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André Bulcão
Aprovada por:
ii
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)
André Bulcão
Outubro / 2004
iii
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)
André Bulcão
October / 2004
The contents of this thesis present the Seismic Modeling and Migration, in which
mathematical models are ruled by both the scalar and elastic wave equations. The
most important contributions of this research are related to the specific procedures
developed for the latter cited mathematical model, where the wave field is represented
by a vector function.
The main focus of this work is concentrated on the time reverse migration
schemes, aiming at depth and subsurface structure image determination with high
resolution. In such schemes, two distinct image condition types are explored. The first,
named excitation time image condition, proposes some innovations in the transit time
matrix determination and in procedures that make possible the multiple reflections
energy use to obtain the imaging. In the second, called crossed correlation image
condition, expressions are formulated to correlate the ascendent and descendent wave
field, besides other artifices that are created to determine images in depths.
Most of the computer programs elaborated in this work use parallel processing
resources and are run in microcomputer clusters, in order to reach the necessary
computational power to operate the several two and three-dimensional simulations
concerned to petroleum industry, involving both real and synthetic seismic data.
iv
Índice
1- Introdução 1
2- Modelagem Sísmica 11
3- Migração Sísmica 38
v
4- Aplicações 92
5 - Conclusões 201
vi
Anexo I 267
Anexo I.3 – Modelo Domo Salino (SEG/EAGE): Seções A-A’ & B-B’ 282
vii
1- Introdução
2
Os principais objetivos pretendidos com a realização de uma Modelagem Sísmica,
para uma determinada situação geológica de interesse, além da verificação da
resposta sísmica, podem ser descritos como em BERKHOUT (1984):
o A avaliação das possibilidades, limitações e armadilhas dos métodos sísmicos;
o A otimização dos parâmetros de aquisição;
o O fornecimento de dados sísmicos de entrada para a avaliação de programas
de processamentos sísmicos, tal como os esquemas de Migração Sís mica.
Por sua vez, a Migração Reversa no Tempo (Reverse Time Migration) é
um dos diversos esquemas de Migração Sísmica no qual, baseado no modelo
matemático adotado para representar a propagação das ondas sísmicas, pretende-se
desfazer os efeitos da propagação de ondas para produzir uma imagem dos refletores
corretamente posicionados em sub-superfície. Filosoficamente, tal esquema
corresponde à operação inversa da Modelagem Sísmica (GRAY, et al., 2001).
Nos esquemas de Migração Reversa no Tempo, assim como em outros
esquemas de Migração Sísmica, aplica-se um conjunto de procedimentos pelos quais
os campos de ondas registrados (na superfície ou não), contendo informações sobre
as camadas e interfaces do modelo geológico, são transformados através de
metodologias adequadas em imagens corretamente posicionadas dos refletores em
sub-superfície. Durante este processo de migração, além do correto posicionamento
dos refletores, tem-se o colapso das difrações que foram registradas nos
sismogramas.
A determinação de tais imagens, contendo informações do correto
posicionamento dos refletores em sub-superfície, pode ser empregada com o intuito
de verificar as hipóteses acerca da construção de determinado modelo geológico,
assim como para facilitar a interpretabilidade dos dados sísmicos, sendo estes uns dos
principais objetivos da Migração Sísmica (BERKHOUT, 1984).
3
Para a obtenção das soluções aproximadas referentes às equações
diferenciais relacionadas aos fenômenos físicos da propagação de ondas sísmicas,
nesta tese, emprega-se o Método das Diferenças Finitas (MDF) e, com o intuito de
alcançar o poder computacional necessário – principalmente – para simular os casos
tridimensionais (3D), adotam-se alguns recursos do Processamento em Paralelo, com
especial ênfase para sua execução em clusters de microcomputadores (vide Apêndice
A).
São abordados, principalmente, o desenvolvimento e a aplicação de
alguns esquemas de Migração Reversa no Tempo nos quais adota-se a Equação
Elástica da Onda para representar os fenômenos físicos associados à propagação de
ondas sísmicas. Empregando-se tal modelo matemático, contempla-se a propagação
e a interação entre os diferentes tipos de ondas sísmicas, tais como as ondas
compressionais (P-waves) e as ondas cisalhantes (S-waves), sendo que neste caso o
campo de ondas é representado por grandezas vetoriais (expressas por sua direção,
sentido e amplitude).
Nesta tese, advoga-se que, com a adoção de modelos matemáticos
mais refinados que contemplem a conversão e a interação entre os diferentes modos
de ondas (compressionais e cisalhantes), é possível se desenvolver determinadas
condições de imagem, que são empregadas pelos esquemas de Migração Reversa no
Tempo, de tal forma a propiciar o imageamento de estruturas complexas em sub-
superfície, com uma melhor resolução sísmica do que as imagens que seriam obtidas
adotando-se a Equação Escalar da Onda, que considera somente a propagação de
ondas compressionais (P-waves).
Destaca-se que, atualmente na maioria das aplicaç ões realizadas pela
indústria petrolífera, nos esquemas de Migração Reversa no Tempo, as conversões e
as interações entre os diferentes modos de ondas são tratadas como ruídos, pois os
modelos matemáticos empregados contemplam apenas a propagação de ondas
compressionais (ou seja, são regidos por equações diferenciais semelhantes à
Equação Escalar da Onda).
Um dos objetivos pretendidos com a realização deste trabalho é o de
buscar artifícios, seja através do desenvolvimento de novas estratégias a serem
aplicadas aos esquemas de Migração Reversa no Tempo ou através da consideração
de modelos matemáticos mais refinados, para considerar toda e qualquer informação
relevante que por ventura possa contribuir para a determinação de imagens em
profundidade com melhor relação sinal/ruído e resolução sísmica.
A seguir, inspirada em conversas com o Dr. Djalma Manoel Soares
Filho (CENPES/PETROBRAS), apresenta-se um verso de uma canção popular da
4
música brasileira, como uma forma poética de expor tal objetivo relacionado -
especificamente - aos esquemas de Migração Reversa no Tempo, principal foco deste
trabalho.
1
Nos Bailes da Vida; composição: Milton Nascimento e Fernando Brant
5
simulações apresentadas ao longo deste trabalho para evitar a dispersão e a
instabilidade da solução numérica, determinada através do Método das Diferenças
Finitas. Também são feitas algumas considerações a respeito da fonte sísmica,
utilizada para gerar as frentes de ondas que irão se propagar através de determinado
modelo geológico de interesse, durante a simulação numérica.
Destaca-se que o esquema empregado na simulação numérica dos
problemas relacionados à Equação Elástica da Onda, originalmente proposto por
VIRIEUX (1984 e 1986), possibilita o acoplamento entre meios acústicos e elásticos .
Deste modo, é possível simular a propagação de ondas de forma mais fidedigna em
modelos geológicos marítimos ou off-shore, onde se tem uma lâmina d’água antes de
atingir-se as camadas de rocha em sub-superfície.
Os denominados modelos geológicos off-shore são de extrema
importância para a indústria petrolífera brasileira, pois, além do fato da PETROBRAS
ser uma das empresas de liderança na prospecção de petróleo em águas profundas e
ultraprofundas (respectivamente, até e acima de aproximadamente 3000 metros de
lâmina d’água), espera-se que, em tais regiões estejam localizados os reservatórios
que irão suprir a demanda de óleo e gás do país , nas próximas décadas.
No capítulo 3, inicialmente, apresenta-se uma visão geral do conjunto
de procedimentos pelos quais os campos de ondas registrados, possuindo
informações sobre as diversas camadas e interfaces de determinado modelo
geológico, são transformados em imagens contendo os refletores corretamente
posicionados em sub-superfície. Na Geofísica, tal conjunto de procedimentos é
denominado Migração Sísmica (Seismic Migration).
Em seguida, apresentam-se diferentes esquemas de Migração Sísmica
denominados genericamente de Migração Reversa no Tempo (RTM, Reverse Time
Migration), sendo este o foco principal deste trabalho. Empregando determinado
modelo matemático para descrever o fenômeno da propagação de ondas sísmicas,
tais esquemas consistem – basicamente – de duas etapas:
o A depropagação do campo de ondas registradas, ou seja, a propagação no
sentido inverso do eixo temporal;
o A aplicação da denominada condição de imagem, durante a etapa de
depropagação, para a formação de imagens em profundidade (contendo
diretamente o posicionamento dos refletores ao longo da profundidade do
modelo geológico).
Neste mesmo capítulo, na seção correspondente ao esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a Condição de Imagem de Tempo de
Excitação (Excitation-time Imaging Condition), apresenta-se uma das primeiras
6
inovações propostas pelo autor neste trabalho. Trata-se de um novo critério
empregado para determinar as matrizes de tempo de trânsito, que são utilizadas na
condição de imagem, denominado de critério da amplitude máxima nas proximidades
da primeira quebra.
Com o emprego deste novo critério proposto nesta tese, as matrizes de
tempo de trânsito apresentam um comportamento mais suave (contínuo), registrando-
se o tempo de trânsito nas proximidades da primeira quebra (first break , em Geofísica
designação dos primeiros eventos registrados que são provenientes da fonte sísmica).
Advoga-se que tal característica proporcionará a formação de imagens em
profundidade nas quais os refletores apresentem uma melhor continuidade ao longo
da seção migrada.
Ainda com relação a este esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a Condição de Imagem de Tempo de Excitação, outra inovação proposta
pelo autor diz respeito à determinação de matrizes de tempo de trânsito associadas à
energia das denominadas ondas múltiplas (DUARTE, 1997). Tal inovação,
apresentada nesta tese para o caso particular de levantamentos sísmicos com cabo
de fundo oceânico (Ocean Botton Cable), pode ser generalizada para outros tipos de
levantamentos sísmicos.
Ainda no capítulo 3, também são abordados aspectos relacionados a
outro esquema de Migração Reversa no Tempo, onde se emprega a Condição de
Imagem com Correlação Cruzada (Crosscorrelation Imaging Condition). Neste caso, a
imagem em profundidade é formada a partir da correlação cruzada entre o campo de
ondas ascendente (oriundo da depropagação do campo de ondas registrado no
sismograma, prescrevendo-se os valores registrados nos respectivos receptores) e o
campo de ondas descendentes (oriundo da propagação do campo de ondas a partir da
fonte sísmica).
Para este esquema de migração são apresentadas algumas
considerações acerca de sua implementação computacional. De acordo com o
procedimento selecionado para ser implantado nos programas desenvolvidos pelo
autor desta tese, adota-se a filosofia do trabalho apresentado por FARIA (1986), nos
quais adicionam-se alguns recursos do processamento em paralelo. Outras
considerações são apresentadas, de acordo com CUNHA (1992), a respeito da
dissipação de energia dos campos de ondas que – porventura – venham a atingir as
bordas do modelo de velocidades, ocasionada pelas condições de contorno não
reflexivas e/ou camadas ou zonas de amortecimento.
No tocante às expressões matemáticas utilizadas para correlacionar os
campos de ondas ascendentes e descendentes, além de algumas relatadas na
7
literatura especializada, são propostas outras expressões - contribuições inovadoras
do autor desta tese - que levam em conta a polaridade (fase) entre os já referidos
campos . Assim como também são avaliadas e desenvolvidas nesta tese expressões
nas quais adicionam-se fatores proporcionais à amplitude dos campos de ondas com o
intuito de evitar a divisão por valores nulos.
Empregando-se a Condição de Imagem em que se utiliza a correlação
cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes, pode-se ainda
adicionar um recurso – desenvolvido e originalmente proposto pelo autor nesta tese -
no qual são determinadas as direções de propagação dos campos de ondas,
aplicando-se – posteriormente – as expressões de correlação às parcelas dos campos
de ondas que realmente são capazes de contribuir para o imageamento sísmico.
Nas seções 3.2 e 3.3 os procedimentos descritos nos tópicos anteriores
deste capítulo, para os diferentes esquemas de Migração Reversa no Tempo terão
sua aplicação particularizada no caso da adoção dos principais modelos matemáticos
– atualmente – empregados na Geofísica, regidos pela Equação Escalar da Onda e
pela Equação Elástica da Onda. Provavelmente uma das maiores contribuições do
presente trabalho esteja na particularização destes diversos procedimentos no caso do
uso da Equação Elástica da Onda, onde o campo de ondas é representado por
grandezas vetoriais.
Ainda na seção 3.3 serão expostas algumas características especificas
referentes à aplicação dos esquemas de Migração Reversa no Tempo, apresentados
na seção 3.1, utilizando operadores elásticos. São enfocados aspectos relacionados
ao seu emprego em dados provenientes de levantamentos sísmicos
multicomponentes, assim como em levantamentos onde somente é registrada uma
única componente (como no caso de modelos marítimos onde comumente são
registrados os valores relativos à pressão hidrostática).
Sendo que, no caso da aplicação de esquemas de Migração Reversa
no Tempo empregando operadores elásticos em dados sísmicos nos quais são
registrados somente os valores da pressão acústica, uma alternativa proposta nesta
tese consiste na prescrição dos dados sísmicos diretamente nas componentes do
tensor de tensões como uma espécie de tensão hidrostática. Destaca-se que, com o
emprego da metodologia proposta originalmente por VIRIEUX (1984 e 1986), na
discretização da Equação Elástica da Onda, tem-se definida explicitamente as
componentes do tensor de tensões.
No item 3.3.1 serão apresentadas as grandezas elásticas que estarão
associadas às imagens em profundidade obtidas a partir da aplicação dos diferentes
esquemas de Migração Reversa no Tempo (vide seção 3.1). Dentre elas, destaca-se
8
a proposição inovadora nesta tese de algumas delas que não são comumente
utilizadas para a formação de imagens, como por exemplo: as componentes do tensor
de tensões, a tensão normal máxima (σ 1 ), a tensão cisalhante máxima (τ max ) e a
energia cinética.
Outro ponto abordado neste capítulo, referente à aplicação dos
esquemas de Migração Sísmica quando da utilização de operadores elásticos, é a
questão da inversão de polaridade (fase) em relação ao ponto de aplicação da fonte
sísmica de algumas das grandezas que podem ser empregadas para a formação das
imagens em profundidade. Ao longo do item 3.3.3 serão abordadas algumas
alternativas existentes para a análise e o tratamento destes resultados, dentre elas
uma desenvolvida pelo autor deste trabalho.
No capítulo 4 e no Anexo I, estão agrupadas as análises realizadas,
empregando os esquemas de Modelagem e Migração Sísmicas aqui abordados. No
caso específico da Migração Sísmica, em alguns dos exemplos são utilizados dados
sísmicos reais (provenientes de levantamentos sísmicos realizados in situ), mas, na
maioria das análises, os esquemas são aplicados em dados sísmicos sintéticos
(provenientes das Modelagens Sísmicas).
As conclusões, além de alguns comentários acerca deste trabalho, são
expostas no capítulo 5. Também são apresentadas algumas sugestões para a
realização de trabalhos futuros, dando continuidade à linha de pesquisa abordada ao
longo desta tese, envolvendo – principalmente – a Modelagem e a Migração Sísmica
(empregando alguns esquemas de Migração Reversa no Tempo).
Destaca-se que, as simulações numéricas bi- e tridimensionais
(respectivamente, 2D e 3D) que serão apresentadas foram realizadas empregando
diversos programas desenvolvidos pelo autor desta tese, os quais utilizando recursos
do processamento em paralelo, tendo sido executadas em diferentes gerações de
clusters de microcomputadores (Apêndice A.2). Merece destaque um dos programas
desenvolvidos pelo autor para gerenciar a execução de tais simulações nos clusters
de microcomputadores, denominado Master_SISMOS (vide Apêndice D), agilizando e
otimizando o emprego dos recursos computacionais disponíveis.
Ao final do texto desta tese, ainda são apresentados diversos apêndices
abordando temas e conceitos que estão – de alguma forma – relacionados ao trabalho
desenvolvido. A seguir tem-se uma breve descrição de tais apêndices:
o Apêndices A – apresentam-se, respectivamente, uma introdução a alguns
conceitos do processamento em paralelo (item A.1), comentários e as
configurações dos diversos clusters de microcomputadores empregados (item A.2);
9
o Apêndice B – Correlação de sinais discretos no tempo;
o Apêndice C – expõe os procedimentos para a determinação da direção de
propagação para campos de ondas escalares, modelos matemáticos expressos
pela Equação Acústica da Onda (item C.1), e vetoriais, modelos matemáticos
expressos pela Equação Elástica da Onda (item C.2). No caso do campo de
ondas vetoriais, para tal fim o autor desta tese desenvolve um procedimento
inovador baseado na Equação de Fluxo de Energia (AKI e RICHARDS, 1980),
comum às aplicações voltadas à área de Eletromagnetismo;
o Apêndice D - descrição de alguns dos principais programas desenvolvidos
especialmente pelo autor deste trabalho;
o Apêndice E – compressão de dados;
o Apêndice F - Introdução ao Método das Diferenças Finitas.
10
2- Modelagem Sísmica
11
modelagem, existem, basicamente, duas grandes vertentes distintas a serem
seguidas, após a imposição de algumas hipóteses e/ou simplificações para a
determinação do modelo físico do problema (LOEFFLER, 1998). São elas:
o Abordagem experimental que requer a criação, confecção e instrumentação de
modelos geológicos para cada caso analisado, que devido ao seu alto custo
deve ser empregada de forma complementar ou em situações especiais; e,
o Abordagem matemática que emprega modelos apresentando-se, normalmente,
através de equações diferenciais parciais, seguidas das respectivas condições
de contorno e condições iniciais para que o problema esteja matematicamente
bem posto.
Existem diferentes modelos matemáticos que podem ser empregados a
fim de simular o fenômeno físico da propagação de ondas sísmicas em meios
complexos, dependendo das hipóteses e simplificações adotadas. Na grande maioria
dos casos, devido à complexidade do meio de propagação e às condições de contorno
as quais as equações diferenciais estão submetidas, não se consegue obter soluções
analíticas de tais casos, deste modo empregam-se soluções aproximadas através da
utilização de métodos numéricos.
Os métodos numéricos, em sua grande maioria se baseiam no conceito
de discretização que, devido ao seu emprego, introduz novas imperfeições ao modelo
matemático. Tal conceito de discretização baseia-se na transformação do modelo
matemático contínuo, geralmente representado por meio de equações diferenciais
parciais, através do emprego de uma série de aproximações matemáticas consistentes
em um modelo matemático discreto (formado por um conjunto de pontos de tal forma a
representar o meio contínuo).
As abordagens numéricas dos problemas de propagação de ondas,
principalmente quando aplicados à indústria petrolífera, têm se tornado cada vez mais
atraentes (em relação a abordagens experimentais); pois devido aos enormes avanços
tecnológicos, apresentados ao longo das últimas décadas, a aparição de novas
estratégias e o surgimento de novas arquiteturas de hardware possibilitaram o
refinamento dos modelos matemáticos empregados em tais simulações, obtendo-se
soluções cada vez mais fidedignas e a um tempo de execução cada vez menor para
os complexos problemas da indústria.
Ressalta-se que os métodos numéricos, de forma geral, encontram-se
em uma posição de destaque junto às diversas áreas de pesquisa, sendo objeto de
estudo de inúmeros pesquisadores que se concentram no aprimoramento e busca de
novos métodos e técnicas numéricos que satisfaçam as crescentes exigências da
12
Engenharia Moderna, principalmente no sentido do aumento da precisão e na redução
do tempo de execução.
Existem diversos métodos numéricos que podem ser empregados para
a resolução de equações diferenciais parciais, cada um deles possuindo inúmeras
vantagens e desvantagens. Pode-se citar alguns dos métodos numéricos que
apresentam, atualmente, maior aplicação junto aos problemas da Engenharia
(BULCÃO, 1999): Método das Diferenças Finitas (MDF), Método dos Elementos
Finitos (MEF), Método dos Volumes Finitos (MVF) e Método dos Elementos de
Contorno (MEC).
Neste trabalho não se pretende realizar uma comparação entre os
diversos métodos numéricos existentes. Devido a algumas particularidades e
características dos problemas de propagação de ondas aplicados à Geofísica, que
serão expostas posteriormente, tradicionalmente emprega-se o Método das Diferenças
Finitas na obtenção de soluções aproximadas para as equações diferenciais
envolvidas.
Deste modo, neste trabalho emprega-se o Método das Diferenças
Finitas para a obtenção das soluções aproximadas dos problemas envolvendo a
propagação de ondas sísmicas em meios complexos. Apesar de possuir vasta
bibliografia, no Apêndice F apresenta-se um texto introdutório sobre este método,
onde são expostas as aproximações envolvidas e uma série de expressões referentes
às aproximações para as derivadas parciais de primeira e segunda ordem.
Os problemas de propagação de ondas aplicados à Geofísica
apresentam certas características que os tornam ainda mais desafiadores, algumas
das quais são listadas a seguir:
o O grande número de graus de liberdade normalmente requerido nas análises
realizadas pela indústria petrolífera, podendo chegar facilmente a algumas
dezenas de bilhões de incógnitas nos casos tridimensionais (3D);
o A simulação de problemas contendo domínios infinitos ou semi-infinitos, que
requerem artifícios especiais, na maioria dos métodos numéricos que envolvem a
discretização de todo o domínio, para sua simulação, tais como: a utilização de
condições de contorno não reflexivas, o acoplamento entre diferentes métodos
numéricos e aplicação de operadores especiais, dentre outros.
Destaca-se que, na maioria dos métodos numéricos mesmo em
análises estáticas o truncamento puro e simples do domínio, em geral, pode levar a
soluções não satisfatórias e, em análises dinâmicas, como no caso da propagação de
ondas, leva a resultados muito pobres.
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Nos problemas de propagação de ondas, caso não se empregue
nenhuma técnica especial para se considerar domínios infinitos (ou semi-infinitos) as
bordas da discretização devem estar suficientemente distantes, de tal forma que, as
ondas refletidas nestas bordas artificiais não atinjam a região de interesse no intervalo
de tempo considerado. Ressalta-se que, este procedimento, além de não ser
adequado para análises no domínio da freqüência, tem um custo elevado em análises
bidimensionais (2D) no domínio do tempo e, na maioria dos casos, é proibitivo em
simulações tridimensionais (3D).
Existem diferentes alternativas propostas na literatura especializada
para dissipar ondas refletidas nas bordas do modelo a fim de simular problemas
contendo domínios infinitos ou semi-infinitos, cada uma delas contendo vantagens e
desvantagens. Após a apresentação dos tipos de modelos matemáticos que serão
abordados neste trabalho, serão expostas as condições de contorno e os diferentes
esquemas adotados para se lidar com esta questão das bordas do modelo.
Esquemas que se propõem a eliminar tais ondas refletidas nas bordas
artificiais do modelo recebem diferentes denominações na literatura especializada,
variando de acordo com o procedimento particular adotado. As principais
denominações consagradas são as seguintes:
o Elementos infinitos: denominação dada a determinados procedimentos os
quais estão mais voltados para sua aplicação junto ao Método dos Elementos
Finitos;
o Condições de contorno não-refletivas (Non-reflecting Boundary Condition),
absorsoras (Absorbing Boundary Conditions) ou silenciosos (Silent Boundary
Conditions): denominações dadas a diferentes tipos de condições de contorno
que devem ser prescritas nas bordas artificiais dos modelos para que a frente
de onda não seja refletida por esta interface. Podem ser empregadas em
diferentes métodos numéricos , como o Método das Diferenças Finitas e o
Método dos Elementos Finitos, dentre outros;
o Camadas ou zona de amortecimento (Damping Zone): neste esquema impõe-
se em determinada região que antecede as bordas artificiais do modelo um
amortecimento fictício que irá reduzir as amplitudes das grandezas envolvidas
na propagação da frente de onda.
Dependendo do meio de propagação, e do modelo matemático
empregado, pode-se ter a propagação de diferentes tipos ou modos de ondas, que
segundo o modelo matemático podem vir a interagir fortemente entre si. Basicamente,
há dois tipos de ondas principais: as ondas compressionais e as ondas cisalhantes,
também denominadas P-waves e S-waves, respectivamente. Existem ainda outros
14
tipos de ondas que podem ser interpretadas como sendo a composição destes dois
tipos básicos de ondas (GRAFF, 1975).
Na Geofísica, para as aplicações voltadas à indústria petrolífera, são
empregados – basicamente – dois tipos de modelos matemáticos para simular a
propagação de ondas sísmicas, dando origem a dois tipos de modelagens:
o Modelagens empregando operadores acústicos: neste caso o fenômeno físico
da propagação de ondas sísmicas é regido pela Equação Escalar da Onda,
também denominada Equação Acústica da Onda. Segundo este modelo
matemático tem-se somente a propagação de ondas compressionais (P-
waves) ao longo das diversas interfaces e camadas que compõem o modelo de
velocidades;
o Modelagens empregando operadores elásticos: governadas pela denominada
Equação de Navier ou Equação Elástica da Onda, sendo que tal modelo
matemático considera a propagação das ondas compressionais (P-waves) e
cisalhantes (S-waves), bem como as interações entre elas.
Ressalta-se que a utilização da Equação Escalar da Onda, isto é, um
modelo matemático baseado somente na propagação de ondas compressionais (P-
waves), apesar de sua simplicidade fornece resultados satisfatórios em algumas das
aplicações realizadas para a indústria petrolífera, quando estas análises são feitas em
solos e rochas, apesar de que uma melhor aproximação seria considerar tais meios de
propagação como sendo elásticos.
O emprego de operadores elásticos, para a modelagem sísmica
representa uma melhoria significativa no modelo matemático tradicionalmente utilizado
com operadores acústicos, pois – a bem da verdade – as rochas se comportam como
um meio elástico, ou quando da presença de fluídos ou gases embebidos em seus
poros, como um meio poro-elástico, neste caso regido pela denominada Equação de
Biot (GRAFF, 1975).
Destaca-se que existem outros modelos matemáticos mais sofisticados
que podem ser desenvolvidos considerando-se diversos efeitos que são
negligenciados quando da dedução da Equação de Navier ou da Equação Escalar da
Onda, ou seja, com a adoção de outras hipóteses simplificadoras desenvolvem-se
outros tipos de modelos matemáticos para o fenômeno da propagação de ondas
sísmicas.
Na maioria dos levantamentos sísmicos realizados emprega-se um
dispositivo para gerar as ondas sísmicas que se propagam ao longo do modelo
geológico, cujas reflexões serão captadas pelos receptores. A seguir, na seção 2.1
deste trabalho, apresentam-se alguns dos diferentes tipos de fontes sísmicas
15
existentes e as expressões matemáticas que serão empregadas para simular tais
dispositivos nas modelagens sísmicas.
Posteriormente, nas seções 2.2 e 2.3 deste capítulo, serão
apresentadas as metodologias adotadas para a simulação numérica da propagação de
ondas, através do Método das Diferenças Finitas, referentes aos modelos
matemáticos empregando – respectivamente – a Equação Escalar da Onda
(operadores acústicos) e a Equação de Navier (operadores elásticos).
Destaca-se que o desenvolvimento de programas capazes de simular
os problemas de propagação de ondas aplicados à indústria petrolífera, de preferência
em um tempo reduzido, é sem dúvida alguma um grande desafio, principalmente para
as simulações tridimensionais (3D). Tais simulações requerem uma enorme
capacidade de armazenamento de dados em memória, além de grande velocidade de
processamento.
Para obter-se o poder computacional capaz de simular os problemas de
grande porte presentes na indústria petrolífera alguns dos programas desenvolvidos
pelo autor desta tese empregam os recursos do processamento em paralelo, através
dos paradigmas da Decomposição de Domínio e da Divisão de Tarefas, para serem
executados em clusters de microcomputadores (vide Apêndice A).
Destaca-se ainda que maiores detalhes sobre os programas
desenvolvidos especialmente para este trabalho, empregando operadores acústicos e
elásticos, tanto para a modelagem quanto para a migração sísmica, e suas principais
funcionalidades são dados no Apêndice D, assim como os demais programas
desenvolvidos pelo autor para auxiliar a confecção deste trabalho.
Em BULCÃO (2001b) e BRAGANCA et al. (2003) apresentam-se alguns
aspectos relacionados à análise de performance e ao tempo de execução dos
programas desenvolvidos pelo autor desta tese para a modelagem sísmica
empregando operadores acústicos e elásticos , seguindo a filosofia que será exposta a
seguir.
Ressalta-se que optou-se por não apresentar tais resultados no corpo
deste trabalho, pois os comportamentos e conclusões apresentados estão
relacionados às configurações dos clusters de microcomputadores nos quais tais
resultados foram determinados. Observa-se também que houve grandes alterações
nas configurações, tanto de hardware quanto no sistema operacional, refletindo em um
aumento do poder computacional dos diversos clusters empregados nas simulações
apresentadas ao longo deste trabalho (vide Apêndice A.2). Deste modo, os
parâmetros de otimização dos diversos códigos alteraram-se com o passar dos anos.
16
2.1 – Fonte Sísmica – Termo Fonte da Equação da Onda
17
A fonte sísmica empregada nas simulações numéricas realizadas ao
longo deste trabalho é a derivada segunda da função Gaussina (CUNHA, 1997), e é
dada pela seguinte expressão matemática:
[ ]
f (t ) = 1 − 2π (πf c t d )2 e − π (πfctd )
2
Eq. 2.1-1
onde: t é o tempo;
td é um tempo defasado, computando determinada translação temporal para o
cálculo da função fonte, de acordo com:
2 π
td = t − Eq. 2.1-2
fc
fc é um parâmetro relacionado com a freqüência de corte da fonte sísmica,
onde:
−f2
2f 2
F ( f ) = 2 3 eπ f c2 Eq. 2.1-4
π fc
1.2 0.025
1
0.02
0.8
Ampliude
0.6
Amplitude
0.015
0.4
0.2 0.01
0
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.005
-0.2
-0.4
0
-0.6 0 10 20 30 40 50 60 70
18
⎛ (α t d )2 ⎞ Eq. 2.1-5
⎜- ⎟
⎛α t ⎞ ⎜ β ⎟⎠
f (t ) = cos ⎜ d ⎟e ⎝
⎝ 2 ⎠
onde: td é o tempo defasado, dado de acordo com a equação 2.1-2.
α é um parâmetro relacionado à freqüência de corte, de acordo com:
1.2
0.8
0.6
Amplitude
0.4
0.2
0
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
-0.2
-0.4
-0.6
tempo (s)
19
2.2 – Modelagem Sísmica Utilizando Operadores Acústicos
1
2
&p& = p,ii + srt (Ω, t ) Eq. 2.2-1
c
Sendo: p – a pressão hidrostática do campo de ondas;
t – o tempo de propagação;
Ω - representa o domínio físico do problema;
20
c – a velocidade de propagação do meio;
srt(t) – representa o termo fonte da equação da onda, ou seja, a fonte
sísmica aplicada em determinado ponto do domínio Ω .
Destaca-se na equação 2.2-1 que, o único termo que expressa a
variação das propriedades do meio ao longo do domínio físico do problema é a
velocidade de propagação (c). Deste modo, é comum referenciar-se ao longo deste
trabalho a uma determinada situação geológica de interesse (modelo geológico), no
qual será realizada uma modelagem sísmica, simplesmente por modelo de
velocidades.
Para a discretização da equação 2.2-1, pelo Método das Diferenças
Finitas, faz-se a substituição de suas derivadas parciais pelas expressões
aproximadas. Sendo que, tradicionalmente, empregam-se aproximações de segunda
e quarta ordens (vide Apêndice F), respectivamente, para as derivadas temporais e
espaciais. Tais aproximações se mostram suficientemente robustas para simular os
problemas de propagação de ondas sísmicas presentes na Geofísica.
Para o avanço da solução ao longo do tempo, com o emprego de
aproximações de segunda ordem para as derivadas temporais, é necessário o
conhecimento do campo de ondas em dois instantes de tempo consecutivos (BATHE,
1996). Deste modo, a ordem da aproximação empregada em tais derivadas influencia
diretamente a demanda computacional de memória, pois quanto maior for tal ordem
maior será o número de instantes de tempos consecutivos cujos valores do campo de
ondas deverão ser armazenados para que se obtenha a solução no instante seguinte.
Substituindo-se as expressões referentes às aproximações de segunda
e quarta ordens apresentadas no Apêndice F, e considerando-se, sem perda de
generalidade, o caso bidimensional (2D) para a equação 2.2-1 sem a presença do
termo relativo à fonte sísmica, chega-se à equação 2.2-2:
Onde:
[i,j] - índices subscritos empregados para se referenciar a determinado ponto do
grid, respectivamente, para as direções coordenadas X e Y;
Δt – representa o intervalo de tempo adotado para o avanço da solução ao
longo do tempo;
21
h– representa o espaçamento entre os pontos do grid, ou seja, o intervalo
espacial entre os pontos da discretização. Neste trabalho, emprega-se um
grid regular no qual adota-se o mesmo espaçamento para as direções
coordenadas X e Y;
p– expressa a pressão hidrostática do campo de ondas, e os índices
sobrescritos e subscritos indicam, respectivamente, o instante de tempo
considerado e o ponto do grid nos quais tal grandeza é considerada.
Destaca-se que, em determinadas situações pode ser vantajoso o
emprego de uma discretização espacial na qual os espaçamentos entre os pontos do
grid sejam diferentes para cada uma das direções coordenadas (JASTRAM e BEHLE,
1992). Existem ainda formulações nas quais tais intervalos podem variar ao longo das
direções coordenadas, ou seja, no domínio físico do problema (WANG, 2000).
Para a aplicação do termo relativo à fonte sísmica sobre um
determinado ponto do grid com coordenadas [i,j] emprega-se a equação 2.2-3. Na
implementação computacional do programa de modelagem sísmica empregando
operadores acústicos tal expressão é executada a cada passo de tempo.
Onde:
F(t) – representa a expressão matemática da fonte sísmica, em função do
tempo (t).
Dentre os diversos tipos de condições de contorno a que a Equação
Escalar da Onda pode estar submetida, nas aplicações voltadas para a Geofísica, na
borda superior do modelo de velocidades emprega-se a denominada condição de
contorno essencial ou a condição de contorno natural. Tais condições são
empregadas para simular a reflexão das ondas na interface superior do modelo, ou
seja na superfície (GRAFF, 1975; BORDING e LINES, 1997 e MUFTI et al., 1996).
Na condição de contorno essencial prescreve-se na grandeza básica do
problema um valor nulo, ou seja, ao longo da borda superior do modelo adota-se um
valor nulo para a pressão ( p = 0 ). Devido sua simplicidade, neste trabalho, não será
apresentada a sua forma discretizada.
No caso da condição de contorno natural prescreve-se um valor nulo
para a derivada espacial da grandeza básica, em relação à direção normal à interface.
Tal condição de contorno é expressa matematicamente de acordo com a equação 2.2-
4:
22
∂p
r =0 Eq. 2.2-4
∂n
r
Sendo n um vetor que representa a direção normal à superfície do modelo.
Para a discretização de condições de contorno naturais ou de outros
tipos de condições nas quais estejam envolvidas derivadas direcionais é necessária a
criação de pontos fictícios no grid de pontos empregados na discretização pelo Método
das Diferenças Finitas (ÖZISIK, 1985). Tais pontos não pertencem ao domínio físico
do problema e somente são empregados para a aplicação de tais condições.
No caso do emprego de aproximações de primeira ordem para a
derivada espacial presente na condição de contorno natural (vide Apêndice F), e
considerando que a borda superior (j=0) é perpendicular à direção coordenada Y, é
adicionada uma linha de pontos fictícios. Deste modo, tal condição é discretizada de
acordo com a seguinte expressão:
∂p 1 ∂p
r =− Eq. 2.2-6
∂n c ∂t
A discretização da equação 2.2-6 pode ser feita de forma similar à
equação 2.2-4, empregando-se aproximações de primeira ordem para as derivadas
23
espaciais e temporais (vide Apêndice F). Apresenta-se a seguir, na equação 2.2-7, a
expressão resultante para a interface esquerda do modelo de velocidades.
p[ti, j ] = −
h
( )
p[ti, j ] − p[ti−, Δj]t + p[ti , j+1] Eq. 2.2-7
cΔt
Conforme comentários anteriores, um outro artifício que pode ser
empregado para evitar a reflexão da frente de onda nas bordas artificiais do modelo de
velocidades, a fim de simular um meio semi-infinito, é a adoção de camadas ou zonas
de amortecimento (Damping Zones) (BORDING e LINES, 1997). Em tais regiões às
amplitudes das grandezas associadas à propagação do campo de ondas aplica-se um
fator de decaimento ao longo dos pontos do grid.
Neste trabalho, nas camadas de amortecimento emprega-se a
expressão, apresentando um decaimento exponencial ao longo de sua espessura,
dada de acordo com a equação 2.2-8 (CERJAN et al. 1985).
[
w(k ) = exp (− fat (n amort − k ))
2
] Eq. 2.2-8
Sendo:
k– índice empregado para se referenciar a distância de determinado ponto em
relação à borda do modelo a qual tal camada está associada;
w– fator de decaimento ao qual os valores da grandeza associada ao ponto
devem ser multiplicados (no caso da Equação Escalar da Onda, a pressão
hidrostática);
fat – fator de amortecimento fictício;
n amort – número de pontos grid que compõem a camada de amortecimento.
Destaca-se que na implementação computacional dos programas
desenvolvidos pelo autor desta tese para simular a propagação de ondas sísmicas, o
artifício da camada de amortecimento é empregado de forma complementar a
condição de contorno não reflexiva, ou seja, antes da frente de onda atingir a borda do
modelo de velocidades as amplitudes das grandezas associadas vem sofrendo um
decaimento imposto pela camada de amortecimento.
Neste ponto é possível ter-se uma idéia da metodologia empregada nas
modelagens sísmicas dos problemas de propagação de ondas utilizando a Equação
Escalar da Onda, ou expressando-se de outra forma, nas modelagens sísmicas
empregando operadores acústicos . Apesar de ter sido exposta somente para os
casos bidimensionais (2D) os casos tridimensionais (3D) seguem a mesma filosofia.
No Apêndice D apresentam-se algumas das características e
funcionalidades dos principais programas desenvolvidos pelo autor especialmente
para este trabalho, dentre eles, os programas de modelagens sísmicas empregando
24
operadores acústicos para simular a propagação de ondas em modelos bi- e
tridimensionais (respectivamente, 2D e 3D). A seguir serão feitos alguns comentários
específicos a respeito da implementação computacional do programa desenvolvido
pelo autor desta tese para o caso tridimensional (3D), onde se empregaram os
recursos do processamento em paralelo.
No caso da modelagem sísmica tridimensional (3D), empregando
operadores acústicos, utiliza-se o paradigma da Decomposição de Domínio (Domain
Decomposition) (vide Apêndice A.1). Sendo que, com o avanço da solução ao longo
do tempo, a cada instante de tempo, é necessário se compatibilizar a influência da
resposta entre as diversas partições, através do envio de mensagens entre elas
(MUFTI et al., 1996).
Existem diversos trabalhos que abordam a implementação
computacional aqui utilizada nos casos tridimensionais (3D) adotando o paradigma da
Decomposiçao de Domínio, dentre eles pode-se citar os seguintes autores: MUFTI et
al., 1996; SATO et al., 1996; MINKOFF, 1999; BOHLEN et al., 2001 e PHADKE et al.,
2002.
Destaca-se que nos programas desenvolvidos pelo autor desta tese
para a Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos, tanto para os
casos bidimensionais (2D) quanto para os casos tridimensionais (3D) – vide capítulo 3
– adotam-se as mesmas equações diferencias parciais apresentadas neste tópico
para a modelagem sísmica. Deste modo, o procedimento de discretização através do
Método das Diferenças Finitas é essencialmente o mesmo, sendo suprimido quando
da apresentação do capítulo 3.
25
2.3 – Modelagem Sísmica Utilizando Operadores Elásticos
26
1990; CUNHA, 1992; e, FARIA, 1993). Cada um destes esquemas possui
determinadas particularidades, inúmeras vantagens e desvantagens, não sendo
objetivo deste trabalho a comparação entre tais esquemas.
Neste trabalho, na simulação numérica dos problemas relacionados à
propagação de ondas elásticas, adota-se o esquema originalmente proposto por
VIRIEUX (1984 e 1986) e, posteriormente, modificado por LEVANDER (1988) para a
inclusão de operadores espaciais de quarta ordem.
Outras alterações foram propostas para tal esquema, como no trabalho
apresentado por CUNHA (1992) denominada dual-operator method que modifica a
ordem do operador espacial quando há uma descontinuidade nas propriedades físicas
do meio ou nas componentes do campo de ondas elásticas. Há ainda a possibilidade
da inclusão de determinados parâmetros, no esquema tradicional, para a simulação de
meios elásticos transversalmente isotrópicos como proposto por FARIA (1993).
A principal característica do esquema originalmente proposto por
VIRIEUX (1984 e 1986), tendo um papel decisivo em sua seleção para a aplicação ao
longo deste trabalho nas análises envolvendo a propagação de ondas elásticas, é a
capacidade de simular um meio elástico onde a velocidade de propagação da onda
cisalhante é nula (VS=0). Desta forma, tal esquema comporta a simulação do
acoplamento entre meios acústicos (onde tem-se VS=0) e meios elásticos (onde
VS≠0).
Tal capacidade de simular o acoplamento entre meios acústicos e
elásticos é de extrema importância para a indústria petrolífera nacional, pois existem
inúmeros reservatórios de óleo e gás atualmente em produção, assim como outros já
detectados, que se encontram nos denominados modelos geológicos marítimos ou off-
shore, onde se tem uma lâmina d’água antes de se atingir as camadas de rocha em
sub-superfície.
Na equação 2.3-1 apresentam-se as equações que regem o fenômeno
da propagação de ondas elásticas, para determinado ponto material em um meio
elástico isotrópico, expressas em notação indicial (GRAFF, 1975 e TIMOSHENKO,
1980), neste trabalho, a denominada Equação Elástica da Onda:
Onde:
ui – representa o vetor de deslocamentos;
27
τ ij e ε ij – representam, respectivamente, os tensores de tensões e de
deformação. Neste caso, considera-se que tais tensores são
simétricos, de acordo com as hipóteses empregadas para sua
dedução, ou seja, τ ij = τ ji e ε ij = ε ji ;
VS = (μ / ρ )
Sem perda de generalidade, novamente a metodologia será exposta
considerando-se somente o caso bidimensional (2D) sem a consideração do termo
fonte (expresso pelas forças de corpo), para a apresentação do esquema de
discretização através do Método das Diferenças Finitas proposto por VIREUX (1984 e
1986). Tem-se, então que, o sistema de equações representado pela equação 2.3-1
pode ser re-escrito em termos dos deslocamentos das partículas e do tensor de
tensões, dando origem às seguintes expressões (equação 2.3-3):
∂ u x ∂τ xx ∂τ xy
2
Eq. 2.3-3
ρ 2 = +
∂t ∂x ∂y
∂2 uy ∂τ xy ∂τ yy
ρ = +
∂t 2
∂x ∂y
∂u x ∂u y
τ xx = (λ + 2 μ ) +λ
∂x ∂y
∂u y ∂u x
τ yy = (λ + 2μ ) +λ
∂y ∂x
⎛ ∂u ∂u y ⎞
τ xy = μ ⎜⎜ x − ⎟⎟
⎝ ∂y ∂x ⎠
28
Tal sistema de equações pode ser transformado em um sistema de
equações hiperbólico de primeira ordem, ou seja, envolvendo somente derivadas
temporais de primeira ordem. Portanto, as equações passam a ser expressas em
função das velocidades das partículas e das derivadas temporais do tensor de
tensões, conforme representada pela equação 2.3-4.
