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Instalações Elétricas

Instalações elétricas

Curso Técnico em Eletroeletrônica - Instalações elétricas

 SENAI-SP, 2005

Trabalho organizado e atualizado a partir de conteúdos extraídos da Intranet por Meios Educacionais da
Gerência de Educação e CFPs 1.01, 1.13, 1.18, 2.01, 3.02, 6.02 e 6.03 da Diretoria Técnica do SENAI-
SP.

Equipe responsável
Coordenação Airton Almeida de Moraes
Seleção de conteúdos Antônio Moreno Neto
Revisão técnica Rogério Aparecido Pereira
Capa José Joaquim Pecegueiro

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Sumário

Geração de corrente alternada 5


Sistemas de transmissão 21
Sistema de distribuição 25
Sistema trifásico 31
Análise de redes em corrente alternada 41
Sistema tarifário industrial 85
Normas técnicas 93
Noções de ergonomia 99
Descarte de materiais 121
Planejamento de uma instalação elétrica 131
Técnicas de manutenção e inspeção em instalações elétricas de baixa tensão 147
Planejamento de uma instalação elétrica predial 157
Suprimento de energia elétrica 163
Sistema de geração de energia elétrica 171
Automação predial e residencial 191
Referências bibliográficas 233

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Geração de corrente
alternada

Aqui, estudaremos um assunto de fundamental importância para os profissionais da


área da manutenção eletroeletrônica: os sistemas monofásicos.

Veremos como a tensão alternada monofásica é gerada, a forma de onda senoidal por
ela fornecida e a potência dissipada nesses sistemas.

Para estudar esse assunto com mais facilidade é necessário ter conhecimentos
anteriores sobre corrente e tensão elétrica alternadas.

Geração de corrente alternada monofásica

Para se entender como se processa a geração de corrente alternada monofásica, é


necessário saber como funciona um gerador elementar que consiste de uma espira
disposta de tal forma que pode ser girada em um campo magnético estacionário.

Desta forma, o condutor da espira corta as linhas do campo eletromagnético,


produzindo a força eletromotriz (ou fem).

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Observa-se, na figura a seguir, a representação esquemática de um gerador elementar


monofásico.

Funcionamento do gerador
Para mostrar o funcionamento do gerador, vamos imaginar um gerador cujas pontas
das espiras estejam ligadas a um galvanômetro.

Na posição inicial, o plano da espira está perpendicular ao campo magnético e seus


condutores se deslocam paralelamente ao campo. Nesse caso, os condutores não
cortam as linhas de força e, portanto, a força eletromotriz (fem) não é gerada.

No instante em que a bobina é movimentada, o condutor corta as linhas de força do


campo magnético e a geração de fem é iniciada.

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Observe na ilustração a seguir, a indicação do galvanômetro e a representação dessa


indicação no gráfico correspondente.

À medida que a espira se desloca, aumenta seu ângulo em relação às linhas de força
do campo. Ao atingir o ângulo de 90º, o gerador atingirá a geração máxima da força
eletromotriz, pois os condutores estarão cortando as linhas de força
perpendicularmente.

Acompanhe, na ilustração a seguir, a mudança no galvanômetro e no gráfico.

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Girando-se a espira até a posição de 135º, nota-se que a fem gerada começa a
diminuir.

Quando a espira atinge os 180º do ponto inicial, seus condutores não mais cortam as
linhas de força e, portanto, não há indução de fem e o galvanômetro marca zero.
Formou-se assim o primeiro semiciclo (positivo).

Quando a espira ultrapassa a posição de 180º, o sentido de movimento dos condutores


em relação ao campo se inverte. Agora, o condutor preto se move para cima e o
condutor branco para baixo. Como resultado, a polaridade da fem e o sentido da
corrente também são invertidos.

A 225º, observe que o ponteiro do galvanômetro e, consequentemente, o gráfico,


mostram o semiciclo negativo. Isso corresponde a uma inversão no sentido da
corrente, porque o condutor corta o fluxo em sentido contrário.

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A posição de 270º corresponde à geração máxima da fem como se pode observar na


ilustração a seguir.

No deslocamento para 315º, os valores medidos pelo galvanômetro e mostrados no


gráfico começam a diminuir.

Finalmente, quando o segundo semiciclo (negativo) se forma, e obtém-se a volta


completa ou ciclo (360º), observa-se a total ausência de força eletromotriz porque os
condutores não cortam mais as linhas de força do campo magnético.

Observe que o gráfico resultou em uma curva senoidal (ou senóide) que representa a
forma de onda da corrente de saída do gerador e que corresponde à rotação completa
da espira. Nesse gráfico, o eixo horizontal representa o movimento circular da espira,
daí suas subdivisões em graus. O eixo vertical representa a corrente elétrica gerada,
medida pelo galvanômetro.

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Valor de pico e valor de pico a pico da tensão alternada senoidal

Tensão de pico é o valor máximo que a tensão atinge em cada semiciclo. A tensão de
pico é representada pela notação Vp.

tensão de + Vp
pico positivo

tensão de
pico negativo
- Vp

Observe que no gráfico aparecem a tensão de pico positivo e a tensão de pico


negativo. O valor de pico negativo é numericamente igual ao valor de pico positivo.
Assim, a determinação do valor de tensão de pico pode ser feita em qualquer um dos
semiciclos.

A tensão de pico a pico da CA senoidal é o valor medido entre os picos positivo e


negativo de um ciclo. A tensão de pico a pico é representada pela notação VPP.

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Considerando-se que os dois semiciclos da CA são iguais, pode-se afirmar que:


VPP = 2VP.

Observação
Essas medições e conseqüente visualização da forma de onda da tensão CA são
feitas com um instrumento de medição denominado de osciloscópio.

Da mesma forma que as medidas de pico e de pico a pico se aplicam à tensão


alternada senoidal, aplicam-se também à corrente alternada senoidal.

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Tensão e corrente eficazes

Quando se aplica uma tensão contínua sobre um resistor, a corrente que circula por
ele possui um valor constante.

Como resultado disso, estabelece-se uma dissipação de potência no resistor


(P = E . I).

Essa potência é dissipada em regime contínuo, fazendo com que haja um


desprendimento constante de calor no resistor.

Por outro lado, aplicando-se uma tensão alternada senoidal a um resistor, estabelece-
se a circulação de uma corrente alternada senoidal.

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Como a tensão e a corrente são variáveis, a quantidade de calor produzido no resistor


varia a cada instante.

Nos momentos em que a tensão é zero, não há corrente e também não há produção
de calor (P = 0).

Nos momentos em que a tensão atinge o valor máximo (VP), a corrente também atinge
o valor máximo (IP) e a potência dissipada é o produto da tensão máxima pela corrente
máxima (PP = VP . IP).

Em conseqüência dessa produção variável de "trabalho" (calor) em CA, verifica-se que


um resistor de valor R ligado a uma tensão contínua de 10V produz a mesma
quantidade de "trabalho" (calor) que o mesmo resistor R ligado a uma tensão alternada
de valor de pico de 14,1 V, ou seja, 10 Vef.

Assim, pode-se concluir que a tensão eficaz de uma CA senoidal é um valor que indica
a tensão (ou corrente) contínua correspondente a essa CA em termos de produção de
trabalho.

Cálculo da tensão/corrente eficazes

Existe uma relação constante entre o valor eficaz (ou valor RMS) de uma CA senoidal
e seu valor de pico. Essa relação auxilia no cálculo da tensão/corrente eficazes e é
expressa como é mostrado a seguir.

Tensão eficaz:
V
p
V =
ef 2

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Corrente eficaz:
I
p
I =
ef 2

Exemplo de cálculo
Para um valor de pico de 14,14 V, a tensão eficaz será:
V
p 14,14
V = = = 10V
ef 2 1,414

Assim, para um valor de pico de 14,14 V, teremos uma tensão eficaz de 10 V.

A tensão/corrente eficaz é o dado obtido ao se utilizar, por exemplo, um multímetro.

Observação
Quando se mede sinais alternados (senoidais) com um multímetro, ele deve ser aferido
em 60Hz que é a freqüência da rede da concessionária de energia elétrica. Assim, os
valores eficazes medidos com multímetro são válidos apenas para essa freqüência.

Valor médio da corrente e da tensão alternada senoidal (VCC)

O valor médio de uma grandeza senoidal quando se refere a um ciclo completo é nulo.
Isso acontece porque a soma dos valores instantâneos relativa ao semiciclo positivo é
igual à soma do semiciclo negativo e sua resultante é constantemente nula.

Veja gráfico a seguir.

Observe que a área S1 da senoide (semiciclo) é igual a S2 (semiciclo), mas S1 está do


lado positivo e S2 tem valor negativo. Portanto Stotal = S1 - S2 = 0.

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Potência em sistemas monofásicos

Como já vimos, a capacidade de um consumidor de produzir trabalho em um


determinado tempo, a partir da energia elétrica, é chamada de potência elétrica. Em
um circuito de corrente contínua, a potência é dada em watts, multiplicando-se a
tensão pela corrente.
P=V.I

Esta equação é válida não só para CC, mas também para CA, quando os circuitos são
puramente resistivos.

Todavia, quando se trata de circuitos de CA com cargas indutivas e/ou capacitivas,


ocorre uma defasagem entre tensão e corrente. Isso nos leva a considerar três tipos de
potência:
• Potência aparente (S);
• Potência ativa (P);
• Potência reativa (Q).

Potência aparente
A potência aparente (S) é o resultado da multiplicação da tensão pela corrente. Em
circuitos não resistivos em CA, essa potência não é real, pois não considera a
defasagem que existe entre tensão e corrente.

A unidade de medida da potência aparente é o volt-ampère (VA).

Exemplo de cálculo
Determinar a potência aparente do circuito a seguir.
S = U . I = 100 . 5 = 500
S = 500VA

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Potência ativa
A potência ativa, também chamada de potência real, é a potência verdadeira do
circuito, ou seja, a potência que realmente produz trabalho. Ela é representada pela
notação P.

A potência ativa pode ser medida diretamente através de um wattímetro e sua unidade
de medida é o watt (W).

No cálculo da potência ativa, deve-se considerar a defasagem entre as potências,


através do fator de potência (cos ϕ) que determina a defasagem entre tensão e
corrente. Assim, a fórmula para esse cálculo é: P = U . I . cos ϕ

Exemplo de cálculo
Determinar a potência ativa do circuito a seguir, considerando cos ϕ = 0,8.
P = U . I . cos ϕ = 100 . 5 . 0,8 = 400
P = 400W

Observação
O fator cos ϕ (coseno do ângulo de fase) é chamado de fator de potência do circuito,
pois determina qual a porcentagem de potência aparente que é empregada para
produzir trabalho.

O fator de potência é calculado por meio da seguinte fórmula:


P
cos ϕ =
S

No circuito do exemplo apresentado, a potência ativa é de 400 W e a potência


aparente é de 500 VA. Assim, o cos ϕ é:

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P 400
cos ϕ = = = 0,8
S 500
A concessionária de energia elétrica especifica o valor mínimo do fator de potência em
0,92 , medido junto ao medidor de energia.

O fator de potência deve ser o mais alto possível, isto é, próximo da unidade
(cos ϕ = 1). Assim, com a mesma corrente e tensão, consegue-se maior potência ativa
que é a que produz trabalho no circuito.

Potência reativa
Potência reativa é a porção da potência aparente que é fornecida ao circuito. Sua
função é constituir o circuito magnético nas bobinas e um campo elétrico nos
capacitores.

Como os campos aumentam e diminuem acompanhando a freqüência, a potência


reativa varia duas vezes por período entre a fonte de corrente e o consumidor.

A potência reativa aumenta a carga dos geradores, dos condutores e dos


transformadores originando perdas de potência nesses elementos do circuito.

A unidade de medida da potência reativa é o volt-ampère reativo (VAr), e é


representada pela letra Q.

A potência reativa é determinada por meio da seguinte expressão:


Q = S . sen ϕ

Exemplo de cálculo
Determinar a potência reativa do circuito a seguir.

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Primeiramente, verifica-se na tabela, o valor do ângulo ϕ e o valor do seno desse


ângulo:
arc cos 0,8 = 36º 52'
sen 36º 52' = 0,6

Outra maneira de determinar o sen ϕ é por meio da seguinte fórmula:


sen ϕ = 1 - (cos ϕ) 2
sen ϕ = 1 - (cos ϕ )2 = 1 − 0,8 2 = 1 − 0,64 = 0,36 = 0,6

No exemplo dado, tem-se


Q = S . sen ϕ = 500 . 0,6 = 300
Q = 300 VAr

Triângulo das potências

As equações que expressam as potências ativa, aparente e reativa podem ser


desenvolvidas geometricamente em um triângulo retângulo chamado de triângulo das
potências.

Assim, se duas das três potências são conhecidas, a terceira pode ser determinada
pelo teorema de Pitágoras.

Exemplo
Determinar as potências aparente, ativa e reativa de um motor monofásico alimentado
por uma tensão de 220 V, com uma corrente de 3,41 A circulando, e tendo
um cos ϕ = 0,8.

Potência aparente
S = V . I = 220 V . 3,41

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S ≅ 750 VA

Potência ativa
P = V . I . cos ϕ = 220 x 3,41 x 0,8
P = 600 W

Potência reativa
Q = S 2 − P 2 = 750 2 - 600 2 = 202500
Q = 450 VAr

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Sistemas de transmissão

Estudaremos, agora, um assunto muito importante para os profissionais da área da


manutenção eletroeletrônica: sistemas de transmissão.

Para estudar esse assunto com mais facilidade, é necessário ter conhecimentos
anteriores sobre aterramento, sistemas monofásicos e trifásicos

Sistemas de transmissão

Após a geração da energia elétrica, a transmissão desta energia até os consumidores


ocorre em várias etapas e de diversas formas.

A transmissão da energia elétrica é feita em alta tensão ou ultra alta tensão e pode ser
feita em linhas de CC e CA, sendo que a transmissão em CA é predominante.

A transmissão em alta tensão é feita por motivos de economia, pois aumentando a


tensão, a corrente diminui proporcionalmente. Com a diminuição da corrente a ser
transportada, é possível utilizar condutores com menores seções e torres de
sustentação menos reforçadas. O exemplo a seguir ilustra esta redução de corrente.

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No exemplo apresentado, uma corrente de 100 kA solicitada do gerador, pode ser


transportada com apenas 3 kA.

E1 I2 I1 . E 1 100.6
= I2 = = I 2 = 3 kA
E 2 I1 E2 200

Os condutores que transportam a energia elétrica da usina até as subestações de


distribuição normalmente são de alumínio, pois o alumínio é mais leve que o cobre, e
desta forma é possível diminuir a força de tração nas torres.

A figura a seguir ilustra um sistema de torres de sustentação dos condutores de


distribuição de energia elétrica.

Para a determinação dos valores da tensão de transmissão são considerados vários


aspectos. Como exemplos podemos citar: a distância entre a usina e os consumidores,
o trajeto, a segurança, a potência solicitada.

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O esquema a seguir apresenta um exemplo de geração e transmissão de energia


elétrica.

A geração e transmissão de energia elétrica da usina de Itaipu é ilustrada a seguir.

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Sistemas de distribuição

Toda energia elétrica gerada ou transformada por meio de transformadores, deve ser
transportada e distribuída de alguma forma. Para efetuar, no gerador ou
transformador, as ligações necessárias ao transporte e distribuição da energia, alguns
detalhes devem ser observados.

Neste capítulo serão estudados os sistemas de ligações existentes e algumas


particularidades importantes destes sistemas. Para ter bom aproveitamento nesse
estudo, é necessário ter bons conhecimentos anteriores sobre geração de energia
elétrica e tensão alternada.

Tipos de sistemas

O sistema de distribuição deve ser escolhido considerando-se a natureza dos


aparelhos ou consumidores e os limites de utilização da fonte disponível pelo
distribuidor de energia elétrica, e a tensão do sistema.

Neste capítulo serão estudados somente sistemas de baixas tensões. Por definição da
NBR 5473, são considerados como sendo de baixa tensão em CA, os sistemas cujos
valores de tensão não ultrapassem 1.000V.

A norma NBR 5410 (item 4.2.2), considera os seguintes sistemas de CA:


• Monofásico;
• Bifásico;
• Trifásico.

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Sistema de distribuição monofásico


O sistema de distribuição monofásico é o sistema de distribuição que usa dois ou três
condutores para distribuir a energia. Enquanto os sistemas com dois condutores
podem ter duas fases, ou fase e neutro, o sistema monofásico de três condutores tem
duas fases e neutro.

Sistema de distribuição bifásico


Neste sistema são utilizados três condutores para a distribuição da energia. Trata-se
de um sistema simétrico, ou seja, aquele no qual as senoides alcançam seus valores
máximos e mínimos ao mesmo tempo, como pode ser observado na ilustração a
seguir.

Sistema trifásico de distribuição


O sistema trifásico distribui energia por meio de três ou quatro condutores, e os
terminais do equipamento fornecedor (gerador ou transformador) podem ser fechados,
ou seja ligados, de duas formas: estrela ou triângulo.

No fechamento estrela, as extremidades 1, 2 e 3 dos grupos de bobinas fornecem as


fases R, S, T, enquanto que as extremidades 4, 5 e 6 são interligadas. Observe isso
na ilustração a seguir.

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No fechamento triângulo, as ligações são feitas de forma que o início de um grupo de


bobinas é ligado ao final de um outro grupo de bobinas. O aspecto final desse tipo de
ligação lembra o formato de um triângulo. Veja ilustração a seguir.

No sistema trifásico com três condutores, as tensões entre os condutores são


chamadas de tensão de fase e têm valores iguais. As figuras que seguem ilustram os
fechamentos neste sistema.

VRS = VRT = VST

O sistema trifásico com quatro condutores apresenta além dos condutores das fases,
o condutor neutro. Este sistema com ligação estrela, fornece tensões iguais entre as
fases, porém a tensão entre o neutro e uma das fases é obtida com o auxílio da
equação:

VFF
VFN =
3

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Nessa igualdade, VFN é a tensão entre fase e neutro, e VFF é a tensão entre fases.
Dizer VFF é o mesmo que dizer: VRS, ou VRT, ou VST.

Na ligação triângulo (ou delta) com quatro fios, as tensões entre as fases são iguais
porém, obtém-se o fio neutro a partir da derivação do enrolamento de uma das fases,
conforme ilustração que segue.

VRS = VRT = VST

A utilização do fio neutro nesta ligação deve ser feito com alguns cuidados, pois, entre
o fio neutro e as fases de onde ele derivou, a tensão obtida é a metade da tensão
entre as fases.

VFF
2

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VFF
VFN = = VRN = VSN
2

VFN é a tensão derivada entre fase e neutro e VFF é a tensão entre as duas fases.
Porém entre o neutro e a fase não-derivada , normalmente chamada de terceira fase
ou quarto fio (fase T), a tensão será 1,73 vezes maior que a VFN prevista na instalação.

Logo, se esta fase for usada com o neutro na instalação para alimentações de
equipamentos, eles provavelmente serão danificados por excesso de tensão.

Através de um exemplo, é possível observar esta ocorrência.

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Sistema trifásico

Aqui conheceremos o princípio da geração da corrente alternada trifásica, bem como o


seu comportamento nos sistemas trifásicos.

Esse conhecimento é muito importante, porque esse sistema é o utilizado na geração


de energia elétrica e na sua distribuição.

Para aprender esses conteúdos com mais facilidade, é necessário ter conhecimentos
anteriores sobre corrente alternada, funcionamento do gerador monofásico e
defasagem.

Geração de tensão e corrente alternadas trifásicas

A geração de tensão e corrente alternadas é feita pelo gerador. Como já foi visto,
gerador é uma máquina elétrica que transforma energia mecânica em energia elétrica
com a ajuda da força magnética.

O gerador de tensão trifásica é constituído por um ímã indutor girando no centro de um


conjunto de três bobinas colocadas a 120° uma da outra, com as seguintes
características:
• Mesma freqüência angular, ou seja, mesma velocidade angular;
• Mesmo valor eficaz;
• Fases iniciais defasadas entre si 120°.

Geração de energia elétrica trifásica


Os geradores de eletricidade podem produzir corrente contínua (CC) ou corrente
alternada (CA).

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A corrente contínua é pouco usada devido às dificuldades para aumentar ou diminuir


os valores de tensão e corrente.

A corrente alternada, por sua vez, permite aumentar ou diminuir os valores de corrente
o que é feito por meio de transformadores. Além disso, a corrente alternada facilita
bastante a transmissão e a distribuição de energia elétrica desde a usina geradora até
os consumidores.

No Brasil, a energia elétrica é gerada em corrente alternada no sistema trifásico, na


freqüência de 60 Hz. Nesse sistema, utiliza-se um gerador de CA, constituído por um
indutor (rotor) girando no centro de um sistema fixo de três bobinas (estator) colocadas
a 120o uma da outra.

Um ciclo completo de corrente alternada corresponde a 360o , ou seja, uma volta


completa do rotor. Por isso, as três correntes alternadas monofásicas produzidas por
um gerador trifásico estão defasadas entre si de 120o elétricos ou 1/3 do ciclo. Num
gráfico, as correntes das bobinas I, II e III fornecem a seguinte configuração:

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A defasagem de 120o entre as correntes alternadas e as suas variações para valores


positivos e negativos ocorre tanto para os valores de tensão (E), quanto para os
valores da intensidade da corrente elétrica (I).

Ligações em um sistema trifásico

Como já vimos, a energia elétrica é gerada industrialmente em corrente alternada no


sistema trifásico por meio de geradores trifásicos constituídos por três bobinas
dispostas de tal forma que as tensões induzidas ficam defasadas 120o. As três fases
são independentes entre si e geram formas de onda também defasadas 120o.

As três bobinas do gerador produzem três CAs monofásicas. Teoricamente, para


transportar essas três CAs monofásicas até os consumidores, seriam necessários seis
condutores.

Na prática, porém, é possível diminuir esse número de condutores para apenas três ou
quatro. Para isso, o gerador pode ser ligado de duas formas diferentes:
• Por meio da ligação em estrela, representada simbolicamente pela letra Y;
• Por meio da ligação em triângulo (ou delta), representada pela letra grega ∆ (delta).

Ligação em estrela

Tem-se uma ligação em estrela quando as extremidades de cada uma das fases ou
bobinas geradoras são ligadas entre si. Essa ligação pode ser feita com condutor
neutro (4 fios) ou sem condutor neutro (3 fios).
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A ligação em estrela com condutor neutro é chamada ainda de sistema a quatro fios.
Nesse tipo de ligação, os três fios por onde retornam as correntes podem ser reunidos
para formar um só condutor ou fio neutro. Esse condutor recolhe as três correntes das
cargas e as conduz ao centro das fases geradoras.

A figura que segue mostra a representação esquemática desse tipo de ligação, bem
como as respectivas curvas de tensões.

Outro dado a ser lembrado é que a soma das três tensões, num mesmo instante,
eqüivale a zero. Isso acontece porque a tensão na fase I assume seu valor máximo
positivo. Enquanto isso, as tensões nas fases II e III apresentam, respectivamente e no
mesmo instante, um valor máximo negativo. Matematicamente, esses valores se
anulam.

Isso significa que a soma das correntes de cada carga é nula no fio neutro. Por esse
motivo, ele pode ser retirado. Disso resulta a ligação em estrela sem condutor neutro
ou sistema a três fios.

Veja a representação esquemática desse tipo de ligação.

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Tensão de fase e tensão de linha na ligação estrela


A tensão entre as duas extremidades de cada bobina é chamada de tensão de fase
(Ef). Veja a localização das tensões de fase na representação esquemática a seguir.

