impeditivo da execução e extintivo da pena privativa de liberdade aplicada, decidido pelo juiz na sentença criminal, com o objetivo de evitar os malefícios da prisão” Juarez Cirino dos Santos. 2. Fundamentos = segundo Bitencourt, a suspensão condicional da pena representa uma evolução ética, política e científica na justiça penal. Fundamenta-se na pretensa de evitar a contaminação do não reincidente com o mundo do crime. Argumento válido diante a uma falência do sistema penal, cujos regimes penitenciários têm sido uma das causas da reincidência, sendo verdadeiras escolas do crime. Trazendo assim, uma maior possibilidade de ressocialização através de sua eficácia educadora. 3. Sistemas 3.1. Anglo-saxão (probation) = SISTEMA DE PROVAS/ nele o juiz suspende a prolação da sentença condenatória, submetendo o processo a um sistema de provas que, se resultar satisfatório, evita a prolação da sentença e, consequentemente, a própria condenação. 3.2. Franco-belga (sursis) = nele o juiz é levado a prolatar a sentença condenatória de maneira condicional, isto é, se o apenado condicionalmente cumpre, durante certo tempo, as condições da condenação, é a condenação em si que desaparece. * Chega ao Brasil, oficialmente pelo Dec. 16.588/24 – O sistema adotado pelo ordenamento jurídico brasileiro é uma variável do sistema fraco-belga/ nele o juiz pronuncia a condenação, e o que se suspende é unicamente a execução da pena. Assim, se cumpridas as condições, não desaparece a condenação, mas unicamente se dá a pena por executada. É SUSPENSÃO CONDICIONAL DA EXECUÇÃO DA PENA. 4. Natureza Jurídica 4.1. Medida de política criminal = é o entendimento mais aceito, representando as ideias já trazidas nos próprios fundamentos do instituto. Objetivo de evitar o recolhimento ao cárcere do condenado que cumpra seus requisitos. Forma mais eficaz ressocialização do apenado, prevenindo sem, no entanto, deixar de retribuir. Consequentemente incidindo na problemática da superlotação dos presídios no Brasil. 4.2. Direito público subjetivo do condenado = é também uma benesse. É um direito público pois, o juiz ou tribunal deverá se pronunciar, motivadamente, sobre a suspensão condicional, quer a conceda, quer a denegue, vide art. 157 LEP. É subjetivo porque depende do agente o aceite desta e suas condições. 4.3. Pena = incabível dizer que o sursis seja um tipo de pena, visto que as pelas estão claramente enumeradas no art. 32/CP. Sendo uma medida destinada justamente a evitar a aplicação de uma delas, a pena privativa de liberdade. 5. Requisitos – Art. 77/CP 5.1. Objetivos 5.1.1 Natureza e quantidade da pena = art. 77/CP, substituto unicamente admissível à pena privativa de liberdade, não se estendendo às restritivas de direitos nem a multa, vide art. 80/CP. FINALIDADE DE EVITAR O ENCARCEIRAMENTO COM TODAS AS SUAS CONSEQUENCIAS. 5.1.2 Inaplicabilidade de penas restritivas de direito = subsidiária, aplica- se apenas se não couber as hipóteses do art. 44/CP. Partindo-se da ideia de que a pena restritiva de direitos é mais benéfica ao condenado. 5.2 Subjetivos 5.2.1 Não reincidência em crime doloso = condenação anterior, mesmo que definitiva, em crime culposo ou contravenção penal não exclui a possibilidade de concessão do sursis. Condenação precedente a pena pecuniária não é obstáculo a obtenção do sursis. É possível que um condenado já beneficiado com o sursis receba novamente o benefício, porém, em caráter provisório, a confirmação das duas condenações o impossibilita, exceto de as duas penas não ultrapassarem os 2 anos. Após 5 anos pode pedir de novo. 5.2.2 Prognose de não voltar a delinquir = o conceito de pena necessária de LISZT, art. 59 e II do Art. 77/ CP. Culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do réu, motivos e circunstâncias do crime. Informação da conveniência ou não da suspensão da execução da pena na sentença. 