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Pratica Trabalhista PDF
Pratica Trabalhista PDF
P R Á T I C A T R A B A L H I S TA
PRÁTICA TRABALHISTA
PRÁTICA TRABALHISTA
Daniele Sehli
www.iesde.com.br
Daniele Sehli
PRÁTICA TRABALHISTA
4.a edição
ISBN: 978-85-387-2246-5
CDD 341.688
Reclamação trabalhista I:
petição inicial
9 Denominação
9 Requisitos fundamentais
Reclamação trabalhista II
26 Primeiro passo: relacionar os dados do con-
trato de trabalho
51 Requisitos fundamentais
54 Preliminares
65 Requerimentos do reclamado
66 Requerimentos finais
66 Documentos e provas
67 Resumo
82 Reconvenção
Recursos I
89 Considerações gerais
96 Recurso ordinário
Recursos II
109 Recurso de Revista
SUMÁRIO
Recursos III
131 Embargos de declaração
139 Recurso de embargos
Recursos IV
149 Agravo de petição
158 Agravo de instrumento
Ação rescisória
171 Considerações gerais
171 Natureza jurídica
171 Previsão legal
174 Competência
175 Legitimidade
176 Petição inicial
178 Hipóteses
184 Irretroatividade
184 Efeitos
184 Prazo decadencial
184 Peça processual
SUMÁRIO
Mandado de segurança
189 Conceito
189 Natureza jurídica
189 Espécies
190 Competência
192 Condições genéricas
192 Condições específicas
194 Cabimento
194 Peça processual
Questões práticas I
199 Cuidados especiais
201 Questões práticas
201 Questão 1 – OAB/PR
203 Questão 2 – OAB/PR
204 Questão 3 – OAB/SP
205 Questão 4 – OAB/SP
205 Questão 5 – OAB/CE
SUMÁRIO
Questões práticas II
209 Questão 1 – OAB/SP
209 Questão 2 – OAB/PR
210 Questão 3 – OAB/PR
211 Questão 4 – OAB/PR
Referências 213
Anotações 215
Reclamação trabalhista I:
petição inicial
Daniele Sehli*
Denominação
A petição inicial ordinária na Justiça do Trabalho, consoante artigo 840 da Con-
solidação das Leis do Trabalho (CLT), recebe a denominação de reclamação trabalhista.
Assim, para se evitar qualquer tipo de discussão com a banca examinadora, deve-se
utilizar a nomenclatura sugerida pelo legislador.
Requisitos fundamentais
A princípio, os requisitos fundamentais para a elaboração da petição inicial tra-
balhista se encontravam apenas no artigo 840 da CLT. As exigências desse dispositivo
legal, contudo, mostram-se simplistas demais para a atuação de um profissional da área
do Direito. Não se pode perder de vista que o dispositivo celetário tem o condão de pos-
sibilitar a apresentação de reclamação trabalhista pela própria parte, vez que vigora na
Justiça do Trabalho o ius postulandi (CLT, art. 791).
Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Professora da Graduação da PUCPR. Advogada
trabalhista.
1 Convém salientar que a Emenda Constitucional 45/2004, alcunhada como “Reforma do Judiciário”, ampliou a competência da
Justiça do Trabalho, trazendo alterações substanciais quanto ao tema.
PRÁTICA TRABALHISTA
Assim, temos:
Art. 651. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela loca-
lidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda
que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.
Com isso, deve-se ter em mente que é irrelevante o local da contratação do traba-
lhador ou a localidade em que o empregado reside. A peça vestibular deverá ser dirigida
à Vara do Trabalho em que foram prestados os serviços.
As demais hipóteses do artigo 651 da CLT apresentam exceções a essa regra geral,
que podem ser assim resumidas:
A questão objeto do Exame de Ordem, via de regra, contém todos os dados ne-
cessários para a qualificação da parte. Se, eventualmente, a questão for omissa em rela-
ção a algum dado, ainda assim a qualificação das partes deverá ser preenchida da forma
mais completa possível na peça de ingresso.
Importa observar que isso não autoriza o candidato a criar um dado fantasioso apenas
para o preenchimento correto e completo da qualificação da parte. Tal procedimento
poderá ser entendido como um meio de identificação do candidato, acarretando, por
conseguinte, a sua desclassificação. Deverá o candidato, desse modo, apenas completar a
questão lembrando a necessidade do dado não mencionado.
Ocorrendo tal situação – em que o empregado ainda não seja totalmente capaz
(menor de 18 anos) –, também deverá ser consignada na peça de ingresso a qualificação
completa do assistente ou do representante do menor (CPC, art. 8.º).
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Procurador
Considerando-se que, na questão objeto do exame da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), a peça processual é confeccionada por advogado, devidamente constituí-
do, faz-se necessário consignar a existência do procurador legal da parte. Essa informa-
ção poderá ser aduzida da seguinte forma:
[...] vem à presença desse Juízo, por seu advogado infra-assinado e devida-
mente constituído (procuração em anexo ou instrumento de mandato em anexo),
inscrito na OAB - (estado) sob o n.º _____ [...]
Algumas subseções da OAB, por sua vez, exigem ainda que o candidato men-
cione o endereço do advogado, fazendo valer o disposto no artigo 39, I, do CPC. Para
tanto, constará na prova prática o endereço do advogado, podendo-se consignar o dado
da seguinte forma:
Reclamado
Ambas as partes, reclamado e reclamante, devem ser apresentados com qualifi-
cação completa. Se o reclamado for pessoa física, deve-se levar em consideração as mes-
mas observações acima aduzidas em relação ao reclamante. Se o reclamado for pessoa
jurídica, será o endereçamento feito a ela, pois é a empresa que figura como emprega-
dora e não os seus sócios.
[...] Massa Falida de Alimentos Alice Ltda., pessoa jurídica de direito privado,
estabelecida em (cidade), na Rua _____ , n.º _____ , CEP _____ , representada por seu
síndico, Fulano de Tal, brasileiro, solteiro, advogado, residente e domiciliado na
Rua _____ , n.º _____ , CEP _____ , (cidade), (estado).
■■ espólio:
[...] Espólio de _____, representado por seu inventariante, Sicrano de Tal, bra-
sileiro, solteiro, advogado, residente e domiciliado na Rua _____, n.º _____, CEP _____,
(cidade), (estado).
Litisconsórcio
Podem ocorrer situações de litisconsórcio ativo e passivo. A hipótese de litiscon-
sórcio ativo diz respeito a uma ação individual plúrima (CLT, art. 842), na qual os vários
empregados que ingressam com a demanda trabalhista têm em comum a identidade de
matéria e pretendem a tutela jurisdicional em face de um mesmo empregador.
Para fins de Exame de Ordem, além da breve exposição dos fatos, deverão tam-
bém ser aduzidos os fundamentos jurídicos, como determina a Lei Processual Civil.
O fato a que a lei se refere é o constitutivo do pedido, aquele cuja ocorrência gerou o direito
a que se reivindica.
Fundamento jurídico não é a norma jurídica em que o pedido se ampara, e sim a indicação
da natureza da relação de direito que decorre dos fatos expostos. Se o reclamante assevera
que, havendo sido dispensado sem justa causa, é credor das parcelas tais, está indicando o
fundamento jurídico da sua reivindicação.
[...]
A indicação do direito positivo aplicável não se exige na reclamação trabalhista, isto é, não
precisa o reclamante dizer em que texto da lei, Decreto-Lei etc., ampara sua pretensão.
Todavia, sempre que possível, deve ser indicado o dispositivo legal, ou entendi-
mento doutrinário e/ou jurisprudencial, ou os princípios que embasam o direito vindi-
cado pelo reclamante. Esses fundamentos incrementam a peça processual e permitem
ao avaliador investigar o grau de conhecimento do candidato.
PRÁTICA TRABALHISTA
Forma de exposição
Considerando-se que a reclamação trabalhista, via de regra, relata vários fa-
tos, faz-se necessário expô-los de forma que haja um encadeamento lógico entre eles.
A respeito do requisito, são bem lembradas as palavras de Wagner Giglio (2007, p.
177): “Deve, por isso, ser cuidadosamente redigida, sopesando-se cada palavra, o enca
deamento lógico da exposição e a correta fundamentação do pedido, [...]. Sua redação
deve obedecer os requisitos do estilo: clareza, precisão e concisão”.
É necessário, desse modo, estabelecer uma ordem de exposição desses fatos (so-
mente os essenciais). O mais conveniente é que os fatos sejam narrados de forma crono-
lógica e ordenada em relação aos pedidos principais e acessórios.
Pedido
Especificação do pedido
Após a exposição dos fatos e fundamentos jurídicos, vem o pedido, que nada
mais é do que a pretensão do reclamante.
Não pode existir reclamação trabalhista com pedido sem a respectiva causa de
pedir (fatos + fundamentos jurídicos), como também não pode haver causa de pedir
sem o correspondente pedido. Se tal evento ocorrer, a petição inicial será inepta (CPC,
art. 295, parágrafo único, I).
Daí porque a inicial deve mencionar precisamente o que o autor pretende. Por
exemplo, não pode alegar o reclamante ter sido dispensado sem justa causa e, em decor-
rência desse evento, simplesmente postular “o pagamento dos direitos decorrentes da
injusta dispensa”. A pretensão do reclamante, nesse caso, seria genérica, o que é vedado
pelo ordenamento jurídico (CPC, art. 286).
Deveria o reclamante, nessa situação, noticiar que embora tenha sido dispensado
sem justa causa, nada recebeu, razão pela qual postula o pagamento dos haveres resci-
sórios, a saber: saldo de salário de “(apontar a quantidade)” dias, aviso prévio indenizado
de 30 dias, com integração deste no tempo de serviço; férias e gratificação de férias,
proporcionais (apontar a quantidade) e vencidas (apontar a quantidade); décimo terceiro
salário (apontar a quantidade); pagamento da multa de 40%.
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Desse modo, deverá sempre o pedido ser certo e determinado2 ou, ao menos, deter-
minável, não se podendo formular pedido genérico, a não ser nas hipóteses previstas no
artigo 286 do CPC.
2 “[...] é aquele definido ou determinado em suas qualidades e quantidades” (Santos, 1989, p. 152).
PRÁTICA TRABALHISTA
[...] a tutela antecipada trata-se de uma nova técnica de provimento jurisdicional, proferida
em cognição sumária, que se baseia, em parte, nos pressupostos da tutela cautelar (ainda
que os termos do artigo 273 tragam nova roupagem ao periculum in mora, chamando-o de
“receio de dano irreparável ou de difícil reparação” e que quanto ao fumus boni iuris diga tra-
tar-se de “verossimilhança da alegação”), mas que também pode ser concedida por razões
de ordem estrutural, para fins de penalizar atos que afrontem a dignidade da justiça. Uma
decisão que tem por objetivo antecipar, provisoriamente, no todo ou em parte, os efeitos
práticos da pretensão deduzida em juízo, e não a pretensão em si, tendo por isso, uma fun-
ção executiva, mas que pode ser efetivada com força mandamental e pode, eventualmente,
não coincidir com o conteúdo da sentença final.
Com o advento da Lei 10.444/2002, os provimentos antecipatórios ficaram assim
distribuídos:
■■ artigo 461 do CPC diz respeito às obrigações de fazer ou não fazer;
■■ artigo 461-A do CPC diz respeito às obrigações de entrega de coisa;
■■ artigo 273 do CPC diz respeito às obrigações de pagar quantia em dinheiro e,
de forma residual, às demais obrigações que não se relacionem com os artigos
461 e 461-A do CPC.
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Requerimentos
Após terem sido deduzidas as pretensões de direito material, deve a petição ini-
cial apontar alguns requerimentos de ordem processual.
A CLT não impõe tais requisitos para a confecção da reclamação trabalhista. Con-
tudo, há a necessidade de adequação da formulação da peça inicial às regras do Processo
Civil.
Valor da causa
Não exige o artigo 840, parágrafo 1.º, da CLT que seja indicado o valor atribuído
à causa. Contudo, mesmo sem expressa determinação na lei trabalhista é necessário
indicá-lo. Justificamos.
O valor da causa, regra geral, deve corresponder ao valor que o reclamante pre-
tende receber. Nesse sentido, são os artigos 258 e seguintes do CPC.
Art. 2.º Nos dissídios individuais, proposta a conciliação, e não havendo acordo, o Presi-
dente da Junta ou o Juiz, antes de passar à instrução da causa, fixar-lhe-á o valor para a
determinação da alçada, se este for indeterminado no pedido.
Assim, a consignação do valor da causa na petição inicial se deu muito mais para
adequação ao novo rito – rito sumário – do que propriamente para atender ao disposto
no artigo 258 e seguintes do CPC. Como a petição inicial pelo rito sumário, cujo valor
da causa limita-se até dois salários mínimos, não estaria sujeita a recurso, exceto se
houver matéria constitucional, poder-se-ia limitar a tramitação do feito.
Carlos Eduardo Oliveira Dias (1997, p. 74) aponta claramente os resultados
dessa inovação legislativa:
Contudo, com o advento da Lei 9.957/2000, que deu origem ao rito sumaríssimo, 3
o valor da causa passou a ser efetivamente imprescindível nas petições iniciais.
Desse modo, se a questão prática não ensejar a aplicação da Lei 5.584/70 (cujo va-
lor da causa é de até dois salários mínimos), nem da Lei 9.957/2000 (cujo valor da causa
é de até 40 salários mínimos), a petição inicial tramitará pelo rito ordinário. Nessa situa-
ção, deverão ser observadas as regras gerais do Processo Civil (CPC, arts. 258 a 260).
3 CLT, art. 852-A. Os dissídios individuais cujo valor não excedam a quarenta vezes o salário mínimo vigente na data do ajuiza-
mento da reclamação ficam subordinados ao procedimento sumaríssimo.
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Assim, algumas subseções da OAB reputam como válido que o candidato indi-
que, no caso de rito ordinário, apenas que o valor atribuído à causa é superior ao limite
do rito sumaríssimo. Por exemplo, se a soma dos pedidos importar em aproximada-
mente R$100.000,00 (cem mil reais), não seria necessário apontar essa quantia como
valor da causa. Poderia se consignar apenas que se atribui à causa, para a fixação do rito
ordinário, o valor de R$21.000,00 (vinte e um mil reais).4
Pedido de deferimento
Para finalizar a peça processual, pode ser utilizada a expressão:
4 Considerando-se o atual valor do salário mínimo, ou seja, de R$510,00, e o patamar superior a 40 vezes esse valor.
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A assinatura, para efeitos de não identificar a prova, não deve ser consignada.
Pode o candidato, então, deixar:
Assinatura do Advogado
Nome do Advogado
Documentos e provas
Dispõe o artigo 787 da CLT, combinado com o artigo 283 do CPC, que a petição
inicial deverá vir acompanhada dos documentos necessários à propositura da ação.
Reclamação trabalhista
■■ Pedidos
artigo 840, §1.º, da CLT + artigo 282, IV, do CPC
■■ Requerimentos processuais
artigo 282, VI e VII, do CPC
■■ Valor da causa
artigo 282, V, do CPC + artigo 852-A da CLT + Lei 5.584/70, artigo 2.º
■■ Pedido de deferimento
A questão que mais tem chamado atenção em Exames de Ordem, por sua vez,
reside justamente nesses requisitos: a delineação dos fatos e fundamentos jurídicos
(chamada causa de pedir) e a especificação do pedido. Esses pontos merecem especial
atenção no desenvolvimento da reclamação trabalhista.
Nessa etapa da petição inicial, o candidato irá demonstrar se tem pleno e amplo
conhecimento sobre os direitos do trabalhador1 e evidenciará o seu raciocínio jurídico,
dedutivo e indutivo, através de uma boa articulação na peça.
Os fatos narrados devem ser albergados pelo nosso ordenamento jurídico (ou
seja, devem ter respaldo em algum fundamento jurídico).
Primeiro passo:
relacionar os dados do contrato de trabalho
Relacione quatro dados essenciais:
■■ data de admissão – deve-se considerar a real data de admissão, independente-
mente de haver ou não anotação em Carteira de Trabalho e Previdência Social –
CTPS, do tempo de serviço (a eventual ausência de registro deverá ser debatida
em outra oportunidade);
■■ data da dispensa;
■■ a função exercida – deve-se considerar a real função exercida, mesmo que o
reclamante tenha sido registrado em outro cargo (eventual diferença quanto à
função formal e a função real será objeto de análise em item específico da peça
de ingresso);
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■■ Férias e gratificação de férias não paga(s) ou não concedida(s) (CLT, art. 137).
FGTS
■■ Incidência sobre as parcelas salariais postuladas na reclamação trabalhista
(Lei 8.036/90, art. 15).
■■ Execução direta em face do não recolhimento na conta fundiária do recla-
mante (Lei 8.036/90, art. 15).
Fato
Não obstante o reclamante ter sido contratado pelo primeiro reclamado (real
empregador), prestou serviços para o segundo reclamado (tomador de serviços)
durante todo o pacto laboral.
Fundamento jurídico
Por isso, no conteúdo fático deve ser alegado que o trabalho foi executado de forma
subordinada, com habitualidade e pessoalidade e mediante o pagamento de salários. Isto é, lem-
brando todos os elementos essenciais para a caracterização da relação de emprego.
PRÁTICA TRABALHISTA
Assim, exemplificamos:
Fato
Fundamento jurídico
Em face do exposto e com fundamento nos artigos 3.º e 39 da CLT, deve ser
reconhecido o vínculo de emprego entre as partes, no período de (data de admissão)
a (data da dispensa), com a respectiva anotação da CTPS, na função de (função do
reclamante).
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Exemplificamos:
Fato
Fundamento jurídico
Assim, com base no artigo 461 da Consolidação das Leis do Trabalho, é devido
ao reclamante o pagamento de diferenças salariais decorrentes da equiparação sala-
rial, a partir de (data acima mencionada), no importe de 30% do salário do reclamante,
bem como a integração dessas diferenças à remuneração do obreiro até o final do
contrato de trabalho, gerando reflexos em férias, gratificação de férias, 13.º salário,
aviso prévio, FGTS acrescido de multa de 40%.
De acordo com a narrativa fática da questão é que se poderá investigar qual fun-
damento jurídico deverá ser adotado.
Fato
Fundamento jurídico
Como se trata de parcela salarial, que irá aumentar os ganhos mensais do re-
clamante, não se deve apenas pretender o seu pagamento, mas também a integração do
adicional ao conjunto remuneratório do reclamante, gerando reflexos nas demais ver-
bas (férias e gratificação constitucional, décimo terceiro salário, aviso prévio e FGTS
acrescidos de multa de 40%).
