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TRIBUNAL MARÍTIMO

AR/FAL PROCESSO Nº 29.674/15


ACÓRDÃO

L/M “MADEIRINHA IV”. Explosão seguida de incêndio, com uma vítima


não fatal e danos materiais. Falha nos procedimentos de abastecimento da
lancha, com vazamento para o seu interior pelo suspiro do tanque que estava
irregular, e da sua lavagem, após constatado o vazamento. Imprudência.
Atenuante. Condenação.

Vistos, discutidos e relatados os presentes autos.


Consta que cerca das 10h, do dia 29 de novembro de 2014, ocorreu uma
explosão seguida de incêndio na L/M “MADEIRINHA IV” (nº de inscrição 241-222764-
1, casco de fibra de vidro, de 8,82m de comprimento e 2,54m de boca, motor de 320 HP,
ano de construção 2012, capacidade para 1 tripulante e 14 passageiros, classificada para
esporte e recreio, navegação em mar aberto, de propriedade de Marcelo Pacheco Lima
Viana), conduzida por Yvan Quintiliano Wanderley, nas proximidades do píer da marina
Motonáutica, Pontal da Barra, Maceió, Alagoas, com danos materiais e pessoais, mas
sem registro de poluição hídrica.
No Inquérito instaurado pela Capitania dos Portos de Alagoas foram ouvidas
cinco testemunhas e anexados documentos de praxe.
Na fl. 48 consta a comunicação do acidente em pauta feita por Yvan
Quintiliano Wanderley à Capitania dos Portos de Alagoas, em 05 de dezembro de 2014.
No Laudo de Exame Pericial, fls. 5 a 19, com fotografias da embarcação
avariada e do suspiro do tanque, fls. 11 a 14, elaborado no dia 25 de fevereiro de 2015,
consta que a embarcação ficou danificada e que Alexsandro Claudino da Silva,
Marinheiro Auxiliar de Convés - MAC, sofreu queimaduras de primeiro, segundo e
terceiro graus, mas não houve poluição hídrica.
Os Peritos apresentaram a seguinte sequência de acontecimentos: no dia 29
de novembro de 2014, o Sr. José, funcionário da marina Motonáutica, o Sr. Alexsandro,
piloto da lancha, e o Sr. Yvan, responsável pela L/M “MADEIRINHA IV”, participaram
do abastecimento de combustível desta embarcação; o Sr. Yvan foi informado que já
havia combustível na lancha, porém, o mesmo insistiu em colocar mais combustível até o
limite da capacidade do tanque, com isto, ocorreu derramamento de combustível para o
interior da lancha, através do suspiro do tanque (provavelmente avariado, conforme
depoimento do Sr. Antônio, Supervisor garagista, fls. 43 e foto nº 1); foi jogado água no
porão, no intuito de amenizar o forte cheiro de gasolina e facilitar a aspiração pela bomba
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de esgoto, mas, devido a pressa do Sr. Yvan, conforme relato das testemunhas, a
aspiração do combustível derramado foi insuficiente e a lancha foi colocada na água,
ficando a bordo o Sr. Yvan e o Sr. Alexsandro; o motor foi colocado em funcionamento
para teste e, logo em seguida, houve uma explosão seguida de incêndio.
Os Peritos consideraram que o fator material contribuiu, pois a mangueira do
suspiro estava avariada próximo ao tanque e ao invés de o excesso de combustível sair
pelo furo de transbordo de abastecimento, na parte externa, este derramou para dentro do
porão, e que o fator operacional também contribuiu, pela decisão do Sr. Yvan do
abastecimento além do limite da capacidade e com o suspiro avariado e concluíram que a
causa determinante do acidente em pauta foi a determinação do Sr. Yvan de abastecer
além do limite da capacidade e com suspiro avariado.
O Encarregado do IAFN, fls. 64 a 69, depois de resumir o Laudo de Exame
Pericial e os depoimentos, acompanhando as conclusões dos Peritos, apontou como o
possível responsável Yvan Quintiliano Wanderley, por ter determinado o abastecimento
da lancha além do limite da capacidade do tanque, com suspiro avariado.
Na fl. 73 consta Certidão para fins de seguro DPEM, no qual consta que
Alexsandro Claudino da Silva, Marinheiro Auxiliar de Convés - MAC, sofreu
queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus no braço esquerdo, nas pernas, no
rosto todo e queda dos cabelos em decorrência do acidente em pauta.
A PEM requereu diligências, fls. 79 a 82, que foram atendidas e na fl. 85
consta a Notificação do Indiciado, mas este não apresentou Defesa Prévia.
Os autos retornaram à D. Procuradoria, que, em uniformidade de
entendimento com o Encarregado do IAFN, fls. 89 a 93, depois de resumir os principais
fatos apurados nos autos, representou em face de Yvan Quintiliano Wanderley, na
qualidade de responsável e condutor naquele momento, da L/M “MADEIRINHA IV”,
com fulcro no art. 14, letra “a” (explosão seguida de incêndio), e art. 15, letra “e”
(exposição a risco), ambos da Lei nº 2.180/54, fundamentando.
Alegou, em síntese, que o Representado foi negligente e imprudente ao
determinar o abastecimento além do limite da capacidade do tanque da lancha e que, na
condição de responsável pela embarcação deveria se certificar de que o abastecimento
fosse feito de forma segura e eficiente, culminando com a explosão seguida de incêndio
que lesionou o marinheiro Alexsandro Claudino da Silva, que sofreu lesões graves em
decorrência do acidente em pauta, requerendo a sua condenação.
Regularmente citado, o Representado que não consta do rol de culpados neste
E. Tribunal apresentou Defesa “em causa própria”, fls. 105 a 109, apresentado a sua
versão dos fatos.

