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Geometria

e medidas

O experimento

Experimento
Cortar Cubos
Objetivos
Apresentar a Relação de Euler aos alunos.

licença  Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons

Secretaria de Ministério da Ministério Governo Federal


Educação a Distância Ciência e Tecnologia da Educação
O experimento
Cortar Cubos Sinopse
Neste experimento, cada aluno terá, inicialmente, um cubo de espuma
floral, que obedece a Relação de Euler V − A + F = 2, onde V− éA
V−
A ++F =
F=22 V −A+
o número de vértices,
V −A+ o número
F = 2 deVarestas
V−−AA++e é2o2número
F F== V −de
A faces
+ F = 2
do sólido. O objetivo será fazer cortes planos nesse poliedro na tentativa
de violar a relação mencionada no sólido resultante, ou seja, fazer
V −A+F = 2 V − A + F = 2. Deste modo, seus alunos estarão verificando a relação
a cada corte feito, de modo que ela se fixe cada vez mais.

Conteúdos
Geometria Espacial, Relação de Euler.

Objetivos
1. Apresentar a Relação de Euler aos alunos.

Duração
Uma aula simples.
Introdução
Como já dito na Sinopse, neste Experimento
seus alunos tentarão fazer a Relação de
Euler falhar. Para isso, eles farão cortes
livres em um sólido que obedece a relação
mencionada e, a cada corte feito, observarão
se obtiveram sucesso. Será constatado que
a relação nunca falha se os cortes feitos
forem como planos intersectando o sólido.
Isso acontece porque o sólido continuará
sendo convexo, situação na qual a Relação
de Euler é válida.
Uma das demonstrações dessa relação
foi feita pelo matemático francês Augustin
Louis Cauchy. Ela pode ser encontrada no
livro “Meu Professor de Matemática e Outras
Histórias”, de Elon Lages Lima, que faz uma
análise da demonstração e algumas críticas.

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O Experimento Comentários iniciais

Material necessário
Para poder realizar este experimento corre­
tamente, seus alunos terão que saber quais
são as definições de polígono e de poliedro,
„„ Cubos de espuma floral (pode ser de sabão fornecidas logo abaixo:
se este não for muito duro);
„„ Estilete (linha de pesca).
 Definição de polígono
Dada uma sequência de n pontos A1 coplanares
A2 A3 An n3 An−1 A
distintos
nnn n n11A1 (A
AA1A A2A
1, A ,A
22 2 32AA , …,
A A
A
33 3 n3 A),
A com
nn n nn
An
n
n
33
3, n
3 
A
A A
3 A
n−1
n−1
n−1 A AA
n−1n−1A A AAA
nnn n 1n A A
A A
11 1 21 A A
A A
22 2 12AA
AA
11 221
não havendo três pontos consecutivos
colineares (considerando-se consecutivos
nn A
n 1A1 AA An A
nA A
A AAA A
A An
A n 
A
nA
3
A n
3
1 2 2 2 3 13 1 3 n 2n 2 n 3 13 A
A3AA
A
nn−1
2n A
n−1 n3A3,
nn−1
A eAnA
nA3nA
A nA
n−1, n−1
1A 1n
AA
assimA
12como
A
3n2AA
nA A,112A
A1A
2 A
n−1 AA eA
121 AA
A
2 )n
A
22AA
223A
AA32A
1A
A1A
3 A
A2n−1
12n−1AA
A AA
2n An23A
n−1
2 AAn A
AA
31n 1A
A1n−1
2nn−1nAn
1A
2 An3 An
chama-se polígono a reunião dos segmentos

n n n
A1 A1AA
1 2 A2AA
2 3 A3AA n n3n3 A
3 nAnAn 3 n−1
An−1
An−1
AnAnAn
A1 A1AA
1 2 A2AA
2 1 A1
2A 2 ,2 A2
A12AA 3A , …,
A23A A An−1
3 n−1AAn−1
nAnA,n
AnA , n1A1
An1A
A

desde que não haja intersecção entre seg­­


mentos não consecutivos.