Fato
Fundamento jurídico
Assim, exemplificamos:
■■ A questão indica a jornada de trabalho do reclamante, aduzindo os dias da
semana e os horários de entrada, saída e intervalos e que a reclamada não
realizou o pagamento das horas extras devidas. Por exemplo, aduz que o em-
pregado trabalhava de segunda a sexta-feira, das 8 às 12h e das 12h30 às 18h,
mais dois sábados por mês, das 8 às 13h.
horário noturno (CLT, art. 73) ou a violação dos dias destinados a repouso (TST, Sú-
mula 146).
Desse modo, toda vez que houver pedido de pagamento de parcelas salariais em
que o fato gerador é a jornada de trabalho do reclamante, também deverá ser postulado
o pagamento do reflexo desses valores (horas extras, intervalos, adicional noturno etc.)
em repouso semanal remunerado (TST, Súmula 172 e Lei 605/49), excetuando-se apenas
os domingos e feriados, pois eles têm a mesma natureza dos dias de repouso.
Fato
Horas extras
Fato
Considerando-se o horário acima declinado, infere-se que o reclamante la-
borava além da oitava hora diária, bem com extrapolava o limite da 44.ª semanal,
sem que o reclamado efetuasse o pagamento do labor extraordinário.
Fundamento jurídico
Em face do exposto, com fulcro no artigo 58 da Consolidação das Leis do
Trabalho, e artigo 7.º, XIII e XVI, da Constituição Federal, deve o reclamado ser
condenado ao pagamento das horas extras, assim consideradas as excedentes da
oitava diária e da 44.ª semanal (de forma não cumulativa), acrescidas do adicional
de 50%.
Intervalo intrajornada
Fato
De acordo com o horário acima descrito, o reclamante não usufruía integral-
mente os intervalos intrajornada mínimos previstos no artigo 71, caput (uma hora)
e parágrafo primeiro (15 minutos).
Fundamento jurídico
Com lastro no parágrafo 4.º do supracitado artigo, bem como na Orientação
Jurisprudencial 307 da Sessão de Dissídios Individuais 1 do Tribunal Superior do
Trabalho, deve o reclamado ser condenado ao pagamento do período dos intervalos
intrajornada mínimos suprimidos, acrescidos com o adicional de 50%.
Integração e reflexos
As horas extras, intervalos legais e repouso semanal remunerado devem inte-
grar a remuneração do reclamante para todos os efeitos legais, gerando reflexos nas
férias, gratificação de férias, décimo terceiro salário, aviso prévio e FGTS acrescidos
de multa de 40%.
PRÁTICA TRABALHISTA
Fato
Fundamento jurídico
Desse modo, com fundamento no artigo 137 da Consolidação das Leis do Tra-
balho, o reclamante tem direito ao pagamento das férias não gozadas, acrescidas do
terço constitucional, de forma dobrada.
Ruptura contratual
Nesse estágio, investigam-se as circunstâncias que deram fim ao contrato de tra-
balho, como questões atinentes à modalidade de ruptura contratual (dispensa por justa
causa, demissão, rescisão antecipada do contrato a termo etc.) e as parcelas devidas em
relação a cada forma de terminação do contrato de trabalho.4
4 Sugere-se quanto ao tema a leitura de DALLEGRAVE NETO, José Affonso; VIANA, Cláudia Salles Vilela. Rescisão do Con-
trato de Trabalho: doutrina e prática. São Paulo: LTr, 2001.
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Fato
O reclamante, em 1.º de julho de 2004, sofreu uma queda no depósito da
reclamada, fraturando algumas costelas e a perna direita. Em decorrência desse
evento, o reclamado emitiu o comunicado de acidente de trabalho (CAT) e afastou
o reclamante dos serviços.
Somente em 5 de setembro de 2004, o reclamante recebeu alta médica do
INSS, ocasião em que retornou às suas atividades laborativas.
Transcorridos cinco meses da volta do reclamante ao trabalho, o reclamado
resolveu romper o pacto laboral e dispensou o empregado, sem justa causa, no dia
10 de fevereiro de 2005.
Fundamento jurídico
Nos termos do artigo 118 da Lei 8.213/91, em face do acidente de trabalho
havido, tinha o reclamante garantia de emprego de 12 meses a partir da sua alta
médica, direito que não foi observado pela reclamada.
PRÁTICA TRABALHISTA
FGTS
Normalmente, os pedidos relacionados ao FGTS são acessórios em relação aos
demais pedidos, como por exemplo, a “incidência do FGTS e da multa de 40% sobre as
parcelas salariais postuladas”.
Fato
Fundamento jurídico
Com base no artigo 15 e 18, parágrafo 1.º, da Lei 8.036/90, deve o reclamado
ser condenado ao pagamento dos depósitos fundiários no período de (indicar o pe-
ríodo), no importe de 8%, acrescido da multa legal de 40%,5 sobre todas as verbas
auferidas durante a período acima mencionado.
5 Muito embora seja comum a adoção do percentual de 11,2% (que nada mais é do que a incidência da multa de 40% sobre os depó-
sitos fundiários de 8%), para fins de Exame de Ordem é necessário destacar os percentuais individualmente. Inclusive, deve-se
observar que a multa de 40% nem sempre será devida, devendo ser paga apenas nas hipóteses do artigo 18 da Lei 8.036/90.
43
Esses dados permitem que o candidato identifique que o reclamante sofreu abalo
moral.
Fato
Fundamento jurídico
Assim, com fulcro no artigo 5.º, X, da Constituição Federal de 1988 e artigos
187 e 953 do Código Civil, deve ser a reclamada condenada ao pagamento de uma
indenização pelo dano moral impingido ao reclamante.
Honorários advocatícios
Os honorários advocatícios na Justiça do Trabalho, consoante entendimento ju-
risprudencial (TST, Súmulas 219 e 329), somente são devidos quando o empregado
estiver assistido pelo sindicado ou alegar estado de miserabilidade jurídica.
Exemplificamos:
Observações finais
Considerando que o presente módulo apresentou modelos de parte da petição
inicial, apontamos a seguir os itens que ainda não foram objeto de exemplificação.
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
em face de
6 Havendo na questão algum número de documento relativo ao reclamante, este deverá ser colocado na peça de ingresso. Não
havendo nenhuma indicação a documentos na questão, não é necessário inventar o número de documento, por não ser uma exi-
gência legal e para não recair na ident ificação da prova. Saliente-se, out rossim, que na prática existe determinação do TST para
que a parte autora indique o número do RG, CPF, CTPS e PIS na peça inicial.
PRÁTICA TRABALHISTA
Requerimento
REQUERIMENTO FINAL
Assinatura do Advogado.
Nome do Advogado
7 O valor dado à causa, para fins de fixação do rito ordinário, leva em consideração que o atual salário mínimo é de R$510,00, e
que o valor atribuído à causa deve ser superior a 40 vezes o valor do salário mínimo.
8 Para as demais característica do rito sumaríssimo – audiência, número de testemunhas, recurso ordinário e de revista, audi-
ência e sentença – foram objeto de estudo na primeira fase do curso. Se houver interesse em aprofundar-se ainda mais sobre o
tema, sugere-se a leitura de TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. O Procedimento Sumaríssimo no Processo do Trabalho.
São Paulo: LTr, 2000.
47
■■ Não tem cabimento quando uma das partes é Administração Pública direta,
autárquica ou fundacional – assim, se houver envolvimento de qualquer órgão
da Administração Pública num dos polos da demanda, a reclamação trabalhis-
ta deverá ser confeccionada sob a regulamentação do rito ordinário. Não se
compreendem nesta exclusão, contudo, as empresas públicas que exploram
atividade econômica e as sociedades de economia mista.
Considerações gerais
A contestação representa uma das formas processuais por meio da qual a parte
reclamada pode se defender em juízo.
Tal qual a peça de ingresso – reclamação trabalhista –, a contestação figura como
uma das petições mais importantes para o reclamado, pois é nela que se apresentam os
contra-argumentos, definindo-se assim, a litiscontestação.
É na contestação que o reclamado aduz toda a matéria de defesa, seja ela de
fundo material, seja ela de fundo processual. Excetuam-se desse rol apenas a alegação
de suspeição, impedimento e incompetência de foro, vez que esses assuntos são reser-
vados às exceções.
Em razão dos princípios reitores do Direito Processual do Trabalho, a forma oral
foi eleita pelo legislador para a apresentação de defesa perante a Justiça do Trabalho
(CLT, art. 847). Aberta a audiência e não havendo acordo, o reclamado terá apenas 20
(vinte) minutos para aduzir a sua tese de defesa.
Na prática e para fins de Exame de Ordem, a defesa é feita na forma escrita. Por
isso, sendo esta a peça processual eleita, deverá o candidato esgotar todas as formas de
defesa, demonstrando habilidade e raciocínio jurídico.
Requisitos fundamentais
Como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) primou pela forma oral de
oferecimento de defesa, não tratou dos requisitos fundamentais para a elaboração da
contestação.
Desse modo, para a confecção escrita dessa peça processual, deve-se buscar os
requisitos constantes dos artigos 300 a 302 do Código de Processo Civil (CPC), diploma
jurídico esse que tem aplicação subsidiária no processo do trabalho (CLT, art. 769).
Isso posto, partimos para a análise dos requisitos essenciais da peça em questão.
PRÁTICA TRABALHISTA
Reclamado
A primeira pessoa a ser qualificada é o reclamado, considerando-se que ele é o
peticionário da contestação.
1 De acordo com os artigos 783 e 838 da CLT, nas localidades onde haja mais de uma Vara do Trabalho ou mais de um Juiz de
Direito, será feita a distribuição das ações ajuizadas.
53
FZKK, pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ sob o n.º ( _____ ),
estabelecida na Rua ( _____ ) , n.º ( _____ ), CEP ( _____ ), (cidade), (estado), doravan-
te denominada reclamada, vem à presença desse Juízo, _____
Massa Falida de Alimentos Alice Ltda., pessoa jurídica de direito privado, esta-
belecida em (cidade), (estado), na Rua ( _____ ) , n.º ( _____ ) , CEP ( _____ ) , repre-
sentada por seu síndico, Fulano de Tal, brasileiro, solteiro, advogado inscrito na OAB
- (subseção) n.º ( ____ ), residente e domiciliado na Rua ( _____ ) , n.º ( _____ ) , CEP
( _____ ), (cidade), (estado), vem à presença desse Juízo [ ... ]
Procurador
Considerando-se que a peça processual é confeccionada por advogado, devida-
mente constituído, faz-se necessário consignar a existência do procurador legal da parte,
medida que também se adotou em relação ao reclamante.
[...] vem à presença desse Juízo, por seu advogado infra-assinado e devida-
mente constituído (procuração em anexo ou instrumento de mandato em anexo),
inscrito na OAB - (subseção) sob o n.º ( _____ ), com endereço profissional à Rua
( _____ ), n.º ( _____ ) ,(cidade/UF).
Reclamante
Para a contestação, diversamente da petição inicial, não é necessário apontar
a qualificação completa do reclamante. A necessidade, na reclamação trabalhista, de
consignar o maior número de informações possíveis em relação à parte adversa, tinha o
condão de possibilitar a correta individualização da parte e a sua notificação.
Em face disso, basta que seja mencionado o nome do reclamante, sem o acrés-
cimo de qualquer outro dado.
Exemplificando:
PRÁTICA TRABALHISTA
FZKK, pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ sob o n.º ( _____ ),
estabelecida na Rua dos Anzóis, n.º 44, Centro, CEP 13.000-000, Campinas, São Paulo,
doravante denominado reclamada, vem à presença desse Juízo, por seu advogado
infra-assinado e devidamente constituído (procuração em anexo), inscrito na OAB-
-SP sob o n.º 100.000, com endereço profissional à Rua _________ , n.º _____ ,
Campinas-SP, apresentar CONTESTAÇÃO às alegações formuladas por Fulano de
Tal na reclamação trabalhista em epígrafe, o que faz pelos seguintes fundamentos
de fato e de direito que a seguir expõe: [...]
Preliminares
Antes de investigar o mérito da reclamação trabalhista, algumas questões de
ordem processual devem ser analisadas, sobretudo porque podem prejudicar o conhe-
cimento do mérito da causa. Essas defesas prejudiciais são denominadas preliminares
ou objeções.
Todas as ocorrências noticiadas no artigo 301 do CPC devem ser objeto de aná-
lise quando do Exame de Ordem. Isto é, antes de iniciar a refutação ao mérito das
pretensões do reclamante, deverão ser arguidos os vícios processuais que impedem o
regular andamento do processo.
55
N. 16. NOTIFICAÇÃO.
Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua postagem. O
seu não recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo constitui ônus de prova do
destinatário.
Porém, para fins de Exame de Ordem, deve ser observado o disposto na regra
processual civil e não aquilo que é adotado na prática.
PRÁTICA TRABALHISTA
Incompetência absoluta
A incompetência poderá ser absoluta (quando não pode ser modificada) ou rela-
tiva (quando pode ser, dentro de certos limites, modificada). Aquela deve ser aduzida na
própria contestação, enquanto esta deve ser feita em apartado (exceção instrumental).
São alegáveis como incompetência absoluta: incompetência material, funcional e
com relação à pessoa. A incompetência relativa abrange: incompetência de foro e aquela
determinada pelo critério do valor.
Desse modo, sendo postulada na seara trabalhista matéria que não diz respeito,
por exemplo, a relação de trabalho (CF, art. 114), deverá o reclamado alegar, em preli-
minar, a incompetência material e requerer a extinção do processo, sem resolução de
mérito, com fulcro no artigo 267, IV, do CPC, vez que a competência é um dos pressu-
postos de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo.
Perempção
A perempção é, segundo Oliveira Dias (1997, p. 105), “a perda do direito de ação
por ter o autor deixado extinguir-se por três vezes processos com os mesmos fundamen-
tos, por abandono da causa, deixado de praticar os atos que tinha de fazê-lo por mais de
trinta dias (CPC, art. 267 [sic], parágrafo único)”2.
2 Ao invés do artigo 267, o autor deveria fazer referência ao artigo 268 do CPC.
57
Art. 731. Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal, não se apre-
sentar, no prazo estabelecido no parágrafo único do art. 786, à Vara do Trabalho ou Juízo
para fazê-la tomar por termo, incorrerá na pena de perda, pelo prazo de 6 (seis) meses, do
direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho.
Art. 732. Na mesma pena do artigo anterior incorrerá o reclamante que, por duas vezes
seguidas, der causa ao arquivamento de que trata o art. 844.
Conexão e continência
Haverá conexão (CPC, art. 103) quando a reclamação trabalhista tem o mesmo
objeto (pedido) ou a mesma causa de pedir de outra ação. Haverá continência (CPC, art.
104) na apresentação de reclamação trabalhista com as mesmas partes e a mesma causa
de pedir, mas quando o objeto de uma é mais abrangente que o da outra.
PRÁTICA TRABALHISTA
[...] trata-se de vício processual relacionado com os pressupostos subjetivos do autor, sig-
nificando que algum aspecto da sua capacidade – de ser parte, de estar em Juízo ou postu-
latória – está defeituoso. Nesse caso, o artigo 13 do CPC determina que o juiz, verificando
a pertinência dessa ocorrência narrada pelo réu, conceda ao autor um prazo razoável para
saná-la, e somente após isso, no caso de não cumprimento, é que pode extinguir o feito
(CPC, art. 13, I, e art. 267, IV).
A falta de autorização, por exemplo, pode ocorrer quando o preposto não tem
autorização para representar o empregador em juízo.
59
Convenção de arbitragem
A convenção de arbitragem representa o compromisso firmado pelas partes
envolvidas no litígio de, antes de ajuizar a ação trabalhista, recorrer a um árbitro.
A previsão à arbitragem está disposta apenas no artigo 114, parágrafos 1.º e 2.º,
da Constituição Federal (CF), para os dissídios coletivos de natureza econômica, razão
pela qual não é muito utilizada para os dissídios individuais.
Carência de ação
Ocorre carência da ação quando faltar uma das condições da ação: legitimidade
das partes, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido.
O interesse de agir pode ser identificado quando a parte não necessita do provi-
mento jurisdicional para satisfazer a sua pretensão. Vale dizer, quando inexiste efetiva-
mente litígio.
A impossibilidade jurídica do pedido, por sua vez, pode ocorrer quando o recla-
mante deduz pretensão sem qualquer fundamentação jurídica, como, por exemplo,
pedir o pagamento dos feriados laborados de forma triplicada ou pedir o pagamento de
férias em dobro, mesmo que elas não estejam vencidas.
Observações
Urge chamar a atenção, por fim, para um detalhe importante. Mesmo que se
tenha arguida a preliminar acerca de um determinado pedido, essa pretensão também
deverá ser impugnada no seu mérito (princípio da eventualidade).
Tome-se como exemplo o pedido do reclamante de reconhecimento de vínculo
de emprego e a simples alegação do reclamado, em preliminar, de que é parte ilegítima,
pois nunca foi seu empregador. Se o reclamado não produzir qualquer defesa de mérito
quanto a este tema e a preliminar não for acolhida – isto é, se o reclamado for conside-
rado empregador do reclamante – não existirá efetivamente defesa às alegações contidas
na peça de ingresso, devendo estas serem reconhecidas como incontroversas.
Por isso, independentemente da alegação em preliminar, obrigatoriamente o pedido deverá
ser rechaçado no mérito.
Prescrição
Consiste a prescrição na perda do direito de ação, em razão da inércia do seu
titular num determinado período, o qual é definido por lei.
A consequência de ser reconhecida a prescrição é a extinção do processo, com
julgamento do mérito, como se infere do artigo 269, IV, do CPC. Desse modo, tem-se
que a prescrição é um fato extintivo do direito do reclamante e, por isso, deve ser ale-
gada nesta oportunidade.3
3 De acordo com a Súmula 153 do TST, a prescrição poderá ser arguida apenas na instância ordinária, o que
equivale dizer, apenas até o andamento do feito nos tribunais regionais.
61
Art. 7.º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
[...]
XXIX - ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricio-
nal de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a
extinção do contrato de trabalho.
Decadência
No caso de decadência, o reclamante perde o próprio direito, por não ter sido
exercitado no prazo legal.
Compensação
De acordo com artigo 767 da CLT e com a Súmula 48 do TST, a compensação
deverá ser arguida como matéria de defesa. Assim, considerando que a compensação
é uma forma indireta de extinção das obrigações, tem-se que, nessa oportunidade, ela
deverá ser arguida (entre as prejudicais do mérito).
PRÁTICA TRABALHISTA
Art. 300. Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as
razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas
que pretende produzir.
Ainda, essas impugnações devem ser amparadas, sempre que possível (e aqui o
examinador investigará o conhecimento do candidato em relação ao Direito do Traba-
lho), por algum fundamento jurídico – jurisprudência, norma, doutrina etc. – e com as
provas pelas quais o reclamado entende que o direito do reclamante não procede.
Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na
petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo:
Como lembra Carlos Eduardo Oliveira Dias (1997, p. 111), “é na contestação que
o réu formaliza o contraditório, e por isso deve ser exaustivo o quanto possível”.
Por isso, deve o reclamado apresentar também uma forma de defesa sucessiva,
como se aceitasse a condenação, mas fazendo certas ressalvas à pretensão do recla-
mante. Assim, por exemplo, no caso das horas extras, poderá o reclamado alegar:
Por cautela, em caso de eventual condenação, requer-se que não seja deferido
ao reclamante o pagamento de horas extras, mas apenas o respectivo adicional, con-
forme dispõe a Súmula 85 do Tribunal Superior do Trabalho.
Documentos
Além da impugnação específica de cada fato e fundamento jurídico da pretensão
do reclamante, também deve o reclamado impugnar os documentos que foram utiliza-
dos como elementos de prova para o pedido do autor.
Por exemplo, se na questão constar que o reclamante foi coagido a pedir demis-
são, conforme e-mail juntado à inicial, deverá o reclamado impugnar o fato – de que o
65
reclamante não foi coagido, mas rompeu o contrato de trabalho por livre e espontânea
vontade – e impugnar o documento relativo ao seu pedido – alegando, por exemplo, que
o e-mail não retrata a realidade dos fatos, restando por este motivo, impugnado.
Lembre que esta impugnação, no caso de Exame de Ordem, somente deve ser feita
se o documento for mencionado na questão para embasar o pedido do reclamante.
Requerimentos do reclamado
Como acima aduzido, deve o reclamado considerar a hipótese de ser condenado.
Por isso, acaba aduzindo pretensões para que, no caso de eventual condenação, esta seja
minorada.
Via de regra, esses requerimentos dizem respeito à época própria para a correção
monetária e à determinação judicial para que sejam feitos os descontos previdenciários
e fiscais. Esses temas são tão usuais nas demandas trabalhistas, que o TST já pacificou
a matéria por meio das Súmulas 368 e 381.
Por isso, ao final da peça de defesa, após deduzir todas as impugnações possíveis,
faz-se necessário pontuar esses dois requerimentos por medida de cautela. Sugerimos,
para tanto, as redações abaixo:
Requerimentos finais
Após terem sido deduzidas todas as impugnações, deve a contestação apontar os
requerimentos de ordem processual.
Também deverá ser apontado um local, sendo este o lugar onde foi distribuída
a reclamação trabalhista. A data, geralmente, é a dada no exame. E a assinatura, para
efeitos de não identificar a prova, não deve ser consignada. Pode o candidato então
utilizar-se da mesma sistemática adotada para a confecção da reclamação trabalhista.
Documentos e provas
Dispõe o artigo 396 do CPC que a contestação deverá vir acompanhada dos
documentos necessários a provar as alegações.
Resumo
Estes seriam, em resumo, os requisitos essenciais para a elaboração da contes-
tação:
Contestação
Preliminares
Artigo 301 do CPC
Prejudiciais de mérito
Defesa de mérito
Artigos 300 e 302 do CPC
Princípio da eventualidade
Requerimentos do reclamado
Correção monetária e descontos previdenciários e fiscais
PRÁTICA TRABALHISTA
Contestação
Requerimentos finais
Acolher preliminares + extinguir o processo sem julgamento do mérito
Acolher prejudiciais + extinguir o processo com julgamento do mérito
No mérito, julgar improcedentes os pedidos do autor + condenar ao pagamento
de despesas processuais e honorários
Finalização
Exceções
Considerações gerais
As exceções podem contemplar, em sentido amplo, todas as situações em que o
reclamado poderia objetar a pretensão do reclamante. Seriam, portanto, sinônimos de
defesa.
Não obstante possam ser utilizadas por ambas as partes (reclamante e recla-
mada), a análise da medida, nesta oportunidade, reflete uma das formas de defesa da
reclamada.
Definição
As exceções representam uma espécie de defesa indireta do processo, chamadas
dilatórias porque não implicam, em regra, na extinção do feito. Discutem-se vícios, de-
feitos e irregularidades do processo que não permitem o seu desenvolvimento normal.
Como aduz Sergio Pinto Martins (2004, p. 257), “vem a ser, portanto, uma for-
ma de defesa indireta que o réu, sem negar os fatos articulados pelo autor, opõe fatos
extintivos ou impeditivos ligados ao processo”.
PRÁTICA TRABALHISTA
Tipos
De acordo com o artigo 304 do CPC são três as espécies de exceções processuais:
exceção de suspeição, exceção de impedimento e a exceção de incompetência relativa.
O legislador trabalhista, por sua vez, introduziu no artigo 799 da CLT, apenas
duas formas de exceção: por incompetência relativa e por suspeição. Exclui, à primeira
vista, as alegações concernentes ao impedimento.
[...] as mesmas razões lógica, jurídica e ética que empolgam a suspeição devem ser estendi-
das ao impedimento, qual seja incompatibilizar o juiz para o exercício da função jurisdicio-
nal em determinado processo, a fim de evitar que ele aja com parcialidade seja por motivos
intrínsecos (suspeição), seja por motivos extrínsecos (impedimento).
Esse fato, por si só, não impossibilita o reclamado de apresentar as outras formas
de resposta: contestação e reconvenção. Como na Justiça do Trabalho a oportunidade
para a apresentação das defesas pelo reclamado se dá em audiência (CLT, art. 847), este
será o momento para a arguição de todas as formas de resposta. Se assim não proceder,
estará o reclamado sujeito à declaração de preclusão ao direito das outras modalidades
de resposta do reclamado.1
Por isso, existindo na prova da ordem alguma situação que enseje a apresenta-
ção de exceção, além dessa peça processual, deverá o candidato apresentar também a
contestação.
Art. 799. Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas,
com suspensão do feito, as exceções de suspeição ou incompetência.
[...]
§2.º Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se
terminativas do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente
no recurso que couber da decisão final.
1 Não se ignora a existência de opiniões diversas, no sentido de que as outras formas de resposta somente poderiam ser apresen-
tadas após a solução da exceção. Contudo, considerando-se que o prazo para apresentação de defesa é peremptório e em face ao
princípio da concentração dos atos processuais, tem-se que a apresentação de todas as formas de respostas nesta única oportuni-
dade seria a posição mais correta, mormente para fins de Exame de Ordem, em que efetivamente só terá o candidato uma única
oportunidade para apresentar todas as peças de defesa, se houver mais de uma.
PRÁTICA TRABALHISTA
Desse modo, a decisão proferida na exceção somente poderá ser apreciada quan-
do for proferida a decisão final (definitiva)2 da reclamação trabalhista, consoante artigo
799, parágrafo 2.º, da CLT.
Como lembra Carlos Eduardo Oliveira Dias (1997, p. 93), quando “o legislador
consagrou, a regra de competência territorial trabalhista, preocupou-se, fundamental-
mente com a oportunização das provas para as partes – já que é mais fácil se obter meios
probatórios no local em que os fatos ocorreram”.
Desse modo, para que haja o desaforamento (remessa dos autos do processo para
outra vara que entender competente), deverá o reclamado apresentar a presente medida
processual.
2 Relevante a explicação de Sergio Pinto Martins (2004, p. 293): “o emprego da expressão terminativa do feito, como se observa
do parágrafo 2.º do artigo 799 da CLT, é totalmente inadequado, pois só seria terminativa do feito se o processo fosse julgado,
extinguindo-se com ou sem julgamento do mérito, mas não quando se remetem os autos para a justiça competente, ou seja,
quando há o deslocamento da competência. Há que se entender, portanto, que a expressão terminativa do feito se refere ao fato
de que o andamento do processo termina na Justiça do Trabalho com a decisão que lhe for dada. Por isso, caberá recurso dessa
decisão”.
3 Incompetência em razão da matéria, das pessoas, do lugar e do valor.
4 De acordo com o artigo 112 do CPC; incompetência em razão do lugar e do valor.
5 Para o estudo da competência territorial sugerimos a leitura das obras de Sergio Pinto Martins (2004) e Carlos Henrique
Bezerra Leite (2004).
75
Desse modo, o excipiente deverá observar o que dispõe o artigo 282 do CPC.
Também deverá indicar que a parte se encontra assistida por advogado regularmente
constituído nos autos, como determina o artigo 39, I, do CPC.
Exemplificando, temos:
Autos 1.234/2005
excipiente, vem à presença desse Juízo, por seu advogado infra-assinado e devida-
mente constituído (procuração em anexo), inscrito na OAB-SP sob o n.º 100.000,
com endereço profissional na Rua Francisco Alves, 44, Diadema, São Paulo, opor
EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DE FORO à reclamação trabalhista proposta por
Fulano de Tal, com base nos artigos 651 e 799 da Consolidação das Leis do Trabalho
e artigos 304 a 311 do Código de Processo Civil, o que faz pelos seguintes funda-
mentos de fato e de direito que a seguir expõe: [...]
Pedido
O tratamento processual da exceção é muito semelhante à confecção de uma pe-
tição inicial, ainda que a peça processual não seja verdadeiramente uma petição inicial,
mas sim uma forma de defesa do reclamado.
77
Requerimentos processuais
Alegada a exceção, deverá o reclamante (exceto) respondê-la, como determina o
artigo 800 da CLT. Desse modo, deverá ser requerida a observância do referido artigo,
para que seja oportunizado ao reclamante (exceto), querendo, manifestar-se sobre as
alegações aduzidas na exceção de incompetência.
Assinatura do advogado
Nome do advogado
Tramitação
Conforme dispõe o artigo 800 da CLT, recebida a exceção, o juízo abrirá vistas
dos autos ao reclamante (no caso, o exceto), para manifestar-se sobre as alegações feitas
na exceção de incompetência de foro, pelo prazo improrrogável de 24 horas.
[...] para a constituição válida do processo é mister que o juiz possa julgar a demanda com
imparcialidade e que não haja circunstâncias outras que o proíbam de funcionar no feito,
consoante disciplinado pela lei; tais circunstâncias dizem respeito à pessoa física do juiz e
não a atribuições do órgão, não se confundindo, pois, com a incompetência.
6 “[...] suspeição é desconfiança, a dúvida, o receio de que o juiz, ainda quando honesto, não terá condições psicológicas de julgar
com isenção dada sua relação com qualquer das partes” (TOSTES MALTA, 2004, p. 69).
7 Segundo Tostes Malta (2004, p. 69), “impedimento é a circunstância que priva o juiz do exercício de suas funções em determi-
nado caso, dada sua relação com o objeto da causa. Embora em abstrato continuem tendo todos os poderes inerentes à jurisdição
ou necessários a seu exercício, no caso concreto vê-se privado de exercê-los [...]”.
8 Nesse sentido, manifesta-se Carlos Eduardo Oliveira Dias (1997, p. 99).
79
Desse modo, sendo o reclamado o excipiente, seus dados deverão observar o que
diz o artigo 282 do CPC. Também deverá indicar que a parte se encontra assistida por
advogado regularmente constituído nos autos, como determina o artigo 39, I, do CPC.
Exemplificando, temos:
Autos 1.234/2005
Ainda que referido dispositivo legal não exigisse a devida fundamentação na pre-
sente peça processual (exceção), para fins de Exame de Ordem é imprescindível apontar
tais fundamentos, uma vez que é por meio dessas alegações que o examinador poderá
avaliar o raciocínio jurídico do candidato.
Pedido
O tratamento processual da exceção é muito semelhante à confecção de uma
petição inicial. Em virtude disso, poderá o reclamado (excipiente) formular pedido, da
seguinte forma:
Requerimentos processuais
Não há, a princípio, contraditório à exceção de impedimento ou suspeição, como
se infere da leitura do artigo 802 da CLT. Desse modo, não será necessário chamar o
reclamante (exceto) convocado para, querendo, manifestar-se sobre as alegações aduzi-
das na exceção.
Assinatura do advogado
Nome do advogado
Tramitação
Conforme dispõe o artigo 802 da CLT, recebida a exceção, caso o juiz não acolha
a alegação do excipiente, deverá designar audiência de instrução em 48 (quarenta e oito)
horas.
Parece-nos, todavia, que o artigo 802 da CLT atrita-se parcialmente com a Emenda Cons-
titucional 24, na medida em que não faz sentido o próprio juiz suspeito (ou impedido)
instruir e julgar a exceção contra si oposta. A rigor, o julgamento deve ser feito por um
órgão colegiado, dele não participando o juiz “interessado”. O artigo 802 da CLT, portanto,
compatibiliza-se, na primeira instância, quando o órgão julgador era a Junta de Conciliação
e Julgamento, isto é, um órgão colegiado. A partir do instante em que a Vara do Trabalho
funciona apenas com juiz singular, pensamento que o julgamento da exceção de suspeição
ou impedimento deve ser da competência do juízo ad quem.
PRÁTICA TRABALHISTA
Reconvenção
Considerações gerais
A reconvenção, de acordo com o artigo 297 do CPC, é uma das modalidades de
resposta do reclamado. Ao contrário das exceções e da contestação, a reconvenção não
se caracteriza puramente como uma forma de defesa do reclamado, mas sim como um
contra-ataque às alegações feitas pelo reclamante na reclamação trabalhista9.
Desse modo, podemos defini-la como “a ação do réu contra o primitivo autor, no
mesmo processo em que é demandado, com o fim de modificar ou excluir o pedido do
demandante” (COSTA, 1984, p. 288).
Muito embora a CLT seja omissa quanto a essa figura processual, a maioria dou-
trinária entende ser cabível o uso da medida no processo do trabalho, desde que obser-
vadas as peculiaridades dessa justiça especializada.
Apresentação
Conforme se infere do artigo 297 do CPC, a forma adotada para a apresenta-
ção das respostas pelo reclamado será a petição escrita, mormente em se tratando de
Exame de Ordem10. Cada uma das formas de defesa, ainda, deverá ser feita de forma
autônoma, de acordo com o artigo 299 do mesmo diploma legal11.
Requisitos legais
A reconvenção, por ser a ação demandada pelo reclamado em face do reclamante,
deverá observar todos os pressupostos processuais e condições da ação. Portanto, deverão
ser observadas todas as regras dispostas para a petição inicial, na forma já estudada.
9 “É o que se dá, por exemplo, quando o empregador propõe inquérito contra o empregado (digamos que sob o fundamento de
que o servidor praticou ato de improbidade) e o empregado pleiteia, em outra reclamação, o pagamento de indenização em dobro,
dizendo-se ofendido em sua honra pelo empregador. Outro caso seria o do empregado que reclamasse o pagamento de salários, e
o patrão, reconv indo, dissesse que tais salários, embora ainda não pagos, eram indevidos porque o empregado causara prejuízos
dolosos de valor superior ao da remuneração reivindicada, devendo pagar ao empregador, o que seria pedido em reconvenção, a
diferença entre os salários e o prejuízo.” (TOSTES Malta, 2004, p. 401).
10 Registre-se que, de acordo com o artigo 847 da CLT, a forma para apresentação da reconvenção é a oral, como as demais for-
mas de defesa do reclamado. Referida regra, contudo, não se aplica em prova escrita de Exame de Ordem, em que o examinando
terá que adotar, caso seja necessário confeccionar uma reconvenção, a forma escrita.
11 No mesmo sentido, Sergio Pinto Martins (2004, p. 287).
83
Art. 315. O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez que a reconvenção seja
conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
Parágrafo único. Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este
demandar em nome de outrem.
a) que o juiz da causa principal não seja absolutamente incompetente para julgar a recon-
venção (CPC, art. 109). A reconvenção deve versar, pois, matéria trabalhista, isto é, referente à
relação empregatícia ou, se existir lei, decorrente da relação de emprego (CF, art. 114);
b) haver compatibilidade entre os ritos procedimentais da ação principal e da ação recon-
vencional. Há quem sustente a incompatibilidade da reconvenção com a reclamação trabalhista sub-
metida ao procedimento sumário (Lei 5.584/70, art. 2.º, §§ 3.º e 4.º), por aplicação analógica do
CPC, art. 315, §2.º); ou sumaríssimo (CLT, arts. 852-A et seq), por aplicação analógica do art. 31
da Lei 9.099/95, que instituiu os Juizados Especiais. Pensamos, contudo, que a analogia é incabível na
espécie, pois restringe o direito constitucional de ação, olvidando, assim, o princípio da inafastabilidade
da jurisdição;
c) haver processo pendente. A reconvenção tem lugar quando a ação principal estiver em curso,
sendo certo que o momento próprio para a apresentação da reconvenção trabalhista é na audiência dita
inaugural (CLT, art. 847);
d) haver conexão (CPC, art. 103) entre a reconvenção, a ação principal ou algum dos fundamentos
da defesa.
A compensação, como dispõe o artigo 767 da CLT e a Súmula 48 do TST, deve ser
alegada como matéria de defesa, fazendo parte, portanto, da contestação. A compensa-
ção normalmente é arguida quando não há dúvidas em relação à efetiva compensação de
obrigações e quando o reclamado não tem nada para receber do reclamante. Exemplifi-
cando, se o reclamante postula o pagamento de horas extras e o empregador, durante
o pacto laboral, já realizou o pagamento de algumas horas extras, deverá postular a
compensação em contestação, inclusive para evitar dupla condenação.
Segundo Sergio Pinto Martins (2004, p. 11), a compensação tem cabimento quan-
do os créditos do reclamante e do reclamado são iguais ou o daquele é superior ao deste.
A reconvenção, por sua vez, tem lugar quando não há certeza do débito do re-
clamante ou quando “o reclamado não reconhece dever coisa alguma ao reclamante e
PRÁTICA TRABALHISTA
pretende dele dada importância, ou se reconhece o crédito do reclamante, mas lhe opõe
outro crédito maior, pleiteando o recebimento de diferenças” (TOSTES MALTA, 2004,
p. 403). Exemplificando, se o reclamante ajuíza reclamação trabalhista postulando a
reversão da justa causa e, por consequência, o pagamento das verbas rescisórias em face
da dispensa imotivada. O reclamado, com base na justa causa aplicada ao trabalhador (e
aqui se infere a conexão solicitada pelo CPC, art. 15), postula o pagamento de indeniza-
ção pelos danos causados pelo ex-empregado.
Exemplificando, temos:
Autos 1.234/2005
Pedido
O tratamento dessa peça processual é idêntico ao da reclamação trabalhista, ra-
zão pela qual é possível que o reclamado, ora reconvinte, formule pretensões em juízo.
Requerimentos processuais
Tratando-se de peça similar à petição inicial, deverá ser dada a oportunidade
para o reconvindo (reclamante), querendo, apresentar resposta à reconvenção, como
prescreve o artigo 316 do CPC.
