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• Particularista:
Cultura
como
um
conjunto
de
conquistas
artísticas,
intelectuais
e
morais
Universalista:
•
Conjunto
de
conhecimentos,
crenças,
costumes
e
outras
capacidades
e
hábitos
adquiridos
pelo
homem
enquanto
membro
de
uma
sociedade.
(Tylor,
1871)
O
estudo
da
cultura
pelas
Ciências
Sociais
levou
à
formação
do
conceito
de
cultura
popular,
muito
utilizado
na
área
do
patrimônio
cultural
imaterial.
Apresentamos
duas
definições
clássicas
de
cultura
popular:
“O
‘popular’
não
está
contido
em
conjuntos
de
elementos
que
bastaria
identificar,
repertoriar
e
descrever.
Ele
qualifica,
antes
de
mais
nada,
um
tipo
de
relação,
um
modo
de
utilizar
objetos
ou
normas
que
circulam
na
sociedade,
mas
que
são
recebidos,
compreendidos
e
manipulados
de
diversas
maneiras.”
(Roger
Chartier)
“É
a
cultura
comum
de
pessoas
comuns,
isto
é,
uma
cultura
que
se
fabrica
no
cotidiano,
nas
atividades
ao
mesmo
tempo
banais
e
renovadas
de
cada
dia.”(Michel
De
Certeau)
Nesse
contexto
do
desenvolvimento
da
noção
de
cultura
surge
o
conceito
de
patrimônio
histórico
e
artístico,
que
foi
empregado
para
definir
o
que
teria
valor
suficiente
para
ser
preservado
pelas
sociedades.
O
hábito
de
guardar
objetos
que
contenham
algum
significado
afetivo,
como
documentos,
cartas,
fotografias
e
uma
infinidade
de
pequenas
lembranças
sob
os
mais
variados
formatos,
é
comum
desde
que
o
homem
se
organizou
em
sociedade.
Nos
dias
atuais,
apesar
de
todo
o
desenvolvimento
tecnológico
advindo
da
área
da
informática,
continuamos
a
reunir
informações
que
nos
são
caras,
agora
em
arquivos
digitais,
registrados
em
CDs,
DVDs,
na
“nuvem”
e
outros
meios
magnéticos.
Se,
particularmente,
os
indivíduos
assim
procedem,
em
coletividade
passarão
por
processo
semelhante.
Assim,
é
usual
as
sociedades
preservarem
os
testemunhos
de
sua
história
e
de
sua
cultura.
O
resultado
dessa
preservação
compõe
o
que
chamamos,
atualmente,
de
Patrimônio
Cultural.
O
Patrimônio
Cultural
consiste
de
tudo
o
que
a
sociedade
preserva
com
o
objetivo
de
garantir
a
sobrevivência
de
sua
história
e
de
sua
cultura,
como
o
patrimônio
arquitetônico
-‐
palácios,
igrejas,
museus,
monumentos,
casarios;
a
produção
intelectual
-‐
artes
plásticas,
literatura,
música,
cinema,
fotografia;
os
bens
naturais
-‐
rios,
montanhas,
florestas,
praias,
lagoas,
dunas,
costões;
os
bens
imateriais
-‐
costumes,
tradições,
folclore
e
ritos
dos
diferentes
grupos
que
integram
a
sociedade.
“O
conceito
de
Patrimônio
Cultural,
tradicionalmente,
nos
remete
ao
passado
histórico
esquecendo
que
a
produção
presente
constituirá
a
herança
das
futuras
gerações.
É
importante
reconhecer
o
caráter
de
continuidade
dessa
produção
dentro
do
processo
de
desenvolvimento
humano
como
algo
vivo
e
integrado
à
realidade.
A
crescente
preocupação
com
a
proteção
dos
‘patrimônios
culturais’
reflete
o
desejo
de
se
valorizar
as
memórias
coletivas,
que
não
devem
ser
entendidas
como
uma
nostalgia
do
passado
ou
uma
recusa
em
viver
o
nosso
tempo.”
(Ferraz,
2008)
Essa
nova
visão
de
Patrimônio
Cultural
leva
em
consideração
a
heterogeneidade
e
a
complexidade
da
cultura
brasileira,
não
mais
privilegiando
os
bens
culturais
representativos
das
elites
sociais.
