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DEMONOLOGIA: DA RAÍZ À INSANIDADE

Capítulo 1

“Oh make me over


I’m all I wanna be
A walking study
In Demonology…”

A Demonologia, ou o Estudo sobre entidades demoníacas surgiu em


épocas imemoriais. Desde antes da antiga Grécia já havia-se os
conceitos de Demônios, divididos em dois. Os Eudaemonos,
mensageiros benéficos dos Deuses que inspiravam artistas e poetas,
filósofos e mesmo políticos a desenvolverem sua arte de forma
virtuosa, como os Kakodaemonos, os ‘espíritos malignos’ que, de
acordo com as fases lunares, inspiravam a loucura e atos de agressão
nos homens.
Foi baseado nesta segunda classe de Daemons que os hebreus
inspiraram boa parte de seus ‘Demônios’ que deram a base para o que
atualmente conhecemos na Demonologia. Não é novidade que os
hebreus herdaram (eu odeio o termo “plagio”, ele simplesmente é
anacrônico e fora de contexto aqui) muito das civilizações anteriores a
sua consolidação como povo com identidade cultural. Essa influência
não teve caráter somente mitológico. “Demonizar”, transformar em
espíritos de classe mais baixa os Deuses de outras religiões como a
babilônica, suméria, egípcia, romana e de todos os povos rivais
politicamente era também uma estratégia social. Afinal, se os guardiões
daquele povo eram espíritos inferiores, logo estes cultistas ‘gentios’
também eram inferiores ao povo que se julgava escolhido pelo Deus
Único YHWH para ser soberano na Terra.

Foram esses hebreus em contato com esses povos que deram o piso
inicial pro que atualmente chamamos de Demonologia. Essa
reconstrução, re-contextualização dessas entidades diante de uma nova
cosmovisão que estava surgindo, fez com que o método de trabalho e
funções dessas entidades ganhassem uma “repaginação”. Claro,
inicialmente esse contexto era o mais pejorativo possível, mas com o
tempo e com a ‘deserção’ de vários hebreus que debandaram de volta
ao paganismo, isso também foi reformulado.

Baal, por exemplo, Senhor das Tempestades e da Colheita se tornou


Baal-Zebub, o ‘Príncipe das Moscas’.
Astartéia, Deusa da feminilidade, foi completamente deturpada. Seus
templos, conhecidos como ‘Ashtaroth’ tiveram o nome (cujo prefixo ‘ot’
indica plural no hebraico) re-significado para um vil Demônio
masculino.
Pazuzu (cujo Ídolo ilustra este texto), Senhor dos 4 ventos e ferrenho
rival de sua irmã-esposa Lilith foi tido como o ‘disseminador de
pragas’.
Ardat Lili/Lilitu e Lamashtu, 3 diferentes classes de fantasmas que
habitavam em locais abandonados foram unidos em uma única e
famosa entidade: Lilith.

Teologicamente falando, Israel era comparada a “esposa” de YHWH.


Mas seus habitantes cometeram ‘adultério’ contra este ao idolatrar
outros Deuses, por isso Israel foi várias e severamente punida, ao fugir
do culto profético e do Templo sagrado de YHWH. Isso motivou a
destruição do Templo de Salomão, rei o qual aderiu aos cultos
‘perversos’ de suas esposas pagãs, invocando inúmeros Demônios. Diz-
se também que o próprio domínio e subjugação aos Romanos foi
também uma punição pela inescrupulosidade da idolatria.

