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MÓDULO II
Mulheres no futebol
Alternativas didáticas para a abordagem das
questões de gênero
MÓDULO I
- Conceitos básicos: sexo, gênero, orientação
sexual
- A questão de gênero no cotidiano
- Mulheres no esporte
O termo gênero nasce no movimento feminista (2ª onda
nos anos 60-70), ele surge com a necessidade de contrapor
o argumento irrecorrível de que homens e mulheres são
biologicamente distintos e recolocar esse debate no campo
social (LOURO, 1997). Desta forma procurou, desde sua
origem, denunciar a invisibilidade, que de modo geral as
mulheres estavam submetidas, e revelar uma nova forma de
entender as relações entre homens e mulheres na
sociedade.
Concepções de corpo na história
da humanidade
O espanta tubarões
https://www.youtube.com/watch?v=5xCL
xsxk4f8
Alguns conceitos...
SEXO (biológico)
• Diferenças anatômicas, internas e externas ao corpo,
que tem sido usadas como forma de diferenciar
fisicamente mulheres de homens.
GÊNERO (social-cultural-político)
• Construção cultural do sexo. Condição social pela qual
somos identificados como masculinos e femininas.
https://www.youtube.com/watch?v=Sg4dh
YlakJI
Marcela Temer: bela, recatada e do lar
Afinal, qual é o lugar da mulher?
https://www.youtube.com/watch?v=EJSd7
LC4bUo
A DOMINAÇÃO MASCULINA
(Pierre Bourdieu)
https://www.youtube.com/watch?v=XoZr
Z7qPqio
Imagens alternativas do
“esporte feminino”
Ainda que biologicamente mulheres e homens sejam
diferentes, não há razões fisiológicas que impeçam que
mulheres participem de qualquer esporte.
Estratégias de discriminação positiva.
Percepção de comportamentos apropriados para as
mulheres muda à medida que o esporte torna-se forma
de vida.
Futebol (soccer) nos Estados Unidos não
é visto como esporte masculino
Os EUA não veem o futebol
como um esporte muito
masculino. Isso, porque temos
o futebol americano – um
esporte hipermasculinizado,
com atletas enormes e
musculosos. Quando um
jogador americano é atingido e
cai, ele não finge que está
machucado. Para os nossos
olhos isso é ridículo.
Muitos meninos permaneceriam no futebol,
mas acabam saindo porque querem parecer
mais masculinos – futebol, para nós, é coisa de
menina.
O que é necessário problematizar?
• A identificação de que alguns esportes devem ou não devem ser indicados para
meninos e/ou meninas, pois não correspondem ao seu gênero.
MOURA, 2003
Dick Kerr Ladies
DKL (1917)
DKL x Yorkshire (1921)
Públicos e rendas
incríveis, como os
53 mil
espectadores em
um jogo de 1920
que rendeu £3115,
ou 2,6 milhões de
reais convertidos
DKL x St. Helens (1921) nos dias atuais.
A proibição do futebol feminino e
as “meninas de Araguari”
Decreto-lei nº 3.199, de 14 de Deliberação – CND – Nº
abril de 1941: “Às mulheres não 7/65
se permitirá a prática de Nº 1 – Às mulheres se
desportos incompatíveis com as permitirá a prática de
condições de sua natureza, desportos na forma,
devendo, para este efeito, o modalidades e condições
estabelecidas pelas
Conselho Nacional de
entidades internacionais
Desportos baixar as necessárias dirigentes de cada
instruções às entidades desporto, inclusive em
desportivas do país”. competições, observado o
(modalidades interditadas: lutas, disposto na presente
o boxe, o salto com vara, o salto deliberação.
triplo, o decatlo, o pentatlo, o Nº 2 – Não é permitida a
futebol, o rúgbi, o polo e o polo prática de lutas de
qualquer natureza, futebol,
aquático).
futebol de salão, futebol de
Equipe de Araguari em matéria praia, pólo aquático, pólo,
da revista O Cruzeiro, de rugby, halterofilismo e
28/2/1959. Fonte: Cunha (2011). baseball
Reforçando a tendência de ampliação
dos direitos das mulheres no campo
esportivo, o próprio CND reforça e
legaliza essa nova configuração,
baixando em 6 de março de 1986 a
recomendação nº 2, na qual “[...]
reconhece a necessidade de estímulo à
participação da mulher nas diversas
modalidades desportivas no país [...]”
Em 1951 também a FIFA posicionou-se
contrária à prática do futebol por mulheres,
recusando-se a cuidar da modalidade,
afirmando que se tratava de questão de
biologia e de educação, devendo então ser
tratada por médicos e professores.
Apenas na década de 1970 as federações da
Alemanha Ocidental, Inglaterra e França
suspenderam o veto à prática do futebol
pelas mulheres.
A FIFA revê sua postura apenas no final da
década de 1990: torneio internacional
feminino em 1988 e Copa do Mundo em
1991, ambos na China.
A década de 1980 e 1990
Seleção Brasileira de 1988 Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos de Atlanta 1996
Anos 2000
“É um dever da FPF olhar com atenção para o futebol feminino, assim como já
fazemos com o masculino. A chegada da Aline Pellegrino colocará o esporte
em outro patamar. Nossa intenção é contribuir para o fomento da modalidade
e ampliar o diálogo com os clubes sobre as necessidades do futebol feminino.
Queremos dar uma nova cara ao esporte, e nada melhor que uma profissional
que já atuou como jogadora, técnica e dirigente para dar diretrizes a esse
desafio”, disse Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da FPF.
Medida Provisória nº 671 - Profut
- Art. 2º Fica criado o Programa de Modernização da
Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol
Brasileiro - PROFUT, com o objetivo de promover a
gestão transparente e democrática e o equilíbrio
financeiro das entidades desportivas profissionais de
futebol.
