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ABSTRACT
The use of the fracture mechanics testing methodology of the ASTM standards, which were
developed for metallic materials, presents a series of limitations when applied to fiber-metal laminates.
Problems like buckling, indentations and crack growth in planes perpendicular to the notch suggest the
necessity of adapting that methodology to these new materials. In the present work are presented the
results of adapting the ASTM fracture toughness methodology to the evaluation of the properties of
fiber-metal laminates. This includes the results of the influence of the geometry of the specimens, the
use of anti-buckling plates, and the use of different expressions to quantify toughness.
RESUMO
A utilização da metodologia de ensaios de mecânica da fratura recomendada pela ASTM,
desenvolvida para materiais metálicos, apresenta uma série de limitações quando aplicada em
laminados metálicos reforçados por fibras. Problemas tais como flambagem dos corpos de prova,
indentações e crescimento de trinca em planos perpendiculares ao entalhe, sugerem a necessidade de
uma adaptação desta metodologia, dando lugar a procedimentos específicos de ensaios para este tipo
de laminado. No presente trabalho são apresentados resultados da adequação da metodologia da
ASTM para a medição da tenacidade, com o intuito de obter procedimentos específicos de ensaios de
laminados metálicos reforçados por fibras. Apresentam-se os resultados da pesquisa sobre a geometria
dos corpos de prova, utilização de placas anti-flambagem e sobre expressões para a quantificação da
tenacidade.
INTRODUÇÃO
Os laminados metálicos reforçados por fibras (LMRF) são uma nova família de
materiais utilizados em aplicações que requeiram chapas finas com alta resistência mecânica e
boa resistência à fadiga, especificamente na indústria aeronáutica. As primeiras pesquisas
sobre estes compósitos foram realizadas na Universidade de Delft, na Holanda, na metade da
década de 80 [1, 2]. Devido à excelente resistência à fadiga destes materiais, a maioria dos
trabalhos publicados concentram-se nesta propriedade. Existe ainda a necessidade de
desenvolvimento de técnicas experimentais específicas para a obtenção de valores confiáveis
de tenacidade à fratura neste tipo de material.
Os laminados de ligas de alumínio reforçados por fibras possuem um comportamento
à fratura com identidade própria. A utilização da metodologia de ensaios de fratura,
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desenvolvida para materiais metálicos monolíticos normalizada pela ASTM, apresenta uma
série de limitações como flambagem dos corpos de prova, indentações e desvio da trinca do
plano original, entre outros.
No presente trabalho apresentam-se resultados de técnicas experimentais utilizadas
para a obtenção da tenacidade à fratura de laminados metálicos reforçados por fibras de vidro
(GLARE) e aramida (ARALL). O objetivo do trabalho é a proposta de procedimentos de
ensaios desenvolvidos para a avaliação de tenacidade dos LMRFs.
Existem poucos trabalhos sobre a fratura monotônica destes materiais. Alguns autores
[2, 3] estudaram a mecânica da fratura da delaminação utilizando métodos numéricos e
realizando experiências para confirmar a validade dos seus resultados. Outros [4, 5], baseado
em estudos sobre resistência residual de laminados de matriz polimérica contendo furos ou
entalhes, apresentam trabalhos para predizer a resistência residual de LMRFs [6, 7]. Em um
dos trabalhos experimentais sobre fratura monotônica publicados [8] avalia-se a tenacidade à
fratura de laminados ARALL, mediante curvas de resistência obtidas segundo a metodologia
da ASTM E561 [9]. De acordo com esta norma, por causa das dimensões dos corpos de prova
usados, pode-se utilizar a mecânica da fratura linear-elástica. Em outro trabalho é utilizada a
metodologia elasto-plástica (Integral J) [10]. Nele foi avaliada a tenacidade à fratura do
GLARE 2 e 3. Os autores do mesmo quantificam a resistência residual de uma chapa
avaliando experimentalmente o valor da Integral J, mediante a medição das deformações dos
corpos de prova utilizando “strain-gauges”. Existem também trabalhos de modelagem
numérica da resistência residual destes laminados [11-14]. Em todos estes trabalhos os corpos
de prova utilizados foram do tipo “wide-plate” [9], com dimensões típicas de 400 mm de
largura e 600 mm entre as garras. A utilização deste tipo de corpo de prova consome grande
quantidade de material e requer equipamentos laboratoriais de médio ou grande porte, além
disto, ele não se encontra normalizado como corpo de prova para avaliação da tenacidade à
fratura.
