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30 de Março (Sábado):
8h: Pequeno-almoço.
Na realidade, as antas são construções humanas, dos IV e IIIº milénio antes de Cristo,
destinadas a sepultar os mortos; eram normalmente constituídas por uma edificação em pedra,
com um corredor e uma câmara sepulcral, que hoje se conserva de modo diverso, que eram
cobertos com uma grande camada de terra e pedra, formando uma pequena elevação,
raramente conservada hoje em dia. Desde o século XVI que são conhecidos relatos destes
monumentos no Redondo, destacando-se de entre todos a Anta da Candeeira, que viria a ser
visitada no final século XIX pelo ilustre arqueólogo francês Émile Cartailhac, após ter sido dada
a conhecer por Gabriel Pereira, que também noticiou a existência da Antas da Vidigueira e do
Colmeeiro.
Em 1910, estes três Monumentos foram classificados como Monumento Nacional.
31 de Março (Domingo):
8h: Pequeno-almoço.
A Anta da Candeeira, junto à Aldeia da Serra, conta-nos o que pode ter sido a história deste
território. Lugar de enterro do neolítico, a anta tem no esteio da cabeceira um buraco redondo.
Conhecem-no as gentes como o “buraco da alma”. Rui Mataloto, arqueólogo da Câmara
Municipal de Redondo, coloca a hipótese de ter sido feito por um eremita que utilizou a anta
como retiro.
Os monges eremitas fundaram vários mosteiros na serra, o último dos quais – o de São Paulo
– é hoje um hotel rural e também museu. Mas há vestígios de pelo menos um outro e os
historiadores acreditam que a comunidade tenha construído dois outros anteriores. O que se
sabe é que já no século XIV foram alvo de vários privilégios reais e papais.
Foi já no século XVI, mais concretamente em 1578, que o Papa aprova a Congregação dos
Monges de Jesus Cristo da Pobre Vida e foi a partir de então que começou a construção do
convento que chegou aos nossos dias.
Este sempre foi um convento acarinhado pelos reis portugueses. D. Sebastião passou por aqui
na sua última viagem que terminaria em Alcácer Quibir. D. Catarina de Bragança também para
aqui veio depois de enviuvar do rei inglês Carlos II e o mosteiro serviu também como colónia
para os chamados meninos de Palhavã, os filhos bastardos de D. João V.
Foram os cerca de 70 monges que viviam no convento que moldaram a serra. Aos jardins,
horta e socalcos de xisto que existem na vertente sul da serra, juntam-se os laranjais que
plantaram, as várias fontes que se encontram e os muros conventuais.
A última grande intervenção no convento deu-se já no século XVIII, mas foi sobretudo ao nível
da decoração e é deste período que datam os painéis de azulejo que constituem a maior
coleção in situ de Portugal e de tão grande qualidade que se chegou a equacionar que o
Museu do Azulejo aqui fosse aberto. Aqui existem painéis dos principais mestres portugueses
do século XVIII: Gabriel del Barco, P.M.P e António de Oliveira Bernardes.
A vida dos monges manteve-se igual ao longo dos séculos, em silêncio no interior do edifício.
Até que em 1834 as ordens religiosas são extintas a mando de Mouzinho da Silveira.
Erguido em 1182 por eremitas desejosos de oração e bem-estar, a meia encosta da Serra
d’Ossa, entre Estremoz e Redondo, em pleno Alentejo, o Convento de São Paulo é agora
um confortável e requintado hotel. Testemunham várias crónicas que o Convento de São
Paulo acolheu, ao longo dos séculos, importantes figuras como D. Sebastião, D. João IV e
D. Catarina de Bragança que, em 1661, casou com Carlos II de Inglaterra. Aliás, na
biblioteca do Convento existe ainda uma tela restaurada pelo Museu Nacional de Arte
Antiga de Lisboa que atesta a passagem de D. Sebastião pelo Convento de São Paulo, em
finais de 1577, quando viajava para o Norte de África, onde morreu em combate na
batalha de Alcácer Quibir. São histórias como esta que fazem do Convento de São Paulo
um destino ímpar.
Com uma preciosa colecção de cerca de 54 mil azulejos, o Convento de São Paulo tem a
maior colecção privada do país. A requintada azulejaria azul-cobalto data dos reinados de
D. João V, bem como de D. José I, e configura um conjunto monumental produzido nas
melhores oficinas de Lisboa. Algumas das encomendas de azulejaria destinaram-se a
espaços específicos e devem ter tido patronos individualizados, como os da Capela do
Bispo onde se vê a assinatura de António de Oliveira Bernardes ou os da Capela de Nossa
Senhora da Conceição, cuja autoria é atribuída a Gabriel del Barco. A maioria dos painéis,
contudo, é da autoria de um mestre que usa o monograma P.M.P. e constituem um caso
notável de azulejaria.
Saudações caminheiras,
Miguel Pereira