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Informativo 630-STJ (RESUMIDO)


Márcio André Lopes Cavalcante

DIREITO CONSTITUCIONAL
DEFENSORIA PÚBLICA
Defensor Público não precisa de inscrição na OAB para exercer suas funções

Importante!!!
Os Defensores Públicos NÃO precisam de inscrição na OAB para exerceram suas atribuições.
O art. 3º, § 1º, da Lei 8.906/94 deve receber interpretação conforme à Constituição de modo a
se concluir que não se pode exigir inscrição na OAB dos membros das carreiras da Defensoria
Pública.
O art. 4º, § 6º, da LC 80/94 afirma que a capacidade postulatória dos Defensores Públicos
decorre exclusivamente de sua nomeação e posse no cargo público, devendo esse dispositivo
prevalecer em relação ao Estatuto da OAB por se tratar de previsão posterior e específica.
Vale ressaltar que é válida a exigência de inscrição na OAB para os candidatos ao concurso da
Defensoria Pública porque tal previsão ainda permanece na Lei.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.710.155-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 01/03/2018 (Info 630).

DIREITO ADMINISTRATIVO
CONCURSO PÚBLICO
Surgimento de novas vagas + necessidade do provimento + inexistência de restrição
orçamentária = direito subjetivo à nomeação

O candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas tem direito subjetivo à
nomeação caso surjam novas vagas durante o prazo de validade do certame, haja manifestação
inequívoca da administração sobre a necessidade de seu provimento e não tenha restrição
orçamentária.
STJ. 1ª Seção. MS 22.813-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 13/06/2018 (Info 630).

SERVIDORES PÚBLICOS
São imprescritíveis as ações de reintegração em cargo público quando o afastamento se deu em
razão de perseguição política praticada na época da ditadura militar

Importante!!!
São imprescritíveis as ações de reintegração em cargo público quando o afastamento se deu
em razão de atos de exceção praticados durante o regime militar.
Ex: João era servidor da ALE/PR. Em 1963, João foi demitido em razão de perseguição política
perpetrada na época da ditadura militar. Em 2011, João ajuizou ação ordinária contra o Estado

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do Paraná pedindo a sua reintegração ao cargo. Esta pretensão é considerada imprescritível


considerando que envolve a efetivação da dignidade da pessoa humana.
Vale ressaltar, contudo, que a imprescritibilidade da ação que visa reparar danos provocados
pelos atos de exceção não implica no afastamento da prescrição quinquenal sobre as parcelas
eventualmente devidas ao autor. Não se deve confundir imprescritibilidade da ação de
reintegração com imprescritibilidade dos efeitos patrimoniais e funcionais dela decorrentes,
sob pena de prestigiar a inércia do Autor, o qual poderia ter buscado seu direito desde a
publicação da Constituição da República. Em outras palavras, o recebimento dos “atrasados”
ficará restrito aos últimos 5 anos contados do pedido.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.565.166-PR, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 26/06/2018 (Info 630).

DIREITO CIVIL

USUCAPIÃO
É possível o reconhecimento da usucapião de bem imóvel com
a implementação do requisito temporal no curso da demanda

Importante!!!
É possível o reconhecimento da usucapião quando o prazo exigido por lei se complete no curso
do processo judicial, conforme a previsão do art. 493, do CPC/2015, ainda que o réu tenha
apresentado contestação.
Em março de 2017, João ajuizou ação pedindo o reconhecimento de usucapião especial
urbana, nos termos do art. 1.240 do CC (que exige posse ininterrupta e sem oposição por 5
anos). Em abril de 2017, o proprietário apresentou contestação pedindo a improcedência da
demanda. As testemunhas e as provas documentais atestaram que João reside no imóvel desde
setembro de 2012, ou seja, quando o autor deu entrada na ação, ainda não havia mais de 5
anos de posse. Em novembro de 2017, os autos foram conclusos ao juiz para sentença. O
magistrado deverá julgar o pedido procedente considerando que o prazo exigido por lei para
a usucapião se completou no curso do processo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.361.226-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 05/06/2018 (Info 630).

DIREITO DO CONSUMIDOR
INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA
Validade do repasse da comissão de corretagem ao consumidor pela incorporadora imobiliária
mesmo no Programa Minha Casa, Minha Vida

Importante!!!
Ressalvada a denominada Faixa 1, em que não há intermediação imobiliária, é válida a
cláusula contratual que transfere ao promitente-comprador a obrigação de pagar a comissão
de corretagem nos contratos de promessa de compra e venda do Programa Minha Casa, Minha
Vida, desde que previamente informado o preço total da aquisição da unidade autônoma, com
o destaque do valor da comissão de corretagem.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.601.149-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, julgado em 13/06/2018 (recurso repetitivo) (Info 630).

