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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA
E DO MEIO AMBIENTE

GESTÃO DE RESÍDUOS URBANOS EM


MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE

O CASO DE PIRAÍ – RJ
GESTÃO DE RESÍDUOS URBANOS EM MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE.
O CASO DE PIRAÍ – RJ

Raquel Simões Oliveira Franco

PROJETO DE GRADUAÇÃO

Aprovado por:

__________________________________
Prof. João Alberto Ferreira

__________________________________
Prof. Elisabeth Ritter

__________________________________
Eng Camille Mannarino

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL


JANEIRO DE 2007
FRANCO, RAQUEL SIMÕES OLIVEIRA
Gestão de Resíduos Urbanos em Municípios de
pequeno porte. O caso de Piraí – RJ [Rio de Janeiro] 2007
viii, 45 p. 29,7 cm (FEN/DESMA, Eng. Civil, 2007)
Projeto de Graduação – Universidade do Estado do
Rio de Janeiro, UERJ
1. Resíduos Sólidos
2. Gestão de Resíduos
3. Limpeza Urbana
4. Piraí
I. DESMA/FEN/UERJ II. Título (série)

ii
Aos meus grandes amigos Engenheiros
que fizeram parte da minha formação

iii
Agradeço à Prefeitura Municipal de Piraí pelas informações prestadas,
ao Professor João Alberto Ferreira pelo incentivo e ensinamentos,
à minha maravilhosa família por todo apoio e em particular
ao meu Pai, Eng Wislei Franco, pelas sugestões e revisões de texto.

iv
GESTÃO DE RESÍDUOS URBANOS EM MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE
O CASO DE PIRAÍ – RJ

Raquel Simões Oliveira Franco

Janeiro 2007

Orientador – João Alberto Ferreira

RESUMO

O trabalho apresenta as particularidades do gerenciamento de resíduos sólidos do


município de Piraí e faz propostas para sua melhoria.
Foram levantadas informações junto à Secretaria de Turismo e Meio Ambiente do
município e a partir de visitas de campo. Foram verificados a estrutura de limpeza de ruas e
logradouros públicos além dos sistemas de coleta, transporte e destinação final dos resíduos.
As mudanças realizadas ao longo dos anos foram destacadas, permitindo concluir que
o sistema tem melhorado continuamente e que o município de Piraí serve como modelo para
outros municípios de porte semelhante.
Propostas foram feitas visando o aperfeiçoamento da gestão de resíduos no município.

v
LISTA DE FIGURAS

FIGURA I – RIO PIRAÍ.................................................................................................................12

FIGURA II – MAPA PIRAÍ E DISTRITOS....................................................................................... 13

FIGURA III – GRÁFICO PERCENTUAL DA INSTRUÇÃO ESCOLAR DE PIRAÍ....................................14

FIGURA IV – GRÁFICO RENDA NO MUNICÍPIO DE PIRAÍ.............................................................15

FIGURA V – SEDE DA SECRETARIA MUNICIPAL DE TURISMO E MEIO AMBIENTE.......................16

FIGURA VI – ENTRADA DA TRILHA DA MATA DO AMADOR.......................................................16

FIGURA VII – VARRIÇÃO DE PRAÇAS.........................................................................................18

FIGURA VIII – CAIXAS COLETORAS...........................................................................................18

FIGURA IX – CONTÊINERES........................................................................................................19

FIGURA X – CAMINHÃO BASCULANTE 710.................................................................................20

FIGURA XI – CAMINHÃO DE COLETA COMPACTADOR.................................................................21

FIGURA X II– VEÍCULO DE COLETA EXCLUSIVA DE RESÍDUOS DE SAÚDE...................................22

FIGURA XIII – ATERRO SANITÁRIO MUNICIPAL DE PIRAÍ..........................................................25

FIGURA XIV – ATERRO SANITÁRIO DE PIRAÍ – FILTROS / WETLAND ........................................26

FIGURA XV – SISTEMA PARA RECEBIMENTO DE DESPEJO DE CAMINHÃO LIMPA FOSSAS............26

FIGURA XVI – CÉLULA PARA RSS / ATERRO MUNICIPAL DE PIRAÍ...........................................27

FIGURA XVII – COLETA DAS AMOSTRAS...................................................................................28

FIGURA XVIII – CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS DE PIRAÍ – DESPEJO DOS RESÍDUOS

COLETADOS NO ATERRO SANITÁRIO......................................................................................... 29

FIGURA XIX– CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS DE PIRAÍ – AMOSTRAGEM.............................29

FIGURA XX– CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS DE PIRAÍ – ABERTURA DAS SACOLAS SOBRE A

LONA..........................................................................................................................................30

FIGURA XXI – CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS DE PIRAÍ – QUARTEAMENTO.........................30

FIGURA XXII – CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS DE PIRAÍ – TRIAGEM...................................31

vi
FIGURA XXIII – CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS DE PIRAÍ – TRIAGEM..................................32

FIGURA XXIV – CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS DE PIRAÍ – RESÍDUOS SEGREGADOS E

RECIPIENTES IDENTIFICADOS .................................................................................................... 32

FIGURA XXV– CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS DE PIRAÍ – PESAGEM ...................................33

FIGURA XXVI – COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA DOS RESÍDUOS – PIRAÍ/RJ ................................33

LISTA DE QUADROS

QUADRO I – FATORES QUE INFLUENCIAM AS CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUO............................8

QUADRO II - INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO PLANEJAMENTO

DO SISTEMA DE LIMPEZA URBANA................................................................................................9

QUADRO III – DISTRIBUIÇÃO DE ÁREA – MUNICÍPIO DE PIRAÍ...................................................14

QUADRO IV – TRABALHADORES POR SERVIÇO DE COLETA.........................................................21

QUADRO V – RESÍDUOS DO SERVIÇO DE SAÚDE GERADOS EM PIRAÍ..........................................23

LISTA DE TABELAS

TABELA I – COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA DOS RESÍDUOS URBANOS DO MUNICÍPIO DO RIO DE

JANEIRO...... ........................................................................ ......................................................10

TABELA II –TRABALHADORES POR SERVIÇOS DE VARRIÇÃO E CAPINA NOS DISTRITOS...............17

TABELA III – VEÍCULOS DO SERVIÇO DE COLETA DE RESÍDUOS..................................................20

TABELA IV – CARACTERÍSTICAS DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS – PIRÁI/RJ.....................36

TABELA V - COMPOSIÇÕES GRAVIMÉTRICAS DE RESÍDUOS MUNICÍPIOS DE PIRAÍ E RIO DE

JANEIRO.....................................................................................................................................39

vii
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................................................1

1- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................................3

1.1. Resíduos Sólidos............................................................................................................3


1.2. Características de Resíduos urbanos..............................................................................6
1.3. Gestão Integrada de Resíduos sólidos..........................................................................11

2- ESTUDO DE CASO: MUNICÍPIO DE PIRAÍ...............................................................................12

2.1. Histórico da Cidade......................................................................................................12


2.2. Dados do Município.....................................................................................................13
2.3. Limpeza Urbana...........................................................................................................15
2.3.1. Instalações Físicas.............................................................................................15
2.3.2. Limpeza de ruas e logradouros públicos...........................................................17
2.3.3. Coleta de Resíduos............................................................................................19
2.3.3.1. Resíduo Domiciliar................................................................................21
2.3.3.2. Resíduo Especial. ..................................................................................22
2.3.4. Destino Final.....................................................................................................24
2.3.5. Caracterização do Lixo......................................................................................28
2.3.6. Legislação Municipal Vigente...........................................................................34
2.3.7. Projetos Municipais...........................................................................................35
3- AVALIAÇÃO DO SISTEMA ATUAL..........................................................................................36
3.1 Resumo do Sistema de Gerenciamento de Resíduos...................................................36
3.2 Destaques observados no sistema.................................................................................37
3.3 Propostas ao Município.................................................................................................40

4- CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................................41

5- BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................42

viii
INTRODUÇÃO

O resíduo tem sido uma questão preocupante mundialmente e também na sociedade

brasileira. O crescente consumo de produtos industrializados e cada vez mais descartáveis tem

agravado os sistemas de coleta e disposição final dos resíduos. A situação da Gestão atual dos

resíduos sólidos urbanos dos municípios brasileiros é bem variável. Em 99,4% dos municípios

brasileiros, há coleta domiciliar de resíduos sólidos, mas 58,2% destes resíduos coletados

ainda são dispostos a céu aberto ou em aterros controlados, poluindo diretamente o solo e

mananciais, além de serem prejudiciais à saúde da população local (SNIS, 2004).