A bíblia é um livro cíclico em muitos aspectos e isso ocorreu várias


vezes na história de Israel conforme descrita na Bíblia Sagrada.
E boa parte disso fundamentou o próximo passo da Demonologia que
viria a seguir.
Capítulo 2

“Non Draco Sit Mihi Dux”


Herdadas as características ‘demoníacas’ dos espíritos malignos pagãos
e incorporadas aos próprios Deuses dos panteões destes povos rivais,
os hebreus fizeram uma real ‘campanha de difamação’ em torno destas
entidades. Mas isso era apenas o princípio de algo maior…

Influenciados pelo pensamento grego e os conceitos de Daemons, e


posteriormente totalmente impregnados pelo pensamento maniqueísta
incutido no Cristianismo em 247 D.C. com o profeta Manes (zoroastra
convertido e primeiro herege maniqueísta), separa-se “o Bem e o Mal”.
Os Demônios surgem como asseclas do ‘Deus das Trevas’ denominado
Satã, o ‘Adversário’. Outrora apenas um cargo de um Anjo ‘promotor’
dos homens, agora YHWH e Satã separavam-se definitivamente, um
como Senhor do Espírito e outro como ministro da Carne e motor do
Pecado.
E foi nessa carga maniqueísta e dualista que os doutores da Patrística
mantiveram a linha de pensamento cristão e deram continuidade a
demonologia. Orígenes admite a presença de Demônios que
transgridem a Lei Divina em seu ‘Contra-Celso’. Santo Atanásio em seu
tratado contra os Pagãos admite a presença de demônios como
estrategistas para corromper o homem. Justino de Roma também fala
deles como seres ímpios em sua Apologia. Santo Agostinho de Hipona,
um dos ápices da produção literária do período Niceno, afirmou que
cada homem tem um Anjo e um Demônio (seguindo o pensamento
Grego) e que “Satã é o mediador da Morte”.
Santo Antão, que teve sua vida escrita por Santo Atanásio, foi o Pai e
Patrono da Vida Monástica. Fazendo sua casa em um cemitério, ele
orou e jejuou por dias em meio ao descampado e ao deserto. Narrou
em sua vida diversos encontros com Demônios, os quais baniu para o
Deserto através de sua fé e oração. Sendo ele o Pai da vida Cenobítica,
isso também influenciou pesadamente na visão posterior da
demonologia. Seus tratados influenciaram monges ao redor de todo o
mundo e ainda influenciam até hoje, portanto no tocante a se lidar com
Demônios, ele é um dos expoentes no assunto.
Santo Tomás de Aquino disse que eles “São fogo porque têm o espírito
ardente e queimam nossos vícios” e classificou-os em 7 principais de
acordo com os 7 pecados capitais: Asmodeus (Luxúria); Leviatã
(inveja); Baal-zebub (gula); Mammon (Cobiça); Belphegor (preguiça);
Azazel (Ira) e Lúcifer (Orgulho).

Outra figura influente na Demonologia foi São Bento, o primeiro a


organizar aqueles de vida Cenobítica em uma estrutura de Ordem. A
Ordem dos beneditinos. Com seus trajes negros e portadores de toda
rigidez medievalista da Igreja, eram temidos em seus estudos ‘ocultos’.
São Bento se tornou Patrono dos Exorcistas e sua medalha (figura
abaixo) é usada até os dias atuais em ritos de exorcismo e como
amuleto contra Demônios. Indubitavelmente, estes monges foram
grandiosos responsáveis pelo material que se deu no passo seguinte da
Demonologia, que seria sua fase mais importante, a qual falaremos no
próximo capítulo.
Capítulo 3