PRÁTICA TRABALHISTA
Veja o exemplo:
Valor da causa
Também se faz necessário consignar o valor da reconvenção, vez que o reclama-
do (reconvinte) estará pretendendo o cumprimento de uma obrigação (de fazer ou de
pagar) pelo reclamante (reconvindo).
Assinatura do advogado
Nome do advogado
Tramitação
Conforme dispõe o artigo 316 do CPC, recebida a reconvenção o juízo abrirá
vista dos autos ao reclamante (no caso, reconvindo), para responder às alegações feitas
na reconvenção.
Considerações gerais
Recurso, etimologicamente, indica o ato de voltar a percorrer um caminho. Repre-
senta sempre o refluxo a um determinado ponto. No caso do processo, seria o retorno
“ao momento anterior ao da decisão impugnada para que outra seja proferida em seu
lugar” (BEBBER, 2000b, p. 27).
Por fim, ante uma vasta gama de conceitos a este remédio processual, adotou-se
o de Manoel Antônio Teixeira Filho (1997, p. 70-71), a saber:
[...] é o direito que a parte vencida ou o terceiro possui de, na mesma relação processual,
e atendidos os pressupostos de admissibilidade, submeter a matéria contida na decisão
recorrida a reexame, pelo mesmo órgão prolator, ou por órgão distinto e hierarquicamente
superior, com o objetivo de anulá-la, ou de reformá-la, total ou parcialmente.
[...] não é outro o significado do apotegma latino que consagra o tantum devolutum quantum
appellatum, perfeitamente aplicável ao processo do trabalho, não colhendo a interpretação
literal do disposto no artigo 899 consolidado de que os recursos trabalhistas, por serem
interpostos mediante simples petição, não necessitariam delimitar as questões impugnadas
e o pedido de nova decisão.
1 A exceção, como aponta Sergio Pinto Martins (2004, p. 395), “seria o recurso ordinário em dissídio coletivo, em que o Presi-
dente do Tribunal Superior do Trabalho (TST) pode dar efeito suspensivo ao apelo (Lei 10.192/2001, art. 14)”.
2 Importante notar que a decisão do juízo a quo acerca da admissibilidade do recurso não vincula o órgão ad quem.
91
Pressupostos intrínsecos
Os pressupostos intrínsecos são aqueles que dizem respeito à decisão impugna-
da, relacionando-se com o conteúdo e a forma da decisão.
Cabimento ou adequação
Antes de se verificar se o recurso é adequado à decisão por ele impugnada, faz-se
necessário verificar se o pronunciamento judicial é recorrível (recorribilidade da decisão).
Na seara trabalhista somente serão objeto de recurso as decisões definitivas,
excluindo-se assim a recorribilidade imediata das decisões interlocutórias. Nesse senti-
do é o artigo 893, parágrafo 1.º, da CLT e a Súmula 214 do TST.
Da mesma forma, não serão objeto de recurso os atos de mero expediente, a teor
do artigo 504, do Código de Processo Civil (CPC), e aqueles incapazes de causar grava-
me à parte (CPC, art. 162, §3.º).
E, por fim, não serão objeto de recurso na seara trabalhista as decisões profe-
ridas em demandas que versarem sobre questões valoradas até dois salários mínimos,
salvo se a matéria debatida for de ordem constitucional. Nesse sentido é a Lei 5.584/70,
artigo 2.º, parágrafos 3.º e 4.º.
Feitas tais considerações, possível a investigação do pressuposto do cabimento.
Este pode ser entendido como a adequação de um determinado recurso a um determi-
nado ato do juízo.
Em observância ao princípio da singularidade, o artigo 893 da CLT elenca uma
série taxativa de medidas recursais (embargos, recurso ordinário, recurso de revista e
agravo), a qual é complementada pelo recurso disposto na Lei 8.038/90 (recurso extra-
ordinário) e pelo disposto nos artigos 535 a 538 do CPC, e artigo 897-A da CLT (embar-
gos de declaração), entendido pela maioria doutrinária como espécie recursal.
Assim, para que o recurso preencha o pressuposto recursal da adequação é “ne-
cessário que, concomitantemente, esteja previsto em lei e seja adequado para a espécie
de pronunciamento judicial que se deseja impugnar” (BEBBER, 2000b, p. 80).
3 Não terá legitimidade para recorrer o preposto (CLT, art. 843, §1.º) porque não é parte no processo, mas apenas atua como
representante do empregador.
PRÁTICA TRABALHISTA
Interesse em recorrer
Esse pressuposto recursal corresponde ao binômio necessidade e utilidade da
medida processual, pressupondo a existência de uma situação jurídica desfavorável que
somente poderá ser revertida pela utilização do remédio recursal.
Pressupostos extrínsecos
Os pressupostos extrínsecos são relativos às formalidades exigidas pela lei para a
válida interposição do recurso e dizem respeito aos fatores externos ao pronunciamento
judicial.
Tempestividade
A admissão do recurso está sujeita à sua interposição dentro do prazo legalmente
estabelecido. No caso dos recursos no processo do trabalho, a Lei 5.584/70, no artigo
6.º, procedeu a uniformização do prazo recursal, fixando-o em oito dias.
A exceção a essa regra geral fica por conta dos embargos de declaração, cujo pra-
zo foi estabelecido no artigo 897-A da CLT, em cinco dias, e, do recurso extraordinário,
cujo prazo de 15 dias é estabelecido no artigo 508 do CPC.
188 do CPC (estendendo-se por força desse dispositivo o prazo em dobro também para
o MPT).
Por fim, cumpre destacar que a regra disposta no artigo 191 do CPC, que auto-
riza a contagem em dobro quando existir no processo litisconsorte com procuradores
distintos, não se aplica à Justiça do Trabalho como se infere da Orientação Jurispruden-
cial SDI-1 310 do TST, in verbis:
Regularidade formal
Representa a forma como o recurso deve se revestir, ou seja, que o recurso deve
vir acompanhado dos fundamentos de fato e de direito do inconformismo da parte recorren-
te, observando-se ainda os requisitos específicos de cada tipo recursal (ex.: o recurso de
revista exige o dissenso jurisprudencial).
Há quem defenda que, por força de uma interpretação literal do artigo 899 da
CLT, não há que se falar em exigência de fundamentação da peça recursal4. Entre os de-
fendentes dessa tese encontra-se o jurista Wagner D. Giglio (2000, p. 386), para quem o
“o mero pedido de reexame, despido de qualquer fundamentação, é hábil para provocar
novo pronunciamento judicial”.
Ainda que defensável a tese acima esposada5, não se deve compreender a ex-
pressão “por simples petição” do artigo 899 da CLT como autorizadora de ausência de
fundamentação, mas deve-se entender que a expressão restringe-se à forma, e não ao
conteúdo do recurso, sendo a fundamentação um dos pressupostos de admissibilidade
dos recursos.
4 Nesse sentido, explica Tostes Malta (2004, p. 610) “A propósito o entendimento jurisprudencial e doutrinário dominante é o
de que o recorrente não precisa indicar os fundamentos pelos quais pretende a reforma do julgado que lhe foi desfavorável; basta
que indique como entende deva ser dirimida a controvérsia em que é parte. Mesmo a simples petição informando que deseja
recorrer tem sido recebida como recurso válido com o amparo da jurisprudência.” E continua “A prevalecer uma interpretação
sistemática da lei, o ‘por simples petição’ significa que o recurso não depende de formalidades especiais, mas não que dispensa
fundamentação.”
5 E a defesa para tanto seria restrita aos recursos não técnicos e somente quando interposto pela própria parte (CLT, art. 791),
sem representação de procurador legalmente credenciado.
PRÁTICA TRABALHISTA
Fatos dessa estirpe podem ser relacionados como renúncia ou desistência do re-
curso (fato impeditivo) ou o reconhecimento jurídico (aceitação expressa ou tácita) da
decisão ou renúncia ao direito que se funda a decisão (fatos extintivos).
Preparo
No Direito do Trabalho, diversamente do Processo Civil, exige-se para fins re-
cursais o recolhimento de custas processuais e depósito recursal.
Depósito recursal
O depósito recursal deve ser feito em dinheiro, não sendo admitida a sua substi-
tuição por bens, na conta vinculada do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)
do empregado ou aberta em nome deste para esse fim (CLT, art. 899, §§ 4.º e 5.º).
Custas
As custas serão pagas pelo vencido, ainda que este tenha sido parcialmente vencido.
Assim, mesmo na hipótese do julgamento do pedido ter sido procedente em parte, quem
pagará as custas será o reclamado, que se considera vencido, ainda que parcialmente.
Com isso, tem-se que, apenas na hipótese do reclamante ter seu pedido julgado
totalmente improcedente, é que terá que realizar o pagamento das custas.
De acordo com o artigo 790-A da CLT os entes de direito público que não explo-
rem atividade econômica, bem como o MPT e os beneficiários da justiça gratuita, são
isentos de pagamento das custas processuais.
Da mesma forma que o depósito recursal, as custas processuais devem ser pagas
e comprovadas dentro do prazo para interposição do recurso (CLT, art. 789, §1.º).
Recurso ordinário
Considerações gerais
O recurso ordinário tem semelhanças com a apelação no Processo Civil e se en-
contra previsto no artigo 895 da CLT:
Peça processual
A interposição dos recursos, via de regra, faz-se em uma única peça processual,
a qual pode ser dividida em duas partes:
■■ folha de rosto – endereçada ao juízo que proferiu a decisão atacada;
Peça de rosto
A peça de rosto deverá conter os itens abaixo.
Por exemplo:
Junta, neste ato, a guia DARF comprovando o recolhimento das custas proces-
suais e o comprovante do depósito recursal. (MAZZUCA, 2004, p. 55)
99
Importante lembrar que nem sempre será necessário o recolhimento das cus-
tas e do depósito recursal. As custas somente serão devidas pelo vencido e o depósito
recursal, apenas quando existir sentença condenatória de cunho pecuniário. Assim, é
necessário cautela quando for feita referência a esse ponto.
Como já se fez referência para qual órgão se requer que sejam remetidas as ra-
zões recursais (no item “indicação do tipo recursal”), tem-se que a solicitação de re-
messa dos autos ao juízo ad quem figura mais como estilo próprio do candidato do que
exigência na peça recursal.
Assinatura do advogado
Nome do advogado
Vale lembrar que, para efeitos de Exame de Ordem, o candidato não poderá assi-
nar a peça processual, sob pena de identificar a prova e ser desclassificado.
Junta, neste ato, a guia DARF comprovando o recolhimento das custas pro-
cessuais e o comprovante do depósito recursal.
Assinatura do advogado
Nome do advogado
Razões de recurso
As razões do recurso são dirigidas ao órgão que irá examinar o recurso – no caso
do recurso ordinário interposto contra uma sentença proferida por Vara do Trabalho,
será o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da respectiva região.
Contudo, se a decisão tiver origem no TRT (CLT, art. 895, “b”), a competência
para apreciar as razões recursais será do TST.
As razões recursais devem ter início em nova folha de prova, pois são destinadas
a órgão diverso da peça de interposição (folha de rosto). Desse modo, para uma melhor
apresentação da prova, deve-se fazer a peça de rosto em uma folha e dar início às razões
recursais na folha seguinte.
101
Eméritos Julgadores,
Não merece prosperar a decisão proferida pelo juízo a quo, como se infere da
fundamentação seguinte: [...]
Desse modo, a fim de adotar uma forma prática e objetiva de recorrer, ao invés
de se fazer um histórico inteiro do processo (teses da petição inicial e da defesa e a
fundamentação da sentença acerca de cada pedido), a preocupação deve ser apenas com
os itens que são objeto de recurso. Vale dizer, aqueles itens em que o recorrente foi
vencido.
Por isso, entende-se que em vez de fazer um histórico integral do que ocorreu
perante a primeira instância, o recorrente deverá enfocar apenas os pontos que lhe fo-
ram desfavoráveis.
As preliminares aduzidas nos recursos podem ser as mesmas que seriam adu-
zidas em contestação (CPC, art. 301), como também as nulidades processuais (muito
comuns quando há cerceamento de defesa perante o juízo de primeiro grau).
Horas Extras
Testemunha do reclamante:
Testemunha do reclamado:
Pedido
Nenhuma reclamação trabalhista pode subsistir sem pedido, considerando-se
que este é um requisito essencial à petição inicial (CPC, arts. 282, IV, e 286; CLT, art.
840, §1.º).
Requerimento final
Apenas para dar um desfecho à peça processual de forma a sintetizar o pedido de
reforma de decisão, podemos redigir o seguinte:
Requerimento Final
Assinatura do advogado
Nome do advogado
HORAS EXTRAS
O Juízo de primeiro grau deferiu ao reclamante o pagamento de horas extras e
reflexos. Entendeu que os controles de ponto não eram fidedignos, razão pela qual
reconheceu a jornada de trabalho fixada na inicial, com fundamento na Súmula 338
do Tribunal Superior do Trabalho. Merece reforma a r. sentença. Vejamos.
A Súmula 338, III, do Tribunal Superior do Trabalho, ao contrário do que
consignou o julgado, não permite simplesmente a adoção da jornada fixada na peça
vestibular quando os controles de horário se mostram invariáveis.
De acordo com a Súmula, inverte-se o ônus da prova nessa situação, sendo do
empregador o ônus de contrapor a jornada de trabalho fixada na peça de ingresso.
O empregador, ora recorrente, se desincumbiu do seu ônus, pois demonstrou
que os cartões de ponto, embora parcialmente inflexíveis, registravam corretamente
a jornada de trabalho do recorrido.
A prova oral produzida corrobora as alegações do recorrente:
PRÁTICA TRABALHISTA
Testemunha do reclamante:
Testemunha do reclamado:
Custas Processuais
REQUERIMENTO FINAL
Assinatura do advogado
Nome do advogado
Recurso de Revista
Introdução
Antigamente o recurso de revista era denominado recurso extraordinário, pois
representava o recurso disposto na legislação trabalhista de natureza extraordinária.
Assim, existiam dois recursos denominados “recursos extraordinários” no processo do
trabalho: um, encaminhado para o Tribunal Superior do Trabalho (TST), e outro, enca-
minhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Essa ambiguidade terminológica somente
foi alterada em 1949, através da Lei 861, que modificou o nome do recurso de natureza
extraordinária previsto no artigo 896 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para
“recurso de revista”.
Cabimento
O artigo 896 da CLT estabelece em que casos é cabível o recurso de revista.
Art. 896. Cabe recurso de revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das
decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais
Regionais do Trabalho, quando:
a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado
outro Tribunal Regional, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do
Tribunal Superior do Trabalho, ou a Súmula de Jurisprudência Uniforme dessa Corte;
b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, convenção coletiva de trabalho, acordo
coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória, em
área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida,
interpretação divergente, na forma da alínea “a”;
c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à
Constituição Federal.
Interesse em recorrer
Esse pressuposto recursal corresponde ao binômio necessidade e utilidade da
medida processual, pressupondo a existência de uma situação jurídica desfavorável que
somente poderá ser revertida através da utilização do remédio recursal.
111
Tempestividade
O recurso de revista segue a regra geral disposta no artigo 6.º da Lei 5.584/70,
fixando o prazo de 8 (oito) dias para a interposição da medida recursal, e em dobro, para
os entes públicos que não explorem atividade econômica e para o MPT (DL 779/69; e
CPC, art. 188).
Regularidade formal
Conforme dispõe Estevão Mallet (1997, p. 45), “a regularidade supõe, antes de
mais nada, que venha fundamentada a impugnação, exigência inerente à própria ideia
de recurso, imprescindível na revista inclusive para aferição de seu cabimento”. Por
isso, não é possível aplicar literalmente o disposto no artigo 899 da CLT, que dispõe
que o recurso será interposto por simples petição, sem fundamentação. No recurso de
revista é imprescindível que se demonstre a divergência jurisprudencial ou outra hipó-
tese estampada nas alíneas do artigo 896 da CLT.
Igualmente necessário para a regularidade do recurso que o subscritor da peça
processual possua poderes de representação (no caso da parte estar assistida por advo-
gado), sob pena de se considerar inexistente o recurso (TST, Súmula 164). Registre-se,
como sustenta Lenira Ferreira Ruiz (2004, p. 62), que embora o recurso de revista seja
um recurso eminentemente técnico, permite a sua interposição pela própria parte, com
base no ius postulandi que vigora na seara trabalhista.
Preparo
Considerando-se a exigência do recolhimento de custas processuais e depósito
recursal para a interposição do recurso, no caso do recurso de revista deve-se o que
segue.
Depósito recursal
De acordo com o artigo 899, parágrafo 1.º, da CLT, e Instrução Normativa 3 do
TST, para a interposição do recurso de revista será necessário realizar o pagamento do
depósito recursal, excetuando-se as hipóteses de não exigibilidade e dispensa do depó-
sito comuns às demais espécies recursais.
PRÁTICA TRABALHISTA
Custas
As custas processuais, a princípio, já foram recolhidas quando da interposição
do recurso ordinário.
1 “Ex.: para interpor recurso ordinário (RO), o demandado recolheu o valor arbitrado pela sentença para a condenação:
R$3.000,00 (três mil reais). O acórdão mantém o valor da condenação. A interposição do recurso de revista não demanda com-
plementação.” (RUIZ, 2004, p. 74)
2 “Ex.: para interpor recurso ordinário (RO), o demandado recolheu o valor arbitrado pela sentença para a condenação:
R$3.000,00 (três mil reais). O acórdão altera o valor da condenação para R$7.000,00 (sete mil reais). Para recorrer de revista,
a parte deverá recolher mais R$4.000,00 (quatro mil reais), ou seja, complementar seu depósito até o valor da condenação.”
(RUIZ, 2004, p. 74)
113
Além disso, o recurso de revista é cabível das decisões proferidas pelos TRTs, no
processo de execução, como se infere do artigo 896, parágrafo 2.º, da CLT:
Prequestionamento
O prequestionamento foi um pressuposto recursal criado pela jurisprudência,
como se infere da Súmula 356 do STF e das Súmulas 184 e 297 do TST.
Assim, para que seja possível o recurso de revista, a matéria objeto de impugna-
ção deverá ter sido pronunciada explicitamente – e não de forma implícita – na decisão
recorrida. Se a decisão recorrida é silente quanto ao pronunciamento explícito sobre a
matéria objeto do recurso, deverá o recorrente valer-se dos embargos de declaração para
que o Tribunal Regional se pronuncie literalmente sobre a matéria.3
Não constituem matéria de fato, como explica Estevão Mallet (1997, p. 48),
[...] a interpretação da norma aplicável, a definição de seu alcance ou conteúdo, bem como
o problema de sua aplicação ou não à situação sob julgamento. Tampouco é matéria de
fato a qualificação jurídica dos fatos apurados ou mesmo controvérsia em torno do ônus
da prova.
