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Hallef de Oliveira1
Resumo:
O tema proposto: Planejamento Tributário, Elisão e Evasão fiscal é alvo de
reiterados debates e especulações em círculos doutrinários e jurisprudenciais. O
breve estudo tem por finalidade tecer as principais diferenças entre elisão fiscal,
evasão e planejamento tributário, tomando por base, seus conceitos básicos
interpretados conforme a doutrina majoritária mais recente. O presente tema,
como dito, incita grandes debates na esfera tributária, haja vista a dificuldade em
se observar seus limites. Há apenas diversas opiniões de renomados juristas.
Portanto, se busca aqui, dar um singelo norte como guia para quem pretender
estudar o assunto mais a fundo, tomando por base conceitos já consagrados no
Direito Tributário.
Abstract:
The proposed theme: Tax Planning, Elision and Fiscal Evasion is the subject of
repeated debates and speculations in doctrinal and jurisprudential circles. The
purpose of this brief study is to weave the main differences between tax
avoidance, evasion and tax planning, based on the basic concepts interpreted
according to the most recent doctrine. The present theme, as said, incites great
debates in the tax sphere, given the difficulty in observing its limits. There are
only several opinions of renowned jurists. Therefore, if one seeks here, to give a
simple north as a guide for those who wish to study the subject more thoroughly,
based on concepts already enshrined in the Tax Law.
Keywords: Tax Planning; Tax Elision; Tax evasion; and Tax Law.
1
Hallef de Oliveira é Bacharel em Direito pelo Centro Universitário Estácio do Recife, Licenciando
em Letras – português e espanhol pela UFRPE e Pós-graduando em Direito Tributário pela
UNICAP.
SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. Elisão Fiscal; 3.
Diferença entre Elisão e Evasão; 4. Elisão como
meio para Planejamento Tributário; 5. Conclusões;
e 6. Referências.
1 Introdução
Em que pese não se tratar de um tema não muito recente, ainda se discute
muito em âmbito doutrinário as diferenças entre elisão e evasão fiscal. O que se
pode observar do estudo acerca do tema, são as reiteradas afirmações de
doutrinadores e demais juristas quanto a diferença conceitual entre elisão e
evasão. Ocorre que existe certa dificuldade em definir limites à elisão fiscal, de
modo que esta não seja percebida pelo agente fiscalizador como ato abusivo ou
mesmo prática evasiva, desconsiderando tais atos com base aparentemente
subjetiva, e não legal. Visa-se traçar de forma objetiva, as principais diferenças
entre elisão e evasão e, ainda, apresentar um paralelo entre os elementos já
mencionados com planejamento tributário, na tentativa de elucidar certas
dúvidas.
2 Elisão Fiscal
A elisão fiscal pode ser definida como a conduta lícita, omissiva ou comissiva,
do contribuinte, que visa impedir o nascimento da obrigação tributária, reduzir
seu montante ou adiar seu cumprimento. A elisão fiscal é alcançada pela não
realização do fato imponível (pressuposto de fato) do tributo ou pela prática
de negócio jurídico tributariamente menos oneroso, como, por exemplo, a
importação de um produto, via Zona Franca de Manaus. Tais manobras,
embora beneficiem o contribuinte, não são condenadas por nosso direito
positivo.2
2
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 31ª ed. Malheiros
Editores. São Paulo, 2017, p. 349.
Completa ainda o doutrinador Carrazza, que:
É imperioso registrar, contudo, que o termo “elisão” não poderia ser usado
para significar a postura lícita do contribuinte na economia de tributos,
devendo, por rigor linguístico, ser abandonado. Para evitar confusões no uso
da linguagem e por melhor representar as condutas enfocadas, preferimos o
termo “elusão”. “Elisão”, do latim elisione, significa ato ou efeito de elidir;
eliminação, supressão. “Eludir”, do latim eludere, significa evitar ou esquivar-
se com destreza; furtar-se com habilidade ou astúcia, ao poder ou influência
de outrem. Elusivo é aquele que tende a escapulir, a furtar-se (em geral por
3
Idem.
