo insuficiente, e chegar ao “mau” (embora haja casos
em que se pode cair diretamente para o comportamento “mau”, como nos mostram o
parágrafo 6º e a alínea “b”, do inciso V, ambos do art. 51).
De acordo com o inciso VIII, do art. 94 da Lei 6.880/80 e art. 138 do Decreto
57.654/66, que regulamentou a Lei 4.375/64 (Lei do Serviço Militar), o serviço ativo das
Forças Armadas será interrompido pela expulsão (ou licenciamento a bem da
disciplina).
Para que o militar seja licenciado a bem da disciplina (excluído, expulso) será
imprescindível a realização de um processo administrativo, garantindo-lhe os direitos
constitucionais de contraditório e de ampla defesa. Sendo assim, a partir do ingresso
do militar no comportamento mau, faz-se necessário proceder de acordo com o que
consta no art. 32 do RDE, nos seguintes termos:
7
Junior, Dirley da Cunha, Curso de Direito Administrativo, 12ª Edição, Salvador, Editora juspodivm,
2013, pg 585.
8
Gasparini, Diogenes, Direito Administrativo, 12ª Edição, São Paulo, Editora Saraiva, 2007, pg 933.
15
9
De Lima, Renato Brasileiro, Manual de Processo Penal, 2ª Edição, Salvador, Editora Juspodivm, 2014,
pg 66.
17
Noutro giro, de acordo com o § 2º, do art. 141 do RLSM, o militar expulso
deverá ser apresentado com ofício informativo da causa da expulsão, à autoridade
policial local. Mas por qual motivo isso deverá ser feito? Sabemos que a penalidade
(gênero) imposta está relacionada apenas ao âmbito administrativo, não havendo que
se falar em cumprimento de pena (esta deverá ser imposta somente por autoridade
judiciária). Sendo assim, podemos vislumbrar que esta comunicação está relacionada
aos critérios enunciados no art. 59 do Código Penal Brasileiro. Observe: Na fixação da
pena – “art 59 CP. O juiz, atendendo a culpabilidade, aos antecedentes, a conduta
social, a personalidade do agente (...)”. Com efeito, a situação de expulso do serviço
militar poderá servir como circunstância judiciária no cálculo da pena base (1ª fase) no
caso de cometimento de crime.
2.6 – Da reabilitação
4. CONCLUSÃO
Verificamos que nos dias atuais o serviço militar, para uma grande parcela de
brasileiros, é sinônimo de garantia de um primeiro emprego, sendo assim, a maioria
dos jovens que são convocados para a prestação do serviço militar obrigatório, na
realidade são voluntários.
23
Por outro lado, diante da falta de estrutura familiar e social que assola a nossa
nação (falta de princípios básicos de convivência), o jovem muitas vezes não se adapta
aos costumes da caserna. Ao adentrar pelos portões do Quartel o cidadão traz sua
experiência de vida e muitas vezes não consegue internalizar o novo ritmo proposto.
Sendo assim, alguns militares passam a realizar condutas desviantes dos
regulamentos internos das organizações militares.
Caso persista em realizar tais condutas, este militar estará sujeito aos rigores
do Regulamento Disciplinar do Exército. Com isso, seu comportamento poderá atingir o
nível mais baixo (denominado “mau comportamento”), o que poderá deflagrar o
procedimento administrativo para seu licenciamento a bem da disciplina.
Por fim, vemos que algumas das restrições impostas àqueles que foram
excluídos a bem da disciplina, mostram-se, a nosso sentir, capazes de ferir a dignidade
da pessoa humana, sendo assim, provavelmente poderiam ser questionadas em ações
específicas.
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REFERÊNCIAS: