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Ondas Eletromagneticas Colorida PDF
Ondas Eletromagneticas Colorida PDF
Ondas Eletromagnéticas*
*Material desenvolvido como parte de um projeto sob orientação do Prof. Dr. Nelson
Fiedler-Ferrara, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo.
Índice
Introdução________________________________________________________ 03
Unidade 1 – Propagação de Ondas_____________________________________ 04
Introdução__________________________________________________ 04
Ondas_____________________________________________________ 04
Características de ondas eletromagnéticas_________________________ 07
As formas de propagação _____________________________________ 11
Ionosfera: a camada ionizada___________________________________ 15
Freqüências x transmissões de rádio _____________________________ 21
Referências para aprofundamento________________________________ 23
Unidade 2 – Geração de Ondas Eletromagnéticas e Circuitos Oscilantes_______ 25
Introdução__________________________________________________ 25
Os elementos que constituem o rádio_____________________________ 25
Oscilações num circuito indutor-capacitor_________________________ 28
Sintonizando uma estação de rádio_______________________________ 31
As leis de indução e a onda eletromagnética_______________________ 35
Referências para aprofundamento________________________________ 41
Unidade 3 – Antenas________________________________________________ 42
Introdução__________________________________________________ 42
O que é uma antena __________________________________________ 42
Principais características das antenas_____________________________ 42
As antenas__________________________________________________ 46
Antenas lineares_____________________________________________ 46
Conjuntos__________________________________________________ 52
Antenas de aberturas__________________________________________ 63
Antenas inteligentes__________________________________________ 68
Referências para aprofundamento________________________________ 72
Considerações finais________________________________________________ 73
Referências bibliográficas____________________________________________74
Sítios consultados__________________________________________________ 77
2
Introdução
3
Unidade 1 – Propagação de Ondas
Introdução
Ondas
Uma onda é qualquer sinal que se transmite de um ponto a outro do espaço com
velocidade definida. A onda transporta energia sem ocorrer transporte de matéria. É
comum classificarmos as ondas quanto à sua natureza e forma de propagação.
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Quanto à direção de oscilação, as ondas podem ser:
Importante
Todas as ondas eletromagnéticas são transversais.
Ondas na água não são nem longitudinais nem transversais, mas uma
combinação desses dois modos. Ondas sísmicas têm componentes longitudinais e
transversais mas com velocidades diferentes. Nos líquidos e nos gases o som é uma
onda exclusivamente longitudinal. Nos sólidos o som se transmite por vibrações
longitudinais e transversais, sendo uma onda mista.
Nomenclatura
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Figura 1.5 – Principais elementos de uma onda.
Comprimento de onda (λ) é distância que a onda percorre durante uma oscilação
completa.
Período (T) é o intervalo de tempo que a onda leva para fazer uma oscilação completa.
Figura 1.7 – Onda eletromagnética – Campo elétrico ( ) e campo magnético ( ) oscilando em fase (no
vácuo).
As ondas eletromagnéticas se propagam com uma velocidade que depende do
meio de propagação e da freqüência da onda. No vácuo a velocidade de propagação é
de aproximadamente 3x108m/s. Esse valor é comumente chamado de velocidade da luz
no vácuo e é representado pela letra “c”. Em meios materiais, a velocidade de
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propagação da onda eletromagnética é menor do que no vácuo, mas ainda assim muito
alta.
Campo Elétrico
A presença de cargas elétricas no espaço físico altera as propriedades desse
mesmo espaço.
Assim, se uma carga de prova é colocada na presença de outras cargas, sobre
ela atuará uma força que denominamos força elétrica. Trata-se de uma força à
distância; não é necessário haver contato material entre as cargas.
Dizemos, então, que há um campo elétrico nessa região do espaço.
O campo elétrico é convenientemente representado por linhas de força. A
tangente a uma linha de força em um dado ponto corresponde à direção da força que
sofre uma carga de prova se for colocada em repouso nesse ponto.
Na Fig. 1.8 são representados, através das linhas de força, campos elétricos
associados a diferentes distribuições de carga.
Fig. 1.8 – Linhas de força associadas a campos elétricos de cargas: (a) carga pontual positiva; (b) duas
cargas pontuais de mesma magnitude e sinais contrários; (c) duas placas condutoras paralelas com
distribuições superficiais de carga de mesma magnitude e de sinais contrários.
Campo Magnético
Cargas elétricas em movimento em um condutor (por exemplo, um fio elétrico)
– o que se denomina corrente elétrica – alteram as propriedades do espaço.
Se uma carga de prova em movimento (aqui é essencial que a carga esteja
animada com uma velocidade não nula) é colocada nessa região do espaço, sobre ela
pode atuar uma força. A essa força denominamos força magnética. Como no caso da
força elétrica, trata-se aqui também de uma força de ação à distância. Dizemos então
que há um campo magnético nessa região do espaço.
Além de correntes elétricas, campos magnéticos podem também ser produzidos
por certos materiais chamados materiais magnéticos, como, por exemplo, os imãs.
O campo magnético pode ser convenientemente representado no espaço por
linhas de indução magnética. Essas linhas são tais que a força magnética, em um dado
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ponto, é sempre perpendicular à própria linha de indução magnética e à velocidade
da carga de prova; uma particularidade das forças magnéticas é que se o vetor for
paralelo ao vetor , resulta uma força magnética nula. Na Fig. 1.9 são fornecidos
exemplos de configurações de campos magnéticos representados pelas respectivas
linhas de indução magnética.
Fig 1.9 – Linhas de indução magnética associadas a campos magnéticos produzidos em várias situações:
(a) corrente em um fio retilíneo; (b) corrente em um fio em formato circular (espira); (c) imã (pólo norte
(N) e pólo sul (S)).
Espectro eletromagnético
O espectro de radiofreqüência
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Designações usuais Siglas Faixa de Comprimento
freqüência de onda
ondas muito longas VLF - Very Low Frequency
Freqüência muito baixa 3 a 30 kHz 10 km - 100 km
ondas quilométricas LF - Low Frequency
ondas longas Freqüência baixa 30 a 300 kHz 1 km - 10 km
ondas hectométricas MF - Medium Frequency
ondas médias Freqüência média 300 a 3000 kHz 100 m - 1 km
ondas decamétricas HF - High Frequency
ondas curtas ou tropicais Freqüência alta 3 a 30 MHz 10 m - 100 m
ondas métricas VHF - Very High Frequency
ondas muito curtas Freqüência muito alta 30 a 300 MHz 1 m - 10 m
ondas decimétricas UHF – Ultra High Frequency 300 a 3000
ondas ultra curtas Freqüência ultra alta MHz 10 cm - 1 m
ondas centimétricas SHF – Super High Frequency
microondas Freqüência super alta 3 a 30 GHz 1 cm - 10 cm
ondas milimétricas EHF - Extremely High Frequency
Freqüência extremamente alta 30 a 300 GHz 1 mm - 1 cm
Tabela 1.1 – O espectro de radiofreqüência: designações e faixas.
Até agora vimos que as ondas de rádio são ondas eletromagnéticas de uma
determinada faixa de freqüência (ou comprimentos de onda) que se propagam de forma
transversal e viajam, no vácuo, com velocidade aproximada de 3.108 m/s. São essas
ondas de rádio que são emitidas pela antena transmissora e chegam à antena receptora.
Elas serão o foco da nossa atenção a partir de agora.
2 – Ondas ionosféricas: são ondas emitidas em direção ao céu que podem se propagar
por reflexão ionosférica (uma reflexão ou múltiplas reflexões). Também são conhecidas
por ondas celestes (Fig. 1.12).
Nas figuras 1.11 e 1.12 é possível observar os diferentes trajetos que a onda
pode fazer entre a antena transmissora e a antena receptora. Quando a antena
transmissora emite um sinal, esse pode se propagar como onda terrestre ou como onda
ionosférica. A onda terrestre pode se propagar sobre o solo, sendo chamada de onda de
superfície, ou ser emitida por antenas altas e ser denominada onda espacial. Esta onda
espacial, por sua vez, pode se propagar em linha de visibilidade ou por reflexão no
terreno (Fig. 1.11, trajetos 1 e 2 respectivamente). A onda ionosférica pode ser mais ou
menos afetada pela ionosfera (ver caixa de texto na página 15), e, dependendo da sua
freqüência, pode ser refletida de volta a Terra (Fig. 1.12, trajeto 3 e 4), ou se propagar
em direção ao espaço e não mais retornar (Fig. 1.12, trajeto 5). O esquema na página 12
mostra um resumo das principais formas de propagação, que serão detalhados a seguir.
1
Utilizamos aqui o termo “formas de propagação” para designar as diferentes maneiras como as ondas se
propagam desde a antena transmissora até a antena receptora. Num uso diferente do que aqui se faz,
chama-se, algumas vezes, de “formas de propagação” ao fato das ondas se propagarem segundo
oscilações transversais ou longitudinais.
11
Figura 1.11 – Ondas terrestres espaciais: trajeto 1 – linha de visibilidade; trajeto 2 – refletida no solo.
Figura 1.12 – Ondas ionosféricas: 3 – Propagação por reflexão ionosférica; 4 – Propagação por várias
reflexões; 5 – Onda refratada na ionosfera.
Essa atenuação faz com que as ondas de superfície com polarização vertical se
curvem acompanhando o contorno da Terra, tornando possível a transmissão de ondas
de baixas freqüências a grandes distâncias, quando o sinal emitido pela antena
transmissora tem elevada potência.
2
A polarização de uma onda é definida como sendo a direção em que ocorrem as oscilações. No caso da
onda eletromagnética, a polarização é determinada pela direção de oscilação do campo elétrico, como
veremos na Unidade 3.
3
Na Unidade 3 veremos que esta interação entre a onda direta e a onda refletida pode também perturbar
o sinal captado pelo telefone celular.
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A onda ionosférica
Pode-se dizer que a onda ionosférica é a onda que se propaga em direção ao céu
e que é refletida ou refratada pelas camadas da ionosfera.
As ondas que são emitidas em direção ao céu seriam perdidas no espaço se não
houvesse uma forma de fazê-las retornar à Terra. Dependendo da freqüência do sinal, a
ionosfera (ver caixa de texto na próxima página) se comporta como uma camada
refletora para essas ondas, podendo-se estabelecer comunicação a longas distâncias por
reflexão ionosférica.
A propagação das ondas de rádio pela ionosfera tem uma maior importância
para comunicações nas faixas de VLF, LF, MF e HF, quando são aproveitados os
efeitos das reflexões e refrações. Em freqüências mais altas, logo após o início da faixa
VHF (por volta de 50 MHz), a ionosfera é praticamente transparente às ondas
eletromagnéticas, havendo então a necessidade do uso de comunicação via satélite para
essas altas freqüências.
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Ionosfera: a camada ionizada
A camada superior da atmosfera, a ionosfera, que se estende de 80-85 km até
cerca de 500-600 km de altitude, é uma camada ionizada principalmente pela ação da
radiação ultravioleta emitida pelo Sol e, em menor intensidade, pelos raios cósmicos e
outros tipos de radiações provenientes do espaço.
Essas radiações, por possuírem altas energias, interagem com as moléculas de
ar, arrancando elétrons de algumas moléculas. Como resultado, a ionosfera fica com
alta densidade de elétrons livres e íons. Nessa camada, contudo, a densidade do ar é tão
baixa que os íons podem viajar a distâncias relativamente longas antes de se
recombinarem com íons de cargas de sinais opostos, para formar moléculas neutras.
Como resultado, a ionosfera permanece ionizada por grandes períodos durante o dia,
até mesmo após o pôr-do-sol. A baixas altitudes (menor que 80-85 km) a densidade do
ar é grande e a recombinação ocorre rapidamente. A essas altitudes, a ionização do ar é
desprezível. Em altitudes superiores a 500-600 km, o ar é muito rarefeito e a ionização
também é praticamente desprezível.
A propriedade mais importante da ionosfera para as comunicações de rádio está
na sua habilidade para refletir ondas de rádio. Contudo, somente uma determinada faixa
de freqüência é refletida. Isso ocorre porque para freqüências acima de 50 MHz –
pouco depois do início da faixa VHF – a ionosfera é quase transparente e, acima de 200
MHz, ela é totalmente transparente, de tal maneira que as ondas não são refletidas.
A ionosfera é formada por diferentes camadas (D, E, F1 e F2) que são ionizadas
de diferentes maneiras. Somente as regiões E, E-esporádica 4 (quando presente), F1 e F2
refratam as ondas de HF. A região D influencia nas transmissões de ondas de rádio
porque as absorve, sendo que na freqüência de 1400 kHz a absorção da onda
ionosférica atinge o seu máximo. A região F2 é a mais importante para a propagação das
ondas médias pois está presente 24h por dia, além de sua alta altitude permitir
comunicações mais distantes.
As camadas da ionosfera (Fig. 1.14) estão em constante alteração e variam de
dia a dia, de mês a mês e de ano a ano. As condições climáticas e a atividade solar
também influenciam essas camadas. Em adição à grande mobilidade dessas camadas, a
ausência de raios ultravioletas do Sol à noite faz com que a ionosfera como um todo
fique mais alta nesse período, modificando o alcance das ondas de rádio.
15
Como a atmosfera afeta a propagação das ondas de rádio?
16
Quando a onda de rádio atinge a ionosfera, ela pode ou não penetrá-la,
dependendo do ângulo crítico.
Ângulo crítico
Para compreender melhor como ocorre a propagação da onda na ionosfera,
podemos examinar as leis da refração, no domínio da óptica geométrica e, em seguida,
estabelecer um paralelo com o que ocorre com as ondas de rádio. Para isso, considere
um aquário preenchido com água até a metade. Um raio proveniente de uma lâmpada
submersa no aquário irá se propagar através da água até atingir a superfície de
separação dos dois meios podendo, parte dele, refratar e passar a se propagar no ar ou
ser refletido de volta à água (Fig. 1.16).
Observe que o fato determinante aqui é se o raio incide com um ângulo maior
ou menor que um determinado ângulo crítico (também chamado de ângulo limite).
Desprezando-se efeitos de absorção, caso o ângulo de incidência seja menor que o
ângulo crítico (raio 1), parte dele será refratado e parte será refletido; caso o ângulo de
incidência seja maior que o ângulo critico (raio 2) ocorrerá reflexão total.
O ângulo crítico depende da densidade dos meios de propagação e do
comprimento de onda (ou freqüência) do raio.
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Figura 1.17 – A onda de rádio 2 incide na ionosfera com ângulo maior que o crítico, sendo curvada nas
camadas sucessivas da ionosfera voltando à Terra.
Quando as ondas de rádio atingem a ionosfera com um ângulo inferior ao
ângulo crítico (Fig. 1.17 – trajeto 1), elas a penetram e não retornam mais a Terra
(refratam em direção ao espaço exterior). Entretanto, as ondas de rádio que incidem na
ionosfera com um ângulo superior ao ângulo crítico são refletidas para a Terra (sofrem
reflexão ionosférica. Fig. 1.17 – trajeto 2),
A reflexão ionosférica faz com que o sinal atinja distâncias superiores àquelas
que seriam atingidas pela propagação por ondas terrestres. A distância terrestre coberta
por um sinal de rádio depois de refletido uma vez na ionosfera e retornado à Terra se
chama “comprimento de salto”. O sinal emitido pela antena transmissora alcança um
determinado ponto por propagação da onda de superfície. A partir desse ponto até o
local onde a onda atinge a Terra por reflexão ionosférica não há cobertura do sinal
emitido, sendo essa região entre esses dois pontos chamada de “zona de salto ou zona
de silêncio” (Fig. 1.18).
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Figura 1.18 – Comprimento e Zona de Salto.
As ondas de rádio, após serem refletidas pela ionosfera, atingem a Terra, sendo
refletidas atingindo novamente a ionosfera e assim sucessivamente, mantendo
basicamente o mesmo ângulo de reflexão. Como a cada reflexão parte da energia da
onda é dissipada, esse processo continua até que a onda seja totalmente absorvida.
Há muitos trajetos pelos quais uma onda do céu pode se propagar de uma antena
transmissora a uma antena receptora. As mais simples são aquelas que atingem a
camada F da ionosfera.
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Figura 1.19 – Propagação complexa e propagação por duto.
Figura 1.20 – Encurvamento da trajetória da onda (arco descendente) em camadas com índices de
refração variável com a altitude.
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Freqüências x Transmissões de rádio
Tendo visto as principais formas de propagação das ondas de rádio, bem como
as características de cada faixa de freqüência, suas respectivas interações com a
atmosfera e com o solo, podemos agora discutir qual é a melhor forma de propagação
das ondas de rádio para essas faixas.
Pelo fato das freqüências nas faixas VLF e LF serem baixas, a quantidade de
informação que pode ser transmitida também é pequena. Trata-se então de um sistema
de comunicação pouco viável, sendo que suas aplicações ficam restritas à navegação
aérea e marítima, entre outras, que exigem antenas verticais bastante altas.
