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As palavras certas: história e sociedade no discurso político de Barack Obama.

“Com as palavras certas, tudo poderia mudar: a África do Sul, as vidas das crianças
nos guetos perto do campus, meu próprio lugar tênue no mundo”.
Barack Obama

1. Arte política.
Atenas. Monte Filopapou. Ocaso. O cenário e o tema não poderiam ser
mais apropriados à performance artística denominada “fusionismo”. Às
vésperas da cerimônia de posse da presidência dos Estados Unidos por
Barack Obama, um grupo de pessoas, dez homens e mulheres, com seus
corpos nus, pintados pelo artista suíço Dave, executam uma estranha
coreografia, de movimentos sinuosos entre ruínas e arbustos, portando tochas
acessas. Quando homens e mulheres se unem, emerge a figura completa: o
rosto do primeiro presidente afro-americano dos Estados Unidos. O objetivo do
artista é fazer os expectadores pensarem em assuntos da atualidade. E a
razão de ter escolhido Obama, bem como o Papa Bento XVI, deve-se ao fato
de ambos “provocarem discussão”.1
De acordo com a visão predominante da história ocidental, a
“discussão”, no sentido de debate de questões e problemas que dizem respeito
à coletividade, ao viver em sociedade, conquistado e assumido pela totalidade
dos cidadãos, é uma invenção grega, um dos traços da Cidade, surgida em
meados do século VIII a.C., fruto de uma revolução política que inaugurou, no
Ocidente, “o espaço público, a promoção da palavra e da razão, a igualdade
perante a lei e a liberdade dos cidadãos”. 2
Quando os artistas performáticos unem seus corpos pintados, para
juntos fazerem emergir, no alto de um monte ateniense, o rosto de Barack
Obama, antes de provocar qualquer discussão, transmitem uma mensagem
clara: na mente do artista, a democracia americana é produto de uma evolução
histórica que teve início na Grécia Antiga, portanto, está enraizada na tradição
política ocidental, e a ascensão de Obama ao cargo político mais influente do
mundo é resultado da performance política dos indivíduos que o elegeram.
O artista expõe visualmente um discurso político ancorado nos
imaginários da tradição e da soberania popular. 3
Neste breve ensaio, a partir da consideração de alguns discursos
proferidos por Barack Obama, veremos o quão importante foram as referências
aos imaginários da tradição, da soberania popular, e da modernidade, para o
atual Presidente dos Estados Unidos, em sua trajetória até a Casa Branca. As
narrativas históricas e as reflexões sobre a sociedade americana presentes nos

1
O vídeo da performance pode ser acessado em http://english.sina.com/video/2009/0217/219357.html.
Último acesso em 21/04/09.

2
NEMO, Phillipe. O que é o Ocidente? Editora Martins Fontes, 2005, pp.17-20.

3
CHARAUDEAU, Patrick. Discurso Político. Editora Contexto, 2008.
discursos de Obama funcionam como contexto e cenário da construção de sua
imagem política e da dramatização do meio social, nacional e internacional,
construção esta circunscrita aos limites dos imaginários acima referidos. 4
Os discursos que servirão de fonte para análise do discurso político do
Presidente americano são os seguintes: Discurso contra a guerra do Iraque
(2002); Discurso da Convenção Democrata (Keynote Address, 2004); Discurso
à turma de formandos do Knox College (2005);