Parágrafo único. Para os fins desta Medida Provisória,
considera-se entidade desportiva profissional de
futebol a entidade de prática desportiva envolvida em
competições de atletas profissionais, nos termos
dos art. 26 e art. 28 da Lei nº 9.615, de 24 de março
de 1998, as ligas em que se organizarem e as
respectivas entidades de administração de desporto
profissional.
ARTIGO 4º
- Art. 4º Para que as entidades desportivas
profissionais de futebol mantenham-se no
PROFUT, serão exigidas as seguintes
condições:
[...]
X - manutenção de investimento mínimo na
formação de atletas e no futebol feminino.
Pensando em caminhos para a
emancipação do futebol de mulheres...
Liga independente
Mulheres ocupando cargos de gestão
Políticas públicas afirmativas
Mulheres no Bom Senso FC
Ampliação do espectro de competições de
mulheres e mistas
Visibilidade para outros futebóis e iniciativas
como o fútbol callejero
Educação Física escolar genuinamente engajada
em política de equidade de gênero
Vamos conversar...
Alternativas didáticas para
abordagem das questões de
gênero
1. Atividades de sensibilização
2. Atividades de intervenção
1. Atividades de sensibilização para as temáticas:
Filmes
É, já existe uma certa igualdade, já conseguimos ver os dois vôleis, se fala sim
em vôlei masculino. No futebol não tem adjetivo no masculino, ele é futebol e
ponto. Ao passo que o praticado por mulheres aparece com o adjetivo
feminino. Mas, olha, a história oficial desse futebol “feminino”– escrevi um artigo
sobre isso – é muito recente, começa em 1979. Até 1979 existia uma proibição;
as mulheres não podiam praticar futebol. O que não significa que não jogassem.
[...] Existiu, até pouco tempo atrás, todo um raciocínio de que as mulheres não
eram apropriadas para uma carreira como engenharia, porque elas teriam que
ir lidar com trabalhadores manuais; mulheres não poderiam dirigir caminhões,
hoje existem muitas. “Ah não, mas teria que ser uma coisa especial”. Então, não
é só o futebol, existem vários outros segmentos profissionais estes mitos de
diferença e o sexismo continua forte, mesmo na academia – basta entrar em
um sala de aula da Engenharia. Agora, o futebol é especial, ninguém se identifica
como brasileiro através da engenharia, ou através da oficina mecânica; mas o
futebol é expressa uma identidade nacional.
E não estou dizendo que os homens sejam os culpados – são
vítimas também. Ser homem no Brasil é entender de futebol. É
difícil se considerar alguém plenamente homem se não tiver
uma certa compreensão, mesmo que não pratique. Ora, nem
todo homem se interessa por futebol, e com isto fica
socialmente deslocado, pois a masculinidade hegemônica
prescreve esta inclusão. No caso das mulheres, não são alguns
casos, são todas, e vejo uma dupla exclusão – da prática e do
pertencimento nacional que a acompanha – , que é mais grave.
Agora, há colegas que ainda pensam que o futebol tem que ser
especial para mulheres, que é preciso mantê-las separadas, pois
competindo junto com os homens elas não vão ter chance.
Olha, „elas não vão ter chance‟ era o raciocínio também do
pessoal que achava que mulheres não deviam ingressar na
engenharia, pois mesmo que passassem no vestibular elas „não
teriam chance‟; não poderiam ser mecânicas, afinal, como é que
elas vão concorrer com caras que são mais fortes, que vão
ficar sujos de óleo, não é coisa para mulher! Esse raciocínio
existe em outras profissões e foi aos poucos sendo colocado
por terra. Ele agora está no futebol. Acho que o esporte é uma
das últimas fronteiras a serem conquistadas, e tem a ver com o
corpo, então por isso é muito importante.
Então, acho que isso aí está mudando. Agora,
acho que o futebol (e o esporte em geral) é
essa última fronteira a ser vencida. A ideia é
essa, de no futuro ter como utopia a não-
fronteira de sexo em qualquer esporte, que
seja praticado por homens e por mulheres, os
melhores vão praticar e ganhar. É claro que
existem homens altos e baixos, fortes, e fracos,
mulheres altas e baixas, fortes e fracas. É
provável e possível, e ninguém discorda que
homens, em média, são mais fortes e mais altos,
mas isso é a média! E isso pode ser menos
significativo do que se imagina. Estamos vendo
estatísticas; o Barcelona é a equipe mais baixa
da Europa entre todos os 500 clubes que
atuam nas primeiras divisões. Então, há outras
questões que podem estar em jogo…
Devemos preconizar uma igualdade na formação, e
que joguem os melhores, sejam homens ou
mulheres, pouco importa. A gente sabe que a
supremacia física não é a determinante em todas as
posições. O Neymar está aí para mostrar isso.
Tantos jogadores, como o Zico e o Messi, mostram
que nem todo mundo precisa ter um corpão de
zagueiro. E talvez até existam mulheres muito fortes
que possam ser zagueiros. Acho que não é pela
questão física. Esses discursos se constroem
utilizando a questão física como um álibi, mas as
razões, sabemos, são outras. Como foram outras na
segregação racial.Vamos ver, o tempo dirá. Mas vai
precisar de tempo.
Fútbol Callejero (Futebol de Rua)
Mediação de conflitos
Construção de cidadania
Temas:
Valores humanos violência,
discriminação,
Garantia de direitos exclusão social
humanos
Promoção da
inclusão social
Reconhecimento
das diversidades
https://www.youtube.com/watch?v=uNohaYt9qQM
Obrigado pela atenção!
osmar@ufscar.br