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Yvan Quintiliano Wanderley, em síntese, alegou que compareceu à marina
Motonáutica tão somente para ajustar detalhes relativos ao passeio que seria efetuado
com a embarcação, tais como verificação do sistema de som e provimento de alimentos e
bebidas, incluindo o pagamento pelo serviço de abastecimento.
Para o serviço de abastecimento foi contratado Ronnie Charles de Gouveia
Sales, gerente náutico do estabelecimento, que indicou que seriam necessários 250 litros
de gasolina para o preenchimento do tanque, recebendo do Representado o dinheiro
referente ao combustível.
Alegou equívoco da Representação da PEM ao afirmar que o Representado
participou do abastecimento, serviço este de responsabilidade da marina Motonáutica,
contratada para a sua execução; que o Representado nem estava presente no início do
abastecimento, chegando ao local no final do serviço, com a finalidade de verificar a
aparelhagem sonora da embarcação; que ao se aproximar notou que os funcionários
estavam se utilizando de galões, ao invés da bomba de combustível existente para esta
atividade e ao questionar o motivo foi informado que foi devido à queda de energia
durante a noite e a bomba de combustível estava avariada.
Alegou negligência do pessoal da marina, pois quando questionou os
funcionários foi respondido que colocariam combustível até esvaziar os galões, pois não
sabiam a quantidade inserida; que o Representado, ao entrar na embarcação para deixar
os mantimentos sentiu forte cheiro de combustível e ouviu barulho de gotejamento,
percebendo que o abastecimento havia ultrapassado a capacidade do tanque, resultando
em seu derramamento; que a todo tempo os funcionários eram coordenados pelo Sr.
Gouveia e não pelo Representado que nenhuma autoridade tinha sobre eles.
Alegou que em momento algum interferiu na faina de lavagem, conforme
consta na Representação, que foi critério dos funcionários da marina a quantidade de
água e procedimentos adotados para lavagem; que, inclusive, durante este abastecimento
outras embarcações se aproximaram para serem abastecidas, gerando aumento de
demanda o “que fez que o Sr. GOUVEIA cobrasse dos seus subordinados maior
celeridade no procedimento” e em seguida a embarcação foi colocada na água, para que
os funcionários ficassem livres para atender às demais embarcações.
Alegou que não procede a Representação ao afirmar que o Representado deu
partida no motor a despeito das solicitações em contrário do Alexsandro, pois, na
verdade, o Representado se encontrava como mero espectador, à medida que o próprio
“ALEXSANDRO tomava as providências para o devido esgotamento e posteriormente
dava a partida no motor”.
Atribuiu o acidente à pressa da marina para atender outras embarcações e