“But of all the demons I’ve known


None could compare to you
Every day that you feed me with hate
I grow stronger!”
Sabendo agora da imensa lista de santos, padres apostólicos e doutores
da patrística que influenciaram essa visão, podemos compreender
melhor o surgimento da maioria imensa dos grimórios medievalistas,
tão importantes para a demonologia.
Não sabe-se ao certo a autoria ou data precisa de surgimento da
maioria deles, mas se sabe que o satanismo na Idade Média não é mera
conjectura. Missas Negras eram, não incomumente, encomendadas por
nobres ricos a freis e sacerdotes corruptos. bem como sacrifícios
humanos. A missa Negra como conhecemos atualmente é uma inversão
da Missa tridentina e já tardia, mas existem relatos anteriores de ritos
semelhantes (que não adentrarei a fundo aqui por não ser o foco deste
texto, talvez em algum tratado posterior eu exponha melhor o tema).
Ora, os pagãos eram em sua maioria iletrados e viviam a margem da
sociedade, formando sua base trabalhadora braçal. Sua cultura voltava-
se a oralidade. Os manuscritos, traduções e registros ficavam a encargo
da Igreja Católica. É natural que tais livros tenham surgido em seu
interior, como o Grimorium Verum, o Grand Grimoire, os mitos a
respeito de São Cipriano, tratados de Necromancia e outros textos
heréticos que misturavam inversões do cristianismo, blasfêmias e
cultos pagãos, tudo em um único livro. Considerados “malditos” na
época, era comum que se atribuísse a autoria do grimório a outro
autor, normalmente um personagem famoso, bíblico, ou mitológico.
É este o caso de vários grimórios conhecidos atualmente, como o
“Corvo Negro”, atribuído a Fausto, personagem do romancista Goethe
e o famosíssimo expoente da Demonologia ‘Ars Goétia’, atribuído ao
próprio Rei Salomão. A maioria dos grimórios atuais deriva deste
último, que compõe-se em 6 partes, a saber: A Grande Chave de
Salomão, contendo os ritos e preparativos básicos; a Ars Goétia (Arte
do Uivo), contendo a listagem de sigilos e horários de 72 entes
infernais; a Theurgia Goétia (Uivo da Pureza), contendo 122 invocações
de potestades Angelicais e suas horas do dia e da noite; a Ars Paulina
(Arte de Paulo), contendo invocações dos Anjos conforme suas
posições zodiacais; a Ars Almadel (A Arte do Almadel de Cera)
contendo 4 invocações de Seraphins Elementais, a Ars Notória (A Arte
Notória) que é um apêndice e sumário aos anteriores e a Ars Nova (A
Nova Arte), de datação muito recente e provavelmente retirada de
alguma ordem thelemica, contendo também apêndices e instruções.

Não se conhece a real autoria deste grande livro das Artes, mas pode-se
concluir, pela listagem e pelas imagens utilizadas que ele data de
posterior a 1793. Isso é algo preciso, pois eta foi a data de nascimento
do francês Colin de Plancy, autor e ilustrador da Pseudomonarchia
Daemonum, livro em que ele compilou diversos demônios e entidades
com suas descrições e esferas de atuação, bem como seu ranking. Não
havia entretanto nenhuma instrução ritualística neste tomo citado.

Apesar da óbvia inspiração, a Ars Goétia conforme compilada por


Macgregor Mathers, um dos fundadores da Golden Dawn (ordem que
geraria posteriormente o célebre Aleister Crowley) apresenta grandes
diferenças do Pseudomonarchia. Há entidades que divergem em status
de poder, em número de legiões, em nome e inclusive há entidades em
um que não existe no outro. A razão? Ninguém sabe. Como cabalista
que era, eu apostaria que Mathers usou o simbólico número de 72 e
escolheu a dedo as entidades com as quais queria trabalhar e
deliberadamente omitiu outras.

A Ars Goétia foi repetida e estudada à exaustão. Crowley fez sua versão,
Lon Milo Duquette fez sua versão com ilustrações diferentes, e até
mesmo Michael W. Ford, patrono da Ordem de Phosphorus fez a sua
versão, adaptada para a crença luciferianista nos tempos modernos, em
uma célebre releitura.

Então é isso, chegamos aos tempos modernos. Fim da saga da


Demonologia?

Nem de longe. Recoste-se, pegue um café. Ainda há o que ser


dito, criança do caos…
Capítulo 4

Então, até agora analisamos a história da demonologia, de forma


explanada pra um tratado tão pequeno (isso aqui dá um TCC
maneiro…) mas para que possamos compreender o foco disso aqui. E
claro, transgredirmos um pouco além.