Leva-‐se
em
conta
também
as
formas
de
manifestação
cultural
de
todos
os
níveis
sociais,
de
todas
as
regiões
do
país,
de
todos
os
grupos
regionais
ou
étnicos.
Esse
conceito
é
bem
definido
pela
Constituição
da
República
Federativa
do
Brasil,
promulgada
em
1988,
em
seu
Artigo
216:
“Art.
216
-‐
Constituem
patrimônio
cultural
brasileiro
os
bens
de
natureza
material
e
imaterial,
tomados
individualmente
ou
em
conjunto,
portadores
de
referência
à
identidade,
à
ação,
à
memória
dos
diferentes
grupos
formadores
da
sociedade
brasileira,
nos
quais
se
incluem:
I
-‐
as
formas
de
expressão;
II
-‐
os
modos
de
criar,
fazer
e
viver;
III
-‐
as
criações
científicas,
artísticas
e
tecnológicas;
IV
-‐
as
obras,
objetos,
documentos,
edificações
e
demais
espaços
destinados
às
manifestações
artístico-‐culturais;
V
-‐
os
conjuntos
urbanos
e
sítios
de
valor
histórico,
paisagístico,
artístico,
arqueológico,
§
1º
-‐
O
Poder
Público,
com
a
colaboração
da
comunidade,
promoverá
e
protegerá
o
patrimônio
cultural
brasileiro,
por
meio
de
inventários,
registros,
vigilância,
tombamento
e
desapropriação,
e
de
outras
formas
de
acautelamento
e
preservação.
[...]”
Se
uma
sociedade
preocupa-‐se
em
preservar
aquilo
que
lhe
é
caro,
é
necessário
criar
mecanismos
para
que
isso
ocorra.
Mas,
por
que
preservar?
A
preservação
é
a
única
forma
de
se
manter
a
identidade
cultural
de
um
povo.
Cabe
à
sociedade
se
mobilizar
para
que
sejam
elaboradas
políticas
públicas
que
visem
valorizar
as
singularidades
e
a
diversidade
da
cultura
brasileira.
Como
preservar?
Investindo
em
ações,
como
Educação
Patrimonial;
investindo
em
Proteção
Legal,
como
o
Tombamento,
Áreas
de
Proteção
Cultural,
Corredores
Culturais,
Inventariação;
Arquivo
e
documentação;
Conservação
e
restauração
e
Catalogação
e
Registro
das
manifestações
culturais.
Diante
dessa
temática,
as
mais
efetivas
formas
de
preservação,
são:
O
que
é
Inventário
?
O
inventário
consiste
na
identificação
e
registro
por
meio
de
pesquisa
e
levantamento
das
características
e
particularidades
de
um
determinado
bem.
Na
sua
elaboração
são
adotados
critérios
técnicos
objetivos
e
fundamentados
de
natureza
histórica,
artística,
arquitetônica,
sociológica,
paisagística
e
antropológica,
entre
outros.
Os
resultados
dos
trabalhos
de
pesquisa
para
fins
de
inventário
devem
ser
registrados
em
fichas,
com
a
descrição
do
bem
cultural,
informações
básicas
quanto
à
sua
importância,
histórico,
características
físicas,
delimitação,
estado
de
conservação,
proprietário
e
outros
de
interesse
para
o
pesquisador.
O
inventário
permite
à
sociedade,
independentemente
do
poder
público,
registrar
os
bens
que
considere
importantes
para
sua
história
e
sua
cultura.
O
que
é
o
Registro?
Segundo
o
Iphan,
“[...]
corresponde
à
identificação
e
à
produção
de
conhecimento
sobre
o
bem
cultural.
Isso
significa
documentar,
pelos
meios
técnicos
mais
adequados,
o
Patrimônio
Imaterial
no
Brasil:
legislação
e
políticas
estaduais
passado
e
o
presente
da
manifestação
e
suas
diferentes
versões,
tornando
essas
informações
amplamente
acessíveis
ao
público
–
mediante
a
utilização
dos
recursos
proporcionados
pelas
novas
tecnologias
de
informação.”