2. Conteúdos do Imaginário Político.


Os discursos foram selecionados, primeiro, em função da projeção que
conferiram a Obama no cenário político americano e, em segundo lugar, por
serem representativos de idéias defendidas em diferentes etapas de sua
trajetória política – no legislativo estadual e no Senado Federal. Em todos os
discursos, a narrativa histórica e a visão de sociedade servem para construir a
imagem individual do político e dramatizar o cenário social, vivificando um
imaginário coletivo.
Há elementos comuns em todos os discursos de Obama que
selecionamos para os propósitos deste ensaio. A base de todos eles é um
imaginário sociodiscursivo5 comum que manifesta uma identidade coletiva, uma
visão dos acontecimentos históricos considerados relevantes na formação
daquela identidade, e uma apreciação da estrutura e dinâmica sociais.
Ao tomar a palavra, durante campanha eleitoral, o propósito do político é
estabelecer uma relação de identidade e de compartilhamento de idéias entre
si e os cidadãos, a fim de que estes, seduzidos pela figura e pela mensagem,
passem a considerá-lo, pelo menos, como um potencial representante na
instância política estatal. Uma vez conquistado o cargo eletivo, a comunicação
periódica com os cidadãos procura, por um lado, manter os laços identitários
entre o político e seus eleitores, e, por outro lado, tenta conquistar novos
seguidores. Assim, a situação de comunicação, qualificada como discurso
político, impõe uma série de restrições a quem toma a palavra, sobretudo um
constrangimento temático e imagético. Tema e imagens devem se referir “à
organização da vida em sociedade e ao governo da coisa pública” 6. Cabe ao
político desenvolver este tema geral, em cada discurso, por meio da introdução
de novos sub-temas. Aqui, a questão da guerra. Ali, os desafios econômicos.
Hoje, os problemas da educação. Amanhã, os projetos de modernização
tecnológica.
A maioria dos discursos de Obama possui um caráter temático, não
programático7, e na medida em que se considere a importância de sua oratória
para o sucesso de sua carreira política – ao lado de sua biografia, de seu
4
O termo “imaginário” é aqui empregado no sentido de “universo de significações fundador da
identidade do grupo”, conforme o conceito de Charaudeau, op.cit. p. 204.

5
Charaudeau, op.cit. p. 206.

6
Charaudeau, op.cit. p. 189.
trabalho como líder comunitário e legislador, do apoio de grandes líderes
Democratas, estaduais e nacionais, e da impopularidade da administração
Bush – é preciso admitir a notável capacidade de Obama – e a excepcional
receptividade dos eleitores americanos – de construir, através da palavra, uma
imagem de si reconhecida pela maioria dos americanos como a
“corporificação” dos seus ideais e valores da vida em comunidade.
O depoimento de um motorista de caminhão ilustra vivamente o
ethos (identidade discursiva) personificado por Obama para os americanos:
“I vote for people, and not for political reasons, and this man inspires me (…)
He can really get your juices flowing. This the first Democrat I’ve seen who doesn’t polarize
people(…) This guy is real. The others are phony”8.
Foi através da maneira como apresentou suas idéias que Obama
construiu sua identidade discursiva: digno de crédito, conciliador, superior às
divisões partidárias, the healer, como o caracteriza o biógrafo Mendell.
Obama, apelando aos imaginários da tradição, da modernidade, e
da soberania popular, e inserindo sua própria vida singular como prova da
realidade, da verdade do seu discurso, definiu sua proposta como a melhor
escolha para a realização de “um ideal que faça a pluralidade viver em conjunto
em um espaço determinado, e que, ao mesmo tempo, possa pretender a
universalidade” 9.
O que caracteriza o imaginário da tradição é a idéia de que uma
dada coletividade possui um “momento de fundação” em um passado mais ou
menos remoto, momento este que determinou o “destino” daquela coletividade,
e que moldou sua trajetória histórica até o presente. A fundação se desdobra
ao longo do tempo numa série de refundações, todas ligadas entre si pelos
valores do passado. Apresentado em contraste à situação presente, de “crise
de valores”, o imaginário da tradição afirma que é dever de todos os membros
da comunidade a recuperação, e manutenção, dos ideais e valores herdados.
E o político que o proclama se identifica como um líder “refundador”.
O imaginário da modernidade, por sua vez, apresenta um
conjunto de percepções e julgamentos sobre o momento presente, em
comparação com o passado. Apresentam-se riscos e oportunidades, e a ênfase
recai sobre o potencial da modernidade, através da tecnologia, para a
realização de sonhos, ideais. A tecnologia é apresentada como “meio” para
alcançar os fins propostos pelo “destino” de uma comunidade. O aspecto
positivo da modernidade é sua promessa de superação de crises e de
desenvolvimento ilimitado.

