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Estudo dos fatores de perceção das alterações

climáticas e medidas de consciencialização e


perceção de risco na Republica Federal da Nigéria e
na Republica Federal do Gana.

Trabalho realizado por: Francisco Barros;


9 de maio de 2018.

Mestrado em Ciências Geofísicas;

Departamento de Geologia, Engenharia Geográfica Geofísica e Energia;

Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

1
1. Introdução. ............................................................................................................................ 3
2. Perspetiva Global das alterações climáticas inserir ref. ........................................................ 4
2.1. Informação sobre os dados da estatística. .................................................................... 4
2.2. Resultados obtidos pelo estuda da Gallup World Poll. ................................................. 4
2.3. Distribuição espacial da perceção das alterações climáticas e da perceção do risco que
as mesmas representam. .......................................................................................................... 5
2.4. Comparação da relação entre os índices de um país com os seus parâmetros
consciencialização e perceção do risco para as alterações climáticas. ..................................... 7
3. Perceção das alterações climáticas na cidade de Enugu (Republica Federal da Nigéria). .... 8
3.1. Conhecimentos breves sobre a Nigéria: ............................................................................... 9
3.2. Resultados da Gallup World Poll para a Republica Federal da Nigéria: ........................ 9
3.3. Caso de estudo da perceção das alterações climáticas pela população agrícola no Este
da Republica Federal da Nigéria (cidade de Enugu)................................................................ 12
3.3.1. Resultados obtidos. ............................................................................................. 12
3.3.2. Conclusão: ........................................................................................................... 13
4. Perceção das alterações climáticas no distrito de Sekyedumase (Republica do Gana)...... 14
4.1. Conhecimentos breves sobre o Gana: ........................................................................ 14
4.2. Resultados da Gallup World Poll para a Republica do Gana: ...................................... 14
4.3. Caso de estudo da perceção das alterações climáticas pela população agrícola no
distrito de Sekyedumase (região central) na Republica do Gana: .......................................... 16
4.3.1. Resultados obtidos: ............................................................................................. 16
4.2.1. Conclusão: ........................................................................................................... 18
2 Conclusão: ........................................................................................................................... 19
3 Referências: ......................................................................................................................... 19

2
1. Introdução.
As alterações climáticas manifestam-se à escala global e são consideradas como um dos maiores
desafios para o século XXI sendo que sua componente antropogénica é atualmente tema de
investigação e discussão científica. Uma prevenção e moderação desta componente
antropogénica para as alterações climáticas requer uma cooperação conjunta de todos os países
do mundo e como tal é necessária uma compreensão e consciencialização das mesmas por parte
das populações de cada país. Assim este artigo têm como objetivo apresentar a perspetiva global
da consciencialização de risco para as alterações climáticas e posteriormente investigar a
perceção das mesma pelos habitantes de países em desenvolvimento, nomeadamente da
Republica Federal da Nigéria (cidade de Enugu) e da Republica do Gana (Distrito de
Ejura\Sekyedurmae) tendo como objetivo o apelo para educação climática nesta regiões de
modo a que o desenvolvimento socioeconómico destes países seja também sustentável a nível
ambiental.

3
2. Perspetiva Global das alterações climáticas (Ref. 1).
2.1. Informação sobre os dados da estatística.
Os dados dos dados apresentados foram recolhidos na Gallup World Poll, realizada entre 2007
e 2008 com amostras representativas de 119 países, representando cerca de 90% da população
mundial.

As respostas obtidas à pergunta “How much do you know about global warming or climate
change?” foram divididos de modo a ser obtida uma classificação binária em “aware” e
“unaware” sendo os resultados a esta pergunta apresentados na figura 1. Posteriormente o que
o nível de resposta “aware” foi também sujeito a divisão entre “serious” e “not serious” atráves
da pergunta “How serious of a threat is global warming to you and your family?” sendo os
resultado apresentados na figura 2. É de salientar que os resultados desta divisão são
dependentes dos resultados da primeira divisão.

Assim, com os resultados adicionais recolhidos pela Gallup World Poll, foi determinado o nível
individual da consciencialização para as alterações climáticas e o grau de risco das mesmas para
indivíduos de diferentes países, sendo colocado como hipótese a priori que a consciencialização
para as alterações climática e a perceção de risco é dependente de fatores sociodemográficos
(género, idade, religião, educação e localização), físicos e financeiros, de saúde pessoal e crenças
pessoais sobre o tema, acesso á comunicação, comportamento social (atividades de ativismo
cívico) e em opinião em temas relacionados com o assunto (qualidade do ar).

2.2. Resultados obtidos pelo estuda da Gallup World Poll.


Os resultados obtidos por este estudo mostram que a perceção para as alterações climáticas e
para o risco que esta representam não têm distribuição uniforme no globo terrestre como era
espectado. Os maiores níveis de perceção (mais de 90% da população) foram obtidos em regiões
desenvolvidas como por exemplo, nos EUA, Europa e Japão. Em contrapartida, foi obtido que a
maioria das populações de regiões em desenvolvimento nomeadamente da Africa, Médio
Oriente e Asia não possuem conhecimentos sobre as alterações climáticas (cerca de 65% da
população em países como o Egipto, Bangladesh, Nigéria e India).

Figura 1: Distribuição espacial dos resultados de consciencialização para as alterações climáticas obtidos a partir de
um inquérito aplicado a 119 países, relativos á questão “How much do you know about global warming or climate
change?”. Regiões a cinzento claro representam regiões sem dados. A imagem da direita representa a
consciencialização paras as alterações climáticas para a população de idade igual ou superior a 15 anos. A distribuição
espacial de cada bolha na imagem da direita representa aproximadamente as relações espaciais entre países. Lee et
al..

É importante referir que relativamente á percentagem das populações nas regiões em


desenvolvimento que possuem conhecimento sobre as alterações climáticas estas possuem
uma maior perceção do risco que as alterações climáticas representam para si e para a sua
família.

4
Figura 2: Distribuição espacial dos resultados de consciencialização para as alterações climáticas obtidos a partir de
um inquérito aplicado a 119 países, relativos á questão “How serious of a threat is global warming to you and your
family?”. Regiões a cinzento claro representam regiões sem dados. A imagem da direita representa a
consciencialização paras as alterações climáticas para a população de idade igual ou superior a 15 anos. A distribuição
espacial de cada bolha na imagem da direita representa aproximadamente as relações espaciais entre países. Lee et
al..

Uma vez que a perceção individual de cada individuo para as alterações climáticas será
determinada pela cultura e geográfica do seu país, foram determinados quais os parâmetros de
consciencialização e perceção para as alterações climáticas de cada país, sendo os resultados
apresentados na figura 3.

Posteriormente foi aplicado o método de “non-parametric unbiased recursive partitioning”, isto


é, uma árvore de inferência condicional às respostas correspondestes aos três principais fatores
para a consciencialização e perceção de risco para as alterações climáticas correspondeste às
respostas individuais de cada país. Este método tem como objetivo compensar erros estatísticos
devido a possíveis interações entre parâmetros preditores e classes não equilibradas
numericamente).

2.3. Distribuição espacial da perceção das alterações climáticas e da perceção


do risco que as mesmas representam.
Foi verificado que os três parâmetros principais globalmente para a consciencialização para as
alterações climáticas são a educação, o acesso á comunicação e outros (temperatura local,
suscetibilidade a extremos climáticos) sendo que estes têm diferentes graus de significância
consoante o país em estudo como pode ser verificado na figura 3.

É importante notar que parâmetros locais como a má qualidade do ar ou a má qualidade da


água podem ser incorretamente relacionados com o impacto das alterações climáticas e assim
influenciar as respostas de uma dada percentagem da população em determinadas regiões (por
exemplo na China).

Para a perceção do risco das alterações climáticas pela população os três parâmetros principais
identificados são nomeadamente a causa do aquecimento global, a perceção da temperatura
local e outros (suscetibilidade a extremos, fenómenos de poluição locais), sendo que existe uma
variação da importância significativa destes parâmetros de região para região pode ser
comprovado na figura 3.

5
Figura 3: Distribuição espacial dos três principais fatores de a) consciencialização b) e de perceção de risco das
alterações nos 119 países inquiridos. Representação da importância relativa desses parâmetros para diferentes
regiões do globo nomeadamente da Africa (AF), Asia (AS), Europa, América do Norte e Austrália (EU*) e América latina
e Caraíbas (LAC) onde a classificação de “others” representa todos os outros parâmetros com número razoável para
média. As linhas sobre alguns países indicam que o rácio da estatística entre o primeiro e o segundo parâmetro é ≥
1.5 sendo que um rácio superior indica uma maior influência do preditor. É de salientar que o nível de educação
global (62% dos 113 países inquiridos) e as crenças sobre as causas do aquecimento global (48% dos 119 países
inquiridos) são os preditores globais principais sobre a consciencialização das alterações climáticas e sobre a perceção
do risco das mesmas, Lee et al..

Para determinar a importância relativa entre o principal parâmetro e o segundo parâmetro em


cada país, foi calculada a razão entre os mesmos sendo que um maior rácio entre preditores
mostra qual a razão da influência do primeiro parâmetro sobre o segundo. Os resultados obtidos
são apresentados na figura 4.

6
Figura 4:Distribuição espacial do rácio entre os dois principais parâmetros de a) consciencialização e b) perceção do
risco para as alterações climáticas.

Os resultados obtidos neste estudo sugerem que á medida que as sociedades vão adquirindo
um maior grau de educação (particularmente nos países em desenvolvimento) e á medida que
um maior número de indivíduos começa a experimentar alterações acentuadas e atípicas no
clima local, a consciencialização para as alterações climáticas e a perceção do risco que as
mesmas representam tende a aumentar.

2.4. Comparação da relação entre os índices de um país com os seus


parâmetros consciencialização e perceção do risco para as alterações
climáticas.
O objetivo desta parte do estudo é determinar se nações com os mesmos preditores principais
de consciencialização para as alterações climáticas e perceção do risco partilham das mesmas
características nacionais, isto é IDH (índice de desenvolvimento humano), PBI (produto interno
bruto), emissões de carbono per capita, taxa de globalização, orientação politica, pegada
ecológica, bio capacidade total, exposição para o aumento do nível do oceano, frequência de
extremos climáticos e perda de produtividade na agricultura.

Para efetuar esta análise aos dados, foi utilizado uma “Non-metric multidimensional scaling”
(NMDS) de modo a tornar possível a representação entre as relações de cada país e de um dado
parâmetro de consciencialização e perceção num espaço de baixa dimensão (2D) e
posteriormente uma “permutational multivariate analysis of variance test” (ANOVA) de forma
a analisar o modo de como é que as características internas de desenvolvimento de um

7
determinado país se relacionam com as variações entre os principais parâmetros de
consciencialização e de perceção para diferentes países.

Para os parâmetros de consciencialização das alterações climáticas, foi aplicado o método de


análise a 90 países (76% dos 119 países inquiridos) sendo os resultados apresentados na figura
5.

Figura 5: Ordenação dos parâmetros principais de a) consciencialização e b) perceção de risco para as alterações
climáticas de acordo com as características internas de cada país. O tamanho da bolha para cada país representa a
qualidade do ajuste e o stress da análise, sendo que quanto maior forem as dimensões da bolha para os diferentes
países menor será a qualidade da análise. Lee et al.

A partir da figura 5a. é possível verificar que um número elevado de países se sobrepõe no
centro do espaço de ordenação, o que implica que estes partilham dos mesmos parâmetros de
consciencialização para alterações climáticas.

Em contrapartida após análise da figura 5b. é possível inferir que 70 dos países estudados (59%
dos 119), possuem de parâmetros de perceção de risco dispersamente distribuídos pelo disco
de ordenação, o que implica que os seus preditores de risco são distintos.

A análise aplicada aos dados mostra alguma influência nos parâmetros de perceção de risco na
distribuição geográfica (nomeadamente na vizinhança entre países) no entanto de uma forma
global, é verificado que os índices nacionais de sustentabilidade (IDH e PBI) são maus indicadores
de uma possível relação entre a consciencialização das alterações climáticas e da perceção do
risco global das mesmas entre países vizinho.

3. Perceção das alterações climáticas na cidade de Enugu na


Republica Federal da Nigéria (Ref. 2).

8
3.1. Conhecimentos breves sobre a Nigéria:
A Republica federal da Nigéria é um país situado na região Oeste de Africa com a zona costeira
situada no Golfo da Guiné. Possui um tipo de clima tropical com precipitação sazonal e com
zonas de vegetação natural abundantes.

Possui a vigésima maior economia mundial, com um valor superior a 500 biliões de dólares em
termos nominais de PBI e um poder de comprar nominal de cerca de 1 trilião de dólares. No ano
de 2014 foi considerada a maior economia de Africa. Foi ainda considerada pelo Banco Mundial
como uma potência na região Africana e é também identificada como uma potência emergente
a nível mundial, no entanto possui um índice de desenvolvimento humano “low” o 152º país a
nível mundial.