(Iphan,
2006b,
p.
22).
Patrimônio
reconhecido
e
a
ação
dos
órgãos
de
Patrimônio
Cultural
O
conceito
de
patrimônio
cultural
aqui
apresentado
é
complexo
e
nos
faz
pensar
em
uma
construção
social
cujo
significado
depende
do
contexto
histórico,
de
quem
a
emprega
e
com
que
finalidade
a
usa.
Portanto,
“patrimônio,
utilizando
a
expressão
de
Pierre
Bourdieu
(1999),
é
esse
capital
simbólico
que
tem
vínculos
com
a
identidade
e
que
deve
ser
protegido
não
tanto
por
seus
valores
estéticos
e
de
antiguidade,
como
pelo
que
significa
e
representa”.
(Zanirato,
2011)
A
“[...]
preocupação
em
salvaguardar
o
que
se
denomina
patrimônio
[cultural]
é
condição
essencial
para
a
manutenção
do
sentimento
de
enraizamento
do
sujeito
com
o
espaço
que
habita,
para
a
configuração
de
suas
identidades”.
(Zanirato,
2011)
O
Instituto
do
Patrimônio
Histórico
e
Artístico
Nacional
–
Iphan
foi
criado
em
13
de
janeiro
de
1937
pela
Lei
nº
378,
no
governo
de
Getúlio
Vargas,
como
Sphan
–
Serviço
do
Patrimônio
Histórico
e
Artístico
Nacional.
Rodrigo
Melo
Franco
de
Andrade
implantou
o
Serviço
do
Patrimônio
e
permaneceu
como
diretor
até
1967.
Em
30
de
novembro
de
1937,
foi
publicado
o
Decreto-‐Lei
nº
25,
que
organiza
a
“proteção
do
patrimônio
histórico
e
artístico
nacional”.
Com
estes
instrumentos
inicia-‐se,
efetivamente,
a
luta
pela
preservação
do
patrimônio
cultural
no
Brasil
e,
ao
mesmo
tempo,
começa
a
se
definir
o
que
é
realmente
importante
e
o
que
vai
ser
protegido.
Estado
da
Guanabara,
imposta
à
população,
criou-‐se
o
novo
Estado
do
Rio
de
Janeiro.
Com
isso
a
DPHA
foi
transformada
no
Instituto
Estadual
do
Patrimônio
Cultural
(Inepac).
As
décadas
de
1960
e
1970
foram
ricas
em
mudanças.
O
próprio
termo
“patrimônio
cultural”
é
um
conceito
mais
abrangente
do
que
o
antigo
“histórico
e
artístico”,
e
mais
adequado
às
mudanças
consolidadas
com
a
Carta
de
Veneza
de
19641.
Iniciou-‐se
uma
política
de
descentralização
dos
trabalhos
de
preservação
no
Brasil.
O
governo
federal,
por
sugestão
do
Ministro
da
Educação
e
Cultura,
Jarbas
Passarinho,
organizou
o
1º
e
o
2º
encontros
dos
Governadores,
em
Brasília
e
Salvador,
nos
anos
de
1970
e
1971,
respectivamente.
Segundo
Lia
Motta, “[...]
foi
no
documento
editado
pelo
Ministério
da
Educação
e
Cultura,
em
1975,
denominado
Política
Nacional
de
Cultura,
que
a
noção
de
pluralismo
cultural
associada
à
diversidade
regional
surge
como
indicativo
de
uma
ação
oficial
do
poder
público”.
(Motta,
2000)
A
legislação
brasileira
permite
que
qualquer
cidadão
entre
com
um
pedido
de
tombamento
em
um
órgão
de
proteção
do
patrimônio
cultural.
Portanto,
a
tomada
de
consciência
da
população
é
a
única
forma
de
romper
com
a
prática
adotada
pelas
instituições
públicas
de
reconhecer
como
bem
cultural,
seja
material
ou
imaterial,
somente
os
elementos
da
cultura
de
uma
elite
intelectualmente
dominante.
Os
instrumentos
legais
existem.