21
As ondas ionosféricas, no entanto, podem atingir distâncias superiores a 20000
km da antena transmissora, devido a múltiplas reflexões entre ionosfera e o solo,
possibilitando comunicações internacionais. Como é o caso de todas as ondas
ionosféricas, as transmissões a essas freqüências são instáveis como conseqüência das
constantes variações na ionosfera. Para distâncias pequenas (centenas de quilômetros)
utilizando-se onda ionosférica, a freqüência deverá ser abaixo da freqüência crítica para
a camada utilizada, uma vez que a onda do céu atinge a ionosfera com incidência
praticamente vertical.
Acima de 30 MHz, as perdas pelo solo são tão grandes que praticamente
eliminam a onda. Nessas freqüências, o ângulo crítico se torna tão grande que
praticamente todas as ondas do céu penetram na ionosfera e são perdidas no espaço. As
transmissões nessas freqüências só são possíveis por antenas suficientemente altas em
relação à superfície para permitir o uso da propagação em linha de visibilidade. Nesse
aspecto, as ondas de rádio se propagam como ondas luminosas. A distância que se pode
transmitir em linha de visão é limitada pela curvatura da Terra.
Na faixa de freqüências muito altas – VHF (30 a 300 MHz) – as aplicações mais
comuns são os canais de televisão (2 ao 13) e radiodifusão em freqüência modulada
(FM), entre outros. A faixa de freqüências ultra-altas – UHF (300 MHz a 3 GHz) – tem
sido utilizada para difusão de sinais de televisão, comunicações por satélite, além da
telefonia celular móvel.
22
Tabela 1.3 – Resumo o espectro de radiofreqüências.
23
Na próxima Unidade...
24
Unidade 2: Geração de Ondas Eletromagnéticas e
Circuitos Oscilantes
Introdução
Condensadores ou Capacitores
Figura 2.1 – (a) Capacitor variável de placas. (b) Representação simbólica de um capacitor.
Unidades
A unidade de capacitância no Sistema Internacional de Unidades (SI) é o farad (F). Como é
uma unidade que fornece valores excessivamente grandes na prática, é comum usarmos
submúltiplos do faraday, o microfarad (10-6 F) e o picofarad (10-9 F).
Pode-se ter também capacitores de capacitância variável. Para isso, pode-se fazer
duas séries de placas semicirculares: uma série móvel que gira em torno de um eixo e a
outra série fixa. Quando se gira o eixo da série de placas móveis, a área das placas que se
superpõem varia, alterando-se o valor da capacitância (Fig. 2.2).
Figura 2.2 – Capacitor variável de placas: (a) foto do capacitor; (b) o capacitor com o eixo girado – a área
entre as placas é reduzida; (c) capacitor com o eixo sem girar – a área entre as placas é máxima.
Importante
Capacitor: placas de metal separadas por uma camada de ar ou outro material isolante.
Função: armazenar energia elétrica na forma de campo elétrico entre suas placas
carregadas.
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Você sabia...
Um raio acontece devido a descarga elétrica de um enorme capacitor, onde uma das placas
é a nuvem e a outra placa é a Terra. Como “as placas” são enormes, é possível armazenar
uma quantidade gigantesca de carga!
Indutor
(a) (b)
Unidades
A unidade de indutância no Sistema Internacional é o henry (H). Um henry é a
indutância elétrica de um circuito fechado no qual se produz uma força eletromotriz de
1 volt quando a corrente elétrica que percorre o circuito varia uniformemente à razão de
um ampère por segundo.
Auto-Indução
Uma corrente elétrica que passa pela bobina produz um campo magnético ao
redor dela, ficando essa bobina situada dentro do campo magnético produzido pela sua
própria corrente. Se essa corrente elétrica for variável (e aqui é muito importante a
palavra variável), o seu campo magnético também será variável e induzirá uma corrente
na bobina de sentido contrário ao da corrente que o produziu. Esse fenômeno é chamado
auto-indução.
27
Importante
A auto-indução é o fenômeno pelo qual um condutor induz uma corrente elétrica em si
mesmo quando é percorrido por uma corrente variável.
A auto-indução é muito intensa nas bobinas, já que elas possuem muitas espiras.
Assim, o fenômeno se dá em todas as espiras e é mais intenso do que numa espira só.
Agora você aciona o fluxo de água. As pás da roda tenderão a impedir que a água flua
até que a roda adquira a mesma velocidade da água. Se você então tentar parar o fluxo
da água na canaleta, a roda de água girando tentará manter a água em movimento até
que sua velocidade da rotação diminua a um valor abaixo da velocidade da água.
Um indutor faz a mesma coisa com o fluxo dos elétrons em um fio: resiste à variação
da corrente elétrica.
Podemos agora tirar uma importante conclusão: quando fazemos passar uma
corrente através da bobina, ela não alcança imediatamente sua intensidade final por
causa da auto-indução. E, inversamente, quando interrompemos a corrente, ela não
desaparece logo, porque o fenômeno da auto-indução ainda a prolonga durante um certo
tempo, ainda que curto.
Um pêndulo simples (Fig. 2.4), que é posto a oscilar, mantém seu movimento de
vai e vem através da conversão da energia cinética em energia potencial gravitacional e
vice-versa. Quando o pêndulo está no fim do curso, sua energia é armazenada na forma
de energia potencial. Quando o pêndulo está no meio do curso, sua energia foi
convertida em energia cinética e sua velocidade é máxima. Enquanto o pêndulo se move
para a outra extremidade de seu balanço, toda a energia cinética é novamente convertida
em energia potencial gravitacional. Essa conversão entre as formas de energia se
manifesta no que identificamos como oscilação.
28
Por causa do atrito, a amplitude das oscilações tende a diminuir até parar. Para
manter o pêndulo em sua oscilação, é necessário fornecer uma certa quantidade de
energia a cada ciclo.