Os impactos causados pelos resíduos gerados em uma localidade podem envolver além de

questões ambientais, questões de saúde e sociais. O caso dos catadores, por exemplo, que

passam a sobreviver dos resíduos lançados indiscriminadamente sobre o solo, torna o lixão

área de habitação, lazer e trabalho. Atualmente, cooperativas de catadores têm sido

organizadas, melhorando as condições de segurança e saúde dos trabalhadores. No Fórum

Social de 2007, em Nairóbi (Quênia), uma catadora da Associação dos Catadores do Aterro

Jardim Gramacho (RJ) representou o Brasil, o que demonstra uma ampliação do

reconhecimento e da representação social deste grupo de trabalhadores.

A situação da limpeza de logradouros e a coleta são muito mais cobradas pela população

do que a destinação final do resíduo. Muitas vezes o encaminhamento dos resíduos

domiciliares após a coleta é desconhecido pela população, que desconhece também os

impactos diretos que pode sofrer pela contaminação da água e do solo devido a má disposição

dos mesmos.

Na Constituição Federal (inciso IX, art. 23) institui-se como competência da União,

dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios a melhoria das condições de saneamento

básico. No inciso V, artigo 30, é estabelecido como atribuição municipal organizar e prestar
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os serviços públicos de interesse local. É de responsabilidade do Município, portanto, o

gerenciamento dos serviços de limpeza urbana. Entretanto, escassez financeira, de espaço

físico, de técnicas adequadas (pessoal capacitado) e de recursos tem contribuído para a

situação atual, quando a maioria dos municípios brasileiros não tem um sistema de

gerenciamento de resíduos eficaz, efetivamente implantado. Nacionalmente, a recente

criação da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental e a aprovação da Lei de

saneamento (Lei 11.445/2007) indicam que a questão tem se tornado uma das prioridades

governamentais. Outro fato referente aos resíduos sólidos é o decreto assinado em 25/10/06

pelo atual Presidente que estabelece a coleta seletiva em órgãos públicos e encaminhamento

dos recicláveis para associações e cooperativas de catadores (Decreto 5.940).

Apesar das medidas de âmbito nacional, em alguns municípios, as diversas dificuldades

na organização e operação dos serviços relativos ao gerenciamento de resíduos ainda não

garantem a eliminação de focos transmissores de doenças e a preservação do meio ambiente.

Portanto, o levantamento das particularidades do município é o primeiro passo para se propor

soluções e melhorias, sem um aumento significativo ou não compensador nos custos

administrativos.

O presente trabalho tem como objetivo avaliar a Gestão de Resíduos Sólidos em

municípios de pequeno porte, a partir das observações realizadas no município de Piraí – RJ.

Foram considerados os aspectos de infra-estrutura, coleta, transporte e destinação final dos

resíduos do município. Uma visão real e analítica da situação é fundamental para o

levantamento de propostas que visem à melhoria do sistema de limpeza urbana, aprimorando

a sua compatibilidade com as características da região e as preocupações atuais da sociedade

com saúde e meio ambiente. Esta avaliação procura demonstrar que mesmo pequenos

municípios podem realizar sua própria gestão de resíduos e enquadrar-se não apenas na

legislação do País, mas também nos esforços para melhoria da saúde de seus cidadãos.
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1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1. Resíduos Sólidos

Segundo a ABNT NBR 10004:2004, definem-se resíduos sólidos como “resíduos no

estado sólido e semi-sólido, que resultem de atividades da comunidade de origem: industrial,

doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta

definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em

equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas

particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de

água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face da tecnologia

disponível”.

Quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente, a mesma norma

enquadra os resíduos nas classes I, IIA ou IIB, segundo as seguintes especificações:

Resíduos Classe I - Perigosos: aqueles que apresentam riscos à saúde pública ou ao meio

ambiente, ou os que exigem tratamento e disposição especiais em função de suas

características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.

Resíduos Classe II – Não perigosos

Resíduos Classe II A – Não inertes: aqueles que não se enquadram na classe I ou na Classe II-

B; não apresentam periculosidade, porém não são inertes. Podem ter propriedades tais como:

combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água.

Resíduos Classe II B – Inertes: são os que não têm nenhum de seus constituintes solubilizados

em concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água ao serem submetidos aos

testes de solubilização (NBR-10.006 da ABNT). Muitos destes resíduos são recicláveis. Estes

resíduos não se degradam ou não se decompõem quando dispostos no solo (se degradam

muito lentamente). Estão nesta classificação, por exemplo, os entulhos de demolição, pedras e

areias retirados de escavações.


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Os resíduos podem ser classificados ainda conforme a origem, conforme as características

físicas e quanto à composição química:

QUANTO À ORIGEM:

Resíduo Doméstico: originado nos domicílios residenciais. Compreende papel, jornais

velhos, embalagens de plástico e papelão, vidros, latas e resíduos orgânicos, como restos de

alimentos (como cascas de frutas, verduras, etc.), trapos, folhas de plantas ornamentais e uma

grande diversidade de outros itens. Pode conter alguns resíduos tóxicos.

Resíduo Comercial: originado dos diversos estabelecimentos comerciais e de serviços, tais

como supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares, restaurantes, etc. O resíduo

destes estabelecimentos e serviços tem um forte componente de papel, plásticos, embalagens

diversas e resíduos de asseio dos funcionários, tais como, papel toalha, papel higiênico etc.

Resíduo Público: são os resíduos originados dos serviços de limpeza urbana, incluindo os

serviços de varrição, capina, raspagem, entre outros, provenientes dos logradouros públicos

(ruas e praças), bem como móveis velhos, galhos grandes, aparelhos de cerâmica.

Resíduos da Construção Civil: entulhos de obras e outros materiais inúteis deixados pela

população, indevidamente, nas ruas ou retirados das residências através de serviço de

remoção especial. São geralmente inertes, passíveis de reaproveitamento.

Resíduo Industrial: é aquele produzido em indústrias, variando de acordo com a natureza da

atividade. Apresenta uma fração que é praticamente comum aos demais: o resíduo dos

escritórios e os resíduos de limpeza de pátios e jardins; a parte principal, no entanto,

compreende aparas de fabricação, rejeitos, resíduos de processamentos e outros que variam

para cada tipo de indústria. Há os resíduos industriais especiais, como explosivos, inflamáveis

e outros que são tóxicos e perigosos à saúde, mas estes constituem uma categoria à parte.
5

Resíduo Hospitalar: são os resíduos sépticos, ou seja, que contêm ou potencialmente podem

conter germes patogênicos. São resíduos descartados por hospitais, farmácias, clínicas

veterinárias (algodão, seringas, agulhas, restos de remédios, luvas, curativos, sangue

coagulado, órgãos e tecidos removidos, meios de cultura e animais utilizados em testes,

resina sintética, filmes fotográficos de raios X). Em função de suas características, merecem

um cuidado especial em seu acondicionamento, manipulação e disposição final. Devem ser

incinerados e os resíduos levados para aterro sanitário. Resíduos assépticos destes locais,

constituídos por papéis, restos da preparação de alimentos, resíduos de limpezas gerais (pós,

cinzas etc.), e outros materiais que não entram em contato direto com pacientes ou com os

resíduos sépticos anteriormente descritos, são considerados como domiciliares.