Transcendência
Com o fito de dificultar a interposição do recurso de revista, foi editada a Medida
Provisória 2.226, de 4 de setembro de 2001, que se encontra em vigor de acordo com a
Emenda Constitucional 32/2001 dando redação ao artigo 896-A da CLT que dispõe:
Assim, as causas que ofereçam transcendência com relação aos reflexos gerais de
natureza econômica, política, social ou jurídica (vale dizer, algo relevante, de extrema
importância) serão objeto de recurso de revista, sendo que a análise desse pressuposto
de admissibilidade é feita pelo TST.
3 A Súmula 98 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aponta claramente que os embargos de declaração com esta finalidade –
prequestionamento – não podem ser considerados protelatórios.
115
Cumpre registrar que será o próprio TST que irá regulamentar o processamento
da transcendência, sendo que até o presente momento esta ainda não ocorreu.
Hipóteses de cabimento
Atendidos os pressupostos recursais gerais e específicos, o recurso de revista
ainda somente terá cabimento em hipóteses muito restritas, como se verificará a seguir.
4 “No que diz respeito à divergencia de interpretação de regulamento de empresa, há necessidade de que este esteja de observância
obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator do acórdão, como ocorre, por exemplo, com o regula-
mento da empresa do Banco do Brasil. Ao contrário, regulamento de empresa que envolver apenas a área de jurisdição do TRT prolator do
acórdão, não ensejará o recurso de revista, quando à interpretação jurisprudencial divergente.” (MARTINS, 2004, p. 427)
117
Outrossim, apenas a norma com força de lei, se violada, poderá ser utilizada para
o recurso de revista. Entendem-se como tais o antigo decreto-lei, a medida provisória, a
lei complementar e a lei ordinária, bem como os tratados e convenções internacionais.
Por fim, o dispositivo apontado como violado deve ser indicado expressamente
na decisão recorrida, como se infere da Súmula 221 do TST.
Peça processual
A interposição dos recursos, via de regra, se faz em uma única peça processual,
a qual pode ser dividida em duas partes:
PRÁTICA TRABALHISTA
Peça de rosto
A peça de rosto ou peça de interposição deverá conter os itens a seguir.
Endereçamento ao juízo
O acórdão impugnado será proferido em um dos Tribunais Regionais do Tra-
balho, por exemplo, pela 1.ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 9.ª Região
(Paraná).
Por exemplo:
Autos n. 1551-2005-015-09
Com fundamento nas alíneas “a” e “c” do artigo 896 da Consolidação das Leis
do Trabalho e inconformado com o acórdão proferido pela 1.ª Turma do TRT-PR,
interpor recurso de revista para o Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, conforme
razões anexas.
“Junta, neste ato, a guia DARF comprovando o recolhimento das custas pro-
cessuais e o comprovante do depósito recursal.” (MAZZUCA, 2004, p. 55)
Importante lembrar que nem sempre será necessário o recolhimento das custas e
do depósito recursal, existindo situações de isenção e dispensa destes, conforme acima
exposto.
PRÁTICA TRABALHISTA
Como já se fez referência para qual órgão requer-se sejam remetidas as razões
recursais (no item “indicação do tipo recursal”), tem-se que a solicitação de remessa dos
autos ao juízo ad quem figura mais como estilo próprio do candidato do que exigência
na peça recursal.
Resumo
Ao final, visualizaremos a já solicitada peça de rosto ou folha de interposição da
seguinte forma:
o acórdão proferido pela 1.ª Turma do TRT-PR, interpor recurso de revista para o
Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, conforme razões anexas.
Junta, neste ato, a guia DARF comprovando o recolhimento das custas proces-
suais e o comprovante do depósito recursal.
Após as formalidades de praxe, requer-se sejam os autos remetidos ao Tribu-
nal Superior do Trabalho, para apreciação do recurso.
Nestes termos, pede deferimento.
(Cidade), (dia) de (mês) de (ano).
Assinatura do advogado
Nome do advogado
OAB - (subseção) (número)
Razões de recurso
As razões do recurso são dirigidas ao órgão que irá examinar o recurso e, no caso
do recurso de revista, este é o TST.
As razões recursais devem ter início em nova folha de prova, pois são destinadas
a órgão diverso da peça de interposição (folha de rosto). Desse modo, para uma melhor
apresentação da prova, deve-se fazer a peça de rosto em uma folha, dando início às
razões recursais na folha seguinte.
5 Nesse sentido, Sergio Pinto Martins (2004) e Christóvão Piragibe Tostes Malta (2004).
PRÁTICA TRABALHISTA
Eméritos Julgadores
Não merece prosperar a decisão proferida pelo juízo a quo, como se infere da
fundamentação seguinte: [...]
Não se pode esquecer, outrossim, que quando for requerida a reforma com base
em divergência jurisprudencial, deverá ser mencionado o cumprimento do disposto na
Súmula 337 do TST (juntada das certidões dos acórdãos paradigmas e transcrever as
ementas no recurso), mesmo que não seja possível, efetivamente, fazer a juntada de
documentos no recurso de revista confeccionado para fins de Exame de Ordem. Subten-
derá o examinador que houve o cumprimento do disposto acima, restando observado o
correto preenchimento da hipótese de cabimento do artigo 896, “a”, da CLT.
Quanto à base de cálculo das horas extras, excluiu o Juízo Regional a integra-
ção da gratificação semestral, com fulcro na Súmula 253 do Tribunal Superior do
Trabalho.
Ora, tal característica faz com que a mesma seja incorporada à remuneração
do recorrente, pois se encaixa com perfeição às verbas descritas no artigo 457, pa-
rágrafo 1.º, da CLT.
A gratificação paga pelo Banco tem natureza salarial, tornando-se obrigação do empre-
gador, integrando-se ao salário. (TRT – 1.ª Reg. – E– RR 3755/87 – Ac. SDI 250/90 –
unân – Rel. Min. José Carlos da Fonseca. Fonte: DJU 24/08/1990, p. 8.293)
Bancário. A mera percepção de gratificação de função não é suficiente para elidir a jor-
nada padrão do bancário, caso não reste configurado o exercício do cargo sem qualquer
mando, sem subordinados e com subordinação, sendo devido o pagamento da sétima e
oitava horas diárias como extras. Gratificação semestral. A gratificação semestral paga
mensalmente, passa a incorporar o salário, sendo componente do valor do salário-hora
e repercute nas horas extras. Não se adota a Súmula 253 do TST, pois este apenas
orienta a não repercussão da dita gratificação nas horas extras quando periodicamente
paga, ou seja, de seis em seis meses. (TRT – 4.ª Reg. – RO 917.004/98-1 – unan. Rel.
Juíza Flávia Lorena Pacheco – DJRS 19/02/2001, p. 20, 8.144)
Pedido
O recurso de revista também exige que o recorrente manifeste especificamente
a sua pretensão, requerendo assim a reforma da decisão num determinado sentido. E,
esse pedido de reforma deverá ser feito logo após o recorrente encerrar a fundamentação
do tópico impugnado.
Desse modo, observado o cabimento da medida (CLT, art. 896, “c”), requer-se
que seja reformada a r. decisão regional, a fim de que seja determinada a integração
do auxílio alimentação à remuneração do recorrente, para todos os efeitos legais.
Desse modo, observado o cabimento da medida (CLT, art. 896, “a”), requer-se
que seja reformada a r. decisão regional, a fim de que seja determinada a inclusão
da gratificação semestral à base de cálculo das horas extras, conforme postulado na
inicial.
Requerimento final
Apenas para dar um desfecho à peça processual e, de forma a sintetizar o pedido
de reforma de decisão, podemos redigir o seguinte:
PRÁTICA TRABALHISTA
Requerimento Final
Em face do exposto, requer-se a reforma do julgado, nos pontos acima atacados.
Assinatura do advogado
Nome do advogado
Resumo
No final, teremos as razões recursais acima exemplificadas da seguinte forma:
Eméritos Julgadores
Não merece prosperar a decisão proferida pelo juízo a quo, como se infere da
fundamentação seguinte:
O Juízo de primeiro grau reconheceu que recorrido não comprovou a sua ins-
crição no PAT, ônus que lhe competia (CLT, art. 818 e CPC, art. 333, II) e reconhe-
ceu a natureza salarial do auxílio alimentação, determinando a integração deste à
remuneração do recorrente, para todos os efeitos legais.
Desse modo, observado o cabimento da medida (CLT, art. 896, “c”), requer-se
que seja reformada a r. decisão regional, a fim de que seja determinada a integração
do auxílio alimentação à remuneração do recorrente, para todos os efeitos legais.
2. Gratificação semestral –
base de cálculo das horas extras (CLT, art. 896, “a”)
Quanto à base de cálculo das horas extras, excluiu o Juízo Regional a integra-
ção da gratificação semestral, com fulcro na Súmula 253 do Tribunal Superior do
Trabalho.
PRÁTICA TRABALHISTA
Ora, tal característica faz com que a mesma seja incorporada à remuneração
do recorrente, pois se encaixa com perfeição às verbas descritas no artigo 457, pará-
grafo 1.º, da Consolidação das Leis do Trabalho.
A gratificação paga pelo Banco tem natureza salarial, tornando-se obrigação do empre-
gador, integrando-se ao salário. (TRT – 1.ª Reg. – E – RR 3755/87 – Ac. SDI 250/90
– unân – Rel Min. José Carlos da Fonseca. Fonte: DJU 24/08/1990, p. 8.293)
Bancário. A mera percepção de gratificação de função não é suficiente para elidir a jor-
nada padrão do bancário, caso não reste configurado o exercício do cargo sem qualquer
mando, sem subordinados e com subordinação, sendo devido o pagamento da sétima e
oitava horas diárias como extras. Gratificação semestral. A gratificação semestral paga
mensalmente, passa a incorporar o salário, sendo componente do valor do salário-hora
e repercute nas horas extras. Não se adota a Súmula 253 do TST, pois este apenas
orienta a não repercussão da dita gratificação nas horas extras quando periodicamente
paga, ou seja, de seis em seis meses. (TRT – 4.ª Reg. – RO 917.004/98-1 – unan. Rel.
Juíza Flávia Lorena Pacheco – DJRS 19/02/2001, p. 8.144)
Desse modo, observado o cabimento da medida (CLT, art. 896, “a”), requer-se
que seja reformada a r. decisão regional, a fim de que seja determinada a inclusão
da gratificação semestral à base de cálculo das horas extras, conforme postulado na
inicial.
3. Requerimento Final
Assinatura do advogado
Nome do advogado
Embargos de declaração
Considerações gerais
Os embargos de declaração constituem remédio jurídico colocado à disposição
das partes para obter do órgão jurisdicional uma declaração que venha a escoimar a
decisão impugnada ou corrigir certa falha de expressão formal.
Cabimento
As hipóteses de cabimento dos embargos de declaração encontram-se dispostas
tanto no CPC, quanto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT):
Tradicionalmente, o processo civil prevê três hipóteses em que cabem os embargos decla-
ratórios: omissão, contradição e obscuridade. Diz o Código de Processo Civil: “Art. 535.
Cabem embargos de declaração quando: I - houver, na sentença ou no acórdão, obscu-
ridade ou contradição; II - for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou
tribunal”. A redação do caput e incisos foi dada pela Lei 8.950/94.
No processo do trabalho, a aplicabilidade subsidiária da regra veio pacífica até a edição
da Lei 9.957, de 12/01/2000, que criou o rito sumaríssimo, e introduziu na Consolidação
das Leis do Trabalho o artigo 897-A, com o seguinte teor: “Caberão embargos de decla-
ração da sentença ou acórdão, no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer
na primeira audiência ou sessão subsequente a sua apresentação, registrado na certidão,
admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e
manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso”.
Essa nova regra induziu, num primeiro momento, a duas interpretações: a) que somente
se aplicava ao procedimento sumaríssimo porque veio no bojo da lei que criou este novo
tipo processual; b) a hipótese de obscuridade não mais daria ensejo aos embargos, ficando
estes restritos à ocorrência de omissão, contradição e manifesto equívoco no exame dos
pressupostos extrínsecos do recurso.
Quanto à primeira hipótese, ao contrário do enfatizado por Francisco Antonio de Oliveira
(“Do rito sumaríssimo – Lei 9.957, de 12/01/2000”. Suplemento Trabalhista LTr, 090/2000.
Ano 36. p. 518), data venia, pensamos que essa norma não trata de embargos declaratórios
opostos em ações sujeitas ao rito sumaríssimo, pois a lei a introduziu, sem quaisquer res-
salvas, no Capítulo VI da Consolidação das Leis do Trabalho, que trata dos recursos.
Relativamente à segunda hipótese, nos inclinamos, num primeiro momento, pela com-
preensão de que a obscuridade não era mais causa ensejadora de embargos declaratórios
na Justiça do Trabalho. Esse pensamento, aliás, foi corroborado por José Carlos Arouca
(Revista LTr, 65-05/539), pelo Regimento Interno do TRT da 4.ª Região (art. 185), e por
decisão da E. 2.ª Turma do TRT da 9.ª Região (AC. 19.453/2001, DJPR 27/07/2001).
Apesar de todas essas ponderações, refletimos e mudamos. Concluímos que o artigo
897-A uniformizou o prazo de cinco dias para os embargos, tanto em relação a sentenças
quanto a acórdãos (o que já tinha sido estabelecido pelo Código de Processo Civil em
reforma legislativa), detalhando as hipóteses em que caberia efeito modificativo (omissão,
contradição e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso),
não excluindo, entretanto, a nosso ver, a hipótese de obscuridade, prevista no Código de
Processo Civil, dispondo, apenas, que esta situação não se presta ao efeito modificativo.
Nesse sentido, Francisco Antonio de Oliveira, quando diz: “O entendimento mais razoável
será de que o legislador não eliminou [...] o requisito “obscuridade”, apenas não lhe deu o
alento do efeito modificativo, no que claudicou” (ob. cit., p. 518).
133
Enquanto não houver a pacificação dessa controvérsia pela Corte Máxima Trabalhista,
essa parece a conclusão mais ponderada, admitindo-se o motivo obscuridade como causa
ensejadora dos embargos, mas sem a possibilidade de gerar efeito modificativo.
Quatro, portanto, são as indicações que estão autorizadas por lei para o cabimento dos
embargos declaratórios na Justiça do Trabalho, atualmente: a) obscuridade (CPC, art. 535,
I); b) contradição (idem, ibidem); c) omissão (CPC, art. 535, II); d) com efeito modificativo
– omissão, contradição e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do
recurso (CLT, art. 897-A).
Omissão
Considera-se omissa a decisão quando deixa de se pronunciar sobre determinada
matéria ou questão.
Obscuridade
Entende-se por obscuridade a falta de clareza no julgado.
Assim, quando da leitura da decisão não se pode deduzir o que pretendeu o órgão
julgador, tem-se presente a hipótese da obscuridade. Como alerta Tostes Malta (2004,
p. 674),
Contradição
Segundo Sergio Pinto Martins (2004, p. 478), existe contradição quando se afirma
uma coisa, e ao mesmo tempo, a mesma coisa é negada na decisão. Assim, poderá se
verificar a existência de contradição entre proposições da parte decisória, entre a funda-
mentação e o dispositivo, bem como entre o teor do acórdão e o verdadeiro julgamento.
Prazo
Os embargos de declaração devem ser opostos no prazo de 5 (cinco dias), con-
forme se infere do artigo 536 do CPC e artigo 897-A da CLT.
O valor da multa poderá ser majorado, até no máximo 10% (dez por cento), se o
embargante for reincidente na utilização da figura processual de forma protelatória.
Peça processual
Diferentemente das demais espécies recursais, os embargos de declaração não
precisam de petição de interposição do recurso, visto que a análise do remédio jurídico
será feita pelo mesmo juízo que proferiu a decisão impugnada.
Endereçamento ao juízo
Os embargos de declaração serão encaminhados ao órgão que proferiu a decisão.
Se foi o juiz singular, será encaminhado para as Varas do Trabalho, se foi uma das tur-
mas do tribunal, será encaminhado ao juiz relator do acórdão.
Autos n. 5543-2005-003-03
Pedido
Os embargos de declaração também exigem que o embargante aduza especifica-
mente a sua pretensão, requerendo assim que seja sanado o vício apontado. Esse pedido
deve ser feito logo após o recorrente encerrar a fundamentação do tópico impugnado.
Desse modo, requer-se que seja suprida a omissão supra, a fim de que o juízo
consigne que restou prejudicada a análise do pedido indenizatório, a fim de afastar
eventual preclusão e supressão de instância.
Requerimento final
Apenas para dar um desfecho a peça processual e, de forma a sintetizar o pedido
de reforma de decisão, podemos redigir o seguinte:
REQUERIMENTO FINAL
Em face do exposto, requer-se que seja dado provimento aos presentes em-
bargos de declaração, no ponto acima noticiado.
Assinatura do advogado
Nome do advogado
Resumo
Podemos visualizar os embargos de declaração acima exemplificado:
PRÁTICA TRABALHISTA
Desse modo, requer-se que seja suprida a omissão supra, a fim de que o juízo
consigne que restou prejudicada a análise do pedido indenizatório (letra “i”), a fim
de afastar eventual preclusão e supressão de instância.
REQUERIMENTO FINAL
Em face do exposto, requer-se que seja dado provimento aos presentes em-
bargos de declaração, no ponto acima noticiado.
Assinatura do advogado
Nome do advogado
Recurso de embargos
Considerações gerais
A palavra embargos pode ter tanto o significado de ação, como de defesa. A aná-
lise do presente recurso pressupõe adotá-lo com sentido de recurso, como prevê o artigo
894 da CLT, ditando que: “Cabem embargos, no Tribunal Superior do Trabalho, para o
Pleno, no prazo de 8 (oito) dias a contar da publicação da conclusão do acórdão”.
A Lei 7.701/88, que dispôs sobre a especialização das Turmas dos Tribunais do
Trabalho, acabou passando certas matérias que eram de competência do Pleno do TST
para as então criadas Seção de Dissídios Individuais (SDI) e Seção de Dissídios Cole-
tivos (SDC). Assim, após a edição da referida lei, o recurso de embargos tomou nova
feição, restando derrogado em parte o disposto no artigo 894 da CLT.
[...] não existe, porém, grau de jurisdição entre as turmas e as seções especializadas do
TST. As turmas apreciarão os recursos de revista. Do acórdão que julgar este recurso
é que caberão os embargos para a SDI. Visam os embargos à uniformização da juris-
prudência das turmas do TST, que, em muitos casos, têm entendimento divergentes. A
SDI servirá, assim, para unificar a divergência jurisprudencial das turmas do TST. Dessa
forma, o recurso de embargos tem cunho nitidamente extraordinário, assemelhando-se
ao recurso interposto para o Pleno do Supremo Tribunal Federal, após as turmas julgarem
o recurso extraordinário.