O circuito oscilante
Estágio A
29
Estágio B
Estágio C
Estágio D
30
Deste último estágio D para o estágio A o capacitor começa a se carregar com a
polaridade original; a corrente elétrica flui ainda no sentido anti-horário mas com
intensidade decrescente até o momento em que o capacitor fica totalmente carregado
(estágio A). O ciclo, então, se reinicia.
Agora vamos entender o que acontece com um receptor de rádio quando giramos
o dial para sintonizar diferentes estações.
Figura 2.6 – O circuito sintonizador (LC) de um rádio receptor. A antena receptora é indicada à esquerda.
Usualmente, quando você gira o botão do sintonizador no rádio, você está
ajustando um capacitor variável. Ao variar a capacitância do capacitor, você altera a
freqüência de oscilação do circuito sintonizador (LC) e, conseqüentemente, altera a
freqüência da onda captada pela antena, que será posteriormente amplificada. Ou seja,
você "sintoniza" estações diferentes no rádio!
31
Ressonância
Um sistema físico posto a oscilar livremente o faz com uma freqüência específica de
oscilação denominada freqüência natural de vibração. Quando esse sistema físico recebe
energia, por exemplo, através de uma força externa periódica, com uma freqüência igual
à freqüência natural de vibração, o sistema passa a vibrar com amplitude
progressivamente crescente. Neste caso, dizemos que o sistema em questão entrou em
ressonância. Como, em geral, há dissipação de energia, essa amplitude não cresce
infinitamente, mas alcança um valor máximo.
Figura 2.8 – Curva de ressonância para uma dada capacitância e indutância: freqüências muito acima ou
muito abaixo da freqüência de ressonância não produzem um sinal audível.
Figura 2.9 – Curva de ressonância para diferentes valores de resistências R. A indutância e a capacitância
foram mantidas constantes.
Um imã tem dois pólos (o pólo norte e o pólo sul) e seu campo magnético pode
ser representado por linhas de indução magnética (veja caixa de texto p.8-9) como
representado na Fig. 2.11.
O físico escocês James Clerk Maxwell (1831-1879) percebeu que havia uma
conexão entre campos elétricos e magnéticos, chegando à importante conclusão:
Importante
Um campo magnético variável produz um campo elétrico (lei de Faraday) e um campo
elétrico variável produz um campo magnético (Ampère-Maxwell).
36
Figura 2.12 – (a) Primeira metade do ciclo das oscilações das cargas na antena de dipolo. (b)
Segunda metade desse ciclo.
Uma vez que os dois fios condutores têm cargas elétricas opostas, podemos
considerá-los como placas de um capacitor. Como resultado, um campo elétrico é
estabelecido ao redor da antena entre os condutores.
38
Após um quarto de ciclo, o campo
elétrico em P é extinto.
39
Decorridos três quartos da
oscilação, o campo elétrico no
ponto P se extingue novamente. Os
campos produzidos anteriormente
continuam a se propagar para longe
da antena.
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Referências para aprofundamento
Para se aprofundar no assunto tratado nesta Unidade, uma boa sugestão é o livro
do GREF (Grupo de Reelaboração do Ensino de Física), Física 3 – Eletromagnetismo.
A parte 4 do livro trata sobre elementos de sistemas de comunicação e informação
(rádio, TV, gravador e toca-discos). No tópico destinado ao rádio, é possível se
aprofundar nas etapas envolvidas na comunicação por rádio, rever o circuito oscilante e
a produção da onda eletromagnética.
Na próxima Unidade...
41
Unidade 3 – Antenas
Introdução
Polarização
A polarização de uma onda pode ser entendida como sendo a direção na qual
ocorrem as oscilações. No caso das ondas eletromagnéticas, a polarização é definida em
função da direção em que o campo elétrico oscila. Em telecomunicações, diz-se que a
onda é linearmente polarizada na horizontal quando o campo elétrico oscila paralelo à
superfície da Terra, e, linearmente polarizada na vertical, quando o campo elétrico
oscila perpendicular a essa superfície. A polarização de uma antena, por conseguinte, é
definida pela polarização da onda que ela emite ou recebe.
42
Você sabia que...
Polarização é um fenômeno que só ocorre com ondas transversais. Assim sendo, o som
não pode ser polarizado. Como as ondas eletromagnéticas são transversais, elas podem
ser polarizadas.
As antenas podem ser projetadas para emitir ou receber ondas com polarização
linear, circular ou elíptica.
A polarização circular de uma onda pode ser obtida por antenas com dupla
polarização, ou seja, antenas que utilizem simultaneamente duas polarizações lineares,
formando um ângulo de 90 graus entre si. A combinação desses campos elétricos
irradiados nos planos vertical e horizontal, defasados entre si por um ângulo de 90o e
com mesma amplitude, que giram 360o a cada ciclo de oscilação, gera uma onda
circularmente polarizada. O sentido dessa rotação pode ser horário ou anti-horário,
dependendo do projeto da antena (Fig. 3.1).
Vale ressaltar que a polarização circular permite uma boa penetração de sinal,
pois pode ser captada eficientemente por antenas em qualquer orientação. As antenas
helicoidais utilizam polarizações circulares (direita ou esquerda).
Importante
No caso de polarização linear, a antena receptora deverá ser posicionada na mesma
direção de polarização da antena transmissora para que a intensidade de recepção seja
máxima.
Há casos em que é necessária a transmissão de várias informações numa mesma
faixa de freqüências. Pode–se conseguir isso através de polarização cruzada: transmite-
se uma onda em uma determinada polarização e uma segunda onda em outra
polarização (polarização ortogonal) de tal maneira que a mudança de posição da antena
receptora permita captar uma ou outra polarização.
43
Diretividade e Ganho
A diretividade de uma antena pode ser entendida como a capacidade que ela tem
de concentrar energia numa determinada região do espaço.