A tensão entre duas fases, seja entre a fase I e a fase II, entre a fase I e a fase III, ou
ainda entre a fase II e a fase III, é chamada de tensão de linha (EL).

Num sistema trifásico, ligado em estrela, a tensão de fase em qualquer instante


corresponde à tensão de linha dividida pela raiz de três. Isso acontece porque os
valores instantâneos de tensão em cada fase não são coincidentes, estão defasados
120 o.

Assim, a tensão de fase (Ef) é calculada com o auxílio da seguinte equação:

EL EL
Ef = ou E f =
3 1,73

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A tensão de linha deveria ser calculada por meio da soma das tensões Ef1 e Ef3.
Todavia, por causa da defasagem de 120o já citada, não é possível fazer a soma
aritmética das duas tensões. Portanto, deduzindo a fórmula, temos:
EL = Ef . 1,73

Como exemplo, vamos aplicar essa fórmula na ligação em estrela apresentada a


seguir.

EL = 127 . 1,73 = 219,71 = 220V

Corrente de linha e corrente de fase na ligação em estrela


Numa ligação em estrela, chama-se corrente de linha (IL) a corrente que se encontra
em cada uma das linhas.

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Na ligação em estrela, a corrente de cada bobina é chamada de corrente de fase (If).

Por exemplo, num sistema trifásico ligado em estrela, a corrente de linha é igual à
corrente de fase, isto é, IL = If. Isso acontece porque a corrente flui em série através da
fase e da carga. Como não há ramificação da corrente, a intensidade de I na fase If é
exatamente igual à corrente de linha (IL).

Potência na ligação estrela


A potência total fornecida por um sistema trifásico ligado em estrela é igual à soma das
potências das correntes alternadas das três fases.

Como as fases estão deslocadas 120o, não é possível fazer uma soma aritmética.
Assim, a potência aparente é calculada através da seguinte equação:
S = EL . If . 3

Observação
O cos ϕ é o coseno do ângulo de defasagem entre tensão e corrente e corresponde ao
fator de potência usado para cálculo da potência real.

Como:
E
Ef = L , EL = EF. 3
3

Temos:
S = EL . IL . 3

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Sendo:
IL = If e If = IL . 3
S = EL . If . 3 . 3

Logo:
S = E f . If . 3

Logo, a potência ativa poderá ser calculada das seguintes formas:


S = EL . If . 3
ou
S = E f . If . 3

O resultado desse cálculo é multiplicado pelo cos ϕ (fator de potência), o que dará a
potência ativa ou real. Se multiplicado por sen ϕ, dará a potência reativa.

Exemplo
Calcular a potência de um gerador ligado em estrela, com uma tensão de linha de
440 V, uma corrente de 300 A por linha e um fator de potência de 0,8.

Potência aparente
S = E L . If . 3
S = 440 . 300 . 1,73 = 228,36kVA

Potência ativa
P = S . Cos ϕ
P = 228,36 . 0,8 = 182,69kW

Ligação em triângulo

A ligação em triângulo é feita de modo que o início de um enrolamento é ligado ao final


do outro, formando graficamente um triângulo equilátero. Os condutores externos são
ligados às junções de cada fase.

38 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

Esse tipo de ligação forma um circuito fechado. Todavia, a corrente não circula por
esse circuito, pois a tensão resultante é a soma das tensões geradas em cada fase.
Como a tensão de uma fase é igual e oposta à soma das outras duas, elas se anulam.

Tensão de fase e tensão de linha na ligação em triângulo


Como acontece na ligação em estrela, na ligação em triângulo, a tensão entre as duas
extremidades de cada bobina é chamada tensão de fase (Ef).

Por sua vez, a tensão entre qualquer dos pares de fases é chamada de tensão de linha
(EL).

Num sistema trifásico ligado em triângulo, a tensão de linha é igual à tensão de fase.
Portanto: EL = Ef

Corrente de linha e corrente de fase na ligação em triângulo


Na ligação em triângulo, a corrente de linha (IL) é aquela que se encontra em cada uma
das linhas.

SENAI-SP - INTRANET 39
Instalações elétricas

Na ligação em triângulo, a corrente de fase (If) é a corrente de cada bobina.

Para estudar o comportamento das correntes de linha e de fase na ligação em


triângulo com três cargas monofásicas iguais, é preciso lembrar que cada condutor
externo é comum a duas fases.

Com os três condutores externos podemos formar três circuitos elétricos. Quando, num
instante qualquer, a corrente entra por um dos condutores, esse será o condutor de
entrada, e os outros dois, os condutores de retorno. No instante seguinte, um segundo
condutor será o de entrada, enquanto o primeiro e o terceiro serão os condutores de
retorno e assim por diante.

Como as correntes estão defasadas 120o, a corrente de linha é igual à corrente de fase
multiplicada por 1,73, ou seja:

IL = If . 1,73

40 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

Análise de redes em corrente


alternada

Análise de redes em CA

Rede elétrica é o circuito distribuidor de corrente elétrica que faz a ligação entre uma
fonte geradora de tensão e diversas unidades de consumo. Também se diz apenas
rede. No caso, rede em CA.

O cálculo dos parâmetros para estruturação de um circuito desse tipo, contendo


resistores, indutores e capacitores é facilitado quando se utilizam, para isso, números
complexos.

Número complexo é o número que exprime uma grandeza medida em unidades que
não guardam entre si relações decimais, como, por exemplo, horas, minutos e
segundos.

Os números complexos, além de representarem números reais, representam números


imaginários. A aplicação dessa particularidade no âmbito da montagem de redes de
CA, ocorre na definição de valores para ângulos de fase.

Um numero complexo pode se apresentar das seguintes formas:


Z = a + bi
Z = a - bi
Z = -a + b
Z = -a - bi

Onde: a é a parte real, b o coeficiente da parte imaginaria e a unidade i, um operador


imaginário complexo.

A unidade i é igual á - 1 . Matematicamente, sabe-se que iº = 1, i² = -1, i³ = -i


e assim por diante.

SENAI-SP - INTRANET 41
Instalações elétricas

Em análise de redes em CA , usa-se o operador j , ao invés do i , para não confundir


com o i de intensidade de corrente elétrica.

Desse modo, a relação apresenta-se do seguinte modo:

j= −1

j2 = -1

Pode-se deduzir também que:


j0 = 1
j² = -1
j³ = j² . j = (-1) . j = -j
j4 = j² . j² = (-1) . (-1) = 1
j5 = j² . j² . j = (-1) . (-1) . j = j
j6 = j² . j². j² = (-1) . (-1) . (-1) = -1

Um número complexo possui três formas diferentes de representação:


• Forma Retangular;
• Forma Polar;
• Forma Trigonométrica.

Forma Retangular

O numero complexo a + bj, pode ser representado graficamente:

Z = a + bj

Onde: a e b, são números reais, e j representa a unidade imaginária.

42 SENAI-SP - INTRANET
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Exemplos
Representar os números complexos a seguir, no plano cartesiano.

Z1 = 4 + 3j
Z2 = 5
Z3 = 3j
Z4 = -3 + 2j
Z5 = -4 - 3j
Z6 = -2j
Z7 = 3 – 4j

Observação
Um numero complexo pode representar , U ou I
Z1=U= 4 + 3 j ou Z1= I = 4 + 3 j, para t = 0

Forma Polar

Consideremos o número complexo Ż = a + bj .

Na forma polar, o segmento de reta OΩ = Z o módulo do representa número complexo


Ζ e ϕ representa o argumento (ângulo ou fase) de Ζ, tomando como referência a parte
positiva do eixo real.

SENAI-SP - INTRANET 43
Instalações elétricas

Assim, a forma polar é representada abaixo:


Z=Z<ϕ

O ângulo ϕ pode ser dado em graus (°) ou em radianos (rd).


A conversão de uma unidade para outra é dada por uma regra de três simples.

Exemplo
Converter 30° para radianos e π/2 rd para graus.
π ! 180°
ϕ (rd) ! 30°
∴ϕ = 30 . π / 180 = π / 6 rd
π ! 180°
π/2 ! ϕ (°)
π / 2.180°
∴ϕ =
π
ϕ = 90º

44 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

Transformação da forma retangular para polar

A transformação da forma retangular para a polar é dada pelas expressões:


[a ]
z = a2 + b2 e ϕ = arc tg
[b]

Dependendo do quadrante em que está localizado o seguimento OZ, o cálculo do


ângulo ϕ precisa ser corrigido para que o seu valor tenha como referência parte
positiva do eixo real.

No ciclo trigonométrico:
• Anti-horário (positivo)
• Horário (negativo)

Exemplos
Segmento 0Z no 2º quadrante:
ϕ' = arc tg 3/4 = 37º
logo: ϕ = 180 - ϕ' = 180 - 37 =143º

Segmento 0Z no 3º quadrante:
ϕ' = arc tg 3/4 = 37º
logo: ϕ = 180 + ϕ' = 180 + 37 = 217º
ϕ = ϕ' - 180 = 37 - 180 = -143º

SENAI-SP - INTRANET 45
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Segmento 0Ζ no 4º quadrante:
ϕ' = arc tg 3/4 = 37º
logo: ϕ = 360 - ϕ' = 360 - 37 =323º
ϕ = -ϕ' = -37º

Exemplos
Transformar os números complexos a seguir, da forma retangular para polar,
representando-os no plano cartesiano:
Z1= 4 + 3j
Z 1= 4²+3² = 5
ϕ1 = arc tg 3/4 = 37º
∴ Z 1= 5 37º

46 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

Z 2= 5 (não tem parte imaginária)


Z2= 5
ϕ2= 0º
∴ Z 1= 5 0º

Z 3= 3j (não tem parte real)


Z3= 3
ϕ 3= 90º
∴ Z 3= 3 90º

SENAI-SP - INTRANET 47
Instalações elétricas

Poderíamos representar, também, por: Z3 = 3 ∠ -270º

Z 4 = -4 + 3j
Z4 = (-4²) + 3² = 5
ϕ 4 = arc tg 3/4 ≅ 37º
logo; ϕ 4= 180 - 37= 143º
∴ Z 4= 5 143º

Transformação da forma polar para retangular

A transformação da forma polar para retangular obtém-se, por trigonometria, as


expressões de a e b.
a = Z . cos ϕ e b= Z . sen ϕ

48 SENAI-SP - INTRANET
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Forma trigonométrica do número complexo

Estas expressões podem ser utilizadas para a transformação da forma polar para a
retangular. Portanto, um número complexo pode também ser representado na forma
trigonométrica, como segue:
Z= Z.(Cos ϕ + j Sen ϕ)

Exemplos
Transformar os números complexos a seguir, da forma polar para a forma retangular
representando-os no plano cartesiano.

Z1= 5 30º
a = 5.cos 30º = 5 . 0,87 = 4,33
b = 5.sen 30º = 5 . 0,5 = 2,5
∴ Z1= 4,33 + 2,5j

Z2= 100 180º


a = 100.cos 180º = -100
b = 100.sen 180º = 0
∴ Z2= -100

SENAI-SP - INTRANET 49
Instalações elétricas

Z3 = 10 30º
a = 10.cos -30º = 8,66
b = 10.sen -30º = -5
∴ Z 3 = 8,66 - 5 j

Ζ3= 15 45º
a = 15.cos -45º = 15 . 0,707=10,61
b = 15.sen -45º = 15 . 0,707=10,61
∴ Z 4= 10,61 + 10,61j

Forma exponencial

Z =|Z|e jφ
A forma trigonométrica é também obtida da forma exponencial.
Exemplo: seja o número: Z = 5 e j36,87
Z =5 (cos 36,87º + 0,6 j) ou 4+3j

50 SENAI-SP - INTRANET
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Assim, podemos obter a forma polar através da forma de onda polar através da forma
trigonométrica.
Z = |Z| e j. arc (b/a)

Operações matemáticas com números complexos


Por questões de facilidade, a adição e subtração de complexos são feitas na forma
retangular, e o produto ou quociente na forma polar. Sejam os números complexos:
Z1= a1+b1j , Z2= a2+b2j e Z3 = a3+b3j

Adição
Z = (a1+ a2 + a3) + (b1+ b2 + b3) j

Subtração
Z = [(a1-a2)-a3] + [b1-b2)-b3] j

Nota
Faz-se, a adição ou subtração da parte real de um número com o real do outro e a
parte imaginária com imaginária.

Exemplos
Sejam os números complexos:
Z1= 5+8j; Z 2= 4+3j e Z 3= -5-4j

Obter:
Z1 + Z2 = (5+4) + (8+3)j = 9 + 11j
Z1 - Z2 = (5-4) + (8-3)j = 1 + 5j
Z2 + Z3 = [4 + (-5)] + [3 + (-4)] j = -1 -1j
Z3 - Z2 = [(-5) -4] + [(-4) -3] j = -9 -7j
Z1 - Z3 = [5 - (-5)] + [8 - (-4)] j = 10 +12j
Z2 - Z3 = [4 - (-5)] + [3 - (-4)]j = 9 +7j

Para multiplicar ou dividir, a forma polar é mais prática. Sejam os números complexos:
Z1 = Z1 ϕ1 e Z2= Z2 ϕ2

Multiplicação
Z1 . Z 2 = Z1 . Z2 ϕ1 + ϕ 2

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Divisão
Z1
∠ ϕ1 - ϕ2
Z2

Nota
Produto
• Multiplicam-se os módulos.
• Somam-se os ângulos
Divisão
• Dividem-se os módulos.
• Subtraem-se os ângulos.

Exemplos
Considere os seguintes números complexos;
Z 1 = 4 + 4j = 4 2 45º ; Z2 = - 4j = 4 - 90º ou Z2 = 4 270º
Z 3 = - 5 + 8,66j = 10 120º

Obter:

a. Z 1 . Ż2 = 4 2 45º . 4 90º =(4 2 .4) 45º - 90º


= Z1 . Ζ2 = 22,6 - 45º ou Z1 . Ζ2 = 4 2 45º .4 270º
= ( 4 2 . 4 ) 45º + 270º = Z1 . Z2 = 22,6 315º

b. Z1 . Ζ3 = 4 2 45º .10 120º = 4 2 . 10 45º + 120º


= Z 1 . Ζ3 = 56,6 165º

10 < 120º 10
c. Z2/Z1 = = < 120º - 45º = 1,8< 75º
4 2 < 45º 4 2

4 2 < 45 º 4 2 < 45º


d. Z1/Z2 = = - (90º ) = 2 < 135º
4 < −90 º 4

4 < 270º 4 < 270º


e. Z2/Z3 = = - 120º = 0,4 < 150º
10 < 120º 10

52 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

É possivel, também, realizar as operações de multiplicação e divisão usando a Forma


Retangular, porém é mais trabalhoso.

Multiplicação
Aplica-se a propriedade distributiva e soma-se as partes reais e imaginárias
resultantes:

Veja o exemplo a seguir:


Utilizando o item (a) do exemplo anterior.

Temos
Z1 . Z2= ( 4 + 4j ) . ( -4j )
Z1 . Z2 = -16j - 16j² onde: j² = -1
Z1 . Z2 = -16j - 16 .(-1)
Z1 . Z2 = -16 + 16j

Convertendo o resultado para a forma polar, temos:


Z1 . Z2 = 16² + 16² = 22,63
16
ϕ' = arc tg - = 1 ! ϕ' -45º
16
∴ Z1. Z2 = 22,63 - 45º
ou ϕ = 180o - ϕ' = 180o - 45 = 135o

Representação cartesiana

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Instalações elétricas

Conjugado de um número complexo

Dado um número complexo genérico Z = a + bj, ou Z = Z ϕ , o seu conjugado Z * é:


Z *= a - bj ou Z* = -ϕ

A multiplicação de um número complexo pelo seu conjugado tem a qualidade de


eliminar a parte imaginária do mesmo, pois:
Z. Z *= (a + bj) . (a - bj) = a² + b² (resultado somente com parte real).

Assim, a divisão entre dois números complexos na forma retangular pode ser realizada
da seguinte maneira.

Divisão
determina-se o conjugado (Z*) do denominador, multiplicando o numerador pelo
denominador, e realiza-se, em seguida, a simplificação das expressões matemáticas
resultantes.

Sejam os números complexos:


Z1= -5 + 8,66j e Z2= 5 + 8,66j

54 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

Obter:

Divisão:
Z 1= (-5 + 8,66) . (5 - 8,66) !
Z 2 (5 + 8,66 ) . (5 - 8,66)

Z 1= -25 + 43,3j + 43,3j - 75j² ! onde j²= -1


Z 2 5² - 43,3j + 43,3j - 8,66² . j²

Z 1= -25 + 43,3j + 43,3j - 75j² !


Z2 5² - 8,66² . (-1)

Z 1= -25 + 43,3j + 43,3j - 75j² = 50 + 86,6j = 50 + 86,3j !


Z2 5² + 8,66² 100 100

Z 1= 50 + 86,6j = 0,5 + 0,866j


Z 2 100 100

Z 1= 1 60º ; onde: j²= -1


Z2

Representação no plano cartesiano

Corrente Alternada

A tensão alternada ou corrente alternada é gerada segundo os princípios magnéticos,


a partir de qualquer fonte de energia, seja mecânica, térmica, etc.

SENAI-SP - INTRANET 55
Instalações elétricas

Portanto, a forma de onda da tensão será a função da posição relativa da espira com
relação ao campo magnético, ou seja, a amplitude da tensão varia segundo essa
posição.

Considerando-se uma bobina com N espiras, que gira em torno de seu eixo com
velocidade angular ωπ (rd/s), imersa num campo magnético uniforme de indução B,
seria φ o fluxo através de cada espira da bobina.

Portanto, atravessa a bobina o fluxo ϕ N = N ϕ


como ϕ = B . a portanto ϕ N = N . B . a

Então, o fluxo através da bobina será expresso pela equação:


ϕ N = NB.cos ωt

A tensão, segundo Faraday, será expressa:


ϕ dϕ N d cos ϖt
E= − = - = - NBa. = ϖ NBa. sen ϖt = Emáx . sen ϖt
dt dt dt

56 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

onde:
Emáx = ωNBa;
e = tensão instantânea, em volt;
Emáx = o valor de pico;
ϕ = fluxo magnético, em weber;
B = densidade de fluxo, em Wb/m²;
N = número de espiras;
ω = velocidade angular;
t = tempo, em segundo.

Ainda, pode-se extrair de uma tensão senoidal, os valores de:


• Tensão de Pico (Vp);
• Pico a Pico (Vpp);
• Tensão Eficaz (Ef);
• Tensão máxima (Emáx);
• Tensão Média (Eméd).

2
Portanto, Emáx é igual a Vp e Ef = Emáx 0,707 , ou Ef = Emáx -e
2
2 Emáx
Tensão Média (Eméd) =
π

SENAI-SP - INTRANET 57
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Análise Gráfica de uma Tensão Senoidal.

Uma tensão senoidal pode ser representada de duas formas: na base de tempo e
angular, como mostram os gráficos abaixo.

Base de tempo

Forma Angular

Nota
Os gráficos acima representam uma tensão senoidal.

58 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

Análise Matemática de uma Tensão Senoidal.

v(t) = Vp. Sen ωt e v(θ) = Vp. Sen θ

Onde:
v(t) = v (θ) = valor da tensão t ou para o ângulo θ (em V);
Vp = valor de pico ou amplitude máxima da tensão (em V);
ωt = frequência angular (em rd/s);
θ = angulo (em rd).

Velocidade Angular
Analisando os gráficos acima percebemos a seguinte relação:
θ = ωt

Assim, quando θ = 2 π, têm-se que t = T, portanto é válida a relação:


2 π = ω.T.

Desta forma a velocidade angular, ou freqüência angular pode ser calculada por:

ω= ou ω = 2 π.f
T

Período e Freqüência

O tempo que a função leva para completar um ciclo é chamado de período (T) e o
número de vezes que o ciclo se repete por segundo é chamado de freqüência (f),
portanto:
1
f=
T

onde:
(T) = s e (f ) = Hz ou c/s.

Nos circuitos elétricos, é importante observar que nem sempre um sinal senoidal inicia
o seu ciclo no instante t = 0s. Nesse caso, dizemos que o sinal possui uma fase inicial
θ 0.

SENAI-SP - INTRANET 59
Instalações elétricas

Assim, a expressão a seguir é usada para representar o sinal senoidal incluindo-se a


fase inicial.
v(t) = Vp.sen (ωt + θ 0 ).

Se o sinal inicia o seu ciclo adiantado, θ 0 é positivo. Se o sinal inicia o seu ciclo
atrasado, θ 0 é negativo, como mostra os gráficos abaixo:

Sinal Adiantado

Sinal Atrasado

Exemplo
Representar graficamente os seguintes sinais senoidais:
V1(t)= 10.sen (20Kπt + π / 3) (V)
V2(t)= 15.sen (8Kπt - 30º) (V)

60 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

ϖ 20Kπ
A freqüência de V1 (t) vale: f = = = 10KHz
2π 2π

1 1
Portanto, seu período é de: T = = = 0,1ms = 100us
f 10K

O Sinal inicia o seu ciclo adiantado de π / 3 rd , e para t = 0, tem-se:


π
V1 (0) = 10.sen = 8,66V
3

ϖ 8Kπ
A freqüência de V2 (t) vale: f = = = 4KHz
2π 2π
1 1
Portanto, seu período é de: T = = = 0,25ms = 250us
f 4K
O sinal inicia o seu ciclo atrasado de 30º (ou π/6 rd ), e para t = 0, têm-se:
V2(0) = 15.sen (- 30º) = - 7,5V

SENAI-SP - INTRANET 61
Instalações elétricas

Defasagem

Num circuito elétrico, é muito comum a análise de mais de um sinal Senoidal, sendo
necessário, às vezes, conhecer a diferença de fase entre eles.

A diferença de fase ∆θ entre dois sinais de mesma freqüência é denominada


defasagem, sendo que a mesma é medida tomando-se um dos sinais como
referência.

Exemplo
Qual a defasagem entre os seguintes sinais:
V1(t) = 10.sen (ωt + π / 2) (V)
V1(t) = 5.sen ωt (V)

Graficamente, têm-se

Portanto, V1 está adiantado de π/2 rd em relação a V2 ou V2 esta atrasado de π / 2 rd


em relação a V1. Isso significa que a defasagem de V1 em relação V2 é de πθ= π / 2 rd
ou a defasagem de V2 em relação a V1 é de π θ= π / 2 rd
V1(t) = 18.sen (ωt 0) (V)
V1(t) = 12.sen (ωt 0) (V)

62 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

Graficamente, têm-se

Portanto, V1 e V2 iniciam o ciclo juntos, e a defasagem entre eles é nula (∆θ = 0), isto
é, os sinais estão em fase ou em sincronismo.

V1(t) = 12.sen (ωt + π / 4) (V)


V2(t) = 8.sen (ωt - π / 2) (V)

Graficamente têm-se:

SENAI-SP - INTRANET 63
Instalações elétricas

π π 3π
Em relação a V1, têm-se: ∆θ = θ 02 - θ01 = − − =− rd
2 4 4

Portanto, V2 está atrasado de 3π/4 em relação a V1

π π 3π
Em relação a V2, têm-se: ∆θ = θ01- θ02= − (− ) = rd
4 2 4

Portanto, V1 está adiantada de 3π / 4rd em relação a V2.

Diagrama Fasorial

Outra forma de representar um sinal é através de um fasor ou vetor girante e da


amplitude igual ao valor pico (Vp) do sinal, girando no sentido anti-horário com
velocidade angular ω.