Resíduos Radioativos: são os provenientes da atividade nuclear (resíduos de atividades com

urânio, césio, tório, radônio, cobalto), que devem ser manuseados apenas com equipamentos

por técnicos específicos.

Resíduos de Portos, Aeroportos, Terminais Rodoviários e Ferroviários: Basicamente

originam-se de material de higiene pessoal e restos de alimentos, que podem hospedar

doenças provenientes de outras cidades, estados e países. Os resíduos assépticos destes locais

são considerados como domiciliares.

Resíduo Agrícola: Resíduos sólidos das atividades agrícolas e da pecuária, como embalagens

de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita etc. Em várias regiões do mundo,

estes resíduos já constituem uma preocupação crescente, destacando-se as enormes

quantidades de esterco animal geradas nas fazendas de pecuária intensiva. Também as

embalagens de agroquímicos diversos, em geral altamente tóxicos, têm sido alvo de legislação

específica, definindo os cuidados na sua destinação final e, por vezes, co-responsabilizando a


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própria indústria fabricante destes produtos. O resíduo proveniente de pesticidas é

considerado tóxico e necessita de tratamento especial.

QUANTO ÀS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS:

Seco: papéis, plásticos, metais, couros tratados, tecidos, vidros, madeiras, guardanapos e

tolhas de papel, pontas de cigarro, isopor, lâmpadas, parafina, cerâmicas, porcelana, espumas,

cortiças.

Molhado: restos de comida, cascas e bagaços de frutas e verduras, ovos, legumes, alimentos

estragados, etc.

QUANTO À COMPOSIÇÃO QUÍMICA:

Orgânico: é composto por pó de café e chá, cabelos, restos de alimentos, cascas e bagaços de

frutas e verduras, ovos, legumes, alimentos estragados, ossos, aparas e podas de jardim.

Inorgânico: composto por produtos manufaturados como plásticos, vidros, borrachas,

tecidos, metais (alumínio, ferro, etc.), tecidos, isopor, lâmpadas, velas, parafina, cerâmicas,

porcelana, espumas, cortiças, etc.

1.2. Características de Resíduos Urbanos

As características dos resíduos gerados variam conforme a cidade, em função de fatores,

como a atividade dominante (industrial, comercial, turística, etc.), os hábitos e costumes da

população (principalmente quanto à alimentação) e o clima.


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CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

Geração per capita: relaciona a quantidade de resíduo gerado diariamente em determinada

região com o número de habitantes.

Composição Gravimétrica: traduz o percentual de cada componente em relação ao peso total

do resíduo.

Massa Específica Aparente: é a massa dos resíduos em função do volume por eles ocupado,

expresso em kg/m³.

Teor de Umidade: esta característica tem influência decisiva, principalmente nos processos

de tratamento e destinação do resíduo. Varia muito em função das estações do ano e da

incidência de chuvas.

Compressividade: também conhecida como grau de compactação, indica a redução de

volume que uma massa de resíduo pode sofrer, quando submetida a uma pressão determinada.

A compressividade do resíduo situa-se entre 1:3 e 1:4 para uma pressão equivalente a 4

kg/cm2. Tais valores são utilizados para dimensionamento de equipamentos compactadores.

CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS

Poder Calorífico: Indica a capacidade potencial de um material desprender determinada

quantidade de calor quando submetido à queima.

Potencial Hidrogeniônico (pH): Indica o teor de acidez ou alcalinidade dos resíduos.

Composição Química: Consiste na determinação dos teores de cinzas, matéria orgânica,

carbono, nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo, resíduo mineral total, solúvel e gorduras.

Relação C:N: Indica o grau de decomposição da matéria orgânica nos processos de

tratamento/disposição final.
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Fatores naturais, sociais e culturais podem ter influencia direta nas particularidades dos

resíduos de uma região, como pode ser observado no Quadro I.

QUADRO I – FATORES QUE INFLUENCIAM AS CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUO

1- Climáticos

Chuvas Aumentam o teor de umidade

2- Épocas especiais

Carnaval, Férias escolares, feriados, Causam o aumento na geração em locais turísticos e redução em locais não
datas comemorativas turísticos

3- Demográficos

População urbana Com o crescimento da população urbana aumenta a geração diária

4- Socioeconômicos
quanto maior o nível cultural, maior a incidência de materiais recicláveis e
Nível cultural
menor a incidência de matéria orgânica
Nível educacional Quanto maior o nível educacional, menor a incidência de matéria orgânica

Quanto maior o poder aquisitivo, maior a incidência de materiais recicláveis e


Poder aquisitivo
menor a incidência de matéria orgânica
Introdução de materiais cada vez mais leves, reduzindo o valor do peso
Desenvolvimento tecnológico
específico aparente dos resíduos

Fonte: Extraído de Monteiro et al, 2001.

O crescimento das cidades e o avanço tecnológico acarretam no aumento da produção

de resíduos sólidos e mudanças nas características do resíduo. Municípios brasileiros com

10.000 a 19.999 habitantes geram em torno de 0,58 Kg/hab.dia. Nos municípios com até

200.000 habitantes a produção de resíduo varia de 0,45 a 0,7 Kg/hab.dia. Em municípios com

número maior de habitantes, a geração per capita varia entre 0,8 e 1,2 Kg/dia. (PNSB, 2002).

Com o advento tecnológico a geração de resíduos plásticos deve aumentar com o aumento do

consumo de plásticos descartáveis, que tende a se aproximar do consumo de países mais

desenvolvidos (IPT/CEMPRE, 2000).

A análise destas diversas características deve fazer parte dos dados de embasamento

do planejamento do sistema de limpeza urbana de um município, visto que, as características


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dos resíduos podem influenciar tanto na definição da frota de coleta de resíduos como no

estudo do tratamento/destinação, dentre outros fatores, como os apresentados no Quadro II.

QUADRO II - INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO PLANEJAMENTO DO SISTEMA DE


LIMPEZA URBANA

Fundamental para se poder projetar as quantidades de resíduos a coletar e a dispor.


Geração per Importante no dimensionamento de veículos. Elemento básico para a determinação da taxa
capita de coleta, bem como para o correto dimensionamento de todas as unidades que compõem o
Sistema de Limpeza Urbana.
Indica a possibilidade de aproveitamento das frações recicláveis para comercialização e da
Composição
matéria orgânica para a produção decomposto orgânico. Quando realizada por regiões da
gravimétrica
cidade, ajuda a se efetuar um cálculo mais justo da tarifa de coleta e destinação final.

Massa específica Fundamental para o correto dimensionamento da frota de coleta, assim como de
aparente contêineres e caçambas estacionárias.

Tem influência direta sobre a velocidade de decomposição da matéria orgânica no


processo de compostagem. Influencia diretamente o poder calorífico e o peso específico
Teor de umidade aparente do lixo, concorrendo de forma indireta para o correto dimensionamento de
incineradores e usinas de compostagem. Influencia diretamente o cálculo da produção de
chorume e o correto dimensionamento do sistema de coleta de percolados

Muito importante para o dimensionamento de veículos coletores, estações de transferência


Compressividade
com compactação e caçambascompactadoras estacionárias.

Influencia o dimensionamento das instalações de todos os processos de tratamento térmico


Poder calorífico
(incineração, pirólise e outros).
Indica o grau de corrosividade dos resíduos coletados, servindo para estabelecer o tipo de
pH proteção contra a corrosão a ser usado em veículos, equipamentos, contêineres e caçambas
metálicas.
Composição
Ajuda a indicar a forma mais adequada de tratamento para os resíduos coletados.
química

Relação C:N Fundamental para se estabelecer a qualidade do composto produzido.