Já o ganho difere da diretividade por um fator que leva em conta a eficiência ou
rendimento da antena. A eficiência de uma antena diz respeito ao seu projeto
eletromagnético como um todo, onde são consideradas todas as perdas, em particular,
aquelas relacionadas à resistência elétrica, bem como aquelas devidas às diferenças
entre as impedâncias do transmissor, da linha de transmissão e da antena (veja item
“impedância” a seguir). O ganho dá uma idéia de quanto uma antena é melhor que
outra.
Impedância
Diagrama de Radiação
O diagrama de radiação da antena é um gráfico que mostra a maneira segundo a
qual a energia irradiada se distribui pelo espaço, uma vez que as antenas não irradiam
igualmente em todas as direções. É comum a antena irradiar mais intensamente em uma
direção do que em outra. O formato e o tipo da antena, entre outros fatores, determinam
o diagrama de radiação, que é característico de cada antena.
Na figura 3.2 (a) vemos o diagrama de radiação de uma antena Yagi-Uda
(veremos seu funcionamento mais adiante). A antena, que não está representada no
diagrama, fica posicionada no centro da figura (é como se tivéssemos em um avião
vendo a antena por cima). O contorno que aparece no centro do diagrama representa
como a energia irradiada se distribui no espaço. Analisando o diagrama de radiação da
figura 3.2 (a) podemos notar a presença de um lóbulo principal (na direção de 0o) e dois
lóbulos secundários (um na direção de 30o e outro na direção de 330o). Em função da
direção do lóbulo principal, é possível perceber que a antena Yagi-Uda está posicionada
conforme mostra a figura 3.2 (b).
44
Figura 3.2 – (a) Diagrama de radiação de uma Antena Yagi-Uda; (b) Posição da antena Yagi-Uda de
acordo com o diagrama de radiação.
1. Antenas Lineares
A antena de dipolo de meia onda é uma das antenas mais simples que existe. Ela
consiste de dois condutores com comprimento total igual à metade do comprimento de
onda da onda transmitida, conectada, na parte central, a um gerador de rádio freqüência
(Fig. 3.3). O gerador, também conhecido como transmissor, nada mais é que um
dispositivo capaz de fazer mudar de sentido o fluxo de elétrons, milhões de vezes por
segundo.
(a) (b)
Figura 3.3 – (a) Antena de dipolo de meio comprimento de onda; (b) Dipolo de meio comprimento de
onda em uma torre de transmissão.
46
Figura 3.4 – Diagrama da corrente e tensão de ondas estacionárias em uma antena de dipolo.
Ondas estacionárias
As ondas estacionárias resultam da superposição de duas ondas de mesma freqüência,
mesma amplitude, que se propagam com mesma velocidade na mesma direção e
sentidos opostos. Nessas condições, formar-se-á uma onda resultante que se caracteriza
por apresentar pontos com interferência construtiva que vibram com amplitude máxima
e que não se propagam, chamados ventres, e pontos com interferência destrutiva que
vibram com amplitude mínima e que não se propagam, chamados nós (Fig. 3.5).
Importante salientar que a distância entre dois nós consecutivos é a mesma distância
entre dois ventres consecutivos e vale λ / 2.
47
Alguns circuitos elétricos, como antenas, ressoam em diferentes freqüências que
são múltiplos de valores inteiros da freqüência fundamental (freqüências essas
chamadas de harmônicos). Logo, uma antena que está designada para ressoar a 1000
kHz, pode também ser usada para irradiar ondas de rádio de freqüências 2000 kHz,
3000 kHz e assim por diante.
(a) (b)
Figura 3.6 – (a) Dipolo dobrado. (b) Dipolo triangular.
48
Os dipolos de meia onda simples e dobrado são antenas “fundamentais” sendo
extremamente utilizados como excitadores de antenas Yagi-Uda e Log-periódicas, como
veremos mais adiante.
Figura 3.7 – Antena de um quarto de onda (Marconi). O diagrama mostra a distribuição de corrente e
tensão ao longo da antena e sua imagem.
49
Calculando o comprimento da antena de um quarto de onda
Antena de carro
O fio que serve como antena é montado sobre a capota e um cabo conecta a
antena à parte interna do carro (Fig. 3.8)
É possível encurtar uma antena fazendo uso de uma bobina, chamada bobina de
carga, ou fazendo um enrolamento contínuo de fio ao redor de uma haste de fibra de
vidro. Esse mesmo principio é também usado nas antenas de intercomunicadores e de
telefones sem fio (Fig. 3.9).
50
Figura 3.9 – Antena de telefone sem fio.
Antenas de radiodifusão AM
51
Nas transmissões AM é utilizada a polarização linear na direção vertical pelo
fato da sua melhor propagação pela superfície.
Contudo, os modernos circuitos utilizados nos rádios têm um alto ganho de tal
forma que mesmo uma pequena e ineficiente antena pode captar um sinal suficiente
para ser ouvido.
2. Conjuntos (Array)
O refletor usado pode ser uma placa ou uma grade. No caso de grade (mais
usada pois reduz os custos da fabricação do refletor e de sua fixação) deve-se respeitar
uma relação de espaçamento entre os elementos que a constituem, para que ela possa
atuar como uma placa contínua. Essa relação de espaçamento é da ordem de 0,1λ. Além
disso, as dimensões externas da grade também são importantes. Em geral, grades com
largura de λ/2 e altura de λ/4 reproduzem razoavelmente um plano refletor.
52
Um tipo de refletor muito usado é o refletor de canto, que consiste em um dipolo
(geralmente de meia onda) colocado no plano bissetor do conjunto formado pelas placas
condutoras (Fig. 3.11). Sua função é a de se obter ganhos cada vez maiores. Os
principais parâmetros dessa antena são a distância do dipolo ao vértice do diedro, a
altura e o comprimento de cada placa, e o ângulo entre elas.