O
reconhecimento
do
nosso
pluralismo
cultural
e
da
imensa
diversidade
regional,
é
o
que
nos
permite
ver
o
“Boi
Bumbá”,
de
Parintins,
o
“Bumba
meu
Boi”,
do
Maranhão,
a
“Lavagem
da
Escadaria
do
Nosso
Senhor
do
Bonfim”,
em
Salvador,
o
“Círio
de
Nazaré”,
em
Belém,
o
“Fandango
Galponeiro”,
do
Rio
Grande
do
Sul,
não
como
acontecimentos
exóticos,
mas
sim
como
parte
da
nossa
cultura.
A
Constituição
de
1988,
em
seu
Artigo
216,
Inciso
V,
Parágrafo
1º,
diz:
“O
poder
público,
com
a
colaboração
da
comunidade,
promoverá
e
protegerá
o
patrimônio
cultural
brasileiro,
por
meio
de
inventários,
registros,
vigilância,
tombamento
e
desapropriação,
e
de
outras
formas
de
acautelamento
e
preservação.”
Esta
prerrogativa
que
os
legisladores
garantiram
ao
cidadão
permitiu
que
as
comunidades,
em
qualquer
lugar
do
país,
passassem
a
pleitear
o
reconhecimento
do
seu
patrimônio
cultural
tanto
quanto
um
monumento
em
Brasília,
São
Paulo
ou
Rio
de
Janeiro,
reconhecidos
internacionalmente.
O
Círio
de
Nossa
Senhora
de
Nazaré,
o
Jongo
do
Sudeste,
o
Modo
de
Fazer
Renda
Irlandesa,
o
Ofício
dos
Mestres
de
Capoeira,
o
Ritual
Yaokwa,
o
Ritxòkò
-‐
expressão
artística
e
cosmológica
do
povo
Karajá
são
exemplos
de
bens
culturais
imateriais,
reconhecidos
pelo
Iphan.
Isso
só
foi
possível
porque
as
comunidades
lutaram
pelo
seu
reconhecimento
e
a
sociedade
brasileira
ligada
à
área
da
cultura,
conseguiu
a
aprovação
do
Decreto
nº
3.551,
de
1
Carta
Internacional
sobre
conservação
e
restauração
de
monumentos
e
sítios,
1964.
Disponível
em
http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=236
(consultado
em
13
de
agosto
de
2013)
04/08/2000,
que
instituiu
o
Registro
de
Bens
Culturais
de
Natureza
Imaterial
e
criou
o
Programa
Nacional
do
Patrimônio
Imaterial
(PNPI)
e
consolidou
o
Inventário
Nacional
de
Referências
Culturais
(INCR).
Todas
essas
manifestações
fazem
parte
da
memória
do
povo,
expressas
na
forma
de
patrimônio
cultural,
seja
material
ou
imaterial.
Portanto,
para
uma
comunidade
de
um
determinado
local
não
há
diferença
entre
o
valor
do
Theatro
Municipal
do
Rio
de
Janeiro
e
o
coreto
ali
da
pracinha,
que
é
“testemunha”
de
múltiplas
festas
alegradas
pela
banda
local,
de
inúmeros
namoros
e
brincadeiras
e
tantas
outras
lembranças.
A
memória
coletiva
local
é
tão
ou
mais
importante
que
a
memória
nacional.
Para
o
historiador
francês
Pierre
Nora
a
cultura
popular,
a
história
da
vida
familiar
e
a
religiosidade
são
elementos
importantes
na
construção
social
da
memória.
Assim,
é
fundamental
que
as
comunidades
valorizem
o
seu
patrimônio
cultural,
pois
o
significado
de
qualquer
elemento
cultural
local
é
dado
por
elas.
Aqui,
já
vimos
que
o
Tombamento,
ou
o
Registro,
são
instrumentos
legais,
porém,
cabendo
aos
órgãos
de
patrimônio
dar
o
aprovo,
ou
não,
para
cada
pedido
solicitado
aos
órgãos.
No
entanto,
esta
não
é
a
questão
mais
importante.
Quem
dá
o
devido
grau
de
importância
ao
bem
cultural
é
a
comunidade.
Pouco
importa,
do
ponto
de
vista
do
significado,
se
ele
é
tombado
ou
registrado.