Tipos e efeitos
Com a Lei 7.701/88, os embargos para o TST passaram a ser divididos em:
Embargos infringentes
Existem duas espécies de embargos infringentes.
A primeira encontra respaldo no artigo 2.º, II, “c”, da Lei 7.701/88, que assim
dispõe:
Ainda, é necessário que a decisão proferida não seja unânime, isto é, cada cláu-
sula do dissídio coletivo examinada deve ser julgada por maioria e não por unanimidade,
pois os embargos infringentes somente terão cabimento quando existir a divergência.
Por fim, não se admite a interposição dos embargos infringentes quando a deci-
são, ainda que não unânime, encontre-se em consonância com precedente jurispruden-
cial ou súmula do TST.
Esse tipo de recurso de embargos tem natureza ordinária e, por tal motivo, enseja
um efeito devolutivo amplo da matéria impugnada ao juízo ad quem, abrangendo tanto
matéria fática, como matéria jurídica.
Essa espécie recursal tem cabimento quando se trata de decisão não unânime
proferida em sede de ação rescisória ou mandado de segurança em processos indivi-
duais. Assumem feições de recurso de natureza extraordinária (e, portanto, exigem o
pressuposto de admissibilidade do prequestionamento), sendo julgados pela SDI-2.
[...] possuem devolutividade restrita no primeiro caso e relativa no segundo. Vale dizer,
em se tratando de mandado de segurança, a matéria evidentemente é apenas de direito,
enquanto na ação rescisória pode ser de direito, mas há alguns casos, como colusão, por
exemplo, que permitem investigação de matéria jurídica e fática. (LEITE, 2004, p. 554)
Embargos de divergência
Os embargos de divergência encontram-se previstos no artigo 3.º, III, “b”, da Lei
7.701/88, a saber:
[...]
III - em última instância:
[...]
b) os embargos das decisões das Turmas que divergirem entre si, ou das decisões proferi-
das pela Seção de Dissídios Individuais;
Depósito recursal
De acordo com o artigo 899, parágrafo 1.º, da CLT, artigo 40 da Lei 8.177/91 e
Instrução Normativa 3 do TST, para a interposição do recurso de embargos é necessário
realizar o pagamento do depósito recursal.
O valor do depósito recursal, nesse caso, será o mesmo daquele fixado para o
recurso de revista, isto é, o dobro do valor fixado para o depósito em recurso ordi-
nário.
Peça processual
O recurso de embargos será interposto em petição dividida em duas partes: a
primeira, correspondente à interposição do recurso, endereçada ao órgão que proferiu a
decisão atacada e, a segunda, correspondente às razões do recurso, endereçada ao órgão
que irá reexaminar o processo.
Peça de rosto
A peça de rosto ou peça de interposição conterá o seguinte.
Endereçamento ao juízo
No caso de embargos infringentes e de divergência, o endereçamento será feito
para o Presidente da Turma que proferiu o acórdão impugnado.
Com fundamento no artigo 3.º, III, “b”, da Lei 7.701/88, e inconformado com
o acórdão proferido pela 2.ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho, interpor EM-
BARGOS DE DIVERGÊNCIA para a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal
Superior do Trabalho, conforme razões anexas.
Observe-se que desde logo pode ser declinado qual órgão fará o reexame da
decisão impugnada. No caso dos embargos infringentes e de divergência, o recurso será
analisado pela SDI do TST. E, no caso de embargos infringentes, em dissídio coletivo,
serão encaminhadas as razões de recurso à própria SDC.
Junta, neste ato, a guia DARF comprovando o recolhimento das custas proces-
suais e o comprovante do depósito recursal (MAZZUCA, 2004, p. 55).
Assinatura do advogado
Nome do advogado
Resumo
Junta, neste ato, a guia DARF comprovando o recolhimento das custas proces-
suais e o comprovante do depósito recursal.
Assinatura do advogado
Nome do advogado
Razões de recurso
As razões do recurso são dirigidas ao órgão que irá examinar o recurso e, no caso
dos embargos infringentes e de divergência é a SDI do TST.
As razões recursais devem ter início em nova folha de prova, pois são destinadas
a órgão diverso da peça de interposição (folha de rosto). Desse modo, para uma melhor
apresentação da prova, deve-se fazer a peça de rosto em uma folha, dando início às
razões recursais na folha seguinte.
1 Nesse sentido, Sergio Pinto Martins (2004) e Christóvão Piragibe Tostes Malta (2004).
PRÁTICA TRABALHISTA
Não se pode esquecer, outrossim, que quando for requerida a reforma com base
em divergência jurisprudencial, deverá ser mencionado o cumprimento do disposto na
Súmula 337 do TST 2, mesmo que não seja possível, efetivamente, fazer a juntada de tais
documentos, no caso de Exame de Ordem.
Pedido
O recurso de embargos também exige que o recorrente manifeste especifica-
mente a sua pretensão, requerendo assim a reforma do julgado de uma determinada
forma.
Requerimento final
Apenas para dar um desfecho à peça processual e de forma a sintetizar o pedido
de reforma de decisão, podemos redigir o seguinte:
Requerimento Final
Assinatura do advogado
Nome do advogado
Agravo de petição
Considerações gerais
O agravo de petição, como leciona Pedro Paulo Teixeira Manus (2005, p. 166),
[...] faz as vezes do recurso ordinário, só que é cabível apenas na fase de execução. Podemos
dizer, a título de comparação, que o recurso de apelação do processo civil no processo do
trabalho chama-se recurso ordinário na fase de conhecimento e de agravo de petição na
fase de execução.
O legislador trabalhista não foi muito feliz ao empregar o termo decisões para os
atos judiciais impugnáveis por meio do agravo de petição. Por ser um termo amplo, a
palavra decisão comporta diferentes significados, ensejando controvérsias doutrinárias
quanto ao cabimento do recurso de agravo.
[...] em face da omissão da lei, o agravo de petição cabe, realmente: a) das decisões defi-
nitivas em processo de execução trabalhista; b) das decisões interlocutórias que envolvem
matéria de ordem pública a justificar novo exame de seu conteúdo.
Tal conclusão, contudo, não enseja divergência ao disposto no artigo 893, pará-
grafo 1.º, da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), de que as decisões interlocutórias
não são recorríveis de imediato. Assim, por exemplo, a decisão que entende não ser o
caso de produção de determinada prova, que recusa a nomeação de bem à penhora por
PRÁTICA TRABALHISTA
não obedecer à ordem legal, do despacho que determinou ou não a perícia contábil, não
caberá agravo de petição (MARTINS, 2005, p. 450).
Depósito recursal
Considerando-se que o depósito recursal tem natureza de garantia do juízo e
que o agravo de petição ocupa posição na escala recursal quando, a princípio, o juízo
já se encontra garantido, pode-se sustentar que ele seria prescindível para essa espécie
recursal.
Nesse sentido, urge observar que a Lei 8.177/91, ao descrever os tipos recursais
que necessitam de depósito prévio (art. 40), deixou de mencionar a figura do agravo de
petição. Portanto, em regra, o recurso de agravo de petição não necessita de depósito
recursal.
Custas
De acordo com o artigo 789-A da CLT, as custas serão pagas ao final, pela parte
vencida. Logo, não haverá pagamento de custas quando da interposição do agravo de
petição.1
1 Salienta Mazzuca (2004, p. 62) que a sentença proferida em embargos de terceiro pode fixar custas processuais, as quais, no
caso de interposição de agravo de petição pelo terceiro, precisam ser recolhidas, como condição de conhecimento do agravo.
151
Por outro lado, se o agravo de petição tratar de vários temas, esses deverão ser
abordados em tópicos separados, delimitando de forma justificada as matérias e valores
impugnados (se houver), bem como expondo os motivos de fato e de direito pelos quais
o julgado deve ser reformado.
Efeito
O agravo de petição, como os demais recursos da seara trabalhista, terá efeito
meramente devolutivo (CLT, art. 899).
Peça processual
O agravo de petição será interposto em petição dividida em duas partes: a pri-
meira, correspondente à interposição do recurso, endereçada ao juiz da execução e, a
segunda, correspondente às razões do recurso, endereçada ao tribunal que irá reexami-
nar o processo.
PRÁTICA TRABALHISTA
Peça de rosto
A peça de rosto ou peça de interposição deverá conter os seguintes itens.
Endereçamento ao juízo
O agravo de petição por ser o recurso contra as decisões do juiz da execução, será
perante este interposta.
Portanto, nesse caso, somente é bom esclarecer que o juízo já se encontra garan-
tido pelo que sugere a seguinte redação:
Assinatura do advogado
Nome do advogado
Resumo
Ao final, pode-se visualizar a seguinte peça de rosto ou folha de interposição da
seguinte forma:
PRÁTICA TRABALHISTA
Assinatura do advogado
Nome do advogado
Razões de recurso
As razões do recurso são dirigidas ao órgão que irá examinar o recurso. No caso
do agravo de petição é o Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
Elas devem ter início em nova folha de prova, pois são destinadas a órgão diverso
da peça de interposição (folha de rosto).
Minuta de agravo
Desse modo, a fim de exemplificar referido recurso, toma-se como base aquele
interposto apenas com discussão de matéria de direito:
Pedido
O agravo de petição também exige que o recorrente manifeste especificamente a
sua pretensão, requerendo, assim, a reforma do julgado de uma determinada forma.
Requerimento final
Apenas para dar um desfecho à peça processual e, de forma a sintetizar o pedido
de reforma de decisão, podemos redigir o seguinte:
Requerimento Final
Assinatura do advogado
Nome do advogado
Resumo
Podemos visualizar as razões recursais acima exemplificadas da seguinte forma:
MINUTA DE AGRAVO
Requerimento Final
Assinatura do advogado
Nome do Advogado
Agravo de instrumento
Considerações gerais
O agravo de instrumento representa uma espécie recursal cuja formação se dá
através de autos em apartado, constituindo, assim, um novo instrumento. Por esse mo-
tivo, esse remédio recursal recebeu o nome de agravo de instrumento.
Em virtude da formação desse novo instrumento, os autos originais não são en-
caminhados ao juízo ad quem. O que será encaminhado ao órgão revisor será apenas o
agravo de instrumento, o qual é constituído pelas razões recursais e cópias de algumas
peças eleitas pelo legislador e, supletivamente, pela parte recorrente.
Pressupostos de admissibilidade
Cabimento
O artigo 897, alínea “b”, da CLT, informa em qual situação é autorizada utiliza-
ção do agravo de instrumento:
[...] justifica-se o agravo de instrumento para evitar-se que fique a inteiro critério do juiz
que despacha um recurso deferi-lo ou não. Assim, qualquer que tenha sido o motivo do
indeferimento do apelo, o recorrente poderá usar do agravo de instrumento para que o
tribunal que iria examinar o recurso diga se este deve ser encaminhado ou não.
Interesse em recorrer
Esse pressuposto recursal corresponde ao binômio necessidade e utilidade da me-
dida processual, pressupondo a existência de uma situação jurídica desfavorável que
somente poderá ser revertida por meio da utilização do remédio recursal.
Tempestividade
O agravo de instrumento, de acordo como o artigo 897, “b”, da CLT, deve ser in-
terposto no prazo de oito dias, obedecendo a regra geral das demais espécies recursais.
Da mesma forma, se o agravante for ente público que não explore atividade econômica,
terá o prazo em dobro, de acordo com o Decreto-Lei 779/69.
PRÁTICA TRABALHISTA
Regularidade formal
O agravo de instrumento será interposto mediante petição, devidamente funda-
mentada, em que o agravante aponta as razões de fato e de direito (CPC, art. 524, I e II)
pelas quais incorreu em erro o primeiro juízo de admissibilidade (juízo a quo).
Preparo
Conforme estabelece o §7.º do artigo 899 da CLT:
Art. 899. [...]
§ 7.º No ato de interposição do agravo de instrumento, o depósito recursal corresponderá a
50% (cinquenta por cento) do valor do depósito do recurso ao qual se pretende destrancar.
[...] se faltar qualquer das peças obrigatórias (a decisão agravada, a certidão da respectiva
intimação, as procurações dos advogados de agravante e agravado; a petição inicial; a con-
testação; a decisão originária; o comprovante de depósito recursal e do recolhimento das
custas), a consequência será o não conhecimento do agravo.
A autenticação do documento, por sua vez, pode ser feita pelo próprio advogado,
o qual será responsável pelas declarações de autenticidade. Nesse sentido reza o artigo
544, parágrafo 1.º, do CPC e o inciso IX da Instrução Normativa 16 do TST.
Efeitos
Como as demais espécies recursais, o agravo de instrumento apenas possui efei-
to devolutivo, sendo que este fica restrito à validade ou não da decisão que denegou
seguimento ao recurso.
O disposto no artigo 527, II, do CPC, que possibilita a concessão de efeito suspen-
sivo, de forma excepcional, ao agravo de instrumento, não pode ser aplicado ao processo
do trabalho. Como se infere do artigo 897, parágrafo 2.º, da CLT, o legislador trabalhista
foi taxativo ao afirmar que o agravo de instrumento não possui efeito suspensivo:
§2.º O agravo de instrumento interposto contra o despacho que não receber agravo de
petição não suspende a execução da sentença.
Aplicação de multa
Dispõe o artigo 557, parágrafo 2.º, do CPC:
PRÁTICA TRABALHISTA
Segundo Sergio Pinto Martins (2005, p. 467), referido dispositivo legal “é apli-
cável ao processo do trabalho, por ser omissa a CLT e haver compatibilidade com seus
princípios”.
Peça processual
A interposição do agravo de instrumento deve ser feita em uma petição dividida
em três partes:
■■ folha de interposição;
■■ razões do recurso;
■■ referente às peças processuais exigidas para a formação do instrumento.
Essa terceira parte, para fins de Exame de Ordem, não poderá ser efetivamente
observada, ante a impossibilidade da juntada real dos documentos. Contudo, o candi-
dato deverá fazer menção à juntada das peças exigidas no parágrafo 5.º do artigo 897 da
CLT, bem como enaltecer que essas peças encontram-se anexadas às razões recursais e
foram devidamente autenticadas pelo advogado, conforme determina a Instrução Nor-
mativa 16, IX, do TST.
Peça de rosto
A peça de rosto deverá conter os itens seguintes.
Assim, sendo denegado seguimento ao recurso ordinário pelo Juiz da 20.ª Vara
do Trabalho de Salvador, o endereçamento será:
Portanto, deve-se mencionar a juntada das peças indispensáveis, o que pode ser
feito nos seguintes termos:
PRÁTICA TRABALHISTA
Como já se fez referência para qual órgão requer-se sejam remetidas as razões
recursais (no item “indicação do tipo recursal”), tem-se que a solicitação de remessa dos
autos ao juízo ad quem figura mais como estilo próprio do candidato do que exigência
na peça recursal.
Assinatura do advogado
Nome do advogado
Vale lembrar que, para efeitos de Exame de Ordem, o candidato não poderá as-
sinar a peça processual, sob pena de identificar a prova.
Resumo
Ao final, pode-se visualizar a seguinte peça de rosto ou folha de interposição da
seguinte forma:
165
Assinatura do advogado
Nome do Advogado
Razões de recurso
As razões do recurso são dirigidas ao órgão que teria competência para apreciar
o recurso que foi denegado seguimento pelo juízo a quo (CLT, art. 897, §4.º). Assim, no
caso do exemplo acima, em que foi denegado seguimento ao recurso ordinário, o agravo
de instrumento deverá ser encaminhado ao Tribunal Regional do Trabalho da respectiva
região.
As razões recursais devem ter início em nova folha de prova, pois são destinadas
a órgão diverso da peça de interposição (peça de rosto). Desse modo, para uma melhor
apresentação da prova, deve-se fazer a peça de rosto em uma folha, dando início às ra-
zões recursais na folha seguinte.
Vejamos os itens que compõem as razões recursais.
PRÁTICA TRABALHISTA
Eméritos Julgadores,
Se vários forem os motivos pelos quais o recurso teve denegado seu seguimento,
deve-se adotar a impugnação a cada motivo do despacho denegatório em separado. As-
sim, possibilita-se ao examinador verificar com clareza os motivos de fato e de direito
pelos quais se pretende a reforma.
2. O requerente faz jus à justiça gratuita, pois ganha mais de dois salários mí-
nimos, mas não tem condições de demandar sem prejuízo de seu sustento próprio
ou de sua família, conforme declaração de pobreza juntada com a inicial (doc. 2). A
declaração foi feita sob as penas da lei.
Não existe determinação legal no sentido de que o autor tenha de estar assis-
tido pelo sindicato para fazer jus à isenção das custas.
Pedido
O agravo de instrumento também exige que o recorrente manifeste especifi-
camente a sua pretensão, requerendo assim a reforma da decisão para que o recurso
denegado seja conhecido.
Requerimento final
Apenas para dar um desfecho a peça processual e, de forma a sintetizar o pedido
de reforma de decisão, podemos redigir o seguinte:
Requerimento Final
Assinatura do advogado
Nome do advogado
Resumo
Por fim, visualizamos as razões recursais da forma que segue neste quadro:
Eméritos Julgadores
2. O requerente faz jus à justiça gratuita, pois ganha mais de dois salários mí-
nimos, mas não tem condições de demandar sem prejuízo de seu sustento próprio
ou de sua família, conforme declaração de pobreza juntada com a inicial (doc. 2). A
declaração foi feita sob as penas da lei.
Não existe determinação legal no sentido de que o autor tenha de estar assis-
tido pelo sindicato para fazer jus à isenção das custas.
Requerimento final
Assinatura do advogado
Nome do advogado
Considerações gerais
A palavra rescindir vem do latim rescindire, que significa “invalidar, anular”.
Ainda que poética a visão de Liebman acerca da ação rescisória, não há como
confundi-la, em contornos jurídicos, com a figura do recurso. Isso porque, além da
tramitação da ação rescisória não se dar num mesmo processo, o seu tratamento legal
adota formalidades próprias e específicas.
Desse modo, podemos entender que a ação rescisória tem natureza de ação,
razão pela qual deve observar todos os pressupostos processuais e condições da
ação. Contudo, temos também que ela é uma ação especial, pois tem o objetivo de
desconstituir a decisão transitada em julgado (iudicium rescindens) e para eventual
proferimento de nova decisão de mérito (iudicium rescisorium).
Natureza jurídica
A sua natureza jurídica é de uma ação (especial). Pode ser classificada como uma
ação de caráter declaratório e constitutivo. Declaratório porque visa reconhecer a pre-
sença de algum dos vícios descritos no artigo 485 do Código de Processo Civil (CPC) (v.g.,
existência ou inexistência de uma dada relação jurídica, autenticidade ou falsidade de
determinado documento que foi objeto de exame na antiga decisão etc.). Constitutiva
de forma positiva quando acolher a pretensão do autor e, de forma negativa, quando
rejeitar o pedido do autor (MARTINS, 2005, p. 506).