Características Fundamentais na fabricação de inibidores de cheiro e de aceleradores e retardadores da


biológicas decomposição da matéria orgânica presente no lixo.
Fonte: Adaptado de Monteiro et al, 2001.

O Município do Rio de Janeiro tem realizado a análise da composição gravimétrica

dos resíduos da cidade anualmente. A Tabela I mostra a composição gravimétrica de 1981 a

2005.
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TABELA I – COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA DOS RESÍDUOS URBANOS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Fonte: Comlurb, 2005.

A análise gravimétrica permite visualizar as mudanças relativas ao consumo e

descarte de materiais. A quantidade de papel/papelão descartado apresentou considerável

redução ao longo dos anos no Rio de Janeiro. O aumento da segregação de resíduos

recicláveis na fonte da geração pode ser indicado como o principal influenciador nesta

mudança. Outro fator é a substituição de papelão e vidro por materiais plásticos,

principalmente nas embalagens, o que reflete também no aumento percentual de plásticos

dispostos no Aterro Metropolitano Municipal de Gramacho, mesmo diante da crescente

reciclagem/reutilização de plásticos, principalmente de garrafas PET.

Observamos, então, que além de fornecer dados importantes para o dimensionamento

do sistema de coleta de resíduos e para avaliação de implantação ou modificação de métodos

para tratamento/disposição de resíduos, a composição gravimétrica permite o

acompanhamento das mudanças de comportamento da população e culturais, além de servir

como base para avaliação de mudanças implantadas no sistema de gerenciamento de resíduos,

por refleti-las.
11

1.3. Gestão Integrada de Resíduos sólidos

A gestão integrada dos resíduos em um município não depende apenas das instituições

responsáveis pelo gerenciamento dos resíduos. Segundo Prandini et al. (1995), a gestão

integrada prevê a limpeza do município, o tratamento do resíduo de forma eficiente e

compatível com a realidade local, e o destino final ambientalmente seguro, considerando o

tempo atual e futuro, segundo um “conjunto articulado de ações normativas, operacionais,

financeiras e de planejamento, que uma administração municipal desenvolve, baseado em

critérios sanitários, ambientais e econômicos para coletar, tratar e dispor o lixo da sua cidade”.

Além da participação ativa de administradores e políticos, é evidente a necessidade de

envolvimento da população junto às demais ações. Os habitantes de uma localidade podem

prejudicar ou beneficiar o sistema de gerenciamento de resíduos pela forma de disposição dos

resíduos nas vias ou pela modificação da composição gravimétrica dos resíduos descartados,

podendo, por exemplo, contribuir com o aumento da vida útil de aterros ou inviabilizar a

implantação de coletas seletivas.


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2. ESTUDO DE CASO: MUNICÍPIO DE PIRAÍ

2.1. Histórico da Cidade

A busca de ouro em Minas Gerais na primeira metade do século XVIII iniciou a crescente

movimentação de exploradores e comerciantes na região de Piraí, que fazia parte da rota entre

Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Segundo historiadores por volta de 1770 foi

erguida a capela de Santana do Piraí, sendo este o primeiro marco de colonização.

No século XIX a região de Piraí foi uma das maiores produtoras de café do País, mas na

primeira metade do século XX, quando a produção de café já havia se extinguido, a pecuária e

a instalação de empresas, além de novas estradas e serviços de saneamento, contribuíram para

o progresso local. Hoje, a Rodovia Presidente Dutra (Rio - São Paulo) passando pela sede do

município, insere Piraí em uma rota importante da economia brasileira.

A partir do desmembramento dos municípios de Barra Mansa e São João do Príncipe, em

1838 foi instalada a Vila Santana do Piraí e em 1892 o Distrito de Piraí foi criado.

Atualmente, o município de Piraí é dividido administrativamente em quatro distritos: Piraí

(sede), Vila Monumento (2º distrito), Arrozal (3º distrito) e Santanésia (4º distrito).

Piraí é considerado como um município de grande importância ambiental por se situar na

bacia do rio Paraíba do Sul e nas bacias das represas do sistema Light, que constituem o

principal manancial de abastecimento de água da região metropolitana do Rio de Janeiro.

O subsistema Paraíba-Piraí da Light possui 6

unidades geradoras. A primeira usina em Piraí foi

instalada em 1905, a usina de Fontes. A capacidade

atual instalada do subsistema Paraíba-Piraí é de 380

MW, sendo o maior sistema de geração de energia

da Light. A Figura I mostra o Rio Piraí. FIGURA I – Rio Piraí


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2.2. Dados do Município - Fonte: IBGE (2000)

CARACTERÍSTICAS DO TERRITÓRIO
A Figura II mostra o mapa de Piraí, onde estão indicados, inclusive, Distritos de
Arrozal, Santanésia e Vila Monumento.

FIGURA II – Mapa Piraí e Distritos

 Área: 506,7Km²

 Densidade Demográfica: 43,6 hab/Km²

 Ano de Instalação: 1837

 Distância à capital: 77,0Km

 Microrregião: Vale do Paraíba Fluminense

 Mesorregião: Sul Fluminense

A Distribuição de área por Distrito é apresentada no Quadro III. Como indicado, Piraí
(sede) é o Distrito de maior área.
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QUADRO III – DISTRIBUIÇÃO DE ÁREA – MUNICÍPIO DE PIRAÍ

DISTRITOS Ano 2000

Piraí – distrito sede 327 Km²

Arrozal 67,6 Km²

Vila Monumento 78 Km²

Santanésia 32 Km²

Total 504,6 Km²


Fontes: IBGE/CDDI/DG/DETRE
Fontes: IBGE/CDDI/DG/DETRE,
(Prefeitura Municipal de Piraí, 2001)

DEMOGRAFIA

População estimada para julho de 2006: 24363 habitantes

De 1991 a 2000 a população de Piraí teve uma taxa média de crescimento anual de 1,88%.

EDUCAÇÃO

Segundo dados do IBGE (2000) mais da metade da população de Piraí com 10 anos ou

mais de idade possui apenas de 1 a 7 anos de estudo (Figura III). Menos de 15% dessa

população tem 15 anos ou mais de estudo (faixa que cursa ou completou um curso de nível

superior).
Instrução escolar dos residentes no município
com 10 anos ou mais de idade

57,4%

16,1%
13,4%
9,1%
3,9%

sem instrução 1 a 7 anos de 8 a 10 anos 11 a 14 anos 15 anos ou


e menos de 1 estudo de estudo de estudo mais de
ano de estudo estudo
FIGURA III – GRÁFICO PERCENTUAL DA INSTRUÇÃO ESCOLAR DE PIRAÍ
15

RENDA

A distribuição de renda da População de Piraí (Figura IV) reflete a desigualdade

verificada em muitos municípios do País. Em Piraí 4% das pessoas com 10 ou mais anos de

idade recebe mais que 10 salários, enquanto 57% recebem até 1 salário ou não tem renda.

Renda das pessoas residentes no município com


10 ou mais anos de idade

17%
40%
até 1 salário
32% 1 a 5 salários
4% 7%
5 a 10 salários
mais que 10 salários
sem rendimento

Figura IV – Gráfico Renda no Município de Piraí


Fonte: IBGE (2000)

2.3. Limpeza Urbana

O órgão responsável pelo Gerenciamento dos resíduos da cidade de Piraí é a Secretaria

de Turismo e Meio Ambiente. Desta forma, dentre as atividades desta secretaria estão: coleta

domiciliar de resíduos, limpeza de ruas e logradouros públicos e disposição final dos resíduos.

A secretaria disponibiliza a todos os funcionários EPI para uso na rotina de trabalho.