É o 12º maior produtor de petróleo a nível mundial e o 8º maior exportador. Possui


características geográficas propícias ao desenvolvimento de energias sustentáveis (ref.9).

A Republica Federal da Nigéria possuía em Dezembro de 2006 cerca de 140 003 542 habitantes
com cerca de 500 grupos étnicos distinto. Desses 140 003 542 habitantes, 51.2% correspondem
ao género masculino e 48.8% correspondem ao género feminino. O país apresenta a 3ª maior
população jovem do mundo.

A Republica Federal da Nigéria proporciona uma educação primária gratuita (suportada pelo
governo) no entanto não é obrigatória a nenhum dos níveis de ensino. Assim, cerca de 68 % da
população é literata, sendo que a taxa de literação é superior para o género masculino cerca de
60,6% enquanto que para o género feminino é de 39,4%.

A nível ambiental, o país sofre de alguns problemas graves, nomeadamente de poluição na zona
do Delta devido principalmente ao derramamento de hidrocarbonetos, má gestão de
desperdícios (tratamento de esgotos), degradação da qualidade do solo e desflorestação, sendo
que entre 1990 e 2005 o país perdeu cerca de 35,7% da sua cobertura florestal
(aproximadamente 6 145 000 hectares).

Em termos de religião, a Republica Federal da Nigéria possuí uma distribuição mais ao menos
uniforme de 50% religião cristã (com maior distribuição no Sul do país) e 50% religião islâmica
(com maior distribuição no Norte do país).

3.2. Resultados da Gallup World Poll para a Republica Federal da Nigéria:

A partir da análise da figura 6, podemos inferir que os três principais fatores de


consciencialização das alterações climáticas para a Republica Federal da Nigéria são
respetivamente a religião, a educação e o género.

9
Figura 6: Distribuição global dos três principais parâmetros de consciencialização para as alterações climáticas nos
diferentes países inquiridos. Lee et al..

Sendo que a partir dos dados da figura 7 podemos concluir que os três principais fatores
preditores do risco das alterações climáticas para a Republica Federal da Nigéria são
respetivamente a educação a religião e a causa do aquecimento global.

Figura 7: Distribuição global dos três principais parâmetros de perceção de risco para as alterações climáticas nos
diferentes países inquiridos. Lee et al..

Os dados obtidos foram analisados através de uma árvore de inferência condicional utilizando
o método “permutational multivariate analysis of variance test” (ref. 1) obtendo-se assim a
figura 8.

10
Figura 8: Árvore de inferência condicional para dos dados recolhidas da Gallop World Poll para a Republica Federal
da Nigéria. Lee et al..

A partir da figura 8, é possível verificar a importância do género e da religião de um determinado


indivíduo para a sua consciencialização para as alterações climática sendo possível concluir a
partir da figura 1 e comprovado pela figura 8 que uma percentagem inferior a 30% da população
da Republica Federal da Nigéria possui consciência sobre as alterações climáticas.

Uma vez que o terceiro principal parâmetro de perceção de risco é a causa do aquecimento
global, a figura 8 representa um gráfico da evolução da taxa1 de emissões de CO2 per capita em
toneladas por metro cúbico ao longo de 45 anos para a Republica Federal da Nigéria.

Figura 9: Evolução da taxa de emissões de 𝐶𝑂2 per capita para a Republica Federal da Nigéria ao longo de 45 anos.
(Ref.10)

1
Relativamente ao rácio de emissão de outros gases causadores de efeito estufa.

11
Assim, apesar de ser possível verificar que o nível de emissões de CO2 per capita sofreu uma
diminuição é de questionar como é que a causa para o aquecimento global aparece em 3º lugar
como um preditor do risco para as alterações climáticas enquanto que na Republica do Gana (2ª
parte deste estudo) aparece como preditor principal do risco para as alterações climáticas
apesar da taxa de emissão de 𝐶𝑂2 per capita ser atualmente inferior neste país e de serem
“países vizinhos”.

3.3. Caso de estudo da perceção das alterações climáticas pela população


agrícola no Este da Republica Federal da Nigéria (cidade de Enugu) (Ref. 2)
Para inferir se a perceção da comunidade agrícola da cidade de Enugu sobre as alterações
climáticas corresponde com as variações climáticas observadas localmente procedeu-se
inicialmente ao estudo da evolução dos dados2 para os extremos de temperatura média mensal,
precipitação e humidade relativa do ar durante o período de 1971 a 2011.