MATERIAIS E MÉTODOS
Materiais
Os LMRFs são constituídos por chapas de ligas de alumínio (espessura nominal: 0,30
mm [3]) coladas entre si por camadas de resina epóxi contendo fibras de vidro ou aramida na
forma de pré-impregnado [11] (espessura nominal: 0,20 mm [3]). Os laminados possuem um
empilhamento do tipo m/n, onde m indica o número de camadas de alumínio coladas entre si
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por n camadas de pré-impregnado (m = n + 1). Uma representação esquemática de um
laminado pode ser vista na figura 1. Durante o trabalho foram avaliados LMRFs reforçados
por fibras unidirecionais.
Alumínio
Epóxi reforçado por fibras
Figura 1 - Esquema da disposição das camadas nos laminados metálicos reforçados por fibras
(empilhamento 2/1).
Corpos de prova
A metodologia definida pela ASTM E-1820 [10] para a medição da tenacidade à
fratura de materiais metálicos regulamenta a utilização de corpos de prova compactos de
tração (C(T)), de flexão em três pontos (SE(B)) e compactos em forma de disco (DC(T)). Os
tipos mais utilizados são os dois primeiros. As figuras 2 e 3 mostram os desenhos dos corpos
de prova C(T) e SE(B) utilizados. Embora a espessura recomendada para os corpos de prova
seja metade da altura (B = W / 2), a norma prevê a utilização de corpos de prova com
espessuras menores, de acordo com a utilização do material. Nos LMRFs esta espessura é a
própria espessura do laminado. Corpos de prova C(T) de altura W = 50 mm foram utilizados
por Ritchie et al. [19] para determinar a influência do “crack-bridging” em laminados ARALL
submetidos a esforços de fadiga. Pela disponibilidade de dispositivos, inicialmente foram
utilizados corpos de prova C(T) deste tamanho durante a realização dos ensaios, preparados
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para a montagem de um “clip-gauge” na boca do entalhe. Posteriormente foram utilizados
corpos de prova C(T) com instrumentação na linha de carga e corpos de prova SE(B) de W =
25 mm.
(a) (b)
Figura 2 – Corpos de prova C(T) instrumentados na boca do entalhe (a) e na linha de carga (b). W =
50 mm.
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Figura 4 – Placas anti-flambagem para corpos de prova C(T).
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anisotropía (ortotropía) do material e o estado plano de tensões devido à pequena espessura
[21]. A modificação das equações da ASTM limita-se a mudanças no termo elástico. O valor
de J é obtido originalmente da relação
J = J el + J pl (1)
onde o subscrito el significa elástico e pl plástico. Segundo a ASTM [10], o cálculo de J para
corpos de prova SE(B) e C(T) em estado plano de deformações é feito a partir de:
K I2 (1 − ν 2 ) A plη
J= + (2)
E b0 B
enquanto que η assume o valor 2,0 para corpos de prova SE(B). A modificação do termo
elástico de J para levar em conta a ortotropía dos laminados, vem da relação entre a energia
de fratura G e o fator de intensidade de tensões K, no modo I de fratura e estado plano de
tensões, desenvolvida por Paris e Sih [22]. A relação é a seguinte:
a a a 22 2a12 + a66 K I
2
G I = K I2 11 22 + = (4)
2 a11 2a11 E'
a a a 2a + a 66 A plη
J = K I2 11 22 22 + 12 + (6)
2 a11 2a11 b0 B
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Ensaios de mecânica da fratura
Foram realizados ensaios de mecânica da fratura em corpos de prova C(T) (W = 50
mm) sobre os laminados GLARE 1 em empilhamento 3/2, ARALL 2 em empilhamento 3/2 e
ARALL 3 em empilhamentos 2/1, 3/2 e 4/3. Os ensaios foram realizados com as fibras na
orientação T (fibras transversais à trinca). Os corpos de prova foram originalmente
instrumentados mediante “clip-gauge” fixado na boca do entalhe. Obtiveram-se registros de
carga vs. deslocamento do ponto de aplicação da carga (mediante um LVDT fixado no
travessão da máquina de ensaios) e de carga vs. abertura da boca do entalhe.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos corpos de prova C(T) dos laminados ARALL 2 e ARALL 3 a fratura ocorreu com
crescimento da trinca no plano do entalhe (como esperado) e sem a existência de flambagem.
Isto indica que a utilização de corpos de prova C(T) com o dispositivo anti-flambagem
projetado é adequada. Já os corpos de prova C(T) de GLARE 1 apresentaram um
comportamento diferente e singular. Em todos os ensaios a fratura ocorreu no plano
perpendicular ao plano do entalhe, como mostrado na figura 6. Esta fratura “anormal” dos
corpos de prova do GLARE 1 foi um dos principais motivos para encaminhar a pesquisa no
sentido de determinar uma metodologia confiável para avaliar a tenacidade dos LMRFs.