6. Espécies de suspensão condicional = sursis simples ou comum – espécie mais normal, tradicional e frequente do instituto. Neste, o condenado fica sujeito ao cumprimento de prestação de serviço à comunidade ou de limitação de fim de semana, como condição legal obrigatória no primeiro ano do prazo, vide art. 78, § 1 º. Tais exigências correspondem assim, a uma verdadeira execução, ainda que parcial da pena imposta. Sursis especial = aplica-se o art. 78, § 2º. Quando o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e as circunstâncias do art. 59 forem inteiramente favoráveis, aplica-se como condições, cumulativamente: a – proibição de frequentar determinados lugares; b – proibição de se ausentar da comarca onde vive, sem autorização judicial; c – comparecimento pessoal e obrigatório, mensalmente, ao juízo, para informar e justificas suas atividades. Há de se falar também em mais duas espécies de susrsis = o etário e o humanitário, entretanto, NUCCI não entende correto, nesse caso, falar-se em espécies, visto que as condições continuam as mesmas dos dois primeiros casos, assim, o sursis etário e o humanitário (Lei n. 9.714/98) torna a pena ainda mais flexível aplicada ao maior de 70 anos que tenha sido condenado por pena privativa de liberdade não superior a 4 anos (etário), ou aquele cujo estado de saúde justifique a suspensão, vide art. Nestes últimos casos, o período de prova irá de 4 a 6 anos. 7. Condições do sursis = Legais – aquelas que a lei estabelece determinando sua natureza e conteúdo – no caso de sursis simples as do art. 78, § 1º, no caso do especial § 2º do mesmo artigo; Judiciais – as que o texto legal deixa à discricionariedade do juiz (observando se a adequação ao fato e a situação pessoal do condenado), não foram enumeradas no texto legal, ficam a critério do juiz. Condições impostas serão fiscalizadas pelo SERVIÇO SOCIAL PENITENCIÁRIO, PATRONATOS, CONSELHO DA COMUNIDADE OU INSTITUIÇÕES BENEFICIADAS COM PRESTAÇÃO DE SERVIÇO À COMUNIDADE/ MP E CONSELHO PENITENCIÁRIO. 8. Período de prova = diz respeito ao lapso temporal em que o beneficiário tem a pena suspensa. No caso de sursis simples ou especial será de 2 a 4 anos; em se tratando de sursis etário ou humanitário será de 4 a 6 anos. Nos casos de contravenção penal, o período é de 1 ano até 3 anos, vide art. 11/LCP. Dar-se início logo após a decisão condenatória transitada em julgado. AUDIÊNCIA ADMONITÓRIA. Via de regra, o juiz deverá fixa-lo no mínimo ou próximo ao mínimo, majorando sempre a natureza do crime e as circunstâncias judiciais. A revogação implica na obrigação do cumprimento integral da pena suspensa. 9 Revogação = obriga o sentenciado a cumprir integralmente a pena suspensa, independentemente do tempo decorrido de sursis. 9.1 Obrigatórias = (expressa em lei/ art. 81) – a) condenação em sentença irrecorrível, por crime doloso (independentemente do fato ter ocorrido antes ou depois da concessão da benesse, basta que transite em julgado durante o período de provas para a sua revogação/ se a condenação for em pena pecuniária ou multa, não impede a concessão da benesse); b) frustrar, embora solvente, a execução da pena de multa; c) Não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano; d) descumprir a prestação de serviços à comunidade ou a limitação do fim de semana; e) Não comparecimento, injustificado, do réu à audiência admonitória, art. 161/LEP. 9.2 Facultativas = não são automáticas, o juiz pode ou não aplica-las, vide art. 81, § 1º. A) Descumprimento de outras condições do sursis (as do sursis especial e as condições judiciais); b) condenação irrecorrível, por crime culposo ou contravenção, a pena privativa de liberdade e restritiva de direitos; c) prática de nova infração penal (via de regra não se não pode, mas suscita-se a teoria da pena necessária para a reprovação e prevenção do crime. 10. Prorrogação do período de prova = Obrigatória (art. 81, § 2º) – se processado por outro crime ou contravenção penal, considera-se prorrogado o período de prova até o julgamento definitivo. Facultativa (art. 81, § 3º) – ao invés de revogar, o juiz pode prorrogar o período de prova até o máximo possível. 11. Extinção = decorrido o período de provas sem que tenha havido causas para a revogação, estará extinta a pena privativa de liberdade, art. 82/CP. (Não depende de despacho judicial.