∂v x 1 ⎛ ∂τ xx ∂τ xy ⎞ Eq. 2.3-4
= ⎜ + ⎟
∂t ρ ⎜⎝ ∂x ∂y ⎟⎠
∂v y 1 ⎛ ∂τ xy ∂τ yy ⎞
= ⎜⎜ + ⎟
∂t ρ ⎝ ∂x ∂y ⎟⎠
∂τ xx ∂v ∂v y
= (λ + 2 μ ) x + λ
∂t ∂x ∂y
∂τ yy ∂v y ∂v x
= (λ + 2μ ) +λ
∂t ∂y ∂x
∂τ xy ⎛ ∂v ∂v y ⎞
= μ ⎜⎜ x − ⎟⎟
∂t ⎝ ∂y ∂x ⎠
Sendo que, deste ponto em diante, v x e v y representam as velocidades
29
et al., 1992 e GILLES et al., 2000). Tal esquema é empregado, principalmente, em
problema envolvendo fenômenos oscilatórios, como a propagação de ondas.
vy ρ
Velocidade vertical e densidade: ;
Figura 2.3-1 - Representação dos locais empregados para a definição das grandezas
envolvidas na discretização, empregando um grid intercalado
(staggered grid), da Equação Elástica da Onda (equação 2.3-4).
t + Δt 2 t −Δ t 2
( t t
)
2 Δt 1 ⎛⎜ − τ xx [i +3 2, j ] + 27 τ xx [i +1 2, j] − τ xx [i −1 2, j ] + τ xx [i− 3 2, j] ⎞⎟
t t
Eq. 2.3-5
v x [i , j ] =v x [i , j ] +
48h ρ[ i, j ] ⎜⎜ − τ xy t
⎝
( ) ⎟⎟
[i , j +3 2] + 27 τ xy [i , j +1 2] −τ xy [i , j −1 2] + τ xy [i , j − 3 2] ⎠
t t t
t + Δt 2 t −Δt 2
⎛
2Δt 1 ⎜ − τ xy [i+ 3 2, j
t
(
] + 27 τ
t
xy [i +1 2 , j ] − τ xy [i−1 2, j
t
)
] +τ
t
xy [i −3 2 , j ]
⎞
⎟
v y [ i, j] = v y [ i, j ] +
48h ρ[ i, j] ⎜⎜ − τ yy t + 27 (τ )+ τ ⎟⎟
t
− τ yy t[i, j−1 2 t
⎝ [i , j + 3 2 ] yy [i , j +1 2 ] ] yy [i , j −3 2 ]
⎠
30
As expressões presentes na equação 2.3-6 correspondem às derivadas
parciais das velocidades das partículas com relação às direções coordenadas X e Y.
Tais expressões são empregadas no cálculo das componentes do tensor de tensões
(vide equação 2.3-4 e, após a discretização, equação 2.3-7).
t + Δt 2
∂v x
∂x
t + Δt 2
( t + Δt 2 t + Δt 2
) t + Δt 2
= −vx[ i+ 3 2, j] + 27 v x[i +1 2, j ] − v x[i −1 2, j ] + vx[ i− 3 2, j] = A[ti+, jΔ]t 2
Eq. 2.3-6
[i , j ]
t + Δt 2
∂v x
∂y
( )
= −vx[t+i, Δj+t 32 2] + 27 v x[ti+, Δj +t 122 ] − v x[ti+, Δj −t 122 ] + vx[t+i, Δj−t 32 2] = B[ti+, jΔ]t 2
[i , j ]
t + Δt 2
∂v y
∂x
( )
= −v y[ti++Δ3t 22, j] + 27 v y [ti++Δ1t 22, j ] − v y [ti+−Δ1t22, j ] + v y [ti+−Δ3t 22, j ] = C[ti+, jΔ]t 2
[i , j ]
t + Δt 2
∂v y
∂y
( )
= −v y[ti+, Δj +t 32 2] + 27 v y [ti+, Δj+t 122] − v y[ti+, Δj −t 122 ] + v y[ti+, Δj −t 32 2] = D[ti+, jΔ]t 2
[i , j ]
2 Δt
τ xx[ti+, Δj]t = τ xx[ti, j ] +
48h
[
(λ + 2 μ )A[ti+, jΔ]t 2 + λD[ti+, jΔ]t 2 ] Eq. 2.3-7
2 Δt
τ yy [ti+, Δj ]t = τ yy[ti, j ] +
48h
[
(λ + 2 μ )D[ti+, jΔ]t 2 + λA[ti+, jΔ]t 2 ]
2Δt
τ xy[ti+, Δj]t = τ xy [ti, j ] +
48h
[
μ B[ti+, jΔ]t 2 + C[ti+, jΔ]t 2 ]
Destaca-se que, após a discretização do sistema de equações
acopladas que regem o problema da propagação de ondas em meios elásticos
(equação 2.3-4), as variáveis básicas do problema (velocidades das partículas e
tensões) são determinadas de forma explícita (VIRIEUX, 1984).
Segundo VIRIEUX (1986), para a prescrição de uma fonte sísmica
explosiva utilizam-se as componentes referentes às tensões normais, no caso
bidimensional (2D) τ xx e τ yy , pois tais grandezas são definidas na mesma posição do
grid intercalado (vide figura 2.3-1). Deste modo, de maneira análoga ao caso da
modelagem acústica (equação 2.2-2), emprega-se a equação 2.3-8 para a aplicação
da fonte sísmica sobre um determinado ponto do grid com coordenadas [i,j].
τ yy [i , j] = τ yy [ i, j] + F (t )
t t
Onde:
F(t) – representa a expressão matemática da fonte sísmica, em função do
tempo (t).
31
Destaca-se ainda que há outras possibilidades para a prescrição das
fontes sísmicas, quando se emprega este esquema de discretização utilizando um grid
intercalado (staggered grid). Em COUTANT et al. (1995) tem-se um estudo a respeito
destas outras possibilidades, comparando-se a solução numérica obtida com a
solução analítica para um caso simples, considerando-se o meio elástico homogêneo.
Nas bordas do modelo de velocidades existem diferentes tipos de
condições de contorno que podem ser prescritas, dependendo do problema ao qual se
deseja simular. Segundo VIRIEUX (1986), para o esquema de discretização
apresentado, dando especial ênfase aos casos afetos à Geofísica, tais condições
podem ser dos seguintes tipos:
o Condição de Contorno de Neumann, também denominada de condição de
superfície livre (free surface condition) ou condição de tensão livre (stress-free
condition);
o Condição de Contorno de Dirichlet, condição de superfície rígida (rigid-surface
condition) ou condição de velocidade nula (zero-velocity condition), segundo
outras nomenclaturas; e,
o Condições de Contorno Não-Reflexivas, onde na realidade há uma vasta gama
de condições que podem ser enquadradas neste tipo de condição de contorno e
que são empregadas para simular problemas com domínios semi-infinitos
(KELLY e MARFURT, 1990).
Nas simulações apresentadas ao longo deste trabalho são empregados
somente dois tipos de condições de contorno. São elas: a condição de contorno de
Neumann (free surface condition) e a condição de contorno não-reflexiva. Neste
último tipo, adicionalmente utilizam-se as camadas ou zonas de amortecimento
(Damping Zones) (BORDING e LINES, 1997), com o intuito de proporcionar um
decaimento nas amplitudes das grandezas que estão associadas à frente de onda
antes de se atingir as condições de contorno não-reflexivas.
Neste ponto, destaca-se que, alguns dos comentários feitos quando da
apresentação da metodologia de discretização através do Método das Diferenças
Finitas para o caso da modelagem sísmica empregando operadores acústicos (vide
seção 2.2) também são válidos para o caso do emprego de operadores elásticos
(seção 2.3). Dentre eles, ressalta-se a questão da utilização de aproximações de
ordem mais elevada para as derivadas temporais, que acarretam em uma maior
demanda computacional de memória. Outro ponto é a criação de pontos fictícios para
a prescrição de condições de contorno envolvendo derivadas espaciais (ÖZISIK,
1985).
32
A condição de contorno de Neumann (free surface condition),
considerando-se um meio semi-infinito e levando-se em conta questões de simetria do
domínio físico do problema, pode ser substituída por uma imagem do meio e uma
imagem do termo fonte (CUNHA, 1992). Tal procedimento é denominado método da
imagem (image method) (GRAFF, 1975) e seu emprego proporciona um melhor
entendimento da reflexão da frente de onda ao atingir determinada interface.
Deste modo, para a implementação computacional da condição de
contorno de Neumann na interface superior do modelo, nos pontos fictícios as
amplitudes das velocidades das partículas na direção horizontal são as mesmas
considerando os pontos simétricos e, no caso da direção vertical, as amplitudes
sofrem uma mudança de polaridade. Ao longo da interface também se consideram
nulas as amplitudes das componentes de tensão cisalhante e de tensão normal à
direção vertical.
Apesar de existirem inúmeros artigos científicos nos quais são
abordados diferentes tipos de condições de contorno não-reflexivas para o caso da
propagação de ondas elásticas (KELLY e MARFURT, 1990; e, HIGDON, 1992; dentre
outros), neste trabalho empregam-se somente os artifícios das camadas ou zonas de
amortecimento (Damping Zones) para se evitar as reflexões das frentes de ondas
elásticas nas bordas do modelo, de forma a simular domínios semi-infinitos.
Segundo YOUN (1998), a adoção isolada da camada de amortecimento
apresentou resultados superiores aos diferentes tipos de condições de contorno não-
reflexivas por ele avaliadas. Em CUNHA (1992) também emprega-se a camada de
amortecimento para atenuar as amplitudes das grandezas associadas ao campo de
ondas elásticas de forma a simular domínio semi-infinitos.
O procedimento para a implementação computacional das camadas ou
zonas de amortecimento (Damping Zones) é feito de forma análoga ao apresentado
para o caso da modelagem sísmica empregando operadores acústicos (vide equação
2.2-7). Sendo que, neste caso, o fator de decaimento é aplicado nas diversas
grandezas que estão associadas à propagação das ondas elásticas (ou seja, as
componentes do vetor de velocidades das partículas, além das componentes do
tensor de tensões).
A metodologia apresentada até o momento, apesar de ter sido exposta
somente para os casos bidimensionais (2D), resume a filosofia empregada na
implementação computacional dos programas desenvolvidos pelo autor desta tese
para a modelagem sísmica dos problemas envolvendo a propagação de ondas
elásticas.
33
Nos casos tridimensionais (3D) os programas envolvendo a propagação
de ondas elásticas empregam os recursos do processamento em paralelo, utilizando o
paradigma da Decomposição de Domínio (Domain Decomposition) (vide Apêndice
A.1), pois nestes casos a demanda computacional de memória, além do tempo de
execução, tornam tais simulações – atualmente – incapazes de serem feitas por um
único microcomputador.
No caso do emprego de operadores elásticos para os casos
tridimensionais (3D), a implementação computacional foi feita pelo autor desta tese de
maneira análoga à desenvolvida no caso da adoção de operadores acústicos (vide
seção 2.2). Sendo que, para se compatibilizar a influência da resposta entre as
diversas partições do modelo deve-se enviar um número maior de matrizes, pois no
caso elástico o sistema de equações envolvem nove (9) grandezas diferentes, ou seja,
as três (3) componentes das velocidades das partículas, além das seis (6)
componentes do tensor de tensões.
No Apêndice D apresentam-se algumas das principais características e
funcionalidades dos programas desenvolvidos pelo autor deste trabalho,
especialmente a fim de simular a propagação das ondas elásticas em modelos bi- e
tridimensionais (respectivamente, 2D e 3D).
34
2.4 – Critérios de Dispersão Numérica e Estabilidade
35
O caso da utilização das expressões aproximadas do Método das
Diferenças Finitas para as derivadas temporais presentes nas equações diferenciais
que regem os fenômenos da propagação de ondas pode ser enquadrado como um
dos Métodos de Integração Direta ou um dos Esquemas de Avanço no Tempo. No
contexto destes esquemas é que estão inseridos os conceitos de estabilidade e de
métodos condicionalmente e incondicionalmente estáveis (BATHE, 1996).
A estabilidade implica que, empregando-se determinado intervalo de
tempo no esquema de avanço no tempo, a resposta obtida para um instante de tempo
não deverá ser amplificada artificialmente afastando-se da solução do problema.
Assim como, os erros de truncamento nas variáveis envolvidas (deslocamentos,
velocidades, acelerações, etc), também não deverão ser amplificados à medida que a
resposta é determinada ao longo do tempo (BATHE, 1996 e ÖZISIK, 1985).
Nos Métodos de Integração Direta a estabilidade é determinada
examinando-se o comportamento numérico da resposta, considerando condições
iniciais arbitrárias. O parâmetro que influencia a estabilidade de determinado
esquema de avanço no tempo é o intervalo de tempo.
Embora os critérios de dispersão numérica e de estabilidade sejam
desenvolvidos especificamente para a metodologia utilizada na discretização através
do Método das Diferenças Finitas, como regra geral, nos problemas envolvendo a
propagação de ondas acústicas e elásticas , empregam-se as expressões
apresentadas nas equações 2.4-1 e 2.4-2. Satisfazendo-se tais expressões, garante-
se não haver problemas na resposta em relação à dispersão numérica e à
estabilidade.
h Eq. 2.4-2
Δt ≤
β .Vmax
Sendo:
h - o espaçamento entre os pontos do grid, neste caso considera-se um grid
regular, tendo-se o mesmo espaçamento entre os pontos do grid para todas as
direções coordenadas consideradas;
Δt - o intervalo de tempo, empregado para o avanço da solução numérica ao
longo do tempo;
f corte - a freqüência de corte. Nas aplicações apresentadas ao longo deste
trabalho considerando a modelagem sísmica, a própria freqüência de corte da fonte
36
sísmica (vide seção 2.1);
Vmax e Vmin - são, respectivamente, a máxima e mínima velocidades de
propagação presentes no modelo de velocidades analisado. Destaca-se que, no caso
do emprego de operadores elásticos, deve-se considerar não somente as velocidades
de propagação para as ondas compressionais (VP), mas também as velocidades de
propagação para as ondas cisalhantes (VS) não nulas;
α - é um parâmetro empírico que determina quantos pontos do grid serão
empregados para representar o menor comprimento de onda (considerando a
freqüência de corte e a menor velocidade de propagação);
β - é um parâmetro que determina quantos intervalos de tempo serão
necessários para que a frente de onda percorra uma distância equivalente ao
espaçamento entre os pontos do grid (considerando a maior velocidade de
propagação).
Aplicando-se as expressões 2.4-1 e 2.4-2 os critérios de dispersão
numérica e de estabilidade serão respeitados após a definição dos parâmetros α e
β . Existem diversos trabalhos nos quais aplicam-se estes mesmos critérios, nesta
linha pode-se citar: LOEWENTHAL (1985), FARIA (1986 e 1993), SILVA (1995) e
ROSA FILHO (2002), dentre inúmeros outros.
Neste trabalho, embasado em algumas referências bibliograficas
citadas no parágrafo acima, recomenda-se que, no caso do Método das Diferenças
Finitas utilizando operadores de segunda ordem para as derivadas temporais, quando
empregam-se operadores de segunda ordem para as derivadas espaciais deve-se
adotar valores para o parâmetro α próximos a dez (10) e quando se adotam
operadores de quarta ordem para as derivadas espaciais este número pode ser
reduzido à metade.
No caso do parâmetro β , neste trabalho, empregando operadores de
segunda ordem para as derivadas temporais, valores próximos a quatro (4) são
suficientes para garantir a estabilidade da resposta numérica com elevada precisão.
Destaca-se que, o intervalo de tempo (Δt ) e o espaçamento entre os
pontos do grid (h) estão ligados diretamente a ordem do erro introduzido pelas
aproximações oriundas do Método das Diferenças Finitas (vide Apêndice F). Sendo
que, tais fatores estão ligados inversamente ao tempo de processamento e à demanda
computacional de memória requerida para armazenar as variáveis envolvidas,
necessárias para obtenção da resposta de um determinado problema. Tais relações
tornam-se críticas no caso da simulação de problemas tridimensionais (3D).
37
3- Migração Sísmica
38
pretende-se desfazer os efeitos da propagação de ondas para produzir uma imagem
dos refletores corretamente posicionados em sub-superfície.
Diversos procedimentos de Migração Sísmica são embasados no fato
da Modelagem e da Migração Sísmicas serem - filosoficamente - operações inversas,
sendo o mais notório deles o processo de migração denominado Migração Reversa no
Tempo (Reverse Time Migration), foco principal deste trabalho.
Com relação à escala vertical das imagens obtidas, os diferentes
esquemas de migração existentes na sísmica podem se classificar em dois tipos,
denominados de migração em tempo e migração em profundidade. Basicamente, na
migração em tempo tem-se uma imagem em que a escala vertical está em segundos
e, deste modo, sem o conhecimento do campo de velocidades em profundidade, não é
possível determinar-se a posição de um dado refletor. Já na migração em
profundidade tem-se diretamente a imagem, contendo a posição dos refletores ao
longo da profundidade do modelo geológico.
A seguir são enumeradas algumas das principais características dos
esquemas de migração que proporcionam a obtenção de imagens do modelo
geológico em tempo e em profundidade. Tais esquemas de migração são importantes
ferramentas utilizadas para auxiliar os Geólogos e intérpretes na determinação e
monitoramento de reservatórios petrolíferos.
A migração em tempo, geralmente, é computacionalmente menos
onerosa em comparação aos esquemas de migração em profundidade, mas apresenta
certas limitações quanto à presença de variações laterais no modelo de velocidades
(YILMAZ, 2001; BORDING, et al., 1997; e ETGEN, 1990). Existem esquemas de
migração em profundidade que, apesar de mais onerosos computacionalmente, são
bastante eficazes, já que são capazes de lidar com campos de velocidades contendo
quaisquer tipos de variações, como no caso do esquema de Migração Reversa no
Tempo.
Após a migração em tempo, existem diversos procedimentos com os
quais os refletores podem ser posicionados aplicando-se a técnica de conversão
tempo-profundidade, ou seja, a transformação da escala vertical dos dados de tempo
para profundidade. Esta técnica leva em conta o campo de velocidades e o tempo de
trânsito até atingir um determinado refletor, obtido diretamente através da imagem em
tempo.
Enquanto a migração em tempo apenas focaliza a energia proveniente
das estruturas geológicas em um determinado instante de tempo, a migração em
profundidade também posiciona estas mesmas estruturas em sua correta localização.
Desta forma, a migração em profundidade, podendo considerar variações laterais no
39
campo de velocidades, focaliza e posiciona (fazendo a conversão para a
profundidade) as informações registradas pela sísmica, proporcionando uma alteração
muito mais significativa nos dados (ETGEN, 1990).
A migração em profundidade mostra-se muito mais sensível à correta
definição do modelo de velocidades do que a migração em tempo, pois para que as
informações registradas pela sísmica sejam focalizadas e posicionadas corretamente
é necessário que o modelo de velocidades empregado possua semelhança com as
verdadeiras estruturas existentes no modelo geológico.
Os comprimentos dos refletores observados nas imagens em tempo são
mais longos que os observados na seção geológica e os ângulos de declividade
(mergulho) dos refletores também se encontram alterados, sendo neste caso menores
(mais rasos) do que os verdadeiramente presentes na seção geológica (YILMAZ, 2001
e ETGEN, 1990). Tais fatos justificam o emprego de técnicas para a conversão
tempo-profundidade, bem como a aplicação direta dos esquemas de migração em
profundidade (TRIGGIA, 2001).
Para aqueles não familiarizados com os esquemas de migração e seus
objetivos, tais análises apresentam um aparente paradoxo, pois no início do processo
de migração tem-se o conhecimento do modelo de velocidades. De fato o
conhecimento de suas principais características é necessário para que os dados
sejam posicionados de forma correta. Daí o paradoxo, pois a princípio deve-se saber
a resposta antes do início da aplicação das metodologias de migração.
Apesar desta aparente incoerência, na prática, informações valiosas
são obtidas aplicando-se corretamente as técnicas de migração. Tais esquemas
podem ser empregados como alternativa para se avaliar qualitativamente a estimativa
inicial do perfil de velocidades de um determinado modelo geológico. Realmente há
técnicas (Focusing Analysis ) que, através da aplicação de migrações sucessivas,
possibilitam a obtenção do campo de velocidades (FARIA, 1993).
Um outro exemplo do uso de esquemas de migração em profundidade
como uma forma de obter-se o perfil de velocidades, pode ser encontrado no trabalho
de AL-YAHYA (1987). Neste trabalho, com o emprego de um conjunto de dados
sísmicos adquiridos, considerando-se uma família de receptores comum (common-
receiver gather) – nos quais a posição dos receptores é mantida fixa variando-se a
posição da fonte sísmica perpendicularmente a linha dos receptores – pode-se, após a
aplicação do algoritmo de migração, avaliar o perfil de velocidades empregado,
considerando-se a posição dos refletores obtidos nas diversas imagens para as
diferentes posições da fonte sísmica, tendo-se, desta forma, um método iterativo.
40
O principal desafio, perseguido por diversos pesquisadores nas últimas
décadas, é a resolução do problema de inversão do campo de ondas registrado.
Neste caso, somente de posse dos dados sísmicos objetiva-se encontrar o perfil de
velocidades correspondente ao modelo geológico que os originaram. Tal problema é
de difícil tratamento matemático, não se podendo afirmar, na grande maioria dos
casos , nem m esmo a unicidade da solução.
A primeira barreira a ser quebrada no sentido de solucionar os
problemas de inversão aplicados à Geofísica é o desenvolvimento de esquemas
eficientes de migração em profundidade e que sejam sensíveis a pequenas alterações
na estimativa do perfil de velocidades. Desta forma, conforme comentado
anteriormente, pode-se empregar um esquema iterativo para se obter um perfil de
velocidades com um melhor grau de confiabilidade, como por exemplo, o esquema de
Focusing Analysis (FARIA, 1993).
41
3.1 – Migração Reversa no Tempo
42
simular todos os tipos de ondas refletidas, refratadas, convertidas, etc... Existem
outros esquemas de Migração Reversa no Tempo que adotam uma simplificação a
mais na equação diferencial que rege o fenômeno da propagação de ondas,
considerando-se o deslocamento da frente de onda em apenas uma direção, tal
simplificação dá origem a denominada equação “one-way“ (one-way wave equation)
(BORDING, 1997 e GRAFF, 1975).
Conforme exposto nos parágrafos anteriores percebe-se que,
teoricamente, a adaptação de um código computacional desenvolvido para a
modelagem sísmica para a Migração Reversa no Tempo é relativamente trivial, pois
trata-se da mesma equação diferencial parcial, onde a principal diferença está no
sentido de marcha no tempo, sendo que a maior alteração consiste na inclusão de
uma rotina para a aplicação da condição de imagem. A não ser por este importante
detalhe poder-se-ia pensar que a Migração Reversa no Tempo nada mais é do que a
propagação do campo de ondas no sentido inverso do tempo.
Um ponto importante a ser destacado é que nos esquemas de Migração
Reversa no Tempo, obtendo-se imagens em profundidade, não é necessário o
conhecimento do modelo de velocidades com uma grande riqueza de detalhes de
todas as suas estruturas, e sim uma estimativa do perfil de velocidades, onde as
interfaces das diversas camadas encontram-se suavizadas. BULCÃO et al. (2001a)
apresenta um trabalho em que se verifica a estabilidade do esquema de Migração
Reversa no Tempo em função da suavização do campo de velocidades.
Existem diversas alternativas na formulação do esquema de Migração
Sísmica denominado Migração Reversa no Tempo, embora todos eles empreguem o
conceito de depropagação do dados sísmicos registrados no sentido inverso do eixo
temporal, pode-se variar o tipo de condição de imagem empregada para a formação
da imagem em profundidade.
A seguir, apresentam-se três tipos diferentes de esquemas de Migração
Reversa no Tempo, havendo uma grande variação dos tipos de condições de imagens
utilizados, além do emprego de diferentes tipos de dados sísmicos de entrada. Há
uma vasta bibliografia sobre o assunto, onde se destacam os seguintes trabalhos:
BERKHOUT (1984); BORDING et al. (1997); COFFEEN (1986); EVANS (1998);
KELLY et al. (1990); YILMAZ (2001); dentre outros.
43
3.1.1 - Migração Reversa no Tempo de Dados Sísmicos
Pós-Empilhamento
44
reais do modelo) (ETGEN, 1986). A imagem em profundidade é obtida diretamente do
campo de ondas no instante t=0, ou seja, ao final da depropagação tem-se a imagem
em profundidade dos refletores em sub-superfície.
45
trabalho proposto por CHANG e Mc MECHAN (1986) aplica-se o método de Ray
Tracing para a determinação das matrizes de tempo de trânsito, sendo que outros
esquemas podem ser empregados para tal fim, tais como: i) a solução da equação
Eikonal, onde se obtém diretamente o tempo de trânsito; ii) o emprego de um critério
durante a propagação do campo de ondas.
A utilização do método de Ray Tracing para a determinação das
matrizes de tempo de trânsito possui a vantagem de apresentar um baixo tempo de
execução em comparação a modelagem via Método das Diferenças Finitas. Após o
traçado dos raios, a matriz de tempo de trânsito é obtida através da interpolação dos
valores calculados, podendo surgir regiões denominadas de zonas de sombra
(shadow zones) onde não há a passagem de nenhum raio devido à distribuição do
campo de velocidades. Portanto, tais regiões não serão imageadas pelo esquema de
Migração Reversa no Tempo.
Existem outros problemas associados à aplicação do Ray Tracing para
a determinação das matrizes de tempo de trânsito, com o por exemplo a existência de
regiões nas quais os raios se interceptam (multipath), onde se têm pontos com mais
de um tempo de trânsito associado, sendo que nestes casos adota-se o menor tempo
de trânsito. Tais problemas são advindos das aproximações impostas pelo método,
destacando-se o fato de que tal método só é válido para altas freqüências (CERVENY,
1987).
Neste trabalho empregam-se esquemas baseados na aplicação de um
critério durante a propagação do campo de ondas para a obtenção das matrizes de
tempo de trânsito, seguindo a mesma linha destacam-se os trabalhos pioneiros de
BOTELHO e STOFFA (1988), e LOEWENTHAL e HU (1991).
A seguir, apresentam-se de forma detalhada os diversos critérios
utilizados para a obtenção da condição de imagem, inclusive para o caso do
imageamento utilizando a energia proveniente das ondas múltiplas. Destaca-se que,
alguns destes critérios constituem inovações propostas pelo autor nesta tese.
46
Segundo CHANG e McMECHAN (1986), as idéias centrais que definem
esta condição de imagem são: a extrapolação dos campos de ondas provenientes da
propagação partindo da fonte sís mica e da depropagação dos dados sísmicos
registrados nos sismogramas; além do fato de que os refletores em sub-superfície
estão posicionados onde haja a coincidência entre os tempos de trânsito referentes à
propagação e à depropagação.
Para melhor ilustrar o conceito da existência de um refletor onde haja a
coincidência entre os tempos de trânsito referentes à propagação e à depropagação,
tem-se na figura 3.1-1 uma representação esquemática deste conceito. Na figura 3.1-
1 representa-se em vermelho a propagação do campo de ondas a partir da fonte
sísmica (f) deste o tempo t=0 até o tempo t=td . Nele, a frente de onda atinge o refletor
(r) no ponto A, e, em azul, representa-se a depropagação dos valores registrados no
sismograma, sendo que, neste caso devido à inversão do sentido do eixo temporal,
tem-se a depropagação do tempo total de registro t=tT até o tempo t=td .
A r
47
Matematicamente, para modelos acústicos, tem-se a seguinte
expressão para a formação da imagem em profundidade:
t =t f
I (Ω ) = ∑ u (Ω, t )β [t − T (Ω)]
Eq. 3.1-1
t =0
48
para um caso sintético em que o modelo de velocidades possui uma geometria
simples, observa-se que as imagens em profundidade apresentaram uma melhor
qualidade quando da adoção do critério da amplitude máxima. De fato, destaca-se
que o critério proposto baseado no tempo mínimo mostrou-se ineficaz na eliminação
das ondas frontais, prejudicando desta forma o imageamento.
Em termos de pseudocódigo, no critério da amplitude máxima, deve-se
verificar a seguinte expressão durante a propagação do campo de ondas para todos
os pontos do modelo de velocidades:
if (abs (u(Ω,t )) ≥ abs (ref (Ω ))) then
ref (Ω ) = u (Ω ,t )
T (Ω ) = t
endif
onde:
Ω - representa as variáveis espaciais. No caso bidimensional (2D) X e Z;
t - representa o tempo durante a depropagação do campo de ondas;
u (Ω, t) é a matriz contendo as incógnitas do problema (pressão hidrostática do
campo de ondas, no caso da modelagem sísmica utilizando operadores acústicos);
ref (Ω ) é uma matriz contendo o valor da amplitude máxima para a incógnita
em questão;
T (Ω ) é a matriz de tempo de trânsito;
Dependendo da complexidade geométrica do modelo de velocidades,
no caso da aplicação do critério da amplitude máxima para regiões distantes da
posição da fonte sísmica, as diversas reflexões e reverberações do campo de ondas
provenientes das diferenças de impedância acústica entre as interfaces, podem
interagir construtivamente nos valores das amplitudes do campo de ondas. Desta
forma, criando inúmeras descontinuidades na matriz de tempo de trânsito.
Um procedimento empregado que minimiza as reflexões decorrentes da
propagação do campo de ondas, durante a obtenção das matrizes de tempo de
trânsito, e, conseqüentemente, reduz as descontinuidades na matriz de tempo obtida
com o critério da amplitude máxima é a suavização do modelo de velocidades (ou seu
inverso, a vagarosidade), reduzindo os contrastes de impedância acústica ao longo do
modelo.
Destaca-se que, nas diversas análises realizadas ao longo deste
trabalho, serão apresentadas figuras representando as matrizes de tempo de trânsito
empregadas para a formação das imagens em profundidade, considerando-se
49
modelos matemáticos acústicos e elásticos, para as diversas grandezas adotadas
como condição de imagem.
Este novo critério, proposto pelo autor nesta tese, para a formação das
matrizes de tempo de trânsito - denominado amplitude máxima nas proximidades da
primeira quebra (first break) – obviamente como o próprio nome indica, tem por
objetivo registrar a máxima amplitude nas proximidades da primeira quebra. A grande
vantagem deste novo critério é que as matrizes de tempo de trânsito apresentam um
comportamento mais suave (contínuo), para as regiões distantes do ponto de
aplicação da fonte sísmica.
Neste caso, leva-se em conta a freqüência de corte da fonte sísmica (f c),
através da seguinte expressão (equação 3.1-2):
Tf = 2 π f c Eq. 3.1-2
50
inferior de descontinuidades, em comparação ao critério da amplitude máxima,
principalmente para as regiões distantes da fonte sísmica. Neste trabalho, advoga-se
que tal característica proporcionará a formação de imagens em profundidade nas
quais os refletores apresentem uma melhor continuidade ao longo da seção migrada.
Destaca-se que, a eficácia deste novo critério inovador proposto para a
formação das matrizes de tempo de trânsito pode ser comprovada, além dos diversos
exemplos apresentados ao longo deste trabalho, em alguns dos artigos publicados
considerando-se modelos matemáticos acústicos e elásticos . Dentre eles, destacam -
se: BULCÃO et al., 2003a e 2003b.
51
Ressalta-se que outros procedimentos podem ser empregados para a
obtenção das matrizes de tempo de trânsito (YILMAZ, 2001), como por exemplo: a
solução da equação Eikonal, Ray Tracing, etc. No caso do Ray Tracing podem-se
especificar as reflexões em determinadas interfaces, associando, desta forma, o
tempo de trânsito à primeira múltipla ou a outro evento sísmico de interesse ao qual se
deseje obter uma imagem em profundidade.
No caso geral, para todos os tipos de levantamentos sísmicos, pode-se
empregar o método do Ray Tracing e, implementada uma funcionalidade característica
deste método, selecionar o tempo de trânsito associado à onda refletida sobre uma
interface específica. Deste modo, por exemplo, para levantamentos marítimos
(offshore), pode-se obter o tempo de trânsito associado ao raio que partindo da fonte
sísmica é refletido no leito oceânico, retornando à superfície da lâmina d’água, sendo
novamente refletido em direção ao interior do modelo geológico, ou seja, pode-se
obter o tempo de trânsito associado à energia da primeira múltipla.
A seguir será exposto o esquema proposto neste trabalho pelo autor
desta tese para a obtenção das matrizes de tempo de trânsito associadas à primeira
múltipla, para o caso particular de levantamentos sísmicos com cabo de fundo
oceânico (OBC), obtidas através da aplicação de um critério sobre o campo de ondas,
durante a fase de propagação. Tal esquema introduz o conceito de fonte sísmica
virtual, que é relacionada ao tempo de trânsito da primeira múltipla. Destaca-se que
este esquema inovador é viável devido à geometria plana da interface de reflexão
associada à primeira múltipla, ou seja a interface água-ar.
Para levantamentos sísmicos com cabo de fundo oceânico (OBC) pode-
se aplicar o princípio da reciprocidade (GRAFF, 1975), deste modo, para efeito das
simulações numéricas, supõe-se que nas estações de receptores encontram -se as
fontes sísmicas e que nas posições de tiros encontram -se os receptores.
Assim, após a aplicação do princípio da reciprocidade, para registrar os
tempos de trânsito associados às ondas múltiplas provenientes da interface água-ar,
adota-se um esquema semelhante ao apresentado na figura 3.1-2, onde re-posiciona-
se a fonte sísmica, denominando-se a nova posição da fonte sísmica de fonte sísmica
virtual.
Conforme indicado na figura 3.1-2, estende-se a camada de lâmina
d’água, de modo a modelar o problema com a fonte sísmica posicionada de forma a
registrar o tempo de trânsito associado à primeira múltipla (indicado na figura pela
fonte sísmica virtual). Após a propagação e o registro da matriz de tempo de trânsito,
relacionada a este novo modelo de velocidades estendido, cortam-se as amostras da
52
matriz de tempo de trânsito referentes à camada de lâmina d’água que foi estendida,
obtendo-se uma matriz com as mesmas dimensões do modelo de velocidades original.
Interface Água-Ar
Fonte Sísmica
Leito Oceânico
Figura 3.1-2 – Esquema para o registro da matriz de tempo de trânsito relacionada à primeira
múltipla.
53
3.1.3 - Migração Reversa no Tempo Empregando a
Condição de Imagem com Correlação Cruzada
(Crosscorrelation Imaging Condition)
54
Campo
Campo dede Ondas
Ondas Ascendente
Descendentes
S R P(A)
P(D) T SP T
PR Δ
0 1 2 3 4 5 6
P(D)
P(A) T
PR Δ
6 5 4 3 2 1 0
P Receptor - R
R T
SR
Δ
T =T +T
SR SP PR
0
tempo inicial
1 2 3 4 5 6
tempo final
55
3.1.3.1 - Implementação Computacional
56
tempo t=tT parte da energia será dissipada. Deste modo, durante sua depropagação o
campo de ondas descendente não retornará exatamente as configurações iniciais e,
por conseqüência, prejudicará em demasia a qualidade da imagem em profundidade
obtida.
O esquema, apresentado por CUNHA (1992), para solucionar a questão
da dissipação de energia no campo de ondas descendentes, ocasionada pelas
condições de contorno não reflexivas e pelas camadas de amortecimento nas bordas
do modelo de velocidades, consiste em se registrar os valores das grandezas
associadas à propagação do campo de ondas (a pressão hidrostática no caso do
emprego de operadores acústicos) ao longo destas bordas do modelo de velocidades
durante a propagação do campo de ondas descendentes até o tempo t=tT e prescrevê-
las durante sua depropagação até o tempo t=0.
Uma outra solução diferente, a esta questão da dissipação de energia
nas bordas do modelo de velocidades, seria empregar o artifício de se aumentar o
modelo de velocidades de tal forma a garantir que a frente de onda do campo de
ondas descendentes não alcançaria as bordas do modelo durante a fase de
propagação, não havendo deste modo dissipação de energia e, por conseqüência, o
campo de ondas retornaria exatamente a sua configuração inicial durante a fase de
depropagação até o tempo t=0. A grande desvantagem seria o enorme aumento do
custo computacional no cálculo do campo de ondas descendentes, durante sua
propagação do tempo t=0 até t=tT e depropagação do tempo t=tT até t=0.
A fim de melhor compreender a influência desta questão da dissipação
da energia da frente de onda ao se alcançar as bordas laterais e inferiores do modelo
de velocidades serão apresentadas na figura 3.1-4 uma série de ilustrações,
representando os snapshots sobrepostos ao modelo de velocidades em determinados
instantes de tempo do campo de ondas descendentes (durante as etapas de
propagação do tempo t=0 até um instante de tempo qualquer t=tF e de depropagação
do tempo t=tF até t=0) considerando-se ou não a aplicação do esquema proposto por
CUNHA (1992). Deste modo, pode-se verificar a eficiência do esquema proposto, que
registra os valores das grandezas associadas à etapa de propagação do campo de
ondas descendentes (deslocamento da partícula, para a equação escalar da onda) ao
longo das bordas do modelo de velocidades e prescrevendo-os durante a etapa de
depropagação do campo de ondas descendentes.
57
t=0.5 s t=0.5 s
t=1.5 s t=1.5 s
t=2.5 s t=2.5 s
t=1.5 s t=1.5 s
t=0.5 s t=0.5 s
58
Conforme se pode observar na figura 3.1-4, a energia dissipada devido
à aplicação das condições não reflexivas e da camada de amortecimento, aplicadas
ao longo das bordas laterais e inferior do modelo de velocidades para simular meios
infinitos, altera, significativamente, a configuração do campo de ondas descendentes
durante a fase de depropagação. O esquema empregado, registrando os valores das
grandezas associadas ao campo de ondas na fase de propagação para,
posteriormente, prescrevê-las durante a fase de depropagação, mostrou-se
extremamente eficiente.
A não adoção de um esquema para re-introduzir a energia dissipada
pelas bordas não reflexivas do modelo de velocidades, neste exemplo (conforme
exposto na figura 3.1-4), alterou significantemente a configuração do campo de ondas
descendentes. Na figura 3.1-5, apresentam-se as imagens em profundidade, obtidas
através da correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, referentes aos dois esquemas apresentados na figura 3.1-4 para o
campo de ondas descendentes, deste modo, pode-se verificar sua influência na
resposta final deste método de Migração Reversa no Tempo considerando operadores
acústicos .
59
do campo de ondas descendentes, tendo-se, então, sua energia dissipada pela
condição de contorno imposta.
Segundo o trabalho apresentado por CUNHA (1992), o procedimento de
prescrição dos valores registrados durante a fase de propagação do campo de ondas
descendentes, também pode ser re-introduzido durante a fase de depropagação do
campo de ondas ascendentes. Tal aplicação certamente é bastante vantajosa para a
obtenção de imagens em profundidade com elevada qualidade, pois neste caso os
campos de ondas ascendentes e descendentes não apresentariam problemas devido
à dissipação de energia, em função do emprego de condições de contorno utilizadas
para simular domínios infinitos.
Para a aplicação em dados sísmicos reais do procedimento de
prescrição dos valores registrados na fase de propagação, durante a depropagação do
campo de ondas ascendentes, deve-se ter em mente que a distribuição da fonte
sísmica utilizada na simulação numérica, na fase de propagação do campo de ondas
descendentes, deve corresponder à distribuição da fonte sísmica real empregada no
levantamento sísmico (principalmente no que diz respeito aos valores de amplitude).
Esta condição garante que, durante a depropagação do campo de ondas ascendentes,
não se estará re-introduzindo valores das grandezas referentes ao campo de ondas
com distribuições e amplitudes incompatíveis com os valores que seriam registrados
no caso real do levantamento sísmico.
Existem diversos fatores que dificultam a tarefa de estimar a distribuição
da fonte sísmica real empregada no levantamento sísmico. Dentre eles, destacam -se
os diversos processamentos aplicados aos sismogramas (como por exemplo: filtros e
“mutes”), além do fato de que, para tal fim, deve-se conhecer os valores das
velocidades de propagação do meio, entre a fonte sísmica e os receptores, para, a
partir dos dados registrados para a onda direta, estimar-se a distribuição da fonte
sísmica real.
Nas aplicações apresentadas nos capítulos posteriores deste trabalho
utilizando este esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de
imagem com correlação cruzada, tanto para dados sísmicos sintéticos ou reais, não se
adotou o esquema de prescrição dos valores registrados na fase de propagação do
campo de ondas descendentes durante a fase de depropagação do campo de ondas
ascendentes. Neste trabalho adotou-se apenas a prescrição dos valores registrados
durante a fase de depropagação do campo de ondas descendentes.
A implementação computacional empregada nos softwares
especialmente desenvolvidos pelo autor desta tese, através deste esquema de
Migração Reversa no Tempo utilizando a correlação cruzada para a obtenção das
60
imagens em profundidade para modelos geológicos bidimensionais (2D), tanto para
operadores acústicos quanto elásticos, empregando os conceitos da computação em
paralelo se divide em três programas que se comunicam entre si através das
bibliotecas do PVM (Paralel Virtual Machine). São eles:
1) Programa master_migcrl – responsável pelo gerenciamento e sincronização
da execução dos programas escravos (slaves) e por realizar a correlação cruzada,
entre os campos de ondas ascendentes e descendentes, para a formação das
imagens em profundidade;
2) Programa slave_des – responsável pelo cálculo do campo de ondas
descendentes, desde sua propagação do tempo t=0 até o tempo t=tT e sua posterior
depropagação do tempo t=tT até t=0. Durante a propagação, do tempo t=0 até t=tT,
são registradas as informações nas bordas laterais e inferiores do modelo de
velocidades, e quando da fase de depropagação, do tempo t=tT até t=0, tais valores
são prescritos. A execução deste programa está subordinada às requisições enviadas
pelo programa master_migcrl;
3) Programa slave_asc – responsável pelo cálculo do campo de ondas
ascendentes, do tempo t=tT até o tempo t=0. Sua execução também está subordinada
às requisições enviadas pelo programa master_migcrl.