7
“Obama’s message to Black audiences was similar to his proclamations to other Democratic crowds – a
theme of hope in the goodness of the human spirit”. In MENDELL, David. Obama. From Promise to
Power. Harper, Nova York, 2007, p. 187.

8
MENDELL, op.cit. p.289.

9
Charaudeau, op.cit.p.189.
Finalmente, o imaginário da soberania popular. De acordo com este, o
povo expressa uma “opinião coletiva consensual” (opinião majoritária),
resultante de um processo de deliberação. Na democracia, é o povo o
depositário da soberania, e é ele que assume o dever de cuidar de seu bem-
estar. Identidade, igualdade, e solidariedade são temas vinculados ao
imaginário do povo soberano.

3. As palavras certas.
Em seu livro, A Audácia da Esperança, publicado em 2006, Obama
procura definir suas diferenças em relação ao governo Republicano então no
poder. A certa altura, ele afirma:
“Desde minha chegada ao Senado, fui um crítico feroz das políticas da
Administração Bush (...) Pouco antes de anunciar minha candidatura ao Senado em 2002,
discursei contra a Guerra do Iraque e questionei as provas da existência de armas de
destruição em massa naquele país apresentadas pelo governo para justificar a invasão,
ponderando que a invasão do Iraque seria um erro que nos sairia muito caro. ”10
O discurso contra a guerra do Iraque foi pronunciado em outubro de
2002 por ocasião de manifestação que reuniu centenas de pessoas que se
opunham à invasão do Iraque. Considerado por Obama como sendo o seu
melhor discurso (o mais bem escrito e o mais corajoso), sua oposição à guerra
iminente promoveu a ascensão de Obama no partido Democrata de modo
inesperado, ainda que a decisão fosse resultado de um cálculo político. 11
Como o discurso em questão se relaciona com os imaginários
sociodiscursivos apresentados na seção anterior?
Como a guerra é um fenômeno histórico-social integrante da história dos
Estados Unidos, Obama tem o cuidado de começar seu discurso afirmando:
“I stand before you as someone who is not opposed to war in all circumstances.
The Civil War was one of the bloodiest in history, and yet it was only through the crucible of the
sword, the sacrifice of multitudes, that we could begin to perfect this union and drive the
scourge of slavery from our soil. ”12
A referência ao imaginário da tradição é evidente. Considerado como um
daqueles momentos “refundadores” da nação americana, a alusão à Guerra
Civil funciona como contraste à iminente invasão do Iraque, julgada espúria
desde o ponto de vista dos “princípios” e da “racionalidade” inerentes às
melhores tradições americanas:
“I don’t oppose all wars. What I am opposed to is a dumb war (…) A rash war. A
war based not on reason but on passion, not on principle but on politics.”
Como se trata não apenas de apelar ao imaginário da tradição,
mas de construir sua imagem perante o público, Obama insere no discurso, na

10
OBAMA, Barack. A Audácia da Esperança: reflexões sobre a reconquista do sonho americano. Editora
Larousse do Brasil, 2007, p. 57.

11
MENDELL, op.cit. p.174.

12
Os discursos de Obama estão disponíveis em http://obamaspeeches.com. Último acesso: 26 de abril
de 2009.
narrativa histórica, a participação de um membro de sua família numa guerra
considerada legítima:
“My grandfather signed up for a war the Day after Pearl Harbor was bombed,
fought in Patton’s army. He fought in the name of a larger freedom, part of that arsenal of
democracy that triumphed over evil.”
Exemplos de relação com os imaginários da modernidade e da
soberania popular também podem ser encontrados no discurso. Destacamos
que um dos aspectos relevantes, no que tange à modernidade, é a referência
ao papel do multilateralismo nas relações internacionais, e a importância dos
organismos internacionais na solução de conflitos interestatais:
“I suffer no illusions about Saddam Hussein(...) But I also know that Sadam
poses no imminent and direct threat to the United States, or to his neighbors…and that in
concert with the international community he can be contained(…)”
“I know that an invasion of Iraq without a clear rationale and without strong
international support will only fan the flames of the Middle East(…)”