Figura
3.11 – (a) Dipolo triangular com refletor de canto; (b) dipolo simples com refletor de canto.
Com larga utilização em VHF e UHF para transmissões nas faixas de 100MHz a
1 GHz, o refletor de canto é comumente empregado na recepção de sinais de TV em
UHF, cobrindo a faixa típica de 470 MHz a 890 MHz. O dipolo excitador é posicionado
paralelo à superfície, sendo, portanto, a antena de polarização horizontal, uma vez que
os painéis transmissores para sinais de TV empregam essa polarização.
53
b) Antena Yagi-Uda
Refletor
54
Vejamos o que acontece na antena: o sinal proveniente da estação transmissora
atinge primeiramente o dipolo e depois o refletor, induzindo uma corrente em ambos.
Como conseqüência, o refletor re-irradia o sinal, que é captado pelo dipolo. Logo, há
duas correntes estabelecidas no dipolo, uma proveniente da antena transmissora da rádio
e a outra do refletor. Em função do tamanho do refletor e de sua posição, as duas
correntes induzidas estão em fase e ambas se somam. Logo, o receptor capta um sinal
mais intenso do que captaria sem o refletor.
Diretor
55
As desvantagens são:
Observe que, nesse tipo de antena, a direção de máxima radiação deve ser
tomada como referencia, na antena receptora, para ajustar sua posição em relação à
antena transmissora. Ou seja, para posicionar corretamente a antena você deverá apontar
a direção de máxima radiação para a antena transmissora (Fig. 3.17).
56
Figura 3.17 – Orientação da antena Yagi-Uda em relação à antena transmissora.
57
Figura 3.19 – Antena Yagi-Uda – apenas um elemento refletor.
c) Antena Helicoidal
58
Figura 3.21 – Antena helicoidal de polarização circular à direita.
As antenas helicoidais (Fig. 3.22) são capazes de captar ondas de polarização
circular em um determinado sentido, mas são “cegas” às ondas de polarização circular
de sentido oposto. Isso passa a ser interessante para evitar interferências e rejeitar sinais
refletidos, uma vez que na reflexão a onda eletromagnética inverte o sentido de rotação.
d) Antena Log-periódica
A antena log-periódica (Fig. 3.23 e 3.25) tem uma geometria projetada de modo
que a impedância e os diagramas de radiação variem, periodicamente, com o logaritmo
da freqüência. Essas antenas são características por trabalharem em polarização linear
horizontal, com uma extensa largura de banda, limitada a altas freqüências pela grande
precisão requerida na construção e limitada a baixas freqüências pelas dimensões
físicas.
59
Figura 3.23 – Antena log-periódica.
Log-periódica em dipolos
Figura 3.24 – Esquema da antena log-periódica. Comprimentos dos dipolos e espaçamentos entre ele
estão em progressão geométrica. A alimentação da antena é feita pelo elemento menor.
1
Os segmentos estão em progressão geométrico quando o segmento seguinte tiver um comprimento igual
ao comprimento do segmento anterior multiplicado por um fator fixo.
60
Figura 3.25 – Antena log-periódica.
O campo irradiado origina-se nas vizinhanças de um dos dipolos (que pode ser
qualquer elemento, dependendo da freqüência da onda gerada na antena) e propaga-se
em direção ao vértice da antena (do elemento maior para o menor). Como conseqüência,
essa região é chamada de região ativa da antena. Por exemplo, quando a freqüência de
operação aumenta, a região ativa desloca-se em direção ao elemento menor.
Antenas receptoras de TV
Nesta seção, devido ao grande uso, apresentaremos o conjunto das antenas que
são apropriadas para recepção de sinais de TV.
61
As opções para antena de TV são:
São uma boa opção, desde que sejam sintonizados no centro geométrico da
banda, uma vez que é inviável colocar uma antena para cada canal. Nesse caso, o dipolo
com plano refletor deve ter uma largura de banda suficiente para englobar desde o canal
2 até o canal 13, em VHF.
O uso de uma única antena para cobrir toda a banda de freqüência acaba não
sendo eficiente. Resolve-se esse problema usando-se duas antenas, uma que abrange os
canais baixos (canais 3, 4, 5, e 6), cobrindo as freqüência de 54 a 88 MHz e a segunda
antena cobrindo os canais altos (canais 7, 8, 9, 10, 11, 12 e 13), cobrindo as freqüências
de 174 a 216 MHz. Cada uma das antenas é sintonizada no centro geométrico de cada
metade da banda. Elas são conectadas em paralelo e os sinais de ambas são transmitidos
ao receptor através de uma linha comum.
Como a Yagi-Uda é uma antena de faixa estreita, ela só consegue operar com
eficiência 2 ou 3 canais. Porém, apresenta um ganho mais elevado que o dipolo isolado
ou o dipolo com refletor. Portanto, geralmente empregam-se 3 antenas Yagi-Uda para
cobrir toda a faixa de TV em VHF.
- Antena Log-Periódica
Essa antena apresenta a vantagem de ter banda larga podendo cobrir toda a faixa
de VHF para TV. Por outro lado, os ganhos por canal de TV são menores dos que das
Yagis-Uda. Quando as antenas transmissoras de sinais de TV estão muito afastadas
entre si, a antena log-periódica não consegue captar com eficiência todos os canais.
Para a faixa de UHF estão destinados 70 canais, com 6MHz de largura de banda,
como mostra a Tabela 3.2.
faixa de até serviço observação
470 MHz 476 MHz Televisão UHF Canal 14
476 MHz 482 MHz Televisão UHF Canal 15
482 MHz 806 MHz Televisão UHF Canal 16
... ... ... ...
884 MHz 890 MHz Televisão UHF Canal 83
Tabela 3.2 – Canalização de TV para faixa de UHF. Note que a diferença em freqüência de dois canais
sucessivos é de 6 MHz (largura de banda). Na tabela estão representados apenas alguns dos canais.