Maiores detalhes sobre as funcionalidades e recursos dos programas
desenvolvidos pelo auto deste trabalho para a realização da Migração Reversa no
Tempo empregando a condição de imagem com correlação cruzada para modelos
geológicos bidimensionais (2D), tanto para operadores acústicos quanto para
operadores elásticos, podem ser obtidos no Apêndice D.
61
profundidade, algumas delas contendo idéias inovadoras propostas nesta tese. Com o
intuito de ilustrar o comportamento dos diversos critérios selecionados para serem
implementados nos programas de migração desenvolvidos pelo autor deste trabalho,
apresentam-se os traços sísmicos registrados durante as fases de propagação e
depropagação dos campos de ondas ascendentes e descendentes. As aplicações dos
diversos critérios para a correlação cruzada de tais traços sísmicos fornecerão os
valores a serem associados aos diferentes painéis das imagens em profundidade.
Na figura 3.1-6 apresenta-se o modelo de velocidades (não suavizado)
empregado para a propagação e depropagação do campo de ondas, a posição da
fonte sísmica (indicada pelo ponto em vermelho) e as posições dos pontos A, B e C
que terão seus valores de amplitudes registrados para os campos de ondas
ascendentes e descendentes.
62
Campo de Ondas
Descendentes
2.75 2.25 1.75 1.25 0.75 0.25
Ponto A
Campo de Ondas
Ascendentes
Campo de Ondas
Ascendentes
Campo de Ondas
Ascendentes
63
campo de ondas descendentes. Os valores registrados são prescritos durante a
depropagação do campo de ondas, como condição de contorno essencial, no sentido
inverso do tempo em que foram registrados. Neste exemplo, tanto para a propagação
como para a depropagação, utilizou-se a denominada equação acústica da onda.
Observa-se na figura 3.1-7, que as configurações dos traços sísmicos
referentes aos pontos A e B (posicionados sobre interfaces do modelo de velocidades)
apresentam uma certa semelhança entre o campo de ondas ascendentes e
descendentes, principalmente, nas proximidades da primeira quebra (indicada pelo
ponto de amplitude máxima no campo de ondas ascendentes). Tal semelhança é
ainda mais evidente no ponto A, que devido a sua proximidade com a borda superior
do modelo de velocidades (onde os valores foram registrados) o campo de ondas
ascendentes não sofre tanto a influência da ausência da energia que deveria ser re-
introduzia devido às demais bordas do modelo.
A imagem em profundidade, de acordo com texto descrito
anteriormente, será o resultado da correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, considerando-se o deslocamento nulo entre os tempos
dos campos de ondas (isto é, zero lag crosscorrelation). Matematicamente tem-se:
t = tT
I 0 (Ω ) = ∑ A(Ω, t )D(Ω , t ) Eq. 3.1-4
t =0
64
negativo, tal parcela não contribui construtivamente no valor da expressão da
correlação cruzada.
Por analogia ao raciocínio apresentado no parágrafo anterior, propõem-
se - de forma inovadora nesta tese - dois novos critérios para a formação de imagens
em profundidade levando-se em conta a fase dos campos de ondas ascendentes e
descendentes. Destaca-se que as expressões propostas pelo autor, referem-se à
possibilidade dos sinais estarem ou não em fase. Assim, m atematicamente tem-se:
t =tT
⎧ A(Ω , t )D(Ω, t ) if A(Ω , t )D(Ω, t ) > 0
I 1 (Ω ) = ∑ ⎨ Eq. 3.1-5
t= 0 ⎩ 0 if A(Ω, t )D(Ω , t ) ≤ 0
t = tT
⎧ 0 if A(Ω , t )D(Ω , t ) ≥ 0
I 2 (Ω ) = ∑ ⎨ Eq. 3.1-6
t =0 ⎩ A(Ω, t )D (Ω, t ) if A(Ω , t )D (Ω , t ) < 0
E A (Ω )ED (Ω )
65
domínio da freqüência os valores de amplitude do campo de ondas descendentes
encontram-se dividindo os valores de amplitude do campo de ondas ascendentes.
Em VALENCIANO (2002) é apresentada uma expressão similar a
propostas por JACOBS (1982), formulada no domínio do tempo, e uma nova
expressão denominada condição de imagem amortecida (damped imaging condition),
onde se adiciona um fator proporcional à amplitude do campo de ondas descendente
de forma a se evitar a divisão por um valor nulo. Respectivamente, as expressões I 4
e I 5 , apresentadas a seguir:
t = tT
A(Ω , t )D(Ω, t )
I 4 (Ω ) = ∑ Eq. 3.1-9
D(Ω, t ) + ε 2
2
t =0
t =t T
A(Ω, t )D(Ω, t )
I 5 (Ω ) = ∑ Eq. 3.1-10
D(Ω, t ) + wε 2
2
t =0
66
⎧ A(Ω, t )D(Ω, t )
⎪ Eq. 3.1-12
t = tT ⎪ D (Ω , t ) + ε
2 2 if A(Ω, t )D(Ω, t ) > 0
⎪
I 7 (Ω ) = ∑ ⎨
t =0 ⎪
0 if A(Ω, t )D(Ω, t ) ≤ 0
⎪
⎪⎩
⎧
⎪ 0 if A(Ω, t )D (Ω, t ) ≥ 0
Eq. 3.1-13
t =t T ⎪
⎪
I 8 (Ω ) = ∑ ⎨
t = 0 ⎪ A(Ω , t )D (Ω , t )
if A(Ω, t )D (Ω, t ) < 0
⎪
⎩⎪ D (Ω, t ) + ε
2 2
0.7500
0.5000
0.2500
0.0000
-0.2500
-0.5000
-0.7500
-1.0000
67
amplitudes existentes entre os pontos que estão ou não sobre os refletores do modelo
de velocidades.
De acordo com a figura 3.1-8, lembrando-se que somente os pontos A e
B estão sobre um refletor no modelo de velocidades (vide figura 3.1-6), pode-se tecer
os seguintes comentários:
1) Os melhores resultados, levando-se em conta o contraste das amplitudes,
foram obtidos pelas expressões: I0 , I1 , I3 , I6 , I7 . Destacando-se o excelente resultado
alcançado pela expressão I6 (contribuição original desta tese), pois, neste caso, o valor
de amplitude para o ponto C está próximo de zero e apresentando uma diferença de
sinal em relação aos pontos A e B que alcançaram valores acima de 0.75;
2) O resultado da expressão I2 , referente ao critério proposto pelo autor desta
tese que leva em consideração o caso em que os campos de ondas ascendentes e
descendentes não estejam em fase, no ponto C apresentou um valor elevado de
amplitude e para os pontos A e B (que estão sobre refletores) valores inferiores.
Destaca-se que analisando o contraste entre os valores dos pontos A, B e C, é
possível diferenciar os pontos que estão ou não sobre os refletores do modelo de
velocidades; e,
3) Com o resultado apresentado pela expressão I8 , para este conjunto de
pontos A, B e C, não mostrou uma diferenciação nos valores de amplitude capaz de
dar indícios de suas posições sobre o modelo de velocidades.
Dando prosseguimento à análise dos traços sísmicos apresentados na
figura 3.1-7, referente aos pontos A, B e C, vislumbra-se uma alternativa para melhor
correlacionar as informações referentes aos campos de ondas ascendentes e
descendentes. Esta alternativa leva em conta um intervalo de tempo centrado em
relação ao ponto de amplitude máxima do campo de ondas descendentes. Adotando-
se esta filosofia, restringem-se os intervalos de aplicação dos critérios de condição de
imagem, apresentados anteriormente, para regiões próximas a um instante de tempo
de referência para cada um dos pontos do grid que compõe a discretização do
problema.
Pode-se empregar a matriz de tempo de trânsito, obtida através da
aplicação de algum dos critérios apresentados anteriormente, como por exemplo o
critério da amplitude máxima (vide itens 3.1.2.1.1 a 3.1.2.1.3), a fim de se obter os
intervalos de tempo para cada um dos pontos do grid nos quais as expressões de
condição de imagem empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes serão avaliadas.
A priori, sabe-se todas as informações referentes à fonte sísmica
sintética, tal como a freqüência de corte, pois tais informações são necessárias para a
68
obtenção do campo de ondas descendentes. O período da fonte sísmica pode ser
utilizado como uma alternativa para melhor definir os intervalos ao redor do instante de
tempo de referência aos quais serão aplicadas as expressões de condição de imagem
empregando a correlação cruzada.
Os traços sísmicos referentes aos pontos A, B e C serão utilizados para
melhor ilustrar o esquema proposto nos parágrafos anteriores para a formação de
imagens em profundidade. Na tabela 3.1-1 têm-se os resultados da aplicação do
critério da amplitude máxima em tais traços e os intervalos de tempo iniciais e finais
que serão empregados nas expressões de correlação entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, considerando-se um intervalo de tempo de 0.3
segundos.
69
Campo de Ondas
Descendentes
0.96 0.91 0.86 0.81 0.76 0.71 0.66
Ponto A
Campo de Ondas
Ascendentes
Campo de Ondas
Ascendentes
Campo de Ondas
Ascendentes
70
Tempo empregando a condição de imagem de tempo de excitação. Isto porque neste
esquema considera-se a correlação cruzada dos campos de ondas ascendentes e
descendentes em um intervalo em torno da matriz de tempo de trânsito, adotada como
referência para a formação da imagem em profundidade e não o valor do campo de
ondas ascendentes correspondente ao tempo de trânsito, ou seja, emprega-se uma
espécie de média ponderada ao invés de um único valor.
Na figura 3.1-10 apresentam-se os resultados obtidos referentes aos
pontos A, B e C, normalizados, utilizando-se o maior valor em módulo do resultado
calculado para os três pontos, advindos da aplicação de cada uma das expressões
propostas anteriormente, como condição de imagem empregando a correlação
cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes, levando-se em
conta os intervalos de tempo iniciais e finais para a correlação cruzada dos dados, de
acordo com a tabela 3.1-1.
0.7500
0.5000
0.2500
0.0000
-0.2500
-0.5000
-0.7500
-1.0000
Figura 3.1-10 - Resultados normalizados para a aplicação de cada uma das expressões
propostas como condição de imagem empregando a correlação cruzada entre
os campos de ondas ascendentes e descendentes, considerando a utilização
de operadores acústicos (Equação Escalar da Onda), levando-se em conta os
intervalos de tempo expressos na tabela 3.1-1.
71
Teoricamente, há um outro recurso capaz de melhorar ainda mais a
qualidade das imagens em profundidade obtidas com este esquema de Migração
Reversa no Tempo, empregando como condição de imagem a correlação cruzada
entre os campos de ondas ascendentes e descendentes. Tal recurso, proposta
inovadora desta tese, baseia-se em esquemas que determinam a direção de
propagação do campo de ondas (vide Apêndices C), pois com isto consegue-se
separar as frentes de ondas cuja direção de propagação realmente é capaz de
contribuir para o imageamento sísmico.
O recurso, sugerido pelo autor desta tese, da separação da direção de
propagação será aplicado apenas ao campo de ondas descendentes, pois a
configuração deste campo de ondas, oriundo da propagação a partir da fonte sísmica,
não é suscetível a interferências provenientes da aplicação de esquemas de
interpolação, filtros e demais processamentos que são usualmente aplicados aos
dados sísmicos registrados nos sismogramas . Devido a estes processamentos que
são aplicados aos sismogramas o campo de ondas ascendentes é mais sujeito a uma
série de fatores que podem distorcer sua configuração durante a depropagação, isto
sem levar em conta as incoerências inerentes aos erros existentes no modelo de
velocidades utilizado.
Obviamente, que no caso da aplicação dos esquemas de migração
sísmica em dados sísmicos reais, ou seja, os sismogramas são registrados in situ e
não através de simulações numéricas, como no caso de dados sísmicos sintéticos,
não se tem o conhecimento de todas as informações necessárias para a construção
de um modelo de velocidades que contemple toda a complexidade presente no
modelo geológico real.
O campo de ondas descendentes, por outro lado, possui todos os
parâmetros necessários para que sua configuração seja perfeitamente controlável,
pois é obtido unicamente através da aplicação do método numérico de solução da
equação diferencial (utilizada na simulação dos problemas de propagação de ondas) e
é calculado considerando o modelo de velocidades proposto.
Então, a fim de melhorar ainda mais a qualidade das imagens em
profundidade obtidas, pode-se aplicar os esquemas que computam a direção de
propagação do campo de ondas sobre o campo de ondas descendentes, antes da
aplicação dos critérios apresentados para a obtenção das imagens em profundidades,
através da correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes. Tal procedimento constitui uma das contribuições inovadoras desta
tese.
72
A aplicação do recurso da separação da direção de propagação do
campo de ondas descendentes pode também ser utilizado em conjunto com o
procedimento que correlaciona os campos de ondas ascendentes e descendentes,
levando-se em conta os intervalos iniciais e finais oriundos da matriz de tempo de
trânsito.
Tem-se na figura 3.1-11 um organograma contendo as quatro
alternativas possíveis de serem executadas com todos os recursos e procedimentos
apresentados ao longo deste tópico, algumas delas contendo inovações proposta pelo
autor nesta tese. O objetivo de tal figura é consolidar as diferentes possibilidades de
execução dos esquemas de Migração Reversa no Tempo, empregando a correlação
cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes como condição de
imagem.
73
3.2 – Migração Reversa no Tempo Utilizando Operadores
Acústicos
Modelagem Acústica
Modelagem Elástica
Figura 3.2-1 - Representação dos diferentes tipos de dados sísmicos nos quais a
metodologia de Migração Reversa no Tempo empregando operadores
acústicos deve, preferencialmente, ser aplicada.
74
Destaca-se que, no caso do emprego de dados sísmicos sintéticos,
deve-se priorizar a aplicação dos esquemas de Migração Reversa no Tempo
utilizando-se modelos matemáticos com um grau menor, ou no máximo idêntico, de
simplificações na simulação do fenômeno da propagação de ondas do que aquele
empregado durante a modelagem sísmica que originou tais dados sísmicos sintéticos.
Quando se emprega o esquema de Migração Reversa no Tempo,
associado a um determinado tipo de onda sísmica, como no caso da adoção de
operadores acústicos onde o modelo de velocidades está associado somente às
ondas compressionais (P-waves), os demais tipos de ondas sísmicas presentes nos
dados sísmicos de entrada serão tratados como ruídos.
Tal peculiaridade, expressa no parágrafo anterior, torna-se evidente no
caso da aplicação dos esquemas de Migração Reversa no Tempo utilizando
operadores acústicos em dados sísmicos reais, ou em dados sintéticos oriundos da
modelagem sísmica empregando modelos matemáticos onde são previstos outros
tipos de ondas sísmicas, bem como a interação entre elas (como o modelo
matemático resultante da Equação Elástica da Onda), pois as ondas que não são
contempladas pelo modelo matemático empregado na migração são tratadas como
ruídos.
Destaca-se que, mesmo no caso da aquisição convencional em
modelos marítimos utilizando-se hidrofones para registrar a pressão acústica, tem-se a
presença de sinais provenientes das conversões entre os diferentes tipos de ondas
(como as compressionais e cisalhantes, respectivamente P-waves e S-waves)
registradas nos sismogramas, pois quando da passagem da frente de onda pelo leito
oceânico há a conversão para o modo de onda compressional (P-wave) que é
registrado pelos dispositivos de registro (hidrofones).
Uma das maneiras de se utilizar tais ondas que são tratadas como
ruídos pelos esquemas de Migração Reversa no Tempo empregando operadores
acústicos é a adoção de modelos matemáticos capazes de contemplá-las, como no
caso abordado no tópico seguinte, seção 3.3, que emprega operadores elásticos junto
aos esquemas desenvolvidos de Migração Reversa no Tempo.
75
3.3 – Migração Reversa no Tempo Utilizando Operadores
Elásticos
76
Comumente na prática, observa-se que há uma degradação maior na
resolução das imagens relacionadas aos modos de ondas convertidas, do que as
imagens relacionadas a eventos associados unicamente ao modo de ondas
compressionais (MJELDE et al., 2002). Existem alguns fatores que contribuem para
este fato, tais como: i) Diferenças na forma de absorção de energia (amortecimento)
associada ao modo de ondas cisalhantes em relação ao modo de ondas
compressionais; ii) Tendência de maior complexidade do campo de ondas relacionado
às ondas convertidas (o que – de maneira geral - dificulta o imageamento); iii) As
amplitudes de tais ondas convertidas podem ter a mesma ordem de grandeza do ruído
associado ao levantamento sísmico, deste modo, tem-se elevadas relações sinal/ruído
quando comparado ao modo de onda compressional.
Existem determinadas situações geológicas nas quais tem-se a
presença de camadas contendo um alto contraste de impedância acústica, com isto
grande parte da energia é refletida nesta interface, além de favorecer a conversão
entre os diferentes modos de ondas. Podem ainda haver situações nas quais o
coeficiente de reflexão para a passagem das ondas cisalhantes (S-waves) seja menor
que o coeficiente de reflexão para as ondas compressionais (P-waves), desta forma o
modo de onda cisalhante poderá proporcionar um melhor imageamento de tais
estruturas.
As estruturas geológicas formadas ao redor de um domo salino pode
ser um exemplo onde se encontre situação descrita no parágrafo anterior, na qual o
modo de ondas cisalhantes (S-waves) pode contribuir significativamente para a
melhoria na qualidade do imageamento de estruturas que estejam abaixo de uma
interface contendo um alto coeficiente de reflexão. Em modelos geológicos contendo
domos salinos, um grande desafio para a indústria petrolífera é a obtenção da imagem
dos refletores que se encontrem abaixo de sua base.
Outra vantagem – ressaltada na literatura especializada – com relação
ao emprego de ondas convertidas associadas ao modo de onda cisalhante (S-wave), é
com relação à caracterização de reservatórios de fluídos e/ou de gases, pois - quando
da passagem da frente de ondas por tais regiões - observam-se anomalias de
amplitudes associadas às conversões entre os diferentes modos de ondas (MJELDE
et al., 2002; YILMAZ, 2001 e BEVC et al., 2000).
Na conversão dos diferentes tipos de ondas, por exemplo: ondas
compressionais (P-wave) em cisalhantes (S-wave), devido à passagem da frente de
onda sobre uma interface entre dois meios contendo propriedades físicas diferentes, o
ângulo de reflexão da onda convertida refratada pode ser menor que o ângulo de
reflexão da onda não convertida. Este fato pode proporcionar que a energia da onda
77
convertida possa ser captada pelas estações de receptores, podendo, então, contribuir
para melhorar o imageamento deste refletor. A figura 3.3-1 ilustra esta idéia.
Onda P Onda S
Incidente Convertida
Onda P
Refletida
78
conforme proposto por SUN et al. (2001), depropaga-se o campo de ondas utilizando
operadores elásticos e, somente a uma dada profundidade de referência (datum), é
que são aplicados tais operadores de forma a efetuar a separação do campo de
ondas.
Segundo SUN et al. (1999 e 2001b), após esta separação do campo de
ondas elásticas existem duas alternativas: na primeira delas aplicam-se os esquemas
de Migração Sísmica referenciando-se a nova profundidade de referência (datum) e,
na segunda alternativa, faz-se uma propagação do campo de ondas escalares até a
posição de registro dos dados sísmicos, aplicando-se em seguida os procedimentos
de migração. No anexo I.4 deste trabalho, apresenta-se uma aplicação na qual os
resultados são obtidos seguindo-se a primeira das opções proposta neste parágrafo.
Para a simulação numérica dos problemas envolvendo a propagação de
ondas elásticas, conforme exposto no capítulo 2 (enfocando a Modelagem Sísmica),
existem diversas alternativas nas quais emprega-se o Método das Diferenças Finitas
(FARIA, 1993; KELLY, et al., 1990; dentre outros). Neste trabalho, adota-se o
esquema proposto por VIRIEUX (1984 e 1986) e, posteriormente, modificado por
LEVANDER (1988). Tal esquema possui uma importante característica que é a
capacidade de simular a presença de um meio contendo a velocidade de propagação
para a onda cisalhante (S-wave) como tendo um valor nulo (ou seja, VS=0). Deste
modo, modelando o acoplamento entre meios de propagação acústicos (VS=0) e
elásticos (VS≠0).
Assim, com o emprego desta metodologia torna-se possível o
desenvolvimento de esquemas de Migração Elástica Reversa no Tempo empregando
operadores elásticos que se apliquem a modelos geológicos marítimos (offshore). Em
tais esquemas, também é factível sua aplicação a dados sísmicos oriundos de
modelos marítimos (offshore), obtendo-se de imagens em profundidade provenientes
da propagação dos diferentes tipos de ondas elásticas e de suas conversões, nos
quais os dados sísmicos foram adquiridos através de levantamentos convencionais
(registrando-se apenas a pressão acústica com o auxílio de hidrofones).
Devido à generalidade da metodologia proposta, diversos tipos
diferentes de aquisição de dados sísmicos poderão ser tratados, de tal forma que se
obtenha imagens em profundidade. Dentre os principais tipos de aquisição nos quais
a metodologia poderá ser empregada diretamente, destacam-se: levantamentos
sísmicos marítimos convencionais; levantamentos sísmicos com cabo de fundo
oceânico (Ocean Botton Cable); levantamentos sísmicos multicomponentes em
modelos geológicos terrestres (onshore) ou marítimos (offshore), dentre outros.
79
Destaca-se que existe um grande leque de possibilidades para o
tratamento de dados sísmicos elásticos , quando se objetiva a determinação de
imagens em profundidade. Tais opções podem envolver diferentes tipos de esquemas
de Migração Sísmica, utilizando operadores acústicos e/ou elásticos, conforme pode
ser comprovado pela extensa lista de tipos, especificada na literatura especializada.
Neste trabalho, abordam-se apenas alguns esquemas de Migração Reversa no Tempo
utilizando dois tipos distintos de condição de imagem , envolvendo o tempo de
excitação (item 3.1.2) e a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes
e descendentes (item 3.1.3).
A seguir, apresentam-se alguns tópicos que abordam determinadas
particularizações propostas para a metodologia exposta na seção 3.1, referente aos
esquemas de Migração Reversa no Tempo, para o caso da adoção do modelo
matemático expresso pela Equação Elástica da Onda e da utilização do esquema de
discretização – através do Método das Diferenças Finitas – baseado no trabalho
proposto por VIRIEUX (1984 e 1986) (vide capítulo 2).
Além destes tópicos, destaca-se que o esquema de Migração Reversa
no Tempo que emprega a condição de imagem com correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes (vide item 3.1.3), pode-se empregar
um recurso adicional, uma das contribuições originais desta tese, que se baseia em
procedimentos que determinam a direção de propagação do campo de ondas. A
metodologia utilizada para tal fim, para o caso dos campos de ondas serem regidos
pela Equação Elástica da Onda (operadores elásticos), é apresentada no Apêndice C.
80
Conforme exposto anteriormente no capítulo 2, a Equação Elástica da
Onda, que rege os fenômenos da propagação da onda em meios elásticos, de acordo
com a metodologia empregada neste trabalho, recai em um sistema de equações
expresso em termos das velocidades das partículas e das componentes do tensor de
tensões (vide equação 2.3-4). Considerando o sistema de equação resultante,
propõe-se que as imagens em profundidade, determinadas a partir da aplicação dos
esquemas de Migração Reversa no Tempo em modelos bidimensionais (2-D), poderão
estar relacionadas às seguintes grandezas elásticas :
o Velocidade das partículas ao longo das direções coordenadas X e Y,
respectivamente Vx e Vy ;
o Componentes do tensor de tensões, para o caso bidimensional (2D), tem-se:
τ xx , τ xy e τ yy ;
o Campos de ondas compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves),
determinados – respectivamente – a partir da separação do campo de ondas
elásticas com a aplicação dos operadores divergente e rotacional;
o Tensão normal máxima σ 1 ;
81
divergente e rotacional sobre o campo de deslocamento das partículas. A formulação
matemática é dada de acordo com as seguintes expressões (WAPENAAR et al. 1987;
CUNHA, 1992; ZHE et al. 1993 e 1997; SUN et al. 2001b; dentre outros):
⎛ ∂u ∂v ⎞ Eq. 3.3-1
P = ⎜⎜ + ⎟⎟
⎝ ∂x ∂y ⎠
⎛ ∂v ∂u ⎞ Eq. 3.3-2
S = ⎜⎜ − ⎟⎟
⎝ ∂x ∂y ⎠
Sendo:
u ev– respectivamente, as componentes nas direções coordenadas X e Y
do campo vetorial de deslocamentos;
PeS– campos escalares (potenciais) cujos valores de amplitude estão
associados, respectivamente, as ondas compressionais (P-waves) e
cisalhantes (S-waves).
Destaca-se que tais expressões (equações 3.3-1 e 3.3-2) são válidas
somente para os casos bidimensionais (2D), nos quais os meios de propagação
elásticos são supostos homogêneos e isotrópicos. Para os casos tridimensionais (3D),
o leitor interessado pode se reportar ao recente trabalho apresentado por SUN et al.
(2004).
No presente trabalho, na determinação do campo de ondas
compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves), respectivamente, através da
aplicação das equações 3.3-1 e 3.3-2, no lugar das componentes do campo vetorial de
deslocamentos empregam-se as componentes da velocidade das partículas ao longo
das direções coordenadas, devido à metodologia empregada para a simulação
numérica dos problemas associados a Equação Elástica da Onda (vide capítulo 2).
Deste modo, nas simulações numéricas apresentadas, na realidade os
campos escalares (potenciais), denominados P e S, representando – respectivamente
– os campos de ondas compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves) encontram -
se derivados em relação ao tempo.
Considerando-se nos casos bidimensionais (2D) um estado plano de
tensões, pode-se definir as tensões principais σ 1 e σ 2 , além da tensão cisalhante
2 Eq. 3.3-3
τ xx + τ yy ⎛ τ − τ yy ⎞
σ 1 ,σ 2 = ± ⎜⎜ xx ⎟⎟ + τ xy2
2 ⎝ 2 ⎠
82
2 Eq. 3.3-4
⎛ τ −τ ⎞
τ max = ± ⎜⎜ xx yy ⎟⎟ + τ xy2
⎝ 2 ⎠
Onde :
τ xx , τ xy e τ yy representam as componentes do tensor de tensões.
1 Eq. 3.3-5
2 V∫ i i
κ = v v ρdV
Sendo:
κ – representa a energia cinética;
vi – as componentes do vetor velocidade da partícula;
V– o volume do meio;
ρ - a densidade do meio.
Uma vez apresentada as grandezas elásticas que – neste trabalho –
estarão associadas às imagens em profundidade, determinadas a partir da aplicação
dos diversos esquemas de Migração Reversa no Tempo utilizando operadores
elásticos (algumas delas originalmente propostas nesta tese pelo autor), a seguir
serão feitos alguns comentários específicos com relação ao seu emprego junto a tais
esquemas, quando estes empregam a condição de imagem de tempo de excitação
(item 3.1.2) e a condição de imagem com correlação cruzada entre os campos de
ondas ascendentes e descendentes (item 3.1.3).
No que diz respeito ao esquema de Migração Sísmica utilizando
operadores elásticos que adota a condição de imagem de tempo de excitação (vide
item 3.1.2), conforme comentários anteriores, existem diferentes alternativas para a
determinação das matrizes de tempo de trânsito. Segundo a filosofia adotada neste
83
trabalho, para algumas das grandezas elásticas apresentadas anteriormente há a
possibilidade do emprego dos diversos critérios que podem ser aplicados durante a
fase de propagação do campo de ondas utilizando o modelo matemático regido pela
Equação Escalar da Onda.
Tendo-se em mente o parágrafo anterior, apresentam-se na tabela 3.3-1
os tipos de modelos matemáticos que são utilizados - neste trabalho - na
determinação das matrizes de tempo de trânsito, além da nomenclatura adotada para
as imagens em profundidade obtidas, quando da aplicação do esquema de Migração
Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de excitação.
PP – MTT AC;
compressionais (VP)
PS – MTT AC;
PS Modulo – MTT AC
SS – MTT AC;
cisalhantes (VS)
SS Módulo – MTT AC;
SP – MTT AC;
PP – MTT EL;
PS – MTT EL;
PS Módulo – MTT EL
compressionais (VP)
SS – MTT EL;
cisalhantes (VS)
Tal Máximo ;
Sigma 1 Máximo;
Eng. Cinética Máxima;
TXX; TYY;
TXY; TXY Módulo;
VX; VX Módulo; VY;
84
durante a fase de depropagação do campo de ondas (vide item 3.1.2).
A origem de tal conjunto de imagens associadas aos modos de ondas
compressionais (P) e cisalhantes (S), obtidos através da separação do campo de
ondas elásticas (respectivamente, equações 3.3-1 e 3.3-2), pode ser explicada pela
conversão existente entre os diferentes modos de ondas quando a frente de onda
elástica atinge um determinado refletor. Nestes casos, tais condições de imagens
visam a formação de imagens em profundidade associados a estes modos de ondas
convertidas, adotando-se uma determinada matriz de tempo de trânsito como tempo
de referência a este evento sísmico.
No caso do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a
condição de imagem com correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes
e descendentes – utilizando operadores elásticos – aplicam-se algumas das
expressões para a correlação entre os campos (apresentadas no item 3.1.3.2), para
cada uma das grandezas elásticas explicitadas neste tópico, para associá-las à
determinada imagem em profundidade.
85
dados nos quais é representado – de forma vetorial – o campo de deslocamentos,
sendo então prescrito durante a fase de depropagação do campo de ondas. Tal
metodologia é proposta no trabalho apresentado por CUNHA (1992), considerando
o caso convencional de levantamentos marítimos utilizando streamers, onde os
dados sísmicos são registrados em uma linha sísmica por um único cabo
(contendo os hidrofones) a uma mesma profundidade;
o Na segunda alternativa, proposta pelo autor desta tese, durante a fase de
depropagação do campo de ondas pelos esquemas de Migração Reversa no
Tempo utilizando operadores elásticos (Equação Elástica da Onda), prescrevem-
se os dados sísmicos registrados de forma similar com que são prescritas as
fontes sísmicas explosivas, utilizando as componentes referentes às tensões
normais, no caso bidimensional (2D) τ xx e τ yy (vide seção 2.3, mais
86
emprega-se o esquema proposto por VIRIEUX (1984 e 1986) e, posteriormente,
modificado por LEVANDER (1988), no qual o sistema de equações é expresso em
termos das componentes de velocidades e do tensor de tensões (vide capítulo 2).
Outro tipo de levantamento sísmico que merece destaque, quando da
aplicação de esquemas de Migração Sísmica nos quais são utilizados a Equação
Elástica da Onda, é o caso de levantamentos de perfis sísmicos verticais (comumente
denominado VSP, Vertical Seismic Profile) em modelos geológicos marítimos
(offshore). Neste tipo de levantamento, as ondas sísmicas – geradas através de
fontes sísmicas dispostas ao longo da superfície de modelo – são registradas por
receptores posicionados em diferentes profundidades no interior de um poço.
No caso de tais levantamentos sísmicos serem realizados em modelos
geológicos marítimos (offshore) e os dados terem sido registrados empregando
receptores multicomponentes (onde são adquiridos dados sísmicos referentes a cada
uma das direções coordenadas), HOKSTAD (1998) apresenta uma metodologia na
qual utiliza-se o Princ ípio da Reciprocidade (GRAFF, 1975) no tratamento dos dados
sísmicos, de forma a inverter o posicionamento de fontes e receptores, transformando
o dado sísmico registrado - referente a cada uma das direções coordenadas – em
valores relacionados a uma pseudopressão hidrostática.
De acordo com HOKSTAD (1998), tais valores de pseudopressão são
os valores que seriam registrados caso fosse empregada uma fonte sísmica direcional
(posicionada sobre a estação de receptores do levantamento sísmico) e os dados
sísmicos fossem registrados nas posições dos pontos de tiro (ou seja, emprega-se o
Princípio da Reciprocidade para inverter os posicionamentos de fontes e receptores).
Na expressão que relaciona a pseudopressão com os dados sísmicos registrados no
interior do poço, emprega-se o módulo de compressão (bulk modulus) referente à
água.
87
podem ser empregadas para a formação das imagens em profundidade. Ao longo
deste item, serão abordadas algumas alternativas existentes para a análise e o
tratamento destes resultados.
Ressalta-se que, em algumas grandezas elásticas a mudança de
polaridade (fase) é decorrente da própria natureza vetorial de tais grandezas. Tal
característica permanece registrada nas imagens em profundidade quando da
aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de
imagem de tempo de excitação, pois neste esquema de migração os valores das
amplitudes das grandezas elásticas são responsáveis pela formação das imagens em
profundidade.
No caso do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a
condição de imagem na qual utiliza-se a correlação cruzada entre os campos de
ondas ascendentes e descendentes, vide item 3.1.3, a aplicação das expressões que
realizam a correlação cruzada automaticamente tratam este problema da mudança de
polaridade em relação à posição da fonte sísmica, pois em tais expressões computam -
se o produto entre os campos de ondas.
Neste trabalho, segundo a metodologia empregada, utiliza-se o
esquema proposto por VIRIEUX (1986) e, posteriormente, modificado por LEVANDER
(1988) (vide capítulo 2), quando adota-se modelo matemático regido pela Equação
Elástica da Onda. Deste modo, quando emprega-se a condição de imagem de tempo
de excitação, as seguintes grandezas elásticas apresentam mudança de polaridade
em relação ao ponto de aplicação da fonte sísmica: i) Modo de onda cisalhante (S-
wave); ii) Componente cruzada do tensor de tensão (tensão cisalhante); e, iii)
Velocidade das partículas ao longo da direção horizontal, para os casos
bidimensionais (2D).
Na análise das imagens em profundidade, oriundas da aplicação do
esquema de Migração Reversa no tempo empregando a condição de imagem de
tempo de excitação associadas a tais grandezas (onde há a mudança de polaridade
em relação ao ponto de aplicação da fonte sísmica), existem alguns procedimentos
que podem ser seguidos, dentre eles destacam-se:
• A não realização do empilhamento (stacking) das diversas imagens em
profundidade para a formação de uma única imagem final (CHANG et al., 1994),
fornecendo ao intérprete um volume bem maior de dados a serem analisados.
Neste caso, cabe ao intérprete analisar cada uma das diversas imagens e
relacioná-las ao modelo geológico do problema;
• A realização do empilhamento (stacking) de cada uma das imagens em
profundidade considerando-se apenas as amplitudes das grandezas vetoriais, ou
88
seja, na soma das diversas imagens consideram-se os valores em módulo
(desprezando-se o sentido que é dado pelo sinal) (CHANG et al., 1994). Neste
caso, altera-se o número de onda (ou, considerando os dados no domínio do
tempo, o conteúdo de freqüência) das imagens em profundidade;
• Aplicação de uma transformada de Hilbert, produzindo um deslocamento de fase
de 90 graus, a fim de corrigir tal mudança de polaridade. Este procedimento é
proposto por SUN et al. (2001a);
• Multiplicação das amplitudes que se encontram à esquerda da fonte sísmica por
um fator igual a -1, corrigindo - desta forma - a mudança de polaridade em relação
à fonte sísmica. Este procedimento mostra-se uma boa aproximação para os
casos nos quais os modelos de velocidades apresentam algum tipo de variação
lateral, pois neste caso a mudança de polaridade não ocorre exatamente sobre o
ponto de aplicação da fonte (offset nulo), mas em tal região as amplitudes
associadas às ondas convertidas são pequenas e o erro introduzido por esta
aproximação é tolerável (SUN et al. 2001b);
• A partir do procedimento descrito no parágrafo acima e, levando-se em conta a
possibilidade de se obterem as matrizes de amplitude máxima associadas às
matrizes de tempo de trânsito, empregadas pela condição de imagem de tempo de
excitação (vide item 3.1.2) e relacionadas a cada uma das grandezas elásticas as
quais as imagens em profundidade estarão associadas, pode-se empregar tais
matrizes de amplitude para corrigir a mudança de polaridade em relação à posição
da fonte sísmica para algumas destas grandezas. Deste modo, o procedimento
sugerido – contribuição proposta pelo autor nesta tese – consiste na multiplicação
da respectiva matriz de amplitude máxima pelos valores de amplitude registrados
nas imagens em profundidade.
Nas análises apresentadas ao longo do capítulo 4, para a composição
de uma imagem em profundidade final, emprega-se o empilhamento (stacking) das
diversas imagens que estão relacionadas à determinada grandeza elástica, nas quais
se tem presente a mudança de polaridade em relação à fonte sísmica, o procedimento
que considera o módulo das amplitudes de cada uma delas, desprezando o sentido
relacionado à tal grandeza elástica.
89
3.4 – Suavização do Campo de Vagarosidades
90
+n
S (i )
S (i ) = ∑ Eq. 3.4-1
−n 2n + 1
Sendo: i – o índice que representa a variação ao longo da direção coordenada
considerada;
n – o parâmetro que expressa o número de amostras adotado para a
média aritmética móvel.
Destaca-se que, na seção 4.3 deste trabalho, apresenta-se uma análise
qualitativa da estabilidade do algoritmo de Migração Reversa no Tempo, empregando
a condição de imagem de tempo de excitação, em relação à suavização do modelo de
vagarosidades e, conseqüentemente, sua influência na qualidade das imagens em
profundidade que foram obtidas.
91
4- Aplicações
92
determinação das matrizes de tempo de trânsito ou à expressão adotada para a
correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes (vide
capítulo 3).
A seguir, antes da apresentação detalhada das análises realizadas, faz-
se um breve resumo contendo os objetivos, a metodologia empregada e a seqüência
de análises dos diferentes tipos de simulações (modelagens e migrações sísmicas)
que foram efetuadas. Deste modo, tem-se:
o 4.1 – Modelo Gaia
Neste extenso item aplicam-se todos os esquemas de Migração
Reversa no Tempo, empregando operadores acústicos e elásticos, analisando e
comparando as inúmeras imagens em profundidade apresentadas. Também se
avalia a influência, nas imagens em profundidade provenientes da aplicação dos
esquemas de migração, da consideração de diferentes tipos de levantamentos
sísmicos . Os seguintes tópicos são apresentados:
• Modelagens sísmicas utilizando operadores acústicos, simulando
levantamentos sísmicos nos quais os dados sísmicos são registrados ao longo
de todo o modelo de velocidades. São aplicados alguns procedimentos de
forma a desconsiderar determinadas reflexões nos sismogramas , provenientes
da onda direta (first break) e da primeira interface do modelo de velocidades;
• Migrações Reversas no Tempo utilizando operadores acústicos empregando,
inicialmente, a condição de imagem de tempo de excitação e, posteriormente,
a condição de imagem utilizando a correlação cruzada entre os campos de
ondas ascendentes e descendentes;
• Modelagens sísmicas empregando operadores elásticos. Repetindo-se a
mesma seqüência anterior de simulações realizadas utilizando operadores
acústicos;
• Migração Reversa no Tempo utilizando operadores acústicos, adotando-se a
condição de imagem de tempo de excitação, sendo que os dados sísmicos
sintéticos empregados – neste caso – são provenientes da modelagem sísmica
empregando operadores elásticos;
• Migrações Reversas no Tempo utilizando operadores elásticos empregando,
inicialmente, a condição de imagem de tempo de excitação e, posteriormente,
a condição de imagem utilizando a correlação cruzada entre os campos de
ondas ascendentes e descendentes.
o 4.2 – Modelo Atum
Neste tópico aplicam-se os diversos esquemas de Migração Reversa no
Tempo - empregando operadores acústicos e, posteriormente, operadores
93
elásticos - em dados sísmicos reais oriundos de um levantamento sísmico
marítimo (off-shore) utilizando streamers. Deste modo, pretende-se verificar a
influência de alguns dos esquemas de migração desenvolvidos, bem como dos
tipos de operadores, na qualidade das imagens em profundidades.
Na apresentação dos resultados tem-se a seguinte seqüência de
análises:
• Migrações Reversas no Tempo empregando a condição de imagem de tempo
de excitação, utilizando operadores acústicos ;
• Migração Reversa no Tempo, utilizando operadores acústicos, adotando-se a
condição de imagem empregando a correlação cruzada entre os campos de
ondas ascendentes e descendentes;
• Migração Reversa no Tempo, utilizando operadores elásticos, adotando-se a
condição de imagem de tempo de excitação;
• Migração Reversa no Tempo, utilizando operadores elásticos, empregando-se
a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes
como condição de imagem.
Além destas análises expostas nos itens 4.1 e 4.2, no anexo I são
apresentadas algumas outras simulações, também considerando a metodologia e as
inovações proposta ao longo desta tese, referentes a Modelagem e a Migração
Sísmicas em dados sintéticos e reais, tanto em modelos bi- quanto em modelos
tridimensionais (respectivamente, simulações 2D e 3D).
Ressalta-se que o leitor mais interessado, também pode se reportar a
alguns artigos - de mesma autoria que esta tese - publicados no Congresso
Internacional da SBGF (Sociedade Brasileira de Geofísica), nos quais são abordados
aspectos relacionados ao emprego das ondas múltiplas para o imageamento de
estruturas em sub-superfície e a Migração Reversa no Tempo utilizando operadores
elásticos (BULCÃO et al. 2001a, 2003a e 2003b).
A seguir expõe-se uma breve descrição das simulações (modelagens e
migrações sísmicas) que se encontram no Anexo I.
o Anexo I.1 – Modelo Marmousi
Avaliação da influência na qualidade das imagens em profundidade do
tipo de critério empregado para a determinação das matrizes de tempo de trânsito,
utilizadas na condição de imagem de tempo de excitação. A seguinte seqüência
de análises é apresentada:
• Modelagem acústica, na qual os dados sísmicos são adquiridos ao longo de
todo o modelo de velocidades;
94
• Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, utilizando operadores acústicos.
o Anexo I.2 – Modelo Domo Salino Modificado (SEG/EAGE)
Após a apresentação deste modelo de velocidades, baseado no modelo
proposto originalmente pela SEG/EAGE (AMINZADEH, et al., 1996), as
simulações apresentadas visam alcançar três objetivos distintos, expostas a
seguir:
1 – Análise qualitativa da influência da aplicação de um esquema de re-
ordenação dos traços das imagens em profundidade – relativas a cada
sismograma – em famílias CRP’s (Common Receiver Point) e aplicação de um
silenciamento (muting), antes da formação da imagem em profundidade final.
Neste caso, a seguinte seqüência de análises é apresentada:
• Modelagens acústicas, simulando levantamentos sísmicos nos quais
representa-se uma aquisição ao longo de todo o modelo de velocidades e uma
outra utilizando streamers;
• Migrações Reversas no Tempo empregando a condição de imagem de tempo
de excitação, utilizando operadores acústicos, para os dois tipos de
levantamentos sísmicos realizados. Sendo que as matrizes de tempo de
trânsito são determinadas a partir do critério da amplitude máxima.