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“sendo rebocada por trator, o Sr. ALEXSANDRO não teve a oportunidade de realizar o
procedimento de esgotamento com a devida calma. Outrossim, devido à colocação
antecipada da embarcação na água, a mesma teve que ser ligada pelo Sr. ALEXANDRO,
para que não fosse levada pela correnteza”.
Não foram os funcionários da marina Motonáutica que controlaram a
explosão, mas, primeiramente por funcionários da marina vizinha, enquanto que aqueles
envolvidos no abastecimento permaneceram inertes.
Alegou que “Não há como atribuir ao Representado a responsabilidade pelo
abastecimento, já que o serviço não foi por ele executado e nem tampouco o mesmo
possuía técnica e competência para comandar a logística do procedimento oferecido e
executado pela Marina, que fora contratada para isto” (...) “Há, inclusive, que se
considerar que a avaria no suspiro pode ter ocorrido por decorrência da imprudência da
marina no abastecimento excessivo do tanque, conduta esta na qual o Representado não
teve qualquer participação”.
Questionou a qualidade dos depoimentos; que em momento algum
determinou o abastecimento além do limite da capacidade da lancha; que foi o próprio
que se encaminhou à Capitania para solicitar averiguação das causas do acidente; que
prestou seu depoimento contribuindo com a investigação e fornecendo a verdade dos
fatos; que chegou a receber da marina orientação no sentido de que após concluídos os
exames não haveria necessidade de instauração de processo administrativo, tendo em
vista que o acidente não originou danos ambientais, nem poluição hídrica, sem danos à
marina, nem havia interesse do proprietário da embarcação e dos envolvidos no acidente
em garantir responsabilização material pelos danos causados.
Concluiu alegando que os danos materiais foram sanados, os cuidados
médicos necessários foram tomados, não resultando poluição hídrica nem qualquer
sequela gravosa do fato da navegação ocorrido com a embarcação “MADEIRINHA IV”,
motivo pelo qual requereu o arquivamento dos autos, mas na hipótese de não ser
atendido, pugna por todos os meios de prova em Direito admitidas, especialmente na
acareação dos envolvidos e apresentou rol com duas testemunhas, Ronnie Charles de
Gouveia Sales e Alexsandro Claudino da Silva.
Aberta a Instrução, fl. 110 (publicada no e-DTM nº 81, de 19/10/16), a D.
Procuradoria, fl. 111 verso, se manifestou por se louvar nas provas dos autos e o
Representado deixou decorrer o prazo sem apresentar provas, nem mesmo ratificar as que
declarou na Defesa que pretendia produzir, conforme Certidão de fl. 115.
Encerrada a Instrução, fl. 116 (publicado no e-DTM nº 18, de 13/03/17), em
Alegações Finais a PEM se manifestou, fls. 117 verso, reiterando os termos de sua inicial

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e o Representado deixou decorrer o prazo sem mais se manifestar, conforme Certidão de
fl. 120.
É o Relatório.
Decide-se:
De tudo que consta dos presentes autos temos que a D. Procuradoria
representou em face de Yvan Quintiliano Wanderley, condutor da L/M “MADEIRINHA
IV”, com fulcro no art. 14, letra “a” (explosão seguida de incêndio) e art. 15, letra “e”
(exposição a risco), ambos da Lei nº 2.180/54, alegando em síntese que o Representado
foi negligente e imprudente ao determinar o abastecimento além do limite da capacidade
do tanque da lancha, não se certificando que o abastecimento fosse feito de forma segura
e eficiente, culminando com a explosão seguida de incêndio que lesionou o marinheiro
Alexsandro Claudino da Silva, que sofreu lesões graves em decorrência dos acidentes em
pauta, requerendo a sua condenação.
Regularmente citado, o Representado que não consta do rol de culpados neste
E. Tribunal apresentou Defesa “em causa própria”, apresentando a tese de culpa de
terceiros, o pessoal da marina.
Alegou que compareceu à marina Motonáutica tão somente para ajustar
detalhes relativos ao passeio que seria efetuado com a embarcação, tais como verificação
do sistema de som e provimento de alimentos e bebidas, incluindo o pagamento pelo
serviço de abastecimento; que, para o serviço de abastecimento, foi contratado Ronnie
Charles de Gouveia Sales, gerente náutico do estabelecimento, que indicou que seriam
necessários 250 litros de gasolina para o preenchimento do tanque, recebendo do
Representado o dinheiro referente ao combustível; que não participou do abastecimento,
chegando apenas no final da faina; que o abastecimento não foi realizado com a bomba
de combustível que estaria avariada devido à queda de energia, sendo efetuado o
abastecimento por galões de combustível; que os funcionários da marina não sabiam a
quantidade inserida, respondendo que colocariam combustível até esvaziar os galões; que
o Representado, ao entrar na embarcação para deixar os mantimentos sentiu forte cheiro
de combustível e ouviu barulho de gotejamento, percebendo que o abastecimento havia
ultrapassado a capacidade do tanque, resultando em seu derramamento; que a todo tempo
os funcionários eram coordenados pelo Sr. Gouveia e não pelo Representado que
nenhuma autoridade tinha sobre eles; não interferiu na faina de lavagem; outras
embarcações se aproximaram para serem abastecidas, gerando aumento de demanda; O
Sr. Gouveia cobrou dos seus subordinados maior celeridade no procedimento e em
seguida a embarcação foi colocada na água, para que os funcionários ficassem livres para
atender às demais embarcações; que não deu partida no motor, pois se encontrava a bordo