Perceba bem que inicialmente tudo começou em uma rixa sócio-


política entre hebreus e povos ”gentios’. Conforme os hebreus
adotavam um modo de vida nômade eles entravam em choque direto
com a cultura e a política dos gentios. Estes, pagãos em seu sentido
mais literal, eram profundamente conectados com a terra. Seus Deuses
tinham características animalescas ou elementais profundas,
mesclando-se com as características de pessoas de destaque na tribo ou
clã. Um grande guerreiro com chifre de touro, uma grande serpente
que habitava nas profundezas, tudo remetia a este caráter
“natural”. Com o tempo os hebreus deixaram este caráter de lado. Não
havia forma de culto conveniente com a vida de nômade. Cultuar um
panteão é trabalhoso, requer recursos, tempo, gastos. Abandona-se
então o politeísmo e se adota o monoteísmo, reunindo em apenas um
Deus os atributos de TODO um Panteão. Assim nasce o monoteísmo
primitivo dos hebreus. Sob a figura do ‘Elohim’, do ‘Senhor dos
Exércitos’, de “YHWH”, coloca-se as atribuições de todos os deuses. Ele
é masculino e feminino, ele é amável e terrível, ele cria e destrói, ele
ama e odeia, tudo contido em um só Ser. A propósito, o famoso mito de
Qayin e Abel retrata justamente esse choque cultural entre os novos
nômades e os gentios ligados a terra. Uma análise teológica facilmente
é capaz de expor tal paralelo.

Pois bem, estas características foram herdadas com o passar das Eras.
O pensamento grego também via as entidades desta forma, os
zoroastras também, e assim o fizeram os monges cenobíticos e até os
dias modernos.

Mas houve a ressignificação.

Não apenas por remeter a caráter natural, os Demônios possuem


traços animalescos por lembrarem sua primitividade. Não são seres
dotados de humanidade total como nós. São seres muito mais antigos,
de certa forma “bárbaros” dotados de sua própria moralidade.

Essa ausência de moralidade os torna “grotescos” e animalescos a


nossos olhos, mas isso é também simbólico. Eles são a expressão viva e
consciente de tudo aquilo que tememos dentro de nós mesmos. Nosso
lado Bestial, primal, capaz de coisas que jamais imaginaríamos – e
quando imaginamos sentimos vergonha. Eles são aquele dragão
acorrentado no peito, urrando pra se libertar e alçar voo pelo Abismo
para devorar as raízes da própria existência.

Seja nos chifres de bode de Baphometh, na cabeça de Asno de Orobas,


nas mãos com garras de Lucifuge Rofocale, nas asas de morcego de
Lúcifer, nas escamas serpenteantes de Botis ou nos traços disformes de
Ronové, na cabeça de Mocho de Andras… o Bestial tanto temido pelos
monges da antiguidade, este caráter primitivo que faz com que todos
nós busquemos escapes da realidade ou consultas com psicólogos para
manter acorrentado por sabemos os efeitos de sua libertação, este
aspecto bestial sempre está lá.
Entretanto há um porém. Os Aeons passaram. Os tempos mudaram. O
que era temido antes não é mais temido hoje. Se os Demônios da Era
Antiga e Medieval eram espelhos negros refletindo o interior
animalesco do Mago, não são mais. A mulher com pés de rapina que
escolhe seus parceiros não choca como na era medieval. O homem que
exercita seu corpo como um touro e participa de lutas em um ringue
não é mais visto como um Deus da força como na Grécia antiga.

Mas estamos falando de Demônios não nascidos e de existência


ilimitada.

Eles mudaram. Ou algo no Abismo de nossas almas mudou eles.