2 – Análise qualitativa da estabilidade do algoritmo de Migração Reversa no
Tempo, empregando a condição de imagem de tempo de excitação, em relação à
suavização do campo de vagarosidade e, conseqüentemente, sua influência na
qualidade das imagens em profundidade obtidas. Para tanto, emprega-se a
seguinte seqüência de simulações:
• Modelagens e Migrações Reversas no Tempo empregando a condição de
imagem de tempo de excitação, utilizando operadores acústicos, considerando-
se o campo de vagarosidade com diferentes níveis de suavização.
3 – Análise da influência das reflexões laterais, presentes nos sismogramas
sintéticos oriundos de uma modelagem acústica tridimensional (3D), nas imagens
em profundidade obtidas com a aplicação do esquema de Migração Reversa no
Tempo empregando a condição de imagem de tempo de excitação. Segue-se a
seguinte seqüência de análises:
• Modelagens acústica bi- (2D) e tridimensional (3D), simulando um
levantamento sísmico marítimo;
• Migrações Reversas no Tempo empregando a condição de imagem de tempo
de excitação, utilizando operadores acústicos, aplicando-se em dados sísmicos
provenientes de modelagens acústicas bi- (2D) e tridimensionais (3D).
95
o Anexo I.3 – Modelo Domo Salino (SEG/EAGE): Seções A-A’ & B-B’
Avaliação da aplicação de diferentes esquemas de modelagens e
migrações sísmicas, adotando-se diferentes parâmetros e geometrias de
aquisição, considerando modelos matemáticos acústicos e elásticos, bem como
sua influência no correto imageamento dos refletores em sub-superfície. A seguir,
apresenta-se, resumidamente, o conjunto de análises realizadas:
• Modelagens acústicas, simulando levantamentos sísmicos adquiridos ao longo
de todo o modelo de velocidades, levantamentos sísmicos empregando
streamers e levantamentos sísmicos com cabo de fundo oceânico (OBC,
Ocean Botton Cable);
• Modelagens elásticas, simulando um levantamento sísmico com cabo de fundo
oceânico (OBC);
• Migrações Reversas no Tempo empregando a condição de imagem de tempo
de excitação, utilizando operadores acústicos , aplicadas sobre os diferentes
conjuntos de dados sísmicos sintéticos.
o Anexo I.4 – Modelo Solimões
Verificação da influência da migração empregando operadores
acústicos ou vetoriais, sendo os dados sísmicos simulados utilizando operadores
vetoriais. A seguinte seqüência de análises é apresentada:
• Modelagem elástica, simulando um levantamento sísmico com lanço simétrico
(split spread);
• Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, utilizando operadores acústicos;
• Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, utilizando operadores elásticos;
• Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, utilizando operadores acústicos, sendo que os sismogramas são
decompostos em ondas compressionais e cisalhantes (P- e S-waves) (vide
seção 3.3).
o Anexo I.5 – Modelo Teal South (ERCH)
Nesta aplicação em dados sísmicos reais, provenientes de um
levantamento sísmico com cabo de fundo oceânico (Ocean Botton Cable),
apresentam-se os resultados da Migração Reversa no Tempo com operadores
acústicos e elásticos, considerando modelo bi- (2D) e tridimensionais (3D). A
seguinte seqüência de análises é apresentada:
96
• Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, utilizando operadores acústicos, para modelos bidimensionais (2D);
• Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, utilizando operadores elásticos, para modelos bidimensionais (2D).
Em tais migrações as condições de imagens consideram apenas as matrizes
de tempo de trânsito determinadas utilizando operadores acústicos referentes
aos modos de ondas compressionais e cisalhantes (respectivamente, P- e S-
waves);
• Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, utilizando operadores acústicos, para modelos tridimensionais (3D).
o Anexo I.6 – Modelo VSP – Tridimensional (3D)
Serão apresentados os resultados provenientes de modelagens
sísmicas empregando operadores elásticos, em um modelo terrestre (on-shore)
bidimensional (2D) e tridimensional (3D), simulando um levantamento de um perfil
sísmico vertical (comumente denominado VSP, Vertical Seismic Profile)
considerando três (3) poços distintos. Após a modelagem elástica, os dados
sísmicos sintéticos, correspondendo à componente vertical do deslocamento
(direção Z), serão migrados empregando o esquema de Migração Reversa no
Tempo utilizando operadores acústicos e as imagens em profundidade serão
avaliadas. O seguinte conjunto de análises será realizado:
• Modelagem elástica bidimensional (2D), simulando a aquisição em um perfil
sísmico vertical (para um único poço, considerando quarenta e cinco (45)
receptores);
• Migração Reversa no Tempo bidimensional (2D) empregando a condição de
imagem de tempo de excitação, utilizando operadores acústicos;
• Modelagem elástica tridimensional (3D), simulando a aquisição em um perfil
sísmico vertical, para três (3) poços distintos, considerando oito (8) receptores
em cada um dos poços;
• Migração Reversa no Tempo tridimensional (3D) empregando a condição de
imagem de tempo de excitação, utilizando operadores acústicos.
97
4.1 – Modelo Gaia
98
espaçamento satisfaz os critérios de dispersão numérica, tanto para as análises
realizadas com operadores acústicos, quanto com operadores elásticos.
99
quebra (first break) registrada nos sismogramas (designação dada aos primeiros
eventos registrados) corresponde a uma reflexão associada a uma onda frontal
(head wave);
• Quando da passagem da frente de onda pelas diversas interfaces do modelo de
velocidades, principalmente na região central do modelo onde se tem uma falha,
observa-se a grande complexidade do campo de ondas e a forte interação
existente entre as ondas refratadas e refletidas. Tal complexidade é expressa na
resposta sísmica registrada nos sismogramas.
Posteriormente, considerando as ilustrações apresentadas na figura
4.1-2, poderá ser feita uma análise qualitativa das diferenças originárias da adoção do
modelo matemático expresso pela equação acústica da onda (empregando
operadores acústicos para simular a propagação de ondas sísmicas), frente ao modelo
matemático representado pela equação elástica da onda (onde se tem a presença e a
interação entre as ondas compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves)).
Dando prosseguimento aos objetivos pretendidos nesta seção,
apresenta-se na figura 4.1-3 um sismograma sintético, no qual a fonte sísmica
encontra-se próxima ao flanco esquerdo do modelo de velocidades. Nesta figura,
ilustra-se o tipo de resposta sísmica obtida através da modelagem acústica sobre o
modelo de velocidades.
A fim de obter uma resposta sísmica sem a contribuição da onda direta
(onda que se propaga diretamente da fonte sísmica ao receptor) e das reflexões
provenientes da primeira interface (referente ao leito oceânico), realizou-se uma
modelagem acústica com os mesmos parâmetros de aquisição em um modelo de
velocidades contendo as duas primeiras camadas, a lâmina d’água e a camada
referente ao leito oceânico.
Após a obtenção dos sismogramas sintéticos provenientes do modelo
de velocidades contendo tais camadas, os resultados obtidos foram subtraídos dos
sismogramas oriundos do modelo de velocidades contendo todas as interfaces (figura
4.1-3). Para ilustrar esta estratégia de obtenção de sismogramas sintéticos sem a
contribuição da onda direta e das reflexões provenientes da primeira interface é
apresentado - na figura 4.1-4 - o sismograma proveniente do modelo de velocidades,
considerando apenas as duas primeiras camadas e o sismograma resultante da
diferença entre este e o oriundo do modelo de velocidades completo.
De acordo com os resultados apresentados referentes à modelagem
acústica e a combinação realizada com o intuito de silenciar (mute) determinados
eventos nos sismogramas, obteve-se dois conjuntos de dados sísmicos sintéticos,
referentes às seguintes situações: (i) Sismogramas completos, provenientes da
100
modelagem sobre o modelo de velocidades (figura 4.1-1); e, (ii) Sismogramas
desconsiderando a onda direta e as reflexões provenientes da primeira interface
(relativa ao leito oceânico).
(a) (b)
Figura 4.1-4- Sismogramas sintéticos, oriundos da modelagem acústica considerando
apenas as duas primeiras camadas (a), e proveniente da diferença entre os
sismogramas considerando o modelo de velocidades completo e considerando
apenas as duas primeiras camadas (b).
101
De posse deste conjunto de dados sísmicos, serão apresentados a
seguir as imagens em profundidade, obtidas com a aplicação dos diversos esquemas
de Migração Reversa no Tempo considerando operadores acústicos . Serão levados
em conta diferentes critérios de condição de imagem, de acordo com a metodologia
exposta no capítulo 3 deste trabalho.
(a) (b)
Figura 4.1-5 – Representação das matrizes de tempo de trânsito obtidas de acordo com os
critérios: (a) amplitude máxima e, (b) amplitude máxima nas proximidades da
primeira quebra.
102
imagem de tempo de excitação (Excitation-time Imaging Condition), utilizando-se
operadores acústicos, referentes aos dois conjuntos de dados sísmicos sintéticos e
aos dois critérios distintos para a determinação das matrizes de tempo de trânsito.
Na figura 4.1-6, apresentam-se as imagens em profundidade,
provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando
a condição de imagem de tempo de excitação, utilizando o critério da amplitude
máxima para a formação das matrizes de tempo de trânsito.
todos os eventos associados
Sismogramas contendo
à Modelagem Sísmica
provenientes da primeira
desconsiderando a onda
direta e as reflexões
Sismogramas
interface
Figura 4.1-6 - Imagem em profundidade final, resultante do emplilhamento (stacking) das 178
imagens provenientes do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a condição de imagem de tempo de excitação, considerando o
critério da amplitude máxima para a formação das matrizes de tempo de
trânsito.
103
todos os eventos associados
Sismogramas contendo
à Modelagem Sísmica
provenientes da primeira
desconsiderando a onda
direta e as reflexões
Sismogramas
interface
Figura 4.1-7 - Imagem em profundidade final, resultante do emplilhamento (stacking) das 178
imagens provenientes do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a condição de imagem de tempo de excitação, considerando o
critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra para a
formação das matrizes de tempo de trânsito.
104
• Comparando-se as imagens em profundidades provenientes dos dois conjuntos de
dados sísmicos de entrada (sismogramas) analisados, observa-se que: no caso do
emprego dos dados sísmicos nos quais foram subtraídas a onda direta e as
reflexões provenientes da primeira interface, não se obteve a formação de um
refletor erroneamente imageado. Tal refletor espúrio, tendo sua formação
associada à energia das reflexões múltiplas (originárias na primeira interface), está
posicionado na região mediana da imagem em profundidade e intercepta (cruza)
os demais refletores corretamente posicionados (apresentando um sinal de maior
amplitude).
Dando continuidade a seqüência das análises propostas, é
apresentada, a seguir, uma série de figuras ilustrando as imagens em profundidade
resultantes do empilhamento (stacking) das 178 imagens oriundas da aplicação dos
diferentes esquemas de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de
imagem com correlação cruzada. Em tais análises, os dados sísmicos utilizados são
provenientes da modelagem acústica, nos quais foi aplicado um procedimento similar
ao apresentado anteriormente para suprimir somente ao efeito da onda direta.
Conforme apresentado no capítulo 3, para este esquema de migração,
serão avaliadas as diversas alternativas de execução dos esquemas de Migração
Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes. Serão utilizados os diferentes esquemas e
procedimentos desenvolvidos, diversos deles originalmente propostos pelo autor desta
tese, empregados como condição de imagem para a formação dos painéis de imagens
em profundidades.
Destaca-se que, a nomenclatura adotada nas figuras, representando as
imagens em profundidade, provenientes da aplicação do esquema de Migração
Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, seguem a numeração apresentada para as expressões
da correlação cruzada, de acordo com o capítulo 3 (vide item 3.1.3.2).
Em algumas das expressões avaliadas na condição de imagem -
respectivamente, expressões I4, I5, I6, I7 e I8 - oriundas da correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, há um termo adicional ( ε ) de forma a
se evitar a divisão por um valor nulo (vide item 3.1.3.2). Em todas as análises,
apresentadas ao longo deste tópico, estipulou-se um valor unitário para este termo.
Assim, inicialmente, na figura 4.1-8 apresentam-se as imagens em
profundidade, provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, sem a utilização de nenhum procedimento especial antes do uso das
105
diversas expressões para a correlação cruzada, para a obtenção dos distintos critérios
para a formação das imagens em profundidade (vide item 3.1.3.2).
Em tal análise, empregou-se o seguinte intervalo de tempo: 4.5 a 0.0
segundos, respectivamente, para o início e fim das expressões de correlação cruzada
que darão origem às imagens em profundidade.
Destaca-se que, em algumas das imagens em profundidade
apresentadas, os ruídos de alta freqüência foram potencializados pelo tipo de
tratamento aplicado, para posterior formação das figuras. Na maioria das imagens
ilustradas aplicou-se um filtro de fase zero poligonal que atenua os baixos
comprimentos de ondas presentes nas imagens em profundidade e, em outras se
utilizou um esquema de controle automático de ganho (AGC, Automatic Gain Control).
As análises a seguir são embasadas nas imagens em profundidades,
obtidas a partir do sismograma sintético no qual se aplica um artifício para
desconsiderar o efeito da onda direta. No caso da imagem relativa à condição de
imagem com tempo de excitação, figura 4.1-6, considera-se a aplicação do critério da
amplitude máxima para a determinação da matriz de tempo de trânsito, e no caso da
imagem proveniente da correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, figura 4.1-8, utiliza-se a expressão relativa ao caso I0, ou seja, a
expressão tradicional para a correlação cruzada.
Comparando-se os esquemas de Migração Reversa no Tempo
empregando a condição de imagem com tempo de excitação e a condição de imagem
com correlação cruzada, respectivamente, as figuras 4.1-6 e 4.1-8, pode-se tecer os
seguintes comentários:
• Analisando a região à direita da falha central do modelo de velocidades, a imagem
em profundidade empregando a condição de imagem com tempo de excitação
apresentou uma qualidade inferior, pois, em tal região, há uma grande
complexidade nas fases de propagação e depropagação do campo de ondas,
apresentando uma grande interação entre as ondas refletidas e refratadas, o que
prejudica a determinação dos refletores em sub-superfície;
• O esquema de migração empregando a correlação cruzada entre os campos de
ondas ascendentes e descendentes mostrou-se mais estável, apresentando uma
maior relação sinal/ruído, para as regiões do modelo de velocidades que possuem
uma maior complexidade, como por exemplo: a região à direita da falha central.
106
I0
I1 I2
I3 I4
I5 I6
I7 I8
Figura 4.1-8 - Imagens em profundidade finais, resultantes do empilhamento (stacking) das
178 imagens provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no
Tempo empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, referentes aos diversos critérios para a formação
das imagens (vide item 3.1.3.2) e, sem a utilização de nenhum procedimento
especial.
107
Dando seqüência ao conjunto de alternativas de execução dos
esquemas de Migração Reversa no Tempo utilizando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, apresentam-se na figura 4.1-9 as
imagens em profundidade, referentes ao caso em que se utilizam as matrizes de
tempo de trânsito na definição dos intervalos de tempo empregados na correlação
cruzada. Neste caso, consideram-se os instantes de tempo iniciais e finais para as
expressões de correlação tendo um intervalo total de 0.3 segundos, sendo centrado no
instante de tempo registrado na matriz de tempo de trânsito.
A próxima alternativa inovadora, proposta neste trabalho, na execução
do esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, consiste em se obter a direção de
propagação do campo de ondas descendentes, separando-o. Utilizando-se apenas a
direção descendente, para, posteriormente, aplicar as expressões para a correlação
cruzada entre os campos de ondas (vide item 3.1.3.2). Na figura 4.1-10, apresentam-
se as imagens em profundidade referentes a este caso.
Empregou-se, novamente, o intervalo de tempo, 4.5 a 0.0 segundos,
respectivamente, para o início e fim das expressões de correlação cruzada que darão
origem às imagens em profundidade, expostas na figura 4.1-10.
A última alternativa inovadora proposta nesta tese para este esquema
de Migração Reversa no Tempo utilizando a correlação cruzada entre os campos de
ondas ascendentes e descendentes, consiste em, além de utilizar as matrizes de
tempo de trânsito na definição dos intervalos de tempo empregados na correlação
cruzada, aplicar o critério que obtém a direção de propagação do campo de ondas
descendentes, utilizando-se apenas as ondas na direção descendente; e, finalmente,
aplicar as expressões para a correlação cruzada entre os campos de ondas (vide item
3.1.3.2).
Tal caso, representado pela figura 4.1-11, consideram-se os instantes
de tempo iniciais e finais para as expressões de correlação, tendo um intervalo total de
0.3 segundos, sendo centrado no instante de tempo registrado na matriz de tempo de
trânsito. Tais matrizes foram determinadas a partir da aplicação do critério da
amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra (proposto originalmente neste
trabalho, vide item 3.1.2.1).
108
I0
I1 I2
I3 I4
I5 I6
I7 I8
Figura 4.1-9 - Imagens em profundidade finais, resultantes do empilhamento (stacking) das
178 imagens provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no
Tempo empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, referentes aos diversos critérios para formação
das imagens (vide item 3.1.3.2) e, usando a matriz de tempo de trânsito
(determinada a partir do critério da amplitude máxima nas proximidades da
primeira quebra) na definição dos intervalos de tempo empregados na
correlação cruzada.
109
I0
I1 I2
I3 I4
I5 I6
I7 I8
Figura 4.1-10 - Imagens em profundidade finais, resultantes do empilhamento (stacking) das
178 imagens provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no
Tempo empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, referentes aos diversos critérios para a formação
das imagens (vide item 3.1.3.2) e, obtendo a direção de propagação do campo
de ondas ascendentes, utilizando apenas a direção ascendente, para
posteriormente aplicar as expressões para a correlação cruzada entre os
campos de ondas.
110
I0
I1 I2
I3 I4
I5 I6
I7 I8
Figura 4.1-11 - Imagens em profundidade finais, resultantes do empilhamento (stacking) das
178 imagens provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no
Tempo empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, referentes aos diversos critérios para formação
das imagens (vide item 3.1.3.2) e, obtendo a direção de propagação do campo
de ondas descendentes, utilizando apenas a direção descendente, para
posteriormente aplicar as expressões para a correlação cruzada entre os
campos de ondas, além da matriz de tempo de trânsito (determinada a partir
do critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra) utilizada
na definição dos intervalos de tempo empregados na correlação cruzada.
111
Analisando-se as diversas imagens em profundidade finais - ou seja,
após o empilhamento das 178 imagens (figuras 4.1-8 até 4.1-11) - provenientes da
aplicação dos vários esquemas de Migração Reversa no Tempo empregando a
condição de imagem com correlação cruzada, os seguintes comentários são
necessários:
• De forma geral as imagens em profundidade oriundas das expressões referentes
ao caso I0 (vide item 3.1.3.2), expressão da correlação cruzada tradicional
apresentaram – para os refletores posicionados à esquerda da falha central do
modelo de velocidades - uma boa continuidade, além de uma excelente relação
sinal/ruído;
• Conforme mencionado anteriormente, também nestas imagens, há a presença de
um refletor espúrio nas imagens em profundidade, o qual está associado à energia
das ondas múltiplas originárias na primeira interface (leito oceânico). Isto ocorre
pois se utilizou o conjunto de dados sísmicos nos quais não estão suprimidas a
onda direta e as reflexões provenientes de tal interface;
• As imagens associadas à expressão I3, referente à normalização da expressão
para a correlação cruzada (vide item 3.1.3.2), de maneira geral apresentaram um
bom desempenho no correto imageamento dos refletores. Embora a aplicação
desta expressão associada a alguns artifícios propostos originalmente nesta tese
para a melhoria da relação sinal/ruído, como, por exemplo, o emprego das
matrizes de tempo de trânsito para a determinação dos intervalos de correlação e
a determinação do campo de ondas descendentes na direção de propagação
descendente, ocasionou o surgimento de algum ruído de alta freqüência nas
imagens em profundidade;
• As expressões I4 e I5, propostas no trabalho apresentado por VALENCIANO (2002)
(vide item 3.1.3.2) não se mostraram eficientes no imageamento da região central
do modelo de velocidades, sendo que a área que apresentou uma melhor relação
sinal/ruído encontra-se na região à direita da falha (onde, aparentemente, o campo
de ondas não sofre tanta influência das ondas refletidas por esta região complexa
do modelo);
• A utilização da expressão I5, associada ao emprego das matrizes de tempo de
trânsito para a definição dos intervalos empregados na correlação cruzada, para a
formação das imagens em profundidade, fez com que em alguns pontos do modelo
se obtivessem valores tendendo ao infinito ou valores nos quais o resultado da
divisão não possua significado. Este fato é evidenciado em algumas das análises
nas quais não foi possível plotar os resultados obtidos com este critério;
112
• Observa-se que as expressões propostas I6, I7 e I8 , contribuições inovadoras desta
tese, para maioria dos esquemas propostos de Migração Reversa no Tempo
empregando a condição de imagem com correlação cruzada obtiveram imagens
em profundidade com uma boa definição dos refletores;
• As condições de imagem, relacionadas aos critérios de correlação cruzada entre
os campos de ondas ascendentes e descendentes, que estão associadas a
expressões que levam em conta se tais campos de ondas encontram-se em fase
(expressões I1, I2, I7 e I8 , vide item 3.1.3.2), mostraram-se eficazes em maximizar a
relação sinal/ruído, para determinada relação entre as fases (positiva ou negativa).
Destaca-se que, tais expressões também se constituem de algumas das inovações
proposta ao longo do item 3.1.3.2 deste trabalho.
Destaca-se que alguns ds comentários anteriores são ratificados pelas
afirmações feitas, quando da apresentação dos fundamentos teóricos dos esquemas
de Migração Reversa no Tempo, vide item 3.1.3.2, nos quais os esquemas de
Migração envolvendo a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes não são vulneráveis à influência da definição precisa do tempo de
trânsito associado a um determinado evento sísmico. Em tais esquemas, a expressão
de correlação é aplicada em um determinado intervalo de tempo e não em um único
instante, como no caso dos esquemas que empregam a condição de imagem de
tempo de excitação.
Dando seqüência ao conjunto de simulações e com o propósito de
ilustrar a influência da escolha do tipo de levantamento sísmico na qualidade das
imagens em profundidade, obtidas com a aplicação do esquema de Migração Reversa
no Tempo empregando a condição de imagem com tempo de excitação, apresentam-
se a seguir os resultados alcançados com a simulação de um levantamento sísmico
com cabo de fundo oceânico (OBC, Ocean Botton Cable).
Deste modo, aplicando-se durante a modelagem o princípio da
Reciprocidade (GRAFF, 1975) de forma a inverter o posicionamento de fontes e
receptores e se empregando os mesmos parâmetros apresentados na tabela 4.1-1,
realizaram-se 178 modelagens nas quais as estações de tiros encontram-se no leito
oceânico com um espaçamento de 50 metros. Na figura 4.1-12 ilustra-se o resultado
de uma destas modelagens, ou seja, o sismograma sintético, onde se destaca que a
fonte sísmica tem o mesmo posicionamento horizontal que a empregada no
sismograma apresentado na figura 4.1-3.
Nesta análise empregou-se o inovador critério proposto nesta tese da
amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra para a determinação das
matrizes de tempo de trânsito, utilizadas na condição de imagem. Na figura 4.1-13
113
apresenta-se uma representação de uma matriz de tempo de trânsito obtida através
de tal critério, utilizando um esquema de cores no qual objetiva-se ressaltar as
descontinuidades existentes.
Na figura 4.1-14 apresentam-se as imagens em profundidade,
proveniente do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de
imagem de tempo de excitação e o critério da amplitude máxima nas proximidades da
primeira quebra para a determinação da matriz de tempo de trânsito, considerando a
aplicação da metodologia em apenas um único sismograma, como também a imagem
proveniente do empilhamento (stacking) das demais 178 simulações.
Figura 4.1-13 – Representação da matriz de tempo de trânsito obtida de acordo com o critério
da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra, para o caso do
levantamento sísmico com cabo de fundo oceânico (OBC).
114
a fonte sísmica posicionada próxima a superfície. Tal perda na qualidade é
expressa por um aumento na relação sinal/ruído, uma perda na continuidade dos
refletores e um aumento na amplitude do refletor espúrio (refletor erroneamente
imageado, tendo sua formação assoc iada à energia das ondas múltiplas que são
originárias pela passagem da frente de onda pelo leito oceânico).
Uma possível explicação para a degradação da performance na
qualidade das imagens em profundidade, quando se aplica ao modelo de velocidades
o levantamento sísmico com cabo de fundo oceânico, é o grande contraste de
impedância existente entre a lâmina d’água e a primeira camada. Tal característica
faz com que surjam - com intensidades ainda maiores - as denominadas ondas
frontais (head waves) que podem prejudicar a eficácia do esquema de Migração
Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de excitação.
(a)
(b)
Figura 4.1-14 - Imagens em profundidade: (a) empregando apenas um único sismograma e (b)
resultado do empilhamento das demais 178 imagens. Ambas obtidas
aplicando-se a metodologia nos dados sísmicos oriundos da modelagem
acústica de um levantamento sísmico com cabo de fundo oceânico (OBC).
115
elásticos. Neste caso, o modelo matemático contempla a interação e a conversão
entre os diversos tipos de ondas, dentre elas: ondas compressionais e cisalhantes
(respectivamente, P-waves e S-waves).
Para a realização das modelagens elásticas são necessários os
modelos de velocidades de ondas compressionais (VP) e cisalhantes (VS), além do
modelo contendo os valores de densidades. Deste modo, a partir do modelo de
velocidades de ondas compressionais (apresentado na figura 4.1-1) aplicaram-se as
seguintes relações para a confecção dos demais modelos:
Modelo de velocidades de ondas cisalhantes: excluindo a lâmina d’água que
possui um valor nulo, nas demais camadas aplicou-se a seguinte expressão para a
116
Deslocamento direção X Deslocamento direção Y
Figura 4.1-15 - Representações do campo de deslocamentos nas direções coordenadas X e
Y, para diferentes instantes de tempo, sobrepostas a figura do modelo de
velocidades.
117
Aplicando-se os operadores divergente e rotacional sobre o campo de
deslocamentos nas direções coordenadas, efetua-se a separação do campo de ondas,
respectivamente, em ondas compressionais (P-wave) e cisalhantes (S-wave). Tal
procedimento pode ser aplicado diretamente pelo software, desenvolvido pelo autor
desta tese, de visualização de dados bidimensionais (2D) (vide Apêndice D).
Deste modo, na figura 4.1-17 representa-se uma seqüência de
ilustrações do campo de ondas elásticas, decomposto em ondas compressionais (P-
waves) e em ondas cisalhantes (S-waves), sobreposto à uma figura do modelo de
velocidades.
P-waves S-waves
Figura 4.1-17 - Representações do campo de ondas elásticas em diferentes instantes de
tempo, separando-os em ondas compressionais (P -waves) e cisalhantes (S-
waves), obtidos – respectivamente – através da aplicação dos operadores
divergente e rotacional sobre o campo de deslocamento, sobrepostos a figura
do modelo de velocidades.
118
Outro esquema alternativo para visualização do campo de ondas
elásticas, também fornecido pelo software desenvolvido pelo autor desta tese para a
visualização de dados bidimensionais (2D) (vide Apêndice D), é expressar uma
representação vetorial do campo de deslocamentos, oriundo da propagação de ondas
elásticas. Deste modo, na figura 4.1-18 tem-se uma seqüência de imagens, nas quais
podem ser vislumbradas as representações vetoriais do campo de deslocamentos, em
conjunto com ilustrações do módulo do campo de deslocamentos, sobreposto a uma
figura do modelo de velocidades.
Na figura 4.1-19 apresentam-se duas ilustrações, relativas a ampliação
(zoom) de uma determinada região, da representação vetorial do campo de
deslocamentos proveniente da propagação de ondas elásticas, originárias da fonte
sísmica sobre o modelo de velocidades. Em tais ilustrações observam-se diversos
segmentos de retas representando os vetores, cujas origens estão sobre uma malha
regular, sobrepostos a uma representação – segundo uma determinada escala de
cores – do módulo dos deslocamentos nas direções coordenadas X e Y.
119
Analisando-se as diversas figuras, ilustrando as configurações do
campo de ondas elásticas, figuras 4.1-15 até 4.1-19, provenientes da modelagem da
propagação de ondas elásticas originárias a partir da fonte sísmica, pode-se comentar:
• Na figura 4.1-15 pode-se observar separadamente cada uma das componentes
dos deslocamentos nas direções coordenadas e, deste modo, avaliar a mudança
de polaridade em relação ao ponto de aplicação da fonte sísmica;
• Na figura 4.1-16, considerando-se a primeira ilustração onde a frente de onda
ainda está confinada na lâmina d’água (tendo velocidades de propagação
constante), relativa ao módulo do campo de deslocamentos nas direções
coordenadas, nota-se que as grandezas se compensam, de tal forma que o
módulo do vetor de deslocamento da partícula é o mesmo para os pontos
eqüidistantes em relação ao ponto de aplicação da fonte sísmica;
• Nas demais ilustrações, apresentadas na figura 4.1-16, pode-se observar que
grande parte da energia da frente de onda é refletida na primeira interface do
modelo de velocidades (correspondendo ao leito oceânico), sendo novamente
refletida na borda superior do modelo de velocidades. Tal mecanismo dá origem
às denominadas ondas múltiplas que – devido aos valores de impedância acústica
presentes no modelo de velocidades – possuem grande energia;
• O campo de deslocamentos pode ser decomposto em ondas compressionais (P-
waves) e cisalhantes (S-waves), utilizando-se – respectivamente – os operadores
divergente e rotacional, conforme ilustrado na figura 4.1-17. Analisando tais
ilustrações pode-se observar a conversão existente entre estes tipos de ondas,
quando da passagem da frente de onda sobre uma determinada interface do
modelo de velocidades, conforme previsto teoricamente (vide capítulo 2);
• Nas figuras 4.1-18 e 4.1-19 apresentam-se algumas ilustrações do campo de
ondas representando por meio de segmentos de retas o campo vetorial de
deslocamentos, oriundo da propagação de ondas elásticas, sobrepostas a
ilustrações – em escala de cores – de seu módulo. Através de tais
representações, pode-se identificar o tipo de onda presente no campo de ondas
elásticas. Nas ondas compressionais (P-waves) a partícula do meio vibra na
mesma direção de propagação (deste modo os vetores encontram-se
perpendiculares à frente da onda), e nas ondas cisalhantes (S-waves) a partícula
do meio vibra na direção perpendicular à direção de propagação e, neste caso, os
vetores apresentam-se paralelos à frente da onda.
Destaca-se que a análise das diversas figuras relativas à propagação
do campo de ondas elástico, apresentadas nas figuras 4.1-15 a 4.1-19, proporciona
um grande entendimento do fenômeno ondulatório sobre o modelo de velocidades,
120
que – neste caso – é regido pela equação elástica da onda, contemplando a existência
e a interação entre diversos tipos de ondas.
Na figura 4.1-20, ilustra-se o tipo de resposta sísmica que é obtido
aplicando-se a modelagem elástica, registrando-se a pressão hidrostática. Neste
sismograma a fonte sísmica encontra-se na mesma posição do sismograma oriundo
da modelagem acústica apresentado na figura 4.1-3. Comparando tais figuras pode-
se avaliar qualitativamente a influência do modelo matemático utilizado na modelagem
e, deste modo, observa-se que:
• O sismograma oriundo da modelagem elástica (figura 4.1-20) possui uma maior
complexidade em relação ao proveniente da modelagem acústica (figura 4.1-3),
pois o modelo de propagação de ondas elásticas possui um número menor de
simplificações em sua formulação m atemática que o modelo acústico;
Devido ao esquema adotado nas simulações numéricas utilizando o Método das
Diferenças Finitas (vide capítulo 2) e em se tratando de um modelo marítimo
(offshore), no acoplamento entre os meios acústico e elástico, respectivamente, a
lâmina d’água e a primeira camada de rocha, onde tal interface possui uma
determinada inclinação, há a formação de pontos difratores. Tal característica é
evidenciada no sismograma apresentado na figura 4.1-20, pelas reflexões originárias
do leito oceânico (próximas a lateral direita do modelo de velocidades).
121
é subtraído do sismograma proveniente do modelo de velocidades contendo todas as
interfaces (figura 4.1-20), obtendo-se o sismograma sem a contribuição da onda direta.
(a) (b)
Figura 4.1-21 - Sismogramas sintéticos, oriundos da modelagem elástica considerando
apenas a lâmina d’água (a) e proveniente da diferença entre os sismogramas
considerando o modelo de velocidades completo e considerando apenas a
lâmina d’água (b).
122
Figura 4.1-22 - Imagem em profundidade final determinada através do esquema de Migração
Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, considerando o critério da amplitude máxima nas proximidades da
primeira quebra.
123
dois critérios distintos para a determinação das matrizes de tempo de trânsito, são
eles: o critério da amplitude máxima e o critério proposto neste trabalho da amplitude
máxima nas proximidades da primeira quebra.
Para tornar a exposição mais didática a respeito das diferenças entre os
dois critérios distintos para a formação das matrizes de tempo de trânsito, antes da
apresentação das imagens em profundidade provenientes da aplicação do esquema
de migração empregando operadores elásticos, apresentam-se nas figuras 4.1-23 e
4.1-24 as matrizes de tempo de trânsito obtidas a partir da aplicação de tais critérios.
Analisando a representação das matrizes de tempo de trânsito, figuras
4.1-23 e 4.1-24, determinadas através de critérios distintos, conclui-se que:
• De forma geral, o emprego do inovador critério proposto nesta tese da amplitude
máxima nas proximidades da primeira quebra produz matizes de tempo de trânsito
com um m enor número de descontinuidades;
• No caso da matriz de tempo de trânsito (MTT) associada à propagação das ondas
cisalhantes (S-waves), determinada utilizando operadores elásticos (EL) e
representada nas figuras por S – MTT EL, com a utilização do critério da amplitude
máxima nas proximidades da primeira quebra não se obteve uma matriz de tempo
de trânsito com um número inferior de descontinuidades em comparação ao caso
da adoção do critério da amplitude máxima.
Destaca-se que, quando se utilizam operadores elásticos, as grandezas
que estão relacionadas à conversão entre os diferentes tipos de ondas podem “surgir”,
devido à conversão entre os diferentes tipos de ondas quando da passagem da frente
de ondas sobre uma interface, em determinada posição do modelo antes da chegada
da primeira quebra associada à tal grandeza.
Um exemplo típico desta afirmação são as ondas cisalhantes (S-
waves), que se propagam - geralmente - com uma velocidade bem inferior às ondas
compressionais (P-waves) e - dependendo das propriedades do meio de propagação -
quando da passagem da frente de ondas compressionais sobre determinada interface,
há a conversão entre estes diferentes tipos ondas. Deste modo, à medida que a frente
de ondas compressionais se propaga, através das diversas interfaces do modelo de
velocidades, há a conversão e o “surgimento” de uma frente de ondas cisalhantes.
Esta característica do fenômeno de propagação de ondas elásticas
dificulta a formação de matrizes de tempo de trânsito que apresentem um número
reduzido de descontinuidades, através da aplicação do critério proposto neste trabalho
da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra.
124
P – MTT AC S – MTT AC
P – MTT EL S – MTT EL
Vx – MTT EL Vy – MTT EL
125
P – MTT AC S – MTT AC
P – MTT EL S – MTT EL
Vx – MTT EL Vy – MTT EL
126
Analisando as ilustrações representando as diferenças entre os critérios
de determinação das matrizes de tempo de trânsito referente às grandezas elásticas
utilizadas pelo esquema de Migração Reversa no Tempo para a formação de imagens
em profundidade, figuras 4.1-23 e 4.1-24, pode-se tecer os seguintes comentários:
• Com relação às matrizes de tempo de trânsito associadas às ondas
compressionais (P-waves), os dois critérios analisados apresentaram o mesmo tipo
de comportamento, nos casos em que se empregaram operadores acústicos e
operadores elásticos para sua determinação. Deste modo, em acordo com a teoria
de propagação de ondas, conclui-se que a equação acústica da onda é uma
excelente aproximação para a propagação de ondas compressionais em meios
elásticos;
• No caso das matrizes de tempo de trânsito associadas às ondas cisalhantes (S-
waves), utilizando, respectivamente, operadores acústicos e elásticos para sua
determinação, destaca-se que houve uma grande diferença em relação às figuras
obtidas para os critérios analisados, pois, no caso do emprego de operadores
acústicos, além da ausência e interação entre outros tipos de ondas diferentes da
onda cisalhante, durante a determinação das matrizes de tempo de trânsito o
modelo de velocidades cisalhantes teve de ser alterado para simular a passagem
da frente de onda sobre a lamina d’água;
• Para a tensão cisalhante máxima (determinada a partir do tensor de tensões) e a
tensão cisalhante τ xy , observa-se que há uma grande similaridade no
127
apresentam basicamente o mesmo tipo de comportamento referentes aos critérios
da amplitude máxima e da amplitude máxima nas proximidades da primeira
quebra.
A seguir, empregando os dados sísmicos oriundos da modelagem
elástica, na qual se simulou a aquisição ao longo de toda a superfície do modelo de
velocidades, apresentam-se, nas figuras 4.1-25, 4.1-26, 4.1-27 e 4.1-28, as imagens
em profundidade resultantes da aplicação do esquema de Migração Reversa no
Tempo empregando a condição de imagem de tempo de excitação (Excitation-time
Imaging Condition), utilizando-se operadores elásticos.
Posteriormente, nas figuras 4.1-29, 4.1-30, 4.1-31 e 4.1-32,
apresentam-se as imagens em profundidade provenientes da aplicação do mesmo
esquema de migração utilizado para a formação das imagens representadas nas
figuras 4.1-25, 4.1-26, 4.1-27 e 4.1-28, sendo que nestas analises empregaram-se os
dados sísmicos provenientes da modelagem elástica, onde se aplicou o procedimento
para subtraírem-se os efeitos relacionados à onda direta.
Destaca-se que, as imagens apresentadas nas figuras 4.1-25, 4.1-26,
4.1-29 e 4.1-30 utilizaram o critério da amplitude máxima para a determinação das
matrizes de tempo de trânsito, e nas figuras 4.1-27, 4.1-28, 4.1-31 e 4.1-32, utilizaram
o critério proposto nesta tese da amplitude máxima nas proximidades da primeira
quebra (vide item 3.1.2.1).
No caso da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
utilizando operadores elásticos e empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, em algumas das grandezas adotadas para a formação das imagens em
profundidade há uma mudança de fase (polaridade) decorrente da própria natureza
vetorial de tais grandezas, tais como: a tensão cisalhante τ xy , a onda cisalhante (S-
128
PP – MTT AC PP – MTT EL
SP – MTT AC SP – MTT EL
129
TXX – MTT EL TYY – MTT EL
Tal Máximo
Vx Vy
130
PP – MTT AC PP – MTT EL
SP – MTT AC SP – MTT EL
131
TXX – MTT EL TYY – MTT EL
Tal Máximo
Vx Vy
132
PP – MTT AC PP – MTT EL
SP – MTT AC SP – MTT EL
133
TXX – MTT EL TYY – MTT EL
Tal Máximo
Vx Vy
134
PP – MTT AC PP – MTT EL
SP – MTT AC SP – MTT EL
135
TXX – MTT EL TYY – MTT EL
Tal Máximo
Vx Vy
136
Analisando-se as diversas imagens em profundidade finais, ilustradas
nas figuras 4.1-25 a 4.1-32, provenientes do empilhamento (stacking) das 178
imagens obtidas através da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando operadores vetoriais, sendo adotada a condição de imagem de tempo de
excitação, pode-se tecer os seguintes comentários:
• De maneira geral, os principais refletores apresentam-se corretamente
imageados com uma baixa relação sinal/ruído. Um procedimento que poderia
ser adotado, antes do empilhamento (stacking) das imagens em profundidades,
para melhorar a qualidade das imagens finais seria a re-ordenação dos traços
das imagens em profundidade, relativas a cada um dos sismogramas,
formando famílias CRP’s (Common Reciver Point) e, posteriormente, a
aplicação de um silenciamento (muting) onde não mais existir a coincidência no
posicionamento nos refletores de cada painel (conforme ilustrado na aplicação
da exposta no Anexo I.2);
• Destaca-se que, nas imagens em profundidade apresentadas há um grande
número de refletores erroneamente imageados. Sendo que, conforme
comentários anteriores, tais refletores têm sua formação associada à energia
das ondas múltiplas (provenientes das reflexões oriundas da primeira interface)
e às conversões e interações entre os diferentes tipos de ondas presentes no
modelo matemático empregando operadores elásticos, adotado tanto na
modelagem quanto na migração sísmica;
• Comparando-se as imagens em profundidade apresentadas nas figuras 4.1-25
e 4.1-26 com as imagens apresentadas nas figuras 4.1-27 e 4.1-28, oriundas
da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a
condição de imagem de tempo de excitação, sendo que as matrizes de tempo
de trânsito foram determinadas, respectivamente, pelos critérios da amplitude
máxima e amplitude máxima nas proximidades de primeira quebra (proposto
originalmente neste trabalho), observa-se que:
o Qualitativamente, houve uma ligeira melhora nas imagens em profundidade
que foram determinadas, utilizando-se as matrizes de tempo de trânsito
obtidas pelo critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira
quebra, para as seguintes grandezas:
Onda Compressional (P-wave), associada aos modos de
propagação P-P e S-P, sendo as matrizes de tempo de trânsito
determinadas empregando-se operadores elásticos, referenciada
nas figuras por: PP – MTT EL e SP MTT –EL;
137
Onda Cisalhante (S-wave), associada aos modos de propagação P-
S e S-S, ambos os casos utilizando-se o módulo dos valores de
cada imagem para o empilhamento (stacking), sendo as matrizes de
tempo de trânsito determinadas empregando-se operadores
elásticos, referenciadas nas figuras – respectivamente - por: PS
Módulo MTT – EL e SS Módulo – MTT EL;
Tensões σ xx , σ yy e τ xy (tendo sido utilizado, nesta última tensão, o
138
tempo de excitação, conclui-se que, para este modelo de velocidades, não
foram observadas grandes variações na relação sinal/ruído e no imageamento
dos refletores em sub-superfície;
• De acordo com os resultados apresentados, considerando-se o esquema de
Migração Reversa no tempo e as características deste modelo de velocidades,
o emprego de dados sísmicos nos quais foram suprimidos os efeitos da onda
direta não proporcionaram uma alteração significativa na qualidade das
imagens em profundidade.
Dando prosseguimento a seqüência de análises dos diversos esquemas
de Migração Reversa no Tempo, apresentam-se os resultados advindos da utilização
da condição de imagem empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes. Sendo que, neste caso, os campos de ondas serão
determinados empregando-se a equação da onda elástica, a qual contempla a
existência e a interação entre diversos tipos de ondas.