Para os canais de UHF, as antenas mais usadas são: o dipolo triangular, isolado
ou em frente a uma placa refletora; e o refletor de canto com dipolo triangular (Fig. 3.11
a).
62
3. Antenas de Aberturas (Microondas)
Difração
A difração é um fenômeno característico das ondas e está relacionado com a
propriedade da onda contornar obstáculos. O efeito da difração, entretanto, só é
significativo quando o obstáculo é da ordem de grandeza do comprimento de onda.
No que diz respeito aos refletores das antenas de abertura, a superfície refletora
quase universalmente empregada consiste num parabolóide de revolução, que pode ser
alimentado diretamente (sistema “focal-point”) ou através do uso de um sub-refletor na
região focal da parábola (sistema “cassegrain”). Vamos analisar esses dois sistemas
mais cuidadosamente.
Sistema “focal-point”
Pelo processo inverso, a radiação emitida pela estação transmissora que atinge o
refletor paralelamente ao seu eixo de simetria é refletida em direção ao foco do
parabolóide, permitindo captar a maior parte da energia transmitida. Portanto, o refletor
parabólico pode captar energia eletromagnética quando o receptor é colocado no foco,
ou pode direcionar essa energia, quando o transmissor é colocado nesse mesmo ponto
(Fig. 3.27 e 3.28).
63
Figura 3.26 – Sistema “Focal Point”.
64
Figura 3.28 – Antena “Focal Point”.
Sistemas Cassegrain
65
Figura 3.30 – Captação do sinal da antena “Cassegrain”.
66
Apesar do sub-refletor bloquear parte da radiação, esse sistema é mais vantajoso
do que o “focal-point” porque permite uma melhor “iluminação” do refletor principal, e,
conseqüentemente, menor transbordamento de energia, aumentando a eficiência total do
sistema. Além disso, possibilita que o sistema de alimentação seja posicionado próximo
ao receptor, situação exigida em antenas terrestres de comunicação via satélite, por
apresentarem um nível de ruído baixo, sem contar o fato de que são relativamente de
baixo custo com melhores desempenhos.
Figura 3.33 – Antenas de alto desempenho: 1 – Protetor (radome); 2 – Colar (saia ou anel).
67
Os radomes, ou blindagens, são estruturas adicionais utilizadas nas antenas de
alto desempenho para melhorar a diretividade da antena, além de proteger contra chuva,
gelo, ninhos de pássaro, acúmulos de água, e por diminuir a carga do vento transmitida
para a torre. Já os colares são componentes empregados nas antenas com o intuito de
reduzir o transbordamento da radiação, obtendo-se assim um sistema com melhor
desempenho.
Além disso, é comum o uso de absorventes (que tem por função absorver a
energia eletromagnética que sobre ele incide, transformando-a em calor) em edificações
próximas às antenas que possam interferir nos sistemas de radar, em aviões e mísseis
onde os sistemas eletrônicos são sensíveis a interferências externas, em instalações para
torná-las invisíveis à detecção por radar, além de proteger seres humanos das intensas
radiações das antenas de radar de alta potência.
4. Antenas Inteligentes
Vimos até aqui os principais tipos de antenas. Para finalizar, analisaremos agora
as chamadas “antenas inteligentes”, consideradas como grau máximo de tecnologia em
sistemas relacionados a antenas, e que são largamente utilizadas na comunicação por
telefonia celular (Fig. 3.34).
68
Para explicar como as antenas inteligentes funcionam podemos fazer uma
analogia. Feche os olhos e converse com alguém que esteja andando em uma sala. Você
irá perceber que você consegue determinar sua posição sem vê-la porque você escuta os
sinais auditivos através de seus dois ouvidos, que são seus receptores acústicos. O som
que atinge cada ouvido o faz em instantes distintos e, seu cérebro, um maravilhoso
processador de sinais, faz uma série de cálculos com as informações obtidas e determina
a localização da pessoa que você está escutando. O sistema “antenas inteligentes” faz o
mesmo usando antenas na detecção de ondas eletromagnéticas.
Lóbulo Comutado
Figura 3.35 – Vários feixes pré-determinados cobrem uma área determinada. O sinal é fornecido pelo
feixe que cobre a área em que o usuário se encontra (feixe mais escuro). Quando o usuário se desloca, o
feixe que fornece o sinal é comutado para o feixe que cobre a região da nova posição em que o usuário
passa a se encontrar.
69
Lóbulo Adaptativo
Figuras 3.36 – Diagrama de radiação do lóbulo adaptativo. Observe que os usuários recebem o sinal de
um lóbulo principal, enquanto ficam na direção do nulo de radiação do sinal que é emitido para o outro
usuário.
Outra vantagem é que este sistema permite que o sinal tenha menos reflexões
sucessivas antes de atingir o telefone móvel, já que a radiação emitida pela antena é
mais diretiva.
70
A seletividade das antenas inteligentes também permite “reconhecer” sinais
indesejados (interferências) e “moldar” o diagrama de radiação da antena
dinamicamente de forma reduzir ao máximo a interferência.
Todos estes fatores fazem com que as antenas inteligentes transmitam sinais de
forma segura, reduzindo muito a possibilidade desses sinais serem interceptados.
Figura 3.37 – Interferência por múltiplas reflexões: 1 – trajeto direto; 2 – reflexão em prédio e
em veículos (que bloqueiam o sinal de forma intermitente); 3 – reflexão no solo.
71
Referências para aprofundamento
Como sugestão para aprofundar estudos referentes aos assuntos abordados nesta
Unidade, o livro ABC das Antenas, de autoria de Allan Lytel, explica conceitos sobre
ondas e eletromagnetismo, além de abordar as principais antenas de forma simplificada,
sendo uma boa indicação para o público em geral.
72
Considerações Finais
Bons estudos!
73
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