Previsão legal
Dispõe o artigo 836 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT):
PRÁTICA TRABALHISTA
Art. 836. É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de questões já decididas,
excetuados os casos expressamente previstos neste Título e a ação rescisória, que será
admitida na forma do disposto no Capítulo IV do Título IX da Lei 5.869, de 11 de janeiro
de 1973 – Código de Processo Civil, sujeita ao depósito prévio de 20% (vinte por cento) do
valor da causa, salvo prova de miserabilidade jurídica do autor.
Desse modo, verifica-se que a ação rescisória, na seara trabalhista, terá o mesmo
tratamento da ação rescisória comum (CPC, arts. 485 a 495), à exceção do valor do
depósito prévio.
Decisões rescindíveis
As características para que uma decisão possa ser objeto de ação rescisória
encontram-se no artigo 485 do CPC, que dispõe que “a sentença de mérito, transitada em
julgado, pode ser rescindida”.
Decisão homologatória
A regra geral deveria ser a adoção da ação anulatória para rescindir as decisões
de cunho homologatório, conforme se infere do artigo 486 do CPC:
Art. 486. Os atos judiciais, que não dependem de sentença, ou em que esta for meramente
homologatória, podem ser rescindidos, como os atos jurídicos em geral, nos termos da lei
civil.
173
CLT, art. 831. A decisão será proferida depois de rejeitada pelas partes a proposta de con-
ciliação.
Parágrafo único. No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irre-
corrível, salvo para a Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas.
Desse modo, verificamos que a decisão que homologa a conciliação tem o caráter
de irrecorribilidade para as partes, podendo, contudo, ser objeto da ação rescisória.
Por sua vez, a decisão que homologa os cálculos, na fase de execução, apenas será
rescindível quando enfrentar questões envolvidas na elaboração da conta de liquidação.
A simples homologação, sem o enfrentamento dessas questões, não se mostra rescindí-
vel, como se infere das Súmulas 399 e 298 do TST:
Do trânsito em julgado
Faz-se necessário o trânsito em julgado da decisão atacada para a admissibili-
dade da ação rescisória, como dispõe o caput do artigo 485 do CPC.
Contudo, isso não quer dizer que a parte somente poderá interpor ação rescisória
após esgotar todos os meios recursais cabíveis à espécie. Conforme a Súmula 514 do
Supremo Tribunal Federal (STF), “admite-se ação rescisória contra sentença transitada
PRÁTICA TRABALHISTA
em julgado, ainda que contra ela não se tenham esgotado todos os recursos”, ou seja,
ainda que a parte não tenha exaurido o caminho recursal, será possível a impugnação
da decisão por meio da ação rescisória.
Sentença normativa
A sentença normativa, proferida em dissídio coletivo, pode ser objeto de ação
rescisória.
Lei 7.701/88, art. 2.º Compete à seção especializada em dissídios coletivos, ou seção nor-
mativa:
I - originariamente:
[...]
Competência
A competência para processar e julgar a ação rescisória é dos tribunais, conforme
se infere do seguinte dispositivo celetário:
[...]
[...]
2) as ações rescisórias das decisões das Varas do Trabalho, dos juízes de direito investidos
na jurisdição trabalhista, das Turmas e de seus próprios acórdãos.
Legitimidade
O artigo 487 do CPC dispõe sobre a legitimidade para propor ação rescisória,
ditando que:
Petição inicial
Para ser elaborada a petição inicial da ação rescisória, deverão ser observados os
artigos 488 e 282 do CPC.
Art. 488. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art.
282, devendo o autor:
I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento da causa;
II - depositar a importância de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa, a título de
multa, caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível, ou improce-
dente.1
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no n. II à União, ao Estado, ao Município e ao
Ministério Público.
Art. 282. A petição inicial indicará:
I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida;
II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido, com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII - o requerimento para a citação do réu.
1 No caso da Justiça do Trabalho, por força do artigo 836 da CLT, o depósito prévio correspondente a 20% (vinte por cento) do
valor da causa.
177
O autor deve indicar também as provas que pretende utilizar para comprovar a
veracidade dos fatos narrados na ação rescisória. Não se pode esquecer, contudo, que
existem provas que devem ser juntadas desde logo com a inicial (CPC, art. 396), como a
decisão rescindenda e a certidão do seu trânsito em julgado, devidamente autenticadas.
Dever-se-á atender aos critérios estabelecidos pelos artigos 258 a 260 do CPC? Conquanto
possa parecer que a resposta seja afirmativa, não podemos deixar de levar em conta o fato
de que a rescisória visa sempre a um pronunciamento jurisdicional (passado em julgado)
emitido em uma causa a que se atribuíra um valor; desta forma, em princípio, o valor a ser
dado à inicial da rescisória deve ser o mesmo que foi atribuído à demanda anterior, onde
foi proferida a decisão rescindenda. É óbvio que essa identidade de valores não poderá ser
a mesma quando, e.g., a rescisória tiver por objeto apenas parte da decisão atacada.
Hipóteses
O CPC indica em seu artigo 485, taxativamente, nove hipóteses que podem ser
invocadas para a proposição da ação rescisória.
Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente;
III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão
entre as partes, a fim de fraudar a lei;
IV - ofender a coisa julgada;
V - violar literal disposição de lei;
VI - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja
provada na própria ação rescisória;
VII - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de
que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;
VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se
baseou a sentença;
IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa;
Tais eventos deverão ser provados, não sendo necessário, todavia, que o ilícito
penal seja reconhecido em processo criminal.
[...] o dolo que leva a uma sentença nula pode ser anterior ao ajuizamento da ação ou
posterior. Ex.: o empregado consegue que terceiros se ofereçam ao empregador para ser
testemunhas a seu favor, mas com o propósito, que se concretiza, de favorecerem o recla-
mante. O dolo que autoriza a procedência pode ser da própria parte, de seu advogado ou
de seu preposto.
Deve-se observar que, para poder ser utilizado como hipótese de admissibilidade
da ação rescisória, o dolo deve ter influído de forma substancial na decisão da lide.
[...] para que seja possível, portanto, o aforamento da rescisória com fulcro no inciso III,
segunda parte, do artigo 485 do CPC, é indispensável que:
a) a colusão tenha sido realizada pelas partes (aqui compreendidos, igualmente, os seus
advogados, prepostos ou representantes legais);
b) o pronunciamento jurisdicional reflita a influência nele exercida pela colusão;
c) esta haja sido posta em prática com o objetivo de fraudar a lei.
Para dar azo à ação rescisória, a coisa julgada deve ser material, isto é, que
decorra do julgamento de mérito. A coisa julgada formal não pode ser atacada por ação
rescisória, pois pode ser dada entrada a nova demanda.
[...] um empregado reclama o pagamento de aviso prévio, décimo terceiro salário propor-
cional e férias proporcionais sob o fundamento de que foi despedido sem justa causa. A
reclamação trabalhista é julgada improcedente e o empregado interpõe recurso. O mérito
foi julgado. Houve coisa julgada material. O reclamante ingressa com outra reclamação
exatamente idêntica à primeira e o processo corre à revelia, sendo a reclamação julgada
procedente. O empregador não interpõe qualquer recurso. Surge uma segunda coisa jul-
gada material contrária à primeira e que sobre esta prevalece. A segunda sentença, con-
tudo, pode ser anulada mediante ação rescisória, desde que tal segunda sentença violou a
coisa julgada contida na primeira decisão. (LEITE, 2004, p. 790)
181
Entende-se que agiu com acerto o TST ao excluir a Constituição Federal (CF) da
exigência da Súmula 83 do TST, uma vez que não pode imperar posicionamento sobre
interpretação da Lei Maior perante outros tribunais quando a única Corte que pode dar
a derradeira palavra acerca da norma constitucional é o STF.
Se a sentença admite a vigência de uma lei que não mais vigora ou que ainda está
em vigor havendo negativa de aplicação de um preceito legal, também cabe rescisória.
Por fim, segundo a Súmula 408 do TST, a petição inicial da ação rescisória fun-
dada em violação literal de lei deve expressamente indicar o preceito de lei vulnerado.
Prequestionamento
O TST tem exigido, para o cabimento da ação rescisória fundada em violação
literal de dispositivo legal, que haja pronunciamento explícito sobre o tema na decisão
rescindenda (TST, Súmula 298), de forma a obter o prequestionamento da matéria vei-
culada na rescisória. Referido entendimento não é acompanhado pelo STF.
PRÁTICA TRABALHISTA
A posição adotada pelo STF curva-se à situação de a ação rescisória não ser uma
medida recursal, razão pela qual não haveria necessidade de exigir-se o prequestiona-
mento. Esse procedimento – fruto da política judiciária – tem o intuito de afunilar cada
vez mais o cabimento de recursos de natureza extraordinária, mas não de dificultar a
apresentação de ação rescisória.
Assinale-se, por fim, que a violação há de ser literal, frontal e direta. Nesse sen-
tido, é o exemplo dado por Carlos Henrique Bezerra Leite (2004, p. 792):
[...] quando a sentença declara válido o contrato de trabalho de um servidor público que
não se submeteu à prévia aprovação em concurso público de provas e títulos. Neste caso,
cabe a rescisória com base no inciso V do art. 485 do CPC, uma vez que a decisão rescin-
denda viola a letra do artigo 37, II, parágrafo 2.º, da Constituição Federal.
A condição sine qua non para que a falsidade sirva como possibilidade para o ajui-
zamento de ação rescisória é que a prova da falsidade tenha sido o único ou principal
fundamento da sentença rescindenda. Isso porque a má valoração ou valoração errônea
da prova não autoriza a rescisória.
A transação, por sua vez, pode ser judicial ou extrajudicial. No caso de concilia-
ção judicial, consubstanciada no termo de conciliação, conforme a Súmula 259 do TST,
é possível a interposição da ação rescisória.
E, por fim, a desistência deve ser interpretada como renúncia ao direito em que
se funda a ação, pois só assim poder-se-á fazer coisa julgada material.
Ainda, como salienta Bezerra Leite (2004, p. 794), “o erro deve ser do juiz e não
das partes. Se as partes se equivocaram na inicial e na defesa, induzindo o juiz a erro,
não há que se falar em rescisória”.
PRÁTICA TRABALHISTA
Irretroatividade
A viabilidade da ação rescisória deve observar a lei vigente na época do trânsito
em julgado da decisão impugnada, sob pena de atentar contra a segurança jurídica.
Nada mais é, portanto, do que a observância do disposto no artigo 5.º, XXXVI, da CF
(respeitar a coisa julgada).
Efeitos
Conforme se infere do artigo 489 do CPC, a ação rescisória via de regra não
suspende a execução da decisão rescindenda, ocorrendo esse efeito nos casos impres-
cindíveis e sob os pressupostos previstos em lei, de medida de natureza cautelar ou
antecipatória de tutela.
Prazo decadencial
O artigo 495 do CPC prevê que “o direito de propor ação rescisória se extingue
em 2 (dois) anos, contados do trânsito em julgado da decisão.”
Ainda, tem-se que referido prazo é decadencial. Vale dizer, não está sujeito a
suspensão ou interrupção.
Peça processual
Como acima referido, a peça processual de ingresso da ação rescisória deve obe-
decer aos mesmos requisitos essenciais da petição inicial, constantes do artigo 282 do
CPC.
Endereçamento
O endereçamento da ação rescisória será feito para os tribunais. Se a decisão res-
cindenda tiver origem nas Varas do Trabalho ou nos tribunais regionais, a competência
para apreciar a demanda será dos tribunais regionais. Contudo, se a decisão rescindenda
foi proferida pelo TST, o endereçamento é feito para esse órgão judicial.
Procurador
Considerando-se que na questão objeto do exame da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) a peça processual é confeccionada por advogado devidamente constituído,
faz-se necessário consignar a existência do procurador legal da parte. Essa informação
poderá ser aduzida da seguinte forma:
Com fundamento no artigo 485, inciso (apontar qual inciso), do Código de Pro-
cesso Civil, propor AÇÃO RESCISÓRIA em face da (nome e qualificação da requerida),
pelas razões de fato e de direito que a seguir expõe: [...]
A primeira, noticiando que a medida judicial foi interposta dentro do prazo deca-
dencial fixado em lei, isto é, no prazo de dois anos.
A segunda, noticiando qual das hipóteses legais foi escolhida para o cabimento
da ação rescisória.
Importante chamar a atenção para o fato de que, não obstante o TST ter se posi-
cionado no sentido de que omissão quanto a subsunção do fundamento de rescindi-
bilidade do artigo 485 do CPC ou a capitulação errônea não tornam inepta a peça de
ingresso (TST, Súmula 408), para fins de Exame de Ordem essa falha seria imperdoável.
Assim, deve-se identificar claramente qual das hipóteses do artigo 485 do CPC
foi utilizada como fundamento da ação rescisória, não esquecendo das peculiaridades
de cada situação.
A quarta parte da peça inicial, indicando quais elementos probatórios são instru-
ídos com a ação rescisória para ratificar a pretensão do requerente.2
Pedido
Após a exposição dos fatos e fundamentos jurídicos vem o pedido, ou os pedidos,
porque o artigo 488, I, do CPC permite cumular o pedido de rescisão da decisão e o
pedido de novo julgamento da causa.
2 A título de exemplo, sugere-se consultar Marco Antonio Mazzuca (2004, p. 77-78) e Christóvão Piragibe Tostes Malta (2004,
p. 710-712).
187
Requerimentos
Após terem sido deduzidas as pretensões, deve a petição inicial apontar alguns
requerimentos de ordem processual.
Valor da causa
O valor da causa, regra geral, deve corresponder ao valor da ação que o reque-
rente pretende rescindir. Observa-se, portanto, os artigos 258 e seguintes do CPC e a
Instrução Normativa 31 do TST.
Assinatura do advogado
Nome do advogado
3 Em relação aos honorários advocatícios, deverá ser observado o item II, da Súmula 219 do TST.
Mandado de segurança
Conceito
O mandado de segurança1 é o remédio constitucional utilizado para a proteção
de direito líquido e certo, individual ou coletivo, em face de lesão ou ameaça de lesão em
razão de ato ilegal ou abusivo praticado por autoridade pública (o conceito de autoridade
é dado pela Lei 12.016/2009, art. 1.º, §1.º).
É exteriorizado por uma ação especial, e terá cabimento quando a hipótese não
permitir a utilização do habeas corpus ou do habeas data.
Natureza jurídica
O mandado de segurança tem natureza jurídica de ação de conhecimento, cujo
objeto tem caráter mandamental e urgente. Objetiva determinar à autoridade coatora o
cumprimento de uma ordem judicial, de maneira imediata.
Espécies
O texto constitucional contempla duas espécies de mandado de segurança, a saber:
■ Mandado de segurança individual (CF, art. 5.º, LXIX):
Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantin-
do-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à prosperidade, nos termos seguintes:
[...]
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;
1 Podem ser adotados os vocábulos writ e mandamus para expressar o mandado de segurança, conforme leciona Leite (2004, p.
756).
PRÁTICA TRABALHISTA
Competência
Até a Emenda Constitucional (EC) 45/2004, a competência para julgar mandado
de segurança estava sedimentada em lei e na jurisprudência.
E,
a) de funcionários sob a jurisdição do tribunal regional;
b) do servidor ou funcionário da escrivania do juízo de direito investido na jurisdição
trabalhista. (LEITE, 2004, p. 760)
Desse modo, teria competência o tribunal regional sempre que o ato arbitrá-
rio fosse praticado por suas autoridades judiciárias, sendo que os atos praticados por
agentes dos Poderes Executivo e Legislativo, bem como por qualquer outra autoridade
pública, teria como competência a justiça comum, federal ou estadual.
Desse modo, eventual ato ilegal ou com abuso de poder praticado por autoridade
fiscalizadora das relações de trabalho contra qualquer empregador terá o mandado de
segurança ajuizado perante a Vara do Trabalho.
2 Nesse sentido, entende Amaury Mascaro Nascimento (2008, p. 894). Diverso é o entendimento de Wagner Giglio (2007, p.
331-332), que entende que a competência ainda se reserva aos tribunais.
PRÁTICA TRABALHISTA
Condições genéricas
O mandado de segurança deve observar as condições genéricas de toda e qual-
quer ação judicial. Assim, deverão estar presentes a legitimidade (ativa e passiva), o
interesse de agir e a possibilidade jurídica do pedido.
Legitimidade ativa
Poderão estar no polo ativo da segurança as partes da relação jurídica processual
(empregado e empregador), o substituto processual (CF, art. 8.º, III) e o terceiro que
demonstrar interesse jurídico e que tenha sofrido prejuízo (jurídico) em virtude do ato
praticado.
Legitimidade passiva
A legitimidade passiva será sempre da autoridade coatora.3
Interesse de agir
Verifica-se a presença do interesse de agir no mandado de segurança quando o
mandamus servir para cessar a lesão ou prevenir a ameaça de lesão ao direito do impe-
trante, não amparado por outras ações constitucionais ou passível de recurso ou correi-
ção (Lei 12.016/2009, art. 5.º).
Condições específicas
Além das condições gerais, o mandado de segurança necessita de três outras
condições ou pressupostos de admissibilidade específicos, sob pena de indeferimento
(Lei 12.016/2009, art. 10.)
3 Interessante a distinção feita por Carlos Augusto de Assis (in JORGE NETO; CAVALCANTE, 2005, p. 965) para identificar
a autoridade coatora.
193
Assim, considera-se direito certo aquele que não suscita dúvida, que pode ser
apurado de plano, de imediato, mediante prova documental, no momento da impetra-
ção do mandamus. E considera-se líquida a obrigação certa e determinada quanto ao seu
objeto.
Como aduz Bezerra Leite (2004, p. 766), a noção de abuso de poder “traz ínsita
a de ilegalidade, pelo que perfeitamente dispensável a distinção entre ambas, para o fim
de se aferir o cabimento do writ.”
Autoridade coatora
A autoridade coatora, para a impetração do mandado de segurança, deve ser
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuição do Poder
Público.
Cabimento
Os atos judiciais (acórdão, sentença, despacho), desde que ofendam direito
líquido e certo, podem ser atacados mediante mandado de segurança, desde que não
sejam impugnáveis mediante recurso ou correição, conforme se infere da Súmula 267 do
Supremo Tribunal Federal (STF).
A Lei 12.016/2009, no seu artigo 5.º, elenca as hipóteses de não cabimento do
mandado de segurança. Além da descrição legal, a jurisprudência também contempla
situações nas quais não é possível a adoção do mandado de segurança. A exemplo, as
Súmulas 266 e 268 do STF.