O discurso proferido na Convenção Democrata que ratificou John


Kerry como candidato à Presidência, em 2004, é, dentre os discursos aqui
selecionados, o que imerge mais profundamente no imaginário da tradição.
Obama começa ressaltando que o motivo para ele ter o privilégio
de participar daquele evento, deve-se ao fato de que um dia, seu pai, um
estudante estrangeiro africano, descendente de pastores de cabras do Quênia,
tomou a decisão de viver na América:
“Through hard work and perseverance my father got a scholarship to study in
a magical place: America, which stood as a beacon of freedom and opportunity to so many who
had come before.”
Nesta passagem as origens do político ligam-se diretamente a
duas características julgadas fundamentais no processo de formação da nação
norte-americana: América é a terra da liberdade e da oportunidade. Opinião
compartilhada por americanos e estrangeiros. 13
Toda a primeira parte do discurso segue o mesmo princípio. A
história familiar de Obama é apresentada como prova da existência de uma
América “tolerante”, “generosa”, uma terra onde
“(...) you don’t have to be rich to achieve your potential.”
Ainda na introdução, insinua-se uma conexão entre o imaginário
da tradição e o da soberania popular através do tema da solidariedade entre as
gerações:
“I stand here knowing that my story is part of the larger American story, that I
owe a debt to all of those who came before me, and that, in no other country on earth, is my
story even possible.”
Mais adiante, a referência à soberania popular fica explícita ao
falar do espírito que distingue a América:
“That is the true genius of America, a faith in the simple dreams of its people,
the insistence on small miracles.”

13
KARNAL, Leandro[et al.]. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. Editora contexto,
2007, p. 12.
Estabelecida a relação de compartilhamento de imagens,
valores e expectativas com sua audiência, Obama passa então a ponderar
sobre o momento presente, à luz da herança legada pelos ancestrais:
“This year, in this election, we are called to reaffirm our values and
commitments, to hold them against a hard reality and see how we are measuring up, to the
legacy of our forbearers, and the promise of future generations.”
Assinala os problemas que os americanos têm que enfrentar: o
desemprego; os custos da assistência médica com os quais os trabalhadores,
que perderam seus empregos, não podem arcar; a prioridade que precisa ser
dada à garantia da igualdade de oportunidade para toda a criança americana.
Critica, obviamente, a política da Administração Bush, e oferece alternativas
que seriam postas em prática por um governo Democrata:
“John Kerry believes in an America where hard work is rewarded. So
instead of offering tax breaks to companies shipping jobs overseas, he’ll offer them to
companies creating jobs here at home. John Kerry believes in an America where all Americans
can afford the same health coverage our politicians in Washington have for themselves. John
Kerry believes in energy independence, so we aren’t held hostage to the profits of oil companies
or the sabotage of foreign oil fields. John Kerry believes in the constitutional freedoms that have
made our country the envy of the world, and he will never sacrifice our basic liberties nor use
faith as a wedge to divide us. And John Kerry believes that in a dangerous world, war must be
an option, but it should never be the first option.”
Aqui podemos observar elementos dos três imaginários –
tradição, modernidade, soberania popular – entrelaçados com maestria. As
principais questões da atualidade colocadas como desafios ao povo americano,
que só podem ser superados através do compromisso com valores e princípios
tradicionais. E o político no papel de “refundador”.
De acordo com o relato de Mendell, o público da convenção
foi tomado de êxtase nos pontos altos do discurso, sobretudo no momento em
que Obama re-afirma a existência de uma América unida, imune a divisões
partidárias ou raciais:
“(...) there’s not a liberal America and a conservative America, there’s the
United States of America. There’s not a black America and white America and Latino America
and Asian America, there’s the United States of America (…) We are one people, all of us
pledging allegiance to the stars and stripes, all of us defending the United States of America.”