São utilizadas além das botas e uniforme na cor laranja, luvas específicas de acordo com cada

tipo de serviço. No serviço de varrição são utilizadas luvas nitrílicas. Na capina utiliza-se luva

vaqueta e no serviço de coleta, luva vaqueta.

2.3.1. Instalações Físicas

A Sede da Secretaria de Turismo e Meio Ambiente (Figura V) localiza-se na Praça de

Exposição – Mata do Amador, s/nº, Centro. O local contempla espaço para a administração,

refeitório, cozinha, área externa para estacionamento dos veículos e caminhões do setor.
16

Figura V – Sede da Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente

Junto à sede da Secretaria encontra-se o Centro de Conveniência do Parque Florestal

Mata do Amador (Figura VI). O Parque é uma Unidade de Conservação do Município, criada

em 1997, visando a preservação da Mata Atlântica.

A trilha botânica de 1200m que corta o Parque é utilizada para pesquisas e aulas de

Educação Ambiental.

Figura VI – Entrada da trilha da Mata do Amador


17

Conforme já dito, o Gerenciamento dos resíduos gerados no município está afeto à

Secretaria, sendo de sua responsabilidade os serviços de coleta e transporte de resíduos

domiciliares e de estabelecimentos públicos, limpeza de ruas e logradouros públicos, destino

final dos resíduos coletados. A seguir serão descritos os principais recursos e metodologias

utilizadas na realização de cada uma das atividades de gerenciamento.

2.3.2. Limpeza de ruas e logradouros públicos

Os serviços de limpeza dos logradouros públicos de Piraí são constituídos por

varrição, capina de ruas e coleta de resíduos depositados nas caixas coletoras localizadas em

postes. A limpeza de bueiros é de responsabilidade de outra Secretaria: Secretaria de Serviços

Públicos. Esta última também realiza a capina dos Distritos de Arrozal, Santanésia e Vila

Monumento.

• Recursos humanos

A varrição das vias é realizada diariamente no centro de Piraí e nos bairros mais

próximos. Nos demais distritos a varrição é realizada em dias alternados, sendo utilizados no

total 33 trabalhadores neste serviço.

A capina do centro de Piraí é feita manualmente por 6 trabalhadores. A distribuição

dos trabalhadores por serviço e por região de atividade é apresentada na Tabela II.

TABELA II –TRABALHADORES POR SERVIÇOS DE VARRIÇÃO E CAPINA NOS DISTRITOS

DISTRITOS Serviço de Varrição Serviço de Capina


Piraí – distrito sede 10 6
Arrozal 15 Secr. Serviço Público
Vila Monumento 4 Secr. Serviço Público
Santanésia 4 Secr. Serviço Público
Total 33
Fonte: Secretaria
Dados de Turismo
da Secretaria e Meio Ambiente
de Turismo de Puraí, 2006
e Meio Ambiente (2006)
18

• Materiais, Ferramentas e Equipamentos

Os equipamentos utilizados, como vassouras e carrinhos se mantêm aproximadamente

de acordo com o número de trabalhadores (33). Os carrinhos utilizados na limpeza das vias

são do tipo “lutocar” que têm abertura na parte superior permitindo a utilização de saco

plástico (Figura VII).

Figura VII – Varrição de praças

No município de Piraí, as caixas coletoras (Figura VIII)

contribuem para a limpeza urbana, encontrando-se bem

distribuídas no centro da cidade e sendo utilizadas pela

população. Em 2006 foram instaladas 50 caixas coletoras novas,

totalizando um número de 250 caixas coletoras em uso no

município.

FIGURA VIII – Caixa coletora


19

Na alocação dos funcionários nos diferentes serviços não é realizado treinamento

especifico. Para algumas atividades como a de capina são feitos testes para escolha dos

melhores naquele tipo de serviço.

2.3.3. Coleta de Resíduos

Estima-se, a partir de pesagens semestrais que sejam coletados diariamente 18

toneladas de resíduos domésticos e de unidades de saúde e 2 toneladas de resíduos de limpeza

de vias públicas. Considerando a população estimada para julho de 2006 (IBGE, Censo 2000),

calcula-se que a geração per capita no município seja de aproximadamente 0,8Kg por dia.

• Materiais e Equipamentos

Em algumas ruas de Piraí são disponibilizados contêineres de 240L para depósito de

resíduo (Figura IX). Os contêineres protegem os resíduos das águas de chuvas e reduzem a

quantidade de resíduos espalhados pelas ruas pela ação de cachorros e outros animais.

FIGURA IX – Contêineres
20

Os veículos utilizados na coleta e suas respectivas características são apresentados na

Tabela III.

TABELA III – VEÍCULOS DO SERVIÇO DE COLETA DE RESÍDUOS


Tipo Áreas de coleta Ano Capacidade Estado
Caminhão 710 - 1997 5m³ recém-reformado
Compactador Piraí (Centro) 1997 10m³ recém-reformado
Compactador Arrozal 1997 8m³ recém-reformado
Compactador Santanésia 1988 8m³ recém-reformado
Compactador Vila Monumento 1986 8m³ não reformado
Fonte: Secretaria de Turismo e Meio Ambiente, 2006
Dados da Secretaria de Turismo e Meio Ambiente (2006)

Para o serviço de coleta de resíduos domiciliares são utilizados 4 caminhões

compactadores distribuídos nas rotas por todo o município. O caminhão basculante 710

(Figura X) é utilizado na remoção de entulhos e de resíduos de varrição. Na Figura XI é

apresentado um dos caminhões compactadores utilizados no serviço de coleta.

FIGURA X – Caminhão basculante 710


21

FIGURA XI – Caminhão de coleta compactador

• Recursos Humanos

Neste serviço atuam trabalhadores distribuídos nas regiões, conforme o Quadro IV.

QUADRO IV – TRABALHADORES POR SERVIÇO DE COLETA


DISTRITOS Trabalhadores
Piraí – distrito sede 12
Arrozal 6
Vila Monumento 4
Santanésia 4
Total 26
Fonte: Secretaria
Dados de Turismo
da Secretaria e Meio Ambiente,
de Turismo 2006
e Meio Ambiente (2006)

2.3.3.1. Resíduo Domiciliar

Segundo a Secretaria de Turismo e Meio Ambiente, 100% das residências das áreas

urbanas de Piraí dispõem do serviço de coleta de resíduo. No centro de Piraí a coleta é diária,

inclusive com coleta no centro comercial aos domingos.


22

2.3.3.2. Resíduo Especial

Além da coleta do resíduo domiciliar são coletados resíduos de serviço de saúde e

entulhos.

• Resíduos de Serviço de Saúde - RSS

Ao final de 2006 iniciou-se a coleta exclusiva de resíduos infectantes de hospitais e

postos de saúde em veículo não compactador (Figura XII), exclusivo e identificado, conforme

a NBR 12810/93 que estabelece diretrizes para o procedimento de coleta de resíduos de

serviços de saúde.

FIGURA X II– Veículo de coleta exclusiva de resíduos de saúde

As quinze principais unidades geradoras de resíduos de saúde no município estão relacionadas

a seguir:

- Hospital Flávio Leal (Instituição Filantrópica co-administrada pela Prefeitura)

- PSPI – Posto de saúde de Piraí

- PSF Casa Amarela

- PSF Ponte das Laranjeiras


23

- PSF Rosa Machado

- PSF Santanésia

- PSF Varjão

- PSF Jaqueira

- PSF Light

- PSF Caiçara

- PSF Cacaria

- Pronto Socorro

- Centro de Especialidades

- PSF Serra do Matoso

- Fisioterapia Arrozal

No ano de 2006 a Secretaria de Saúde de Piraí fez o levantamento da geração de

resíduos de saúde, cujos resultados estão no Quadro V. Conforme os dados apresentados, as

unidades PSF Cacaria, Hospital Flávio Leal, PSF Ponte das Laranjeiras e o Centro de

Especialidades são as maiores contribuintes, representando aproximadamente 50% do total de

resíduos de saúde gerados semanalmente.