 Definição de polígono convexo


Um polígono é convexo se, e somente se,
fig. 1
qualquer segmento de reta que liga dois
de seus pontos está inteiramente dentro
da região por ele delimitada.

Pelas definições acima, são polígonos


as seguintes figuras:

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A1  Definição de poliedro convexo
Um poliedro é convexo se qualquer reta não
A2
paralela a nenhuma de suas faces o corta em,
A4
no máximo, dois pontos.

A3
Pela definição dada, é poliedro o seguinte
objeto:
fig. 2  Exemplo de polígono convexo.

face
A1

A5 A2

A3
aresta
A4
vértice
fig. 4
fig. 3  Exemplo de polígono não convexo.

E não são poliedros os seguintes sólidos:


 Definição de poliedro
Um poliedro é a reunião de um número finito
de polígonos, chamados de faces. É exigido
que cada lado de um desses polígonos
seja também lado de um, e apenas um,
outro polígono e ainda que a intersecção
de duas faces distintas do sólido seja uma
aresta comum, um vértice ou vazia. Os lados
desses polígonos são chamados de arestas
do poliedro e os seus vértices, de vértices fig. 5  Não é poliedro, pois as faces superior
e inferior não são polígonos.
do poliedro.

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Preparação
G

F
Antes de iniciar o experimento, é necessário
entregar a cada aluno os materiais acima
listados. Sugerimos que este experimento
seja feito individualmente.
fig. 6  Não é poliedro, pois a interseção da face
F (quadrado) com a face G (retângulo) não é
uma aresta de F.

etapa
Corte dos cubos I
1
Eles precisarão saber também o que
é a Relação de Euler e esta é uma boa
oportunidade de apresentá-la a eles.
De maneira mais restrita, essa relação nos
diz que:
Nesta etapa, seus alunos farão cortes em
um cubo de espuma floral, usando o esti­
 Teorema
lete, de modo que o poliedro resultante
Em todo poliedro convexo, temos continue sendo convexo. Para que se
consiga isso, eles deverão fazer cortes que
V − A + F = 2, V − A + F = 2 sejam como planos intersectando o sólido.
Um exemplo desse tipo de corte encontra-se
sendo V −o número
A + F =de
2 vértices,
VV−−AA++ oFnúmero
F==22 V − A + F = 2 nas figuras 7 e 8 a seguir:
de arestas
V −A+ eF=
o número
2 V de
−A faces
+ F do
= 2poliedro.

Na verdade, poderemos ver durante


a realização deste experimento que
um sólido não precisa necessariamente
ser convexo para obedecer a essa relação.
Existem alguns sólidos não convexos
que a obedecem, e tentaremos fazer
um tratamento desses casos também.

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Sólido V Faces
− A +(F)= 2 Arestas
V −VA−(+
AF)+=F2=
Vértices
2 V(V−)−AA+
V+F−F=A
=2+ =+
2 F = 2V − AV+−F A 2 F = 2

0 6 12 8 2

fig. 7 …

tabela 1  Tabela para o registro de dados dos poliedros formados.

Pela relação mencionada, o valor de ¬¬ Nesta tabela, cada linha


V −A+F = 2 V − A + F = 2 diz respeito a um poliedro
convexo diferente.
será
V −A sempre
+ F = 2, já que
V −oApoliedro
+ F = 2resultante
de cada corte será sempre convexo. Portanto,
seus alunos não obterão sucesso na violação
da relação mas, por outro lado, ficarão mais
fig. 8
convencidos de sua validade para poliedros
convexos.
Dê a eles algum tempo para ficar tentando
violar a Relação de Euler. Peça para que,
a cada corte feito, preencham uma linha
de uma tabela como a seguinte:

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Sólido V Faces
− A +(F)= 2 Arestas
V −VA−(+
AF)+=F2=
Vértices
2 V(V−)−AA+
V+F−F=A
=2+ =+
2 F = 2V − AV+−F A 2 F = 2
etapa
Corte dos cubos II
2
0 6 12 8 2

Agora, usando outro cubo, seus alunos 3

deverão fazer cortes de modo a torná-lo …


um poliedro não convexo. Mas, atenção:
lembre-se de que, dependendo do corte tabela 2  Tabela para o registro de dados dos poliedros formados.
feito, o sólido deixa de ser um poliedro.