Deve-‐se
sim,
reconhecida
a
importância
de
um
bem
cultural,
preservá-‐lo
de
todas
as
formas
possíveis,
cultivando
o
amor
por
ele
junto
à
comunidade,
e
também
fazendo
um
inventário
para
que
todas
as
suas
características
estejam
ali
cadastradas,
seja
ele
material
ou
imaterial.
Não
há
mais
lugar
para
aceitarmos
que
“alguém”
diga,
tecnicamente,
se
um
bem
cultural
de
um
determinado
grupo
tem
valor
ou
não.
Esses
certificados
documentais
são
importantes,
mas
não
são
somente
eles
que
determinam
a
relevância
de
um
bem
cultural.
Vale
ressaltar
que
um
bem
tombado,
em
função
de
condições
especiais,
embora
seja
muito
raro,
pode
ser
destombado.
“Quando
um
grupo
social
considera
realmente
um
bem
cultural
como
seu,
como
parte
integrante
de
sua
vida
e
de
sua
história,
com
toda
a
certeza
esse
bem
terá
alcançado
a
condição
necessária
para
assegurar
sua
preservação
e
usufruto
das
futuras
gerações”.
(Campos,
2008)
Utilizando
uma
figura
muito
comum
na
cultura
popular
brasileira,
podemos
dizer
que
todo
garoto,
ao
chegar
em
casa,
vindo
da
maternidade,
já
tem
uma
bola
de
futebol
em
seu
berço,
embora
saibamos
que
não
seja
uma
verdade
absoluta.
Esta
é
uma
ação
de
Educação
Patrimonial.
Ao
observar
em
uma
banca
de
jornais
que,
praticamente
todas
capas
de
revistas
mostram
mulheres
brancas,
como
não
comentar
a
ausência
de
outras
etnias
representadas
ali?
Esse
comentário
é
uma
ação
de
Educação
Patrimonial.
Onde
está
a
diversidade
cultural
e
étnica,
tão
marcantes
em
nosso
país?
O
patrimônio
cultural
do
Estado
do
Rio
de
Janeiro
é
riquíssimo.
E
este
aspecto
está
diretamente
relacionado
com
a
sua
história.
A
colonização
portuguesa
no
Brasil
foi
sempre
acompanhada
pelo
trabalho
efetivo
da
Igreja
Católica,
muitas
vezes
pioneira,
mas
também
predatória,
ocupando
territórios
antes
mesmo
da
chegada
de
colonos.
Promovia-‐se
assim
a
catequese
indígena,
destruindo
a
cultura
nativa
e
consolidando
a
cultura
cristã
portuguesa.
Com
a
introdução
de
novos
processos
econômicos,
outro
elemento
foi
introduzido
neste
contexto:
o
africano,
trazido
para
o
Brasil
para
trabalhar
como
escravo.
A
diversidade
cultural
se
ampliou
com
a
vinda
de
diversos
grupos
de
imigrantes,
a
partir
do
século
XIX.
O
resultado
disso
é
uma
cultura
diversificada.
No
entanto,
a
desigualdade
social
e
de
oportunidades
e
a
interferência
dos
meios
de
comunicação
aprofundaram
o
abismo
existente
entre
as
chamadas
“culturas
dominantes”
e
a
“cultura
popular”.
“Ao
tentar
enfrentar
seu
problema
mais
urgente
–
a
desigualdade
social
–
o
país
vem
descobrindo
a
forte
influência
da
cultura
para
a
configuração
dessa
realidade,
bem
como
seu
potencial
de
transformação
social
do
cenário
atual”.
(Unesco)
Falta
ainda
uma
abordagem
cultural
mais
profunda
com
relação
aos
povos
indígenas
e
aos
afrodescendentes.
É
preciso
preservar
o
grande
acervo
cultural
salvaguardando
tradições
indígenas,
línguas
indígenas
ameaçadas
de
desaparecimento,
conhecimento
tradicional
indígena
sobre
a
natureza,
terras
indígenas,
a
cultura
africana
tão
presente
na
cultura
e
história
do
Brasil,
as
terras
quilombolas,
entre
outras
minorias.
“Sobre
o
tempo,
sobre
a
taipa,
a
chuva
escorre.
