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RESUMO
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II Seminário Nacional de Teoria Marxista: O capitalismo e suas crises
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Introdução
A crise estrutural global do capital em suas manifestações mais agudas que
emergem na esfera da aparência é neste momento um fenômeno inegável e permanente –
mesmo que alguns apologistas da ordem do capital insistam de forma veemente que tal
crise seja passageira. Estes mesmos religiosos - pois a eternização do sócio metabolismo
do capital só pode ser questão de fé – dão a “genial” explicação que para a solução da
crise (ou como regra geral das crises)o remédio é apenas estabilizar a moeda, o controle
da emissão de dinheiro – quase sempre através de emissão de títulos da dívida – e o
aumento da taxa de juros, ou de outro lado, quando a crise retira sua grinalda e demonstra
sua insolubilidade dentro da ordem do capital empurram-na para a subjetividade dos
governantes, sendo sempre está a explicação dos apologistas do capital quando não
entendem o que de fato ocorre, ou quando são cínicos o bastante e entendem, mas fazem
vista grossa dos resultados nefastos do sóciometabolismo do capital.
2 MARX, Karl. O Capital; critica da economia política: Livro I: O processo de produção do capital. São Paulo:
Boitempo, 2013.
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do capital nos marcos da sociedade capitalista (e deixemos anotado, nas sociedades pós-
capitalistas ou de socialismo realmente existente):
Desta maneira observaremos a relação unitária entre valor e valor de uso e seu
desenvolvimento contraditório cada vez mais acentuado, reside nisto parte importante do
que aqui chamamos produção destrutiva.
3 MÉSZÁROS, István. Para além do capital: rumo a uma teoria da transição. São Paulo; Boitempo, 2011.
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vida social: a valorização do capital se dá cada vez mais com um custo humano cada vez
mais acentuado.
4 MARX, Karl. O Capital, Crítica da Economia Política: Livro I: O Processo de Produção do Capital. São Paulo,
Boitempo, 2013.
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Esses limites absolutos do capital, que são chamados por David Harvey de novo
regime de acumulação5, tem em seu cerne a ocorrência histórica do desemprego
estrutural, que não pode mais ser controlável pelo chamado welfare state ou Estado de
Bem-estar social, que possibilitava altas taxas de lucro para o conjunto de capitais através
do Estado e da política econômica keynesiana.
É evidente que esse dito novo regime de acumulação que diminui os postos de
trabalho com estabilidade e garantias trabalhistas flexibilizando o mercado e aumentando
a rotatividade dos postos de trabalho é na realidade a manifestação dos limites absolutos
do sóciometabolismo do capital e das suas contradições que ganham grandes dimensões
e apontam para a senilidade do sistema.
Essa fase senil do capital tem como uma de suas especificidades o fato que a
existência do desemprego estrutural coloque cada vez mais seres humanos na miséria. Ao
mesmo tempo, o capital mantém em seu metabolismo parcela significativa da
humanidade realizando trabalho supérfluo.
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A categoria “novo regime de acumulação” não consegue expressar tal movimento, porque não observa
que esse desenvolvimento histórico mais que um novo regime, é um momento de desenvolvimento do
capital sua senilidade.
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O desemprego estrutural, mazela social não mais possível de ser resolvida dentro
da ordem sóciometabólica do capital como já dito, está na razão direta com o estágio de
desenvolvimento das forças produtivas. A capacidade de produção posta pelo
desenvolvimento das forças produtivas coloca a superprodução como uma constante e
expulsa cada vez mais força de trabalho das esferas produtivas aumentando ainda mais a
composição orgânica do capital.
A exploração cada vez maior da força de trabalho para garantir o aumento das
taxas de lucros torna-se mais intensa, pois os capitais individuais estão subsumidos a
dinâmica de acumulação global dada na concorrência, portanto, dependem não só da
massa de mais-valor produzida em seu setor, mas também da sua capacidade de
apropriação do valor no mercado.
6 CARCANHOLO, Reinaldo A. Capital: Essência e Aparência. São Paulo: Expressão Popular, 2011.
7 MÉSZÁROS, István. O desafio e o fardo do tempo histórico. São Paulo: Boitempo, 2007.
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O mais-valor absoluto que não se fazia presente nos países do estado de bem-estar
social volta a ser o principal meio de elevação da massa de valor e elevação das taxas de
lucro na Europa, ao mesmo tempo que o desemprego estrutural puxa os salários para
abaixo do valor da força de trabalho constituindo uma unidade que aumenta a capacidade
do capital de extrair trabalho excedente.
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Disponível em < http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=267841.
Acessado em: 01/04/2016>.