4
DÓRIA, Antonio Roberto Sampaio. Elisão e evasão fiscal. São Paulo, RT, 1977, p. 448.
5
DÓRIA, Antonio Roberto Sampaio. Op. Cit., p.441.
meio de argúcia); que se mostra arisco, esquivo, evasivo. Assim, cogitamos
da ‘elusão tributária’ como sendo o fenômeno pelo qual o contribuinte usa de
meios dolosos para evitar a subsunção do negócio praticado ao conceito
normativo do fato típico e a respectiva imputação dos efeitos jurídicos, de
constituição da obrigação tributária, tal como previsto em lei.6
6
TORRES, Heleno. Direito tributário e direito privado: autonomia privada, simulação,
elusão tributária. Revista dos Tribunais. São Paulo, 2004, p. 277.
7
CÔELHO, Sacha Calmon Navarro. Tributação e Antielisão. Coleção Tributação e Debate,
v.3. Curitiba. Juruá Editora, 2002, p.16.
negócio que não é espelhado pela vontade dos contraentes. As partes não
pretendem originalmente o negócio que se mostra à vista de todos; objetivam
tão-só produzir aparência. Trata-se de declaração enganosa de vontade.8
Nota-se que na evasão fiscal, o ato deve ser ilícito, tanto por omissão
quanto por ação. O autor Sampaio Doria classifica evasão omissiva em:
imprópria, caracterizada pela abstenção à incidência (evitando a ocorrência dos
atos tributários) ou pela transferência econômica (repercussão tributária); e por
inação, que poderia ser vista tanto no modo intencional (sonegação, falta ou
atraso de recolhimento), como no modo não intencional (ignorância do dever
fiscal ou desconhecimento sobre a legislação). Ainda, classifica também a
evasão comissiva da seguinte forma: atitude ilícita (por meio de fraude,
simulação e conluio); e atitude lícita ou legítima (elisão ou economia fiscal).11
Em que pese elisão e evasão compartilharem de elementos comuns,
como a intenção, a ação, a finalidade e o resultado, ambas podem se diferidas
uma da outra, observando-se dois aspectos primordiais.
O primeiro aspecto é a natureza dos meios eficientes utilizados para a sua
realização. Na evasão, como já visto por nós, atuam meios ilícitos, e na elisão,
8
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: parte geral.16ª ed. Atlas. São Paulo, 2018, p. 515.
9
VENOSA, Sílvio de Salvo. Op. Cit., p. 445.
10
MARINS, James. Elisão Tributária e sua Regulação. São Paulo. Dialética. 2002, p. 31.
11
DORIA, Antonio Roberto Sampaio. Op. Cit., p.20.
a licitude dos meios é condição de sua realização efetiva, não podendo se falar
em: prática defesa em lei.
O segundo aspecto, que julgamos ser de maior importância, trata do
momento da utilização dos meios: na evasão, pratica-se a distorção da realidade
econômica no instante ou depois da manifestação do ato, sob a forma jurídica
descrita na lei como pressuposto de incidência. Ao passo que, pela elisão, o
agente atua sob a mesma realidade, antes que ela se exteriorize, utilizando-se
de método alternativo que não representa fato imponível.
Este último critério, que muitos denominam de cronológico, foi introduzido
no Brasil por meio do grande tributarista Rubens Gomes de Souza, que o
descreve da seguinte maneira:
12
Apud COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria da Evasão e da Elisão em Matéria
Tributária. Planejamento Fiscal – Teoria e Prática. São Paulo. Dialética, 1998, p. 174.
municipais, ou até mesmo através da escolha de tratados internacionais
(treaty shopping).13
5 Conclusão
13
MARINS, James. Elisão Tributária e sua Regulação. São Paulo, Dialética, 2002, p. 33-34
14
Idem
6 Referências
DÓRIA, Antonio Roberto Sampaio. Elisão e evasão fiscal. São Paulo, RT, 1977.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: parte geral.16ª ed. Atlas. São Paulo,
2018.