A partir desses dados, foram elaborados gráficos de dispersão3 e posteriormente foi aplicado
um ajuste linear a cada um desses dados de modo a tornar possível determinar qual a taxa de
variação anual destes valores, sendo que se verifica uma taxa de variação positiva para cada um
dos parâmetros estudados como pode ser comprovado pela seguinte tabela.

Parâmetro Temp Max. Temp Min. Precipitação Humidade Rel.


Variação 0,0109 ℃. ano−1 0,0188 ℃. ano−1 0,176 0,1142 ano−1
mm. ano−1
Figura 10: Taxas de variação anual para temperatura máxima, temperatura mínima, precipitação acumulada e
humidade relativa para a cidade de Enugu da Republica Federal da Nigéria durante um período de 40 anos.

Posteriormente, para se determinar qual a perceção do conhecimento e consciencialização para


as alterações climáticas dos agricultores desta região, foram realizados 227 inquéritos sendo
que dessa amostra de 227 inquiridos, 58% eram do género feminino e 42% do género masculino,
sendo a faixa etária da amostra maioritariamente compreendida entre os 36 e os 45 anos de
idade. Assim, é de notar que a maioria da população estudada esteve sujeita ao período de
estudo para as variações dos parâmetros da tabela 2.

Maioritariamente os níveis de educação da população estudada são primários, no entanto


alguns dos inquiridos possuíam o grau de mestre.

3.3.1. Resultados obtidos.


Depois do processamento estatístico dos dados, foi obtido que 80% dos inquiridos acreditam
que as alterações climáticas4 podem ser enfrentadas e desses 80%, 75% acreditam que o
consumo de energia deveria ser consequentemente reduzido.

Dos 227 inquiridos, 75% acreditam que as alterações climáticas são um fenómeno natural e
desses 75%, 80% acreditam que as alterações climáticas são inevitáveis e desses 80%, 63%
acreditam que as alterações climáticas podem melhorar o clima da Republica Federal da Nigéria.

2
Os dados meteorológicos foram obtidos pelo Nigerian Meteorological Office (NIMET) com estações
distribuídas pela Republica Federal da Nigéria em raios de 50 quilómetros.
3
Os gráficos não foram colocados devido a uma baixa qualidade da imagem, no entanto podem ser visto
na figura 2 da referência 2.
4
Na referência 2 não existe distinção entre alterações climáticas com componente antropogénica e
alterações climáticas de caracter natural, portanto, de modo a manter a consistência do texto, o termo
alterações climáticas com componente antropogénica não será introduzido. No entanto, a expressão
enfrentar as alterações climáticas têm sentido lato.

12
Um ponto importante na análise é que 55% dos inquiridos consideram que é demasiado tarde
para enfrentar a questão das alterações climáticas e dos 45% que acreditam que ainda é possível
alterar o impacto das alterações climáticas, 58% não se tornam disponíveis para enfrentar o
problema a não ser que outros também tomem ação.

Aproximadamente 62% da população coloca a responsabilidade dos impactos climatológicos


sentidos até à data do estudo nos países desenvolvidos.

60% dos inquiridos acreditam que são necessárias mudanças significativas a nível social (por
exemplo no nível do sistema de educação) de modo a alterar as tendências das alterações
climáticas. Os restante 40% indivíduos da população acreditam que a sociedade é demasiado
egoísta para implementar mudanças substanciais com impacto nas tendências das alterações
climáticas e desses 40%, 63% acreditam que não é necessária nenhum tipo de ação.

Sendo que este estudo foi aplicado a uma comunidade agrícola, a seguinte tabela apresenta
quais os fatores mais importantes das manifestações das alterações climáticas para a população
estudada, sendo de notar a preocupação com um possível aumento da precipitação e a
preocupação com um possível aumento do nível de seca.

Figura 11: Fatores mais importante das manifestações das alterações climáticas na comunidade agrícola de Enugu da
amostra estudada. (Ref. 2)

Os resultados dos inquéritos mostram também que os media são a fonte de informação mais
confiada na informação sobre os impactos das alterações climáticas (64% da população),
enquanto que o governo é a fonte menos confiada para a informação sobre os impactos das
alterações climáticas (24% da população).