No dia 04 de junho de 2005, Barack Obama discursou


perante a turma de graduandos do Knox College. O texto foi incluído em uma
coletânea de discursos proferidos por Afro-Americanos, que inclui peças dos
séculos XIX, XX e XXI14.
O texto é relevante por ter sido exposto diante de uma
platéia diferenciada: universitários recém-formados, prestes a ingressar no
mercado de trabalho. A oportunidade enseja que o então Senador ancore seu
discurso no imaginário da modernidade, adequando-o à platéia.
Após passar em revista os principais desafios enfrentados
pelo povo americano ao longo de sua história – a luta pela Independência, a

14
DALEY, James(Ed.) Great Speeches by African Americans. Dover Publications, N.Y., 2006.
Guerra Civil, a Segunda Guerra Mundial – Obama insta seus ouvintes a
assumirem a responsabilidade de responder aos desafios do tempo presente,
sendo o principal, o das transformações econômicas possibilitadas pelas
inovações tecnológicas:
“(...) the rules have changed.
It started with technology and automation that rendered entire
occupations obsolete (…) Then companies like Maytag were able to pick up and move their
factories to some Third World country where workers are a lot cheaper than they are in the
U.S.”
Neste mundo de rápidas transformações, que vive uma
revolução silenciosa promovida pelo avanço tecnológico, usufruído por grandes
empresas e indivíduos privilegiados, países como Índia e China, afirma Obama,
estão competindo com os Estados Unidos em uma escala global. Enfatizando
os investimentos daqueles países em educação científica e tecnológica, ele
apresenta fatos que corroboram o desafio posto à sociedade americana neste
novo milênio:
“The result? China is graduating four times the number of engineers that
the United States is graduating. Not only are those Maytag employees competing with Chinese
and Indonesians and Mexican workers, now you are too. Today accounting firms are e-mailing
your tax returns to workers in India who will figure them out and send them back as fast as any
worker in Indiana could.”
(…) “So what do we do about this? How does America find our way in
this new, global economy? What will our place in history be?”
Obama se opõe com veemência às soluções
individualistas, que pregam que cada um deve conquistar seu espaço na nova
economia ou fracassar.
Ao invés disso, ele propõe que a sociedade americana
enfrente a nova economia através de investimentos estatais em pesquisa
científica e tecnológica, em educação da mão-de-obra, para qualificar os que
hoje estão perdendo seus empregos para assumirem as novas profissões do
milênio: na biotecnologia, no desenvolvimento e produção de carros movidos a
eletricidade. Propõe a reforma das instituições, como as escolas públicas, que
apresentam estrutura e metodologia ultrapassadas. Esse imaginário da
modernidade é completado com um apelo ao discurso da solidariedade: ao
deixar a universidade, cada um dos graduandos do Knox College tem uma
escolha diante de si: dedicar-se somente a ganhar dinheiro ou assumir como
seus os desafios da nação e contribuir para que a América prossiga
“on its precious journey towards that distant horizon, and a better day”.

Conclusão

A eleição de Barack Obama para a Presidência dos Estados Unidos foi,


e ainda é celebrada por muitos como evento histórico sem precedentes.
Primeiro afro-americano a ocupar o cargo máximo do Poder Executivo norte-
americano, com biografia e trajetória política das mais peculiares, Obama incita
o historiador e o cientista político a colocarem mais uma vez em tela a questão
do papel do indivíduo na história.
No caso do político, uma dimensão essencial de análise é a do discurso.
Procuramos neste breve texto, indicar alguns elementos estruturadores do
discurso político de Barack Obama, como ponto de partida para uma reflexão
mais ampla do significado histórico de sua chegada à Casa Branca.
Verificamos a presença, nas palavras de Obama, do recurso aos
imaginários políticos, os quais delimitam a exposição de sua visão da história e
da sociedade americana, do passado, do presente e do futuro.
Parece-nos que uma hipótese de trabalho interessante surge dessa
perspectiva: ao nos colocarmos a questão de qual poderia ser o papel do
indivíduo na história americana e mundial, devemos incluir como parte
necessária da resposta a concepção de história defendida pelo indivíduo em
estudo, para a qual a análise do discurso tem muito a contribuir.

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