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como simples espectador e que a embarcação foi ligada pelo Alexandro, para que não
fosse levada pela correnteza; e que a avaria no suspiro pode ter ocorrido por decorrência
da imprudência da marina no abastecimento excessivo do tanque, conduta esta na qual o
Representado não teve qualquer participação.
Aberta a Instrução nenhuma prova adicional foi produzida, nem as oitivas das
pessoas arroladas pelo Representado, que deixou decorrer os prazos de lei e não mais se
manifestou, conforme Certidões.
Não podem ser aceitas as teses da Defesa.
Das provas dos autos temos um Laudo de Exame Pericial e cinco
depoimentos.
No Laudo de Exame Pericial constam fotografias que evidenciam que o
suspiro do tanque estava irregular, permitindo vazamento para dentro do próprio
compartimento (fl. 11) e foi apurado que o Representado participou diretamente da faina
de abastecimento, inclusive insistindo em colocar mais combustível, até o limite da
capacidade, que vazou pelo suspiro que estava irregular e que a pressa era do
Representado.
O depoimento do próprio Representado, Yvan Quintiliano Wanderley,
condutor da L/M “MADEIRINHA IV”, contradiz em parte seus argumentos de Defesa,
ao depor que “a lancha ao ser colocada na água após aproximadamente 2 minutos já com
o motor em funcionamento houve a explosão em seguida chamas”; estava no meio da
embarcação no timão; e ao ser perguntado o porquê, sendo o responsável pela
embarcação, presenciando o derramamento de combustível, não exigiu do marinheiro
responsável pelo abastecimento uma lavagem apropriada, respondeu que “imaginou que a
grande quantidade de água já era o suficiente”.
José Sebastião dos Santos Batista, fls. 32 e 33 declarou “o Sr. YVAN chegou
e falou com o gerente o Sr. GOUVEIA, solicitou o abastecimento da lancha onde o piloto
já se encontrava na lancha, dai na execução do abastecimento, o Sr. YVAN estava perto
acompanhando e com muita pressa, pois participaria do evento LOPANA FESTE,
quando houve o derramamento de combustível e a lavagem, em seguida a descida da
lancha, a saída e o acidente”.
Ronnie Charles de Gouveia Sales, Gerente Náutico, fls. 35 a 37, em síntese,
em seu depoimento declarou que o proprietário não estava presente na descida da lancha,
mas o seu assessor, Yvan, que estava com muita pressa; só viu de anormalidade o suspiro
do tanque que liberava gazes para dentro do compartimento; que Ivan insistiu em colocar
o máximo de combustível possível a fim de participar do evento LOPANA; que “ao
descer a lancha o marinheiro Sandro solicitou ao Sr. Yvan para não ligar a lancha até que