A esse tipo de representação, dá-se o nome de diagrama fasorial, como mostra a


figura:

A projeção do segmento OP = Vp no eixo vertical é uma função seno, reproduzindo,


portanto, a tensão senoidal v(t) ou v (θ):

64 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

Nomenclaturas utilizadas matematicamente:


• Expressão trigonométrica: v(t) = Vp. sen(ωt + θ0)
v(t) ! tensão instatânea (variável) ! letra minúscula
Vp ! tensão de pico (valor fixo) ! letra maiúscula
• Expressão em número complexo:
v = Vp ∠ θ0 = Vp . cos θ0
v ! tensão complexa (variável) ! letra minúscula
Vp ! tensão de pico (valor fixo) ! letra maiúscula

Exemplo
Representar as tensões v1(t) e v2(t) a seguir na forma de números complexos:

Forma Trigonométrica Número Complexo


V1(t) = 10 . senωt (V)

V2(t) = 15 . sen(ωt + 60º) (V)

Observação
No caso de tensões, correntes e potências elétricas representadas por números
complexos, os módulos podem ser dados tanto por valores de pico quanto por valores
eficazes, sendo que esse último conceito será estudado mais adiante.

Por que quatro formas de representar um sinal senoidal?

Forma de Onda
Representa visualmente o sinal, tal como ele é e como aparece no osciloscópio,
durante a análise de um circuito. Ele pode estar no domínio temporal v(t) ou angular
v(θ).

Diagrama Fasorial
Representa o fenômeno graficamente de forma mais simplificada que a forma de onda,
permitindo, inclusive, operações de soma e subtração de vários sinais.

Expressão Trigonométrica
Representa matematicamente a função com todos os seus detalhes, como amplitude,
frequência angular e fase inicial, além de permitir o cálculo de valores instantâneos.

SENAI-SP - INTRANET 65
Instalações elétricas

Número Complexo
Representa matematicamente a função de forma mais simplificada que a expressão
trigonométrica, informando apenas a amplitude e a fase inicial, facilitando, porém,
operações de soma, subtração, multiplicação e divisão de vários sinais.

Diagrama Fasorial

Expressão Trigonométrica
v(t) = 12 . sen ( ωt + 60º ) (v)

Número complexo
v = 12 60º V

66 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

Potência

A potência nos circuitos com tensão alternada, expressa a seguir em notação


simbólica, é o produto da tensão pelo conjugado da corrente.

Considerando-se a tensão como referência (ϕ = 0°) e a corrente atrasada com relação


à tensão de ângulo ϕ, temos:

U =U < 0º
I=I<-ϕ

Portanto, P = U . I = U . I ∠ 0° + ϕ = UI ∠ ϕ
e ϕ é o ângulo entre a tensão U e a corrente I.

Transformado de retangular para polar temos:


P = UI (cosϕ + j senϕ)
ou
P = UI cosϕ + jUI senϕ

Onde o módulo (UI) é a potência aparente. A parte real (UI cosϕ) do produto é a
potência ativa e a parte imaginária ( jUI senϕ ) a potência reativa; portanto:
• S = UI potência aparente (VA)
• Pa = UI cosϕ potência ativa (W)
• Q = UI senϕ potência reativa (VAr)

SENAI-SP - INTRANET 67
Instalações elétricas

Circuitos puramente resistivos, indutivos ou capacitivos.

Apresentaremos, a seguir, resumidamente, as características individuais de cada


componente passivo alimentado com tensão alternada e, a seguir, as associações sob
forma de exercícios.

Resistivo

eI
R = (Ω)
ϑ
Sendo: v(t) = Vp.sen (ωt + θ 0).

Pela Primeira lei de Ohm, têm-se:


V( t ) Vp
I (t) = = i (t) = . sen (ϖt + θ 0 ) =
R R
i(t) = Ip.sen (ωt + θ 0 )
Vp
Onde: Ip = é o valor de pico da corrente.
R

68 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

Representando a Primeira Lei de Ohm com números complexos, têm-se,


portanto:

V = Vp θº e R = R θ°
v Vp ≤ θ Vp
i= = = ≤ θº θº = i = Ip ≤ θº
R R ≤θ R

Representação complexa
U U ≤ U Oj
= = +
I I≤ I Oj
U U ≤ 0º U ≤ 0º
R= = = = R ≤ 0º = R
I I ≤ 0º I

Forma polar
R = R 0° = R;

Forma retangular
R = R + Oj

Indutor L

Nesse caso:
v(t) = Vp. sen ωt ou v = Vp 0°
XL = 2π f L ( Ω ) = ωL
i(t) = Ip. sen (ωt -90º) ou i = Ip -90º

Assim, pode-se representar a reatância indutiva por:


XL = ω . L 90º ou XL = jωL.

SENAI-SP - INTRANET 69
Instalações elétricas

U = U 0° = U + Oj
U = I 90° = O - jl
U
XL = + 90° = XL 90° = jXL
I
XL = O + j XL

Capacitor

1
XC = (Ω ) ou XC = 1
2π f C ϖ.C

70 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

U = U < 0º = U + 0j
I = I< 90º = 0 + jI
U U 0º
XC = = <
I I 90º
U
XC = < - 90º
I
1 1
XC = < -90º = -j =
ϖ.C j.ϖ.C
XC = 0 - jXC

Assim, pode-se representar a reatância capacitiva por:


1 1 1
XC = < - 90º ou - j ou
ϖ.C ϖ.C j.ϖ.C

Portanto, verificamos que o circuito puramente resistivo, para variações crescentes de


tensão, apresenta variações crescentes de corrente, e quando a tensão é zero a
corrente também é zero, ou seja, a tensão e a corrente se apresentam em fase a (?)
potência e, como sabemos, o produto de U . I apresenta a forma de onda indicada.

SENAI-SP - INTRANET 71
Instalações elétricas

No circuito indutivo e capacitivo, como podemos observar, a tensão e a corrente não


variam igualmente, ou seja, apresentam uma diferença de fase ou defasagem.

No caso de indutor, a corrente se apresenta defasada de 90° com relação à tensão.

Essas particularidades caracterizam cada um dos circuitos e as denominamos de


características individuais, características essas que não se alteram pelo fato de se
efetuarem entre componentes e (RLC)

Exemplos
1. No circuito, R1 = 100Ω, C = 10/2 π µF, f = 1000Hz, Uo = 200V. Calcular:
a. A impedância da associação;
b. Calcular I e a defasagem entre corrente e a tensão;
c. Fazer diagrama de vetores girantes.

R = 100Ω
10
C= µF

Solução
A associação de dois ou mais componentes em CA não mais será chamada de R
equivalente, como em CC, e sim de impedância (Z) e a unidade continua sendo (Ω).
R = R + 0j
XC = 0 - 100j
Z = 100 - 100j Ω
Im - 100
Z= 100 2 - 100 2 = 141,42 = arc tg = arc tg = - 45º
real 100
Z = 100 - 100j representação angular
Z = Z < 0º representação polar
Z= real 2 + Im 2 módulo

72 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

Se for solicitado o módulo de Z, diremos que Z = 100 2Ω ; se for solicitado o


complexo Z, apresentaremos qualquer uma das duas representações citadas.

d. I = U / Z

Como é fornecido somente o módulo da tensão (U) = 200V

Poderemos supor que o ângulo de U com relação ao eixo real seja 0º, uma vez que a
cada instante a posição desses vetores (U e I) muda, não alterando assim a nossa
seqüência de desenvolvimento.

Portanto:
U 200 < 0º 2
I= = = + 45º
Z 100. 2 < - 45º 2

Ou se preferirmos fazer somente a divisão dos módulos, diríamos:

U 200 2
I= = =
Z 100 2 2

A defasagem entre a tensão (U) e a corrente (I) pode ser facilmente visualizada pela
solução acima, pois U está a 0º e I a +45º, portanto a defasagem ou a diferença de
fase ϕ é igual ao 45º.

Não é coincidência ter sido esse ângulo igual ao ângulo que Z forma com o eixo real
(45º), pois sempre a defasagem entre a tensão e a corrente é igual ao ângulo que Z
forma com o eixo real.

SENAI-SP - INTRANET 73
Instalações elétricas

e. Esse item deve mostrar a posição de todos os vetores em um determinado instante


(t=0)

2. Para o circuito, determinar:

a. O valor de ω para que ϕ = 60º ;


b. Determinar, assim, o valor de I ;
c. Multiplicando ω por 2, o que ocorre com ϕ e I ?
d. Fazer diagrama de vetores girantes.

74 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

Visualizando a representação vetorial, sempre podemos definir as seguintes relações:

Im 200 2
tgϕ = = =
real 100 2 2
Im real
Z= =
sen ϕ cos ϕ
XL ϖL
tg 62º = =
R R
tg60º.100 3.100
ϖ= =
1,0 1

Solução vetorial

U R
e. i= ;Z=
Z cos ϕ

I= 0,05A

U 100. cos. 60º


I= = = 0,05
R 1000
cos ϕ

SENAI-SP - INTRANET 75
Instalações elétricas

U
f. Se ω, XL = aumenta, Z = R + jxl aumenta e i = diminui.
Z
g. Diagramas de vetores girantes.

3. No circuito abaixo, que Capacitor deve ser colocado em série para se ter:
cos ϕ = 0,8?

Solução:

R = R + 0j
XC 0 - jXC
=
Z R + J ( XL - XC )
Im
tgϕ=
real
Im = real x t g ϕ
(XL - XC) = R x t g ϕ
XC = XL - R x t g ϕ
XC = ωL - R x t g ϕ
cos γ = 0,8 - t g ϕ = 0,75
XC = 100 x 1 - 10 x 0,75 = 92,5 Ω
1 1
C= = = 108.10− 6 F
ϖXC 100 x 92,5
C = 108uF

76 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

Interpretação:
Cos ϕ = 0 ϕ = 90º
Cos ϕ = 1 ϕ = 0º

Quanto maior o cos ϕ maior ϕ, ou seja, a defasagem entre U e I.


A ABNT estabelece cos ϕ > 0,85 para não haver muita defasagem entre U e I.
Para resolver esse problema comum, as indústrias associam capacitores na rede
elétrica para diminuir ϕ ,ou seja, manter cos ϕ > 0,85.

Por questões óbvias, a associação de capacitores em paralelo com o circuito na rede


elétrica é de melhor eficácia.

Determinação de I:
U U 100
I= = = x 0.8 = 8A
Z R 10
cosϕ
I = 8A

Geração

Se reagruparmos oportunamente três circuitos monofásicos em um campo magnético


homogêneo e com mesma freqüência de rotação, porém defasados entre si em 120º,
eles constituirão um sistema trifásico. Podemos observar pela o arranjo das três
espiras que, segundo Faraday, a f.e.m induzida é proporcional à variação de fluxo,
podendo portanto as espiras variar em um campo magnético estacionário ou estarem
fixas em um campo magnético variável; o que importa é a variação do fluxo, pois.


e=-
dt

SENAI-SP - INTRANET 77
Instalações elétricas

Veja figura a seguir:

Os três circuitos monofásicos componentes recebem o nome de fase. Se tomarmos as


tensões em cada instante, serão obtidas , como sabemos, variações senoidais no
tempo.

Tensões de fase
As Fases são numeradas seguindo a ordem dos atrasos, ou seja, no sentido horário de
rotação. Se ligarmos as bobinas do gerador e respectivas cargas em um modo
particular, o número de conexão entre elas pode ser reduzido. Isso é conhecido como
interconexão de fases. Se interligarmos aos terminais x, y e z do gerador, a carga será
também automaticamente ligada. Essa montagem é conhecida como estrela.

Montagem

O ponto em que x, y, e z são ligados é conhecido como neutro.

78 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

Montagem e Relações

Existem dois métodos possíveis de se ligar as cargas e os enrolamentos ou espiras do


gerador; um deles é a conexão estrela ( Y ) ou ligação em triângulo também chamada
Delta ( ∆ )

Montagem estrela

Montagem Triângulo

As características de cada uma das montagens, como pode ser observado nas figuras,
são:
Y 1 3
UCN = UF < + 120º = U (- + j)
IL = IF 2 2

UL ≠ UF ∆
UAN = UF < 0º = U (1+0j) UL = UF
1 3 IL ≠ IF
UBN = UF < - 120º = U (- - j)
2 2

SENAI-SP - INTRANET 79
Instalações elétricas

A relação entre tensão de linha e tensão de fase que pode ser assim entendida:

UL = U12 = UIN + U2N


= UiN - U2N
= UF < 0º - UF < -120º
1 3
= UF (1 + 0 j) - uf (- - j)
2 2
3 3 3 1
= UF ( + j) = UF 3 ( + j
2 2 2 2

Portanto, a relação entre tensão de linha e a tensão de fase na montagem estrela é:


UL = 3 UF<30º

O mesmo se aplica para a corrente de linha e a corrente de fase da montagem


triângulo, ou seja:
IL = 3 IF<30º

Isso pode ser mais facilmente visualizando através de um diagrama fasorial:

Portanto:
U12 = UL = 3 U1N<30º = 3 uF <30º
= U13 = 3 UF < - 90º
= U31 = 3 UF< + 150º

80 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

Graficamente, as tensões podem ser assim compostas:

SENAI-SP - INTRANET 81
Instalações elétricas

Tensão de linha

Verifica-se que o que distingue uma seqüência de fase de outra é que uma pega a
seqüência positiva de fases enquanto a outra a negativa, o que resulta numa
defasagem de 180º entre uma seqüência de fase a outra.

Assim, o que expressamos para a tensão na montagem estrela é valido para a


corrente na montagem triângulo. Observe também que isso independe do tipo de
montagem do gerador.

Potência em Sistemas trifásicos

Considerando que, de certa forma, temos três circuitos monofásicos a potência em um


sistema trifásico será:
P = 3UF x IF cos ϕ

Sendo na montagem estrela UL = 3 UF/30º e IL = IF, temos as relações de linha:


Ligação ( Y )
UL.IL
P=3 cos ϕ = 3UL . cos ϕ
3

Ligação ( ∆ )
Q = 3UL . IL sen φ

82 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

As expressões são validas tanto para a montagem estrela como para a triângulo, pois
( )
a relação das tensões de linha e de fase 3 de uma montagem é a mesma para
ambas. Observamos ainda que ϕ não é o ângulo de defasagem entre UL e IL, mas
entre UF e IF.

Correção do fator de potência

O fator de potência, como sabemos (ABNT) , deve ser maior ou igual a 0,85.
Para o colocarmos dentro desse valor, devemos verificar se a tensão com relação à
corrente se encontra atrasada ou adiantada.

Considerando que nas instalações industriais os circuitos são normalmente indutivos,


devido ao grande número de motores, costuma-se colocar capacitores no circuito
alimentador para reduzir então a defasagem ou aumentar o fator de potência (cos ϕ).

Fator de potência:
U2 U2 U2
Q= = = ϖ CU2
Z XC 1
ϖC
Q = ptg ϕ

SENAI-SP - INTRANET 83
Instalações elétricas

Assim:
Q1 - Q2 = ϖ CUF2
ω CUF2 = P (tg ϕ 1 = tg ϕ 2) ou
( tgϕ1 - tgϕ2 UF. IF cos ϕ1 (tgϕ1 - tgϕ2
C=P 2
= ou
ϖ UF ϖ U2 F
IL/ 3 cos ϕ1 (tgϕ1 - tgϕ2)
C∆ = ou
ϖUL
IL cos ϕ (tgϕ1 - tgϕ2)
Cy =
UL
ϖ
3

Exemplo
Uma linha trifásica de 380 volts alimenta um motor trifásico de potência
P =15KW com fator de potência cos ϕ = 0,75 e um forno elétrico de potência P = 10KW
(cos ϕ = 1).

Determinar
A corrente de linha
O fator de potência resultante

P = P1 + 15 + 10 = 25KW
Q = Q1 + Q2 = P1 tg ϕ + 0 = 15.tg (arc cos 0,75) = 15.0,85
q = 13KAr

Representação vetorial das potências


S= P2 + Q2 = 25 2 + 13 2 = 28 KVA
P 25
cos ϕ = = = 0,89
S 28
S 28000
IL = = = 42,5A
3UL 1,73.380

84 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

Sistema tarifário industrial

Neste capítulo você estudará noções básicas sobre o sistema tarifário industrial. Esse
conhecimento é muito importante, pois esse sistema é utilizado para cálculos das
contas de energia elétrica de industrias.

Para aprender esses conteúdo com mais facilidade, é necessário ter conhecimentos
anteriores sobre energia elétrica.

Demanda mensal

Para entender o que é demanda mensal vamos ver uma definição de demanda pela
empresa concessionária fornecedora de energia. Segundo a Eletropaulo, por exemplo,
“demanda mensal é o maior valor da potência média solicitada em cada intervalo de 15
minutos em que foi dividido o período de tempo entre duas leituras consecutivas, no
período de um mês”.

A demanda é medida por um instrumento denominado RDTD - Registrador digital para


tarifa diferenciada

Sistema tarifário
Nosso sistema tarifário é dividido em diversos grupos e subgrupos, de acordo com
suas características específicas.

O sistema é dividido em dois grupos: Grupo A, para consumidores em alta tensão,


tensões acima de 2,3kV, e grupo B para consumidores em baixa tensão, tensões de
110V a 440V.

SENAI-SP - INTRANET 85
Instalações elétricas

Os grupos A e B são divididos em subgrupos, conforme tabela a seguir.

Subgrupos Tensão (kV)


A1 > 230
A2 de 88 a 138
A3 69
A3a de 30 a 44
A4 de 2,3 a 25
A5 subterrânea
B1 classe residencial
B2 classe rural
B3 demais classes
B4 iluminação pública

O custo da energia para cada tipo de consumidor é estabelecido pelo governo federal
por meio do DNAEE - Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica.

Tarifação do grupo B
Essa tarifação leva em consideração apenas a energia consumida no período, medida
em kWh (kilowatt/hora), mais o imposto (ICMS).

Nesse tipo de tarifação de conta no qual apenas o consumo é considerado, o preço é


escalonado de acordo com o consumo, conforme ilustra a tabela que segue.

Consumo (kWh) Custo da energia (kW)


Até 30 a
de 31 a 100 b
de 101 a 200 c
de 201 a 300 d
Acima de 300 e

O custo da energia (de “a” a “e”) tem valores diferentes para cada kW consumido, ou
seja, o custo da energia de b é maior que o custo da energia a, e assim
sucessivamente.

A tarifação do grupo A é dividida em dois modelos:


• Convencional;
• Horo-sazonal.

86 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

Sistema tarifário convencional


A conta do sistema convencional é calculada levando-se em consideração o consumo
mensal de energia elétrica em kWh e a demanda mensal em kW.

A tarifa do consumo é aplicada diretamente sobre a quantidade de energia elétrica


ativa (kWh), utilizada em um período médio de 30 dias. Esta parcela somente poderá
ser reduzida alterando-se a quantidade de energia elétrica consumida.

Com relação à demanda (kW), a legislação estabelece que seja considerado, para
efeito de faturamento, o maior valor entre:
• A demanda verificada por medição (instrumento RDTD);
• 85 % da maior demanda verificada em qualquer um dos 11 meses anteriores à
medição.
• A demanda fixada em contrato de fornecimento.

Por exemplo, uma empresa teve demanda mensal (medida) de 100kW, demanda
contratada de 90 kW e nos últimos 11 meses a maior média de demanda foi
de 150 kW.

Desta forma temos:


• Demanda medida = 100kW
• 85 % da maior demanda = 128kW
• Demanda contratada = 90kW

Neste caso, a demanda faturada será de 128kW.

A empresa estará trabalhando adequadamente quando o valor de demanda faturada


for igual ao valor da demanda registrada, pois nesta situação paga-se apenas o que
realmente é consumido.

Se a empresa apresentar um valor de demanda registrada inferior ao valor da


demanda contratada, isso significa que seu contrato de fornecimento de energia
elétrica está acima de suas necessidades.

Por outro lado, se o valor da demanda faturada for 85 % da máxima demanda


registrada nos últimos onze meses, isso significa que, em algum desses meses,
ocorreu um valor anormal de demanda registrada que pode ter sido causado, por
exemplo, por testes de equipamentos elétricos ou por operação de equipamentos
novos.

SENAI-SP - INTRANET 87
Instalações elétricas

Fator de carga
Quando a concessionária de energia elétrica estabelece um contrato com uma
empresa, fica implícito que a concessionária está colocando à disposição do
consumidor a demanda contratada no período de 24 horas por dia, durante 30 dias.

Por exemplo, se a demanda contratada é de 100kW a concessionária está dispondo


uma energia de:
• Energia disponível = 100kW. 24 horas . 30 dias
• Energia disponível = 72.000kWh/mês

Porém o consumidor não consome toda esta energia, pois, em determinados


momentos o consumo será menor que os 100kW. Como parte da energia colocada à
disposição do consumidor não foi consumida, isso não é revertido em forma de receita
para a concessionária.

O fator de carga (FC) é o consumo do período dividido pelo produto da demanda


máxima e o número médio de horas neste período.

Se uma empresa tem um consumo mensal de 36.000kWh em um período médio de


730 horas e sua demanda é de 100kW, seu fator de potência será de:

Consumo mensal 36.000


FC = =
tempomédio . demanda 730.100

FC = 0,49

Fator de potência
O fator de potência é a relação entre as potências ativa e aparente.

kW
FP =
kVA

Quando este valor é baixo, causa uma série de inconvenientes na rede elétrica da
industria e da concessionária. Por este motivo, é cobrada uma taxa de ajuste na conta
do consumidor se o valor do fator de potência for menor que 0,92.

88 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

Sistema tarifário horo-sazonal

Neste sistema tarifário são considerados alguns aspectos:


• Horário de utilização da energia elétrica;
• Região do país;
• Período do ano (meses).

Nestes aspectos são estudados onde ocorre um maior ou menor consumo de energia
em determinada região em determinados horários.

A concessionária que fornece energia elétrica no estado de São Paulo trabalha com
dois modelos tarifários: tarifa azul e tarifa verde.

Para o enquadramento nesses modelos tarifários devem ser observadas as seguintes


definições:
• Os consumidores supridos em tensão igual ou superior a 69kv, independente do
valor da demanda, deverão estar enquadrados na tarifa azul.
• Os consumidores supridos em tensão inferior a 69kv (tensão de distribuição
primária), com demanda superior a 500kw, deverão estar enquadrados na tarifa
azul ou verde.
• Os consumidores supridos em tensão inferior a 69kw, com demanda inferior a 500
kw, poderão opcionalmente, estar enquadrados na tarifa convencional, azul ou
verde.

Para a modalidade horo-sazonal, o preço de fornecimento de energia será diferenciado


em função do horário e do período do ano de utilização conforme tabela que segue.

Composto por três horas consecutivas definidas pelo concessionário de


Horário de
acordo com as características do seu sistema elétrico, situada no intervalo
Ponta
compreendido diariamente, entre 17h e 22h, exceto sábados e domingos. Na
(P)
Eletropaulo, o horário de ponta estabelecido é das 17:30h às 20:30h.
Horário Composto pelas 21 horas diárias complementares ao horário de ponta.
fora de ponta (FP) Sábados e domingos são considerados fora de ponta.
Período
Período de 5 meses consecutivos, compreendendo os fornecimentos
úmido
abrangidos pelas leituras de dezembro de um ano a abril do ano seguinte.
(U)
Período seco Período de 7 meses consecutivos, compreendendo os fornecimentos
(S) abrangidos pelas leituras de maio a novembro.