Adaptabilidade é a chave da perpetuação. O que nos conduz a um
próximo e impensado passo…
Capítulo Final

Aquilo que nos amedrontava outrora não mais surtia efeito como
choque energético numa evocação demoníaca. As imagens, os
simbolismos, tudo mudou de acordo com a Era.

É aí que entra uma figura não-citada de máxima influencia para a


magia, mesmo sem ter nunca praticado efetivamente como um Mago
ou Ocultista.
Howard Philips Lovecraft nasceu em Rhode Island em 1890 e foi um
escritor literário que simplesmente revolucionou o Terror. Ele mudou
nossa forma de sentir medo, ele criou um medo novo. Ou melhor, ele
trouxe para nós a Mensagem DELES de que necessitávamos de uma
nova sensação intensa para obter contato.
Seu mais famoso trabalho é sem dúvidas “O Chamado De Cthulhu” que
relata as visões de um marinheiro naufragado a respeito de uma
imensa criatura parte dragão, parte polvo que habita nos mares, caída
do céu desde tempos imemoriáveis. Com tal premissa de que os
‘Deuses Exteriores’ vieram do Céu e das Estrelas, Lovecraft deu uma
nova cara ao que podemos chamar de Demonologia. Ele foi o Pai do
Terror Cósmico e o Avô dos Deuses Sem Nome, aqueles que habitam
além dos portais de Saturno.
Não como um ocultista, mas como um literato, influenciando de forma
macabra no horror da mente, fazendo uma nova sensação, um novo
tipo de Medo adentrar nas mentes dos leitores e sem sombra de dúvida
influenciando na magia.

O que nos assombra, segundo Lovecraft e seu novo conceito, não são
coisas meramente naturais. São seres externos, de outra realidade
paralela. Seres disformes, massas de tentáculos pegajosos, cães com
muitas faces, homens dotados de muitos olhos, aberrações sinistras
saídas das mais profundas zonas dos Pesadelos, viajando através do
Espaço vazio entre os planetas, estrelas e caindo no Oceano, a espera
de que quanto as Estrelas novamente se alinhem, elas possam ser
trazidas a esta realidade pelos seus Cultistas e Adoradores, para
destruir este mundo e para que possam novamente governá-lo como
fizeram outrora.

E isso não é apenas literatura. Apesar dos nomes divergirem, ordens


como a Order of Nine Angles beberam perceptivelmente da fonte do
Horror Cósmico e Intergaláctico. Não pautaram-se, mas influenciaram-
se pelo mestre do horror. Seu Panteão Acausal vindo dos Portais Além
de Saturno expressam clara referência a esta base Lovecraftiana.
Outras ordens como a Esoteric Order of Dagon (EOD), dentre outras,
também acolhem essa realidade nova em seus mitos. Ou seja, realizam
rituais, usam de seus simbolismos, expressam sua ‘raison d’être’ e
aplicam no mundo real esta nova mitologia de forma séria.

E o mais assustador?

Funciona.

Portanto, jamais esqueçamos ou subestimemos os Demônios do


passado, pois eles ainda estão aqui. São nossa carga de Ancestralidade
em estudo para os Demonólogos e em práticas cultuais para os
Demonólatras.

No entanto, não podemos simplesmente fechar os olhos para o que está


surgindo, intrusivamente na nossa realidade mais e mais, seja pela
naturalidade dessa invasão “alienígena” seja pelo esforço de seus
Cultos em trazer essas energias Acausais novamente para nosso plano
com sua finalidade própria…

Olhe para si mesmo no espelho negro de sua Alma e perceba o Horror


Cósmico interno, inerente a seu microcosmos. Agora olhe pro
horizonte vermelho sangue.

Você pode vê-los?


Você pode senti-los?
Então abra sua mente e ouvidos e escute o Chamado.
“A emoção mais antiga e mais forte da humanidade é o medo, e o mais
antigo e mais forte de todos os medos é o medo do desconhecido.”
-H.P. Lovecraft.

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