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O Segredo Admirável do Santíssimo Rosário

"São Luís foi um santo de extraordinária importância para a Igreja. Com seus
apenas 43 anos de idade, ele conseguiu fazer uma reflexão teológica a respeito da
Virgem Maria que impactou gerações e gerações de santos."

Escrito por São Luís Maria Grignion de Montfort, "O Segredo Admirável do
Santíssimo Rosário" é uma jóia da espiritualidade mariana que procura refletir, em
sua própria estrutura interna, as feições e as riquezas contidas na oração do
Rosário.

Dividido em cinco grandes partes, como um "Terço" em que meditamos sobre o


próprio Terço, este livro nos vai mostrando pouco a pouco como o Rosário é um
caminho espiritual ao mesmo tempo simples e profundo, através do qual os fiéis de
todas as condições podem chegar àquela íntima união com Jesus Cristo que Deus
quer realizar pelas mãos de Maria Santíssima.

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Apresentação

A Ave-Maria, segundo o testemunho de um sem número de santos, é uma das


armas mais eficazes que o Céu pôs à disposição dos fiéis. Quantas conversões
de hereges, pecadores e cismáticos não se devem à récita piedosa desta
sublime oração, um dos tesouros mais preciosos da espiritualidade cristã! Não é
à toa, portanto, que já há tempos se tenha difundido entre os sacerdotes o
salutar costume de iniciar cada pregação com uma Ave-Maria, para que assim o
coração dos ouvintes, adocicado com a invocação do nome da toda pura Mãe de
Deus, abra-se às graças de que ela é fiel tesoureira e generosa mediadora. Que
pela intercessão da Santíssima Virgem, pois, queira Deus servir-se deste
momento de reflexão para converter os que ainda não crêem e firmar na
verdade perene do Evangelho os que já têm o dom da fé.

Antes porém de começarmos a meditar a obra O Segredo Admirável do


Santíssimo Rosário, como é o propósito deste curso, convém-nos dizer alguma
palavra sobre o santo que a escreveu. A importância de São Luís Maria Grignion
de Montfort se deve, em boa medida, à influência por ele exercida tanto na
defesa quanto na difusão da piedade mariana. Nascido em 1673 na cidade de
Montfort-sur-Meu, na Bretanha francesa, no seio de uma família numerosíssima
— eram dezessete os seus irmãos —, Luís Grignion, ao qual seria acrescido o
nome de Maria por ocasião de sua Crisma, deu desde menino sinais de um
especial carinho por Nossa Senhora. Conta-se que à simples menção do nome
da Virgem ele, ainda pequeno, expressava um tal contentamento, transportado
de amor pela Mãe do Salvador, que só uma vocação particular o poderia
explicar. De fato, "poucos homens no século XVIII trazem em si mais fortemente
gravados os sinais do homem da Providência do que esse novo Elias,
missionário do Espírito e da Santíssima Virgem" [1] que, decidido aos dezenove
anos a fazer-se padre, saiu de casa como mendigo, levando consigo apenas um
Rosário, e partiu em direção a Paris.

Para poder custear os estudos na capital francesa, Luís passava as noites


velando cadáveres a custa de alguns trocados, experiência que lhe imprimiu
ainda mais no ânimo a certeza de que a vida do homem sobre a terra é um
sopro passageiro, uma marcha caduca e frágil para a eternidade. Ingressou no
Seminário de São Sulpício, no qual suportou pacientemente e com espírito de
sacrifício a incompreensão dos formadores e a perseguição dos colegas.
Recebeu ali uma sólida formação teológica e, uma vez ordenado sacerdote,
retornou para a Bretanha como missionário. O clero local, no entanto,
desgostou-se do seu estilo apaixonado de anunciar o Evangelho. "Suas
prédicas, seus escritos, sua conversação", com efeito, "eram impregnados de
profecias e de visões antecipadas das últimas eras da Igreja" [2]. Por isso, viu-se
como obrigado a ir a Roma pedir ao Pontífice então reinante, Clemente XI, que
lhe aprovasse a missão, o qual não só lha aprovou como fê-lo ainda pregador
apostólico na França, autorizando-o assim a pregar em toda sua terra natal, já
tão maltratada pelo jansenismo. Morreu enfim aos quarenta e três anos de idade,
em 1716, com menos de vinte anos de sacerdócio, mas com a abundância de
frutos de um São Vicente Ferrer e um Santo Antônio de Pádua. Impregnou a
todos por onde passou de um profundo e entranhado amor a Deus, de uma
dedicada observância do Evangelho, de uma fervorosa vida de sacrifício e
abnegação, de uma confiança total no poder maternal da Bem-aventurada
sempre Virgem Maria.

No que respeita à estrutura de O Segredo Admirável do Santíssimo Rosário,


deve-se ter em mente que o livro começa com uma introdução dividida em
quatro seções ou "rosas": uma rosa branca, dedicada aos sacerdotes, ministros
do Altíssimo; uma rosa vermelha, endereçada aos pobres homens e mulheres
que são pecadores; uma roseira mística, dirigida às almas devotas e já
adiantadas na vida de oração, mas ainda pouco afeitas a todas as riquezas
encerradas no Santo Rosário; e um botão de rosa, entregue às crianças, isto é,
aos pequeninos e iniciantes na vida espiritual. O corpo do livro, por sua vez,
articula-se em cinco grandes partes, à semelhança dos cinco mistérios de que se
compõe um Terço. Na primeira parte, São Luís trata da origem e natureza do
Rosário. A segunda e a terceira partes, que constituem como que o miolo da
obra, abordam respectivamente os dois tipos de oração que o Rosário nos
convida a praticar: de um lado, a oração vocal, representada pelo Credo, pelo
Pai-Nosso e pela Ave-Maria; de outro, a oração mental, consistente na
meditação dos quinze mistérios. A quarta parte do livro reúne uma série de
testemunhos sobre as maravilhas de conversão e os prodígios espirituais que
Deus tem-se dignado operar pela intercessão de Maria Santíssima, a quem tanto
agrada a oração do Rosário. Na quinta e última parte, de caráter mais
metodológico, São Luís dá-nos alguns conselhos práticos sobre como rezar com
fruto esta piedosa devoção.
Vale a pena notar ainda que cada uma dessas cincos partes está dividida em
pequenos capítulos ou "rosas", em correspondência com as contas de que se
compõem as dezenas do Terço, cuja estrutura geral está como que plasmada
nesta pequena joia da literatura espiritual. Eis, em traços gerais, o roteiro por que
São Luís nos há de guiar ao longo desse curso até desvendar-nos o segredo
admirável que está contido no Santo Rosário da Virgem Maria.

Referências

1. Prefácio do Pe. F. W. Faber a Luís M. G. de Montfort, Tratado da Verdadeira


Devoção à Santíssima Virgem

2. Id., p. 10.

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