Destaca-se que, conforme exposto anteriormente no capítulo 3 e no
apêndice D, não foram implementadas todas as expressões apresentadas no item
3.1.3.2 referentes aos diversos tipos de condições de imagens utilizando, neste
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando operadores elásticos. Neste
caso, somente foram implementadas as expressões I0, I1 e I2, referentes –
respectivamente – às equações 3.1-4 , 3.1-5 e 3.1-6 (vide item 3.1.3.2). Sendo que,
as duas ultimas expressões constituem em contribuições desenvolvidas nesta tese.
Em tais análises, empregou-se o seguinte intervalo de tempo: 3.0 a 0.5
segundos, respectivamente, para o início e fim das expressões de correlação cruzada
que darão origem às imagens em profundidade.
Pretende-se avaliar a influência na qualidade das imagens em
profundidade quando da utilização do recurso da separação da direção de propagação
na direção descendente do campo de ondas descendentes, contribuição inovadora
proposta nesta tese (vide item 3.1.3). Para tanto serão apresentadas as imagens em
profundidades obtidas com e sem a aplicação deste artifício inovador, que,
teoricamente, irá melhorar o imageamento dos refletores em sub-superfície.
Nas simulações apresentadas a seguir, considerando a aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando operadores elásticos,
utilizaram-se os dados sísmicos provenientes da modelagem sísmica - também
empregando operadores elásticos - nos quais foram subtraídas dos sismogramas as
contribuições referente à onda direta (propagando-se ao longo da lâmina d’água do
modelo de velocidades).
139
Nas figuras 4.1-33, 4.1-34 e 4.1-35 apresentam-se as imagens em
profundidade provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
utilizando como condição de imagem a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, sendo que tais campos de ondas foram determinados a
partir de operadores elásticos, correspondendo – respectivamente – a aplicação das
expressões I0, I1 e I2 (vide capítulo 3).
Através de uma análise criteriosa dos diversos resultados apresentados
nas figuras 4.1-33, 4.1-34 e 4.1-35, referentes às imagens em profundidade
determinadas através da aplicação de diferentes expressões para a correlação
cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes, pode-se tecer os
seguintes comentários:
• De maneira geral, as imagens determinadas através da expressão I1, a qual
considera que os campos de ondas ascendentes e descendentes encontram -
se em fase (polaridade) (vide item 3.1.3.2), apresentaram uma qualidade
superior em relação as imagens obtidas através das expressões I0 e I2;
• Destaca-se que as imagens em profundidade relacionadas às seguintes
grandezas: ondas compressionais (P-waves), ondas cisalhantes (S-waves) e
deslocamento na direção X (Vx), além das tensões σ xx , σ yy e τ xy ,
140
P S
TXX TYY
Vx Vy
141
P S
TXX TYY
Vx Vy
142
P S
TXX TYY
Vx Vy
143
De posse do conjunto de análises realizadas até o momento,
envolvendo a modelagem e a migração sísmica empregando operadores elásticos,
pode-se comparar a eficiência entre dois tipos distintos de esquemas de Migração
Reversa no Tempo, utilizando a condição de imagem de tempo de excitação (figuras
4.1-31 e 4.1-32) e utilizando a condição de imagem empregando a correlação cruzada
entre os campos de ondas ascendentes e descendentes (figuras 4.1-33, 4.1-34 e 4.1-
35). Analisando tais figuras pode-se tecer os seguintes comentários a este respeito:
• De forma geral, as imagens em profundidade alcançadas com a utilização do
esquema de Migração Reversa no Tempo, utilizando a condição de imagem
empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, apresentaram uma elevada relação sinal/ruído em relação ao
esquema de migração utilizando a condição de imagem de tempo excitação;
• Em ambos os esquemas de migração se obteve imagens em profundidade nas
quais se constata a presença de refletores erroneamente imageados, cuja
formação está associada a energia das reflexões múltiplas provenientes da
primeira interface do modelo de velocidades;
• De acordo com os comentários realizados quando da apresentação destes
esquemas de migração (vide capítulo 3), observou-se que a condição de
imagem empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes é mais estável que o esquema empregando a
condição de imagem de tempo de excitação, pois este último é vulnerável a
definição precisa do tempo de trânsito associado a um determinado evento
sísmico.
De forma similar às figuras 4.1-33, 4.1-34 e 4.1-35, nas figuras 4.1-36,
4.1-37 e 4.1-38, são apresentadas as imagens em profundidade aplicando o mesmo
esquema de Migração Reversa no Tempo, utilizando a condição de imagem
empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, acrescido da contribuição originalmente proposta nesta tese da
separação da direção de propagação na direção descendente do campo de ondas
descendentes para, posterior aplicação das expressões I0, I1 e I2 para a correlação
cruzada empregadas como condição de imagem (vide capítulo 3).
144
P S
TXX TYY
Vx Vy
145
P S
TXX TYY
Vx Vy
146
P S
TXX TYY
Vx Vy
147
De acordo com os resultados apresentados nas figuras 4.1-36, 4.1-37 e
4.1-38, referente – respectivamente - à aplicação das expressões I0, I1 e I2 para a
determinação das imagens em profundidade no esquema de Migração Reversa no
Tempo empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, obtidos a partir do uso de operadores elásticos, tendo sido acrescido o
recurso proposto nesta tese da separação da direção de propagação na direção
descendente do campo de ondas descendentes, pode-se tecer os seguintes
comentários:
• A inclusão do recurso da separação da direção de propagação na direção
ascendente do campo de ondas ascendentes não alterou de forma significativa
a relação sinal/ruído das diversas imagens em profundidade relacionadas às
grandezas elásticas analisadas;
• As mesmas observações feitas com respeito às figuras 4.1-33, 4.1-34 e 4.1-35,
relativas à aplicação do mesmo esquema de migração sem o emprego do
recurso da separação da direção de propagação, também são válidas para
este caso.
Com a simulação do esquema de migração que deu origem às figuras
4.1-36, 4.1-37 e 4.1-38, encerraram-se as várias análises referentes à aplicação dos
diversos esquemas de Modelagens e Migrações Reversas no Tempo, empregando
tanto operadores acústicos quanto operadores elásticos, pretendidas com a
apresentação deste item.
A seguir serão apresentados alguns comentários finais e conclusões a
este respeito das simulações realizadas ao longo deste item:
• Devido às características de impedância acústica entre a lâmina d’água e a
primeira camada do modelo de velocidades, na modelagem dos diversos
levantamentos sísmicos realizados, observou-se a presença bem caracterizada
das reflexões múltiplas nos diversos sismogramas apresentados (figuras 4.1-3
e 4.1-20);
• Como em tais reflexões concentrou-se grande parte da energia introduzida
pela fonte sísmica, nas inúmeras imagens em profundidade provenientes da
aplicação dos diversos esquemas de Migração Reversa no Tempo formou-se
um refletor erroneamente imageado associado à tais reflexões múltiplas;
• Esquemas de Migração Reversa no Tempo empregando operadores elásticos
mostraram -se mais robustos e eficientes na determinação dos refletores em
sub-superfície que os esquemas empregando operadores acústicos, quando
da utilização de dados sísmicos sintéticos nos quais se empregaram
operadores elásticos para a simulação da propagação de ondas sísmicas;
148
• A utilização da condição de imagem empregando a correlação cruzada entre
os campos de ondas ascendentes e descendentes mostrou-se muito mais
robusta na determinação de imagens em profundidade contendo elevada
relação sinal/ruído, determinando o correto posicionamento dos refletores em
sub-superfície, principalmente quando da utilização de esquemas de migração
empregando operadores elásticos, do que o uso da condição de imagem de
tempo de excitação;
• Alguns dos esquemas de Migração Reversa no Tempo desenvolvidos pelo
autor deste trabalho foram capazes de imagear corretamente os refletores em
sub-superfície, a partir dos dados sísmicos sintéticos modelados empregando
tanto operadores acústicos quanto elásticos, embora com a presença errônea
de alguns refletores, cuja formação verificou-se estar associada a energia das
reflexões múltiplas;
• Outro aspecto importante, que deve ser levado em conta, é que com a elevada
cobertura do levantamento sísmico, isto é, o grau de redundância da
amostragem sub-superficial (devido à geometria de aquisição utilizada), a
influência do tipo de critério empregado para a determinação das matrizes de
tempo de trânsito na imagem em profundidade – obtida após o empilhamento
(stacking) das diversas imagens correspondente a cada um dos sismogramas -
tende a diminuir.
• De forma geral, a partir dos resultados alcançados pelos esquemas de
migração empregados sobre este modelo de velocidades, aliados a uma
análise criteriosa dos mesmos, é possível identificar todas as interfaces do
modelo de velocidades.
149
4.2 - Modelo Atum
150
• A distância entre as estações de receptores é tida como constante. Também
não são levadas em conta as alterações na geometria de aquisição por conta
da deriva do cabo - contendo as estações de receptores - que é puxado pelo
navio sísmico durante a aquisição.
Destaca-se que, ao invés de se acrescentar traços sísmicos duros para
a adequação dos dados sísmicos aos programas desenvolvidos de migração sísmica,
outros procedimentos poderiam ter sido adotados, como por exemplo o emprego de
algoritmos de interpolação/extrapolação, disponíveis nos principais pacotes comerciais
de processamento sísmico, para - a partir dos dados sísmicos registrados - determinar
as informações dos traços que por ventura necessitem ser adicionados aos
sismogramas.
Um ponto a ser ressaltado é que, com a inclusão de traços sísmicos
duros, a energia proveniente das reflexões que deveria ter sido registrada durante o
levantamento sísmico por este traço deixa de ser depropagada pelo esquema de
Migração Reversa no Tempo. Desta forma, qualquer alternativa que apresente
informações coerentes para tais traços sísmicos, a princípio, fornecerá melhores
resultados no imageamento dos refletores em sub-superfície.
A seguir, após a apresentação dos modelos de velocidades, serão
ilustrados alguns sismogramas que servirão como dados de entrada para os
esquemas desenvolvidos de Migração Reversa no Tempo, ou seja, os dados sísmicos
já se encontram no formato adequado para sua depropagação, utilizando-se
operadores acústicos ou elásticos.
O modelo de velocidades foi determinado a partir de uma análise de
velocidades realizada utilizando-se um pacote de processamento sísmico comercial,
denominado GeoDepth. Tal análise de velocidade consiste, basicamente, na
utilização de uma correção de NMO (Normal MoveOut) em uma família de traços CMP
(Common-MidPoint), selecionando-se as velocidades que melhor horizontalizam as
reflexões registradas nos dados sísmicos .
Na figura 4.2-1 apresenta-se o modelo de velocidades, cujos valores
variam na faixa de 1500 a 5000 m/s. Tal modelo contém aproximadamente 31,5 Km
de extensão por 10 Km de profundidade, sendo que a simulação dos programas de
migração sísmica é realizada em uma estreita fatia deste modelo, limitada pelas
coordenadas da fonte sísmica e do último receptor (mais distante da fonte sísmica).
Tal fatia do modelo de velocidades possui 3.125 Km de extensão por 10 Km de
profundidade.
151
O programa master_SISMOS, desenvolvido pelo autor deste trabalho
(vide Apêndice D), é o responsável pelo gerenciamento da execução dos esquemas
de migração sísmica - aplicados ao longo deste item - no cluster de
microcomputadores, sendo de sua responsabilidade a preparação dos dados
necessários para que cada migração seja processada considerando-se um
determinado sismograma e a correspondente fatia do modelo de velocidades.
152
Tabela 4.2-2 – Principais parâmetros utilizados nas Migrações
Reversas no Tempo, empregando operadores
acústicos e elásticos.
Espaçamento da malha (grid) - (h) 5.0 m
Intervalo de tempo 0.16 ms
Tempo total de análise 6.0 s
153
o o
1 Sismograma 101 Sismograma
Coord. Fonte sísmica: 1 ponto do grid Coord. Fonte sísmica: 105 pontos do grid
o o
201 Sismograma 301 Sismograma
Coord. Fonte sísmica: 206 pontos do grid Coord. Fonte sísmica: 313 pontos do grid
o o
401 Sismograma 501 Sismograma
Coord. Fonte sísmica: 427 pontos do grid Coord. Fonte sísmica: 534 pontos do grid
154
o o
601 Sismograma 701 Sismograma
Coord. Fonte sísmica: 638 pontos do grid Coord. Fonte sísmica: 740 pontos do grid
o o
801 Sismograma 901 Sismograma
Coord. Fonte sísmica: 851 pontos do grid Coord. Fonte sísmica: 955 pontos do grid
o
1001 Sismograma
Coord. Fonte sísmica: 1055 pontos do grid
155
Além da determinação das matrizes de tempo de trânsito, na aplicação
de todos os esquemas de Migração Reversa no Tempo apresentados ao longo deste
tópico, considera-se que os modelos de velocidades e de densidades são suavizados.
Para tanto, emprega-se uma média móvel sobre os valores de velocidade de
propagação e de densidade, considerando-se nove (9) amostras (vide item 3.4).
A fim de alcançar os objetivos pretendidos com esta análise, serão
expostos a seguir os resultados provenientes da aplicação de diferentes esquemas de
Migração Reversa no Tempo. As imagens em profundidade resultantes da aplicação
de tais esquemas serão expostas na seguinte seqüência de análises:
• Migração Reversa no Tempo, utilizando operadores acústicos, adotando-se a
condição de imagem de tempo de excitação. Serão avaliados diferentes
critérios para a determinação das matrizes de tempo de trânsito;
• Migração Reversa no Tempo, utilizando operadores acústicos, adotando-se a
condição de imagem empregando a correlação cruzada entre os campos de
ondas ascendentes e descendentes. Neste esquema serão avaliados
diferentes tipos de expressões para a correlação cruzada entre os campos de
ondas (algumas delas desenvolvidas pelo autor deste trabalho), além de
outros procedimentos inovadores proposto nesta tese (vide capítulo 3, item
3.1.3);
• Migração Reversa no Tempo, utilizando operadores elásticos, adotando-se a
condição de imagem de tempo de excitação. Neste caso, também serão
avaliados diferentes critérios para a determinação das matrizes de tempo de
trânsito;
• Migração Reversa no Tempo, utilizando operadores elásticos, empregando-
se a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes como condição de imagem.
Ressalta-se que as imagens em profundidade apresentadas ao longo
deste tópico são resultantes do empilhamento (stacking) das imagens relativas à
aplicação do esquema de migração sísmica a cada um dos 1081 sismogramas,
provenientes do levantamento sísmico marítimo.
Destaca-se que nenhum artifício foi empregado para a confecção
destas imagens em profundidade finais, como por exemplo a re-ordenação dos traços
das imagens em profundidade, referentes a cada um dos sismogramas, formando-se
famílias CRP’s (Common Reciver Point), para – posteriormente - aplicar-se um
silenciamento (muting) quando não mais existir a coincidência no posicionamento dos
refletores de cada painel, e, finalmente, um empilhamento (stacking) para se formar a
156
imagem em profundidade final. No Anexo I.2 deste trabalho explora-se a utilização
deste artifício.
Dando início aos objetivos pretendidos com esta análise, serão
expostos a seguir os resultados provenientes da aplicação do esquema de Migração
Reversa no Tempo adotando-se a condição de imagem de tempo de excitação,
empregando-se operadores acústicos. Será avaliada qualitativamente a influência dos
distintos critérios para a determinação das matrizes de tempo de trânsito na relação
sinal/ruídos das imagens em profundidade obtidas.
Destaca-se que, na maioria das imagens apresentadas ao longo deste
tópico utilizou-se um esquema de controle automático de ganho (AGC, Automatic Gain
Control) na confecção da figuras, a fim de destacar os refletores em sub-superfície.
Para a definição da figura a ser apresentada empregou-se um critério subjetivo
adotado pelo autor desta tese, selecionando a ilustração que em sua opinião melhor
auxilie a interpretação dos resultados.
157
Figura 4.2-4 – Imagem em profundidade final, resultante do emplilhamento (stacking) das
1081 imagens provenientes do esquema de Migração Reversa no Tempo,
utilizando operadores acústicos e a condição de imagem de tempo de
excitação, utilizando o critério da amplitude máxima.
158
• Outro aspecto importante é que com a elevada cobertura do levantamento
sísmico, isto é, o grau de redundância da amostragem sub-superficial (devido
à geometria de aquisição utilizada), a influência do tipo de critério empregado
para a determinação das matrizes de tempo de trânsito na imagem em
profundidade – obtida após o empilhamento (stacking) das diversas imagens
correspondente a cada um dos sismogramas - tende a diminuir.
Dando continuidade à aplicação dos esquemas de Migração Reversa no
Tempo utilizando operadores acústicos, serão apresentadas a seguir as imagens em
profundidade provenientes dos diversos procedimentos desenvolvidos nesta tese,
adotando-se a condição de imagem empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes. Maiores detalhes sobre tais
esquemas, além dos diferentes tipos de expressões utilizados para efetuar a
correlação cruzada, são dados ao longo do item 3.1.3 deste trabalho.
Nos casos apresentados a seguir, envolvendo a Migração Reversa no
Tempo utilizando operadores acústicos e a condição de imagem empregando a
correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes, serão
avaliadas as diversas expressões, apresentadas anteriormente no item 3.1.3, para a
formação das imagens em profundidade (algumas delas propostas originalmente neste
trabalho). Neste caso, em cada conjunto de análises serão avaliadas nove (9)
expressões distintas, referenciadas de I0 até I8 (vide item 3.1.3.2).
Abaixo, além do número das figuras contendo as ilustrações das
imagens em profundidade envolvidas, tem-se explicitado o conjunto de quatro (4)
análises que foram efetuadas, empregando-se o esquema de migração referido no
parágrafo anterior:
i) Figuras 4.2-6, 4.2-7 e 4.2-8 apresentam as imagens em profundidade
finais, provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes. Neste caso, sem a utilização de nenhum procedimento especial,
além da avaliação do conjunto de expressões para correlacionar os dados
(contendo inovações propostas nesta tese);
ii) Figuras 4.2-9, 4.2-10 e 4.2-11 expõem as imagens em profundidade
finais, provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, adotando-se o procedimento que obtém a direção de propagação
do campo de ondas adecendentes, utilizando apenas a direção descendente,
para posteriormente aplicar as expressões para a correlação cruzada entre os
159
campos de ondas (contribuição inovadora sugerida pelo autor desta tese, vide
seção 3.1.3.2);
iii) Figuras 4.2-12, 4.2-13 e 4.2-14 ilustram as imagens em profundidade
finais, nas quais foram utilizadas as matrizes de tempo de trânsito (determinadas
a partir do critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra) na
definição dos intervalos de tempo empregados na correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes para a formação das imagens
associadas a este esquema de Migração Reversa no Tempo;
iv) Figuras 4.2-15, 4.2-16 e 4.2-17 mostram as imagens em profundidade
finais, provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes. Neste caso, adota-se o esquema que obtém a direção de
propagação do campo de ondas descendentes, utilizando apenas esta direção,
para posteriormente aplicar as expressões para a correlação cruzada entre os
campos de ondas, sendo que os intervalos de tempo empregado em tais
expressões são obtidos a partir das matrizes de tempo de trânsito (determinadas
pelo critério proposto pelo autor da amplitude máxima nas proximidades da
primeira quebra). Destaca-se também que, este esquema constitui uma das
contribuições propostas pelo autor - nesta tese - para a Migração Reversa no
Tempo empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes.
Ressalta-se que, em todas as figuras apresentadas ao longo deste
tópico segue-se a mesma nomenclatura apresentada no capítulo 3 (vide item 3.1.3.2)
para as expressões que foram aplicadas na determinação das imagens em
profundidade, através do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a
correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes. Em
algumas das expressões proposta nesta referida seção há um termo adicional ( ε ) de
forma a se evitar a divisão por um valor nulo, sendo que nas análises apresentadas
adotou-se um valor unitário para este termo.
160
I0
I1
I2
Figura 4.2-6 - Imagens em profundidade finais, provenientes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, associadas aos diversos
critérios referentes às expressões I0, I1 e I2 para a formação das imagens (vide
item 3.1.3) e sem a utilização de nenhum procedimento especial.
161
I3
I4
I5
Figura 4.2-7 - Imagens em profundidade finais, provenientes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, associadas aos diversos
critérios referentes às expressões I3, I4 e I5 para a formação das imagens (vide
item 3.1.3) e sem a utilização de nenhum procedimento especial.
162
I6
I7
I8
Figura 4.2-8 - Imagens em profundidade finais, provenientes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, associadas aos diversos
critérios referentes às expressões I6, I7 e I8 para a formação das imagens (vide
item 3.1.3) e sem a utilização de nenhum procedimento especial.
163
I0
I1
I2
164
I3
I4
I5
165
I6
I7
I8
166
I0
I1
I2
167
I3
I4
I5
168
I6
I7
I8
169
I0
I1
I2
Figura 4.2-15 - Imagens em profundidade finais, provenientes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, referentes aos diversos
critérios referentes às expressões I0, I1 e I2 para formação das imagens (vide
item 3.1.3) e obtendo a direção de propagação do campo de ondas
descendentes, utilizando apenas a direção descendente, para, posteriormente,
aplicar as expressões para a correlação cruzada entre os campos de ondas,
além da matriz de tempo de trânsito (determinada a partir do critério da
amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra) utilizada na definição
dos intervalos de tempo empregados na correlação cruzada (contribuição
proposta nesta tese).
170
I3
I4
I5
Figura 4.2-16 - Imagens em profundidade finais, provenientes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, referentes aos diversos
critérios referentes às expressões I3, I4 e I5 para formação das imagens (vi de
item 3.1.3), e obtendo a direção de propagação do campo de ondas
descendentes, utilizando apenas a direção descendente, para, posteriormente,
aplicar às expressões para a correlação cruzada entre os campos de ondas,
além da matriz de tempo de trânsito (determinada a partir do critério da
amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra) utilizada na definição
dos intervalos de tempo empregados na correlação cruzada (contribuição
proposta nesta tese).
171
I6
I7
I8
Figura 4.2-17 - Imagens em profundidade finais, provenientes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a correlação cruzada entre os
campos de ondas ascendentes e descendentes, referentes aos diversos
critérios referentes às expressões I6, I7 e I8 para formação das imagens (vide
item 3.1.3) e obtendo a direção de propagação do campo de ondas
descendentes, utilizando apenas a direção descendente, para, posteriormente,
aplicar às expressões para a correlação cruzada entre os campos de ondas,
além da matriz de tempo de trânsito (determinada a partir do critério da
amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra) utilizada na definição
dos intervalos de tempo empregados na correlação cruzada (contribuição
proposta nesta tese).
172
Analisando-se as imagens em profundidade apresentadas nas figuras
4.2-6 a 4.2-17, referentes ao conjunto de quatro (4) análises realizadas com o
esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando operadores acústicos e a
condição de imagem empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, pode-se tecer os seguintes comentários:
• De maneira geral, as expressões avaliadas para a formação das imagens
apresentaram o mesmo comportamento nas quatro analises realizadas, ou seja, os
procedimentos inovadores desenvolvidos nesta tese quando aplicados aos dados
sísmicos provenientes do levantamento sísmico marítimo (off-shore) não
produziram grandes alterações na relação sinal/ruídos das imagens em
profundidade, como por exemplo: no campo de ondas descendentes a separação
desta direção, e/ou a utilização das matrizes de tempo de trânsito para
determinação dos intervalos de tempo para a correlação;
• No conjunto de análises realizadas, as expressões que levam em conta a fase
(polaridade) entre os campos de ondas ascendentes e descendentes durante a
correlação (contribuição proposta nesta tese) mostraram-se eficientes no aumento
da relação sinal/ruído das imagens em profundidade, principalmente nas imagens
associadas às expressões I1 e I2 em relação à expressão I0 (vide seção 3.1.3.2);
• A expressão I3, referente à normalização da expressão da correlação cruzada, em
comparação à expressão tradicional I0, mostrou nas imagens apresentadas uma
melhor relação sinal/ruído para os refletores localizados nas regiões mais
profundas do modelo (abaixo de 6 Km), principalmente nas figuras 4.2-6, 4.2-7,
4.2-9 e 4.2-10;
• Nas análises onde se empregaram as matrizes de tempo de trânsito (determinadas
a partir do inovador critério proposto nesta tese da amplitude máxima nas
proximidades da primeira quebra) para a definição dos intervalos de tempo de
aplicação das expressões para a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, a expressão I3 apresentou uma ligeira perda na
continuidade dos refletores, vide figuras 4.2-13 e 4.2-16;
• As imagens em profundidade relacionadas à expressão I5 (vide item 3.1.3.2), que é
denominada condição de imagem amortecida (damped imaging condition)
(VALENCIANO, 2002), apresentaram resultados que demonstraram que esta
expressão não foi efetiva no imageamento dos refletores em sub-superfície.
Sendo que, nas análises que empregaram as matrizes de tempo de trânsito na
definição dos intervalos de tempo a serem aplicados em tal expressão, os
resultados tenderam ao infinito, apesar de tal expressão incluir um fator adicional
(proporcional à amplitude do campo de ondas descendentes) para prevenir tal fato;
173
• A expressão I6, bem como as expressões I7 e I8 que levam em conta a fase
(polaridade) entre os campos de ondas ascendentes e descendentes durante sua
aplicação (inovações proposta nesta tese, vide item 3.1.3.2), apesar de sua maior
complexidade geram imagens em profundidade similares às obtidas com a
expressão tradicional da correlação cruzada, respectivamente, expressões I0, I1 e
I2.
Comparando os resultados apresentados até o momento, referentes às
imagens em profundidade determinadas a partir da aplicação de esquemas de
Migração Reversa no Tempo utilizando operadores acústicos e considerando dois
tipos distintos de condição de imagem, pode-se tecer os seguintes comentários:
• Ambos os esquemas de migração apresentaram imagens em profundidade nas
quais os refletores apresentaram uma boa continuidade ao longo de todo o
modelo. Também em tais imagens é possível a identificação de alguns planos de
falhas ao longo de toda a seção sísmica;
• Pode-se considerar uma ligeira vantagem na utilização do esquema de Migração
Reversa no Tempo empregando a condição de imagem com correlação cruzada
entre os campos de ondas ascendentes e descendentes, frente ao esquema que
utiliza a condição de imagem de tempo de excitação, pois – principalmente – na
parte rasa do modelo tem-se uma melhor relação sinal/ruído;
• Aliado a melhor relação sinal/ruído em algumas áreas do modelo, o maior número
de imagens determinadas através da avaliação das diversas expressões
implementadas, alguma delas propostas neste trabalho, para a correlação cruzada
entre os campos de ondas ascendentes e descendentes, é uma outra grande
vantagem para este esquema de Migração Reversa no Tempo, pois tais imagens
dão mais subsídios à interpretação das mesmas.
Conforme comentado anteriormente, a elevada cobertura do
levantamento sísmico diminui a influência, tanto do critério adotado para a condição de
imagem, bem como do tipo de esquema de Migração Reversa no Tempo empregado,
pois a cobertura do levantamento está diretamente ligada ao número de traços que
são empilhados para a formação da imagem em profundidade pós-empilhamento (pos-
stacking) influenciando a relação sinal/ruído (durante o empilhamento o ruído é
atenuado, pois se encontra fora de fase, ao contrário do que acontece com o sinal).
Tal comentário é válido para todas as análises apresentadas ao longo deste tópico.
174
4.2.2 – Migração Reversa no Tempo Empregando Operadores Elásticos
175
PP – MTT AC
PS – MTT AC
PS Módulo – MTT AC
176
SS – MTT AC
SS Módulo – MTT AC
SP – MTT AC
177
PP – MTT EL
PS – MTT EL
PS Módulo – MTT EL
178
SS – MTT EL
SS Módulo – MTT EL
SP – MTT EL
179
TXX – MTT EL
TYY – MTT EL
TXY – MTT EL
180
TXY Módulo – MTT EL
Tal Máximo
Sigma 1 Máximo
181
Eng. Cinética Máxima
Vx
Vy
182
De acordo com os resultados apresentados nas figuras 4.2-18 a 4.2-24,
referentes às imagens em profundidade resultantes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação (Excitation-time Imaging Condition), utilizando-se operadores elásticos,
pode-se tecer os seguintes comentários:
• Inicialmente, ressalta-se que, tais resultados foram obtidos a partir da utilização do
critério da amplitude máxima para a determinação das matrizes de tempo de
trânsito (empregadas pela condição de imagem) e que resultados bastante
similares são obtidos com a adoção do critério da amplitude máxima nas
proximidades da primeira quebra (proposto pelo autor nesta tese);
• Em algumas das imagens apresentadas o esquema de controle automático de
ganho (AGC, Automatic Gain Control), adotado com a finalidade de aumentar o
contraste dos refletores em sub-superfície, corrompeu a imagem próxima à borda
superior do modelo. Apesar disto, tal tratamento – de acordo com o critério
subjetivo empregado pelo autor – gerou ilustrações que possibilitaram uma melhor
interpretação na parte mais profunda do modelo (até aproximadamente 4Km);
• De maneira geral, para os refletores localizados nas regiões mais profundas do
modelo (abaixo de 5 Km) o tratamento empregado para realçar os contrastes nas
imagens em profundidade foi muito severo, proporcionando uma baixa relação
sinal/ruído em tais regiões;
• Conforme exposto na seção 3.2 deste trabalho, para a determinação das matrizes
de tempo de trânsito utilizaram-se dois modelos matemáticos distintos. Tais
matrizes dão origem a dois conjuntos de imagens em profundidade, considerando-
se os modos de ondas compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves), bem
como suas conversões, pois a propagação destes modos de ondas pode ser
simulada empregando-se operadores elásticos ou acústicos;
• No caso do emprego de operadores acústicos para a determinação das matrizes
de tempo de trânsito associadas a grandezas elásticas, tal modelo matemático não
contempla as conversões existentes entre os diversos modos de ondas elásticas.
Deste modo, o campo de ondas propagado com operadores acústico se
assemelha ao campo de ondas associado à primeira quebra (propagado com
operadores elástico). Esta característica é mais evidente no modo de ondas
cisalhantes (S-waves), pois – geralmente – uma grande parte da energia
propagada por este modo de ondas é devida à conversão do modo de ondas
compressionais (P-waves) quando da passagem da frente de ondas por uma
interface contendo propriedades físicas distintas;
183
• Analisando-se as imagens em profundidade expostas nas figuras 4.2-18 a 4.2-21,
que estão associadas às reflexões e conversões entre as ondas compressionais
(P-waves) e cisalhantes (S-waves), observa-se que:
o No caso das imagens PP e PS, nas quais as matrizes de tempo de trânsito
estão associadas ao modo de onda compressional (P-wave), os resultados não
apresentaram grandes alterações na relação sinal/ruído no caso de tais
matrizes terem sido determinadas a partir da utilização de operadores
acústicos ou de operadores elásticos;
o As imagens PP, apresentadas nas figuras 4.2-18 e 4.2-20, são bastante
similares, apresentando uma boa continuidade nos refletores, os quais estão
posicionados a uma profundidade de até aproximadamente 4 Km;
o As imagens PS, e mesmo a denominada PS Módulo, que emprega o módulo
dos valores de cada imagem - antes do empilhamento (stacking) - como um
tratamento para a diferença de fase (polaridade) em relação ao ponto de
aplicação da fonte sísmica, não apresentaram uma boa relação sinal/ruído
(vide figuras 4.2-18 e 4.2-20);
o Nas imagens SS e SS Módulo, apresentadas nas figuras 4.2-19 e 4.2-21, há
uma grande diferença quando da utilização das matrizes de tempo de trânsito
determinadas com operadores acústicos (MTT AC) e as determinadas com
operadores elásticos (MTT EL). Ratificando assim o comentário anterior a
respeito da adoção destes distintos modelos matemáticos para a determinação
destas matrizes associadas a este modo de ondas, sendo empregadas pela
condição de imagem deste esquema de Migração Reversa no Tempo;
o Nas imagens SS e SS Módulo, nas quais adotou-se o mesmo tratamento para
a diferença de fase (polaridade) em relação ao ponto de aplicação da fonte
sísmica, observa-se que tal procedimento foi eficaz no imageamento de alguns
refletores em sub-superfície (os quais apresentaram continuidade lateral),
principalmente no caso da figura 4.2-21;
• As imagens associadas ao tensor de tensões relativas as componentes : τ xx , τ yy e
184
mesmo sem o emprego do tratamento proposto para lidar com a diferença de fase
(polaridade) - existente em tal grandeza vetorial - em relação ao ponto de
aplicação da fonte sísmica. Tal componente está ligada ao modo de propagação
de ondas cisalhantes (S-waves);
• No caso do tratamento da diferença de fase (polaridade) em relação ao ponto de
aplicação da fonte sísmica para a imagem associada à componente de tensão
cisalhante τ xy , apresentada na figura 4.2-23, observa-se uma alteração na relação
185
Destaca-se que, optou-se por não se apresentar as imagens em
profundidade provenientes da aplicação deste esquema de migração elástico
empregando a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, acrescido do recurso proposto nesta tese da separação da direção de
propagação na direção descendente do campo de ondas descendentes para a
posterior aplicação das expressões I0, I1 e I2 para a determinação das imagens em
profundidade (vide capítulo 3). Tal medida foi adotada pois tais resultados mostraram -
se bastante similares aos apresentados nas figuras 4.2-25 a 4.2-34.
Analisando-se os resultados apresentados nas figuras 4.2-25 a 4.2-34,
referentes à aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando
operadores elásticos e adotando a condição de imagem com correlação cruzada entre
os campos ascendentes e descendentes, pode-se tecer os seguintes comentários:
• Observa-se que em algumas das imagens em profundidade apresentadas, o
empilhamento (stacking) das diversas imagens referentes a cada sismograma
associado a determinadas grandezas, aliado ao tipo de tratamento empregado
para a visualização dos resultados que realçam os valores com baixas amplitudes,
proporcionou a perda de continuidade dos refletores em certas regiões do modelo.
Este comportamento está bem evidenciado nas figuras 4.2-25 e 4.2-26, referentes
às imagens em profundidade associadas, respectivamente, à onda compressional
(P-wave) e à onda cisalhante (S-wave);
• Destaca-se que o comportamento descrito acima foi observado nas três
expressões avaliadas, expressões I0, I1 e I2 (vide capítulo 3), para a formação das
imagens em profundidade através da correlação cruzada entre os campos de
ondas elásticas ascendentes e descendentes;
• Na figura 4.2-26, as imagens em profundidade relacionadas às ondas cisalhantes
(S-waves) mostraram -se mais prejudicadas por esta perda de continuidade dos
refletores, pois em tais imagens a relação sinal/ruído é menor do que as imagens
relacionadas às ondas compressionais (P-waves) (figura 4.2-25);
• A fim de tentar identificar uma possível causa para está perda de continuidade em
determinadas regiões das imagens em profundidade final (após o empilhamento),
verificou-se cada uma das 1081 imagens associadas às ondas compressionais (P-
wave) e cisalhantes (S-wave). Apesar deste esforço, tal busca não foi bem
sucedida, pois não se observou nada de anormal nas imagens originárias pré-
empilhamento;
• Uma possível explicação para as descontinuidades apresentadas nas imagens em
profundidade ilustradas nas figuras 4.2-25 e 4.2-26 é que, apesar da análise das
imagens pré-empilhamento não ter apresentado nenhuma anomalia, em
186
determinadas imagens os resultados associados às ondas compressionais (P-
waves) e às ondas cisalhantes (S-waves) mostraram-se bastantes similares.
Deste modo, com o empilhamento (stacking) para a formação da imagem em
profundidade final, nas regiões nas quais se tem tal similaridade das imagens
acentuada, há uma alteração na relação sinal/ruído, sendo que, este fato, pode ser
o causador das descontinuidades apresentadas;
• As imagens em profundidade associadas às componentes do tensor de tensões,
figuras 4.2-27, 4.2-28 e 4.2-29, mostraram desempenho semelhante no
imageamento das estruturas em sub-superfície, apresentando boa relação
sinal/ruído e continuidade dos refletores. Em tais figuras destacam-se os
resultados alcançados pelas expressões I1 e I2 , propostas neste trabalho, que em
suas formulações levam em conta a polaridade (fase) entre os campos elásticos
ascendentes e descendentes (vide capítulo 3.1.3);
• Na figura 4.2-30 apresentam-se imagens em profundidade, referentes aos três tipo
de expressões avaliadas I0, I1 e I2, e que estão associadas a uma das grandezas
inovadoras proposta neste trabalho, determinadas a partir do tensor de tensões, a
tensão cisalhante máxima ( τ max ). Neste caso, sabe-se que tal grandeza só possui
baixa relação sinal/ruído nas demais áreas do modelo podem vir a evidenciar ainda
mais tal característica;
187
• Na figura 4.2-31 as imagens em profundidade estão associadas à energia cinética
máxima (proposta inovadora desta tese) e, da mesma forma que as imagens
relacionadas à tensão cisalhante máxima ( τ max ), em tal grandeza as expressões
188
I0
I1
I2
Figura 4.2-25 - Imagens em profundidade finais, associadas à onda compressional (P -wave)
determinada através da separação do campo de ondas elástico, resultantes do
emplilhamento das 1081 imagens provenientes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem com
correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes,
referentes à aplicação das expressões I0, I1 e I2 (vide capítulo 3).
189
I0
I1
I2
Figura 4.2-26 - Imagens em profundidade finais, associadas à onda cisalhante (S -wave)
determinada através da separação do campo de ondas elástico, resultantes do
emplilhamento das 1081 imagens provenientes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem com
correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes,
referentes à aplicação das expressões I0, I1 e I2 (vide capítulo 3).
190
I0
I1
I2
191
I0
I1
I2
192
I0
I1
I2
193
I0
I1
I2
Figura 4.2-30 - Imagens em profundidade finais, associadas à tensão cisalhante máxima τ max
determinada a partir do tensor de tensões (contribuição desta tese), resultantes
do emplilhamento das 1081 imagens provenientes da aplicação do esquema
de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem com
correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes,
referentes à aplicação das expressões I0, I1 e I2 (vide capítulo 3).
194
I0
I1
I2
Figura 4.2-31 - Imagens em profundidade finais, associadas à energia cinética máxima
(contribuição desta tese), resultantes do emplilhamento das 1081 imagens
provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a condição de imagem com correlação cruzada entre os campos
de ondas ascendentes e descendentes, referentes à aplicação das expressões
I0, I1 e I2 (vide capítulo 3).
195
I0
I1
I2
Figura 4.2-32 - Imagens em profundidade finais, associadas à tensão normal máxima σ1
determinada a partir do tensor de tensões (contribuição desta tese), resultantes
do emplilhamento das 1081 imagens provenientes da aplicação do esquema
de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem com
correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e descendentes,
referentes à aplicação das expressões I0, I1 e I2 (vide capítulo 3).
196
I0
I1
I2
197
I0
I1
I2
Figura 4.2-34 - Imagens em profundidade finais, associadas à velocidade da partícula na
direção Y ( v y ), resultantes do emplilhamento das 1081 imagens provenientes
da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a
condição de imagem com correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, referentes à aplicação das expressões I0, I1 e I2
(vide capítulo 3).
198
Com esta última seqüência de figuras encerra-se a apresentação dos
resultados obtidos com a aplicação dos esquemas de migração empregando
operadores elásticos. A seguir serão feitos alguns comentários gerais a respeito dos
resultados obtidos ao longo deste tópico.
De forma geral, a partir dos resultados apresentados ao longo deste
tópico nos quais considerou-se a aplicação de diferentes esquemas de Migração
Reversa no Tempo, empregando tanto operadores acústicos quanto operadores
elásticos, pode-se chegar às seguintes conclusões e comentários finais:
• A partir dos resultados alcançados pelos esquemas de migração sobre este
modelo de velocidades, através de uma análise criteriosa dos mesmos, é possível
identificar várias estruturas em sub-superfície. Ressaltando-se que esta tarefa é
bem mais árdua quando comparada à maioria dos exemplos nos quais utilizam-se
dados sísmicos sintéticos, onde tem-se o perfeito conhecimento do modelo de
velocidades onde os dados sísmicos foram adquiridos, pois – neste caso – se está
lidando com dados provenientes de um levantamento sísmico real;
• Observou-se uma grande coerência nas diversas imagens em profundidade
apresentadas e nas estruturas imageadas em sub-superfície, comparando-se os
resultados obtidos com a aplicação dos diversos esquemas de Migração Reversa
no Tempo empregando tanto operadores acústicos, quanto elásticos. Deste modo,
conclui-se que os esquemas empregados foram robustos o suficiente para imagear
corretamente tais estruturas, mesmo com a utilização de modelos matemáticos
mais simples;
• Com a utilização de esquemas de migração empregando operadores elásticos
tem-se melhor representados os fenômenos de propagação de ondas sísmicas,
bem como a interação e as conversões entre os diferentes tipos de ondas,
principalmente as ondas compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves), pois
tal operador corresponde a um modelo matemático mais complexo (com menos
simplificações ) do que o modelo matemático empregando operadores acústicos;
• Outra vantagem no emprego de operadores elásticos nos esquemas de Migração
Reversa no Tempo é a formação de imagens em profundidade associadas a
diversas grandezas elásticas , algumas delas propostas originalmente nesta tese,
como a tensão normal máxima e a energia cinética máxima, dentre outras. Sendo
que, neste tópico, a confecção de tais imagens em profundidade associadas a
estas grandezas elásticas mostraram-se capaz de imagear as estruturas em sub-
superfície com qualidade semelhante às grandezas comumente empregadas
(como as ondas compressionais (P-waves) que são decompostas do campo de
ondas elástico);
199
• Deste modo, neste trabalho advoga-se que na aplicação dos esquemas de
migração empregando operadores elásticos tem-se mais subsídios para fornecer
imagens em profundidade com melhores relações sinal/ruído, além de possibilitar a
aplicação de condições de imagem em diversas grandezas elásticas;
• Conforme destacado anteriormente, a elevada cobertura do levantamento sísmico
(grau de redundância da amostragem sub-superficial) faz com que a influência do
tipo de condição de imagem utilizada na determinação das imagens associadas a
cada sismograma seja minimizada após o empilhamento (stacking) para a
formação da imagem em profundidade final. Este efeito da elevada cobertura
também atua sobre os diferentes esquemas de Migração Reversa no Tempo
empregando operadores acústicos e elásticos;
200
5- Conclusões
201
da propagação de ondas sísmicas seria considerar os meios de propagação como
sendo elásticos (regidos pela Equação Elástica da Onda).
A adoção de modelos matemáticos mais refinados que contemplem a
conversão e a interação entre os diferentes modos de ondas, como as ondas
compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves), aliado a condições de imagem
apropriadas, proporcionou o imageamento de estruturas complexas em sub-superfície
com melhor relação sinal/ruído e resolução sísmica, do que as imagens em
profundidade determinadas a partir do modelo matemático expresso pela Equação
Escalar da Onda, contemplando apenas as ondas compressionais.