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pudessem ser tomados alguns procedimentos, inclusive a de ligar a bomba de porão, mas
não foi atendido sendo dado a partida na embarcação e ocorreu o acidente”.
Alexsandro Claudino da Silva, fls. 39 a 41, em síntese, declarou que teve seu
serviço agendado com um mês de antecedência; que a lancha só desce para a água depois
de abastecida; que informou ao Sr. Ivan que já tinha combustível no tanque, mas ele
insistiu em colocar mais 250 litros; que foi jogado água no combustível que vazou para
dentro da embarcação e esgotada a mistura; que o Sr. Yvan estava com muita pressa; que
o depoente lhe solicitou para não dar partida no motor para que ele pudesse fazer o
esgoto; “Mesmo assim o Sr. YVAN partiu o motor e saímos para fazer um teste, onde
depois de uns trinta a cinquenta metros houve a explosão e em seguida o incêndio”; que,
como contratado, não tinha como restringir o proprietário ou responsável pela
embarcação.
Antonio Jailson dos Santos Batista, Supervisor de garagistas, fls. 43 a 45, em
síntese ao ser perguntado como teve o primeiro contato com o proprietário ou o Sr. Yvan,
respondeu que “se deu quando me aproximei da lancha MADEIRINHA IV que já estava
sendo abastecida, daí o Sr. Yvan que estava em cima da lancha com o marinheiro
SANDRO mandando atopetar o tanque com duzentos e cinquenta litros, em seguida
começou o vazamento, foi quando o Sr. YVAN perguntou se aquele vazamento era
normal pelo suspiro, onde subo na lancha para verificar e constatei que não era normal,
imediatamente mandei parar o abastecimento, daí pedi a mangueira de água e começamos
a jogar água no convés e em toda parte onde derramou combustível, com a tampa do
motor aberta, orientando que na descida da rampa fosse retirado o bujão com a finalidade
de sair toda a água misturada com o combustível pelo dreno”; que a mangueira do suspiro
do tanque estava rasgada, fazendo com que qualquer quantidade a mais escorresse para o
porão; que “por pressa do Sr. YVAN, não se fez o procedimento correto de esgoto de
porão que tinha ainda mistura com gasolina”.
Por todo o exposto, com base no conjunto probatório dos autos, favoráveis à
tese de acusação da PEM, não tendo o Representado produzido qualquer prova em
contrário, nem mesmo a que declarou pretendia produzir, devem ser acolhidos os termos
da Representação da PEM e responsabilizar o Representado pelo acidente da navegação
tipificado no art. 14, letra “a” (explosão seguida de incêndio), da Lei nº 2.180/54, por sua
conduta imprudente em querer abastecer a embarcação com o máximo de combustível
sem atentar para a segurança da faina, e de pressa, interferindo na faina de lavagem, que
resultou em danos materiais e lesões no marinheiro da lancha Alexsandro Claudino da
Silva, vítima não fatal.
Assim,

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ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à
natureza e extensão dos acidentes da navegação: explosão seguida de incêndio na L/M
“MADEIRINHA IV”, nas proximidades do píer da marina Motonáutica, Pontal da Barra,
Maceió, AL, com lesões no Marinheiro Auxiliar de Convés Alexsandro Claudino da
Silva, vítima não fatal, e danos materiais, mas sem registro de danos ao meio ambiente
hídrico; b) quanto à causa determinante: falha nos procedimentos de abastecimento da
lancha, com vazamento para o seu interior pelo suspiro do tanque que estava irregular, e
da sua lavagem, após constatado o vazamento; e c) decisão: julgar os acidentes da
navegação tipificados no art. 14, letra “a” (explosão seguida de incêndio), da Lei nº
2.180/54, como decorrentes da imprudência do Representado, Yvan Quintiliano
Wanderley, Arrais Amador, condutor e responsável pela L/M “MADEIRINHA IV”,
acolhendo os termos da Representação da D. Procuradoria Especial da Marinha e,
considerando as circunstâncias, consequências e atenuante, com fulcro nos artigos 56,
121, incisos I e VII, 124, inciso IX, 127 e 139, inciso IV, letra “d”, todos os artigos da
Lei nº 2.180/54, aplicar-lhe a pena de multa de R$ 1.000,00 (mil reais), cumulativamente
com a pena de repreensão. Custas processuais na forma da lei.
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 19 de setembro de 2018.

FERNANDO ALVES LADEIRAS


Juiz Relator

Cumpra-se o Acórdão, após o trânsito em julgado:


Rio de Janeiro, RJ, em 23 de outubro de 2018.

WILSON PEREIRA DE LIMA FILHO


Vice-Almirante (RM1)
Juiz-Presidente
PEDRO COSTA MENEZES JUNIOR
Primeiro-Tenente (T)
Diretor da Divisão Judiciária
AUTENTICADO DIGITALMENTE

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Assinado de forma digital por COMANDO DA MARINHA
DN: c=BR, st=RJ, l=RIO DE JANEIRO, o=ICP-Brasil, ou=Pessoa Juridica A3, ou=ARSERPRO, ou=Autoridade Certificadora SERPROACF, cn=COMANDO DA
MARINHA
Dados: 2018.12.10 13:57:13 -02'00'

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