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DIREITO EMPRESARIAL

SOCIEDADES
Legitimidade passiva da Telebrás, bem como das companhias cindendas (ou sucessoras destas),
para a ação de complementação de ações

Legitimidade passiva da Telebrás, bem como das companhias cindendas (ou sucessoras
destas), para a ação de complementação de ações, na hipótese em que as ações originárias
tenham sido emitidas pela Telebrás.
A legitimidade passiva para a demanda por complementação de ações é definida de acordo
com as seguintes hipóteses:
1) Contrato de participação financeira celebrado com companhia independente não
controlada pela TELEBRÁS (ex.: CRT S/A): legitimidade passiva da companhia independente,
ou da sucessora desta (ex.: OI S/A);
2) Contrato de participação financeira celebrado com companhia local controlada pela
TELEBRÁS (ex.: TELESC S/A), e emissão originária de ações pela controlada: legitimidade
passiva da TELEBRÁS, bem como das companhias cindendas (ou sucessoras destas);
3) Contrato de participação financeira celebrado com companhia local controlada pela
TELEBRÁS, e emissão de ações pela TELEBRÁS: legitimidade passiva da TELEBRÁS, bem como
das companhias cindendas (ou sucessoras destas).
STJ. 2ª Seção. REsp 1.633.801-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 23/05/2018
(recurso repetitivo) (Info 630).

ECA

ATO INFRACIONAL
Superveniência da maioridade penal

A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem na


aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida, enquanto
não atingida a idade de 21 anos.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.705.149-RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/06/2018 (recurso
repetitivo) (Info 630).

Súmula 605-STJ: A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato


infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade
assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 14/03/2018, DJe 19/03/2018.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
Qual é o recurso cabível contra o pronunciamento que
julga a impugnação ao cumprimento de sentença?

Importante!!!
Qual é o recurso cabível contra o pronunciamento que julga a impugnação ao cumprimento de
sentença?
• Se o pronunciamento judicial extinguir a execução: será uma sentença e caberá APELAÇÃO.
• Se o pronunciamento judicial não extinguir a execução: será uma decisão interlocutória e
caberá AGRAVO DE INSTRUMENTO.
Assim, o recurso cabível contra a decisão que acolhe impugnação ao cumprimento de sentença
e extingue a execução é a apelação.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.698.344-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/05/2018 (Info 630).

RESTAURAÇÃO DE AUTOS
Tribunal de Justiça não pode editar provimento fixando prazo
para a propositura da ação de restauração de autos

Tribunal de Justiça não tem competência para, por meio de provimento da respectiva
Corregedoria, estabelecer prazo para a propositura de ação de restauração de autos.
Caso concreto: houve um incêndio no fórum de Poção de Pedras (MA) e os autos queimaram.
Diante disso, a Corregedoria do TJ/MA editou um provimento fixando um prazo para que as
partes requeressem a restauração dos autos, sob pena de serem obrigadas a propor
novamente a ação principal. O STJ não concordou e afirmou que o TJ não poderia ter editado
essa norma. Ao estabelecer prazo para a propositura da ação de restauração de autos com a
apresentação dos documentos necessários, o TJ/MA editou uma verdadeira norma sobre
processo civil (norma processual), cuja competência legislativa foi atribuída privativamente
à União (art. 22, I, CF/88).
STJ. 3ª Turma. REsp 1.722.633-MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 07/08/2018 (Info 630).

DIREITO PROCESSUAL PENAL

FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO


As autoridades listadas no art. 105, I, “a”, da CF/88 somente terão foro por prerrogativa de
função no STJ para os crimes cometidos durante o exercício do cargo
e relacionados às funções desempenhadas

As hipóteses de foro por prerrogativa de função perante o STJ restringem-se àquelas em que
o crime for praticado em razão e durante o exercício do cargo ou função.
STJ. Corte Especial. AgRg na APn 866-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 20/06/2018 (Info 630).

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FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO


Iminência da ocorrência da prescrição fez com que o STJ permanecesse competente para julgar
Desembargador que praticou crime fora do exercício de suas funções

A iminente prescrição do crime praticado por Desembargador excepciona o entendimento


consolidado na APn 937 - o foro por prerrogativa de função é restrito a crimes cometidos ao
tempo do exercício do cargo e que tenham relação com o cargo - e prorroga a competência do
Superior Tribunal de Justiça.
STJ. Corte Especial. QO na APn 703-GO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 01/08/2018 (Info 630).