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Isto se deve ao fato que a crise do capital na sua própria estrutura de reprodução
ativa seus limites absolutos, e nesta fase histórica passa a ser necessidade estrutural à
manipulação física dos valores de uso, o valor não apenas domina o valor de uso, mas a
contradição dos dois se aprofunda de forma que o valor inicia um processo de destruição
do valor de uso – é importante assinalar que tal processo é o limite do valor, pois, a
extinção dos valores de uso representaria a extinção da humanidade e com isto a extinção
do próprio valor.
Este acirramento da contradição entre valor e valor de uso, entra na crise estrutural
em um estágio em que o capital opera nos valores de uso transformações qualitativas
diante das necessidades da reprodução ampliada. Este é o movimento que por mediação
da manipulação genética criou os transgênicos, promoveu a alteração genética e a
manipulação hormonal nos animais de abate e os agrotóxicos sendo usados na produção
9 MARX, Karl. O Capital: Crítica da economia política: Livro I: O processo de produção do capital. São Paulo,
Boitempo, 2013.
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10 MÉSZÁROS, István. O desafio e o fardo do tempo histórico. São Paulo: Boitempo, 2007.
11 MÉSZÁROS, István. O desafio e o fardo do tempo histórico. São Paulo: Boitempo, 2007.
12 As mediações de primeira ordem podemos definir como as formas sociais dos produtos do trabalho sob a forma
assumida nas relações do capital que desenvolvem-se sobrepostas as mediações de segunda ordem, mediações
ontológicas, que consistem em condições de existência do gênero humano. As mediações ontológicas por mais que
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Assim, na crise estrutural, a contradição entre valor e valor de uso, chega aos seus
limites. A impossibilidade estrutural do capital atender minimamente as necessidades
humanas neste momento histórico é tal, que torna a satisfação destas necessidades
destrutivas, e as satisfaz de forma destrutiva porque está é sua única forma de
desenvolvimento na sua fase decadente, está é uma das exigências do capital em sua fase
atual para permanecer no seu movimento de acumulação e expansão, o qual se pretende
eterno, mas barra na impossibilidade de se valorizar sem a humanidade, assim assinala de
forma eloquente Mészáros:
sejam condição ineliminável da vida são postas como de segunda ordem, pois no sócio-metabolismo do capital elas são
subordinadas e usadas como suportes materiais do capital na sua lógica sócio reprodutiva.
13 MÉSZÁROS, István. O desafio e o fardo do tempo histórico. São Paulo: Boitempo, 2007.
14 MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã: critica da mais recente filosofia alemã em seus representantes
Feuerbach, B. Bauer e Stirner, e do socialismo alemão em seus diferentes profetas. São Paulo: Boitempo, 2007.
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Desta forma, a frase de Marx deixa claro as necessidades históricas que se põe
frente ao conjunto da humanidade;
Essas necessidades históricas que se põe frente a humanidade são uma tarefa
gigantesca, é necessário ter ciência disto para qualquer ação que tomarmos no sentido
revolucionário.
15 MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã: critica da mais recente filosofia alemã em seus representantes
Feuerbach, B. Bauer e Stirner, e do socialismo alemão em seus diferentes profetas. São Paulo: Boitempo, 2007.
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O que constitui as diferenças entre o capital e Prometeu, é que Zeus recria nele –
em Prometeu – o mesmo órgão retirado16, e o capital para recriar a si mesmo só o pode
fazer destruindo homem e natureza, não obstante, na medida que destrói o metabolismo
que o enseja destrói a si mesmo. A segunda diferença é que Zeus pode realizar o ciclo
eternamente, enquanto o capital depara-se nesta fase histórica com os seus limites
absolutos.
A questão é, no entanto, mais urgente neste momento histórico do que jamais foi
em algum outro, isto não implica nenhum tipo de voluntarismo, mas sim que, como nunca
antes na história a organização do proletariado, da classe trabalhadora é tão crucial para
a humanidade, em razão de historicamente a sobrevivência do gênero humano depender
da revolução.
16 A analogia se refere a história de Prometeu que condenado por Zeus foi punido a passar a eternidade acorrentado a
uma rocha. Zeus o condenou a ter seu fígado comido por uma águia todos os dias, durante toda a eternidade, e toda
manhã Zeus criava para ele um fígado novo, para que a águia o comesse novamente. A história integral encontra-se no
livro Prometeu acorrentado de Ésquilo. Em <EbooksBrasil.com>, Fonte digital, Clássicos Jackson, Vol. XXII, 2005.
17 MÉSZÁROS, István. Para além do capital: rumo a uma teoria da transição. São Paulo; Boitempo, 2011.
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Referências bibliográficas
MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. A Ideologia alemã: critica da mais recente filosofia alemã
em seus representantes Feuerbach, B. Bauer e Stirner, e do socialismo alemão em seus
diferentes profetas. São Paulo: Boitempo, 2007.
MÉSZÁROS, István. Para além do capital: rumo a uma teoria da transição. São
Paulo:Boitempo, 2011.
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