Figura 6 – Corpos de prova C(T) de GLARE (à esquerda) e ARALL (à direita). Houve crescimento
de trinca no plano perpendicular ao entalhe no GLARE. No ARALL o crescimento ocorreu no plano
do entalhe (fibras perpendiculares ao entalhe).
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Para contornar o problema do crescimento da trinca em planos perpendiculares, foi
experimentado o corpo de prova SE(B). Neste caso o cuidado para evitar a flambagem
durante os ensaios deve ser maior, devido às altas tensões de compressão que ocorrem durante
este tipo de ensaio. Mediante o uso de corpos de prova SE(B) com o dispositivo anti-
flambagem projetado, conseguiu-se fratura com a trinca crescendo no mesmo plano e evitou-
se completamente a flambagem. A figura 7 mostra uma fotografia do corpo de prova SE(B) já
ensaiado, onde pode-se observar o crescimento da trinca no plano do entalhe.
Figura 7 – Corpo de prova SE(B) de GLARE 1 3/2. Crescimento da trinca no plano do entalhe (fibras
perpendiculares ao entalhe).
Indentações
Durante os ensaios de fratura existe uma componente do deslocamento do ponto de
aplicação da carga que tem origem na indentação dos corpos de prova. Isto ocorre devido à
pequena espessura do material, à baixa resistência à compressão das camadas de pré-
impregnado e à alta resistência mecânica dos laminados,. Se o deslocamento do ponto de
aplicação da carga, necessário para o cálculo da Integral J, é obtido diretamente do
deslocamento do travessão ou dos dispositivos de sujeição (como é feito em máquinas servo-
hidráulicas por exemplo), a diferença entre os valores medidos e os “verdadeiros” não será
desprezível. Este erro na medição da tenacidade não é aceitável. Na figura 8 são mostradas
duas curvas de um único ensaio de ARALL 3 4/3 em corpo de prova C(T), instrumentado
mediante um LVDT medindo o deslocamento dos pinos e um “clip-gauge” na linha de carga.
A diferença entre os deslocamentos medidos pelos dois instrumentos faz com que a diferença
entre as áreas sob as curvas (até o ponto de carga máxima) seja aproximadamente 10%. Esta
diferença acarretará um erro na tenacidade calculada segundo a equação (6).
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3000
2500
2000
Carga [N]
1500
1000
500 Clip-Gauge
LVDT ARALL 3 4/3 T
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Deslocamento [mm]
Figura 8 – Diferenças no deslocamento por causa da indentação. Corpo de prova C(T) de ARALL 3
4/3 (50 mm).
Para evitar este erro na medição da tenacidade, atua-se de duas formas: em corpos de
prova C(T) a medição do deslocamento do ponto de aplicação da carga deve ser realizada
mediante um “clip-gauge” diretamente na linha de carga (vide corpo de prova (b) na figura 2).
Já nos corpos de prova SE(B) deve ser avaliada a componente do deslocamento devido à
indentação. Esta medida obtém-se seguindo a norma ASTM D5045 [23], a qual utiliza corpos
de prova do mesmo tamanho, mas sem concentrador de tensões, como mostrado na figura 9.
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apresentado por juntas soldadas. Os valores de tenacidade característicos, obtidos a partir
destes ensaios, são de 73 kJ/m2 para o ARALL 2 3/2 e 80 kJ/m2 para o ARALL 3 3/2.
2000
1600
1200
Carga [N]
800
400
δP [mm] δP [mm]
Figura 10 – Curvas carga vs. deslocamento do ponto de aplicação da carga de laminados ARALL em
empilhamento 3/2.
Uma das curvas obtidas de corpos de prova SE(B) de GLARE 1 (W = 25 mm) pode
ser vista na figura 11. Valores de tenacidade para este laminado são próximos a 370 kJ/m2.
2000
1600
1200
Carga [N]
800
Figura 11 – Curva carga vs. deslocamento do ponto de aplicação da carga obtida de ensaios em
GLARE 1 3/2 (corpo de prova SE(B)).
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CONCLUSÕES
Agradecimentos
Ao CNPq, CAPES e FINEP pelo apoio financeiro durante a pesquisa. Ao CNPq pela bolsa de
estudos de E. M. Castrodeza. À CAPES pelo financiamento através do projeto bi-nacional CAPES-
SCyT nº 014/99. Ao técnico Eduardo Benotti pela construção dos corpos de prova e dispositivos anti-
flambagem para corpos de prova SE(B).
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