SENAI-SP - INTRANET 89
Instalações elétricas

A tabela a seguir ilustra valores de tarifas convencionais e horo-sazonais de acordo


com a portaria DNAEE de 07/04/97, para subgrupos AS.

Demanda Consumo
Sistema R$/kW R$/MWh

Convencional 7,31 75,98

Horo-sazonal

Ponta seca 13,71 89,94

Ponta úmida 13,71 83,24


Tarifa azul

Fora de ponta seca 6,71 42,77

Fora de ponta úmida 6,71 37,79

Ultrapassagem PS ou PU 41,13

Ultrapassagem FPS ou FPU 20,09

Ponta seca 6,71 406,99


Tarifa verde

Ponta úmida 6,71 400,32

Fora de ponta seca 6,71 42,77

Fora de ponta úmida 6,71 37,79

Ultrapassagem seco/úmido 20,09

90 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

A ilustração abaixo fornece uma conta de energia elétrica - média tensão.

SENAI-SP - INTRANET 91
Instalações elétricas

92 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

Normas técnicas

Se observarmos a natureza, será possível perceber que existem, no ambiente em que


vivemos, elementos que se repetem. Exemplos disso são os movimentos dos astros,
os formatos das folhas, a estrutura cristalina de determinas substâncias.

Seguindo essa tendência natural, quando o ser humano começou a viver em


comunidade, precisou usar normas de convivência, de linguagem, de padrões de
comportamento.

Conforme foi descobrindo ou inventando armas, ferramentas, objetos de uso


doméstico, o homem percebeu também as vantagens de usar normas e procedimentos
uniformizados.

Isso se tornou ainda mais necessário quando a Revolução Industrial, que começou no
fim do século XVIII, fez surgir a produção em massa, ou seja, a fabricação de um
mesmo produto em grandes quantidades. Para racionalizar custos de produção e
facilitar o uso e manutenção dos produtos fabricados, começaram a surgir critérios de
padronização que reduziram a variedade de tamanhos e formatos das peças,
diminuindo a quantidade de itens de estoque e facilitando a vida do consumidor.

O que é normalização

A padronização foi o primeiro passo para a normalização. Esta nada mais é do que um
conjunto de critérios estabelecidos entre as partes interessadas, ou seja, técnicos,
engenheiros, fabricantes, consumidores e instituições, para padronizar produtos,
simplificar processos produtivos e garantir um produto confiável que atenda às
necessidades de seu usuário.

SENAI-SP - INTRANET 93
Instalações elétricas

Do processo de normalização surgem as normas que são documentos que contêm


informações técnicas para uso de fabricantes e consumidores. Elas são elaboradas a
partir da experiência acumulada na indústria e no uso, e a partir dos avanços
tecnológicos que vão sendo incorporados à criação e fabricação de novos produtos.

O processo de normalização que se iniciou por volta de 1900 e se estendeu até os


anos 80, concentrou seus esforços na criação de normas que visavam à especificação
e à definição de produtos industriais, agrícolas e outros. Nesse período, a maior
atenção da normalização esteve voltada para a padronização de peças usadas na
construção de máquinas e de equipamentos.

Atualmente as normas englobam questões relativas a terminologias, glossários de


termos técnicos, símbolos e regulamentos de segurança entre outros. Por causa disso,
os objetivos atuais da normalização referem-se à:
• Simplificação, ou seja, à limitação e redução da fabricação de variedades
desnecessárias de um produto;
• Comunicação, ou seja, ao estabelecimento de linguagens comuns que facilitem o
processo de comunicação entre fabricantes, fornecedores e consumidores;
• Economia global, isto é, à criação de normas técnicas internacionais que permitam
o comércio de produtos entre países;
• Segurança, quer dizer, à proteção da saúde e da vida humanas;
• Proteção dos direitos do consumidor, isto é, à garantia da qualidade do produto.

Normas técnicas brasileiras

O atual modelo brasileiro de normalização foi implantado a partir de 1992 e tem o


objetivo de descentralizar e agilizar a elaboração de normas técnicas. Para isso, foram
criados o Comitê Nacional de Normalização (CNN) e o Organismo de Normalização
Setorial (ONS).

O CNN tem a função de estruturar todo o sistema de normalização, enquanto que cada
ONS tem como objetivo agilizar a produção de normas específicas de seus setores.
Para que os ONS passem a elaborar normas de âmbito nacional, eles devem se
credenciar e ser supervisionados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT).

94 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

A ABNT é uma entidade privada, sem fins lucrativos e a ela compete coordenar,
orientar e supervisionar o processo de elaboração de normas brasileiras, bem como
elaborar, editar e registrar as referidas normas (NBR).

Para que os produtos brasileiros sejam aceitos nos mercados internacionais, as


normas da ABNT devem ser elaboradas, de preferência, seguindo diretrizes e
instruções de associações internacionais de normalização como a ISO (International
Standard Organization), com sede em Genebra, na Suíça, e que significa Organização
Internacional de Normas) e a IEC (International Eletrotechnical Commission, que quer
dizer, Comissão Internacional de Eletrotécnica) utilizando a forma e o conteúdo das
normas internacionais, acrescentando-lhes, quando necessário, as particularidades do
mercado nacional.

A ABNT é responsável pela elaboração dos seguintes tipos de normas:


• Normas de procedimento que fornecem orientações sobre a maneira correta de
empregar materiais e produtos; executar cálculos e projetos; instalar máquinas e
equipamentos; realizar controle de produtos;
• Normas de especificação que fixam padrões mínimos de qualidade para os
produtos;
• Normas de padronização que fixam formas, dimensões e tipos de produtos usados
na construção de máquinas, equipamentos e dispositivos mecânicos;
• Normas de terminologia que definem, com precisão, os termos técnicos aplicados a
materiais, máquinas, peças e outros artigos;
• Normas de classificação que ordenam, distribuem ou subdividem conceitos ou
objetos, bem como estabelecem critérios de classificação a serem adotados;
• Normas de métodos de ensaio que determinam a maneira de se verificar a
qualidade das matérias-primas e dos produtos manufaturados.
• Normas de simbologia que estabelecem convenções gráficas para conceitos,
grandezas, sistemas ou partes de sistemas, com a finalidade de representar
esquemas de montagem, circuitos, componentes de circuitos, fluxogramas etc;

Observação
A simbologia facilita a comunicação entre fabricantes e consumidores. Sem códigos
normalizados, cada fabricante teria que escrever extensos manuais para informar as
características dos equipamentos, projetos, desenhos, diagramas, circuitos, esquemas
de seus produtos.

SENAI-SP - INTRANET 95
Instalações elétricas

Normas para eletricidade/eletrônica

Para existir, uma norma percorre um longo caminho. No caso de eletricidade, ela é
discutida inicialmente no COBEI - Comitê Brasileiro de Eletricidade. O COBEI tem
diversas comissões de estudos formada por técnicos que se dedicam a cada um dos
assuntos específicos, que fazem parte de uma norma.

Estes profissionais, muitas vezes partem de um documento básico sobre o tema a ser
normalizado, produzido pelo IEC. Como este documento é feito por uma comissão
internacional, ele precisa, como já foi dito, ser adaptado para ser aplicado no Brasil.

Feitos os estudos, tem-se um projeto de norma que recebe um número da ABNT, é


votado por seus sócios e retorna à comissão técnica que pode aceitar ou não as
alterações propostas na votação.

Se aprovado, transforma-se em norma ABNT que, em seguida é encaminhada ao


INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(órgão federal ligado ao Ministério da Justiça), onde receberá uma classificação e será
registrada.

Esta norma poderá ser uma NBR1, o que a torna obrigatória; uma NBR2, obrigatória
para órgãos públicos e chamada de referendada; ou uma NBR3, chamada de
registrada e que pode ou não ser seguida. O organograma simplificado da ABNT,
mostrado a seguir, representa o trajeto seguido por uma norma até que ela seja
aprovada.

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Instalações elétricas

Periodicamente, as normas devem ser revistas. Em geral, esse exame deve ocorrer
em intervalos de cinco anos. Todavia, o avanço tecnológico pode determinar que
algumas normas sejam revistas em intervalos menores de tempo.

O consumidor e a norma

No relacionamento fabricante-consumidor, o consumidor é a parte que mais se


beneficia com produtos fabricados segundo normas oficiais, pois quanto maior o
número de normas implantadas para se fabricar um produto qualquer, maior a
qualidade do produto e, portanto, maior é a confiança do consumidor.

Além disso, fabricar produtos segundo normas aceitas internacionalmente é um fator


muito importante para a colocação desses produtos no mercado externo.

Se as normas já eram importantes, com o código de defesa do consumidor as normas


técnicas da ABNT estão assumindo um papel ainda mais importante, já que se
tornaram verdadeiras referências sobre qualidade e produto.

A ABNT é aberta à população e é possível associar-se a ela e receber normas


atualizadas.

Mesmo não sendo sócio, qualquer cidadão pode fazer consultas ou adquirir normas no
seguinte endereço:
Rua Marquês de Itu, 88 - 4o andar
São Paulo - CEP 01223-000
Tel: (011) 222-0966
e. mail: http://www.abnt.org.br

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Instalações elétricas

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Instalações elétricas

Noções de ergonomia

Quase tudo que está à nossa volta é fruto do trabalho dos homens, desde a sua
criação até a sua execução. De manhã, ao tomarmos café com leite e comermos pão
com manteiga, nem sempre somos capazes de imaginar quantas pessoas colaboraram
com seu trabalho físico e intelectual para termos esses produtos. Graças ao trabalho e
à capacidade dessas pessoas, conseguimos viver com maior conforto e saúde.

Também não somos capazes de imaginar sob que condições esse trabalho foi
realizado. Porém, isso é muito importante porque condições inseguras, insalubres ou
perigosas podem trazer ao trabalhador doenças profissionais que o tornarão incapaz
para uma vida produtiva.

Os princípios da ergonomia ajudam a estudar as condições sob as quais o trabalho é


realizado, melhorando o conhecimento sobre a atividade real do trabalhador e
detectando pontos de desequilíbrio entre o homem e seu posto de trabalho. Isso torna
possível influir tanto na organização das tarefas quanto no ambiente em que elas são
realizadas, permitindo a atuação direta sobre suas conseqüências negativas como os
acidentes de trabalho, as doenças profissionais e do trabalho, a fadiga industrial.

Neste capítulo, estudaremos algumas noções sobre ergonomia e também formas de


organizar o trabalho de modo a obter maior produtividade com menos esforço, mais
segurança e mais eficácia.

O que é ergonomia

Ergonomia é o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao ser humano que


auxiliam na concepção de máquinas, instrumentos e dispositivos, de modo que ao
serem utilizados, proporcionem aos seus usuários o máximo de conforto, segurança e
eficácia.

SENAI-SP - INTRANET 99
Instalações elétricas

Por exemplo:
Você já viu como funciona uma guilhotina manual que serve para cortar chapas de
aço?

A haste de movimentação da guilhotina, que tem contato com as mãos do trabalhador,


deve ter um formato adequado, de modo a permitir que todos os dedos nela se
apoiem, conforme mostra a ilustração abaixo.

Esse formato respeita a anatomia das mãos, proporcionando conforto ao trabalhador.

A ergonomia surgiu nos anos 40 com o objetivo de compreender o trabalho humano


em suas relações dentro dos contextos social e tecnológico. Trata-se de uma área de
conhecimento que utiliza informações de diversas outras áreas como a engenharia, a
fisiologia, a psicologia, a medicina, a fisioterapia, a sociologia.

A ergonomia se classifica em:


• Ergonomia do produto, que trata do design dos produtos a serem oferecidos no
mercado;
• Ergonomia de produção, que estuda o modo como os processos produtivos são
organizados.

A ergonomia de produção, por sua vez, pode ser subdividida em:


• Ergonomia de concepção, que trata dos projetos de máquinas e equipamentos,
processos de trabalho e plantas industriais, com a finalidade de evitar que seu uso
venha a causar desconforto e doenças profissionais em seus usuários;
• Ergonomia de correção, que trata da correção dos problemas ergonômicos gerados
por máquinas, equipamentos, processos de trabalho e plantas industriais e que
estejam causando desconforto e doença aos trabalhadores.

100 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Através da observação dos postos de trabalho, os especialistas em ergonomia têm


verificado que o trabalho cada vez mais se realiza por meio de tarefas manuais
repetitivas com exigências de precisão e rapidez cada vez maiores e com um ritmo de
trabalho imposto pelas máquinas.

Essa exigência de um grau cada vez maior de produtividade e competitividade leva a


um crescente aumento das doenças relacionadas ao trabalho, sejam elas físicas ou
mentais, particularmente os casos de Distúrbios Ósteo-musculares Relacionados com
o Trabalho (DORT). Essas doenças profissionais têm graves repercussões tanto para o
trabalhador que adoece, quanto para a sociedade que tem que arcar com os custos de
sua assistência médica e previdenciária.

Elas são resultado de exigências de esforço físico intenso, levantamento e transporte


manual de peso, postura inadequada no exercício das atividades, exigências rigorosas
de produtividade, jornadas de trabalho prolongadas ou em turnos, atividades
monótonas ou repetitivas etc.

Norma Regulamentadora 17

Segurança e saúde do trabalhador são assuntos muito sérios. Em virtude disso,


existem as Normas Regulamentadoras (NR) que tratam das questões relativas à
segurança e medicina do trabalho, são de responsabilidade do Ministério do Trabalho e
Emprego e cuja aplicação é fiscalizada pela Secretaria de Segurança e Saúde do
Trabalho.

A Ergonomia é tratada na NR-17 que “visa estabelecer parâmetros que permitam a


adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e
desempenho eficiente”.

“As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento de


transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos a às condições
ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho
(NR17, itens 17.1 e 17.2.).

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Instalações elétricas

Isso significa que essa NR descreve parâmetros para estabelecimento de condições


mínimas de trabalho no que se refere a:

• Levantamento, transporte e descarga individual de materiais, estabelecendo, por


exemplo, que “Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas
cujo peso seja suscetível de comprometer”( NR17, item 17.2.2.) a saúde ou a
segurança do trabalhador;

• Mobiliário dos postos de trabalho que exige, por exemplo, que “Para trabalho
manual sentado ou que tenha de ser feito de pé, as bancadas, mesas,
escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa
postura, visualização e operação...” (NR17, item 17.3.2.);
• Equipamentos dos postos de trabalho que estabelece que “Todos os equipamentos
que compõem um posto de trabalho devem estar adequados às características
psicofisiológicas dos trabalhadores e a natureza do trabalho a ser executado”
(NR17, item 17.4.1.);
• Condições ambientais do trabalho que exige, entre outras coisas, que “Nos locais
de trabalho onde são executados atividades que exijam solicitação intelectual e
atenção constantes”... “são recomendadas as seguintes condições de conforto:
a. níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira
registrada no INMETRO;
b. índice de temperatura efetiva entre 20 e 23o C;
c. velocidade do ar não superior a 0,75 m/s;
d. umidade relativa ao ar não inferior a 40%.( NR17, item 17.5.2.)”

• Organização do trabalho, que “para efeito da NR, deve levar em conta, no mínimo:
a. as normas de produção;
b. modo operatório;
c. a exigência de tempo;
d. a determinação do conteúdo do tempo;
e. o ritmo do trabalho;
f. o conteúdo das tarefas. (NR17, item 17.6.2.)”

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Instalações elétricas

Organização do trabalho

Como vimos, organização do trabalho é um dos itens da NR-17 que trata da ergonomia
com vistas a proporcionar conforto e segurança ao trabalhador na realização de seu
trabalho.

O problema surge quando é necessário elaborar e por em prática essa organização.


Por exemplo, escolher uma forma mais rápida de realizar uma tarefa pode afetar a
qualidade do produto e a segurança do trabalhador, tornando o trabalho perigoso.

Além disso, precisamos pensar, também, na quantidade e qualidade dos materiais


necessários, nas condições de equipamentos e do ambiente para as pessoas que vão
operá-los, na hora e no local em que eles devem estar.

Antes de iniciar o trabalho, precisamos providenciar:


• Máquinas;
• Ferramentas adequadas e em bom estado;
• Matéria-prima;
• Equipamentos diversos, inclusive os de segurança;
• Tempo necessário;
• Pessoas qualificadas etc.

Quando fazemos, com antecedência, um estudo de todos os fatores que vão interferir
no trabalho e reunimos o que é necessário para a sua execução, estamos organizando
o trabalho para alcançar bons resultados.

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Instalações elétricas

Posto de trabalho
Posto de trabalho é o local definido e delimitado para a realização de uma atividade
qualquer. Esse local deve ter tudo o que é necessário para o trabalho: máquinas,
bancadas, material, ferramentas, instalações etc. Num posto de trabalho, podem
trabalhar uma ou mais pessoas.

Para essa organização, é valiosa a técnica baseada nos princípios de economia de


movimentos.

Princípios de economia de movimentos

Esses princípios orientam procedimentos para reduzir movimentos do profissional e


aumentar a produtividade. A idéia básica desses princípios é a de que não se deve
fazer nada que seja desnecessário. Normalmente, esses princípios são empregados
em trabalhos contínuos, manuais e em pequenas montagens. De acordo com tais
princípios, o trabalho deve ser organizado com base nas seguintes idéias:
1. Uso de músculos adequados;
Deve haver concordância entre o esforço a ser feito e os músculos a serem
utilizados num trabalho físico. Pela ordem, devemos usar os músculos dos dedos.
Se estes não forem suficientes para o esforço despendido, vamos acrescentando a
força de outros músculos: do punho, do antebraço, do braço e dos ombros.

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Instalações elétricas

Essa quantidade de músculos deve ser usada de acordo com a necessidade: nem
mais, o que seria desperdício de energia; nem menos, porque a sobrecarga de um
só músculo pode causar problemas sérios ao trabalhador.

Por exemplo:
Quando um pintor usa um pincel médio para pintar uma porta numa determinada
altura, ele deve usar os músculos dos dedos mais os músculos dos punhos. Se
utilizasse também o antebraço, estaria fazendo esforço desnecessário.

2. Mãos e braços;
As mãos e os braços devem trabalhar juntos. Sempre que possível, deve-se
organizar o trabalho de modo que ele possa ser realizado com as duas mãos ou os
dois braços num mesmo momento e em atividades iguais.

Se, por exemplo, temos de colocar uma porca num parafuso, dar meia-volta na
porca e colocar a peça numa caixa de embalagem, devemos fazer esse trabalho
com as duas mãos e os dois braços. Numa empresa, esse tipo de trabalho pode
ser feito de modo rápido e eficiente pelo trabalhador, desde que se façam as
adaptações necessárias no posto de trabalho e que o trabalhador passe por um
treinamento.

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Instalações elétricas

3. Movimentos curvos
Os movimentos dos braços e das mãos devem ser feitos em curvas contínuas, isto
é, sem paradas e, se possível, de forma combinada. Um exemplo de movimento
em curvas é o de encerar que, em vez de vaivém, deve ser feito em círculos
contínuos.

Um exemplo de movimento combinado é o que fazemos quando pegamos um


parafuso com as mãos e o seguramos de modo que sua posição fique adequada
para encaixá-lo num furo.

4. Lançamentos
Quando necessitamos transportar coisas, poderemos lançá-las em vez de carregá-
las, se a distância assim o permitir. Esse lançamento deve seguir uma trajetória
chamada balística porque descreve uma curva igual ao caminho que faz uma bala
disparada de uma arma de fogo. É o que fazem os pedreiros ao usarem pás para
lançar areia de um local para outro.

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Instalações elétricas

5. Ritmo
O trabalho deve ser feito com ritmo, ou seja, cadência. Quando andamos uma
longa distância, devemos manter um ritmo constante, de modo que não nos
cansemos andando muito rápido, nem demoremos andando muito devagar.

Mas é preciso lembrar que cada pessoa tem um ritmo próprio. Assim, o trabalhador
deve seguir o seu próprio ritmo e mantê-lo constantemente.

Ao serrar uma barra de aço de bitola fina, por exemplo, com uma serra manual, o
movimento de vaivém deve ter um ritmo normal. Um movimento excessivamente
rápido, além de cansar quem está serrando, pode resultar num corte malfeito, sem
boa qualidade. Também pode causar redução da produção pois o trabalhador, após
excessivo esforço, vê-se obrigado a parar por muito cansaço.

6. Zonas de trabalho
É preciso demarcar bem a zona de trabalho, que é a área da extensão das mãos
do trabalhador quando ele movimenta os braços, sem precisar movimentar o corpo.

No plano horizontal, temos a chamada zona ótima, adequada para a realização de


tarefas mais precisas, em que são movimentados os dedos e os punhos.

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Quando usamos dedos, punho e antebraço na execução de um trabalho, estamos


usando a zona normal, conforme ilustra a figura abaixo.

A zona de alcance máximo dos braços corresponde à área denominada zona


máxima. Além desse limite, não é recomendável a realização de nenhuma tarefa.

Todas as ferramentas, materiais, botões de comando e pontos de operação devem


estar sempre colocados nessas áreas, seguindo, se possível, a seqüência: zona
ótima, zona normal, zona máxima.

Essas áreas também existem no plano A área de trabalho pode, ainda, estar em
vertical, que fica paralelo à frente da pleno perpendicular à frente do corpo,
pessoa como é o caso do professor, ao como é o caso do músico que toca
escrever na lousa. harpa.
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Instalações elétricas

7. Altura do posto de trabalho;


A altura do posto de trabalho é um dos aspectos importantes para manter o
conforto do trabalhador e evitar cansaço. Sempre que possível, a pessoa deve ter
liberdade para trabalhar em pé ou sentada, mudando essas duas posições de
acordo com sua disposição física. Portanto, as máquinas e bancadas devem ter
altura adequada à altura do trabalhador para ele trabalhar em pé. Para seu
conforto, deve haver um assento alto, regulável, que lhe possibilite trabalhar
sentado. No entanto, existem trabalhos que só podem ser feitos com o trabalhador
sentado, como é o caso dos motoristas, e trabalhos que só podem ser feitos em pé,
como é o caso dos cozinheiros à frente do fogão.

Em cadeira alta, o trabalhador precisa ter um apoio para os pés, de modo que haja
facilidade de circulação do sangue pelas coxas, pelas pernas e pelos pés.

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Instalações elétricas

8. Um lugar para cada coisa


Deve haver sempre um lugar para cada coisa e cada coisa deve estar sempre em
seu lugar. Pondo isso em prática, evitam-se fadiga, perda de tempo e irritação por
não se encontrar o que se necessita.

Um exemplo desse princípio de ordem e organização é o dos quadros de oficinas


mecânicas, que apresentam contornos das ferramentas a fim de que cada uma
volte sempre ao seu local.

9. Objetos em ordem
Objetos em ordem facilitam o trabalho. Se, numa seqüência de operações, você
usa ferramentas ou outros objetos, procure colocá-los na mesma ordem da
seqüência de uso e na zona em que vai trabalhar. Os objetos de uso mais
freqüente devem ficar mais próximos de você.

10. Uso da força da gravidade


A força da gravidade faz com que os corpos sejam atraídos para o centro da Terra.
Deve ser aproveitada para pequenos deslocamentos, como é caso de
abastecimento e retirada de materiais. Sua bancada, por exemplo, pode ter uma
calha para você receber peças ou transportá-las para outro posto.

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Instalações elétricas

11. Ferramentas
As ferramentas devem ser adequadas ao trabalho, tanto no tipo quanto no
tamanho. Por exemplo, para pregar pregos pequenos, devemos usar martelos
pequenos e para pregos grandes, martelos grandes. Devemos apertar uma porca
com chave de boca com tamanho e tipo apropriados, pois o uso da ferramenta
inadequada pode causar acidentes.