TRIBUNAL DO JÚRI
Jurado que fala “é um crime” durante a sessão de julgamento viola o dever de
incomunicabilidade, acarretando a nulidade absoluta da condenação

Importante!!!
Deve ser declarado nulo o júri em que membro do conselho de sentença afirma a existência de
crime em plena fala da acusação.
Caso concreto: durante os debates no Plenário do Tribunal do Júri, o Promotor de Justiça
estava em pé na frente dos jurados apresentando seus argumentos. Em determinado
momento, o Promotor fez uma pergunta retórica: “aí, então, senhores jurados, eu pergunto a
Vossas Excelências: qual foi a conduta que o réu aqui presente praticou?” Uma das juradas
acabou “soltando” a seguinte resposta: “é um crime”. O juiz presidente do Júri imediatamente
a advertiu dizendo: por favor, a senhora não pode se manifestar. O advogado, contudo, na
mesma hora requereu ao magistrado que consignasse este fato na ata de julgamento. O juiz
decidiu que não houve quebra da incomunicabilidade e seguiu com o julgamento. O réu foi
condenado e a defesa recorreu alegando, entre outros argumentos, que houve nulidade do
julgamento por quebra da incomunicabilidade dos jurados. O STJ anulou o júri.
STJ. 6ª Turma. HC 436.241-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19/06/2018 (Info 630).

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

PREVIDÊNCIA PRIVADA
Não é possível incluir, nos cálculos dos proventos de complementação de aposentadoria pagos
por entidade fechada de previdência privada, as horas extraordinárias habituais incorporadas
por decisão da Justiça trabalhista à remuneração do participante

As horas extras habituais incorporadas ao salário do participante de plano de previdência


privada por decisão da Justiça do Trabalho produzem efeitos nos cálculos dos proventos de
complementação de aposentadoria?
a) A concessão do benefício de previdência complementar tem como pressuposto a prévia
formação de reserva matemática, de forma a evitar o desequilíbrio atuarial dos planos. Em
tais condições, quando já concedido o benefício de complementação de aposentadoria por
entidade fechada de previdência privada, é inviável a inclusão dos reflexos das verbas
remuneratórias (horas extras) reconhecidas pela Justiça do Trabalho nos cálculos da renda
mensal inicial dos benefícios de complementação de aposentadoria.

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b) Os eventuais prejuízos causados ao participante ou ao assistido que não puderam


contribuir ao fundo na época apropriada ante o ato ilícito do empregador poderão ser
reparados por meio de ação judicial a ser proposta contra a empresa ex-empregadora na
Justiça do Trabalho.
c) Modulação dos efeitos da decisão (art. 927, § 3º, do CPC/2005): nas demandas ajuizadas na
Justiça comum até a data do presente julgamento - se ainda for útil ao participante ou
assistido, conforme as peculiaridades da causa -, admite-se a inclusão dos reflexos de verbas
remuneratórias (horas extras), reconhecidas pela Justiça do Trabalho, nos cálculos da renda
mensal inicial dos benefícios de complementação de aposentadoria, condicionada à previsão
regulamentar (expressa ou implícita) e à recomposição prévia e integral das reservas
matemáticas com o aporte de valor a ser apurado por estudo técnico atuarial em cada caso.
d) Nas reclamações trabalhistas em que o ex-empregador tiver sido condenado a recompor a
reserva matemática, e sendo inviável a revisão da renda mensal inicial da aposentadoria
complementar, os valores correspondentes a tal recomposição devem ser entregues ao
participante ou assistido a título de reparação, evitando-se, igualmente, o enriquecimento
sem causa da entidade fechada de previdência complementar.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.312.736-RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 08/08/2018 (recurso
repetitivo) (Info 630).

PREVIDÊNCIA PRIVADA
Em ação de revisão de benefício de previdência privada, o patrocinador não possui legitimidade
passiva para figurar em litisconsórcio com a entidade previdenciária

O patrocinador não possui legitimidade passiva para litígios que envolvam


participante/assistido e entidade fechada de previdência complementar, ligados estritamente
ao plano previdenciário, como a concessão e a revisão de benefício ou o resgate da reserva de
poupança, em virtude de sua personalidade jurídica autônoma.
Obs: não se incluem, no âmbito da matéria afetada, as causas originadas de eventual ato ilícito,
contratual ou extracontratual, praticado pelo patrocinador. Em outras palavras, a tese acima
definida não engloba a discussão quanto a atos ilícitos cometidos pelo patrocinador.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.370.191-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 13/06/2018 (recurso
repetitivo) (Info 630).

Informativo 630-STJ (31/08/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 6

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