Quando a população estudada foi questinada sobre se o impacto das alteraçoes climáticas já
estava a ser sentido, 61% concordou enquanto que dos restantes 39%, 20% esperam sentir o
impacto das mesmas nos próximos 10 anos.

3.3.2. Conclusão:
Após esta secção da dissertação, é possível concluir que o tema das alterações climáticas se
encontra presente pelo menos em parte da comunidade agrícola da Republica Federal da
Nigéria, sendo que se conclui que é importante apostar numa parceria entre os media e a
comunidade científica de modo a promover uma maior divulgação e um maior conhecimento
sobre a importância do comportamento Humano para as alterações climáticas.

Uma outra medida importante para esta consciencialização seria a aposta do governo da
Republica Federal da Nigéria num nível de escolaridade obrigatório mínimo, uma vez que de

13
acordo com a referência 1 a educação é o preditor principal da perceção do risco das alterações
climáticas neste país.

4. Perceção das alterações climáticas no distrito de Sekyedumase


na Republica do Gana (Ref. 3).
4.1. Conhecimentos breves sobre o Gana:
A Republica do Gana é um país situado na região Oeste de Africa. Possui um clima tropical com
duas estações principais, a estação húmida e a estação seca.

É um país com disponibilidade de recursos naturais, possuindo potencial para a exploração


mineira, exploração de hidrocarbonetos e metais preciosos.

Têm um plano económico o plano “Ghana Vision 2020” que têm como objetivo tornar a
Republica do Gana no primeiro país Africano desenvolvido entre 2020 e 2029 e num país
recentemente industrializado entre 2030 e 2039.

A Republica do Gana é considerada um país de rendimentos médios.

Relativamente á educação, a Republica do Gana possuí um sistema educativo divido em três


partes: A educação básica, o ensino secundário e o ensino terciário, sendo que a educação básica
têm um período de duração de 11 anos é de caracter obrigatório e gratuito. Cerca de 95% das
crianças do Gana frequentam o nível básico de educação com um rácio entre crianças do género
feminino para o masculino de 0.98 em 2014. Assim, a taxa de literacia em 2015 era cerca de
76.6%.

No que diz respeito á religião, 71.2% da população da Republica do Gana é cristã, 17.6% é
muçulmana, 5.2% possui uma religião tradicional, 0.8% possui outra religião não especificada e
5.2% é ateia (estimativa de 2010).

Relativamente aos problemas ambientes, a Republica do Gana sofre de seca recorrente na


região norte (região mais empobrecida e rural do país) com múltiplos impactos nas atividades
agrícolas, desflorestação, erosão do solo, má qualidade do ar e da água em algumas regiões e
ameaças às populações de vida selvagem.

É de salientar que a Republica do Gana possui uma agência de proteção ambiental (EPA Ghana)
que têm como objetivo desenvolver a conservação e promoção do ambiente nacional e a
escolhas de políticas de modo a atingir um desenvolvimento sustentável tendo em consideração
os problemas sociais e de equidade. Esta agência é responsável pelos projetos de educação
ambiental das populações.

4.2. Resultados da Gallup World Poll para a Republica do Gana:


Recorrendo novamente á figura 6, é possível inferir que os três principais fatores de
consciencialização sobre as alterações climáticas na Republica do Gana são respetivamente a
educação, a comunicação e a taxa de rendimento pessoal, sendo que a partir da análise da figura
7, é possível retirar que para a perceção do risco das alterações climáticas os três principais
fatores são a causa do aquecimento global, os esforços governamentais para a preservação
ambiental e a discrepância entre os meios rurais e urbanos.

14
Para uma melhor compreensão dos dados obtidos, procedeu-se á análise dos mesmos através
de uma árvore de inferência condicional (Ref. 1) obtendo-se o seguinte resultado.

Figura 12: Figura 8: Árvore de inferência condicional para dos dados recolhidas da Gallop World Poll para a Republica
do Gana. Lee et al..

A partir da figura (VER NUMERO), é possível confirmar a importância da comunicação sobre a


consciencialização das alterações climáticas bem como a importância da educação para o
mesmo tema (o nível básico de educação fundamentalmente). É ainda possível verificar a
dependência do nível de rendimento no mesmo tema.

Verifica-se que da amostra estuda, 67.4% da população possui consciencialização para as


alterações climáticas.

A seguinte figura representa um gráfico da evolução de emissões de CO2 per capita em


toneladas por metro cúbico ao longo de 45 anos para a Republica do Gana.