Destaca-se que, na simulação numérica dos casos regidos pela
Equação Elástica da Onda, empregou-se o esquema originalmente proposto por
VIRIEUX (1984 e 1986) e posteriormente modificado por LEVANDER (1988), tendo
como principal característica a possibilidade da modelagem do acoplamento entre
meios acústicos e elásticos. Deste modo, foi possível simular de forma mais fidedigna
o acoplamento existente nos modelos geológicos marítimos (off-shore) entre a lâmina
d’água (meio acústico) e o leito oceânico (meio elástico), do que a consideração de um
modelo matemático unicamente regido pela Equação Escalar da Onda.
A metodologia apresentada nesta tese possibilitou a simulação dos
complexos problemas envolvendo a propagação de ondas sísmicas em modelos
geológicos bi- e tridimensionais (respectivamente, 2D e 3D), utilizando a equação
Elástica da Onda. Tais simulações forneceram os subsídios necessários para melhor
compreender os fenômenos ondulatórios, além de prover os dados sísmicos
necessários para se realizar uma análise qualitativa do comportamento dos diversos
esquemas de Migração Reversa no Tempo que foram abordados ao longo deste
trabalho empregando operadores acústicos e elásticos.
Ao longo deste trabalho foram explorados diferentes esquemas de
Migração Reversa no tempo empregando operadores acústicos e elásticos. Tais
esquemas distinguem-se pelos tipos de condições de imagens utilizadas,
denominadas condições de imagem de tempo de excitação (Excitation-time Imaging
Condition) e com correlação cruzada (Crosscorrelation Imaging Condition). Além de
algumas inovações propostas pelo autor em tais esquemas, uma das contribuições
deste trabalho está na particularização de sua aplicação quando o modelo matemático
adotado é regido pela Equação Elástica da Onda, onde o campo de ondas passa a ser
representado por grandezas vetoriais.
No caso do esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando a
condição de imagem de tempo de excitação o novo critério proposto nesta tese para a
determinação das matrizes de tempo de trânsito, seguindo a mesma linha dos
202
pioneiros trabalhos de BOTELHO et al. (1988) e LOEWENTHAL et al. (1991),
denominado critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra,
proporcionou a formação de matrizes de tempo de trânsito com um comportamento
mais suave (contínuo), principalmente nas regiões distantes do ponto de aplicação da
fonte sísmica.
Tal característica, apresentada pelo critério da amplitude máxima nas
proximidades da primeira quebra, possibilitou a formação de imagens em profundidade
nas quais tem -se melhores relações sinal/ruído e continuidade dos refletores
corretamente imageados ao longo da seção migrada, no caso das grandezas as quais
tais imagens estão associadas, estarem relacionadas ao modo de ondas
compressional (P-waves).
No caso das imagens em profundidade determinadas pela condição de
imagem de tempo de excitação estarem associadas a grandezas relacionadas a
modos de ondas cisalhantes (S-waves) ou a outros modos de ondas convertidas, o
critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra pode vir a fornecer
resultados com uma qualidade inferior aos que seriam apresentados com a adoção do
critério da amplitude máxima.
Tal característica, quando da utilização de operadores elásticos, está
relacionada ao fato de que o campo de ondas para tais grandezas – associado à
primeira quebra – pode ser devido a um modo de onda convertida em determinada
interface possuindo baixa amplitude. Ao passo que, com o critério da amplitude
máxima, a imagem em profundidade estará associada ao tempo de propagação da
frente de onda contendo os maiores valores de amplitude (maior energia).
A outra inovação proposta pelo autor nesta tese para este mesmo
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de
tempo de excitação, que diz respeito à determinação de matrizes de tempo de trânsito
associadas à energia das denominadas ondas múltiplas, mostrou-se extremamente
eficaz na determinação de imagens em profundidade de estruturas complexas em sub-
superfície para o caso de levantamentos sísmicos com cabo de fundo oceânico
(Ocean Bottom Cable). De posse de um conjunto de imagens relacionadas a estes e
a outros tipos de ondas, pode-se interpretar e compor uma imagem final em
profundidade contendo os refletores corretamente posicionados, nos quais houver a
coincidência em seu posicionamento (vide Anexo I.3).
No caso do esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando a
condição de imagem com correlação cruzada (Crosscorrelation Imaging Condition), a
implementação computacional adotada nos programas desenvolvidos especialmente
pelo autor deste trabalho, baseada nos trabalhos propostos por FARIA (1986) e
203
CUNHA (1992), mostrou-se extremamente eficaz na eliminação da necessidade de
armazenamento do campo de ondas para, posteriormente, realizar-se a correlação
cruzada, como também na representação da configuração do campo de ondas
descendente, em virtude da questão da dissipação de energia ocasionada pelas
condições de contorno não reflexivas e pelas camadas de amortecimento nas bordas
do modelo de velocidades (vide seção 3.1.3.1).
Tal abordagem possibilitou a implementação deste esquema de
Migração Reversa no Tempo utilizando operadores elásticos, evitando – deste modo –
restrições quanto à demanda computacional de memória. Desta forma, tornou-se
possível a determinação de imagens em profundidade que estão associadas a
diversas grandezas elásticas que comumente não empregadas neste tipo de
problema, como – por exemplo – as componentes do tensor de tensões, outras
grandezas derivadas cuja utilização é proposta pelo autor nesta tese, como as tensões
normal e cisalhante máximas e a energia cinética máxima.
No tocante às expressões matemáticas utilizadas para correlacionar os
campos de ondas ascendentes e descendentes, a fim de serem formadas as imagens
em profundidade, foram avaliadas diversos tipos relatados na literatura especializada,
além de algumas outras expressões propostas nesta tese, que levam em conta a
polaridade (fase) entre os já referidos campos de ondas. De acordo com os resultados
apresentados, conclui-se que as expressões propostas pelo autor foram mais
eficientes no aumento da relação sinal/ruído das imagens em profundidade (mais
especificamente as expressões I1 e I2, vide seção 3.1.3.2).
Os esquemas de Migração Reversa no Tempo, nos quais a condição de
imagem é expressa pela correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, em uma análise qualitativa nas diversas simulações apresentadas
produziram imagens em profundidade com melhores relações sinal/ruído, do que as
imagens determinadas com a aplicação da condição de imagem de tempo de
excitação. Aliado a este fato, uma outra vantagem deste esquema consiste no maior
número de imagens que podem ser determinadas através da avaliação de diversas
expressões para correlacionar os campos de ondas, dando mais subsídios à
interpretação das mesmas.
Foram apresentados nesta tese alguns procedimentos adicionais que
objetivam melhorar ainda mais a qualidade das imagens em profundidade
determinadas a partir da correlação entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes, como por exemplo, o emprego das matrizes de tempo de trânsito a fim
de serem obtidos os intervalos de tempo para cada um dos pontos do grid, nos quais
204
as expressões que correlacionam os referidos campos devem ser avaliadas para a
formação das imagens.
Outro procedimento proposto pelo autor nesta tese que, teoricamente, é
capaz de melhorar ainda mais a qualidade das imagens em profundidade obtidas com
este esquema de Migração Reversa no Tempo, baseia-se em esquemas que
determinam a direção de propagação do campo de ondas (vide Apêndice C). Deste
modo, pôde-se decompor as frentes de ondas, cuja direção de propagação realmente
contribui para o imageamento sísmico.
Ao longo das aplicações expostas neste trabalho, tal procedimento da
separação da direção de propagação foi aplicado apenas no campo de ondas
descendentes. Como tal campo de ondas é oriundo da propagação a partir da fonte
sísmica, considerando o modelo de velocidades fornecido para o esquema de
migração, ele é determinado exclusivamente através da modelagem numérica. Deste
modo, não sendo suscetíveis a interferências provenientes da aplicação de esquemas
de interpolação, filtro e demais processamentos como os que são usualmente
aplicados nos dados sísmicos, cuja depropagação origina o campo de ondas
ascendentes.
Devido a estes processamentos aos quais são submetidos os dados
sísmicos reais, o campo de ondas ascendentes está mais sujeito a uma série de
fatores que podem distorcer sua configuração durante a fase de depropagação, isto
sem levar em conta as incoerências existentes em sua configuração que são inerentes
às discrepâncias entre o modelo de velocidades utilizado e o modelo geológico real,
nas quais tais dados foram adquiridos.
Os procedimentos apresentados nesta tese, que utilizam as matrizes de
tempo de trânsito na determinação dos intervalos de tempo aos quais são aplicadas as
expressões que correlacionam os campos de ondas ascendentes e descendentes,
além do recurso da separação da direção de propagação, podem ser utilizados em
conjunto. O emprego em conjunto destes procedimentos foi aplicado com sucesso em
algumas das análises apresentadas ao longo desta tese, tanto com dados sísmicos
sintéticos quanto com dados sísmicos reais.
A condição de imagem que emprega a correlação entre os campos de
ondas ascendentes e descendentes – teoricamente – é mais robusta que a condição
de imagem de tempo de excitação, pois tal condição não é vulnerável a influência da
definição precisa do tempo de trânsito associado a um determinado evento sísmico.
Pode-se considerar que o resultado da correlação entre os campos de ondas é uma
espécie de média ponderada, ao invés de um único valor, como no caso da aplicação
da condição de imagem de tempo de excitação.
205
De fato, pode-se considerar que a condição de imagem de tempo de
excitação é um caso particular da condição de imagem com correlação cruzada, onde
– neste caso – o campo de ondas descendentes é composto por um único pulso
unitário localizado em um determinado tempo que está associado a um determinado
evento sísmico. Na determinação deste evento sísmico, tradicionalmente, emprega-se
o valor de maior amplitude da grandeza associada ao campo de ondas descendentes
(vide seção 3.1.2.1).
No caso da aplicação dos esquemas de Migração Reversa no tempo
empregando operadores elásticos, a metodologia apresentada nesta tese para a
formação de imagens em profundidade possibilita que tais imagens estejam
associadas a diversas grandezas elásticas, algumas delas – proposta pelo autor – que
não são comumente empregadas para tal fim, como por exemplo: as componentes do
tensor de tensões, a tensão normal máxima ( σ 1 ), a tensão cisalhante máxima ( τ max ) e
a energia cinética.
Além de um modelo matemático mais refinado, que contempla a
existência e a interação entre diferentes modos de ondas, no caso da Migração
Reversa no Tempo empregando operadores elásticos, tem-se mais subsídios teóricos
para se determinar imagens em profundidade com melhores relações sinal/ruído, pois
os diversos modos de ondas e suas conversões presentes nos dados sísmicos reais
são mais bem representados com este modelo do que no caso da adoção do modelo
regido pela Equação Escalar da Onda. Outra vantagem é a possibilidade da aplicação
de determinado tipo de condição de imagem a diversas grandezas elásticas .
Um ponto que deve ser levado em conta no caso do empilhamento
(stacking) de imagens em profundidade associadas a determinadas grandezas
elásticas, as quais foram determinadas empregando-se esquemas de migração que
utilizem a Equação Elástica da Onda que preservem a amplitude do campo de ondas
depropagado, é que se tem uma inversão de polaridade (fase) em relação ao ponto de
aplicação da fonte sísmica (vide seção 3.3.3). Neste trabalho foram apresentadas
algumas possibilidades para se lidar com esta questão, uma delas proposta
originalmente nesta tese, e os resultados expostos mostraram-se consistentes.
Apresentaram-se alternativas para a aplicação dos esquemas de
Migração Reversa no Tempo empregando operadores elásticos, nos quais os dados
são provenientes de levantamentos sísmicos onde se registram somente os valores
relativos à pressão hidrostática. Ao longo das aplicações ilustradas considerou-se –
com excelentes resultados – a prescrição direta dos valores relativos à pressão
206
hidrostática, de forma similar à prescrição de fontes sísmicas explosivas para o caso
da Modelagem Sísmica, outra proposta inovadora do autor desta tese.
207
sísmicas . Principalmente nos modelos de velocidades que favorecem a
conversão e a interação entre os diferentes modos de ondas elásticas;
o Além do fato do modelo matemático ser mais adequado à propagação de
ondas sísmicas em meios geológicos complexos, outra vantagem na utilização
dos esquemas de migração empregando operadores elásticos é a
possibilidade da obtenção de um maior conjunto de imagens em profundidades
associadas a diversos tipos de grandezas elásticas. Advoga-se nesta tese que
tais imagens sejam interpretadas de forma conjunta, analisando-se as
características de cada uma das grandezas as quais tais imagens es tejam
relacionadas.
208
o Um ponto não explorado nesta tese, referente a este esquema que determina a
direção de propagação dos campos de ondas, é a possibilidade de obterem-se
os ângulos com os quais as frentes de ondas dos campos ascendentes e
descendentes atingem determinado refletor quando da aplicação da condição
de imagem;
o Implementação de outros esquemas de discretização a fim de melhorar a
precisão numérica dos resultados obtidos. Vislumbra-se – a princípio – duas
abordagens distintas, o emprego de recursos adicionais de forma a
incrementar as metodologias apresentadas, como por exemplo, no caso da
Equação Elástica da Onda, o esquema denominado dual-operator method que
modifica a ordem do operador espacial quando há uma descontinuidade nas
propriedades físicas do meio (CUNHA, 1992), ou a adoção de outros métodos
numéricos de discretização, como por exemplo: os Métodos dos Elementos
Finitos, Volumes Finitos ou Elementos de Contorno.
Devem-se considerar diversos fatores na aplicação dos esquemas de
Migração Reversa no Tempo – que foram abordados ao longo desta tese – em dados
sísmicos reais na linha de frente do processamento sísmico, empregado pela indústria
petrolífera para a detecção, avaliação e monitoramento de reservatórios de
hidrocarbonetos, principalmente o binômio envolvendo o custo computacional e a
resolução sísmica almejada em tal análise.
Assim, devido ao tempo de execução e ao custo computacional
envolvido, recomenda-se que os esquemas de Migração Reversa no Tempo – nestes
casos – sejam aplicados em uma ordem crescente de complexidade, a fim de avaliar
se tais análises intermediárias satisfazem os objetivos pretendidos, assim como para
se ter parâmetros para se avaliar qualitativamente os resultados das análises
subseqüentes. Tal complexidade deve levar em conta o tipo de esquema de migração
sísmica, bem como a crescente sofisticação dos modelos matemáticos que podem ser
adotados.
Quando se avalia a enorme gama de possibilidades distintas, tanto de
esquemas de Migração Sísmica quanto de seqüências de pré-processamentos
distintas que podem ser aplicadas nos dados sísmicos reais, pode-se considerar que o
correto imageamento de estruturas geológicas complexas como sendo um tipo de arte.
De tal modo que, para o seu sucesso, deve-se contar com a experiência e espírito
inovador dos diversos profissionais envolvidos nesta tarefa.
A vastidão de caminhos distintos, objetivando o correto posicionamento
dos refletores em sub-superfície, aliada à crescente demanda mundial pela
209
descoberta, monitoração e precisa avaliação dos reservatórios petrolíferos, faz com
que esta ainda seja uma grande área de pesquisa.
Para finalizar, citam-se os versos da canção do compositor popular
Paulinho Moska, sobre a metáfora da seta e o alvo, a qual se aplica a esta incessante
busca por um aumento da resolução sísmica:
2
A Seta e o Alvo, composição: Paulinho Moska.
210
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217
Apêndice A
Aspectos Computacionais
218
principalmente, quando se esteja lidando com problemas envolvendo uma grande
quantidade de dados (isto é, os denominados problemas de grande porte). A idéia
central desta técnica é a divisão do domínio do problema em diversas partições de tal
forma que cada uma delas possa ser processada de forma independente.
Nos casos afetos à Geofísica, emprega-se a Decomposição de
Domínio, onde o domínio do problema, isto é, o modelo de velocidades, é dividido em
diversas partes (aqui denominadas partições), sendo então cada uma delas enviadas
para uma máquina que compõe o cluster ou para um processador diferente. A seguir,
emprega-se um esquema para compatibilizar a influência da resposta entre as
diversas partições, através do envio de mensagens entre elas. A figura A-1 ilustra
esta idéia.
Modelo Geológico
S
W
I
T
C
H
Switch
Divisão de Tarefas
Na Divisão de Tarefas tem-se um determinado problema que deverá ser
analisado diversas vezes, alterando-se um ou mais parâmetros de entradas. A idéia
central desta técnica consiste em dividir as diversas análises, através de diferentes
máquinas ou processadores.
219
Nas aplicações em Geofísica, principalmente, para as simulações
bidimensionais (2D) nas quais existem recursos computacionais suficientes para sua
simulação em um único computador, tal estratégia mostra-se extremamente vantajosa.
O paradigma da divisão de tarefas pode ser aplicado tanto na
Modelagem quanto na Migração Reversa no Tempo, pois são realizadas diversas
simulações, variando-se apenas a posição da fonte sísmica. Desta forma, pode-se
realizar cada uma destas análises em uma só maquina ou processador diferente, não
necessitando de intercomunicação entre elas. A figura A-2 ilustra esta idéia.
Um outro exemplo de aplicação na Geofísica, em que tal estratégia
pode ser adotada com sucesso é a análise dos problemas de propagação de ondas no
domínio da freqüência, onde são analisadas diversas freqüências para, em seguida,
compor-se à solução do problema. Assim, pode-se analisar cada uma das freqüências
nos diferentes processadores, diminuindo o tempo de execução de um determinado
problema.
A seguir são introduzidos alguns conceitos básicos e algumas leis que
descrevem o comportamento dos programas em paralelo quanto à sua eficiência.
Speedup (S)
O conceito de speedup é relativamente simples. Tal grandeza
contabiliza o ganho de tempo de execução decorrente da paralelização de um
determinado problema, considerando-se sua execução em um certo número de
processadores. Apesar da simplicidade do conceito de speedup as vezes sua
aplicação torna-se confusa, devido à existência de duas definições que diferem no
tempo de execução adotado como referência.
Na primeira definição, tem-se speedup como sendo a razão entre o
tempo de execução do melhor código serial conhecido e o tempo de execução
correspondente a implementação em paralelo sendo executada em N processadores.
Esta definição é de difícil trato, pela dificuldade em definir-se qual é o melhor código
serial para um determinado problema, existindo ainda casos em que a implementação
do código em paralelo difere enormemente de seu correspondente serial, sendo que a
comparação dos tempos de execução acabaria sem sentido.
Na segunda definição, adotada ao longo deste trabalho, tem-se
speedup como sendo a comparação entre os tempos de execução do programa
paralelo executado em um único processador, com o mesmo código executado em N
processadores. Matematicamente tem-se:
T1 Eq. A-1
Speedup =
TN
220
onde: T1 – tempo de execução do código em paralelo rodando em um único
processador;
TN – tempo de execução do código em paralelo rodando em N processadores.
Eficiência (E)
Trata-se de uma outra forma de mensurar o fator de utilização, ou a
performance de programas empregando os conceitos do processamento em paralelo,
quando da sua execução em um determinado número de processadores.
Matematicamente a eficiência pode ser expressa através das seguintes equações:
S T Eq. A-2
E= = 1
N NTN
sendo: T1 – tempo de execução do código em paralelo rodando em um único
processador;
TN – tempo de execução do código em paralelo rodando em N processadores;
N – número de processadores.
Um valor de eficiência próximo a 100% indica que, quando da execução
de um programa em paralelo, utilizando-se N processadores, o tempo total de
execução será N vezes mais rápido, caso o mesmo programa fosse executado em um
único processador.
Granularidade (G)
É definida como sendo a razão entre as parcelas de tempo gasto com o
processamento (Tproc ) e com a comunicação (Tcom ) em um determinado programa em
paralelo executado em N processadores.
Matematicamente a Granularidade é expressa da seguinte forma:
221
Lei de Amdahl
Trata-se de um modelo teórico para estimar a performance de um
determinado programa em paralelo quando executado em N processadores.
Inicialmente, pressupõe-se que o tempo de execução oriundo das operações e tarefas
de um determinado programa pode ser dividido em dois grupos:
• TPS – Tempo de execução referente à parcela serial do programa em paralelo;
• TPP – Tempo de execução referente à parcela paralela do programa em paralelo.
Tendo em vista que, nem todas as operações e tarefas realizadas por
um determinado programa podem ser realizadas de forma a serem executadas
paralelamente uma das outras, a hipótese inicial para a dedução da Lei de Amdahl
mostra-se válida.
Definindo-se β como sendo a fração do tempo de execução para a
parcela serial, desta forma a fração relativa ao tempo de execução da parcela paralela
pode ser expressa por (1-β). Sendo assim, o tempo de execução pode ser expresso
de acordo com a seguinte equação:
TN = β .T1 +
(1 − β ).T1 Eq. A-4
N
onde: T1 – tempo de execução do código em paralelo rodando em um único
processador;
TN – tempo de execução do código em paralelo rodando em N processadores;
N – número de processadores.
Substituindo-se a equação A-4 na expressão para o speedup (equação
A-1) chega-se à Lei de Amdahl, que define o speedup máximo que pode ser
alcançado por um determinado programa em paralelo quando executado em N
processadores diferentes.
N Eq. A-5
SA =
β .N + (1 − β )
Observando-se a expressão matemática para a Lei de Amdahl
(equação A-5) conclui-se que, no limite quando o número de processadores tender ao
infinito, o speedup máximo será aproximadamente igual ao inverso da fração do tempo
de execução para a parcela serial.
A Lei de Amdahl mostra-se bastante pessimista quanto ao ganho de
performance para aplicações valendo-se dos conceitos da computação paralela, ainda
mais se levando em conta que, em sua formulação, não é computada a presença de
overhead devido à paralelização do algoritmo de solução.
222
Para programas em paralelo que empreguem o paradigma de controle
de fluxo (control-flow programs), pode-se utilizar a Lei de Amdahl para prever o
comportamento do speedup à medida que se incrementa o número de processadores.
Para programas que utilizem o paradigma da divisão de domínio, o resultado
apresentado pela Lei de Amdahl pode ser inadequado, pois não é considerado o
aumento da eficiência que pode ser alcançada com a divisão dos dados do problema.
223
A fim de destacar o incrível aumento da capacidade computacional dos
clusters utilizados nas simulações apresentadas ao longo deste trabalho, apresenta-se
na figura A-3 um gráfico contendo o pico de performance teórico (theoretical peak
performance) destas distintas gerações de microcomputadores. Tal grandeza
representa o número de operações com pontos flutuantes que, teoricamente, podem
ser executadas a cada segundo.
1.80E+12
1.54E+12
1.60E+12
1.40E+12
1.20E+12
Flops
1.00E+12
8.00E+11
6.00E+11
4.00E+11
1.87E+11
2.00E+11 8.03E+10
9.60E+09
0.00E+00
224
Figura A-4 - Fotos ilustrativas do cluster Phoenix, referentes ao microcomputador central
(master) e da organização dos demais microcomputadores (slave) nas
prateleiras. Localizado nas dependências do LAMEC (PEC/COPPE/UFRJ).
225
nove (09) racks (armários), empregados para acomodar conjuntos de nove (09)
microcomputadores (slaves ). Observa-se que, apesar dos microcomputadores serem
do tipo desktop, tais equipamentos estão acondicionados em gabinetes industriais.
226
CLUSTER MC – CENPES/PETROBRAS
Instalado na gerência de Métodos Científicos (MC) do Centro de
Pesquisa da PETROBRAS (CENPES/PETROBRAS), tal equipamento pertence a uma
geração mais moderna de microcomputadores, entrando em operação no ano de
2001. Os microcomputadores deste cluster possuem uma altura quatro vezes menor
do que um gabinete de microcomputador padrão do tipo desktop, além da
característica de que cada microcomputador possui duas unidades centrais de
processamento (CPU’s), s endo denominados microcomputadores dual processor.
A seguir, descreve-se algumas das principais características do cluster
MC:
Computador central de controle (Master):
• Um (01) Microcomputador Pentium III 1.13 GHz possuindo 1.0 Gb de RAM e
dois (2) discos rígidos de 36 Gb;
Computador (Slaves):
• Trinta e oito (38) Microcomputadores Pentiun III 1.13 GHz possuindo 1.0 Gb
de RAM e um (1) disco rígido de 20 Gb;
Equipamento de Rede:
• Três (03) Switchs de vinte e quatro (24) portas Fast Ethernet (10/100 Mbit/s),
interligados pelo back-plane a uma taxa de transmissão de 1000 Mbit/s;
Pico de Performance Teórico (Theoretical Peak Performance):
• 172.8 GFlops.
227
cada, num total de cinco (05) racks para comportar todos os microcomputadores e a
parte posterior dos racks, onde se observa o cabeamento de rede.
228
Apêndice B
x (t ) e y (t ) como sendo uma função do deslocamento de tempo (t), relativo aos dois
sinais x (t ) e y (t ) , e pode ser expressa pela seguinte equação:
+∞ Eq. B-1
Cx , y (τ ) = ∫ x(t) y (t − τ )dt
−∞
+∞ Eq. B-2
∫ x (t ) y (t − τ )dt
Cx , y (τ ) = −∞
C x, x (0)C y , y (0 )
229
Neste trabalho, emprega-se a correlação cruzada como uma forma de
se relacionar o sinal propagado a partir da fonte sísmica e o sinal depropagado,
“injetando-se” o sismograma registrado pela aquisição nos respectivos receptores. A
partir de tais resultados pode-se obter informações a respeito do posicionamento dos
refletores em sub-superfície, ou seja, uma imagem em profundidade da seção sísmica.
230
Apêndice C
231
Este esquema de determinação da direção de propagação de uma
determinada partícula, a partir das informações contidas no campo de ondas, avaliando-
se os sinais das derivadas temporais e espaciais, também é apresentado no trabalho
proposto por CUNHA (1992).
Na figura C.1 ilustra-se a variação do valor da amplitude da pressão
acústica para dois instantes de tempo consecutivos (t0 e t1), representando as quatro
configurações possíveis para o campo de onda.
t0
t1
Direção de Propagação negativa
(contrário ao eixo de coordenadas)
t0
t1
Figura C.1 - Representação das possíveis configurações para o campo de onda para dois
instantes de tempos consecutivos
232
ou seja, respectivamente as ondas descendentes (downgoing) e ascendentes (upgoing).
A direção de propagação em função do sinal do produto dos valores da
derivada temporal e espacial pode ser representada, matematicamente, através da
v
direção do vetor unitário i , sendo expressa de acordo com a seguinte equação (CUNHA,
1992):
v ⎛ ∂φ ⎞ ∇ φ Eq. C-1
i = −signum⎜ ⎟
⎝ ∂t ⎠ ∇ φ
onde φ representa o campo de ondas.
A fim de ilustrar a eficácia da aplicação deste esquema de determinação
da direção de propagação do campo de ondas é apresentada, no exemplo a seguir, uma
série de ilustrações (vide figura C.2) nas quais representa-se o campo de ondas referente
à propagação de ondas acústicas em um modelo de velocidades complexo, seguido do
campo de ondas na direção descendente e na direção ascendente.
233
C.2 – Modelos Matemáticos Expressos pela Equação Elástica da Onda
∂ ⎛1 ⎞
⎜ ρviv i ⎟ = v iτ ij, j Eq. C-3
∂t ⎝ 2 ⎠
O lado direito da expressão C-3, também utilizando a regra para a derivada
do produto de duas funções e colocando um dos termos em função do deslocamento da
partícula ( u ), é desenvolvido da seguinte forma:
viτ ij , j = (viτ ij ), j −τ ij
∂
∂t
( )
ui , j Eq. C-4
234
1975), explicitando toda a equação em termos do deslocamento da partícula e, em
seguida, aplicar uma permuta entre os sub-índices e utilizar a regra para a derivada do
produto de duas funções.
τ ij
∂
∂t
( )
ui , j =
1 ∂
2 ∂t
(
τ ijui , j ) Eq. C-5
∂ ⎛1
(− v τ )
i ij , j +
1 ⎞
⎜ τ ij ui , j + ρvi vi ⎟ = 0
Eq. C-6
∂t ⎝ 2 2 ⎠
A equação C-6 representa o balanço de energia variando ao longo do
tempo e suas parcelas podem ser interpretadas fisicamente, através das seguintes
definições:
1 1
Energia Total: E = τ ijui , j + ρv iv i Eq. C-7
2 2
1
Energia Potencial Elástica V = τ iju i, j Eq. C-8
(“Strain Energy”): 2
1
Energia Cinética: K= ρvi vi Eq. C-9
2
∂E r
+ ∇.S = 0 Eq. C-11
∂t
Com o intuito de ilustrar a utilização da equação de fluxo de energia para a
determinação da direção de propagação, apresenta-se na figura C-3 uma representação
do ângulo do vetor de fluxo de energia. Este ângulo, em tal figura, foi registrado quando
da passagem da frente de onda em um meio de propagação homogêneo, sendo que este
instante é determinado pelo critério da amplitude máxima (vide seção 3.1.2.1).
Na figura C-3, o ângulo do vetor fluxo de energia é representado em
escalas da cor cinza, variando de 0 a 180 graus, respectivamente, para as cores branca e
preta. Observa-se que, na parte superior da figura encontra-se localizado o ponto de
aplicação da fonte sísmica e, em suas proximidades o ângulo do vetor fluxo de energia
apresenta uma pequena instabilidade.
235
Figura C-3 – Representação do ângulo do vetor fluxo de energia, registrado quando da
passagem da frente de onda elástica se propagando em um meio elástico semi-
infinito, estando a fonte sísmica localizada próxima à superfície.
236
Direção X Direção Y
Figura C-4 – Representação - em escala de cinza - do sentido das componentes do vetor fluxo
de energia (equação C-10), respectivamente, para as direções coordenadas X e Y.
Regiões em branco indicam que a frente de onda se propaga no mesmo sentido do
eixo coordenado, e as regiões em preto no sentido contrário.
v ⎛ ∂E ⎞ ⎛ ∂E ⎞
⎟(− v jτ ji )
Eq. C-12
i = signum⎜ ⎟ S i = signum ⎜
⎝ ∂t ⎠ ⎝ ∂t ⎠
Na figura C-5 aplicou-se a equação C-12, que leva em consideração o
sinal da derivada temporal da energia total, ao mesmo campo de ondas elástico
proveniente da aplicação de uma fonte sísmica em um meio elástico homogêneo. Tal
campo de ondas elástico também foi empregado para a determinação da figura F-2.
237
Direção X Direção Y
Figura C-5 – Representação - em escala de cinza - do sentido de propagação determinado de
acordo com a equação C-12, respectivamente, para as direções coordenadas X e
Y. Regiões em branco indicam que a frente de onda se propaga no mesmo sentido
do eixo coordenado e, as regiões em preto, no sentido contrário.
238
∂E
if ⎛⎜ ≠ 0 ⎞⎟ then Eq. C-13
⎝ ∂t ⎠
v ⎛ ∂E ⎞
i = signum⎜ ⎟S i
⎝ ∂t ⎠
else
⎛ ∂2 E ⎞
if ⎜⎜ 2 > 0 ⎟⎟ then
⎝ ∂t ⎠
v ⎛ ∂E ⎞
i = − signum⎜ ⎟ S i
⎝ ∂t ⎠
else
v ∂E
i = + signum⎛⎜ ⎞⎟ S i
⎝ ∂t ⎠
endif
endif
Destaca-se que, neste trabalho, a equação C-13 não foi avaliada, pois isto
acarretaria em um aumento da demanda computacional dos programas que necessitam
da determinação do sentido de propagação do campo de ondas elásticas, tanto em
termos de memória, quanto em termos de tempo de processamento.
A seguir são apresentados alguns snapshots, representando o campo de
ondas elástico - em instantes de tempo diferentes - considerando um modelo de
velocidades complexo, exemplificando a metodologia proposta nesta tese para
determinação do sentido de propagação, através da aplicação da equação C-12.
Na figura C-6 apresentam-se as ilustrações do módulo do vetor
deslocamento do campo de ondas elásticas, a parcela ascendente do módulo do campo
de ondas elástico e a parcela descendente do módulo do campo de ondas elástico.
Ambas as parcelas, ascendente e descendente, foram determinadas através do sentido
de propagação, proveniente da aplicação da equação C-12 (proposta nesta tese).
De modo geral, destaca-se que o procedimento inovador sugerido nesta
tese para a determinação do sentido de propagação do campo de ondas elástico
(equação C-12), mostrou-se suficientemente robusto para ser aplicado em um campo de
ondas elástico complexo. Em tais ilustrações, observa-se que o esquema proposto nesta
tese falha na determinação do sentido de propagação nas regiões que antecedem e
sucedem os pontos de amplitude máxima da frente de onda elástica, mas tais regiões
falhas estão associadas a baixos valores de amplitude.
239
(a) (b) (c)
Figura C-6 – Representação do módulo do vetor deslocamento do campo de ondas elásticas (a),
parcelas ascendente (b) e descendente (c) , para diferentes instantes de tempo,
considerando a propagação de ondas elásticas sobre um modelo de velocidades
complexo. O sentido de propagação é determinado pela avaliação do sinal dado
pela equação C-12.
240
Apêndice D
241
• Para campos vetoriais, pode-se visualizar as seguintes grandezas: as
componentes nas direções X e Y, a composição do módulo dos vetores, além da
possibilidade de visualização do campo escalar, resultante do cálculo do operador
divergente e rotacional sobre o campo vetorial. Considerando-se que o campo
vetorial é formado pelo deslocamento das partículas nas direções coordenadas,
tais grandezas representam, respectivamente, as ondas compressionais (P-waves)
e cisalhantes (S-waves);
• Possibilidade de visualização das linhas de grid com um determinado intervalo de
pontos, além dos eixos coordenados e da escala de cores com os referidos valores
das grandezas;
• Visualização do campo vetorial, representando os vetores por segmentos de retas.
Tal esquema pode ser sobreposto, considerando um dos esquemas de cores, às
diferentes grandezas;
• Interpretação de arquivos contendo uma específica seqüência de comandos
(scripts) pré-estabelecida, além da possibilidade de gravação de uma determinada
seqüência realizada pelo usuário;
• Possibilidade de salvar figuras relativas à área de visualização nos formatos BMP
e JPG, cujos nomes são gerados em seqüência.
242
• Visualização de planos de corte paralelos às direções coordenadas X, Y e Z. Para
a direção X há a possibilidade da visualização de até nove (09) planos de corte,
especificando-se o espaçamento entre eles;
• Movimentação dos planos de cortes visualizados ao longo do volume de dados;
• Esquema de transparência;
• Registrar os valores de amplitude de determinado plano de corte em um arquivo;
• Possibilidade de abertura de diferentes arquivos de dados tridimensionais (3D);
• Interpretação de arquivos contendo uma específica seqüência de comandos
(scripts) pré-estabelecida, além da possibilidade de gravação de uma determinada
seqüência realizada pelo usuário;
• Possibilidade de salvar figuras relativas à área de visualização nos formatos BMP
e JPG, cujos nomes são gerados em seqüência.
243
• Quando da prescrição da condição de contorno não-reflexiva, estende-se o modelo
de velocidades, cria-se uma camada de amortecimento com um determinado
número de amostras e é nesta nova fronteira que se prescreve a condição de
contorno;
• Embora não tenha sido explorado em nenhum dos exemplos apresentados, este
programa é capaz de modelar e migrar dados sísmicos oriundos de modelos de
velocidades contendo topografia;
• Possibilidade de prescrição de mais de uma fonte sísmica;
• Especificação de arquivos binários para a leitura dos modelos de velocidades de
ondas compressionais (VP) e de densidades;
• Pode-se especificar a leitura de modelos de velocidades de ondas compressionais
(VP) correspondentes às direções X e Y.
244
• Pode-se especificar três tipos distintos de condições de contorno, são elas:
condição de contorno essencial, condição de contorno natural e condição de
contorno não-reflexiva;
• Quando da prescrição da condição de contorno não-reflexiva, estende-se o modelo
de velocidades, cria-se uma camada de amortecimento com um determinado
número de amostras e é nesta nova fronteira que se prescreve a condição de
contorno;
• Possibilidade de especificar-se de mais de uma fonte sísmica e, para modelos off-
shore, posicionamento automático da fonte sísmica sobre o leito oceânico;
• Especificação de arquivos binários para a leitura dos modelos de velocidades de
ondas compressionais (VP), cisalhantes (VS) e de densidades.
245
tempo inicial e final para a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes, para cada um dos pontos do grid utilizado na
discretização do problema;
• Declaração de um determinado intervalo de tempo, múltiplo do intervalo de tempo
adotado para o avanço da solução pelo Método das Diferenças Finitas, utilizado
para a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes;
• Especificação do emprego de um esquema para a determinação da direção de
propagação do campo de ondas ascendentes (vide apêndice C), empregando-se
apenas as ondas na direção ascendente na correlação cruzada entre os campos
de ondas ascendentes e descendentes, como critério para a formação das
imagens em profundidade (vide capítulo 3). Procedimento inovador proposto pelo
autor nesta tese;
• Possibilidade da adoção do esquema de compressão de dados empregando
wavelets (vide apêndice E) para a transmissão dos dados relativos aos campos de
ondas ascendentes e descendentes;
• Pode-se especificar três tipos distintos de condições de contorno, são elas:
condição de contorno essencial, condição de contorno natural e condição de
contorno não-reflexiva;
• Quando da prescrição da condição de contorno não-reflexiva, estende-se o modelo
de velocidades, cria-se uma camada de amortecimento com um determinado
número de amostras e é nesta nova fronteira que se prescreve a condição de
contorno;
• Possibilidade de especificar-se mais de uma fonte sísmica e, para modelos off-
shore, posicionamento automático da fonte sísmica sobre o leito oceânico;
• Especificação de arquivos binários para a leitura dos modelos de velocidades de
ondas compressionais (VP) e de densidades.
246
neste programa criado pelo autor desta tese os campos de ondas são determinados
empregando-se operadores elásticos.
Com o emprego de operadores elásticos a demanda computacional
aumenta consideravelmente em comparação com o mesmo esquema de migração
sísmica utilizando operadores acústicos. Devido a este aumento de demanda
algumas das funcionalidades apresentadas na versão acústica
(MIG_CORRELATION_AC) não foram implementadas nesta versão empregando
operadores elásticos. As principais diferenças entre tais versões são:
• Na versão elástica somente algumas das expressões apresentadas no capítulo 3
foram implementadas para a formação das imagens em profundidade (algumas
delas contribuições propostas nesta tese);
• Como há um maior número de grandezas associadas à propagação de ondas
elásticas, aplica-se a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes as grandezas expostas a seguir. Destaca-se que, são propostas
inéditas desta tese a utilização de algumas destas grandezas.
o Vx e Vy – velocidades das partículas, respectivamente, nas direções X e Y;
o P e S – respectivamente, ondas compressionais e cisalhantes. Determinadas
através da aplicação dos operadores divergente e rotacional sobre o campo
elástico de deslocamentos;
o TXX, TXY e TYY – componentes do tensor de tensões;
o TAL Máximo – tensão cisalhante máxima;
o Eng. Cinética Máxima – Energia cinética máxima;
o Sigma 1 Máximo – tensão compressional máxima.
Destaca-se que, as velocidades das partículas nas direções
coordenadas (Vx e Vy) e as componentes do tensor de tensões (τ xx , τ yy e τ xy ) são
247
• Declaração de um determinado intervalo de tempo, múltiplo do intervalo de tempo
adotado para o avanço da solução pelo Método das Diferenças Finitas, utilizado
para a correlação cruzada entre os campos de ondas ascendentes e
descendentes;
• Especificação do emprego de um esquema para a determinação da direção de
propagação do campo de ondas ascendentes (através da equação de Fluxo de
Energia, vide apêndice C.2), contribuição inovadora do autor desta tese,
empregando-se apenas as ondas na direção ascendente na correlação cruzada
entre os campos de ondas ascendentes e descendentes, como critério para a
formação das imagens em profundidade (vide capítulo 3);
• Pode-se especificar três tipos distintos de condições de contorno para cada uma
das bordas do modelo de velocidades, são eles: condição de contorno essencial,
condição de contorno natural e condição de contorno não-reflexiva;
• Quando da prescrição da condição de contorno não-reflexiva, estende-se o modelo
de velocidades, cria-se uma camada de amortecimento com um determinado
número de amostras e é nesta nova fronteira que se prescreve a condição de
contorno;
• Especificação de arquivos binários para a leitura dos modelos de velocidades de
ondas compressionais (VP), cisalhantes (VS) e de densidades.
248
comunicação entre os processos , criaram-se dois programas distintos denominados
master_3D_AC e slave_3D_AC. A seguir, descrevem-se as principais atribuições de
cada um destes programas:
Programa MASTER_3D_AC – (i) Iniciar a análise e ler os dados de entrada, (ii)
Inicialização do programa slave_3D_AC; (iii) Dividir e enviar o modelo de velocidades,
e demais parâmetros para os programas slave_3D_AC; (iv) Gerenciar e sincronizar a
execução dos programas slave_3D_AC; (v) Receber os dados de saída enviados
pelos programas slave_3D_AC (sismogramas e snapshots); (vi) Finalizar a análise.
Programa SLAVE_3D_AC – (i) Receber a partição do modelo de velocidade e
demais parâmetros que lhes são devidos; (ii) Calcular a solução para um determinado
intervalo de tempo; (iii) Enviar e receber os valores das incógnitas nas interfaces das
partições dos demais programas slave_3D_AC; (iv) Enviar os dados de saída para o
programa máster (sismogramas e snapshots).
A seguir, enumeram-se as principais características e funcionalidades
implementadas:
• Determinação das matrizes de tempo de trânsito através dos critérios da amplitude
máxima e amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra;
• Saída, durante a Modelagem de sismograma, tendo a possibilidade de se
especificar a amostragem temporal e espacial;
• Possibilidade de armazenar o campo de ondas (snapshots) para determinados
intervalos de tempo durante a Modelagem e a Migração Reversa no Tempo;
• Pode-se especificar três tipos distintos de condições de contorno para cada uma
das bordas do modelo de velocidades, são eles: condição de contorno essencial,
condição de contorno natural e condição de contorno não-reflexiva;
• Quando da prescrição da condição de contorno não-reflexiva, cria-se uma camada
de amortecimento com um determinado número de amostras (partindo da borda do
modelo e seguindo em direção ao seu interior);
• Possibilidade de prescrição de mais de uma fonte sísmica;
• Especificação de arquivos binários para a leitura dos modelos de velocidades de
ondas compressionais (VP) e de densidades;
• Na Migração Reversa no Tempo, o sismograma empregado na depropagação
pode conter um intervalo de amostragem diferente do intervalo adotado pelo
esquema de avanço da solução ao longo do tempo, neste caso, o programa
master_3D_AC realiza uma interpolação linear nos dados;
249
• Pode-se optar pelo particionamento seqüencial do arquivo contendo as
informações referentes ao sismograma, pois em alguns sistemas operacionais há
uma limitação no tamanho máximo dos arquivos em 2Gb.