QUADRO V – RESÍDUOS DO SERVIÇO DE SAÚDE GERADOS EM PIRAÍ

UNIDADES DE SAÚDE Volume Semanal (L)


Hospital Flávio Leal 1890
PSPI – Posto de saúde de Piraí 570
PSF Casa Amarela 600
PSF Ponte das Laranjeiras 1680
PSF Rosa Machado 800
PSF Santanésia 360
PSF Varjão 280
PSF Jaqueira 1020
PSF Light 1080
PSF Caiçara 1050
PSF Cacaria 2580
Pronto Socorro/ Fisioterapia 680
Centro de Especialidades 1680
PSF Serra do Matoso 1425
TOTAL 15695
Fonte: Secretaria de Turismo e Meio Ambiente, 2006
Dados da Secretaria de Turismo e Meio Ambiente (2006)
24

As unidades de saúde utilizam auto-claves para esterilização do material infectante, como

resíduos imunológicos e resíduos de testes biológicos.

• Entulho

Atualmente a secretaria recolhe entulhos lançados inadequadamente em locais

impróprios e a partir de agendamento prévio.

Este serviço em etapa de implantação disponibilizará um número de telefone exclusivo

para agendamento de retirada de entulhos. Atualmente, é utilizado o número da própria

secretaria para este agendamento. Este sistema visa reduzir o volume de materiais dispostos

em vias públicas, permitindo um melhor planejamento e trabalho mais eficiente da frota de

coleta. O entulho recolhido é encaminhado para o Aterro Sanitário, onde é utilizado no

recobrimento dos resíduos dispostos.

2.3.4. Destino Final

Os resíduos coletados pela prefeitura são dispostos no Aterro Sanitário do município,

localizado na Rodovia Presidente Dutra, nº 249, no distrito de Arrozal. Além de atender toda a

região de Piraí (centro) e demais distritos, o Aterro recebe resíduos do município de Pinheiral.

Estima-se que o Aterro de Piraí receba cerca de 30 toneladas de resíduos diariamente. Sua

operação iniciou em maio de 2002, completando neste ano seis anos de funcionamento, sendo

um dos três únicos aterros sanitários com licença de operação da FEEMA no estado (LO

nº227/2002).

A área no qual o Aterro está localizado foi adquirida pela Prefeitura por ser apontada

em estudos como a mais adequada na região para a atividade. A localização é na região sul

fluminense do Estado do Rio de Janeiro em uma área que faz parte da bacia de um pequeno

córrego contribuinte do Ribeirão Cachimbal. Do local da área do Aterro até o encontro com o

Ribeirão Cachimbal o córrego percorre 6,0 km. Este, por sua vez percorre 13,0 km até
25

desaguar no Rio Paraíba do Sul (um dos principais afluentes do Rio Guandu) do qual é

contribuinte. Entretanto, a área do aterro está em uma região fora das bacias de contribuição

das represas de Ribeirão das Lajes, Vigário e Santana.

No Aterro Municipal de Piraí (Figura XIII) há drenagem superficial, barreira de

proteção de argila e sistema de captação de gás. O Aterro contêm ainda o sistema de captação

e tratamento de lixiviado. O recolhimento do lixiviado é feitos sem necessidade de utilização

de bombas.

FIGURA XIII – Aterro Sanitário Municipal de Piraí

O material percolado recolhido é encaminhado por gravidade para o sistema de

tratamento composto por dois filtros biológicos aeróbios, wetland e lagoa. Os filtros, com

diâmetro de 1,0m e altura de 2,0m, possuem meios filtrantes diferenciados: brita nº 3 e

bambu. Após a passagem por um dos filtros, o material segue para o wetland. Após a

passagem por este último sistema, o efluente tratado segue para a lagoa e posteriormente para
26

o córrego. O wetland, que tem um

volume útil de 2,6 m³ e possui

impermeabilização composta por uma

manta de pvc, é plantado com taboa e

opera com regime de operação de fluxo

superficial . Desta forma, o conjunto

destes sistemas proporcionam um

tratamento eficiente do lixiviado e com

um custo reduzido, considerando que


FIGURA XIV – Aterro Sanitário de Piraí – Filtros / Wetland
não é utilizada energia elétrica na sua

operação. Segundo pesquisas o monitoramento deste sistema indicou remoções médias de

DBO e DQO de 80 e 48%, respectivamente. Quanto aos sólidos suspensos totais, a remoção

foi de 87%. A remoção de nitrogênio amoniacal foi em torno de 76%. (FERREIRA, 2005).

Em dezembro de 2006 foram

construídos sistemas específicos para

recebimento de despejo de caminhão limpa

fossas (Figura XIV). A construção foi feita a

partir de 6 manilhas de concreto de 1 metro

de diâmetro sobrepostas. No fundo de cada

cilindro, há uma camada de pedra de mão e

ao redor das manilhas, em toda a extensão,

há uma camada de brita. Tendo uma

FIGURA XV – Sistema para recebimento de despejo profundidade útil em torno de 5,5m, cada
de caminhões limpa fossa.
cilindro tem volume útil de

aproximadamente 4,5m³.
27

Atendendo às exigências legislativas, a célula para Resíduos de Serviços de Saúde

(RSS) no Aterro sanitário de Piraí já está construída (Figura XV), sendo a previsão de início

de operação para o primeiro trimestre de 2007. A célula tem volume útil de aproximadamente

150m³.

FIGURA XVI – Célula para RSS / Aterro Municipal de Piraí

• Recursos

Quatro funcionários da Prefeitura trabalham diariamente no Aterro. Um destes

funcionários é o tratorista responsável pela movimentação de terra e resíduos através do

Trator modelo D-50.

Estudos realizados a partir do monitoramento do aterro concluíram que o aterro

sanitário de Piraí tem dado destinação adequada aos resíduos do município sem impactos

ambientais significativos. A vida útil prevista para o Aterro no início da operação era de 25
28

anos. Contudo, com a melhoria da qualidade de operação de coleta, um crescimento e

desenvolvimento do município acima da média do estado houve um aumento da quantidade

de resíduos dispostos no aterro, acrescendo-se ainda cerca de 10 toneladas diárias de Pinheiral

desde 2005.

2.3.5. Caracterização dos resíduos

No ano de 2007 foi feita a primeira caracterização dos resíduos do Município de Piraí

pela Secretaria de Turismo e Meio Ambiente em conjunto com a UERJ.

A caracterização, feita segundo a metodologia do PROSAB, realizou-se nos dias 3 e 4

de janeiro. Foram necessários dois caminhões e quatro trabalhadores na coleta da

amostragem. No procedimento de triagem por tipo de resíduo foram utilizados oito

funcionários. Esta etapa foi feita no galpão do Aterro sanitário de Piraí, sendo os resíduos

pesados em balança disponibilizada pela Prefeitura. O processo de análise da composição

gravimétrica envolveu as etapas de coleta, amostragem, triagem e pesagem. Durante a triagem

os funcionários utilizaram além das botas, uniformes e luvas, protetores respiratórios.

Das amostragens foi analisado o teor de umidade pelo Laboratório de Engenharia

Sanitária - LES/UERJ. As etapas de amostragem são ilustradas nas Figuras XVI a XXIV.