Fatores ambientais

Fatores como iluminação, barulho, temperatura etc., devem ser considerados para
aumentar a produtividade, assegurar a qualidade do produto ou serviço que está sendo
feito e garantir o conforto e a saúde ocupacional do trabalhador.

O conjunto de elementos que temos à nossa volta, tais como as edificações, os


equipamentos, os móveis, as condições de temperatura, de pressão, a umidade do ar,
a iluminação, a ordem, a limpeza e as próprias pessoas, constituem o nosso ambiente.
Nos locais de trabalho, a combinação de alguns desses elementos gera produtos e
serviços. A todo esse conjunto de elementos e ações denominamos condições
ambientais.

Com o desenvolvimento tecnológico, é possível imaginar que, num futuro próximo, os


trabalhadores fiquem livres de desenvolver atividades em ambientes que coloquem em
risco sua integridade física e saúde.

Já estamos chegando quase lá. Hoje, existem robôs que, manipulados por controle
remoto, descem ao fundo das crateras vulcânicas para colher amostras de solo e
registrar informações que permitirão prever a ocorrência de futuras erupções. Os
cientistas fazem a sua parte em locais mais seguros. Nas linhas de montagem, os
robôs se encarregam de atividades repetitivas e perigosas.

Entretanto, apesar de todo o avanço científico e tecnológico, ainda há situações em


que o homem é obrigado a enfrentar condições desfavoráveis em seu ambiente de
trabalho, expondo-se ao risco de contrair doenças ou sofrer lesões. E o que é pior: há
casos em que o homem desenvolve seu trabalho em condições ambientais
aparentemente inofensivas, sem ter consciência dos riscos invisíveis que está
enfrentando.

SENAI-SP - INTRANET 111


Instalações elétricas

Há vários fatores de risco que afetam o trabalhador no desenvolvimento de suas


tarefas diárias. Alguns atingem grupos específicos de profissionais. É o caso, por
exemplo, dos mergulhadores, que trabalham submetidos a altas pressões e a baixas
temperaturas. Por isso, são obrigados a usar roupas especiais, para conservar a
temperatura do corpo, e passam por cabines de compressão e descompressão, cada
vez que mergulham ou sobem à superfície.

Outros fatores de risco não escolhem profissão: agridem trabalhadores de diferentes


áreas e níveis ocupacionais, de maneira sutil, praticamente imperceptível. Esses
últimos são os mais perigosos, porque são os mais ignorados.

Riscos físicos

Todos nós, ao desenvolvermos nossos trabalhos, gastamos uma certa quantidade de


energia para produzir um determinado resultado. Quando as condições físicas do
ambiente, como, por exemplo, o nível de ruído e a temperatura, são agradáveis,
produzimos mais com menor esforço. Mas, quando essas condições fogem muito dos
limites de tolerância, vem o cansaço, a queda de produção, a falta de motivação para o
trabalho, as doenças profissionais e os acidentes do trabalho.

Em outras palavras, os fatores físicos do ambiente de trabalho interferem


diretamente no desempenho do trabalhador e na produção e, por isso, merecem ser
analisados com o maior cuidado.

Ruído
Os especialistas no assunto definem o ruído como todo som que causa sensação
desagradável ao homem.

Quando você se encontra em um ambiente de trabalho e não consegue ouvir


perfeitamente a fala das pessoas, isso é uma indicação de que o local é barulhento ou
ruidoso.

O som e o ruído, penetrando pelos ouvidos, atingem o cérebro. Se medidas de


controle não forem tomadas, graves conseqüências podem ocorrer. Agindo no
aparelho auditivo, o ruído pode causar surdez profissional cuja cura é impossível,
deixando o trabalhador com dificuldades para ouvir rádio, televisão e para manter um
bom “papo” com os amigos.

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Instalações elétricas

Você sabia?
Para 8 horas diárias de trabalho, o limite máximo de ruído estabelecido pela norma
regulamentadora do Ministério do Trabalho é de 85 decibéis. O ruído emitido por uma
britadeira é equivalente a 100 decibéis. Pela mesma norma, o limite máximo de
exposição contínua do trabalhador a esse ruído, sem protetor auditivo, é de 1 hora.

Temperatura
Frio ou calor em excesso, ou a brusca mudança de um ambiente quente para um
ambiente frio ou vice-versa, também são prejudiciais à saúde.

Nos ambientes onde há a necessidade do uso de fornos, maçaricos etc., ou pelo tipo
de material utilizado e características das construções (insuficiência de janelas, portas
ou outras aberturas necessárias a uma boa ventilação), toda essa combinação pode
gerar alta temperatura prejudicial à saúde do trabalhador.

A sensação de calor que sentimos é proveniente da temperatura resultante existente


no local e do esforço físico que fazemos para executar um trabalho. A temperatura
resultante é função dos seguintes fatores: umidade relativa do ar, velocidade e
temperatura do ar e calor radiante, isto é, produzido por fontes de calor do ambiente,
como fornos e maçaricos.

Para saber mais!


Consulte o anexo 3 da Norma Regulamentadora 15 do Ministério do Trabalho, que
trata das tabelas de temperaturas máximas para diferentes tipos de trabalho. Você
pode fazer isso pela Internet

Radiação
As radiações são uma forma de energia que se transmite da fonte ao receptor através
do espaço, em ondas eletromagnéticas.

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As radiações se movimentam no espaço em forma de ondas. É dessa forma, em


ondas, que o som chega até o seu radinho de pilhas.

Um dos elementos da onda é o seu comprimento, identificado pela letra grega λ


(lambda). O comprimento de onda λ tem grandes variações, de acordo com o tipo de
energia.

Existem diferentes tipos de radiações que se propagam no espaço em diferentes


comprimentos de onda. As radiações são tanto mais perigosas quanto menor for o
comprimento de onda λ.

Veja, a seguir, quais os tipos de radiação que mais atingem o trabalhador.

1. Raios infravermelhos
Trabalhos com solda elétrica, com solda oxiacetilênica, trabalhos com metais e
vidros incandescentes, isto é, que ficam da cor laranja e emitem luz quando
superaquecidos, e também nos fornos, fornalhas e processos de secagem de tinta
e material úmido são atividades que produzem raios infravermelhos. Em trabalhos
a céu aberto, o trabalhador fica exposto ao Sol, que é uma fonte natural emissora
de raios infravermelhos.

Em doses bem controladas, os raios infravermelhos são usados para fins


medicinais. Mas, quando a intensidade dessa radiação ultrapassa os limites de
tolerância, atingindo o trabalhador sem nenhuma proteção adequada, os raios
infravermelhos podem causar sérios danos à saúde.

2. Raios ultravioleta
Atividades com solda elétrica, processos de foto-reprodução, esterilização do ar e
da água, produção de luz fluorescente, trabalhos com arco-voltaico, dispositivos
usados pelos dentistas, processos de aluminotermia (atividade química com o
emprego de alumínio em pó), lâmpadas especiais e o Sol emitem raios ultravioleta.
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Instalações elétricas

Em pequenas doses (mais ou menos 15 minutos diários de exposição ao Sol), o


ultravioleta é necessário ao homem porque é o responsável pela produção da
vitamina D no organismo humano. Mas, em quantidades excessivas, pode causar
graves prejuízos à saúde.

Tanto os raios infravermelhos como os ultravioleta normalmente não são medidos


nos ambientes de trabalho, mas quando ocorrem atividades que emitam esses
raios, como as citadas nesta aula, medidas de proteção devem ser tomadas para
garantir a saúde dos trabalhadores.

3. Microondas
As microondas são encontradas em formas domésticas ou industriais: fornos de
microondas, aparelhos de radar em aeroportos, aparelhos de radiocomunicação,
equipamentos de diatermia para obter calor e processos de aquecimento em
produção de plásticos e cerâmica. A medição ou avaliação das microondas pode
ser por sistema elétrico ou térmico, mas não é costumeira e não existem limites
nacionais de tolerância definidos.

4. Laser
Esta sigla, em inglês, vem de “Light Amplification by Stimulated Emission of
Radiation”, que em Português pode ser traduzido por: amplificação da luz por
emissão estimulada de radiação.

O laser é um feixe de luz direcional convergente, isto é, que se concentra em um


só ponto. É muito utilizado em indústrias metalúrgicas para cortar metais, para
soldar e também em equipamentos para medições a grandes distâncias. Tem
também aplicações em medicina, para modernos processos cirúrgicos.

Os perigos que podem representar os raios laser têm sido motivo de estudos e
experiências, até agora não conclusivos. Daí as recomendações se limitarem mais
aos aspectos preventivos. O seu maior efeito no homem é sobre os olhos, podendo
causar grandes estragos na retina, que é a membrana sensível do olho, em alguns
casos irreversíveis, podendo provocar cegueira.

Todas essas radiações estudadas: o infravermelho, o ultravioleta, a microonda e o


laser são classificadas como radiações não ionizantes. Porém, as mais perigosas
são as ionizantes, cuja energia é tão grande que, atingindo o corpo humano,
produzem alterações das células, provocando o câncer.

SENAI-SP - INTRANET 115


Instalações elétricas

Radiações ionizantes
Do ponto de vista do estudo das condições ambientais, as radiações ionizantes de
maior interesse de uso industrial são os raios X, gama e beta, e de uso não industrial
são os raios alfa e nêutrons, cada uma com uma faixa de comprimento de onda λ.
Essas radiações podem ser encontradas de forma natural nos elementos radioativos,
tais como Urânio 238, Potássio 40 etc., além das radiações cósmicas vindas do
espaço celeste.

Artificialmente, são originadas pela tecnologia moderna, como o raio X, usado em


metalurgia para detectar falhas em estruturas metálicas e verificar se há soldas
defeituosas. Outros tipos de radiações são usados para determinar espessuras de
lâminas metálicas, de vidro ou plásticos, bem como para indicar níveis de líquidos em
reservatórios.

Os raios gama servem para analisar soldagem em tubos metálicos, cujo processo
chama-se gamagrafia.

As radiações são ainda usadas em tintas luminosas, nas usinas de produção de


energia elétrica (como a usina atômica de Angra dos Reis) e nos processos de
verificação de desgaste de cera para piso, desgaste de ferramentas de tornos e de
anéis de motores de automóveis. São também usadas em laboratórios de pesquisa e
na medicina, no combate ao câncer e em muitas outras aplicações.

A absorção de radiação no organismo humano é indiretamente avaliada pela unidade


chamada REM, em inglês: “Relative Efect Man” que em português quer dizer: efeito
relativo no homem. A detecção das radiações ionizantes é feita por vários tipos de
aparelhos, como detectores pessoais e de cintilação, dosímetros etc.

116 SENAI-SP - INTRANET


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Os limites máximos de exposição são indicados pela Comissão Nacional de Energia


Nuclear e por norma do Ministério do Trabalho.

Cuidado! Este símbolo indica material radioativo. Não se aproxime, não mexa. Vendo
este símbolo em materiais abandonados ou mal acondicionados, informe aos órgãos
especializados.

Riscos químicos
Certas substâncias químicas, utilizadas nos processos de produção industrial, são
lançadas no ambiente de trabalho, intencional ou acidentalmente. Essas substâncias
podem apresentar-se nos estados sólido, líquido e gasoso.

No estado sólido, essas substâncias são representadas por poeiras de origem animal,
mineral e vegetal, como a poeira mineral de sílica encontrada nas areias para moldes
de fundição. No estado gasoso pode-se citar, por exemplo, o GLP (gás liqüefeito de
petróleo), usado como combustível nos fogões residenciais. Os ácidos, os solventes,
as tintas e os inseticidas domésticos são exemplos de substâncias químicas no estado
líquido.

Esses agentes químicos ficam em suspensão no ar e podem penetrar no organismo do


trabalhador por:
• Via respiratória, principal porta de entrada dos agentes químicos, porque
respiramos continuadamente, e tudo o que está no ar vai direto aos nossos
pulmões. Se o produto químico estiver sob forma sólida ou líquida, normalmente
fica retido nos pulmões e provoca, a curto ou longo prazo, sérias doenças
chamadas pneumoconioses, como o edema pulmonar e o câncer dos pulmões.
Se estiver no ar sob forma gasosa, causa maiores problemas de saúde, pois a
substância atravessa os pulmões, entra na corrente sangüínea e vai alojar-se em
diferentes partes do corpo humano, como no sangue, fígado, rins, medula óssea,
cérebro etc., causando anemias, leucemias, alergias, irritação das vias
respiratórias, asfixia, anestesia, convulsões, paralisias, dores de cabeça, dores
abdominais e sonolência.

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Veja ilustração abaixo.

• Via digestiva - se o trabalhador comer ou beber algo com as mãos sujas, ou que
ficaram muito tempo expostas a produtos químicos, parte das substâncias químicas
será ingerida junto com o alimento, atingindo o estômago e provocando sérios
riscos à saúde.

• cimento, derivados de petróleo etc. que causam câncer e doenças de pele


conhecidas como dermatoses. Epiderme - essa via de penetração é a mais difícil,
mas se o trabalhador estiver desprotegido e tiver contato com substâncias
químicas, havendo deposição no corpo, serão absorvidas pela pele.

118 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

A maneira mais comum da penetração pela pele é o manuseio e o contato direto com
os produtos perigosos, como arsênico, álcool,

• Via ocular - alguns produtos químicos que permanecem no ar causam irritação nos
olhos e conjuntivite, o que mostra que a penetração dos agentes químicos pode se
dar também pela vista.

É importante tomar cuidado com os diferentes produtos químicos empregados nas


indústrias e até em casa. Faça um levantamento dos produtos químicos que você
utiliza, leia os rótulos das embalagens e informe-se sobre os efeitos que podem
provocar no organismo humano.

Riscos biológicos
Os riscos biológicos são causados por agentes biológicos na forma de microrganismos,
ou seja, reduzidíssimos seres vivos não vistos a olho nu, presentes em alguns
ambientes de trabalho, como hospitais, laboratórios de análises clínicas, coleta de lixo,
indústria do couro, fossas etc. Nessa categoria incluem-se os vírus, as bactérias, os
protozoários, os fungos, os parasitas e os bacilos.

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Instalações elétricas

Penetrando no organismo do homem por via digestiva, respiratória, olhos e pele, são
responsáveis por algumas doenças profissionais.

Como esses microrganismos se adaptam melhor e se reproduzem mais em ambientes


sujos, as medidas preventivas a tomar são: rigorosa higiene dos locais de trabalho, do
corpo e das roupas; destruição por processos de elevação da temperatura (esterilização)
ou uso de cloro; uso de equipamentos individuais para evitar contato direto com os
microrganismos; ventilação permanente e adequada; controle médico constante, e
vacinação, sempre que possível.

A verificação da presença de agentes biológicos em ambientes de trabalho é feita por


meio de retirada de amostras de ar e de água, que serão analisadas em laboratórios
especializados. Em virtude das grandes dificuldades para a realização dessas
análises, não existem limites de tolerância definidos.

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Instalações elétricas

Descarte de materiais

Numa rua do Parque Palmas do Tremembé, São Paulo, um caminhão despeja entulho
e terra num terreno baldio. A sujeira é grande e ocupa um pedaço da calçada. Um
carro da Polícia Militar chega ao local e interrompe a operação, mas momentos depois
vai embora.

Após a saída dos policiais, o resto da sujeira é despejado no terreno, e o caminhão


também sai de cena, como se nada tivesse acontecido.
O Estado de S. Paulo, 19/06/95.

Na cidade de Taubaté, no Estado de São Paulo, a saturação do aterro sanitário levou a


Prefeitura a decretar estado de calamidade pública: o aterro exala mau cheiro (...) e
está próximo ao rio Una, onde se faz a captação de água que abastece a cidade.
Diário do Comércio e Indústria, 28/05/94.

(...) O sistema de coleta seletiva de lixo, inaugurado em São Paulo na gestão Luiza
Erundina, só não foi extinto porque existe uma lei municipal que o torna obrigatório. Os
sacos de lixo se amontoam ao lado dos contêineres coloridos, não há divulgação e a
coleta domiciliar é deficiente. Das 12 mil toneladas de lixo recolhidas por dia, apenas
10 toneladas vão para a reciclagem - menos de 0,09%. Agora a Prefeitura promete,
por meio de dois novos projetos, retomar e ampliar o programa.
O Estado de S. Paulo, 26/06/95.

Não se pode falar de descarte de materiais sem lembrar do problema maior que é o
acúmulo de lixo. Neste capítulo, você vai estudar o que acontece com o lixo das
grandes cidades e o impacto que o descarte de cada tipo de material causa no
ambiente.

SENAI-SP - INTRANET 121


Instalações elétricas

Lixo: um grande problema


Nasci em um pequeno bairro formado de casinhas, a maioria térrea, três ou quatro
vendas e duas quitandas. Agora, 40 anos depois, a minha casinha é a única da rua,
espremida entre imensos prédios de apartamentos por todos os lados. As pessoas não
resistiram às ofertas das construtoras, venderam suas casas e se mudaram para
outros bairros mais distantes.

Nos terrenos das casas que abrigavam quatro ou cinco pessoas, foram construídos
prédios de vinte andares, com dezenas de apartamentos, abrigando centenas de
pessoas. Isso fez com que aumentasse o número de carros, piorasse o trânsito,
houvesse mais barulho e mais... lixo!

O acúmulo de lixo polui o ambiente. Mas há soluções para o problema do lixo, como
você verá a seguir.

Tratamento do lixo

O Brasil produz cerca de 90 mil toneladas de lixo por dia, o que corresponde a 30 mil
caminhões cheios de lixo. A grande quantidade de embalagens e produtos
descartáveis agrava ainda mais o problema. Boa parte desse lixo é constituída de
materiais que podem ser reciclados; outra parte é constituída de material orgânico que
pode ser decomposto por microrganismos.

No Brasil, quase todo o lixo ainda é jogado em lixões. O quadro abaixo mostra os
principais destinos do lixo no Brasil.

Destino Em toneladas Em caminhões Porcentagem


Lixões 79.200 26.400 88%
Aterros sanitários 9.000 3.000 10%
Usinas de tratamento 1.800 600 2%

Vamos ver agora o que acontece com o lixo nesses lugares.

Lixões
São terrenos comuns, onde o lixo é depositado diariamente a céu aberto, o que
provoca contaminação da água, do solo e do ar.

122 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

A decomposição do lixo produz um líquido negro, altamente poluente chamado


"chorume", que penetra no solo e atinge as águas subterrâneas, contaminando as
minas e fontes.

A decomposição também provoca a proliferação de animais transmissores de


inúmeras doenças, como ratos, baratas, moscas e mosquitos. O solo contaminado
torna-se improdutivo, além de ser um desperdício a ocupação de grandes terrenos
com lixo.

Aterros sanitários

São áreas escolhidas com critério, geralmente terrenos não produtivos e que não estão
localizados em áreas de preservação ambiental. O fundo do aterro deve ser preparado
com camadas plastificadas resistentes, prevendo o escoamento do "chorume" e o seu
tratamento.

SENAI-SP - INTRANET 123


Instalações elétricas

É uma obra de engenharia complexa, executada com todos os critérios técnicos, de


acordo com a legislação antipoluição vigente.

Nos aterros sanitários, o lixo é disposto em camadas, cobertas com terra ou argila e
compactadas por tratores de esteiras. Após algum tempo, esse lixo é parcialmente
decomposto pelos microrganismos que se alimentam dele. Os resíduos de lixo vão se
acumulando, até lotar a capacidade do terreno. Em São Paulo existem, atualmente,
cinco aterros sanitários. Um deles é só para entulho da construção civil. Dos outros
quatro, dois já estão esgotados.

Usinas de tratamento

Nessas usinas, o lixo não é acumulado. Ao chegar, o lixo é espalhado em esteiras


móveis, para que os materiais recicláveis possam ser separados, como vidros, papéis,
metais, plásticos etc., e vendidos às indústrias de reciclagem.

O lixo restante é colocado em grandes reatores chamados biodigestores. Por meio da


ação dos microrganismos, o lixo se transforma em um composto orgânico que pode
ser usado como adubo ou como componente de rações para animais. O lixo residual
que porventura sobrar é levado para um aterro sanitário.

Incineração
O lixo incinerado é proveniente de hospitais, clínicas veterinárias, materiais tóxicos etc.
Os gases contidos na fumaça do lixo queimado podem ser poluentes, se não forem
corretamente tratados.

124 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Reciclagem do lixo

Para podermos aumentar a vida útil dos aterros, precisamos aprender a reutilizar e
reciclar parte do lixo. Separar vidros, papéis, plásticos etc...

É lucrativo, pois pode-se vendê-los ou, se quisermos doá-los para entidades


assistências. Pode-se também participar da coleta seletiva de lixo da prefeitura,
jogando os papéis, os plástico, e os vidros nos coletores apropriados espalhados pela
cidade.

Separação de lixo para reciclagem

Pense um pouco
Será que você está colaborando para diminuir o lixo na sua cidade? Que sugestões
você faria para um programa de melhor aproveitamento do lixo? Vamos conhecer os
processos de reciclagem de alguns produtos mais comuns.

Papel
Inventado na China, por volta de 200 anos antes de Cristo, o papel chegou à Europa
somente no século XI da nossa era.

O papel é fabricado, basicamente, a partir de uma pasta de celulose, obtida pelo


cozimento da mistura de cavacos de madeira e água. Os dejetos desse processo de
cozimento poluem a água e o ar. Para fabricar uma tonelada de papel virgem, são
utilizadas de 10 a 20 árvores adultas e 100 mil litros de água.

SENAI-SP - INTRANET 125


Instalações elétricas

Quando o papel é reciclado, a quantidade de água empregada no processo diminui


para 2 mil litros, e evita-se o corte de tantas árvores. A energia gasta é 71% menor do
que para a produção de papel virgem, e o processo não é tão poluidor.

O processo de reciclagem é simples. O papel usado (jornais velhos, restos de


produção de gráficas, aparas, papéis de embrulho, cadernos usados etc.) vai para uma
máquina semelhante a um grande liqüidificador.

O papel é desfibrado, formando uma pasta. Essa pasta passa por uma máquina que
retira as impurezas. Depois de limpa, a pasta é imersa em água e colocada em uma
superfície plana, sobre uma tela, que dará forma ao papel.

O excesso de água escoa e um sistema de rolos compressores dá consistência às


folhas, que são postas para secar.

No Brasil, cerca de 30% do papel produzido vai para a reciclagem. O papel reciclado é
utilizado, principalmente, na fabricação de caixas de papelão.

Atualmente, o Brasil importa milhares de toneladas de aparas por ano. Se o volume de


papel reciclado fosse maior, o Brasil não precisaria comprar restos de papel para dar
conta de sua produção.

Vidro

O vidro foi criado há cerca de 4000 anos antes de Cristo. É feito de matérias-primas
naturais, como areia, barrilha, feldspato, alumina etc. Algumas dessas jazidas já estão
se esgotando.

Na produção de vidro, são gastos 1.200 kg de matéria-prima para cada 1.000 kg de


vidro. A extração desse material agride a natureza e o meio ambiente.

O vidro não é degradável, mas é 100% reciclável. Com 1.000 kg de vidro triturado são
produzidos praticamente 1.000 kg de vidro novo.

Na reciclagem, o vidro passa por um processo de lavagem e são retirados objetos


estranhos, como rótulos, anéis metálicos etc. Depois, é separado pela cor e triturado.

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Instalações elétricas

A seguir, entra no processo de fabricação normal: o vidro é fundido para a produção de


novos objetos.