As
paredes
que
viram
morrer
os
homens,
que
viram
fugir
o
ouro,
que
viram
finar-‐se
o
reino,
que
viram,
reviram,
viram,
já
não
vêem.
Também
morrem.”
A
história
esquecida
da
Vila
da
Estrela.
Carlos
Drummond
de
Andrade
O
Inepac,
órgão
da
Secretaria
de
Cultura
do
Estado
do
Rio
de
Janeiro,
produziu
o
filme
“Cidades
Invisíveis”,
abordando
quatro
cidades
que
foram
importantes
centros
nos
períodos
colonial
e
imperial
e
hoje
são
ruínas.
Como
nada
foi
construído
sobre
elas,
estando
totalmente
abandonadas,
transformaram-‐se
em
cidades
invisíveis.
Uma
delas
é
a
Vila
de
Estrela,
importante
porto
comercial,
no
Caminho
do
Ouro,
ligando
o
Rio
de
Janeiro
a
Minas
Gerais.
Dirigido
por
Elizabeth
Formaggini,
cineasta
e
historiadora
do
órgão,
é
uma
obra
de
forte
conteúdo
pedagógico.
Utilizado
em
debates
pela
equipe
do
Inepac
tem
se
mostrado
eficiente
no
processo
de
Educação
Patrimonial.
A
Secretaria
de
Cultura
do
Estado
do
Espírito
Santo
publicou,
em
2010,
o
manual
Educar
para
Preservar
–
Educação
Patrimonial
no
Espírito
Santo,
uma
proposta
para
orientar
o
professor
na
tarefa
de
promover
a
Educação
Patrimonial.
Outra
experiência
interessante
é
promovida
pela
Universidade
Federal
do
Rio
de
Janeiro
(UFF),
por
meio
do
Departamento
de
Artes
e
Estudos
Culturais,
que
desenvolve
um
programa
de
extensão
visando
à
preservação
do
patrimônio
cultural
em
Oriximiná,
no
Pará.
O
programa
denominado
Implicações
Socioeducacionais
do
Artesanato
em
Oriximiná
está
acessível
nos
Cadernos
de
Cultura
e
Educação
para
o
Patrimônio,
publicado
pela
UFF.
“Art.
215.
O
Estado
garantirá
a
todos
o
pleno
exercício
dos
direitos
culturais
e
acesso
às
fontes
da
cultura
nacional,
e
apoiará
e
incentivará
a
valorização
e
a
difusão
das
manifestações
culturais.
§
1º
-‐
O
Estado
protegerá
as
manifestações
das
culturas
populares,
indígenas
e
afro-‐
brasileiras,
e
das
de
outros
grupos
participantes
do
processo
civilizatório
nacional.
§
2º
-‐
A
lei
disporá
sobre
a
fixação
de
datas
comemorativas
de
alta
significação
para
os
diferentes
segmentos
étnicos
nacionais.
II
produção,
promoção
e
difusão
de
bens
culturais;
(Incluído
pela
Emenda
Constitucional
nº
48,
de
2005)
V
-‐
os
conjuntos
urbanos
e
sítios
de
valor
histórico,
paisagístico,
artístico,
arqueológico,
paleontológico,
ecológico
e
científico.
§
1º
-‐
O
Poder
Público,
com
a
colaboração
da
comunidade,
promoverá
e
protegerá
o
patrimônio
cultural
brasileiro,
por
meio
de
inventários,
registros,
vigilância,
tombamento
e
desapropriação,
e
de
outras
formas
de
acautelamento
e
preservação.
§
4º
-‐
Os
danos
e
ameaças
ao
patrimônio
cultural
serão
punidos,
na
forma
da
lei.
§
5º
-‐
Ficam
tombados
todos
os
documentos
e
os
sítios
detentores
de
reminiscências
históricas
dos
antigos
quilombos.”
O
Sistema
Nacional
de
Cultura,
organizado
em
regime
de
colaboração,
de
forma
descentralizada
e
participativa,
institui
um
processo
de
gestão
e
promoção
conjunta
de
políticas
públicas
de
cultura,
democráticas
e
permanentes,
pactuadas
entre
os
entes
da
Federação
e
a
sociedade,
tendo
por
objetivo
promover
o
desenvolvimento
humano,
social
e
econômico
com
pleno
exercício
dos
direitos
culturais.