FIGURA XVII – Coleta das amostras


29

FIGURA XVIII – Caracterização dos resíduos de Piraí - Despejo dos resíduos coletados no Aterro Sanitário

FIGURA XIX– Caracterização dos resíduos de Piraí / Amostragem


30

FIGURA XX– Caracterização dos resíduos de Piraí / Abertura das sacolas sobre a lona

FIGURA XXI – Caracterização dos resíduos de Piraí – Quarteamento


31

Com a amostra final definida, iniciou-se a triagem dos resíduos, conforme as seguintes
categorias:
1. Matéria orgânica putrescível: restos de alimentos, folhas, cascas de frutas, frutas, etc.

2. Plástico

3. Papel / papelão: papéis, jornais, embalagens tipo tetra-pack, etc.

4. Vidro

5. Metal ferroso

6. Metal não ferroso: fios, torneiras, latas de bebidas, etc.

7. Panos / couro / borracha: trapos, roupas, sapatos, tapetes, etc.

8. Madeira

9. Contaminantes químicos: pilhas, frascos/embalagens com medicamentos, lâmpadas

fluorescentes, inseticidas, colas, cosméticos, latas com tinta, embalagens

pressurizadas, canetas com carga, papel carbono, etc

10. Contaminantes biológicos: papel higiênico, cotonetes, algodão, curativos, fraldas

descartáveis, absorventes higiênicos, camisinha, etc.

11. Inertes: terra, pedra, cerâmica, etc.

12. Outros: pontas de cigarro, embalagens de diversos tipos de material, materiais de

difícil identificação, etc.

FIGURA XXII – Caracterização dos resíduos de Piraí – Triagem


32

FIGURA XXIII – Caracterização dos resíduos de Piraí – Triagem

FIGURA XXIV – Caracterização dos resíduos de Piraí – Resíduos segregados em recipientes identificados
33

FIGURA XXV– Caracterização dos resíduos de Piraí – Pesagem

Os resultados da caracterização realizada são apresentados na Figura XXV.


Matéria orgânica putrescível 43,3%

Plástico 15,1%
17,6%
Papel / Papelão 17,6%

4,6% 43% Vidro 5,0%

Metal ferroso 1,9%

Metal não ferroso 0,3%

Panos / couro / borracha 1,9%


13,7%

14,4% Madeira 0,4%

Contaminantes químicos 0,1%

Contaminantes biológicos 12,2%

Terra / pedra / cerâmica 0,3%

Outros 0,9%

Teor de umidade = 50,45%


FIGURA XXVI– Composição gravimétrica dos resíduos – Piraí/RJ
34

2.3.6. Legislação Municipal Vigente

Em 10 de dezembro de 1998 foi aprovada e sancionada pela Câmara Municipal de

Piraí a Lei complementar nº 02/98, referente ao novo código de Posturas do Município.

Dentre os artigos do Código, alguns tem relação com o Gerenciamento de resíduos.

Quanto aos resíduos de saúde, o Art.221, alínea II, define sobre a necessidade de

incineradores em unidades de saúde: a existência de incineradores para queima de materiais

usados cirúrgicos ou não.

Do Art. 234 ao 240 são estabelecidos os códigos referentes à Engenharia Ambiental,

sendo o principal relacionado com o Gerenciamento de resíduos o Art.235, alínea I:

Processar-se-ão em condições que não afetem a estética nem tragam malefícios ou

inconvenientes à saúde e ao bem-estar coletivo ou individual:I - a coleta, a remoção, o

destino e o acondicionamento de lixo.

Abaixo são descritos os artigos relativos especificamente à Limpeza Pública:

Art.241 – Constitui atos lesivos a limpeza urbana:

I - depositar ou lançar papéis, latas, restos ou lixo de qualquer natureza, fora dos recipientes

apropriados, em vias, calçadas, praças e demais logradouros públicos, causando danos à

conservação da limpeza urbana;

II – depositar, lançar ou atirar, em quaisquer áreas públicas ou terrenos, edificados ou não,

resíduos sólidos de qualquer natureza;

III – sujar logradouros ou vias públicas, em decorrência de obras ou desmatamento;

IV – depositar, lançar ou atirar em riachos, córregos, lagos, rios ou às suas margens,

resíduos de qualquer natureza que causem prejuízo a limpeza urbana ou ao meio ambiente.

Art.242- Os mercados, supermercados, matadouros, açougues, peixarias e estabelecimentos

similares deverão acondicionar o lixo produzido em plásticos manufaturados para este fim,

dispondo-os em local a ser determinado para recolhimento.


35

Art. 243 – Os bares, restaurantes, lanchonetes, padaria e outros estabelecimentos de venda

de alimentos para consumo imediato serão dotados de recipientes de lixo, colocados em

locais visíveis e de fácil acesso ao público em geral.

Art. 244 – Nas feiras, instaladas em vias ou logradouros públicos, onde haja a venda de

gêneros alimentícios, produtos hortifrutigranjeiros ou outros pontos de interesse de ponto de

vista do abastecimento público, é obrigatória a colocação de recipientes de recolhimento de

lixo visível e acessível ao público, em uma quantidade de um recipiente por banca instalada.

Art. 245 – Os vendedores ambulantes e veículos de qualquer espécie, destinados à venda de

alimentos de consumo imediato, deverão ter recipiente de lixo neles fixados, ou colocados no

solo ao seu lado.

Art. 246 – Todas as empresas que comercializem agrotóxicos e produtos fito-sanitários terão

responsabilidade sobre os resíduos por eles produzidos, seja em sua comercialização ou em

seu manuseamento.

A cobrança pelo serviço de limpeza urbana e coleta de resíduos é feita junto com o

IPTU, anualmente.

2.3.7. Projetos Municipais

Atualmente a Prefeitura de Piraí tem estudado métodos para implantação da coleta

seletiva no Município. Dentre as dificuldades apontadas está a definição da mão-de-obra a ser

utilizada. Há alguns anos, algumas famílias recolhem resíduos recicláveis nas residências do

Centro de Piraí. Positivamente, parte da população (população do Centro de Piraí) já se

habituou a separar os resíduos recicláveis para os catadores. No entanto, a dificuldade está na

escolha de utilizar estes catadores na coleta seletiva ou os próprios funcionários da Prefeitura.

A utilização de funcionários da Prefeitura provavelmente ocasionaria menor ônus financeiro,

porém a retirado do meio de renda destes catadores resultaria em impactos sócio-econômicos.


36

3 AVALIAÇÃO DO SISTEMA ATUAL

3.1 Resumo do Sistema de Gerenciamento de Resíduos

A Tabela IV resume a situação do sistema de gerenciamento dos resíduos do

município de Piraí, destacando as principais ações implementadas até 2006 e com

implementação prevista para 2007.

TABELA IV – CARACTERÍSTICAS DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS – PIRÁI/RJ


AÇÕES EM
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS - PIRAÍ RJ, 2007 IMPLEMENTAÇÃO OU
PREVISTAS
Materiais e equipamentos
pás
carrinhos de mão
Limpeza de
carrinho
ruas e
vassouras -
logradouros
caixas coletoras (aumento de 50 caixas)
públicas
Serviços
varrição
capina
Quantidade de resíduos coletados
resíduo doméstico = 18 toneladas
resíduo urbano = 2 toneladas
Materiais e equipamentos
1 caminhão basculante reformado
4 caminhões compactadores (3 reformados) Serviço disk-estulho
Coleta e contêineres 240L Coleta diferenciada de
Transporte contêineres para entulho
RSS
Veículo exclusivo para coleta de RSS
Serviços
coleta domiciliar
retirada de entulhos
Quantificação dos RSS
Caracterização física dos Resíduos
Quantidade de resíduos dispostos no Aterro
Resíduos de Piraí = 20 toneladas
Resíduos de Pinheiral = 10 toneladas
TOTAL = 30 toneladas
Construção de célula para
Tratamento Materiais e equipamentos
Resíduos de serviços de
Destino Final Trator D 50
saúde
Pá carregadeira
Sistema de tratamento
Aterro Sanitário licenciado
Tratamento de chorume
37

3.2 Destaques observados no sistema

• Limpeza dos logradouros e vias públicas

A varrição diária dos logradouros e vias públicas não é comum na maioria dos

municípios; a quantidade de caixas coletoras dispostas nas ruas foi aumentada em 25%; estes

itens contribuem muito para o aspecto agradável de limpeza da cidade.