Alguns tipos de vidro, como os planos, usados em janelas e portas, necessitam de


tratamento especial na reciclagem. Esses vidros podem ser reutilizados na fabricação
de telhas e lã de vidro, ou ainda, convertidos em pequenos grãos, que são misturados
à tinta para pintura de asfalto.

Um objeto de vidro pode ser usado infinitamente, desde que não se quebre. Por isso,
as indústrias alimentícias e de refrigerantes reutilizam os vidros, depois de lavados e
desinfetados. Uma tonelada de vidro reutilizado economiza cerca de 290 kg de
petróleo e 1.200 kg de matéria-prima que seriam gastos em sua fundição.

Metal

Os metais têm sido utilizados pelo homem desde a Idade do Ferro, na confecção de
armas e ferramentas. A partir do final do século XIX, iniciou-se a fabricação de
embalagens para conservar alimentos, feitas de ligas metálicas como folha-de-
flandres, aço e alumínio.

O aço é uma liga de ferro com teor de carbono que varia entre 0,06% e 1,7%. Ele é
obtido do beneficiamento siderúrgico do ferro-gusa com adição de metais diversos
para a produção de ligas especiais. Atualmente, no Brasil, são consumidas 650 mil
toneladas de aço laminado, por ano, e 25% delas são destinadas à fabricação de
latas para a indústria alimentícia.

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de minério de ferro, e o sexto maior


produtor de aço, mas essa produção não é suficiente para suprir nossas necessidades
internas. Por isso, o Brasil gasta muito dinheiro com importação de sucata de ferro. E
as reservas de minério de ferro do planeta podem suprir o consumo só por pouco mais
de um século.

O alumínio é obtido da bauxita. São necessárias cinco toneladas de bauxita para se


produzir uma tonelada de alumínio, e a extração da bauxita é extremamente agressora
ao meio ambiente. Nos últimos anos, tem aumentado muito o emprego das
embalagens de alumínio. São de alumínio as embalagens para pasta de dente, creme
de barbear, refrigerante, cerveja e muitas outras.

SENAI-SP - INTRANET 127


Instalações elétricas

O Brasil consegue reciclar 27% do aço produzido e 50% das latas de alumínio. A
reciclagem é simples. A sucata é separada conforme o material predominante, lavada,
prensada e fundida novamente. A reciclagem do aço possibilita 74% de economia de
energia, e a do alumínio possibilita 95%. Uma latinha de alumínio reciclada poupa meia
latinha de gasolina.

Plástico

O plástico é um produto relativamente novo, pois foi desenvolvido no início deste


século e popularizado. É elaborado a partir de derivados do petróleo. Além do fato de
que o petróleo é um recurso natural dificilmente renovável, calcula-se que certos
tipos de plástico podem levar mais de cinqüenta anos para degradar.

Cada cidadão brasileiro joga no lixo, anualmente, uma média de 10 quilos de plástico.
Só na cidade de São Paulo são recolhidas 670 toneladas de plástico diariamente!

O plástico pode ser reciclado na própria indústria que o fabrica. As peças defeituosas
ou as aparas são trituradas, derretidas e novamente colocadas na linha de produção.
Embalagens e outros plásticos usados também podem ser reciclados. Na reciclagem
do plástico a economia de energia chega a 90%.

Para aumentar a produtividade na reciclagem, os plásticos são codificados com


números de 1 a 7, de acordo com a resina básica de que foram feitos. Isso facilita a
classificação na hora da reciclagem, pois plásticos feitos da mesma resina fornecem
um produto final de melhor qualidade.

128 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Veja no quadro a seguir alguns tipos de resina, seus usos principais e os produtos
obtidos de sua reciclagem.

Resina Uso principal Produtos de reciclagem


Tapetes, penugem das bolas
1. polietileno tereftalato Garrafas de refrigerante
de tênis
2. polietileno de alta Garrafas de água, recipientes
Cadeiras e latas de lixo
densidade para detergentes
Recipientes para óleo,
Esteiras de chão, canos e
3. vinil ou polivinil embalagem de alimentos,
mangueiras
válvulas e juntas
4. Polietileno de baixa Embalagens de biscoitos e
Saquinhos de supermercado
densidade massas
5. polipropileno Recipientes de alimentos Recipientes para tinta
Copos descartáveis,
6. poliestireno utensílios domésticos, Canos, latas de lixo
isolantes

Alguns países reutilizam o plástico como combustível. Ele é queimado em grandes


incineradores, gerando uma energia superior à do carvão. Porém, é necessário o uso
de um sistema de filtros para diminuir a poluição do ar.

A emissão desses gases na atmosfera deve seguir as normas de segurança e a


legislação aplicada à poluição
do ar.

Você viu como é simples diminuir o volume de lixo de uma cidade, tornando nosso
ambiente mais saudável.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente apresenta as seguintes


soluções para o problema de acúmulo de lixo.
• Reduzir: usar menos material, evitar desperdícios.
• Reutilizar: não jogar fora produtos usados, mas sim empregá-los de outras
maneiras ou encaminhá-los para fábricas de reciclagem.
• Reciclar: reprocessar a matéria-prima dos produtos usados, para a fabricação de
novos produtos.
• Incinerar: para aproveitar, pelo menos, parte da energia que foi gasta na confecção
dos produtos.
• Dispor em aterros: em último caso, acumular os resíduos em áreas especialmente
preparadas, para evitar a contaminação do solo e de lençóis de água subterrânea.

SENAI-SP - INTRANET 129


Instalações elétricas

Para terminar esta lição, veja se as sugestões que você pensou para um programa de
melhor aproveitamento do lixo são parecidas com alguma destas:
• Sempre que possível, comprar bebidas em garrafas retornáveis.
• Separar o papel (branco, jornal, papelão) e os recipientes de vidro usados, para
vender ou doar para entidades assistenciais.
• Reutilizar embalagens. Por exemplo:
As latinhas de cerveja ou refrigerante podem guardar lápis e canetas.
• Quem mora em casa com quintal de terra pode separar as cascas de frutas e as
folhas de verduras para serem transformadas em adubo orgânico.

130 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Planejamento de uma
instalação elétrica

Nesta unidade, estudaremos os tipos de circuitos de distribuição existentes e forma


adequada de aplicá-los.

Em seguida, estudará também a forma de fazer um planejamento de uma instalação


elétrica na qual poderá verificar a aplicação dos circuitos de distribuição.

Verá que o planejamento da instalação deverá ser feito de acordo com as norma
previstas pela NB-3, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, que orientam a
padronização das instalações elétricas e que garante que elas sejam realizadas dentro
dos padrões de segurança previstos pelas empresas concessionárias de fornecimento
de energia elétrica.

Para realizar com sucesso o estudo deste capítulo, você deverá ter conhecimento do
funcionamento e aplicações dos componentes utilizados nos ensaios até agora.

Sistemas de instalação

As instalações de consumo devem ser sempre divididas em duas seções: um circuito


de alimentação que atende unicamente a centros ou circuitos de distribuição e um ou
mais circuitos de distribuição aos quais são ligados ao ponto de consumo.

Os circuitos de distribuição para motores, solda elétrica, aquecimento e equipamentos


industriais diversos devem ser separados dos circuitos para iluminação. O circuito
alimentador, no entanto pode ser comum. Ele deve ser calculado para a carga
computada, levando em consideração o fator de demanda.

Os circuitos de distribuição devem ter capacidade nominal para 15, 20 e 30A. neles,
usam-se condutores de 1,5, 2,5 e 4mm2, respectivamente.

SENAI-SP - INTRANET 131


Instalações elétricas

Essas capacidades são determinadas pelos dispositivos de proteção (fusíveis e


disjuntores).

Tipos de circuitos de distribuição

Nas pequena instalações, ou quando o número de pontos de carga é reduzido,


empregam-se os seguintes tipos de circuitos de distribuição:
• Circuitos ramificados, para instalações de iluminação ou alimentação de pequenos
motores.

• Circuitos radiais, para instalações de força de pequeno número de motores de


grande potência.

Observação
Nesses dois tipos de distribuição, os circuitos ramais são alimentados na caixa geral
de distribuição.

Nas grandes instalações, ou quando é conveniente o agrupamento das cargas em


caixas secundárias de distribuição, emprega-se o sistema radial por grupo.

132 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Nele, os ramais em disposição radial ou ramificada, alimentam-se nas caixas


secundárias de distribuição que, por sua vez, são ligadas ao circuito alimentado pela
caixa geral de alimentação.

Regras a serem observadas nas instalações

De modo geral, as seguintes regras devem ser observadas:


1. Deve existir uma caixa geral de distribuição de força e uma caixa geral d
distribuição de luz. Quando o circuito alimentador for o mesmo para luz e força, as
instalações internas devem ser separadas antes da chave geral como mostra a
figura a seguir.

SENAI-SP - INTRANET 133


Instalações elétricas

2. Para cada ramal que deriva de uma caixa de distribuição, deve existir um
dispositivo de manobra e outro de proteção contra sobrecarga, além dos sistemas
gerais de manobra a proteção do circuito de distribuição.

3. No sistema ramificado de distribuição, no qual um circuito de proteção alimenta


diversos motores, logo após a derivação de cada aparelho deve ser colocada uma
chave separadora de dispositivos de proteção a distância máxima entre o
dispositivo e a derivação deve ser de 15 metros.

4. Os condutores devem ser isolados para 600V. as emendas e derivações devem ser
soldadas ou feitas com conectores e isoladas. Os condutores de seção igual ou
maior que 2,5mm2 só podem ser ligados a bornes através de terminais.

134 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Projeto de uma instalação elétrica

Projeto de uma instalação elétrica é o plano de uma instalação elétrica com todos os
seus detalhes de modo que se possa realizar um trabalho racionalizado, ou seja,
seguro, rápido e estético.

Na realização desse plano, o eletricista precisa determinar, a partir da planta baixa, os


seguintes itens:
• Número de pontos de luz e tomadas de energia;
• Divisão da instalação em vários circuitos de acordo com as necessidades e normas
vigentes;
• Dimensionamento de:
a. Fiação, verificando a queda de tensão máxima permissível,
b. Elementos de proteção, verificando a corrente máxima de cada circuito,
c. Diâmetro da tubulação a fim de acomodar a futura fiação,
d. Caixa de distribuição para acomodar todos os disjuntores com previsão de
possíveis ampliações.
• Relação do material necessário à execução do projeto.

O projeto de instalações elétricas é orientado pela norma NBR 5410/1990 da ABNT


(Associação Brasileira de Normas Técnicas) que estabelece as condições para que a
instalação elétrica seja segura.

Ponto
Ponto é o termo que identifica a localização de aparelhos fixos de consumo como
centros de luz e tomadas de corrente.

As tomadas de corrente são os locais onde são alimentados os aparelhos


eletrodomésticos, eletroindustriais e as máquinas de escritório. Elas podem ser de dois
tipos: tomadas de uso geral e tomadas de uso específico.

A tomada de uso geral é aquela na qual podem ser ligados os aparelhos portáteis que
funcionam algum tempo e depois são removidos.

A tomada de uso específico é aquela que alimenta os aparelhos estacionários que,


embora possam ser removidos, trabalham sempre em determinado local, como por
exemplo, o chuveiro, a máquina de lavar roupa, o aparelho de ar condicionado, etc.

SENAI-SP - INTRANET 135


Instalações elétricas

Cada ponto da instalação deve receber um valor estimado da área e do tipo de carga a
ser instalada.

Assim, por exemplo, em cômodos com área igual ou inferior a 6m2 deve ser prevista
uma carga mínima de 100VA.

Por sua vez, nos cômodos com área superior a 6m2 deve ser prevista uma carga
mínima de 100VA para os primeiros 6m2, acrescentando-se 60VA para cada acréscimo
de 4m2 inteiros.

O número de tomadas de uso geral deve seguir os seguintes critérios:


• Em banheiros, deve haver no mínimo uma tomada junto ao lavatório;
• Em cozinhas, copas e copas-cozinhas, no mínimo uma tomada ara cada 3,5m e
uma acima de cada bancada com largura igual ou superior a 0,30m;
• Uma tomada no mínimo em subsolos, garagens e sótãos;
• Nos demais cômodos com área igual ou superior 6m2, no mínimo uma tomada;
• Em cômodos com área superior a 6m2 no mínimo uma tomada a cada 5m, ou
fração, de perímetro espaçadas tão uniformemente quanto possível.

As tomadas de uso específico devem ser instaladas a, no máximo, 1,5m do local


previsto para a instalação do equipamento a ser instalado.

As seguintes potências devem ser atribuídas as tomadas da corrente:


• A potência nominal do equipamento a ser alimentado é atribuída às tomadas de
uso específico;
• Para as tomadas de uso geral em banheiros, cozinhas, copas, áreas de serviço,
lavanderias, etc., atribui-se a potência de, no mínimo 600VA por tomada excedente;
• Para as tomadas dos demais cômodos, no mínimo 100VA por tomada.

Observação
Essas orientações fazem parte da norma 5410 citada anteriormente.

Planta baixa
Para iniciar o projeto de instalação, determina-se a partir da planta baixa, a localização
da caixa de distribuição, dos pontos de iluminação e das tomadas e a posição dos
eletrodutos de acordo com a norma da ABNT.

136 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Em função da área e do perímetro de cada cômodo, determina-se o número de


tomadas e as cargas de iluminação.

Como exemplo, usaremos a planta baixa mostrada a seguir.

Assim, para os quartos 1 e 2 (A = 10,5m2 e P = 13m), a carga de iluminação será de


160VA e o número de tomadas será de 3 com 100VA cada, pois o perímetro (13)
dividido por 5 (5 metros lineares indicados pela norma ABNT, já citada) é igual a 2,6.

Para o quarto 3, com área de 9m2 e perímetro de 12m, a carga de iluminação será de
100VA e o número de tomadas será com 100VA cada.

Para os outros cômodos, teremos:


• Sala (A = 16m2 e P = 16m) - carga de iluminação:220VA; número de tomadas: 3
com 100VA cada;
• Quarto da empregada (A = 5m2 e P = 9m) - carga de iluminação: 100VA; número
de tomadas: 1 com 100VA;
• Cozinha (A = 7,5m2 e P = 11m)-carga de iluminação: 100VA; número de tomadas: 3
com 600VA cada;
• Lavanderia (A = 3,5m2 e P = 4,5m)-carga de iluminação: 100VA; número de
tomadas: 1 com 600VA;

SENAI-SP - INTRANET 137


Instalações elétricas

• Banheiro social (A = 6m2 e P = 10m)-carga de iluminação: 100VA; número de


tomadas: 1 com 600VA;
• Banheiro externo (A = 2m2 e P = 3m)-carga de iluminação: 100VA; número de
tomadas: 1 com 600VA;
• Área de circulação (A = 3m2 e P = 4m)-carga de iluminação: 100VA; número de
tomadas: 1 com 100VA;

Além das tomadas de uso geral, devem ser previstas algumas de uso específico que
solicitam cargas maiores:
• Cozinha-1 tomada para torneira elétrica: 2.800W
• Banheiro social-1 tomada para chuveiro: 4.000W
• Banheiro externo-1 tomada para chuveiro: 4.000W

Divisão em circuitos

A instalação, seja ela residencial ou industrial, deve ser dividida em circuitos menores
chamados circuitos terminais.

Os circuitos terminais devem ser projetados para correntes de, no máximo 15A.

Os circuitos de chuveiros, torneiras, aquecedores etc. podem ser projetados para


correntes maiores.

As cargas com corrente nominal superior a 10A devem ter tomadas de energia
independentes.

Nas instalações alimentadas com duas ou três fases, as cargas devem ser distribuídas
entre as fases de modo que se obtenha o melhor equilíbrio possível.

Observação
Cada circuito terminal deve ter um fio neutro independente.

138 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

A figura a seguir mostra a planta baixa após a divisão em circuitos menores, com os
pontos de luz e tomadas.

Após a divisão do circuito em circuitos terminais, deve-se calcular a corrente de cada


circuito admitindo que a tensão entre fase e neutro é de 127V e a tensão entre as
fases é de 220V.

Após o cálculo do valor da corrente, seleciona-se o tipo de disjuntor que protegerá o


circuito.

SENAI-SP - INTRANET 139


Instalações elétricas

Quadro de carga
O quadro a seguir é um quadro de carga referente ao projeto de instalação fornecido
como exemplo.

Circuito Carga de Tomadas W/VA Total Corrente Corrente


iluminação da do do
N° Tensão Local em VA Geral Espec. carga projeto disjuntor
1 220V WC social -- -- 4000 4000 18,18A 25A
2 220V WC social -- -- 4000 4000 18,18A 25A
3 220V Cozinha -- -- 3000 3000 13,63A 20A
Quarto 1 160 3x100 -- 15A
4 127V Quarto 2 1600 3x100 -- 1220 9,60A
Quarto 3 100 2x100 --
Sala 220 3x100 --
5 127V Circulação 100 1x100 -- 1420 11,18A 15A
WC social 100 1x600 --
6 127V Cozinha 100 3x600 -- 1900 14,96A 20A
Lavanderia 100 1x600 --
7 127V Quarto ex. 100 1x100 -- 1600 12,59A 20A
WC externo 100 1x600 --

Diagrama de distribuição
Após feito o quadro de carga, faz-se o diagrama de distribuição. Este reúne todos os
circuitos em paralelo, suas respectivas cargas, a bitola do fio da rede de cada circuito e
o valor da corrente do elemento de proteção.

140 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Dimensionamento da rede de entrada


A fiação da rede de entrada e o elemento de proteção devem ser dimensionados de
acordo com o fator de demanda provável dos tipos de consumidores de instalação.

Demandas para tomadas e iluminação


A demanda prevista da instalação de tomadas e de iluminação é calculada somando-
se todos os valores atribuídos aos consumidores e usando um dos fatores de demanda
da tabela a seguir.

Carga instalada (kW) Fator de demanda


0<C<1 0,86
1<C<2 0,75
2<C<3 0,66
3<C<4 0,59
4<C<5 0,52
5<C<6 0,45
6<C<7 0,40
7<C<8 0,35
8<C<9 0,31
9 < C < 10 0,27
C < 10 0,24

Fonte: Norma Técnica Unificada - NTU.01. CESP/CPFL/Eletropaulo. 1990

Exemplo
Carga de iluminação: 1.240 VA
Carga de tomadas: 4.900 VA
Total: 6.140 VA
Carga demandada: 6.140 x 0,4 = 2.456VA

P 2.456
I= = = 19,33 A
V 127

Como devemos dividir a carga nas duas fases, no exemplo dado podemos considerar
um consumo aproximado de 10A por fase para alimentação de iluminação e tomadas.

Demanda para chuveiros, torneiras e aquecedores


A demanda referente a chuveiros, torneiras, aquecedores e ferros elétricos é calculada
somando-se suas potências aplicando o fator de demanda de acordo com o número de
aparelhos mostrado na tabela a seguir.

SENAI-SP - INTRANET 141


Instalações elétricas

No. de aparelhos FD No. de aparelhos FD


01 1,00 14 0,45
02 1,00 15 0,44
03 0,84 16 0,43
04 0,76 17 0,40
05 0,70 18 0,41
06 0,65 19 0,40
07 0,60 20 0,40
08 0,57 21 0,39
09 0,54 22 0,39
10 0,52 23 0,39
11 0,49 24 0,38
12 0,48 25 0,38
13 0,46

Fonte: Norma Técnica Unificada - NTU.01. CESP/CPFL/Eletropaulo. 1990

Exemplo
Chuveiro 1 - 4.000W
Chuveiro 1 - 4.000W
Comum 3.000W
11.000W
Potência demandada: 11000 x 0,84 = 9.240W

P 9.240
I= = = 42A
V 220

Seleção do condutor por máxima corrente


De acordo com o exemplo acima, os fios da fase de entrada devem ser selecionados
para uma corrente de 52A (42A + 10A).

Para o fio neutro da rede de entrada corrente máxima deve ser de 20A, pois são 10A
para cada fase no circuito de 127V, retornando 20A pelo fio neutro.

A tabela do fabricante do condutor fornece os dado para seleção de um condutor que


suporte a corrente calculada nas condições em que será usado, ou seja, dentro do
eletroduto embutido.

Seleção do condutor por critério da queda de tensão


Para que os aparelhos, equipamentos e motores possam funcionar satisfatoriamente, é
necessário que a tensão esteja dentro dos limites prefixados.

142 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Ao longo do circuito até pontos de utilização, ocorre uma queda de tensão que, para
instalações alimentadas diretamente em rede de alta tensão, é de seguinte ordem:
• Iluminação e tomada: 3%
• Motores, fornos, etc.:5%

Para qualquer dos dois casos, a queda de tensão, a partir do quadro terminal até o
dispositivo ou equipamento consumidor de energia deve ser de, no máximo, 2%. Veja
figura a seguir.

O cálculo preciso da queda de tensão é bastante complexo porque fatores como


resistência e indutância do condutor, proximidade deste a outros condutores e tipo de
eletroduto usado devem ser considerados.

Para facilitar a escolha do fio de acordo com a porcentagem máxima da queda de


tensão desejada, os fabricantes criam métodos e tabelas que auxiliam esse cálculo.

Assim, para o dimensionamento do condutor, considera-se:


• Material do eletroduto (magnético ou não-magnético);
• Corrente do projeto (IP) em ampères;
• Fator de potência (cos 0)
• Percentual de queda de tensão admissível para o caso;
• Comprimento do circuito (1) em Km;
• A tensão entre fases (U) em volts.

SENAI-SP - INTRANET 143


Instalações elétricas

O cálculo é feito através da seguinte fórmula:


U = (%) x (V)

Dividindo-se U por IP x 1, têm-se a queda de tensão em VA x Km.

A tabela a seguir mostra as quedas de tensões unitárias que devem ser consideradas
na escolha do condutor.

Eletroduto ou calha de
Eletroduto ou calha de material não-magnético
material magnético
Seção Circuito monofásico
Circuito monofásico Circuito trifásico
nominal ou trifásico
2
(mm )
Cos φ = Cos φ =
Cos φ = 0,8 Cos φ = 1 Cos φ = 1 Cos φ = 1
0,8 (V/A x 0,8 (V/A
(V/A x Km) (V/A x Km) (V/A x Km) (V/A x Km)
Km) x Km)
1,5 23,0 27,6 20,0 24,0 23,0 27,6
2,5 14,0 16,8 12,0 14,4 14,0 16,8
4 8,7 10,4 7,5 19,0 8,7 10,4
6 5,8 7,0 5,1 6,1 5,8 7,0
10 3,5 4,2 3,0 3,6 3,5 4,2
16 2,3 2,5 1,95 2,1 2,3 2,5
25 1,5 1,7 1,27 1,4 1,5 1,7
35 1,1 1,2 0,95 1,0 1,1 1,2
50 0,63 0,83 0,72 0,72 0,83 0,75
70 0,61 0,55 0,53 0,48 0,61 0,55
95 0,47 0,42 0,41 0,37 0,47 0,42
120 0,39 0,31 0,34 0,27 0,40 0,32
150 0,34 0,27 0,30 0,24 0,35 0,28
185 0,30 0,24 0,26 0,21 0,31 0,25
240 0,25 0,18 0,22 0,15 0,26 0,21

Exemplo de cálculo
A residência do exemplo fica a 40m de distância da rede de entrada.
Que tipo de condutor deve ser selecionado, considerando-se a queda de tensão?

Condutor fase:
1 = 40m
I = 52A
Material do eletroduto: PVC
Porcentagem da queda de tensão: 3%
U = 220V
cos 0 = 0,8
U = 0,03 . 220 = 6,6V

144 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Queda de tensão (VA x Km):

U 6,6
U= = = 3,17VA/Km
IP . 1 52 . 0,04

Na tabela, este valor (3,17) corresponde a um condutor de seção nominal de 16mm2.