(Incluído
pela
Emenda
Constitucional
nº
71,
de
2012).
O
Sistema
Nacional
de
Cultura
fundamenta-‐se
na
política
nacional
de
cultura
e
nas
suas
diretrizes,
estabelecidas
no
Plano
Nacional
de
Cultura,
e
rege-‐se
pelos
seguintes
princípios:
(Incluído
pela
Emenda
Constitucional
nº
71,
de
2012)
“I
-‐
diversidade
das
expressões
culturais;
Incluído
pela
Emenda
Constitucional
nº
71,
de
2012
II
-‐
a
universalização
do
acesso
aos
bens
e
serviços
culturais;
§
4º
Os
Estados,
o
Distrito
Federal
e
os
Municípios
organizarão
seus
respectivos
sistemas
de
cultura
em
leis
próprias.
Incluído
pela
Emenda
Constitucional
nº
71,
de
2012.”
Os
artigos
215
e
216
da
Constituição
abrangem
toda
a
área
da
Cultura.
O
conhecimento
completo
desses
artigos
possibilita
a
compreensão
de
como
se
organiza
o
setor
da
Cultura
no
Brasil,
e
consequentemente,
da
área
do
Patrimônio
Cultural.
A
proteção
do
patrimônio
cultural
local
também
é
uma
preocupação
presente
na
Constituição
de
1988.
“Art.
30.
Compete
aos
Municípios:
IX
-‐
promover
a
proteção
do
patrimônio
histórico-‐cultural
local,
observada
a
legislação
e
a
ação
fiscalizadora
federal
e
estadual.”
O
órgão
que
orienta
normativamente
a
proteção
do
patrimônio
cultural
brasileiro
é
o
Instituto
do
Patrimônio
Histórico
e
Artístico
Nacional
–
Iphan.
“Há
mais
de
75
anos,
o
IPHAN
vem
realizando
um
trabalho
permanente
e
dedicado
de
fiscalização,
proteção,
identificação,
restauração,
preservação
e
revitalização
dos
monumentos,
sítios
e
bens
móveis
do
país.”
O
Decreto-‐Lei
nº
25,
de
30
de
novembro
de
1937,
pioneiro
no
Brasil,
ainda
é
a
principal
legislação
federal.
Ele
organizou
a
proteção
do
patrimônio
histórico
e
artístico
nacional
e
regulamentou
a
ação
do
então
Sphan.
Em
seu
artigo
1º
ele
define:
“Art.
1º
Constitue
o
patrimônio
histórico
e
artístico
nacional
o
conjunto
dos
bens
móveis
e
imóveis
existentes
no
país
e
cuja
conservação
seja
de
interêsse
público,
quer
por
sua
vinculação
a
fatos
memoráveis
da
história
do
Brasil,
quer
por
seu
excepcional
valor
arqueológico
ou
etnográfico,
bibliográfico
ou
artístico.”
(texto
original)
Cria
também
os
Livros
de
Tombo,
nos
quais
estão
registrados
os
tombamentos
efetuados
pelo
órgão:
“Art.
4º
O
Serviço
do
Patrimônio
Histórico
e
Artístico
Nacional
possuirá
quatro
Livros
do
Tombo,
nos
quais
serão
inscritas
as
obras
a
que
se
refere
o
art.
1º
desta
lei,
a
saber:
1)
no
Livro
do
Tombo
Arqueológico,
Etnográfico
e
Paisagístico,
as
coisas
pertencentes
às
categorias
de
arte
arqueológica,
etnográfica,
ameríndia
e
popular,
e
bem
assim
as
mencionadas
no
§
2º
do
citado
art.
1º.
2)
no
Livro
do
Tombo
Histórico,
as
coisas
de
interêsse
histórico
e
as
obras
de
arte
histórica;
3)
no
Livro
do
Tombo
das
Belas
Artes,
as
coisas
de
arte
erudita,
nacional
ou
estrangeira;
4)
no
Livro
do
Tombo
das
Artes
Aplicadas,
as
obras
que
se
incluírem
na
categoria
das
artes
aplicadas,
nacionais
ou
estrangeiras.”