15
Figura 13: Evolução da taxa de emissões de CO_2 per capita para a Republica Federal do Gana ao longo de 45 anos.
(Ref. 11).

O aumento das emissões de CO2 per capita associado a um esforço de preservação ambiental
por parte do EPA GHANA pode representar uma das razões pela qual a causa para o
aquecimento global é o principal fator de perceção de risco para as alterações climáticas na
Republica do Gana (figura 7).

4.3. Caso de estudo da perceção das alterações climáticas pela população


agrícola no distrito de Sekyedumase (região central) na Republica do Gana.
(Ref. 3).
O distrito de Sekyedumase situa-se numa região semi húmida da Republica do Gana e é uma das
maiores regiões de produção de alimento do país.

Para este estudo, 180 agricultores produtores foram inquiridos entre fevereiro e outubro de
2009 sendo que estes 180 agricultores foram escolhidos de forma aleatória a partir de quatro
comunidades agrícolas distintas (Ejura, Teacherkrom, Aframso, and Dromankuma).

4.3.1. Resultados obtidos:


Para efeitos de comparação entre a resposta da população sobre a perceção das alterações
climáticas com alterações climáticas sentidas na região, foram elaborados os gráficos das figuras
12 e 13 que representam a variação da temperatura média anual5 e a variação da precipitação
anual acumulada entre os anos de 1972 e 2008.

5
A fonte dos dados de temperatura média anual (com exceção do ano de 2003 devido á falta de dados)
e da precipitação anual acumulada foi a Ghana Meteorological Agency.

16
Figura 14: Variação da temperatura média anual para o distrito de Sekyedumase na Republica do Gana ao longo de
um período de 36 anos. Fosu-Mensah et al.

Figura 15: Precipitação anual acumulada para o distrito de Sekyedumase na Republica do Gana ao longo de um
período de 36 anos. Fosu-Mensah et al.

A partir da figura (mete) é possível determinar que a taxa de aumento da temperatura média
anual é de 0.0158℃. ano−1 .

De seguida, foram elaborados histogramas de acordo com as respostas dos inquiridos sobre a
perceção do aumento da temperatura média anual e sobre a perceção da diminuição do valor
de precipitação anual acumulada, sendo que os resultados são apresentados na seguinte figura.

17
Figura 16: Resposta em percentagem da perceção da variação a) da temperatura anual média e b) da precipitação
acumulada ao longo de 36 por parte dos inquiridos no distrito de Sekyedumase da Republica do Gana. Fosu-Mensah
et al.

Assim, de acordo com a figura 15, é possível concluir que cerca de 92% dos agricultores sentiram
uma alteração da temperatura e cerca de 87% dos agricultores sentiram uma diminuição no
valor de precipitação acumulado anualmente. No entanto, a partir dos dados da figura 14 é
possível concluir que não existe uma tendência na variação do valor de precipitação acumulado
e portanto a o facto de uma diminuição do valor anual de precipitação acumulado ter sido
sentido pelos agricultores deve ser devido a uma diminuição da precipitação na estação húmida
ou a uma secção de menor precipitação acumulada no ciclo de precipitação anual.

Para este estudo, determinou-se que o género e o nível de educação não são significantes para
a adaptação às alterações climáticas, no entanto nada é referido na referência 3 que indique
qual a dependência no género e na educação da população na perceção das alterações
climáticas para esta região.

Dos indivíduos inquiridos, 63.3% atribuem a causa do aumento da temperatura média anual á
depleção florestal, 18.9% atribuem a causa do aumento da temperatura média anual a
queimadas, 3.3% atribuem a causa do aumento da temperatura média anual ao aumento da
população e 8.9% atribuem a causa a outros fatores. Cerca de 5.6% dos inquiridos não
conseguem determinar uma causa para a alteração da temperatura média anual sentida.

4.2.1. Conclusão:
Após análise da referência 3 é possível concluir que o tema das alterações climáticas se encontra
presente em pelo menos pare da comunidade agrícola da Republica do Gana e verifica-se
também a concordância entre os parâmetros de perceção de risco para as alterações climáticas
determinados pela referência 1 e as respostas obtidas da população inquiridas sobre a causa do
aumento da temperatura média anual, sendo que todas as respostas obtidas são de caracter
ambiental.A partir da figura 1 é possível verificar que menos de 30% da população da Republica
do Gana possui consciência para as alterações climáticas, sendo que se conclui também que é
importante apostar num esforço conjunto para a divulgação da consciencialização e do risco das
mesmas por parte do sistema educativo e do sistema de comunicação sendo que seria uma forte
aposta por parte do governo da Republica do Gana tentar implementar novas medidas a nível
da educação ambiental nestes dois setores, fazendo também uso da escolaridade básica
obrigatória.