Condutor neutro:
! = 20m
I = 20A
Material do eletroduto: PVC
Porcentagem da queda de tensão: 3%
U = 127V
cos 0 = 0,8
U = 0,03 . 127 = 0,36
U 3,81
Queda de tensão (VA x Km): = = 4,76
IP . 0,04 20 . 0,04

Na tabela, esse valor (4,76) corresponde a um condutor de seção nominal de 10mm2.

Distribuição da fiação
Após a seleção dos condutores, realiza-se a distribuição da fiação com respectiva
bitola na planta baixa, marcando a que circuitos pertencem.

SENAI-SP - INTRANET 145


Instalações elétricas

Para facilitar a marcação, deixamos sem cortas os fios e eletrodutos mais utilizados.
Isso é feito por meio de legenda.

Legenda
Todo condutor não cotado: # 1,5mm2
Todo eletroduto não cotado: 0,19mm2

146 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Técnicas de manutenção e
inspeção em instalações
elétricas de baixa tensão

Neste capitulo, você verificará que uma instalação elétrica de baixa tensão antes de
ser entregue ao uso, necessita de uma verificação final. Isto é válido tanto para
reforma ou para instalação nova, é o que prescreve a norma NBR 5410, incluindo
nestas instalações, manutenções periódicas durante sua vida útil.

Esse trabalho é dividido em inspeção visual e ensaio.


Na inspeção visual é verificado toda a documentação da instalação no sentido de
observar sem instrumento de medição, se é correta a execução da mesma. Já no
ensaio é verificado a eficiência da instalação elétrica através de medições com
instrumentos adequados.

A NBR 5410 exige que o projeto de instalações elétricas de baixa tensão seja
constituído, no mínimo por:
• Planta baixa;
• Esquemas;
• Detalhes de montagem, quando necessário;
• Memorial descritivo; e
• Especificação dos componentes.

As plantas, em escalas convenientes, devem indicar:


• Localização da(s) subestações e dos quadros de distribuição;
• Percurso e características das linhas elétricas correspondentes aos circuitos de
distribuição (principais e divisionários) e aos circuitos terminais; e
• Localização dos pontos de luz, das tomadas de corrente e dos equipamentos fixos
diretamente alimentados.

SENAI-SP - INTRANET 147


Instalações elétricas

Os esquemas , unifilares e eventualmente, trifilares, correspondentes às subestações


e aos quadros de distribuição, devem indicar:
• Quantidade, destino, formação e seções dos condutores de entrada e saída das
subestações e dos quadros; e
• Correntes nominais dos dispositivos, indicando se for o caso, sua função nos
circuitos.

No caso de instalações mais complexas podem ser necessário esquemas funcionais


(caso típico de telecomandos), comutação automática, etc.).

Dependendo da complexidade da edificação ou mesmo instalação, podem ser


necessários alguns detalhes de montagem, para orientar a execução.

O memorial descritivo deverá apresentar uma descrição sucinta da instalação e se


for o caso, das soluções adotadas, utilizando, sempre que necessário, tabelas e
desenhos complementares.

Por fim, a especificação dos componentes deve indicar, para cada componente,
uma descrição sucinta, suas características nominais e norma ou as normas que
devem atender.

Inspeção visual
A inspeção visual tem por objetivo confirmar se os componentes elétricos ligados
permanentemente à instalação estão:
• em conformidade com as respectivas normas;
• dimensionados e instalados de acordo com a NBR 5410; e
• sem danos visíveis e capazes de comprometer seu funcionamento e a segurança.

Esse trabalho deve preceder os ensaios iniciando-se com uma análise da


documentação as built da instalação.

Devem ser verificados, no mínimo, os seguintes pontos:


• Medidas de proteção contra choques elétricos;
• Medidas de proteção contra efeitos térmicos;

148 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

• Seleção dos condutores quanto à sua capacidade de condução e queda de tensão;


• Escolha, ajuste e localização dos dispositivos de proteção;
• Escolha e localização dos dispositivos de seccionamento e comando;
• Escolha dos componentes e das medidas de proteção à luz das influências
externas pertinentes;
• Identificação dos componentes;
• Execução das conexões; e
• Acessibilidade.

Execução
Para que possam ser verificados os pontos anteriormente indicados, devem, em
princípio, ser adotados os procedimentos descritos a seguir:
1. Análise, em escritório, de todos os documentos do projeto as built, objetivando
verificar:
• Se a documentação fornecida está completa (quanto à quantidade de
documentos); e
• Se dados fornecidos são suficientes para a realização da verificação final.

2. Verificação, em escritório, a partir dos dados do projeto as built, do


dimensionamento dos circuitos de distribuição e terminais, seguindo, no caso mais
geral, os critérios:
• Da capacidade de condução de corrente;
• Da queda de tensão;
• Da coordenação entre condutores e dispositivos de proteção contra correntes de
sobrecarga;
• Da coordenação entre condutores e dispositivos de proteção contra correntes de
curto-circuito; e
• Da proteção contra contatos indiretos, se usados dispositivos a sobrecorrente na
função de seccionamento automático.
A verificação pode ser feita a partir de memória de cálculo fornecida pelo projetista
ou utilizando softwares adequados.

SENAI-SP - INTRANET 149


Instalações elétricas

3. Verificação, no local, da consistência, da funcionalidade e da acessibilidade da


instalação, constatando, em princípio, de:
• Conformidade dos diversos componentes com os dados e indicações do projeto
as built;
• Compatibilidade dos diversos componentes com as influências externas;
• Condições de acesso aos componentes, tendo em vista as condições de
segurança e de segurança e de manutenção.

4. Verificação, no local, das medidas de proteção contra contatos diretos (total ou


parcial) aplicáveis.
5. Verificação preliminar, no local, dos componentes do sistema de aterramento.
6. Verificação, no local, dos procedimentos de segurança em locais contendo
banheira e/ou chuveiro, em piscinas e em saunas.

Ensaios de campo em instalações

A NBR 5410 prescreve, para as instalações de baixa tensão, diversos ensaios de


campo, que devem, em princípio, ser realizados após inspeção visual.

De acordo com a sequência preferencial apresentada pela norma, são eles:


a. continuidade dos condutores de proteção e das ligações equipotenciais existentes
na instalação;
b. resistência de isolamento da instalação;
c. verificação das medidas de proteção contra contatos indiretos por seccionamento
automático da alimentação;
d. ensaio de tensão aplicada, para componentes construídos ou montados no local da
instalação;
e. ensaios de funcionamento, para montagens como quadros, acionamentos,
controles, intertravamentos, comandos, etc.;
f. verificação da separação elétrica dos circuitos, para os casos de SELV, PELV e
proteção por separação elétrica; e
g. resistência elétrica de pisos e paredes, aplicáveis a locais não-condutivos.

150 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Verificação do seccionamento automático


Os ensaios destinados a verificar a proteção contra contatos indiretos por
seccionamento automático da alimentação estão subdivididos de acordo com o
esquema o esquema de aterramento empregado:

Instalação em esquema TT
• c1: medição da resistência do(s) eletrodo(s) de aterramento;
• c2: verificação das características dos dispositivos DR; e
• c3: verificação da continuidade dos condutores de proteção.

Instalação em esquema TN
• c4: medição de impedância do percurso da corrente de falta ou, como alternativa,
• c5: medição da resistência dos condutores de proteção;
• c6: verificação da continuidade dos condutores de proteção, como alternativa aos
ensaios descritos em c4 ec5; e
• c7: verificação das características dos dispositivos de proteção (dispositivo a
sobrecorrente ou dispositivo DR).

Instalação com esquema IT


• c8: determinação da corrente de primeira falta;
• c9: quando as massas da instalação forem aterradas individualmente ou por grupo,
ou seja, quando as condições do esquema TT forem aplicáveis, realizar a
verificação conforme descrito anteriormente em c1, c2 e c3;
• c10: quando todas as massas da instalação forem interligadas, ou seja, quando
forem aplicáveis as condições do esquema TN, realizar a verificação conforme c4
ou c5 ou, ainda, c6 e c7.

Quando qualquer dos ensaios indicar uma não-conformidade, deve-se efetuar a


correção necessária na instalação e em seguida proceder à repetição do ensaio.
Também se devem repetir todos os ensaios precedentes que possam ter sido
influenciados pela correção efetuada.

SENAI-SP - INTRANET 151


Instalações elétricas

Ensaio de continuidade dos condutores de proteção

Este ensaio destina-se a verificar a continuidade:


• Dos condutores de proteção principais;
• Dos condutores de proteção relativos aos circuitos terminais;
• Dos condutores PEN ( caso dos esquemas TN-C e TN-C-S);
• Das ligações equipotenciais principais; e
• Das ligações equipotenciais suplementares.

A figura abaixo indica os componentes a considerar.

Também devem ser realizadas as seguintes verificações de continuidade:


• Entre o contato de aterramento de cada tomada de corrente e o terminal de
aterramento principal;
• Entre o terminal de aterramento de cada equipamento de utilização classe 1 não
ligado através de tomada (ou seja, ligado diretamente aos condutores do circuito
respectivo) e o terminal de aterramento principal;
• Nos locais contendo banheira e/ou chuveiro, entre cada elemento condutivo
estranho dos volumes 0,1,2 e 3 (ver item 9.1.2.1 da NBR 5410) e o contato de
aterramento mais próximo (via de regra, de uma tomada de corrente);

152 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

• Em piscinas, entre cada elemento condutivo estranho dos volumes 0,1 e 2 (ver item
9.2.2.1 da NBR 5410) e o contato de aterramento mais próximo (em geral, de uma
tomada de corrente).

O ensaio deve ser realizado com a instalação desenergizada, utilizando-se fonte CA ou


CC, com tensão na faixa de 4 a 24 V em vazio, sendo que a corrente de ensaio não
deve ser inferior a 0,2 A

Quando necessário, a continuidade pode ser verificada por trechos sucessivos – por
exemplo:
• Terminal de aterramento principal
• Terminal de aterramento do quadro terminal
• Contato de aterramento da tomada de corrente, etc.

A continuidade dos condutores de proteção pode também ser verificada conectando -


se, no quadro, uma das fases ou neutro ao terminal de aterramento e fazendo a
verificação entre o terminal fase ou neutro em cada tomada de corrente e em cada
equipamento de utilização fixo, como mostra o exemplo de ensaio de continuidade
acima.

SENAI-SP - INTRANET 153


Instalações elétricas

Resistência de isolamento da instalação

O objetivo do ensaio de resistência de isolamento é verificar se essa resistência, em


cada circuito da instalação, atende a valores mínimos prefixados pela norma,
reproduzidos aqui na tabela I.

Com a instalação desenergizada, as medições (em corrente contínua) devem ser


efetuadas:
• entre condutores vivos (fases e neutro), tomadas aos pares, o que, na prática, pode
ser feito com os equipamentos de utilização desligados;
• entre cada condutor vivo e a terra, representada pelos terminais de aterramento,
principal ou quadros, ou pelos condutores de proteção, incluindo o condutor PEN
(nos esquemas TN–C ou TN–C–S). Durante essa medição, os condutores de fase
e neutro podem ser interligados;
• entre todos os condutores de fase e neutro, interligados, e a terra quando o circuito
contiver algum dispositivo eletrônico, tendo em vista a proteção do dispositivo.

O equipamento mais utilizado exatamente, sua fonte CC– deve ser capaz de fornecer
corrente de 1mA ao circuito de carga, apresentando, entre seus terminais,
determinados valores de tensão contínua de ensaio, também indicados na tabela
abaixo.

Valores mínimos de resistência de isolamento, segundo a NBR 5410


Resistência de
Tensão contínua isolamento mínima
Tensão nominal do circuito
de ensaio (V)
Ω)
(M/Ω
Extrabaixa tensão, para circuitos alimentados por
fonte de segurança (ver item 5.1.1.1.2 da norma) e
que atendam às condições de instalação prescritas
250 0,25
para circuitos SELV e PELV (item 5.1.1.1.3).
Até 500V, exceto os casos acima 500 0,5
Acima de 500 V 1.000 1,0

154 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

A resistência de isolamento, medida com os valores indicados de tensão de ensaio, é


considerada satisfatória se nenhum valor obtido for inferior aos valores mínimos
indicados na tabela I.

Para a realização deste ensaio, devem ser observados os seguintes pontos:


• A medição é feita em princípio, na origem da instalação;
• Se o valor medido for inferior ao valor mínimo fixado na tabela I, a instalação pode
ser dividida em diversos grupos de circuitos, medindo – se a resistência de
isolamento de cada grupo;
• Se, para um grupo de circuitos, o valor medido for inferior ao mínimo, deve ser
medida a resistência de isolamento de cada um dos circuitos do grupo (ver figura
abaixo);

• No caso de circuitos ou partes de circuitos que sejam desligados por dispositivos a


subtensão (por exemplo, contatores) que interrompeam todos os condutores vivos,
a resistência de isolamento desses circuitos ou partes de circuitos deve ser medida
separadamente é, tipicamente, o caso de circuitos de motores;
• Se alguns equipamentos de utilização estiverem ligados, admite-se efetuar a
medição entre condutores vivos e terra; se, no entanto, o valor medido for inferior
ao mínimo especificado, tais equipamentos devem se desligados e a medição
repetida.

SENAI-SP - INTRANET 155


Instalações elétricas

Itens de inspeções em instalações elétricas especiais

São aquelas não incluidas na NBR 5410, requerendo procedimentos e especividades


apropriadas a normalização neste caso bem restrita e definida para cada tipo de
atividade, conforme normalização.

NBR _____________ Transportes (elevadores)


NBR _____________ Hospitalar
NBR _____________ Área de química
NBR _____________ Inflamáveis
NBR _____________ Explosivos

Todos estes requerem a elaboração constante de procedimentos técnicos para


manutenção preditiva, preventiva ou corretiva, pois encontra-se em constante evolução
técnica dada sua especividade e graus de periodicidade, devendo este trabalho ser
encontrado e planejado junto as gerências dos setores.

Salienta-se que os profissionais que planejam ou executam inspeções ou qualquer tipo


de manutenção são responsáveis por seus planejamentos técnicos, logistico e da sua
segurança, de terceiros e dos equipamentos e ambiente.

156 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Planejamento de uma
instalação elétrica predial

Aqui, dimensionaremos uma instalação utilizando os conhecimentos prévios, e também


consultando a norma de baixa tensão NBR 5410, quanto as suas prescrições para que
uma instalação possa ser elaborada, e que atenda os seus requisitos mínimos. Em
seguida, estudaremos a forma de fazer o planejamento de uma instalação elétrica;
coordenando proteção com cabo, utilizando seletividade entre as proteções.

Planejando em cada pavimento, quadros de força e luz que atendam a instalação de:
• Ar condicionado;
• Monta carga;
• Bomba de recalque d’água;
• Bomba de incêndio;
• No-break;
• Gerador;
• Iluminação;
• Iluminação de emergência;
• Iluminação vigia;
• Alarme contra incêndio;
• Prevendo também tubulações para rede de informática, alarme, telefonia.

Carga da instalação

• Monta carga (motor de indução assíncrono; 3~ , 2CV , 220V , 60Hz);


• Ar condicionado ( 3~ , 220V, 17,625kW, 60Hz);
• No-break (3~, 220V, 3,5kVA, 60Hz);
• Sistema de bomba de incêndio (2 motores de indução assíncrono; 3~, 220V, 5CV,
60Hz);
• Sistema de recalque d’água (2 motores de indução assíncrono; 3~, 220V, 2CV,
60Hz);

SENAI-SP - INTRANET 157


Instalações elétricas

• Gerador (3~, 220V, 15kVA, 60Hz, FP= 0,8);


• 5 microcomputadores (1~, 127V, 60Hz);
• 5 impressoras (1~, 127V, 60Hz);
• Iluminação e tomadas tug’s dos pavimentos: - térreo – subsolo e mezanino.
Dimensionar de acordo com a norma NBR 5410.

A norma NBR 5410; exige que o projeto de instalações elétricas de baixa tensão seja
constituído, no mínimo por:
• Planta baixa;
• Esquemas;
• Detalhes de montagem, quando necessário;
• Memorial descritivo; e
• Especificação dos componentes.

Da instalação proposta, elaborar pedido de estudo para fornecimento de energia


elétrica pela concessionária.

Planta baixo do pavimento térreo:


• Altura do pé-direito 4,00 metros;
• Plano de trabalho 0,80 metros.

158 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

SENAI-SP - INTRANET 159


Instalações elétricas

Planta baixa do mezanino:


• Altura do pé-direito 3,00 metros;
• Plano de trabalho igual ao pé-direito.

160 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Planta baixa do subsolo:


• altura do pé-direito 3,00 metros;
• plano de trabalho igual ao pé-direito.

SENAI-SP - INTRANET 161


Instalações elétricas

162 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Suprimento de energia
elétrica

Nesta unidade, você vai conhecer um pouco do modelo de políticas públicas para o
setor elétrico brasileiro. Políticas públicas são regras que o Governo estabelece para
orientar os negócios públicos.

No nosso caso, trata-se de como gerar energia elétrica e fornecê-la aos consumidores.
São apresentados, a seguir, os componentes principais do sistema de geração,
distribuição e administração de energia elétrica no país

Ministério de Minas e Energia (MME)

É a parte da administração dos negócios do Estado que cuida do setor elétrico.


O Ministério de Minas e Energia elabora programas governamentais para geração e
distribuição de energia elétrica, com base em diretrizes estabelecidas pelo Conselho
Nacional de Política Energética. Além disso, o MME define metas e instrumentos-
recursos empregados para se conseguir um resultado, para a prestação dos serviços
aos consumidores.

Faz parte, também, das atribuições do MME, o planejamento do sistema de


transmissão e da expansão da geração de energia elétrica, que são executados pelo
Comitê Coordenador do Planejamento da Expansão dos Sistemas Elétricos (CCPE).

Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)

Trata-se de uma autarquia. Autarquia é uma entidade estatal autônoma, com


patrimônio e receita próprios, criada por lei para executar, de forma descentralizada,
atividades típicas da administração pública. O Banco Central, por exemplo, é uma
autarquia.

SENAI-SP - INTRANET 163


Instalações elétricas

A ANEEL é uma autarquia vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Sua função é


regular e fiscalizar as atividades do setor no país.

Como conseqüência, assegura o desenvolvimento equilibrado e ordenado do


segmento de energia elétrica, garantindo a qualidade dos serviços prestados à
sociedade. Busca, também, na medida do possível, a mediação entre os interesses
dos agentes econômicos e dos consumidores.

Cabe à ANEEL, como órgão regulador, a tarefa de implementar as diretrizes e a


política energética do Poder Executivo.

Operador Nacional do Sistema Elétrico ( ONS )


É uma entidade de direito privado integrada pelas empresas de geração, transmissão,
distribuição e comercialização, além de importadores e exportadores de energia e
consumidores livres.

As principais atribuições do Operador Nacional do Sistema são: a operação do sistema


de energia elétrica interligado e a administração da rede básica de transmissão de
energia elétrica.

O Ministério de Minas e Energia também faz parte do ONS e tem poder de veto em
questões conflitantes com as diretrizes e políticas governamentais para o setor. O ONS
coordena e controla as atividades de geração e transmissão, e acompanha as
condições energéticas do país.

Mercado Atacadista de Energia Elétrica (MAE)


O Mercado Atacadista de Energia elétrica (MAE) é o conjunto de atividades de compra
e venda de energia elétrica, em grande escala.
Sua implantação é baseada no pressuposto do estabelecimento da competição entre
os agentes econômicos.

Foi instituído em 1998 e é integrado por empresas concessionárias de geração,


distribuição e comercialização de energia elétrica. O MAE ainda não está em pleno
funcionamento.

Em 2000, por meio da Resolução 290, a ANEEL homologou as regras permanentes


para seu funcionamento. Definiu também as diretrizes para sua efetivação gradual.

164 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

A implantação é precedida por um período de transição em que o modelo anterior está


cedendo espaço para a expansão da competição entre os agentes econômicos. Uma
das principais características da etapa inicial desse processo são os chamados
contratos iniciais de venda de energia entre geradoras e distribuidoras.

Esses contratos incluem previsões de crescimento de demanda.


Até sua completa expansão, esse mercado está sendo implementado por etapas.

A supervisão das atividades do mercado de energia elétrica é feita pela Agência


Administradora de serviços do MAE (ASMAE) que é um conselho com atuação
regulada pela ANEEL.

Produtor Independente de Energia Elétrica


Com reestruturação do setor elétrico, outras empresas, além das concessionárias,
passaram a produzir e comercializar energia elétrica. São produtores independentes,
empresas ou consórcios, autorizados pela ANEEL a produzir energia e vendê-la, toda
ou em parte, no mercado, por sua conta e risco. Têm garantia de livre acesso aos
sistemas de transmissão e autonomia para assinar contratos bilaterais.

No novo modelo, a atuação do produtor independente é fundamental para o


desenvolvimento sustentado do setor elétrico.

Agente Comercializador de Energia Elétrica

O mercado de energia tem também como participantes, os agentes comercializadores.


Trata-se de empresas que, mesmo sendo proprietárias de usinas e sistemas elétricos,
estão autorizadas a comercializar energia.

Várias empresas com essas características foram habilitadas pela ANEEL. Também
podem atuar como agentes comercializadores, os importadores e exportadores de
energia e os produtores independentes.

Consumidor livre

Sob monopólio estatal, os consumidores são obrigados a comprar energia da


distribuidora/comecializadora de sua região.

SENAI-SP - INTRANET 165


Instalações elétricas

A partir de 1995, as regras do setor elétrico passaram a incorporar a figura do


consumidor livre, que pode comprar energia elétrica de qualquer empresa autorizada
que lhe ofereça melhores preços e condições de fornecimento.

Naquela época, essa possibilidade estava restrita apenas a grandes consumidores,


com carga instalada igual ou superior a 10MW e atendidos em tensão igual ou superior
a 69kV, como shoppings e indústrias.

Com evolução da legislação, hoje, todos os consumidores com carga superior a 3MW -
20% do mercado nacional têm liberdade de escolher seu fornecedor. Esse processo de
flexibilização deve prosseguir até 2005.

Espera-se que até lá, todos os consumidores, inclusive os residenciais, passem a ser
livres para adquirir energia elétrica do fornecedor que desejarem.

Sistema Argos

Para fiscalizar a qualidade dos serviços de energia elétrica, a ANEEL desenvolveu em


2001, o Sistema de Monitoramento Automático de Interrupção de Energia Elétrica.

Esse sistema foi denominado Sistema Argos. Ele faz o acompanhamento, em tempo
real, das ocorrências de interrupção no fornecimento de energia elétrica nas unidades
consumidoras.

É composto de sensores e transmissores conectados aos relógio de medição de


consumo e a uma linha telefônica do imóvel. O Argos detecta qualquer interrupção no
fornecimento e envia a informação imediatamente à Estação Central de Monitoramento
da ANEEL, em Brasília.

Como funciona durante 24 horas por dia, o Sistema Argos também informa à ANEEL
sobre o restabelecimento do serviço de energia elétrica em unidades consumidoras.

Fornecimento de energia elétrica ao consumidor


A energia elétrica fornecida pelas distribuidoras aos consumidores são de dois tipos:
• fornecimento permanente
• fornecimento provisório

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Instalações elétricas

Fornecimento permanente é a ligação de uma unidade consumidora à rede de


distribuição da Concessionária, por tempo indeterminado.

