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Universidade Federal da Paraíba

Discente: Lilian Danila Guimarães dos Santos


Docente: Maura Penna
Disciplina: Oficina de Música I

O QUE É MUSICA?

Quando comecei a fazer o curso de licenciatura em música no IFPE – campus Belo Jardim, os
professores de metodologia do ensino da música e didática (principalmente da cadeira de
metodologia do ensino da música) sempre debatiam sobre o que é música. Estávamos na época
de debater sobre a metodologia de ensino de Murray Schaffer, especificamente no que diz
respeito ao livro ‘O Ouvido Pensante’, onde o mesmo faz relatos e descreve suas aulas de
música. Em umas de nossas aulas sobre paisagem sonora, a professora nos questionou se tudo
ao nosso redor era música, alguns disseram que sim, outros disseram que não e ela pediu
algumas definições.
Para exemplificar, ela começou a bater e mexer nos objetos que tinham ao nosso redor.
Primeiro, deu varias batidas na mesa e perguntou se aquilo era música, todos responderam que
não, depois bateu novamente, mas com batidas organizadas, com um ritmo definido, daí
perguntou novamente se aquilo era música, todos responderam que sim. Ao final do
questionamento, a turma chegou à conclusão de que você para fazer música você precisa apenas
da intenção de fazê-la independente de material (instrumentos, objetos alternativos).
Música, segundo Med (1996, p. 9) e Penna (2015, p. 19), é a arte de combinar sons. No livro
Música(s) e seu Ensino de Maura Penna, a discussão sobre o que é música começa quando a
mesma é enquadrada no quesito ‘artes’, Bohumil Med também em seu livro ‘Teoria da Música’
trata dessa questão, ele fala que a Arte é a revelação do belo e está dividida em: artes visuais ou
plásticas, artes sonoras e artes combinadas (MED. 1996, p. 9; PENNA. 2015, p. 20) diz que a
música é uma forma de arte que tem material básico o som.
Ainda hoje é possível ouvir questionamentos sobre o que caracteriza a arte, mais
especificamente – partindo da discussão – o que caracteriza a música. Sabemos que a música é
um fenômeno universal, feita de maneiras diferentes em culturas distintas e é sabido também
que em culturas diferentes o fazer musical também o é, como por exemplo a música ocidental
e a música oriental. Para alguém acostumado a escutar somente música ocidental, com um
sistema tonal fechado durante muitos anos, pode estranhar uma música indiana, uma música do
século XX – música serial, atonal, dodecafônica – ou as canções de uma tribo qualquer que
utilize um canto diferente e materiais diferentes, chegando ao questionamento se isso é música
ou não, pois causa estranheza.
Em seu texto “Dó, Ré, Mi, Fá e muito mais: discutindo o que é música”, Penna discute sobre
uma definição de arte e música sendo estes uma atividade exclusivamente humana, onde esta
atividade de baseia nem um material básico, o som, que ao longo do tempo foi sendo
desenvolvido e incorporado, pelas correntes de vanguarda – a música concreta, eletrônica,
aleatória – outros materiais como: o ruído, fontes sonoras alternativas, aparelhos eletrônicos,
objetos do cotidiano, incluir novas maneiras de utilizar instrumentos musicais tradicionais, por
exemplo, manusear diretamente as cordas do piano ou percutir a caixa de madeira do violino
(PENNA, 2015, p. 25).
Essas novas correntes de composição musical são muito conceituais, sendo necessário formular
um tipo novo de noção musical bem diferente da usual da música ocidental – um a partitura,
que é um pentagrama de 5 linhas e 4 espaços onde se escrevem as alturas definidas das notas
(até esta notação evoluiu ao longo do tempo) – que já não é mais suficiente para descrever os
materiais e modelos usados na obra.
Essas novas correntes também fazem uso de matérias do cotidiano como material para a
composição musical, como por exemplo a obra 4’33” de John Cage, que é uma obra para piano,
executada em três movimentos, onde o pianista apenas abre o tampo do piano e fica em silêncio,
o objeto da composição é ouvir a paisagem sonora do ambiente, ou seja, a plateia que compõe
a música.
Para finalizar, Maura Penna termina discutindo sobre como esses novos recursos e materiais
sonoros podem ser usados na prática pedagógica, já que a função do ensino da música é ampliar
o universo musical do aluno, dando-lhes acesso à maior diversidade possível de manifestações
musicais, e também é uma maneira criativa de incluir o uso de materiais alternativos utilizando
os recursos disponíveis do ambiente escolar, sem necessariamente ter instrumentos musicais
convencionais em sala.
Nos referencias de áudio percebemos que os autores escrevem uma bula de como a música deve
ser executada e nos mostra como é possível utilizar materiais diferentes e/ou até instrumentos
convencionais, no caso da peça “Sendas” de Fernando Kozu, de maneiras diferentes,
explorando o universo sonoro do instrumento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MED, B. Teoria da música. 4 ed. Brasília: Musimed, 1996. 420 p.


PENNA, M. Música(s) e seu ensino. 2 ed. – Porto Alegre: sulina, 2015. 247 p.

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