Nesta etapa, o valor de !!


e algum dos alunos
S
V −A+F = 2 V − A + F = 2 conseguir construir
um poliedro tal que
continuará
V − Asendo
+ F = 2 paraVa−
maioria 2 − A + F = 2 V − A + F = 2, peça para
dos
A + F = V
casos (veja figura 9), mas não para todos. ele não contar ao resto
da classe como o fez,
Alguns exemplos de poliedros não convexos
até todos tentarem fazer
que deixam a relação ser V
diferente
− A + Fde=2 F = 2
V − A +o mesmo.
encontram-se logo abaixo. Perceba que
eles são muito mais elaborados e, portanto,
fig. 9  Poliedro não convexo que respeita mais difíceis de ser obtidos pelos alunos.
a Relação de Euler.

Nesta Etapa, peça novamente para seus !! ntes de preencher


A
alunos preencherem uma tabela como uma linha da tabela, diga
a tabela 2 a seguir. aos alunos para verificar
se o sólido é realmente
um poliedro.

fig. 10  Neste poliedro temos


V – A + F = 16 – 32 + 16 = 0

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Dê a eles algum tempo para pensar.
Se algum aluno tiver conseguido pensar
em algum poliedro para o qual a relação
não vale, peça para que ele compartilhe sua
descoberta com os colegas.
Depois, inicie uma discussão, tentando
fazê-los pensar em algum poliedro que
contenha um furo. Lembre-os de que o fato
de apenas fazer um furo no cubo faz o sólido
fig. 10  Neste poliedro temos deixar de ser poliedro, pois a face que
V – A + F = 28 – 60 + 30 = –2.
contém o furo não é mais um polígono, como
deveria ser pela definição (veja a figura 6).
É interessante que se faça essa discussão Desse modo, o furo poderia ser feito como
sobre em quais casos a Relação de Euler na figura 10. Mostre-a e verifique o que
pode ser usada ou não. Portanto, sugerimos acontece com a relação junto a eles.
que isso seja feito no Fechamento. Vimos que a relação de Euler é sempre
válida para poliedros convexos, mas nem
sempre para os não convexos. Por isso,
no Ensino Médio, costuma-se dizer apenas

Fechamento que a relação é válida para poliedros


convexos, como enunciado no Teorema que
fizemos em Comentários Iniciais. Porém,
como também há poliedros não convexos
Inicie o Fechamento com a seguinte questão que satisfazem a relação, podemos ver que
aos alunos: o teorema poderia ser mais geral, sem a forte
restrição de que é necessário que o poliedro
seja convexo. Contudo, as restrições (mais
 Questão para os alunos
fracas) que tornam o teorema mais geral
Vocês acham que a Relação de Euler vale não são acessíveis ao nível médio e por isso
para todos os poliedros convexos? E para não são estudadas (veja mais no livro “Meu
os poliedros não convexos? Existe algum Professor de Matemática e Outras Histórias”
poliedro que não obedeça à relação? Se sim, de Elon Lages Lima).
tente imaginá-lo ou construí-lo.

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Ficha técnica
Autor Projeto gráfico Universidade Estadual Matemática Multimídia
Cristiano Torezzan e ilustrações técnicas de Campinas Coordenador Geral
Preface Design Reitor Samuel Rocha de Oliveira
Coordenação de redação Fernando Ferreira da Costa Coordenador de Experimentos
Rita Santos Guimarães Ilustrador Vice-Reitor e Pró-Reitor Leonardo Barichello
Lucas Ogasawara de Oliveira de Pós-Graduação
Redação Edgar Salvadori De Decca Instituto de Matemática,
Felipe Mascagna Bittencourt Lima Fotógrafo Estatística e Computação
Augusto Fidalgo Yamamoto Científica (imecc – unicamp)
Revisores Diretor
Matemática Jayme Vaz Jr.
Antônio Carlos do Patrocínio Vice-Diretor
Língua Portuguesa Edmundo Capelas de Oliveira
Carolina Bonturi
Pedagogia
Ângela Soligo

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