250
CONTROLE_SISMOS – trata-se de um programa que proporciona a interação
entre o usuário e o programa master_sismos . Sendo executado a qualquer
instante pelo usuário, propicia a requisição de relatórios sobre o andamento das
tarefas, bem como é capaz de enviar uma requisição para que determinada tarefa
seja re-submetida;
SLAVE_SISMOS – realiza uma determinada seqüência de comandos com o intuito
de que a tarefa seja executada. Este programa é executado em cada um dos
microcomputadores que compõe determinado grupo de máquinas do cluster, e
utiliza chamadas de comandos em shell script do sistema operacional. Sua
implementação possibilita que diversos outros programas, desenvolvidos de forma
serial, possam ser englobados facilmente pelo gerenciador de tarefas, valendo-se
dos benefícios da execução através do paradigma da Divisão de Tarefa (vide
apêndice A).
Destaca-se que todos os programas criados pelo autor desta tese para
a Modelagem e Migração de dados sísmicos podem ter sua execução gerenciada pelo
programa master_sismos . No caso dos programas desenvolvidos que empreguem os
recursos do processamento paralelo com o paradigma da Divisão de Domínio (vide
apêndice A), como por exemplo: o programa de modelagem acústica 3-D, onde cada
tarefa deverá ser executada por um grupo de processadores do cluster.
A seguir descreve-se as principais funcionalidades e recursos do
gerenciador de tarefas desenvolvido:
• Capacidade de adicionar e excluir microcomputadores do cluster durante a
execução de determinada análise;
• Detecta, automaticamente, a queda de um determinado microcomputador e re-
aloca as tarefas, que porventura vinham sendo executadas em outro grupo de
microcomputadores do cluster, tão logo se apresente outro grupo de
microcomputadores capaz de executá-la;
• Possibilidade de iniciar mais de uma tarefa por microcomputador, característica
importante para microcomputadores com mais de 1 processador;
• Em alguns dos softwares incorporados ao programa de gerenciamento de tarefas,
os dados sísmicos de entrada e saída podem ser fornecidos no formato SEGY,
desta forma torna-se fácil sua comunicação com diversos pacotes de
processamento sísmico comerciais, como por exemplo: PROMAX, GXII,
GEODEPTH, dentre outros;
• Realização de um controle estatístico do tempo médio de execução das tarefas,
para os diversos microcomputadores que compõem o cluster;
251
• Englobar novos tipos de tarefas ao programa de gerenciamento requer pouco
esforço, pois os programas são executados nos microcomputadores do cluster,
empregando chamadas ao sistema operacional, através de shell scripts.
RAY_TRACE
Apesar de não ter sido explorado em nenhum dos exemplos
apresentados ao longo deste trabalho, o autor desta tese desenvolveu um programa
simples de Ray Tracing, considerando apenas a refração dos raios ao longo do
modelo de velocidades. Tal programa segue a metodologia apresentada nas notas de
aula do Dr. Djalma Manoel Soares Filho (curso ministrado em 2003, no Programa de
Engenharia Civil da COPPE/UFRJ intitulado Tópicos Especiais em Geofísica) e
complementado pela bibliografia proposta por CERVENY (1987).
Na implementação computacional, o autor desta tese considerou as
funções de forma quadrangulares quadráticas (BATHE, 1996) para o cálculo da função
vagarosidade, para os pontos que não se encontram sobre a malha regular na qual os
valores de velocidade foram fornecidos, bem como para o cálculo das derivadas
espaciais desta função. Lembrando-se que a velocidade (V) e a vagarosidade (S)
relacionam-se de acordo com a seguinte expressão: S = 1 V . Na solução do sistema
de equações envolvido no esquema de Ray Tracing empregou-se o método de Runge
Kutta de quarta ordem (BATHE, 1996).
Apenas com o intuito de ilustrar o funcionamento do programa de Ray
Tracing desenvolvido são apresentados a seguir dois exemplos com níveis crescentes
de complexidade. Inicialmente, apresenta-se na figura D-1 uma ilustração
representando o traçado dos raios, oriundos do vértice superior esquerdo, o modelo de
velocidades possui um gradiente vertical.
Figura D-1 – Representação do traçado dos raios oriundos do vértice superior esquerdo,
sobre um modelo de velocidades contendo um gradiente vertical.
252
Para ilustrar o emprego do programa desenvolvido de Ray tracing em
um modelo de velocidades complexo, apresenta-se na figura D-2 o traçado dos raios
determinados sobre o modelo de velocidades Marmousi, tendo sido suavizado,
utilizando a média móvel ao longo das direções coordenadas, considerando-se vinte
(20) amostras (vide seção 3.4).
Destaca-se que o objetivo inicial da implementação do método de Ray
Tracing era a determinação das matrizes de tempo de trânsito, através da interpolação
dos valores calculados para os pontos sobre os raios. Tal estratégia pode gerar as
denominadas regiões de sombra (shadow zones) onde não há a passagem de
nenhum raio devido à distribuição do campo de velocidades. Assim como em outros
problemas como, por exemplo, a existência de regiões nas quais os raios se
interceptam (multipath). Tais problemas são advindos das aproximações impostas
pelo método, destacando-se o fato de que tal método só é válido para altas
freqüências (CERVENY, 1987).
Figura D-2 – Representações do traçado dos raios oriundos de uma fonte posicionada
próxima à borda superior de um modelo de velocidades obtido a partir de uma
suavização do modelo Marmousi.
253
Apêndice E
Compressão de Dados
254
tais esquemas são, geralmente, menores do que com os esquemas de
compressão com perdas.
A maioria dos esquemas empregados como padrões para a
compressão de arquivos de imagens, vídeos e de áudio mesclam algoritmos de
compressão com perdas e sem perdas, a fim de se obter taxas de compressão mais
elevadas. Alguns esquemas de compressão de dados, tais como MPEG e MP3,
desprezam as informações que não possam ser captadas pelos olhos ou pelos
ouvidos humanos (MITCHELL, et al., 1997).
Deve-se observar que a taxa de compressão, definida como sendo a
razão entre o tamanho original do dado (To) dividido pelo tamanho do dado
compactado (Tc ), é fortemente influenciada pelo tipo de informação ao qual se deseja
comprimir e pelo tipo de esquema de compressão empregado.
255
adotado, calcular os valores dos NPOINTS do intervalo, ou, simplesmente, copiar os
valores dos NPOINTS que foram armazenados durante a fase de compressão.
Exemplos de Aplicação
256
Tabela E.1 – Resultados da aplicação do esquema de compressão de dados empregando o
ajuste de curvas por mínimos quadrados variando-se os parâmetros de entrada
do esquema desenvolvido
Legenda: Erro RMS: Raiz quadrada da média dos quadrados das diferenças entre os
valores originais e os valores descompactados
descompressão
obtidos após a
257
seja, o campo de ondas em um determinado instante não pode ser bem aproximado
utilizando-se polinômios.
Assim, a afirmação de que o campo de ondas não pode ser aproximado
utilizando polinômios descarta a utilização deste esquema de dados nos programas
desenvolvidos para a modelagem da propagação de ondas sísmicas , empregando os
conceitos da computação paralela como forma de aumento da taxa de transferência
de informações entre suas diferentes instâncias.
258
• Sub-rotina de compressão sem perdas empregando a codificação de Huffman.
A transformada wavelet pode ser interpretada de forma similar à
transformada de Fourier, pois ambas são transformações lineares, reversíveis e
ortogonais que operam em vetores cujo comprimento são potências de dois.
As principais vantagens da transformada wavelet frente à transformada
de Fourier são (FOUFOULA-GEORGIOU, et al., 1994):
i) Menor custo computacional, pois a transformada wavelet envolve somente
operações algébricas simples;
ii) As funções que servem como base para a transformada wavelet são limitadas,
tanto no domínio do tempo, quanto no domínio da freqüência. Tal característica
tem importância fundamental na eficácia dos esquemas de compressão;
iii) A existência de uma infinidade de funções que servem como base para
transformada wavelet. Este grande leque de opções para a transformada, ao
contrário das funções transcendentais senos e cosenos da transformada de
Fourier, podem vir a produzir coeficientes com propriedades interessantes para
diversos tipos de problemas.
No esquema de compressão desenvolvido ao longo desta tese,
empregou-se um conjunto particular de coeficientes para a transformada wavelet
denominado Daubechies, (nome dado em homenagem a sua descobridora), definido
por um conjunto com números pares de coeficientes variando de quatro (4) até vinte
(20) (FOUFOULA-GEORGIOU, et al.., 1994).
Na nomenclatura empregada neste texto, indica-se o número de
coeficientes da transformada wavelet, empregando os coeficientes de Daubechies
após as iniciais que indicam o tipo de funções utilizadas, ou seja, DAUB4 e DAUB20
para denominar, respectivamente, as transformadas wavelets com quatro (4) e vinte
(20) coeficientes de Daubechies.
259
dados utilizando transformada wavelet, junto aos problemas oriundos da propagação
de ondas acústicas e/ou elásticas em meios complexos.
Estabeleceu-se como sendo o dado original a ser comprimido um traço
sísmico retirado de um snapshot em um determinado instante de tempo de um modelo
de velocidades complexo. O dado é constituído de 1024 amostras, conforme pode ser
observado na figura E.3, onde os valores das amplitudes do sinal foram normalizados
para o intervalo [0;1].
260
Razão de Compressão
Erro RMS
Módulo da Diferença
Máxima
261
operacional Linux, denominada convert e, posteriormente, utilizou-se um outro
software desenvolvido para a conversão do formato de imagens .XPM para arquivos
binários. O esquema de compressão de dados desenvolvido foi aplicado sobre os
arquivos binários.
A seguir, apresenta-se na tabela E.3 os principais resultados e
parâmetros relacionados à compressão de dados empregando transformada wavelet,
utilizando os coeficientes DAUB4. Na figura E.5 apresentam-se as imagens originais e
as imagens resultantes da descompactação dos dados, após a aplicação do esquema
de compressão desenvolvido nesta tese.
262
Apêndice F
263
A vantagem na utilização de esquemas, envolvendo o Método das
Diferenças Finitas, consiste em tais esquemas serem comparativamente econômicos,
em relação a outros métodos numéricos, para a montagem do sistema linear de
equações algébricas resultante, devido à simplicidade das operações envolvidas. Por
este motivo, tais esquemas ainda são largamente utilizados na atualidade,
principalmente para aplicações em áreas com o a Mecânica dos Fluídos, que requerem
a aplicação de uma malha altamente refinada.
Existem determinados procedimentos que podem ser adotados de
forma a aumentar a acurácia na avaliação das derivadas pelo Método das Diferenças
Finitas, tal como a adoção do denominado Método das Diferenças Finitas com Grid
Intercalado (Staggered Grid Finite Difference). Tal estratégia foi empregada inúmeras
vezes como uma forma de aumentar a precisão do método, tendo-se como exemplo o
campo da propagação de ondas elásticas.
De maneira geral, a formulação de um problema via Método das
Diferenças Finitas, isto é, a obtenção da equação algébrica relacionada à equação
diferencial governante do problema, pode ser realizada de duas maneiras distintas. A
primeira delas, consiste na substituição das derivadas presentes na equação
diferencial governante pelas expressões algébricas correspondentes. A segunda,
consiste na utilização de uma equação que relacione o balanço de energia em um
determinado volume diferencial elementar, como nos casos relacionados à condução
de calor.
No Método das Diferenças Finitas, de acordo com a forma com que são
manipuladas algebricamente as expansões em Séries de Taylor, para valores
próximos a um determinado ponto, podem ser obtidas diferentes expressões para a
aproximação das derivadas. Geralmente, tais expressões são referenciadas pela
ordem do erro cometido pela aproximação da derivada, levando-se em conta o
intervalo do grid (h). Desta forma, em uma expressão de segunda ordem, o erro
( )
cometido pela aproximação da derivada é da ordem de h 2 .
Observa-se que, a ordem do erro da aproximação da derivada é feita
através da função O( ) , ou seja, o erro de uma aproximação via diferenças finitas de
( )
segunda ordem é representado por O h 2 .
264
Após a discretização faz-se uma expansão em Série de Taylor para
uma função em torno do ponto “i”, considerando-se diferentes pontos ao seu redor.
Assim, obtém-se um conjunto de diferentes equações, envolvendo os valores da
função e suas derivadas em diversos pontos do grid. A simplificação apropriada de
tais equações dá origem às expressões que relacionam os valores das derivadas com
os valores da função em diferentes pontos.
São apresentadas, a seguir, algumas expressões referentes às
aproximações para as derivadas de primeira e segunda ordens, sendo parte delas
coletada da literatura especializada e outras obtidas através da expansão em Série de
Taylor. Maiores detalhes sobre a formulação deste método podem ser obtidos na
vasta bibliografia existente sobre o assunto.
Para aproximações referentes à primeira derivada da função:
∂f 1
= ( f − fi −1 ) + O(h) , - diferenças atrasadas Eq. F-1
∂x x =i h i
∂f 1
= ( f − f ) + O(h ) , - diferenças adiantadas Eq. F-2
∂x x =i h i+1 i
∂f 1
= ( f i+1 − fi−1 ) + O(h 2 ) , - diferença central Eq. F-3
∂x x =i 2h
∂f 1
= (− fi +2 + 8 fi+1 − 8 fi −1 + f i− 2 ) + O(h 4 ) Eq. F-4
∂x x =i 12 h
∂f 1
= ( f − 9 fi +2 + 45 f i+1 − 45 fi−1 + 9 fi− 2 − f i−3 ) + O(h 6 ) Eq. F-5
∂x x =i 60h i +3
∂2 f 1
= ( f − 2 f i + fi −1 ) + O(h 2 ) Eq. F-7
∂x 2 x=i
h 2 i +1
∂2 f 1
= (− 2 f i+2 + 16 fi +1 − 30 fi + 16 fi −1 − 2 f i−2 ) + O(h 4 ) Eq. F-8
∂x 2 x= i
12h 2
265
∂2 f 1 ⎛ + 3 f i+3 − 27 f i+ 2 + 270 f i+1 − 490 f i ⎞ Eq. F-9
= ⎜
2 ⎜
⎟⎟ + O( h 6 )
∂x 2 x= i
180h ⎝ + 3 f i−3 − 27 f i −2 + 270 f i−1 ⎠
+ O ( h10 )
266
Anexo I
267
Anexo I.1 - Modelo Marmousi
268
Inicialmente um levantamento sísmico sintético foi simulado utilizando-
se operadores acústicos, ou seja, contemplou-se apenas a propagação de ondas
compressionais (P-waves). Neste levantamento sísmico sintético, com um total de
384 sismogramas igualmente espaçados de 24 m, foram empregados os seguintes
parâmetros de aquisição:
• 384 receptores com um espaçamento de 24 m, dispostos ao longo de todo o
modelo de velocidades;
• Freqüência de corte de 28 Hz adotada na fonte sísmica;
• O intervalo de amostragem temporal de 4 ms.
A seguir, na figura I.1-2, representam-se as matrizes de tempos de
trânsito obtidas de acordo com os critérios da amplitude máxima e da amplitude
máxima nas proximidades da primeira quebra, referentes à fase de propagação das
ondas acústicas relativa a uma determinada posição da fonte sísmica. Em tal figura
empregou-se um esquema de cores no qual são ressaltadas as descontinuidades
existentes.
Observa-se, vide figura I.1-2, que, no caso da adoção da inovação
proposta neste trabalho do critério da amplitude máxima nas proximidades da primeira
quebra, a matriz de tempo de trânsito possui um número bem inferior de
descontinuidades. Neste tese, advoga-se que tal característica proporcionará a
formação de imagens em profundidade nas quais os refletores apresentem uma
melhor continuidade ao longo da seção migrada.
(a) (b)
Figura I.1-2 – Representação das matrizes de tempo de trânsito obtidas de acordo com os
critérios: (a) amplitude máxima e, (b) amplitude máxima nas proximidades da
primeira quebra.
269
(a) (b)
Figura I.1-3 – Representações da frente de onda (snapshot) sobrepostas aos diferentes tipos
de condições de imagens, referente à 2ª posição da fonte sísmica, expressas
através dos seguintes critérios: (a) Amplitude máxima; (b) Amplitude máxima
nas proximidades da primeira quebra.
270
utilização do modelo de velocidades correto, os refletores apresentam-se planos e
paralelos após uma re-ordenação dos dados em famílias CRP’s.
De acordo com a figura I.1-4 pode-se tecer os seguintes comentários:
• As inúmeras interfaces estratigráficas que não possuem elevados contrastes
de impedância acústica não estão representadas nas imagens em
profundidade. Além das limitações impostas pelo baixo coeficiente de reflexão,
tem-se associado o fato de que o comprimento de onda da fonte sísmica
(função da freqüência de corte da fonte sísmica) possui dimensões da mesma
ordem de grandeza das camadas estratigráficas, o que dificulta a formação das
ondas refletidas;
• Em alguns pontos, observa-se uma ligeira melhoria na continuidade dos
refletores, no caso da aplicação da inovação proposta nesta tese do critério da
amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra;
• Com ambos critérios para a determinação das matrizes de tempo de trânsito,
obtiveram-se imagens em profundidade nas quais todos os principais refletores
encontram-se bem imageados.
Critério da Amplitude
Máxima
Critério da Amplitude
Proximidades da
Primeira Quebra
Máxima nas
Figura I.1-4 – Imagem em profundidade resultante do empilhamento das respostas dos 384
sismogramas.
271
Anexo I.2 - Modelo Domo Salino Modificado (SEG/EAGE)
272
Seção Y
(b)
Figura I.2-1 – Ilustrações dos planos de corte ao longo do modelo de velocidades 3-D,
perpendiculares às direções coordenadas; (b) seção Y, plano de corte ao
longo da direção Y.
273
quais as matrizes de tempo de trânsito foram determinadas através da aplicação do
critério da amplitude máxima (vide capítulo 3).
274
Analisando a figura I.2-3 pode-se observar que, com o aumento do nível
de suavização e com a conseqüente alteração das matrizes de tempo de trânsito
empregadas na condição de imagem pelo esquema de Migração Reversa no Tempo,
o correto imageamento dos refletores em sub-superfície nas imagens em profundidade
vai se comprometendo. Tal fato é bastante evidenciado, principalmente, na base do
domo salino e nas estruturas inferiores.
De maneira geral, o esquema de migração empregado revelou-se
estável em relação à suavização do campo de vagarosidade e, de acordo com os
resultados apresentados, observou-se que, à medida que se aumenta o número de
amostras utilizadas para a suavização, torna-se mais difícil a obtenção de imagens
das estruturas que se encontram abaixo do domo salino. Pois a suavização do campo
de vagarosidade acarreta em um erro na avaliação do tempo de trânsito e nos valores
de amplitude do campo de ondas depropagado, o que prejudica o correto
imageamento dos refletores em sub-superfície.
A seguir apresenta-se um novo conjunto de análises, no qual objetiva-
se ilustrar um esquema que realiza uma re-ordenação nos traços de cada um dos
painéis das imagens em profundidade, relativos a cada um dos sismogramas, aplica-
se um silenciamento (muting) e, finalmente, o empilhamento (stacking) para a
formação da imagem em profundidade final.
Para tanto, foram realizados dois tipos de levantamentos sísmicos
diferentes, no primeiro deles, os dados foram adquiridos em todo o modelo de
velocidades com um espaçamento entre receptores de 25 m e com uma distância
entre tiros de 50 m (com um total de 210 tiros); no segundo, simula-se um
levantamento sísmico com streamer onde o navio sísmico se deslocou da direita para
a esquerda em relação às bordas da figura I.2-1b, tendo o streamer um comprimento
de 3000 m, espaçamento de 25 m entre receptores e mantendo-se a mesma distância
entre tiros, realizou-se um total de 149 tiros nesta aquisição.
Neste novo conjunto de simulações o espaçamento entre os pontos do
grid do modelo de velocidades original foi alterado de 25 para 5 metros. Neste caso
para a seção Y (figura I.2-1b) tal modelo a ser utilizada pelo Método das Diferenças
Finitas perfaz uma malha composta por 2109 x 917 pontos.
Na figura I.2-4, apresentam-se dois sismogramas sintéticos
característicos dos dois tipos de levantamentos realizados com operadores acústicos,
com uma amostragem de 8 segundos.
275
(a) – Streamer (b) – Aquisição em todo o modelo
Figura I.2-4 – Sismogramas sintéticos dos dois tipos de levantamentos sísmicos realizados,
com coordenadas do tiro X=5000 m, a uma profundidade de 10 metros.
(I.2-5a) – Sem o silenciam ento nos painéis CRP’s (I.2-5b) – Com o silenciamento nos painéis CRP’s
Figura I.2-5 – Representação esquemática de dois painéis de imagens em CRP sobrepostos
em suas posições ao modelo de velocidades, considerando-se ou não o corte
dos dados no domínio do CRP
276
receptores estão dispostos ao longo de todo o modelo de velocidades, neste caso
tem-se a maior cobertura possível. Deste modo, pode-se adotar este resultado como
referência no caso de não se adotar nenhum esquema de silenciamento (muting) nos
painéis de famílias CRP’s.
dados sísmicos adquiridos ao
longo de todo o modelo de
velocidades
aplicação do silenciamento nos
empregando streamers, sem a
dados sísmicos adquiridos
painéis CRP’s
aplicação do silenciamento nos
empregando streamers, com a
dados sísmicos adquiridos
painéis CRP’s
277
nos refletores, principalmente, aqueles localizados abaixo do domo salino;
• A utilização do esquema de silenciamento (muting) nos painéis de imagens em
profundidade re-ordenados em famílias CRP’s, referentes aos dados sísmicos
adquiridos empregando streamers, proporcionou um aumento na relação
sinal/ruído. Deste modo, obteve-se uma melhora na continuidade dos refletores
em sub-superfície, principalmente aqueles localizados abaixo do domo salino;
• A imagem em profundidade final referente aos dados sísmicos adquiridos,
empregando streamers e com a utilização do esquema de silenciamento (muting)
nos painéis re-ordenados em famílias CRP’s (antes do empilhamento), possui uma
qualidade semelhante à imagem em profundidade final oriunda da migração dos
dados sísmicos adquiridos ao longo de todo o modelo de velocidades, a um custo
computacional bem inferior.
De forma geral, nas imagens em profundidade apresentadas nesta
análise, os principais refletores encontram-se bem imageados e tem-se uma clara
definição do topo e base do domo salino. Destacando-se ainda o imageamento de
alguns refletores abaixo do domo salino.
A seguir, apresentam-se alguns resultados que visam qualificar a
influência das reflexões laterais, presentes em um sismograma sintético oriundo de
uma modelagem acústica tridimensional, na qualidade da imagem em profundidade
determinada através da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a condição de imagem de tempo de excitação, também utilizando
operadores acústicos.
Nas modelagens acústicas tridimensionais (3D), o modelo de
velocidades empregado é composto por 1061 x 1061 x 459 pontos do grid,
respectivamente, para as direções X, Y e Z, com um espaçamento de 12.5 metros,
perfazendo um paralelepípedo de 13.250 x 13.250 x 5.725 Km.
Apresentam-se na tabela I.2-2 os principais parâmetros utilizados nestas
simulações numéricas, tanto para o modelo de velocidades tridimensional (3D) quanto
para o bidimensional (2D).
278
bidimensionais utilizando operadores acústicos sobre o modelo de velocidade
expresso pela seção Y, Modelagens e Migrações Reversas no Tempo, necessita-se –
respectivamente – de apenas 5.58 Mb e 9.30 Mb de memória.
Além do sismograma oriundo da modelagem sísmica empregando
operadores acústicos, sobre o modelo de velocidades tridimensional, registrou-se o
campo de ondas em determinados instantes de tempo durante a propagação das
ondas acústicas. Desta forma, apresenta-se na figura I.2-7 uma série de ilustrações,
representando o campo de ondas acústicas nos determinados instantes de tempo
(snapshots), sendo que para a confecção de tais ilustrações utilizou-se o programa
desenvolvido pelo autor desta tese para a visualização de dados 3-D (vide Apêndice
D).
279
Apresentam-se na figura I.2-8 os respectivos sismogramas, oriundos da
modelagem sísmica empregando operadores acústicos, considerando que os
receptores estão dispostos próximos à superfície e ao longo da seção Y. Em tal figura
observa-se que:
• No sismograma oriundo da modelagem 3-D há a presença de reflexões laterais
que não se encontram no sismograma proveniente da modelagem 2-D, sendo que
tal fato acarreta uma maior complexidade;
• Tais reflexões competem em ordem de grandeza com as oriundas das reflexões ao
longo da seção Y, fazendo com que as reflexões sobre a seção Y não apareçam
em destaque no sismograma proveniente da modelagem 3-D.
2-D 3-D
Figura I.2-8 – Sismogramas oriundos das modelagens acústicas bidimensionais (2-D) e
tridimensionais (3-D).
280
imageadas, cuja formação está associada às reflexões laterais presentes no
sismograma.
modelagem Sísmica 2-D
Sismograma oriundo da
modelagem Sísmica 3-D
Sismograma oriundo da
281
Anexo I.3 - Modelo Domo Salino (SEG/EAGE):
Seções A-A’ & B-B’
Seção A-A’
Seção B-B’
Figura I.3-1 – Representação do modelo de velocidades de ondas compressionais para as
seções A-A’ e B-B’ que serão empregados nas simulações numéricas.
282
Simula-se, com a modelagem utilizando operadores acústicos, a
aquisição de dados sísmicos empregando streamers. Neste tipo de levantamento
sísmico marítimo, o navio sísmico reboca a fonte sísmica e um conjunto de receptores
(hidrofones) e ao se deslocar altera as posições das fontes e receptores.
Na tabela I.3-1 tem-se a descrição dos principais parâmetros de
aquisição utilizados na modelagem e migração sísmica. Destaca-se que, a aquisição
dos dados simula um levantamento sísmico marítimo empregando streamers, no qual
o navio sísmico reboca a fonte sísmica e um conjunto de receptores (hidrofones)
dispostos ao longo de 3.700 metros e ao se deslocar altera as posições das fontes e
receptores.
283
A seguir, na figura I.3-3, apresenta-se uma série de imagens em
profundidade relativas a seção B-B’, onde se pode avaliar qualitativamente a influência
da variação do número de imagens empregadas no empilhamento para a formação da
imagem em profundidade final. Em tal análise, onde os dados sísmicos são
provenientes da simulação da aquisição empregando streamers, utilizou-se apenas o
inovador critério proposto nesta tese, denominado critério da amplitude máxima nas
proximidades da primeira quebra (vide seção 3.1.2) para a formação das matrizes de
tempo.
(a)
(b)
284
Analisando-se as imagens em profundidade apresentadas nas figuras
I.3-2 e I.3-3, obtidas através do empilhamento das diversas imagens provenientes da
aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo nos quais os dados sísmicos
foram obtidos através da simulação de um levantamento sísmico utilizando streamers,
pode-se tecer os seguintes comentários:
• Considerando a figura I.3-2, observa-se que houve um ligeiro aumento na relação
sinal/ruído no caso da utilização do critério da amplitude máxima nas proximidades
da primeira quebra, proposto originalmente nesta tese para a determinação das
matrizes de tempo de trânsito;
• De modo geral, na figura I.3-2, ambos os critérios utilizados para a determinação
das matrizes de tempo de trânsito proporcionaram, após o empilhamento das 475
imagens, a formação de imagens em profundidade nas quais os principais
refletores encontram-se corretamente imageados;
• Destaca-se que, embora apresentando alguma perda na continuidade dos
refletores, obteve-se o correto imageamento de estruturas que se encontram
posicionadas abaixo do domo salino. Tal região é de difícil imageamento, pois
grande parte da energia emitida pela fonte sísmica é refletida antes de alcançar
tais refletores, devido ao grande contraste de impedância acústica nas interfaces
do domo salino e à pouca energia que por ventura venha alcançar tais refletores
deve percorrer um caminho de volta em direção a superfície (sofrendo também
reflexões nas interfaces do domo salino) para ser registrada nos sismogramas;
• Na figura I.3-3, relativa à seção B-B’, observa-se que, mesmo com uma redução
significativa das imagens utilizadas no empilhamento para a formação da imagem
em profundidade final, é possível a delimitação das interfaces do topo e da base
do domo salino, embora com uma diminuição da relação sinal/ruído.
Utilizando-se os mesmos modelos de velocidades, seções A-A’ e B-B’,
empregando-se basicamente os mesmos parâmetros de aquisição apresentados na
tabela I.3-1, efetuou-se uma aquisição sísmica considerando que os receptores
encontram-se dispostos sobre todo o modelo de velocidades (com um espaçamento
de 20 metros entre eles). Nesta modelagem sísmica utilizando operadores acústicos ,
as fontes sísmicas também estão espaçadas de 20 metros, perfazendo um total de
775 tiros.
Com intuito de ilustrar o efeito da aplicação de um tratamento adequado
sobre a imagem em profundidade final (após o empilhamento das 775 imagens) como
sendo uma alternativa para ressaltar os refletores corretamente posicionados,
aumentando, deste modo, a relação sinal/ruído e facilitando a interpretação dos
resultados, apresenta-se na figura I.3-4 uma seqüência de imagens relativas à seção
285
A-A’ resultante da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a condição de imagem de tempo de excitação.
Na formação das imagens em profundidade apresentadas na figura I.3-
4, os seguintes tratamentos foram aplicados para a melhoria da relação sinal/ruído,
aprimorando, deste modo, a interpretabilidade dos resultados:
o Aplicação de um filtro de fase zero poligonal, atenuando os baixos
comprimentos de ondas presentes na imagem em profundidade;
o Utilização de um esquema de controle automático de ganho (AGC, Automatic
Gain Control), acentuando o contraste dos refletores.
Na figura I.3-4, além das imagens em profundidade, apresenta-se uma
ilustração do modelo de velocidades. Deste modo, compara-se o posicionamento dos
diversos refletores e avalia-se qualitativamente a eficiência do esquema de migração e
do tratamento efetuado na imagem em profundidade para realçar os refletores, dando
origem aos seguintes comentários:
• Utilizando os dados sísmicos adquiridos através da disposição de receptores ao
longo de todo o modelo de velocidades, obtém-se uma cobertura bem maior em
comparação à aquisição utilizando streamer com um lanço de 3.700 metros. Este
aumento de cobertura se reflete em uma melhoria na qualidade da imagem em
profundidade obtida, considerando a aplicação do mesmo esquema de migração;
• Os tratamentos propostos para o aumento da relação sinal/ruído se mostraram
eficazes, obtendo-se, desta forma, uma maior continuidade dos refletores, que, de
forma geral, representam corretamente todas as interfaces estratigráficas
presentes no modelo de velocidades, além da perfeita delimitação do domo salino.
A fim de avaliar a influência do critério empregado para a determinação
das matrizes de tempo de trânsito, além do número de imagens empregado para a
formação da imagem em profundidade final (através do empilhamento as diversas
imagens), apresenta-se à figura I.3-5. Em tal figura observa-se a seqüência de
imagens relativas à seção A-A’ no caso em que o levantamento sísmico no qual os
receptores estão dispostos ao longo de todo o modelo de velocidades.
De forma análoga à figura I.3-5, na figura I.3-6 apresenta-se para a
seção B-B’ as imagens em profundidade obtidas através da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de tempo de
excitação, onde as matrizes de tempo de trânsito são determinadas através do critério
da amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra, proposto originalmente
nesta tese.
Destaca-se que, os mesmos comentários apresentados anteriormente
para as figuras I.3-2 e I.3-3, também são válidos para as figuras I.3-5 e I.3-6. A
286
diferença entre tais figuras é o tipo de levantamento sísmico empregado para a
formação do conjunto de dados sísmicos utilizados pelo esquema de migração,
respectivamente, a aquisição empregando streamers e a aquisição nos quais os
receptores estão dispostos ao longo de todo o modelo de velocidades.
Empilhamento
Empilhamento
Filtro
+
Empilhamento
ganho
Filtro
+
+
Modelo de Velocidades
287
empilhamento: 775 imagens
empilhamento: 62 imagens
empilhamento: 8 imagens
(a) (b)
Figura I.3-5 – Imagens em profundidade relativas à seção A-A’, utilizando os critérios da
amplitude máxima (a) e o critério da amplitude máxima nas proximidades da
primeira quebra (b), para a determinação das matrizes de tempo de trânsito.
Onde a imagem em profundidade final é composta variando-se o número de
imagens empregadas no empilhamento.
288
simulando um levantamento sísmico empregando cabo de fundo oceânico (OBC,
Ocean Botton Cable). Tal modelagem é realizada, inicialmente, empregando
operadores acústicos e, posteriormente, operadores elásticos, de tal forma a
contemplar as conversões e interações entre os diferentes tipos de ondas.
Na simulação numérica do levantamento sísmico empregando cabo de
fundo oceânico (OBC) aplica-se o Princípio da Reciprocidade (GRAFF, 1975) de forma
a inverter o posicionamento de fontes e receptores. Em tal levantamento as fontes
sísmicas foram posicionadas com um intervalo de 20 metros e, basicamente, os
mesmos parâmetros de aquisição apresentados na tabela I.3-1 foram empregados.
A seguir, nas figuras I.3-7 e I.3-8, apresentam-se as imagens em
profundidade provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando a condição de imagem de tempo de excitação, no qual os dados sísmicos
de entrada – oriundos de uma modelagem sísmica utilizando operadores acústicos –
simulam um levantamento sísmico com cabo de fundo oceânico. Em tais análises
foram utilizados dois critérios distintos para a formação das matrizes de tempo de
trânsito, além de dois espaçamentos entre as estações de receptores.
Comparando-se as figuras I.3-7 e I.3-8, nas quais as condições de
imagem estão associadas, respectivamente, o critérios de amplitude máxima e o
inovador critério proposto nesta tese, denominado critério da amplitude máxima nas
proximidades da primeira quebra, observa-se uma ligeira melhoria na relação
sinal/ruído, expressa principalmente em termos de uma melhor continuidade dos
refletores na região abaixo do domo salino, no caso da figura I.3-8.
Na figura I.3-9 apresentam-se as imagens em profundidade utilizando-
se os mesmos dados sísmicos e procedimentos empregados para a formação das
imagens apresentadas nas figuras I.3-7 e I.3-8, sendo que neste caso objetivou-se a
formação de imagens associadas à primeira múltipla. Desta forma, seguindo os
procedimentos apresentados no item 3.1.2.1.3, adotou-se o critério da amplitude
máxima nas proximidades da primeira quebra para a determinação das matrizes de
tempo de trânsito associadas à energia das ondas múltiplas.
Destaca-se que, este procedimento para a formação de imagens em
profundidade, cuja formação está associada à energia da primeira múltipla, constitui
de uma das contribuições inovadoras propostas pelo autor nesta tese.
Com o intuito de melhor qualificar as diferenças existentes entre os tipos
de condições de imagens, expressos em função dos critérios que foram avaliados para
a determinação das matrizes de tempo de trânsito, empregadas para formação das
figuras I.3-7, I.3-8 e I.3-9, são apresentadas na figura I.3-10 ilustrações do campo de
ondas (snapshot), considerando um tempo de propagação de 1.5 segundos (em
289
escala de cinza), sobrepostos a “frente de propagação” obtida com o respectivo critério
avaliado (representado nas figuras pela linha em vermelho).
Analisando-se os resultados apresentados nas figuras I.3-7, I.3-8 e I.3-
9, além da figura I.3-10 que permite melhor avaliar as diferenças entre os critérios para
a formação das matrizes de tempo de trânsito, pode-se tecer as seguintes análises:
• Nas figuras I.3-8 e I.3-9, referentes ao critério proposto originalmente nesta tese
para a amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra – respectivamente
– associadas à energia da onda direta e à energia da primeira múltipla, observa-se
que há uma mudança de fase na polaridade dos refletores. Este efeito é
decorrente do imageamento com a energia da primeira múltipla;
• O principal ponto a ser destacado nestas imagens em profundidades geradas a
partir de critérios distintos é a coincidência dos refletores que estão corretamente
posicionados. Por exemplo, no caso da figura I.3-8 tem-se abaixo dos refletores
um ruído oriundo da primeira múltipla (pois neste caso se está imageando com a
onda direta) e, no caso da figura I.3-9, tem-se acima dos refletores o ruído
originário da onda direta (pois neste caso se emprega a primeira múltipla para a
formação da imagem), estando as corretas posições dos refletores inalteradas em
todo o conjunto de imagens em profundidade.
290
Distância entre receptores: 200 m
291
(a)
(b)
(c)
Figura I.3-10 – Representações da frente de onda (snapshot) sobrepostas aos diferentes tipos
de condições de imagens, expressas através dos seguintes critérios:
a) Amplitude máxima;
b) Amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra;
c) Amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra, associada à
energia da primeira múltipla.
292
em profundidade, contendo os refletores corretamente posicionados, nos quais
houve coincidências em seu posicionamento no conjunto de imagens;
• A inovadora metodologia proposta nesta tese empregando a energia
proveniente das ondas múltiplas para a formação de imagens adicionais em
profundidade mostrou-se extremamente eficaz. Tais imagens podem ser
interpretadas de forma conjunta e integrada, considerando que as matrizes de
tempo de trânsito estejam relacionadas à onda direta, para a identificação do
correto posicionamento dos refletores em sub-superfície.
A seguir, são apresentados resultados nos quais os dados sísmicos de
entrada foram modelados empregando operadores elásticos, ou seja, com tal modelo
matemático tem-se uma melhor representação do fenômeno de propagação de ondas,
pois se prevê a conversão e a interação entre os diversos tipos de ondas, como por
exemplo as ondas compressionais (P-waves) e cisalhantes (S-waves). Diferente das
modelagens realizadas com operadores acústicos que contemplam apenas a
propagação de ondas compressionais.
Para a realização das modelagens elásticas são necessários os
modelos de velocidades de ondas compressionais (VP) e cisalhantes (VS), além do
modelo contendo os valores de densidades. Deste modo, no modelo de velocidades
de ondas compressionais (apresentado na figura I.3-1, referente à seção A-A’)
aplicaram-se as seguintes relações para a confecção dos demais modelos:
Modelo de velocidades de ondas cisalhantes: excluindo a lâmina d’água que
possui um valor nulo, nas demais camadas aplicou-se a seguinte expressão para a
determinação da velocidade de propagação das ondas cisalhantes: VS = VP / 3
Modelo de densidades: adotaram-se os seguintes valores: 1.0 e 2.1 Kg/cm3,
respectivamente, para a lâmina d’água e para as demais camadas do modelo.
Deste modo, tem-se todas as informações necessárias para a
realização da modelagem do mesmo tipo de levantamento sísmico com cabo de fundo
oceânico, empregando operadores elásticos. Em tais simulações foram utilizados os
mesmos parâmetros de aquisição utilizados na modelagem sísmica empregando
operadores acústicos , alguns deles descritos na tabela I.3-1.
Através deste novo conjunto de dados sísmicos, obtidos através da
modelagem sísmica com operadores elásticos, inicialmente, realiza-se uma Migração
Reversa no Tempo utilizando operadores acústicos, empregando a condição de
imagem com tempo de excitação para a formação das imagens em profundidade.
Seguindo-se esta filosofia, pode-se avaliar o efeito sobre o esquema de
migração, empregando operadores acústicos, da utilização de um conjunto de dados
293
sísmicos sintéticos mais realístico (obtidos através de modelagens elásticas), no qual
as diversas interações entre os diferentes tipos de ondas serão tratados como ruídos
pelo esquema de migração. Utilizando operadores acústicos não há a existência, nem
as interações entre outros tipos de ondas, que não sejam ondas compressionais (P-
waves).
Na figura I.3-11, apresentam-se as imagens em profundidade
resultantes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a
condição de imagem de tempo de excitação, utilizando operadores acústicos. Sendo
que, as matrizes de tempo de trânsito foram determinadas empregando o critério da
amplitude máxima. Nesta análise, os sismogramas sintéticos, determinados a partir
da modelagem elástica, foram utilizados sem o emprego de nenhum tratamento
prévio, ou seja, com a presença dos efeitos da onda direta.
294
sísmicos de entrada, respectivamente, utilizando operadores acústicos e elásticos,
pode-se tecer os seguintes comentários:
• Apesar das conversões e interações entre os diferentes tipos de ondas
(provenientes da modelagem elástica) serem tratadas como ruído pelo
esquema de migração empregando operadores acústicos, a metodologia
mostrou-se suficientemente robusta a ponto de delimitar com clareza as
interfaces do domo salino (topo e base);
• Na figura I.3-11 há uma diminuição da relação sinal/ruído, relacionada ao fato
dos dados sísmicos terem sido modelados utilizando-se operadores elásticos,
principalmente na região mais próxima à superfície do modelo; e,
• Apesar da perda de continuidade, destaca-se o imageamento de alguns dos
refletores localizados abaixo do domo salino, em ambas as figuras, pois o
correto imageamento de tais refletores são um grande desafio aos esquemas
de migração. Devido ao fato, comentado anteriormente, de que grande parte
da energia é refletida antes de atingir tais refletores, e percorre um longo
caminho até ser captada nos receptores.
Destaca-se que, apesar dos excelentes resultados alcançados com a
aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de
imagem de tempo de excitação, a re-ordenação dos traços das im agens em
profundidade formando famílias CRP’s (Common Reciver Point) e o emprego de um
silenciamento (muting) – onde não houver a coincidência no posicionamento dos
refletores de cada painel – é um procedimento que pode ser utilizado para uma
melhoria ainda maior da qualidade da imagem em profundidade final.
295
Anexo I.4 - Modelo Solimões
296
contendo 8261 x 520 pontos, com um espaçamento de 5 metros em ambas as
direções coordenadas. Desta forma, perfaz-se um total de 41.3 Km x 2.595 Km.
Os modelos de velocidades e de densidades propostos para esta
análise, contendo os valores da velocidade de propagação de ondas compressionais
(P-waves) e cisalhantes (S-waves) e os valores de densidade ( ρ ), são ilustrados, na
figura I.4-1.
Compressionais (VP)
Velocidades de
variação:
Densidades
297
Segundo este procedimento, faz-se uma modelagem elástica -
utilizando os mesmos parâmetros de aquisição – sendo que os modelos de
velocidades e de densidade contêm unicamente as propriedades físicas da primeira
camada. Deste modo, pode-se subtrair, para cada uma das componentes registradas,
os sismogramas provenientes do modelo contendo todas as informações relativas às
diversas camadas e os sismogramas obtidos considerando somente as propriedades
da primeira camada, obtendo os sismogramas desconsiderando os efeitos da onda
direta.