Na
área
do
patrimônio
imaterial
é
fundamental
o
conhecimento
do
Decreto
nº
3.551,
de
04
de
agosto
de
2000,
que
criou
o
Registro
de
Bens
Culturais
de
Natureza
Imaterial:
o
“Art.
1
Fica
instituído
o
Registro
de
Bens
Culturais
de
Natureza
Imaterial
que
constituem
patrimônio
cultural
brasileiro.
§
1o
Esse
registro
se
fará
em
um
dos
seguintes
livros:
I
-‐
Livro
de
Registro
dos
Saberes,
onde
serão
inscritos
conhecimentos
e
modos
de
fazer
enraizados
no
cotidiano
das
comunidades;
II
-‐
Livro
de
Registro
das
Celebrações,
onde
serão
inscritos
rituais
e
festas
que
marcam
a
vivência
coletiva
do
trabalho,
da
religiosidade,
do
entretenimento
e
de
outras
práticas
da
vida
social;
III
-‐
Livro
de
Registro
das
Formas
de
Expressão,
onde
serão
inscritas
manifestações
literárias,
musicais,
plásticas,
cênicas
e
lúdicas;
IV
-‐
Livro
de
Registro
dos
Lugares,
onde
serão
inscritos
mercados,
feiras,
santuários,
praças
e
demais
espaços
onde
se
concentram
e
reproduzem
práticas
culturais
coletivas.”
“O
decreto
rege
o
processo
de
reconhecimento
de
bens
culturais
como
patrimônio
imaterial,
institui
o
registro
e,
com
ele,
o
compromisso
do
Estado
em
inventariar,
documentar,
produzir
conhecimento
e
apoiar
a
dinâmica
dessas
práticas
socioculturais.”
(Iphan)
Além
das
legislações
citadas,
o
Iphan,
ao
longo
dos
anos,
produziu
uma
série
de
regulamentações,
que
podem
ser
acessadas
em
seu
portal,
utilizando-‐se
o
link
abaixo:
http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=12141&retorno=paginaI
phan
O
Estado
do
Rio
de
Janeiro,
como
vimos,
foi
o
pioneiro
na
criação
de
um
órgão
estadual
de
proteção
do
patrimônio
cultural,
em
1963,
na
época
a
DPHA
e,
a
partir
de
1975,
o
Inepac.
A
legislação
que
rege
as
ações
do
Inepac
está
disponível
no
portal
www.inepac.rj.gov.br,
assim
como
todos
os
bens
tombados
pelo
Instituto,
desde
1965.
A
Constituição
do
Estado
do
Rio
de
Janeiro
de
1989
em
seus
Artigos
73,
229,
230
e
231,
dispõe
sobre
questões
do
patrimônio
cultural
e
das
normas
das
cidades.
É
fundamental
conhecer,
no
Estado
do
Rio
de
Janeiro,
a
seguinte
legislação:
Procure
saber,
também,
sobre
as
diretrizes
estabelecidas
pelo
Estatuto
da
Cidade,
Lei
nº
10.257,
de
10
de
julho
de
2001,
que
veio
regulamentar
diversos
aspectos
do
desenvolvimento
local,
inclusive
os
relacionados
à
preservação
do
patrimônio
cultural
e
natural.
É
importante
saber
também
se
há
no
município
um
órgão
da
Prefeitura
responsável
pelo
Patrimônio
Cultural.
É
também
muito
importante
que
você
conheça
o
Plano
e
o
Sistema
Nacional
de
Cultura.
Além
disso,
se
informe
sobre
os
Planos
e
Sistemas
de
Cultura
do
seu
Estado
e
do
seu
Município.
Somente
com
o
estudo
desse
conjunto
de
leis,
decretos
e
regulamentações
sobre
o
patrimônio
cultural,
você
poderá
se
sentir
seguro
para
analisar
e
comentar
as
decisões
referentes
à
proteção
do
Patrimônio
Cultural.
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V.
1,
p.
51-‐86.
Secretaria
de
Estado
de
Cultura.
Instituto
Estadual
do
Patrimônio
Cultural.
Patrimônio
Cultural:
Guia
dos
Bens
Tombados
pelo
Estado
do
Rio
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