• Coleta e transporte

Em pesquisa realizada em 2002 por alunos da UERJ, um dos principais problemas

apontados pela população foi o espalhamento de resíduos por cachorros e outros animais. A

disposição de mais contêineres (240m³) pelas ruas diminui a possibilidade de novas

ocorrências, embora ainda não haja contêineres em todos as ruas, o que não é financeiramente

viável atualmente. Vale ressaltar a sensibilidade das autoridades ao clamor da população.

A participação da comunidade traz soluções mais diretas e menos onerosas como no

caso citado.

A reforma recente de quatro dos cinco veículos utilizados no serviço de coleta de

resíduos, provavelmente diminuiu os custos financeiros e com certeza diminuiu as perdas com

manutenção, otimizando o sistema.

A coleta diária dos resíduos domiciliares evita que os resíduos avancem na

decomposição estando ainda nas ruas, evitando assim mau cheiro e proliferação de insetos e

roedores.

• Tratamento / Disposição Final

O Aterro Sanitário de Piraí juntamente com os Aterros de Nova Iguaçu e Rio das Ostras

formam o grupo dos únicos três aterros licenciados no RJ (92 municípios).


38

Pode-se considerar que os impactos nas proximidades do aterro são reduzidos, visto que

há barreira de argila em toda a sua extensão, há operação adequada, proporcionando inclusive

cobertura diária dos resíduos e há tratamento eficiente de todo o lixiviado gerado.

• Resíduos de Serviço de Saúde - RSS

Embora a quantidade de RSS gerados no município de Piraí seja apenas uma pequena

fração do total dos resíduos coletados, a coleta diferenciada vem trazer mais segurança aos

trabalhadores que manuseiam estes resíduos. Configura-se neste aspecto, uma boa decisão da

Secretaria de Turismo e Meio Ambiente em sua implantação.

O sistema de gestão interna da limpeza dos hospitais e posto de saúde de Piraí é muito

bom. A separação em sacos brancos para a coleta diferenciada (embora só agora implantada)

é feita há bastante tempo.

• Caracterização Física dos Resíduos de Piraí

A diferença de componentes determinados na caracterização impede a comparação

direta entre as caracterizações do município do Rio e Piraí. Para possibilitar a comparação, na

Tabela V, contabilizaram-se os percentuais dos resíduos “osso” e “vela/parafina” como

“outros”, e adicionaram-se os resíduos “folhas” e “coco” como “matéria orgânica putrescível”

nos dados dos resíduos do Município do Rido de Janeiro.


39

TABELA V - COMPOSIÇÕES GRAVIMÉTRICAS DE RESÍDUOS


MUNICÍPIOS DE PIRAÍ E RIO DE JANEIRO
COMPONENTES Piraí 2007 RJ 2005
Matéria orgânica putrescível 44,27% 62,97%
Plástico 15,07% 15,34%
Papel / Papelão 17,58% 13,51%
Vidro 5,02% 3,24%
Metal total 2,21% 1,65%
Panos / couro / borracha 1,88% 2,04%
Madeira 0,38% 0,34%
Contaminantes químicos 0,08% -
Contaminantes biológicos 12,24% -
Inertes 0,31% 0,86%
Outros 0,94% 0,05%
Teor de Umidade 50,45% 51,5%
Fontes: Piraí, 2007; Rio de Janeiro, Comlurb, 2005

Sendo os teores de umidade das duas composições próximos, podem ser feitas

algumas comparações:

- Os percentuais de matéria orgânica putrescível apresentam uma diferença de quase 20

pontos percentuais;

- Os valores relativos a plástico e madeira têm diferença inferior a 1%;

- A ausência de dados referentes a contaminantes químicos e biológicos indica que estes estão

distribuídos dentre os demais itens. No caso dos contaminantes biológicos serem

computados como matéria orgânica putrescível, podemos considerar o total de matéria

orgânica Putrescível de Piraí igual a 56,51%;

Quanto à diferença entre os percentuais de matéria orgânica, cabe observar que

segundo relatos de moradores do município, em muitas residências restos de alimentos são

utilizados na alimentação de animais. No entanto, uma pesquisa de maior abrangência torna-

se necessária para que este fato seja suficiente ou de relevância na justificativa do “baixo”

percentual de matéria orgânica obtido, comparando-se aos dados do município do Rio de

Janeiro.
40

3.3 Propostas ao Município

• Coleta e transporte

Visto que as rotas dos caminhões de coleta estão bem definidas, a população pode ser

estimulada a participar desta solução dispondo os resíduos nas portas das moradias a partir de

uma hora antes do horário de coleta. Embora talvez não venha a solucionar por completo o

problema, devem ser envidados esforços para conscientização da participação da população

no sistema de coleta de resíduos, como proposto por um sistema de gestão integrada de

resíduos sólidos.

Quanto à composição gravimétrica dos resíduos, o baixo teor de matéria orgânica

putrescível em relação às médias de municípios tanto de baixas rendas quanto de altas rendas,

pode estar associado diretamente a fatores culturais locais. Segundo moradores da região,

restos de alimentos de muitas residências são aproveitados para adubo ou alimentação de

animais. Este comportamento deve ser valorizado, visto que diminui o ônus do

tratamento/destino final de matéria orgânica.

• Tratamento / Disposição Final

Uma alternativa para o município seria a compostagem de matéria orgânica de

“grandes” geradores, como escolas e hotéis. Este processo poderia contribuir para melhoria

educacional e para pequena redução de material a ser coletado e disposto. Este sistema pode

ser viável e de fácil implantação por não necessitar de grandes áreas. Segundo Pessim (2006),

o tratamento da matéria orgânica reduz o tempo de estabilização da matéria orgânica e o

volume potencial poluidor do lixiviado gerado.


41

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O município de Piraí tem cumprido com as responsabilidades legais de limpeza da

cidade, coleta e tratamento/destino final dos resíduos.

Observa-se que a vida útil do Aterro sanitário de Piraí não será aquela prevista no

início da operação devido ao recebimento de resíduos do município de Pinheiral (10m³/dia),

recentemente iniciado, e não planejado quando da implantação do sistema. Diante disto, o

município deve ter em vista estudos e planejamentos para o encerramento do aterro atual e

previsão de novas áreas para construção de um novo aterro antes de ultrapassada a sua

capacidade. Dificuldades administrativas e políticas devem ser evitadas na época de

encerramento do aterro, visto que poderiam causar sérios danos ambientais e financeiros, no

caso de adoção de medidas emergenciais para disposição dos resíduos do município.

A coleta seletiva, se bem implementada, será um avanço da Cidade de Piraí frente aos

problemas ambientais mundiais, acrescentando à cultura da população a redução de

desperdícios.

Deve-se atentar que mudanças ou implantação de serviços e sistemas devem ser

realizadas em ritmo que permita que funcionários e a população local entendam e possam

acompanhar as inovações. Medidas de manutenção dos novos sistemas também devem ser

estudadas e implementadas, de forma a garantir que todos os objetivos sejam alcançados

satisfatoriamente.

Outros municípios de pequeno porte, como Piraí, poderão utilizar-se da experiência

deste, para projeto e implementação de seus próprios sistemas de gestão de resíduos urbanos.

Cabe a cada município levantar suas características próprias e garantir os necessários

recursos. Bem planejadas, as várias partes do sistema poderão ser implementadas em

relativamente curto espaço de tempo, com grandes benefícios para o meio ambiente e a

população.
42

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