A seguir na figura I.4-2 apresentam-se os sismogramas oriundos da
modelagem empregando operadores vetoriais, adquiridos considerando-se um
sistema de aquisição multicomponente, onde foram registradas as seguintes
grandezas elásticas: deslocamentos nas direções X e Y, componentes de tensão τ xx ,
298
(a) (b)
(a) (b)
Figura I.4-3 - Snapshots do campo de deslocamentos referentes à propagação de ondas
elásticas sobrepostos ao modelo de velocidades, respectivamente, o módulo
do campo de deslocamentos (a) e representação vetorial (b).
299
I.4.2 – Migrações Sísmicas
300
Analisando-se a imagem em profundidade da figura I.4-5 e
comparando-a com as figuras relativas ao modelo geológico em questão (figuras I.4-
1), pode-se tecer os seguintes comentários:
• Todas as interfaces presentes no modelo sísmico foram corretamente imageadas.
Com o emprego do filtro de fase zero poligonal, conseguiu-se atingir uma
excelente relação sinal/ruído;
• Nesta imagem em profundidade, abaixo da última interface do modelo sísmico,
aparecem alguns artefatos erroneamente imageados, provavelmente, associados
às energias provenientes das diversas reverberações entre as camadas de alta
impedância do modelo e/ou das ondas múltiplas originárias no grande contraste
existente entre a segunda interface do modelo;
• Tais interfaces erroneamente imageadas apresentaram um baixo valor de
amplitude, na imagem final em profundidade, em relação aos refletores
corretamente imageados em uma posição imediatamente acima. Ou seja, o
refletor abaixo da base da segunda soleira.
Figura I.4-5 - Imagem em profundidade final, com filtro de fase zero poligonal, resultante da
aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando operadores
acústicos.
301
As imagens em profundidade, nas quais haja uma associação ao modo
de onda cisalhante (S-wave), ou relacionadas a grandezas que apresentem uma
inversão de polaridade em relação à posição da fonte sísmica, serão apresentadas
considerando-se duas condições distintas durante a fase de empilhamento para sua
composição. São elas:
1. Empilhamento das diversas imagens em profundidade, relativas às diferentes
posições da fonte sísmica, sem considerar a questão da inversão de
polaridade;
2. Considerar o módulo dos valores antes do empilhamento das diversas imagens
em profundidade, relativas às diferentes posições da fonte s ísmica. Tal
estratégia é uma forma de tratar a questão da inversão de polaridade, forçando
os resultados a interagirem construtivamente.
Destaca-se ainda que existem outros procedimentos para o tratamento
da inversão de polaridade nas imagens em profundidades, considerando-se posições
distintas da fonte sísmica (vide item 3.3.3). O procedimento aqui exposto é apenas
uma das alternativas propostas, sendo que nesta análise não se objetiva a
comparação entre eles.
Nas figuras I.4-6 e I.4-7 apresentam-se as imagens em profundidade
relacionadas à propagação dos modos de ondas compressionais (PP e SP). Nas
figuras I.4-8 e I.4-9 têm-se as imagens em profundidade relacionadas à propagação
dos modos de ondas cisalhantes (SS e PS), além de outras considerando o
procedimento para o tratamento da inversão de polaridade, pois, neste modo de onda,
tem-se a inversão de polaridade em relação ao posicionamento da fonte sísmica.
Na figura I.4-10 apresenta-se as imagens em profundidades
relacionadas a algumas grandezas oriundas do emprego do esquema de Migração
Reversa no Tempo utilizando operadores vetoriais, tais como: Energia cinética
máxima, Tensão normal máxima (σ 1 ), e Tensão cisalhante máxima ( τ max ).
polaridade.
302
PP – MTT AC
SP – MTT AC
303
PS – MTT AC
PS Módulo – MTT AC
MODULO i
SS – MTT AC
SS Módulo – MTT AC
304
PS – MTT EL
PS Módulo - MTT EL
SS - MTT EL
SS Módulo – MTT EL
305
Eng. Cinética Máxima
Sigma 1 Máximo
Tal Máximo
306
TXX - MTT EL
TYY - MTT EL
TXY - MTT EL
TXY Módulo - MTT EL
307
VX - MTT EL
VX Módulo - MTT EL
VY - MTT EL
308
Na análise das figuras apresentadas para este caso, considerando-se
as características do modelo geológico, da Migração Reversa no Tempo utilizando
operadores vetoriais e empregando a condição de imagem de tempo de excitação,
perfazendo um total de vinte e duas (22) imagens em profundidade, pode-se tecer os
seguintes comentários:
• Observa-se que as imagens em profundidade relacionadas ao modo de
propagação de ondas compressionais (P-waves) apresentaram uma relação
sinal/ruído superior às referentes ao modo de propagação de ondas cisalhantes (S-
waves);
• A consideração de matrizes de tempo de trânsito determinadas através da
equação da onda acústica, no esquema de Migração Reversa no Tempo
empregando operadores vetoriais, mostrou-se eficaz no caso das imagens
relacionadas aos modos de ondas compressionais PP e SP (figura I.4-6);
• No caso da imagem em profundidade relacionada ao modo de onda SP (figuras
I.4-7), observou-se que a utilização da matriz de tempo de trânsito determinada
através da equação da onda elástica, contemplando a interação entre os diversos
modos de ondas, não apresentou uma qualidade semelhante à imagem em
profundidade obtida utilizando-se a matriz de tempo de trânsito determinada
através da equação da onda acústica (figura I.4-6);
• Na determinação das matrizes de tempo de trânsito, o emprego da equação da
onda acústica, considerando a propagação de cada modo de onda em separado
(compressional ou cisalhante, respectivamente P- e S-waves), mostrou-se
vantajosa, em alguns casos, em relação ao emprego da equação da onda elástica,
no que diz respeito à qualidade das imagens em profundidade obtidas;
• Neste modelo de velocidades, a grande interação entre os diferentes modos de
ondas pode ter comprometido a formação das matrizes de tempo de trânsito,
utilizando a equação da onda elástica, e, conseqüentemente, prejudicando o
imageamento dos refletores em sub-superfície, principalmente as imagens
associadas aos modos de ondas cisalhantes;
• A questão, demonstrada pela modelagem elástica realizada, de que grande parte
da energia emitida pela fonte sísmica é refletida ao longo da segunda interface do
modelo de velocidades, devido aos valores das propriedades físicas das camadas
adjacentes a tal interface, também ocorre na fase de depropagação dos dados
sísmicos. Este fato, também, pode vir a prejudicar sobremaneira a formação dos
refletores corretamente posicionados em sub-superfície;
309
• As imagens em profundidade expostas na figura I.4-10 - relacionadas às seguintes
grandezas: energia cinética máxima e tensão normal máxima (σ 1 ) – apresentaram
os principais refletores corretamente imageados . A imagem relacionada à Tensão
cisalhante máxima (τ max ) foi eficaz no imageamento, somente das bases das
310
Seguindo a metodologia apresentada na seção 3.3, inicialmente, faz-se
uma depropagação - utilizando os operadores elásticos - do campo de ondas elásticas
prescrevendo-se cada uma das componentes dos sismogramas, na posição dos
receptores e na ordem inversa em que foram adquiridos. Durante esta fase de
depropagação aplicam-se os operadores divergente e rotacional sobre as
componentes do campo de deslocamento a fim se obter as componentes
compressionais e cisalhantes. Registrando-se tais componentes, obtêm-se os
sismogramas relativos às ondas compressionais e cisalhantes, ou seja, os
sismogramas P-wave e S-wave.
Na figura I.4-13 apresentam-se os sismogramas relativos as
componentes compressional (P-wave) e cisalhante (S-wave), oriundos da separação
do campo de ondas elásticas durante a fase de depropagação.
311
condição de imagem de tempo de excitação, sendo as matrizes de tempo de trânsito
determinadas através do uso do critério proposto originalmente nesta tese da
amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra.
Na aplicação do esquema de migração empregando operadores
acústicos, nos quais empregam-se os sismogramas relacionados às ondas
compressionais (P-waves), utiliza-se o modelo de velocidades de ondas
compressionais (VP) (vide figura I.4-1), tanto na fase de determinação da matriz de
tempo de trânsito, quanto na depropagação do campo de ondas. No caso dos
sismogramas relacionados às ondas cisalhantes (S-waves) emprega-se o modelo de
velocidades de ondas cisalhantes (VS).
Destaca-se que, uma vez que os dados sísmicos relacionados às ondas
compressionais e cisalhantes estejam disponíveis, outros tipos de esquemas de
Migração Sísmica empregando operadores acústicos, ou seja, esquemas cujas
formulações estão associadas à propagação de ondas acústicas, podem ser
empregados para a determinação das imagens relacionadas a estes tipos de ondas.
Na figuras I.4-14 são apresentadas as imagens em profundidade,
provenientes da aplicação do esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando
operadores acústicos e empregando a condição de imagem de tempo de excitação,
relacionadas, respectivamente, às ondas compressionais e cisalhantes.
(a)
(b)
Figura I.4-14 - Imagem em profundidade final relacionada às ondas compressionais (P-waves)
(a) e cisalhantes (S-waves) (b), resultante do esquema de Migração Reversa
no Tempo utilizando operadores acústicos.
312
Analisando-se as imagens apresentadas na figura I.4-14 e comparando-
as com as demais imagens anteriormente apresentadas, além das figuras relativas ao
modelo geológico, pode-se tecer os seguintes comentários:
• No caso da imagem em profundidade relacionada às ondas compressionais (P-
waves) obteve-se uma excelente relação sinal/ruído. Tal imagem possui
resultados semelhantes à imagem em profundidade apresentada na figura I.4-5,
proveniente da aplicação do mesmo esquema de Migração Reversa no Tempo
utilizando operadores acústicos, nos quais os dados sísmicos utilizados foram os
sismogramas - oriundos da modelagem elástica - correspondendo aos
deslocamentos na direção Y;
• Destaca-se que as imagens em profundidade, obtidas utilizando operadores
acústicos ou elásticos, relacionadas somente ao modo de ondas compressionais
(P-waves), respectivamente figuras I.4-5, I.4-6 e I.4-7 apresentaram, basicamente,
a mesma qualidade no imageamento dos refletores em subsuperfície;
• Assim como as demais imagens em profundidade apresentadas anteriormente
(figuras I.4-8 e I.4-9), que têm sua formação associada às ondas cisalhantes (S-
waves), a figura I.4-14 (b) não apresentou uma boa relação sinal/ruído;
• No caso específico da figura I.4-14 (b), determinada utilizando-se a componente
cisalhante (S-wave) proveniente da decomposição dos sismogramas elásticos,
destaca-se o fato dos traços sísmicos localizados próximos à fonte sísmica
possuírem amplitudes mais baixas, devido a características do fenômeno de
propagação de ondas elásticas. Este fato dos traços sísmicos próximos à fonte
sísmica, ou seja, traços de menor offset, possuírem baixas amplitudes – aliado à
complexidade do modelo de velocidades – dificultam o imageamento sísmico, pois
nas regiões distantes do ponto de aplicação da fonte sísmica o campo de ondas
está sujeito a um maior número de interações entre as ondas refratadas e
refletidas, podendo vir a comprometer a parcela da energia depropagada que
contribui para o imageamento sísmico;
• Existem outros fatores que contribuem para que os refletores não sejam
corretamente imageados, dentre eles: a forte presença de reflexões múltiplas nos
sismogramas , além do fato de que grande parte da energia depropagada também
é refletida quando da passagem da frente de onda pelas interfaces contendo um
alto contraste de impedância;
Destaca-se que algumas características ressaltadas anteriormente, nas
demais imagens em profundidade apresentadas, também são válidas para a figura I.4-
14 (a), como por exemplo, a questão dos refletores posicionados abaixo da última
313
interface do modelo sísmico que foram erroneamente imageados e tem sua formação
associada à forte presença das ondas múltiplas nos dados sísmicos.
Levando-se em conta os objetivos iniciais pretendidos com a realização
das análises apresentadas ao longo deste tópico, além da metodologia proposta para
a formação de imagens em profundidade oriundas da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo com operadores vetoriais, pode-se tecer os seguintes
comentários finais:
• As diversas imagens em profundidade provenientes da utilização de operadores
vetoriais, no esquema de migração, devem ser interpretadas de forma conjunta,
analisando-se as características de cada uma das grandezas as quais as imagens
estão relacionadas;
• A imagem em profundidade proveniente da aplicação do esquema de Migração
Reversa no Tempo empregando-se a equação acústica da onda, apresenta uma
excelente qualidade, tendo sido os principais refletores corretamente imageados.
Acredita-se que tal resultado foi alcançado devido à correta estimativa inicial do
modelo de velocidades.
Conclui-se que, com uma boa estimativa inicial do campo de
velocidades, pode-se alcançar excelentes resultados utilizando-se operadores
acústicos no esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de
imagem de tempo de excitação. A partir de tal conclusão pode-se recomendar que,
em modelos geológicos similares ao aqui adotado, somente o emprego de um
levantamento sísmico convencional seja suficiente para se obter imagens em
profundidade nas quais os principais refletores estejam corretamente posicionados.
Assim, o emprego de levantamentos sísmicos multicomponentes,
possuindo uma realização mais dispendiosa que o sistema convencional, é
desaconselhado para modelos geológicos que apresentem características similares ao
modelo de velocidades empregado nesta seção.
314
Anexo I.5 - Modelo Teal South (ERCH)
315
aquisição. Para tanto, o leitor interessado pode contar com diversas referências
bibliográficas, como por exemplo: SUAREZ (2000); dentre outras.
A seguir, serão descritos alguns detalhes relativos ao levantamento
sísmico realizado na área do Golfo do México. Destaca-se que o projeto do
levantamento sísmico foi executado em diferentes fases e neste trabalho serão
analisados apenas os dados provenientes da denominada fase II (SUAREZ, 2000).
Nesta fase do levantamento sísmico tem-se ao todo um conjunto de
trinta e seis (36) estações de receptores distribuídas de acordo com a figura I.5-1.
Cada uma das estações de receptores, representadas pelos quadrados em branco na
figura I.5-1, possuem quatro (4) canais independentes registrando os dados oriundos
dos hidrofones e mais outros três (3) registros , respectivamente, para cada uma das
direções coordenadas, componentes X, Y e Z.
316
Figura I.5-2 - Mapa contendo as posições dos tiros (shot points), representado pelos pontos
em azul marinho, ao longo da área do levantamento sísmico.
317
exatamente sobre uma malha regular.
Outro ponto que merece especial atenção é a presença de ruídos nos
dados sísmicos registrados nos hidrofones, chegando a comprometer a qualidade de
todos os valores registrados por uma determinada estação de receptor. Analisando-se
os dados foram encontradas várias linhas sísmicas em que os valores registrados
encontram-se nesta situação, sendo que um estudo mais aprofundado revelou que tais
erros devem, provavelmente, ter sido gerados por uma falha no acoplamento dos
cabos vindos das estações de receptores com os equipamentos de registro dos dados
sísmicos.
Para determinadas estações de receptores tem-se o comprometimento
de até quase 50% dos, aproximadamente, 20.000 traços sísmicos registrados. Na
fase de pré-processamento o procedimento adotado, para este caso, foi anular toda a
informação contida nestes traços sísmicos (realizando-se um kill trace com o auxílio do
pacote de processamento sísmico PROMAX).
Evidentemente que no processamento dos dados sísmicos que se
encontram nesta situação não se espera a formação de imagens em profundidade
com uma boa qualidade, quando comparadas às imagens obtidas por uma
determinada estação de receptores em que se tem 100% dos dados sísmicos
registrados sem a presença de ruído.
De acordo com estudos realizados anteriormente, o modelo geológico
na área do levantamento é composto basicamente por camadas planas e paralelas
(SUAREZ, 2000). Desta forma, na aplicação dos esquemas de Migrações Reversas
no Tempo, tanto para simulações bi- quanto tridimensionais, adotou-se modelos de
velocidades puramente unidimensionais, apresentados a seguir na figura I.5-3.
P-wave S-wave
Figura I.5-3 - Modelo geológico de velocidades considerando a propagação de ondas
compressionais (P-wave) e ondas cisalhantes (S-wave).
318
O modelo de velocidades de ondas cisalhantes foi gerado a partir do
modelo de velocidades de ondas compressionais, aplicando-se uma relação constante
entre estas velocidades de propagação ao longo de todo o modelo, exceto na camada
de lâmina de água onde se sabe que o valor da velocidade de cisalhamento é nulo. O
valor adotado como sendo a razão entre as velocidades foi de 3 (vide figura I.5-3).
Em se tratando de um modelo de velocidades marítimo (off-shore), para
a determinação das matrizes de tempo de trânsito referentes à propagação das ondas
cisalhantes (S-waves) - adotando-se simulações utilizando operadores acústicos - na
camada referente à lâmina de água o valor da velocidade da onda cisalhante - que é
nulo – tem que ser substituído pelo valor da velocidade da onda compressional (1490
m/s na água). Tais matrizes de tempo de trânsito serão empregadas pelo esquema de
Migração Reversa no Tempo utilizando operadores elásticos, no qual adotou-se a
condição de imagem de tempo de excitação.
Inicialmente, serão apresentados os resultados das Migrações
Reversas no Tempo empregando operadores acústicos e elásticos, considerando-se
apenas a análise de uma linha sísmica do levantamento tridimensional (3D), com isto
tem-se a realização de simulações bidimensionais (2D). Selecionou-se uma
determinada linha sobre a área do levantamento sísmico tridimensional (3D),
passando o mais próximo possível por sobre as estações de receptores possuindo a
coordenada X=569923 m. Assim foram analisadas as seguintes estações de
receptores contendo as coordenadas geográficas dadas de acordo com a tabela I.5-1.
Tabela I.5-1 - Posição geográfica das estações de receptores empregadas nas simulações 2D.
Número do
Coordenada X (ft) Coordenada Y (ft)
Receptor
L1 1872963 -186804
L2 1872873 -188119
L3 1872879 -184180
L4 1872891 -185502
319
dos esquemas de Migração Reversa no Tempo, não foi realizado nenhum tipo de
tratamento nos dados originalmente registrados.
L3 L4
L1 L2
320
waves), sendo que, para este esquema foram utilizadas as matrizes de tempo de
trânsito relacionadas a este modo de ondas.
Para determinação das matrizes de tempo de trânsito relacionadas à
energia da onda múltipla emprega-se o critério inovador proposto neste trabalho,
apresentado no item 3.1.2.1. Neste caso, por se tratar de um modelo de velocidades
formado por camadas planas-paralelas, pode-se determinar o tempo de trânsito
referente à onda múltipla gerada pela reflexão da onda direta sobre a primeira
interface contendo uma velocidade de propagação da onda compressional igual a
1710 m/s.
Tal interface de velocidades foi determinada como sendo a responsável
pela onda múltipla caracterizada nos sismogramas apresentados na figura I.5-4, pela
análise do modelo de velocidades de ondas compressionais (figura I.5-3), da
geometria de aquisição, além dos tempos de reflexões registrados nos sismogramas.
Na figura I.5-5, apresentam-se as matrizes de tempo de trânsito,
determinadas através do critério da amplitude máxima, referente à denominada
estação de receptores L2 (vide tabela I.5-1). Tais matrizes serão empregadas nas
condições de imagem para os esquemas de Migrações Reversas no Tempo, com o
emprego de operadores elásticos e acústicos, utilizando a condição de imagem de
tempo de excitação.
De forma a satisfazer os critérios de dispersão numérica para o Método
das Diferenças Finitas, principalmente, no caso da aplicação do modelo matemático
referente à propagação de ondas elásticas, deve-se levar em conta o valor mínimo
(não nulo) da velocidade de propagação das ondas cisalhantes (S-waves) existente no
modelo. Para satisfazer tais critérios, os dados oriundos do levantamento sísmico
foram interpolados de tal forma a alcançar os seguintes parâmetros adotados nas
simulações bidimensionais (2D) (vide tabela I.5-2).
A seguir, apresentam-se as imagens em profundidade, obtidas pela
aplicação dos esquemas de Migração Reversa no Tempo bidimensionais (2D), tanto
para operadores acústicos quanto para operadores elásticos. Destaca-se que, tais
resultados, dizem respeito apenas a linha sísmica bidimensional (2D) contendo as
denominadas estações de receptores L1, L2, L3 e L4 (cujos sismogramas relativos à
pressão hidrostática estão representados na figura I.5-4), relativas aos dados sísmicos
tridimensionais (3D).
Com a intenção de melhor delinear as sutilezas existentes nas imagens
em profundidade, provenientes da aplicação dos esquemas envolvendo a Migração
Reversa no Tempo com operadores acústicos e elásticos, as figuras apresentadas
possuirão uma ampliação (zoom) em uma determinada região de interesse do modelo
321
geológico. Tal região de interesse encontra-se localizada de 750 até 1250 metros de
profundidade sobre o modelo geológico bidimensional (2D) adotado nestas análises.
322
cisalhantes, respectivamente, P- e S-waves). Deste modo, seguindo a nomenclatura
da seção 3.3, o seguinte conjunto de imagens em profundidade será apresentado:
PP–MTT AC, PS–MTT AC; SS–MTT AC e SP–MTT AC.
A seguir, nas figuras I.5-6 e I.5-7 são apresentadas as imagens em
profundidade, após o empilhamento (stacking) das diversas seções sísmicas para as
quatro (4) estações de receptores analisadas, considerando-se os dois tipos de
condições de imagem, envolvendo, respectivamente, o tempo de trânsito relacionado
com a onda direta (first break) e o tempo de trânsito relacionado com a onda múltipla
(first ghost).
Destaca-se que, nestas figuras (figuras I.5-6 e I.5-7), tendo em vista a
má qualidade (baixa relação sinal ruído) apresentada para as imagens em
profundidade associadas ao modo de propagação das ondas cisalhantes, somente as
imagens em profundidade relacionadas ao modo de propagação de ondas
compressionais (P-waves) serão apresentadas.
De acordo com os diversos resultados apresentados pode-se concluir
que, de maneira geral, a metodologia empregada mostrou-se eficaz no imageamento
das estruturas encontradas na sub-superfície do modelo, tanto com o emprego de
operadores acústicos quanto elásticos. Destaca-se que, por se tratar do emprego de
dados sísmicos reais, a interpretação dos resultados é bem mais árdua quando
comparados à aplicação das metodologias em dados sísmicos sintéticos, pois neste
caso se conhece com exatidão o perfil do modelo de velocidades.
A seguir são tecidos alguns comentários e conclusões referentes aos
resultados alcançados para as simulações bidimensionais (2D):
• Considerando-se apenas as imagens em profundidade relacionadas ao modo de
propagação das ondas compressionais (P-waves), o emprego deste esquema de
Migração Reversa no Tempo utilizando a condição de imagem de tempo de
excitação, tanto com o uso de operadores acústicos quando de operadores
elásticos, forneceram resultados bastante similares;
• Além do fato do modelo matemático ser mais adequado à propagação de ondas
sísmicas em meios geológicos complexos, a grande vantagem na utilização dos
esquemas envolvendo operadores elásticos é a obtenção de imagens adicionais
relacionadas a outros modos de ondas. Tais imagens em profundidade podem vir
a auxiliar a interpretação dos resultados;
• Espera-se que, com a adoção de um modelo de velocidade de ondas cisalhantes
mais adequado, obtenha-se o instrumental necessário para a determinação de
imagens em profundidade com características ainda melhores, principalmente para
aquelas relacionadas ao modo de ondas cisalhantes (S-waves).
323
(A) Acoustic – first break
(B) Elastic PP-wave – first break (C) Elastic PS-wave – first break
324
(A) Acoustic –first ghost
(B) Elastic PP-wave – first ghost (C) Elastic PS-wave – first ghost
325
A seguir, serão apresentados os resultados advindos da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando a condição de imagem de
tempo de excitação, utilizando operadores acústicos, em modelos tridimensionais
(3D).
Ressalta-se que, devido ao grande volume de dados em comparação
aos casos bidimensionais (2D), alguns dos procedimentos empregados no pós -
processamento dos resultados – como, por exemplo: o emprego de filtros e demais
ferramentas contidas no pacote de processamento de dados sísmicos desenvolvido
pelo CWP (Centre for Wave Phenomena) - não foram utilizados.
Nas imagens em profundidade apresentadas para os casos
tridimensionais (3D) não foi adotado nenhum tipo de ganho nos valores de amplitude,
deste modo os contrastes das interfaces localizadas em pontos distantes da aplicação
da fonte sísmica tendem a esmaecer. O único artifício empregado, na tentativa de
ressaltar os valores de baixa amplitude, consistiu no uso de um esquema de cores
com um grande contraste no software desenvolvido neste trabalho para a visualização
de dados tridimensionais (3D) (vide Apêndice D).
Enfatiza-se que o software empregado para a visualização dos
resultados tridimensionais (3D) - desenvolvido pelo autor deste trabalho - é uma
ferramenta para a visualização do campo de ondas em determinado instante de tempo
(snapshots) e não se encontra adaptado com as nuances necessárias à visualização
de imagens em profundidade tridimensionais (3D).
O modelo de velocidades empregado nas simulações tridimensionais
(3D) é, uma extensão do modelo de velocidades utilizado nas simulações
bidimensionais (2D). A malha regular adotada para as simulações tridimensionais
possui: 361 x 285 x 281 pontos, necessitando de um total de 110.3 Mb para sua
alocação em memória.
Na tabela I.5-3 apresentam-se alguns dos parâmetros utilizados nas
simulações tridimensionais (3D) empregando operadores acústicos. Destaca-se que
os sismogramas, empregados na fase de depropagação do campo de ondas
registrado, foram interpolados conforme mencionado anteriormente. Na tabela I.5-4
apresentam-se as coordenadas espaciais das estações de receptores, assim como o
número de traços sísmicos que foram silenciados (devido à captação de ruído durante
o levantamento sísmico).
Conforme pode ser observado na tabela I.5-4, somente será aplicado o
esquema de Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos e dados
sísmicos tridimensionais (3D) em apenas nove (9) das trinta e seis (36) estações de
receptores contidas no levantamento sísmico.
326
A seguir, nas figuras I.5-8, I.5-9 e I.5-10, apresentam-se imagens em
profundidade obtidas através do emprego do esquema de Migração Reversa no
Tempo com operadores acústicos, utilizando a condição de imagem de tempo de
excitação, onde as matrizes de tempo de trânsito foram determinadas através do uso
do critério da amplitude máxima e estão relacionadas ao tempo de trânsito da onda
direta (first break) e ao tempo de trânsito da primeira múltipla (first ghost).
327
P1
P2
P3
(first break ) (first ghost)
Figura I.5-8 - Figuras dos planos de corte, posicionados sobre as respectivas estações de
receptores, nas imagens em profundidade tridimensionais, referentes às
estações de receptores P1, P2 e P3. Determinadas através do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos,
considerando-se que as matrizes de tempo de trânsito estão relacionadas à
onda direta (first break ) e à primeira múltipla (first ghost).
328
P4
P5
P6
(first break ) (first ghost)
Figura I.5-9 - Figuras dos planos de corte, posicionados sobre as respectivas estações de
receptores, nas imagens em profundidade tridimensionais, referentes às
estações de receptores P4, P5 e P6. Determinadas através do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos,
considerando-se que as matrizes de tempo de trânsito estão relacionadas à
onda direta (first break ) e à primeira múltipla (first ghost).
329
P7
P8
P9
(first break ) (first ghost)
Figura I.5-10 - Figuras dos planos de corte, posicionados sobre as respectivas estações de
receptores, nas imagens em profundidade tridimensionais, referentes às
estações de receptores P7, P8 e P9. Determinadas através do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos,
considerando-se que as matrizes de tempo de trânsito estão relacionadas à
onda direta (first break ) e à primeira múltipla (first ghost).
330
De acordo com os resultados apresentados, nas figuras I.5-8, I.5-9 e I.5-
10, podem ser feitos os seguintes comentários:
• De maneira geral, a metodologia empregada mostrou-se eficaz no imageamento
dos refletores em sub-superfície. Embora, para a formação de uma imagem em
profundidade final, deva-se analisar todo o conjunto de dados sísmicos referentes
às trinta e seis (36) estações de receptores;
• O emprego dos artifícios do processamento em paralelo, na realização das
simulações bi- (2D) e tridimensionais (3D) mostraram -se perfeitamente factíveis
em cluster de microcomputadores. Cada simulação (propagação ou depropagação
do campo de ondas) tridimensional (3D) foi executada em, aproximadamente, duas
2 horas no cluster denominado Sismos III (PETROBRAS/CENPES) (vide Apêndice
A.2), quando da divisão do modelo de velocidades em dezoito (18) partições;
• Mesmo sem a adoção de nenhum dos procedimentos empregados anteriormente -
como por exemplo: a utilização de filtros e ganhos nos valores de amplitude,
realçando as nuances existentes e identificando o posicionamento das camadas
contendo um contraste de impedância acústica - foi possível a identificação de
alguns refletores nas imagens em profundidade tridimensionais (3D) referentes às
estações de receptores;
• Em alguns casos apresentados - referentes às estações de receptores P2, P5 e P6
- observou-se que houve um comprometimento da qualidade das imagens em
profundidade para os planos de corte ilustrados (posicionados sobre as respectivas
coordenadas das estações de receptores). Tal fato se deve a que tais receptores
registraram ruídos para algumas linhas do levantamento sísmico, comprometendo
a qualidade dos sismogramas empregados nas Migrações Reversas no Tempo;
• A estação de receptores P3, apesar de possuir um número considerável de traços
sísmicos que tiveram de ser silenciados, devido a ruídos no levantamento sísmico
(vide tabela I.5-4), as imagens em profundidade referentes aos dois tipos de
condições de imagem empregadas, relacionadas ao tempo de trânsito da onda
direta (first break) e ao tempo de trânsito da primeira múltipla (first ghost), não
apresentaram um comprometimento de sua qualidade;
• O fato das imagens em profundidade referentes à estação de receptores P3 não
apresentarem um comprometimento em sua qualidade, pode ser explicado
considerando-se a localização dos traços sísmicos que tiveram de ser silenciados.
Tais traços sísmicos podem estar localizados em uma região em que a energia a
ser depropagada, empregando o algoritmo de Migração Reversa no Tempo, não
contribui de forma acentuada para a formação da imagem em profundidade dos
planos de corte ilustrados.
331
Anexo I.6 – Modelo VSP – Tridimensional (3D)
332
à superfície encontra-se a uma profundidade de 1130 metros, os demais receptores
estão posicionados a uma distância de 25 metros entre si.
Tabela I.6-1 – Coordenadas, em relação aos pontos do grid, referentes aos três
poços empregados no levantamento sísmico.
Coordenadas em relação aos pontos do grid
X Y
Poço A 452 311
Poço B 546 499
Poço C 264 404
333
dos três poços empregados no levantamento sísmico. Posteriormente, na figura I.6-3,
considerando o poço B, serão apresentados os sismogramas sintéticos oriundos da
modelagem elástica tridimensional (3D), para estes mesmos planos.
A B C
Figura I.6-2 – Planos de cortes no modelo de velocidades, perpendiculares às direções
coordenadas X e Y, ilustrando o posicionamento dos poços nos quais serão
realizados os levantamentos sísmicos.
334
deste plano de corte será feita posteriormente, junto à imagem em profundidade final,
a fim de facilitar a comparação entre elas.
Nas simulações bidimensionais (2D), empregou-se a mesma filosofia de
análise proposta para o caso tridimensional (3D), ou seja, inicialmente, realizou-se
uma modelagem sísmica empregando operadores elásticos e, posteriormente, nos
dados sísmicos registrados – referentes aos deslocamentos na direção vertical –
aplicou-se o esquema de Migração Reversa no Tempo empregando operadores
acústicos, utilizando a condição de imagem de tempo de excitação.
Neste caso bidimensional (2D), no levantamento sísmico do perfil
sísmico vertical (VSP) foram dispostos quarenta e cinco (45) receptores ao longo do
poço vertical, sendo que o primeiro receptor encontra-se a uma profundidade de 1085
metros, estando os demais receptores dispostos com um espaçamento de 25 metros
entre eles. Em relação ao grid do modelo de velocidades tridimensional (3D), tal poço
encontra-se localizado a 840 metros e 130 metros, respectivamente, em relação às
coordenadas X e Y, (com respeito à origem do sistema de coordenadas).
Destaca-se que outro parâmetro foi alterado nesta simulação
bidimensional, além do número de receptores e da profundidade dos receptores. O
tempo total de análise, no caso bidimensional (2D), é estipulado em 4.0 segundos. Os
demais parâmetros empregados na simulação desta aquisição, são os mesmos
adotados nos casos tridimensionais (3D) e encontram-se expostos na tabela I.6-2.
Na figura I.6-3, apresentam-se os sismogramas sintéticos obtidos com a
modelagem bidimensional (2D) empregando operadores elásticos, para o receptor que
se encontra posicionado mais próximo à superfície do modelo de velocidades. Em tal
figura, ilustram-se os sismogramas referentes aos deslocamentos e às componentes
de tensões em relação às direções dos eixos coordenados, além do sismograma
referente à tensão hidrostática (decomposta a partir do tensor de tensões).
Analisando-se os sismogramas apresentados na figura I.6-3, pode-se
tecer alguns comentários:
o Observa-se a inversão de polaridade existente em algumas grandezas que tiveram
seus valores registrados, como por exemplo: o deslocamento na direção horizontal
(direção X) e a tensão cisalhante ( τ xy );
335
Deslocamento direção X Deslocamento direção Y Tensão Hidrostática
336
• De forma geral, nas demais ilustrações apresentadas nas figuras I.6-4 e I.6-5,
pode-se observar a configuração do campo de ondas elástico, originário da
interação entre os diversos tipos de ondas (compressionais e cisalhantes,
respectivamente P- e S-waves), que são convertidas, refletidas e refratadas à
medida que a frente de onda se propaga no modelo de velocidades;
337
Ressalta-se que, uma análise apurada das diversas figuras relativas à
propagação do campo de ondas elástico, apresentadas nas figuras I.6-4 e I.6-5, pode
proporcionar uma grande compreensão do fenômeno ondulatório sobre o modelo de
velocidades.
338
sísmico de entrada contém informações referente a outros modos de ondas e suas
conversões, além do modo de onda compressional e tais modos serão tratados
como ruído pelo esquema de migração empregando operadores acústicos, pois
modelos acústicos só contemplam a propagação de ondas compressionais;
o Também não foi adotado nenhum tratamento para a retirada das ondas diretas e
reflexões múltiplas presentes nos sismogramas de entrada para o esquema de
migração. Tais reflexões podem vir a com prometer a formação das imagens em
profundidade com uma boa relação sinal/ruído;
o Na formação da imagem em profundidade final não se empregou nenhum
esquema de re-ordenação dos traços de cada uma das imagens em famílias
CRP’s (Common Reciver Point), relativas a cada um dos receptores, aplicando-se
um silenciamento (muting) e, posteriormente, o empilhamento (stacking). No
Anexo I.2 explora-se a aplicação de tal seqüência para a formação da imagem em
profundidade final.
De acordo com os comentários anteriores observa-se que os resultados
apresentados ainda podem ser melhorados com a aplicação de alguns dos
procedimentos enumerados no Anexo I.2 deste trabalho. Para tanto, deve-se,
preferencialmente, contar com o auxílio de um pacote de processamento sísmico
comercial, como por exemplo o ProMAX. A implementação computacional de tais
procedimentos foge aos objetivos pretendidos com a realização deste trabalho.
Analisando-se a imagem em profundidade final, resultante do
empilhamento das quarenta e cinco (45) imagens provenientes da aplicação do
esquema de Migração Reversa no Tempo utilizando operadores acústicos e
empregando a condição de imagem de tempo de excitação, apresentada na figura I.6-
6, pode-se analisar o seguinte:
o Comparando-se a imagem em profundidade com o modelo de velocidades
observa-se que a primeira interface se encontra bem definida e com uma boa
continuidade ao longo de toda a seção;
o Na segunda e terceira interfaces, os comprimentos dos refletores imageados
diminuem e esta diminuição está relacionada com o posicionamento das fontes e
receptores neste tipo de levantamento sísmico utilizando VSP (Vertical Seismic
Profile), pois à medida que os receptores se aproximam da terceira interface a
iluminação do mesmo tende a diminuir. A iluminação é representada pela
trajetória dos raios que partem da fonte sísmica até o receptor e sabe-se que,
quanto maior a iluminação, maior será a quantidade de energia captada pelo
receptor e, por conseqüência, melhores serão as chances de que tal interface seja
bem imageada pelos esquemas de migração sísmica;
339
o De forma geral, levando-se em conta que ainda existem procedimentos que
possam vir a melhorar a relação sinal/ruído da imagem em profundidade, o
resultado apresentado por esta simulação bidimensional (2D) mostrou-se
satisfatório.
340
Analisando-se a figura I.6-7 é possível observar, em algumas das
ilustrações apresentadas, a mudança de fase (polaridade) em relação ao ponto de
aplicação da fonte sísmica. Tal caracterís tica é decorrente da própria natureza vetorial
das grandezas avaliadas, ou seja, o deslocamento da partícula.
Destaca-se que, apesar do software de visualização empregado na
confecção de tais figuras não possuir um esquema adequado para ressaltar os valores
com baixas amplitudes é possível vislumbrar-se algumas reflexões. Maiores detalhes
sobre este software, desenvolvido pelo autor desta tese, podem ser obtidos no
Apêndice D.
341
Com o intuito de proporcionar uma melhor compreensão do fenômeno
da propagação de ondas, registraram-se as componentes do campo de velocidades
das partículas ao longo das direções coordenadas em determinados instantes de
tempo durante a propagação das ondas elásticas. Desta forma, apresentam-se nas
figuras I.6-8 e I.6-9 uma série de ilustrações, representando o campo de ondas
elásticas em determinados instantes de tempo (snapshots), utilizou-se na confecção
de tais ilustrações o programa desenvolvido pelo autor deste trabalho de visualização
de dados tridimensionais (3-D) (vide Apêndice D).
342
tridimensional (3D) da propagação das ondas elásticas;
Velocidade na direção X
Velocidade na direção Y
Velocidade na direção Z
343
esquema de cores no qual são ressaltadas as descontinuidades existentes. Conforme
pode ser observado nos diversos planos de cortes ilustrados, sendo que tais
descontinuidades estão principalmente limitadas às regiões próximas à segunda
interface do modelo de velocidades.
Figura I.6-10 – Representação de determinados planos de corte sobre uma matriz de tempo
de trânsito tridimensional, determinada com a aplicação do critério da
amplitude máxima nas proximidades da primeira quebra.
344
Poço A Poço B Poço C
345
A seguir, na figura I.6-13, apresentam-se alguns planos de corte,
perpendiculares à direção coordenada Z, tanto do modelo de velocidades, quanto das
imagens em profundidade após o empilhamento (stacking) dos oitos (8) cubos de
dados para cada um dos três (3) poços, resultantes da aplicação do esquema de
Migração Reversa no Tempo empregando operadores acústicos . Tal plano de corte
encontra-se a uma profundidade de 2320 metros ou a 465 pontos do grid.
Poço B Poço C
Figura I.6-13 - Representação de determinados planos de corte perpendicular à direção
coordenada Z, a uma profundidade de 2320 metros, para o modelo de
velocidades e para as imagens em profundidade, resultantes do
empilhamento (stacking) das imagens provenientes da aplicação do
esquema de migração Reversa no Tempo para os oito (8) receptores
dispostos em cada um dos poços.
346
A fim de facilitar sua interpretação na figura I.6-14 novamente é exposto o plano de
corte do modelo de velocidades.
347
• Apesar da presença de alguns refletores erroneamente imageados, nos resultados
apresentados nas figuras I.6-11 a I.6-13, comparando-se tais planos de corte com
o modelo de velocidades é possível a identificação dos refletores corretamente
imageados pelo esquema de migração, principalmente nos planos de corte
perpendiculares às direções coordenadas X e Y;
• Destaca-se que as mesmas observações feitas anteriormente, quando da
exposição dos resultados bidimensionais (2D), a respeito da iluminação dos
refletores em função do posicionamento das fontes e receptores, também são
válidas para os casos tridimensionais (3D);
• Analisando-se a figura I.6-13, que ilustra, além do modelo de velocidades, as
imagens em profundidade após o empilhamento do resultado dos oito (8)
receptores referentes a cada um dos três (3) poços, observa-se que:
o A identificação dos refletores corretamente imageados é uma tarefa árdua,
pois tal plano de corte não apresentou uma boa relação sinal/ruído, mesmo
comparando-se tais planos de corte das imagens em profundidade com o
plano de corte do modelo de velocidades;
o O plano de corte do modelo de velocidades perpendicular à direção
coordenada Z possui grande complexidade, contendo regiões nas quais têm -
se variações abruptas e suaves nos valores de velocidades. Este fato deve
ser levado em consideração na análise dos resultados das imagens em
profundidade, pois mesmo as regiões que possuem variações suaves no
contraste de impedância acústica tendem a ser imageadas pelo esquema de
Migração Reversa no Tempo;
o Deve-se considerar também que a área de maior iluminação para este plano
de corte também se altera para cada um dos três poços, tendo neste caso uma
variação tridimensional, ou seja a topografia dos refletores influencia seu
imageamento sísmico. De fato, o terceiro refletor abaixo do poço C possui a
topografia complexa, conforme pode ser verificado nos planos de cortes
perpendiculares às direções coordenadas X e Y (figuras I.6-11 e I.6-12), o que
dificulta seu imageamento;
• Na figura I.6-14 apresenta-se o plano de corte perpendicular à direção coordenada
Z da imagem em profundidade final, após o empilhamento (stacking) de todos os
resultados dos oitos (8) receptores para os três (3) poços considerados, sendo que
em tal figura – apesar da baixa relação sinal/ruído – pode-se identificar alguns
refletores, embora apresentem uma boa continuidade.
De forma geral, os resultados apresentados pelo esquema de Migração
Reversa no Tempo utilizando operadores acústicos e empregando a condição de
348
imagem de tempo de excitação mostraram-se satisfatórios. Há grandes perspectivas
na melhoria da qualidade das imagens em profundidade e dentre os procedimentos
que podem ser empregados para tal fim destacam-se:
A adoção de esquemas que re-ordenem os traços e silenciem os ruídos da
migração antes do empilhamento das imagens (conforme exposto no Anexo I.2
deste trabalho);
A retirada das ondas diretas presentes nos sismogramas de entrada;
O emprego de outros esquemas de Migração Reversa no Tempo, como por
exemplo o esquema que utiliza a correlação cruzada entre os campos de ondas
ascendentes e descendentes como condição de imagem (vide capítulo 3);
A utilização de modelos matemáticos mais sofisticados, como a equação elástica
da onda, pois desta forma as conversões e interações entre os diversos modos de
ondas, que foram registradas nos sismogramas sintéticos provenientes da
modelagem sísmica empregando operadores elásticos, não seriam tratados como
ruído pelo esquema de migração, como no caso da migração com operadores
acústicos.
349