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4. Conclusão:
Após a análise deste dois casos de estudo, foi verificada a importância da educação para a
consciencialização e perceção do risco para as alterações climáticas, sendo que esta é um
preditor importante das mesmas quer nos dois países estudados quer a nível mundial como
pode ser comprovado pela figura 3.

Seria de esperar por hipótese colocada na referência 1 de que países vizinhos partilhassem dos
mesmos parâmetros principais para a consciencialização e para a perceção de risco no entanto,
para os dóis países estudados apenas se verificou a partilha de 2 em 6 parâmetros.

Uma possível variação na partilha da importância dos parâmetros, nomeadamente no


parâmetro da educação pode dever-se à existência de um nível de escolaridade obrigatória na
Republica Federal do Gana e a não existência do mesmo nível de escolaridade obrigatória na
Republica Federal da Nigéria.

É de notar que ambos os países estudados têm como preditor (apesar de não ser com a mesma
importância significativa) a causa do aquecimento global podendo este ser um fator importante
para um desenvolvimento sustentável uma vez que ambos os países possuem economias em
desenvolvimento com uma forte componente na indústria de hidrocarbonetos.

O facto de o segundo principal parâmetro de perceção de risco para as alterações climáticas na


Republica do Gana ser os esforços governamentais para a preservação ambiental indica a
importância das ações governamentais na opinião da população do país.

Note-se também que a maioria dos inquiridos das referências 2 e referência 3 afirmam já terem
ou esperarem sentir o impacto das alterações climáticas nos próximos 10 anos o que mostra a
suscetibilidade de uma dada parcela da população às mesmas. No entanto, estas respostas
podem também dever-se a alterações climáticas locais ou a problemas ambientais locais que
são incorretamente associados às alterações climáticas pelas populações de acordo com a
referência 1 e assim influenciar de forma incorreta a sua perceção.

Por fim, conclui-se que a consciencialização e perceção do risco para as alterações climáticas por
parte da população global possui uma importância fundamental numa tentativa de redução do
impacto antropogénico nas mesmas.

5. Referências:
1. “Predictors of public climate change awareness and risk perception around the world”;
Tien Ming Lee, Ezra M. Markowit, Peter D. Howe Chia-Ying Ko and Anthony A.
Leiserowitz,; DOI:10.1038/NCLIMATE2728;

2. “Climate Change Impacts, Awareness and Perception of Africa Rural Farming


Communities”; Obinna Ibeabuchi K, Thomas T, Jenkins RE, Phillips MR and Komali
Kantamaneni; DOI: 10.4172/2329-8863.1000313;

3. “Farmers’ perception and adaptation to climate change: a case study of Sekyedumase


district in Ghana”; B. Y. Fosu-Mensah, P. L. G. Vlek, D. S. MacCarthy, DOI
10.1007/s10668-012-9339-7;

4. “Perceptions of climate change worldwide”; Steven R. Brechin & Medani Bhandari; DOI:
10.1002/wcc.146;

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5. “Public Opinion on Global Issues A Web-based Digest of Polling from Around the World”
Autor desconhecido;

6. “International public opinion, perception and understanding of global climate change”;


Dr. Anthony Leiserowitz ;

7. “What shapes perceptions of climate change?”; Elke U. Weber; DOI: 10.1002/wcc.41;

8. “Will the Sustainable Development Goals be fulfilled? Assessing present and future
global poverty”; Jesús Crespo Cuaresma,Wolfgang Fengler, Homi Kharas, Karim
Bekhtiar, Michael Brottrager and Martin Hofer1; DOI: 10.1057/s41599-018-0083-y

9. “Solar energy applications and development in Nigeria: Drivers and barriers”; Olayinka
S. Ohunakina, Muyiwa S. Adaramolab, Olanrewaju. M. Oyewolac, Richard O. Fagbenled;

10. https://data.worldbank.org/indicator/EN.ATM.CO2E.PC?locations=ZG a 4/5/2018;

11. https://data.worldbank.org/indicator/EN.ATM.CO2E.PC a 6/5/2018.

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