Peça processual
A peça de ingresso do mandado de segurança deve obedecer aos mesmos requi-
sitos essenciais da petição inicial (CPC, art. 282), como determina o artigo 6.º da Lei
12.016/2009.
Endereçamento
O endereçamento do mandado de segurança será feito para tribunal regional
quando a autoridade coatora for o Juiz da Vara do Trabalho. Contudo, sendo a autori-
dade coatora, por exemplo, auditor fiscal do Ministério do Trabalho, o endereçamento
deverá ser feito ao juízo de primeiro grau.
Assim, consoante o exposto, podemos endereçar da seguinte forma:
Procurador
Considerando-se que na questão objeto do exame da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), a peça processual é confeccionada por advogado, devidamente constitu-
ído, faz-se necessário consignar a existência do procurador legal da parte. Essa informa-
ção poderá ser aduzida da seguinte forma:
Autoridade coatora
A autoridade coatora será a parte passiva na demanda, não sendo necessária a
sua completa qualificação (nos termos do artigo 282, II, do CPC), mas apenas a sua
correta identificação. Exemplo: M. M. Juiz da Vara do Trabalho de (localidade).
A primeira, noticiando que a medida judicial foi interposta dentro do prazo deca-
dencial fixado em lei, isto é, no prazo de 120 dias.
Liminar
Possibilita o artigo 7.º da Lei 12.016/2009 que o impetrante solicite providência
liminar no mandado de segurança.
Pedido
Após a exposição dos fatos e fundamentos jurídicos vem o pedido, ou os pedidos,
no caso de solicitação de liminar.
Requerimentos
Após terem sido deduzidas as pretensões, deve a petição inicial apontar alguns
requerimentos de ordem processual.
Valor da causa
Não havendo conteúdo econômico agregado à causa, o seu valor deve ser estabe-
lecido nos moldes do artigo 258 do CPC.
Assinatura do advogado
Nome do advogado
Cuidados especiais
Escolha do material de apoio
A escolha do material de apoio para o dia do Exame de Ordem pode fazer uma
grande diferença no resultado final, por isso entendemos que o ponto de partida é esse.
Para toda e qualquer prova é imprescindível levar a Constituição Federal (CF),
atualizada, pois de nada adiantará uma versão antiga do texto constitucional. Por isso,
procure ler o edital e verificar qual a abrangência temporal da prova, posto que com
a quantidade de emendas constitucionais que surgem, sempre poderá aparecer um
assunto novo como objeto de avaliação.
A legislação infraconstitucional também deve estar presente, representada, logi-
camente, pelo direito positivo da área de atuação que se pretende submeter a exame. No
caso do Direito do Trabalho, é imprescindível ter em mãos a Consolidação das Leis Tra-
balho (CLT), o Código de Processo Civil (CPC) e o Código Civil (CC), pois a legislação
comum é fonte subsidiária do Direito do Trabalho (CLT, arts. 8.º e 769).
A escolha desse material deve levar em consideração o melhor manuseio pelo
candidato. Existem à disposição várias versões da CLT, algumas mais completas (com
Súmulas, OJ SDI etc.) e outras mais resumidas (como uma versão acadêmica). Será pos-
sível verificar, quando da resolução das questões, que grande parte dos temas recai em
posicionamento uniforme da Corte Superior Trabalhista. Por isso, sugere-se a adoção de
uma CLT (seca, ou seja, sem comentários e anotações) mais completa possível, com um
bom índice e que contenha as instruções normativas, as orientações jurisprudenciais e
as súmulas dos tribunais superiores. O mesmo tratamento, por sua vez, deve ser dado
na escolha do exemplar do CPC e do CC.
Lembre-se, contudo, de que o referido material de apoio, infelizmente, não
poderá conter exemplos de peças processuais, cuja utilização, no dia do exame, não será
permitida.
PRÁTICA TRABALHISTA
Inicie pela questão que parecer mais fácil, pois assim ganhará tempo para pensar
e resolver as questões mais difíceis.
Jurisprudência uniformizada do
Tribunal Superior do Trabalho (TST)
A grande maioria dos assuntos importantes do cenário jurídico laboral encontra
solução jurisprudencial e, via de regra, o Exame de Ordem exige tais conhecimentos.
Por outro lado, ainda que a questão possa ser resolvida com base na jurispru-
dência uniformizada do TST, ou mesmo seja útil para fundamentar alguma pretensão
da peça processual, não se deve transcrever na íntegra a Súmula, pois, assim, perde-se
o tempo que poderia ser utilizado para complementar a resposta com dados mais rele-
vantes.
O mesmo se aplica em relação a texto de lei: não é necessário transcrevê-lo, basta
indicar. Não esqueça: o tempo é muito precioso para desperdiçá-lo com inserções que
nada acrescentarão à resolução da questão.
201
Apresentação da resposta
A linguagem é a ferramenta do advogado. Assim, procure ser claro e objetivo
nas respostas. Evite fazer comentários ou emitir opiniões próprias, pois nesse momento
o avaliador pretende verificar o seu conhecimento jurídico sobre o tema, que deve ser
logicamente embasado em doutrina, direito positivo, jurisprudência e princípios.
Não utilize abreviaturas, escreva sempre por extenso.
Cuidado com a letra, pois o examinador deverá entender o que está escrito.
Evite ao máximo rasuras, redigindo com cuidado cada resposta. Busque dar uma boa
aparência à sua prova. Se possível, faça um rascunho antecipadamente (cuidando, logica-
mente, do tempo. Caso contrário e, sendo permitido, use de forma moderada o corretivo).
Identificação do candidato
A prova não pode ser identificada. Portanto, deve haver um cuidado redobrado
para, em momento algum, dar margem à alegação de que a prova foi marcada.
Questões práticas
Questão 1 – OAB/PR
Pedro da Silva foi contratado pela empresa Fênix Jr., que desenvolve uma grande
empreitada no Iraque. Seu contrato de emprego foi firmado na sede da empresa, no
Rio de Janeiro. Após a contratação, Pedro foi imediatamente transferido para o Iraque,
a fim de desempenhar as atividades que lhe eram pertinentes. Após longo período de
permanência naquele país, sentiu-se lesado porque laborava em horas extras e, vez em
quando, laborava sem folga semanal. Tais horas extraordinárias e descansos semanais
não usufruídos não eram corretamente remunerados. Pedro resolveu acionar a Justiça
do Trabalho, para reaver direitos decorrentes daquela relação de emprego.
a) Qual o juízo competente para apreciar a demanda proposta por Pedro da Silva?
A questão remete ao campo da competência territorial. Pedro deve propor a ação em qual
localidade: Brasil ou Iraque?
PRÁTICA TRABALHISTA
O caso em questão tem sua resposta diretamente no artigo 651, parágrafo 2.º da CLT.
Referido dispositivo legal autoriza a ajuizar a reclamação trabalhista no Brasil, quando o empre-
gado for brasileiro (como é o caso do Pedro da Silva), mas que tenha laborado para filial de
empresa brasileira no estrangeiro (como é o caso da Empresa Fênix Jr., que tem sua sede no Rio de
Janeiro, mas desenvolve uma empreitada no Iraque).
Portanto, esse é o raciocínio que deve ser desenvolvido: aproximar os eventos fáticos da
questão das situações indicadas pela norma no desenvolvimento da resposta e indicar o funda-
mento jurídico – in casu, o artigo celetário.
O direito material, no caso em tela, será o direito do local da prestação de serviços. Nesse
sentido, a Súmula 207 do TST não deixa dúvidas, sendo, portanto, o fundamento jurídico da
resposta.1
É uma questão de direito processual: qual medida processual pode adotar a reclamada
para arguir a incompetência territorial? A resposta, mais uma vez, encontra-se na legislação.
No caso, a medida cabível é a exceção de incompetência de foro, prevista nos artigos 304
e 307 do CPC. Contudo, a matéria se encontra disciplinada na Justiça do Trabalho, conforme se
infere dos artigos 799 e 800 da CLT.
Feita essa pequena introdução, tem-se que a reclamada deverá oferecer a exceção de incom-
petência de foro (CLT, arts. 799 e 800 c/c CPC, art. 307), quando do oferecimento da resposta,
que, no caso do processo trabalhista, dá-se em audiência (CLT, art. 847).
A resposta está no mesmo artigo citado para a primeira questão (CLT, art. 651, §2.º).
A parte final do referido dispositivo traz justamente a situação de existir norma interna-
cional, situação em que o foro eleito pelo tratado deverá prevalecer.
Portanto, no caso de conflito entre a lei brasileira e o tratado, a localidade indicada por
este deverá prevalecer para fins de competência de foro.
Questão 2 – OAB/PR
Pedro propôs reclamação trabalhista em face da Construtora Fênix, pleiteando a
elisão da justa causa que lhe foi imposta, pagamento das verbas (salariais e indenizató-
rias) decorrentes de referida elisão, bem como o pagamento de horas extras laboradas
e não recebidas.
■■ Súmula 74 do TST;
■■ o ônus da prova diante das pretensões formuladas: elisão da justa causa e horas
extras.
Contudo, no caso, as duas partes deixaram de comparecer. Seriam as duas partes confes-
sas quanto à matéria de fato?
Diante do exposto, infere-se que não se pode resolver a questão apenas pela Súmula 74 do
TST, temos que verificar a quem competia o ônus da prova.
Assim, o segundo ponto trata justamente deste tema: ônus da prova. Quem tem o ônus de
provar suas alegações em juízo?
A regra celetária (CLT, art. 818) é bastante simples e direta: o ônus da prova compete a
quem alega. Contudo, essa regra é complementada pelo disposto no artigo 333 do CPC, que distri-
bui o ônus da seguinte forma: compete ao autor comprovar os fatos constitutivos2 e ao réu os fatos
extintivos3 , impeditivos4 e modificativos5 do direito do autor.
Questão 3 – OAB/SP
Em ação ajuizada por empregado, com pedido de pagamento de adicional de
insalubridade e de equiparação salarial, sendo revel e confesso o reclamado, como deve
proceder o juiz? Fundamente.
Essa questão é muito semelhante à anterior. A diferença é que o reclamado é revel e con-
fesso. Assim poderia se entender, num primeiro momento, que, ante a revelia e confissão, os pedi-
dos do reclamante deveriam ser julgados procedentes.
Contudo, faz-se necessário investigar quais os pedidos do reclamante para saber se é pos-
sível simplesmente aplicar a pena de confissão e revelia.
O primeiro pedido diz respeito ao adicional de insalubridade, que, de acordo com o artigo
195 da CLT, prescinde de prova técnica. Vale dizer: o juiz somente poderá reconhecer a existência
de um ambiente insalubre e deferir o pagamento do respectivo adicional mediante perícia.
2 Podem ser classificados como constitutivos o exercício de mesma função para a equiparação salarial e o trabalho em jornada
extraordinária.
3 Podem ser tratados como fatos extintivos o pagamento e a compensação.
4 Consideram-se fatos impeditivos a justa causa para pagamento de verbas rescisórias e o exercício de cargo de confiança para
as horas extras.
5 Exemplifica-se como fato modificativo a alegação de concessão de folga compensatória no caso de trabalho em dias de
feriado.
205
Desse modo, fácil concluir que, não obstante a confissão e revelia, somente mediante perí-
cia a pretensão do reclamante poderia ser deferida. Assim, o juiz deverá, mediante requerimento
do reclamante, realizar perícia para verificar se o ambiente é insalubre. Caso contrário, não
poderá deferir a pretensão ao reclamante.
Assim, no caso da equiparação salarial, o juiz não necessitará de mais nenhuma prova
para julgar, podendo deferir ao reclamante o pagamento de diferenças salariais oriundas de equi-
paração salarial, ante a revelia e confissão do reclamado, que detinha o ônus da prova.
Questão 4 – OAB/SP
No curso de fiscalização realizada por auditor fiscal do trabalho, verifica-se a
existência de trabalhador prestando serviços na empresa sem registro de empregado.
Lavrado o auto, a empresa, em defesa administrativa, alega que o trabalhador era autô-
nomo, pelo que não havia necessidade de registro. Como deve ser conduzido o processo
administrativo?
No caso, como existe controvérsia sobre a existência do vínculo de emprego, não caberá
qualquer julgamento pela via administrativa, devendo ser a questão encaminhada à Justiça do
Trabalho, sobrestando o julgamento do auto de infração que houver sido lavrado.
Questão 5 – OAB/CE
Jamelão foi contratado pela empresa Comercial Ceará Ltda. em 1.º de junho de
2000 e foi dispensado sem justa causa em 20 de outubro de 2001. A convenção coletiva
celebrada pelos respectivos sindicatos representativos da categoria dos empregados e
dos empregadores estabelecia que tanto o adicional noturno como o adicional de hora
extra seriam remunerados à base de 40% sobre a hora normal de trabalho. Em 30 de
outubro de 2001, Jamelão ajuizou uma Reclamação Trabalhista em face da Comercial
Ceará Ltda. requerendo sua condenação na obrigação de pagar adicional noturno à base
de 40% e adicional de hora extra à base de 50%. Alegou que em relação ao adicional
noturno deve a convenção ser aplicada, mas em relação ao adicional de horas extras a
PRÁTICA TRABALHISTA
convenção não deve ser aplicada. Em sua defesa, a reclamada alegou que o adicional
noturno era devido à base de 20% sobre o valor da hora normal, posto que assim deter-
mina a Consolidação das Leis do Trabalho. Quanto ao adicional de hora extra pugnou
pela aplicação da convenção coletiva. Pergunta-se:
As questões contêm fundamentos interligados, razão pela qual a fundamentação será uma
só, justificando o posicionamento para as duas perguntas.
Os sindicatos das categoriais, por meio de instrumento coletivo (convenção coletiva), pac-
tuaram diferentes adicionais, no importe de 40% para as duas situações.
No caso das horas extras, o adicional constante no instrumento coletivo (40%) é menos
benéfico do que aquele previsto na CF (50%). Diante desse conflito, não há dúvidas que é o adi-
cional constitucional que deve prevelecer, por dois fundamentos. Em primeiro lugar, porque a CF
encontra-se no ápice do ordenamento jurídico, não podendo ser violada, ainda mais por determi-
nação infraconstitucional. Em segundo, porque o adicional constitucional representa norma mais
favorável ao trabalhador, devendo prevalecer, conforme o princípio de proteção ao trabalhador de
prevalência da norma mais favorável (CF, art. 7.º, caput).
Questão 1 – OAB/SP
Explique, fundamentando, as consequências da sucessão de empresas para efei-
tos de responsabilidade trabalhista.
A questão pode ser respondida de forma breve e sucinta, com a aplicação de dois disposi-
tivos legais: artigos 10 e 448 da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT).
Questão 2 – OAB/PR
Erundino da Silva Xavier foi contratado pela empresa Nunca Perca a Esperança
S/C Ltda., em 14 de janeiro de 2002, com o salário de mil reais. Em 19 de julho de 2004
foi dispensado sem justa causa, vindo a receber os seus haveres rescisórios. Ocorre
que, em 10 de abril de 2003, por problemas sociais e econômicos, o sindicato da cate-
goria dos empregados da empresa firmou com esta um documento normativo coletivo
diminuindo em 10% os salários dos empregados por 6 (seis) meses, da mesma forma
ocorrendo com a carga horária semanal. Com base na presente exposição, responda às
seguintes questões.
A princípio, de acordo com o artigo 468 da CLT, não seria possível modificar o contrato de
trabalho (princípio da imodificabilidade ou inalterabilidade do contrato de trabalho), incluindo-
-se nessa proibição a redução de salários. Contudo, esse princípio foi mitigado pelo texto constitu-
cional (flexibilização das normas de Direito do Trabalho) que, no artigo 7.º, VI, permite a redução
de salários mediante negociação coletiva (que é a situação em tela).
Além disso, a Lei 4.923, de 23 de dezembro de 1965, no seu artigo 2.º também já permitia
a redução provisória de salário e de duração da jornada, desde que comprovada dificuldade eco-
nômica da empresa, podendo esta reduzir a duração de trabalho ou o número de dias de trabalho
mediante acordo com a entidade sindical obreira, por período de três meses, prorrogáveis por igual
período. A redução salarial nesse período é limitada em, no máximo, 25% do salário contratual.
Mas, de forma alguma o empregado poderá perceber salário inferior ao salário mínimo
(CF, art. 7.º, IV).
Para fins de redução salarial, consoante situação acima descrita, o documento deverá ser o
acordo coletivo de trabalho, pois o sindicato obreiro, conforme o enunciado, firmou-o diretamente
com o empregador.
Questão 3 – OAB/PR
A empresa de transportes rodoviários Vem Que Tem S/C Ltda. contratou o seu
escritório de advocacia em razão de uma requisição do Ministério Público do Trabalho
– Procuradoria Regional do Trabalho – 9.a Região (Requisição/CODIN 799/2004), com
fundamento no inciso IV do artigo 8.º da Lei Complementar 75/93 e no parágrafo 1.º do
artigo 8.º da Lei 7.347/85, objetivando instruir os autos do procedimento investigatório
2001/2004. Na referida requisição, baseada no artigo 93 e incisos da Lei 8.213/91 e 36
e incisos do Decreto 3.298/99, a Procuradoria Geral do Trabalho solicita informações
quanto ao atual número de empregados e se possui, em seus quadros, empregados bene-
ficiários reabilitados ou portadores de deficiência física ou mental requerendo, ainda,
em caso positivo, a identificação dos empregados nessa situação, bem como a função
exercida e o encaminhamento da ficha de registro e dos exames médicos admissional
e periódicos dos mesmos. O seu cliente avisa que possui 99 empregados e que nenhum
é portador de deficiência ou reabilitado. Qual será a resposta a ser encaminhada à Pro-
curadoria?
211
A empresa em questão tem menos de 100 empregados. Diante desse número de emprega-
dos, tem-se que o empregador não está obrigado a contratar pessoas portadoras de deficiência ou
reabilitados, tendo em vista que o artigo 93 e incisos da Lei 8.213/91 e o artigo 36 e incisos do
Decreto 3.298/99 estabelecem essa obrigatoriedade somente para as empresas com mais de 100
empregados.
Questão 4 – OAB/PR
O tribunal regional do Trabalho da 9.º Região (Paraná), conheceu e julgou im-
procedente ação rescisória proposta pelo Sr. Natalino das Graças, o qual pretendia a
rescisão de sentença proferida pela Vara do Trabalho de São José dos Pinhais. O Sr.
Natalino o questiona:
b) Em que prazo?
O prazo é do oito dias, de acordo com o próprio artigo 895, “b”, da CLT.
_____. Recursos no Processo do Trabalho: teoria geral dos recursos. São Paulo: LTr,
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PRÁTICA TRABALHISTA
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Daniele Sehli
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