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O aluno acredita que os negros que interromperam a aula são iguais a ele, e talvez por
isso acredita que existem espaços de discussão facilmente abertos a qualquer grupo,
inclusive ao movimento negro. Para tanto basta marcar um horário, pois existe lugar e
hora para essas discussões, além de que a vida não para e semana que vem tem prova.
Porém, por que não o produtor do vídeo não disse que ELE era igual aos negros na sala?
Talvez porque saiba que não são iguais [no limite ninguém é igual a ninguém, mas deve
haver alguma vantagem em agrupar e inventar identidades, vantagem de poder sobre
indivíduos ou mesmo grupos em desvantagem], talvez para manter o poder de si sobre o
discurso alheio.
O que fica a nosso ver é algo como A=B e B=A é retórica, mas B≠A=A≠B.
Se a universidade não é o espaço por excelência desse debate, sem hora para acontecer
porque a vida não tem hora e a todo momento sabe-se a vida negra é aprisionada, apagada
e esquecida. Se a universidade não é o espaço por excelência desse debate, então não
tenho dúvidas de que, apesar das paixões envolvidas, os movimentos negros estão
corretos no enfrentamento.
Por fim o aluno deixa claro: "A USP já tem cotas e isso vai acabar baixando a qualidade
do ensino". Seu "Fora Dilma" - ironicamente ao discutir a situação de uma universidade
de um estado governado pelos tucanos - diz muito sobre a elite e a ideologia dos que
saíram às ruas no domingo último (15/03/2015). Aos negros, a faculdade particular sem
qualidade e sem prestígio, aos que podem pagar R$ 4.000,00 por mês a universidade
pública e de prestígio. O popular não merece nada mais do que o "seu lugar", já que eles
não escreveram cinco redações por semana.
https://www.youtube.com/watch?v=ijIlJimCQkw