Fornecimento provisório é a ligação de uma unidade consumidora à rede de


distribuição da Concessionária, em caráter temporário.

Enquadram-se na categoria de ligações provisórias, as que se destinam, de modo


geral, a atividades passageiras, de curta duração, como:
• Construções de casas, prédios ou similares;
• Canteiros de obras públicas ou particulares;
• Exposições pecuárias, agrícolas, comerciais ou industriais;
• Parque de diversões, circos, ligações festivas, etc.

Um caso particular de fornecimento de energia elétrica diz respeito a bombas de


incêndio. Esse equipamento é ligado, em caráter permanente, à Concessionária, por
intermédio de uma rede elétrica exclusiva. Mesmo que o fornecimento ao edifício em
que se localiza o equipamento, seja interrompido, a bomba de incêndio mantém-se
conectada.

Pedidos de estudo para obtenção de fornecimento


Antes dos procedimentos de ligação do consumidor de energia elétrica à
Concessionária, é feito um estudo de viabilidade da solicitação.

Para obtenção de entrada no sistema da Concessionária, o interessado deve solicitar,


primeiramente, por meio de carta à Superintendência Regional responsável pela região
em que se situa a unidade de consumo, um “Pedido de Estudo”.

Os estudos de fornecimento de energia elétrica são realizados para:


• Potências instaladas até 2.000 kW e
• Potências instaladas acima de 2.000 kW.

No primeiro caso, até 2.000 kW, os dados a serem fornecidos para o estudo são os
seguintes:
• Data prevista para início do fornecimento. Se for o caso de fornecimento provisório,
deve ser informado o prazo estimado de sua duração;
• Regime de trabalho ( dias da semana e horário );
• Potência instalada, inicial e final, discriminando cargas de luz, cargas resistivas -
relativas a aparelhos e equipamentos - e cargas indutivas:

SENAI-SP - INTRANET 167


Instalações elétricas

• Equipamento de maior potência ( motor e /ou forno ), discriminando capacidade,


finalidade e demais características elétricas e de operação ( corrente de partida,
frequência de partidas, etc. );
• Potência de transformador(es), inicial e final, e respectivas impedâncias
percentuais;
• Previsão da demanda, inicial e final;
• Número da inscrição do consumidor no CGC–Cadastro Geral de Contribuintes,
número da inscrição estadual e respectivo código de atividade. No caso de
atividades sujeitas à prévia aprovação da CETESB, o interessado deve informar
sobre a situação das providências junto àquela Companhia;
• Endereço completo, para envio de correspondência.

No segundo caso, acima de 2.000kW, devem ser fornecidos, primeiramente, todos os


dados necessários para fornecimento de até 2.000kW. Além disso é necessário
informar:
• Valor de todos os acréscimos de potência instalada, previstos para os três
primeiros anos, bem como as respectivas datas previstas para início da operação;
• Potência do(s) transformador(es) a ser(em) acrescido(s);
• Previsão da demanda máxima mensal de 15 minutos, em kW, durante os três
primeiros anos, mês a mês;
• Previsão de consumo, em kWh, durante os três primeiros anos, mês a mês. Para
efetivação de acréscimos previstos, o interessado deve informar à Concessionária
com 120 dias de antecedência e aguardar a liberação.
• Equipamentos Especiais. Consideram-se equipamentos especiais, aqueles que
possam causar perturbações na rede de distribuição da Concessionária.

Como subsídio para o estudo tendo em vista obtenção de fornecimento de energia


elétrica, devem ser fornecidas, além das demais informações necessárias, os
seguintes dados técnicos e características dos equipamentos:
a. Fornos elétricos a arco:
• Capacidade nominal em kW;
• Corrente máxima de curto-circuito e tensão de funcionamento;
• Dispositivos para a limitação e porcentagem da corrente máxima de curto-
circuito;
• Características de operação (ciclo completo de fusão, em minutos; número de
fornadas por dia; materiais a serem fundidos, etc.).

168 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

b. Fornos elétricos de indução com compensação através de capacitores:


• Capacidade nominal em kW;
• Detalhes do banco de capacitores de compensação e do reator;
• Características de operação (ciclo completo de fusão, em minutos; número
de fornadas por dia; forma de acionamento da compensação reativa, etc.).

c. Motores com potência igual ou superior a 50 CV – síncronos e assíncronos:


• Tipo;
• Capacidade em CV.

Os desenhos do projeto do consumidor que justificam a solicitação de fornecimento de


energia elétrica devem ser apresentados em formatos padronizados pela ABNT, de
acordo com a NBR–5984.

O prazo para execução do projeto aprovado pela Concessionária é de 18 (dezoito)


meses após sua liberação.

Caso a execução não seja efetuada dentro do prazo previsto, o projeto deverá, ser
submetido novamente a análise da Concessionária.

Quaisquer modificações que se fizerem necessárias, após a liberação do projeto,


devem ser informadas e analisadas pela Concessionária. Para isso, o interessado
deve apresentar 3 (três) vias dos desenhos modificados e aguardar a devolução de
uma via com aprovação.

Instalação de equipamentos para fornecimento de energia

As instalações devem ser executadas por profissionais habilitados e devidamente


registrados no CREA, atendendo ao que é disposto nas Condições Gerais para
Fornecimento conjunto de normas de instalação adotadas pela concessionária.

O processo de instalação inicia-se com a apresentação do projeto elétrico, juntamente


com a solicitação de emissão do “Pedido de Estudo”.

SENAI-SP - INTRANET 169


Instalações elétricas

O projeto elétrico, elaborado e assinado por profissional habilitado e devidamente


registrado no CREA, deve ser apresentado em 3 (três) vias, e deve ter expresso
formalmente os seguintes elementos:
• Planta de situação do posto primário dentro da propriedade, em escala 1:100;
• Planta com cortes transversal e longitudinal do posto primário, em escala 1:25.

Caso sejam previstos postos de transformação independentes, para instalação de


transformadores de serviço, suas respectivas plantas deverão também ser mostradas
no projeto, nas mesmas escalas.

Caso sejam utilizados conjuntos blindados, deve ser apresentada planta fornecida pelo
fabricante, em escala 1:10, que deve conter formalmente os seguintes elementos:
• Diagrama unifilar da entrada consumidora, indicando os circuitos de controle e
proteção;
• Memorial descritivo dos equipamentos elétricos, acompanhado de catálogos e
folhetos, quando solicitados pela Concessionária.

Após analise do projeto e sua aprovação, com ou sem ressalvas, uma via é devolvida
ao interessado do em que consta, carimbo da Concessionária, confirmando a
liberação.

Início
Recomenda-se que materiais e equipamentos necessários à montagem das
instalações sejam adquiridos após a aprovação do projeto pela Concessionária.

Caso contrário, serão de inteira responsabilidade do interessado, eventuais problemas


decorrentes de modificações ou substituição de materiais e equipamentos.

Pedido de Inspeção e ligação


Antes de efetivar a ligação à sua rede de distribuição, a Concessionária verifica,
através de vistoria, se a instalação foi executada de acordo com o projeto elétrico
liberado e se foram atendidas todas as condições exigidas pelo regulamento.

Para que as providências de responsabilidade da Concessionária sejam cumpridas, o


interessado deve, após a conclusão dos serviços, solicitar, formalmente, a inspeção
das instalações executadas.

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Instalações elétricas

Sistema de geração de
energia elétrica

Nesta unidade são desenvolvidos os conceitos básicos de geração e cogeração de


energia elétrica.

São apresentadas ainda, as partes componentes fundamentais de um sistema de


geração de energia elétrica, que funcionam como estrutura organizada.

Mostra-se como interligar um grupo gerador de energia elétrica a uma rede de


transmissão ou distribuição com comando, controle e proteção. Também são vistos
conceitos básicos de no breaks-sistemas que se destinam a suprir de energia elétrica,
equipamentos, no caso de falha ou ausência de rede.

Finalmente, examina-se o acoplamento de motores e geradores num sistema de


distribuição e o cálculo de potências serem utilizadas.

Geração

A geração de energia elétrica é a transformação de qualquer tipo de energia em


energia elétrica.

Esse processo ocorre em duas etapas. Na 1ª etapa, uma máquina primária transforma
qualquer tipo de energia, normalmente hidráulica ou térmica, em energia cinética de
rotação.

Em uma 2ª etapa, um gerador elétrico acoplado à máquina primária transforma a


energia cinética de rotação em energia elétrica.

SENAI-SP - INTRANET 171


Instalações elétricas

Cogeração

O conceito de cogeração de energia elétrica envolve a idéia básica de


reaproveitamento de energia, evitando desperdícios.

A cogeração contribui efetivamente para racionalização do uso de energia porque


possibilita aumentar a energia produzida a partir de uma mesma quantidade de
combustível.

Cogeração de energia é o processo de produção combinada de diferentes tipos de


energia elétrica, térmica ou mecânica a partir de um mesmo combustível.

Esse conceito é da ANEEL (Agencia Nacional de Energia Elétrica) e refere-se a


benefícios sociais, econômicos e ambientais que a cogeração é capaz de produzir.

Na cogeração, o reaproveitamento de energia é feito diretamente dos processos


de manufatura, como em fornos e caldeiras. Nesse caso, o calor que se perderia
durante a fabricação é enviado para utilização combinada com a fonte principal de
energia utilizada.

Desse modo, diminuem-se as perdas de energia e, consequentemente, racionalizam-


se os gastos.

O Sistema de Geração

As partes componentes de um sistema de geração de energia elétrica, coordenadas


entre si, e que funcionam como estrutura organizada são:
Máquina primária, geradores, transformador e sistema de controle, comando e
operação.

Máquina primária
Faz a transformação de qualquer tipo de energia em energia cinética de rotação, para
ser aproveitada pelo gerador.

Exemplos:
A máquina que transforma a energia liberada pela combustão do gás em energia
cinética e a turbina a gás.

172 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

As principais máquinas primárias utilizadas hoje em dia são:


• Motores diesel
• Turbinas hidráulicas
• Turbinas a vapor
• Turbinas a gás
• Turbinas aeólicas.

As máquinas primárias em que ocorre o processo de combustão, são chamadas de


termelétricas e aquelas em que ocorre o processo de fissão nuclear são chamadas de
termonucleares.

Geradores
São máquinas que transformam energia cinética de rotação das máquinas primárias
em energia elétrica, produzindo corrente contínua ou alternada.

Os geradores são dimensionados de acordo com a potência que a máquina primária


fornece. Além da potência, a máquina primária (de energia eólica, hídrica, térmica,
etc) define também a velocidade de rotação que será transmitida ao gerador. Em
função dessa velocidade é definido o número de pólos do gerador.

Transformadores
São aparelhos estáticos de indução eletromagnética, destinados a transformar um
sistema de correntes variáveis em um ou em vários outros sistemas de correntes
variáveis, de intensidade e tensão, em geral, diferentes, e de freqüência igual.

Uma vez gerada a energia elétrica, existe a necessidade de se compatibilizar o nível


da tensão de saída com a tensão do sistema ao qual o grupo gerador será ligado.

O equipamento utilizado para elevar ou rebaixar esse nível da tensão é o


transformador.

Dessa forma, um grupo gerador que produz energia a uma tensão de 13.8 kV pode ser
ligado a uma linha de transmissão de 69 kV desde que o transformador de 13.8/69 kV
faça o ajuste de tensão.

SENAI-SP - INTRANET 173


Instalações elétricas

Controle, comando e proteção

Para interligar um grupo gerador de energia elétrica a uma rede de transmissão ou


distribuição são necessários vários requisitos.

Em primeiro lugar, a tensão de saída do gerador não pode variar mais que 10% para
cima ou para baixo. O controle de tensão é feito pelo próprio gerador. No entanto, não
basta apenas compatibilizar a tensão. É necessário fazer o sincronismo com a rede
antes de fazer ligação da linha.

Para isso, são necessários vários equipamentos de manobra e proteção, tais como:
• TC - transformadores de corrente
• TP - transformador de potência, relés e disjuntores.

O quadro de comando e proteção reúne todos esses equipamentos, e permite ao


operador, supervisionar o funcionamento de todo o sistema. Em situações de
emergência, pode-se atuar rapidamente.

A freqüência do sistema elétrico é a variável mais importante e a mais difícil de ser


controlada. Para que o sistema de geração funcione corretamente, é necessário que a
freqüência de tensão de saída do gerador seja constante e de acordo com o sistema
elétrico da região em que se encontra.

A freqüência do sistema elétrico no Brasil é de 60 Hz. Já no Paraguai, por exemplo, o


sistema de geração de energia elétrica funciona com a freqüência de 50 Hz.
Esta freqüência é resultado da rotação do gerador.

No âmbito do funcionamento de equipamentos eletrônicos de pequeno porte, também


há sistemas de controle, comando e proteção do sistema de energia elétrica
adequados. O mais conhecido deles é o No break

Conceitos fundamentais sobre sistemas no break (UPS)


Os sistemas UPS (Uninterruptible Power Supplies) são mais comumente conhecidos
como no breaks. Em português, a tradução é SEICA (Sistema de Energia Ininterrupta
em Corrente Alternada), destinam-se a suprimento de energia elétrica a equipamentos,
no caso de falha ou ausência de rede. Por falha, entenda-se queda do valor eficaz da
tensão da rede, abaixo de uma valor limite, definido pelo projetista.

174 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Há grande procura desse tipo de sistemas. Os principais termos e conceitos dos


sistemas no break, tanto para engenheiros eletricistas, como para o usuário leigo no
assunto são apresentados a seguir. Observe, na figura a seguir, o diagrama de blocos
básico de um sistema UPS:

Arquiteturas utilizadas em no breaks

Existem dois tipos de arquitetura - estrutura e organização lógica de funcionamento de


um sistema computacional utilizados em no breaks: o sistema online e o sistema
offline.

No sistema online, a rede elétrica está sempre conectada ao no break, alimentando-o.


Por sua vez, o no break alimenta a carga e equipamentos ligados à saída, como
computadores.

No sistema offline, a rede está desconectada do no break, alimentando diretamente a


carga.

O no break entra em operação somente se a rede apresentar alguma falha ou estiver


ausente.

SENAI-SP - INTRANET 175


Instalações elétricas

Observe nas figuras a seguir, os sistemas offline e online:

A arquitetura offline apresenta como vantagem, maior confiabilidade e rendimento,


devido ao fato de a estrutura apresentar-se desligada, em operação normal, da rede.

A arquitetura online apresenta como vantagem, a operação como no break e,


simultaneamente, como estabilizador de tensão alternada, devido ao fato de a tensão
na saída do inversor ser regulada.

Há no breaks offline em potências até 2kVA e online em potências acima de 2kVA,


além de poderem ser fabricados sob encomenda, com especificações fornecidas pelo
cliente.

176 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Formas de ondas na saída do no break


Há dois tipos de ondas de tensão na saída do no break: quadrada e senoidal.

Ao se escolher o no break para a carga, deve-se refletir sobre a tensão que é exigida
pelo equipamento, ou seja, se há necessidade de onda senoidal na entrada do
equipamento a ser alimentado ou não.

Os no breaks de onda senoidal destinam-se a cargas chamadas de nobre, ou seja,


aquelas compostas por motores de indução (assíncronos) e motores síncronos.
O torque destes equipamentos é diretamente ligado à forma de onda de tensão
fornecida.

Observe na figura a seguir, a forma de:


• Onda Senoidal;
• Onda Quadrada.

Na saída de no breaks:

SENAI-SP - INTRANET 177


Instalações elétricas

Os no breaks de onda quadrada fornecem uma onda quadrada, de forma


complementar, na entrada do equipamento a ser alimentado, conforme mostra a figura
abaixo.

Este tipo de no break destina-se principalmente a cargas compostas por retificadores


sem correção do fator de potência. Como a tensão entregue pela rede Ca será
retificada pela ponte de diodos e filtrada pelo capacitor, essa tensão é praticamente
contínua, conforme mostra a figura a abaixo:

Não há, portanto, necessidade de uma onda senoidal na entrada desse tipo de carga.
Essa configuração é muito utilizada em equipamentos de eletrônica, como
computadores e impressoras.

Os no breaks de onda quadrada têm um circuito interno muito mais simples. Isso
ocasiona em equipamentos de menor custo, mais volume e peso. Sua aplicação típica
é em alimentação de cargas compostas por computadores e seus periféricos
(impressoras, scanners, etc.)

178 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Há no breaks de onda quadrada e de onda senoidal, desde pequenas potências


(300VA) para usuários residenciais, até grandes sistemas (>50kVA) para hospitais,
indústrias e supermercados,

A potência do no break

A escolha da potência do no break para a carga ser alimentada, deve ser feita com
critério.

Caso o no break utilizado tenha potência superior àquela necessária, há desperdício


de dinheiro. No breaks de potências maiores têm custo maior.

Caso o no break utilizado tenha potência menor que a necessária, isso leva a mau
funcionamento do sistema. Pode haver destruição de alguns componentes do sistema.

O cálculo da potência adequada ao no break é feito por meio de fórmula que envolve:
a potência ativa (P) de um equipamento e a potência aparente (S), relacionadas pela
seguinte equação (1):
P
S= (1)
fP

Nesta fórmula, a potência ativa é apresentada em W ou kW (1kW = 1.000W) e a


potência aparente, em VA ou kVA (1kVA = 1.000kVA).

É possível também calcular a potência aparente pela seguinte fórmula:


S = V * I (2)

V corresponde a tensão eficaz de carga em volts (V). I é a corrente eficaz da carga,


apresentada em ampéres (A).

O fator de potência - fp na equação (1), número que varia entre zero e um - é definido
do seguinte modo:
cos ϕ
FP = (3)
1 + TDH 2

Cos ϕ é o fator de deslocamento entre tensão e corrente. TDH é a taxa de distorção


harmônica.

SENAI-SP - INTRANET 179


Instalações elétricas

Os no breaks são escolhidos pela potência aparente necessária para alimentar a


carga. Portanto, se a carga não trouxer a potência em VA ou kVA, necessita-se calculá-
la. Para isso, seguem-se os seguintes passos:

1º Caso estejam disponíveis a tensão e corrente eficazes da carga, calcula-se a


potência aparente simplesmente com a equação (2);

2º Caso não estejam disponíveis, calcula-se o fator de potência da carga com a


equação (3). Para cargas constituídas por retificadores (computadores e seus
acessórios), deve-se considerar TDH entre 1,5 e 2,5 (ou o valor dado pelo fabricante
do computador);

3º Com o fator de potência e a potência ativa, pode-se, então, calcular a potência


aparente pela equação (1).

Acompanhe, a seguir, dois exemplos.

Exemplo 1:
Moto de indução de 2CV, fator de potência de 0,8.

Cálculo:
2CV equivalem a 1.472W (potência ativa). Como se tem o fator de potência, calcula-se
então a potência aparente do sistema com a equação (1):
P 1472
S= = = 1.840VA
fP 0,8

Exemplo 2:
3 computadores de 200W, fator de deslocamento de 0,9.

Cálculo:
Como não se tem disponível o valor de TDH, ele é estimado como 2. Calcula-se, então
o fator de potência:
cos ϕ 0,9
fP = = = 0,4
2
1 + TDH 1 + 22

180 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Calcula-se, a seguir, o valor da potência aparente com a equação (1):


P 3x200
S= = = 1.500VA
fP 0,4

Acoplamento entre o motor e o gerador

A geração de energia elétrica é a transformação de qualquer tipo de energia em


energia elétrica.

Como já vimos no início deste texto, esse processo ocorre em duas etapas. Na 1ª
delas, uma máquina primária transforma qualquer tipo de energia, normalmente
hidraúlica ou térmica, em energia cinética de rotação. Na 2ª etapa, um gerador elétrico
acoplado à máquina primária transforma a energia cinética de rotação em energia
elétrica.

Acoplamento é a ligação ou interação entre dois sistemas. No caso, entre um motor e


um gerador. Por meio do acoplamento é que se transfere energia de um para o outro.
Do motor para o gerador. O acoplamento pode ocorrer de várias formas:
• Acoplamento a redutor com motor e gerador síncrono (relação de engrenagens);
• Acoplamento por correia com motor assíncrono e gerador síncrono (relação de
polias);
• Acoplamento direto (no mesmo eixo) com motor síncrono de 12 pólos e gerador
síncrono de 10 pólos ou múltiplos destes (relação de pólos).

A seguir, examinaremos cada uma das 3 configurações básicas mais utilizadas,


mostrando suas características, aplicações e possibilidades de emprego.

SENAI-SP - INTRANET 181


Instalações elétricas

Acoplamento de motor assíncrono e gerador 60/50 Hz


Observe o diagrama do acoplamento de um motor assíncrono e um gerador 60/50 Hz:

Características
As vantagens da conversão de freqüência com máquinas girantes sobre conversão
estática de estados sólido, são:
• Melhor forma de onda de tensão;
• Pouca influência nas variações de tensão da rede;
• Manutenção da tensão no gerador durante breve falha na rede, com o uso de um
volante de inércia no eixo;
• Monstância de freqüência equivalente à da rede de alimentação, quando usado um
motor síncrono;
• Pouca influência dos consumidores na rede de alimentação.

182 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Acoplamento de motor assíncrono e gerador 60/50 Hz


Observe o diagrama do acoplamento de um motor assíncrono e um gerador 60/50 Hz:

Aplicações:
• Equipamentos militares;
• Equipamentos portuários em geral;
• Laboratório de ensaio de máquinas;
• Acionamento de equipamentos importa

Conversão de corrente
Observe o diagrama do acoplamento com conversor de corrente CC/CA:

Possibilidades:
a. Acoplamento direto de motor CC com gerador síncrono;
b. Acoplamento direto de motor CC com gerador síncrono, mais um volante de
inércia, opcional.
SENAI-SP - INTRANET 183
Instalações elétricas

Características:
• A freqüência do gerador varia em função da carga, pois o motor CC apresenta
variações na rotação. Para uma rotação constante, o sistema de regulagem é mais
complexo;
• Acoplamento mantém a tensão gerada durante breve interrupção da rede CC
(ex: nas comutações) quando usado um volante de inércia no eixo;
• Pode-se obter tensão gerada com distorção harmônica menor que 3%;
• É ideal para o uso em no breaks, pois o motor pode ser alimentado pela rede CA
por intermédio de um conversor estático. Na falta de rede, a alimentação é
fornecida pelo banco de baterias.

Aplicações:
• Navios com rede de alimentação em CC;
• Laboratórios;
• Clínicas/hospitais;
• Subestações de grande porte;
• Centrais de energia elétrica;
• Refinarias;
• Sistemas no breaks, etc.

No Break

Contrariamente ao acoplamento, que provê abastecimento de energia continuamente,


o no break é um equipamento que se destina a suprir falhas temporárias na
alimentação pela rede elétrica, mantendo o fornecimento de eletricidade por
determinado período de tempo e evitando interrupção no funcionamento dos aparelhos
a ele conectados. Tem, portanto, uma função provisória.

O no break pode ser movido a:


• Bateria:
funciona como sistema de fornecimento de energia ininterrupta, composta
basicamente por motor CC, gerador síncrono, volante de inércia, base comum de
montagem e banco de baterias;

184 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

• Diesel:
conhecido como no break diesel - como no caso anterior funciona como sistema de
energia ininterrupta, composta basicamente de gerador síncrono, volante de
inércia, acoplamento eletromagnético, motor diesel e base comum.

Suas principais aplicações são em:


• Estações de rádio e televisão,
• Centro de processamento de dados, etc.

Observe, a seguir, o diagrama de um sistema de alimentação ininterrupta:

SENAI-SP - INTRANET 185


Instalações elétricas

A ele, pode ser associada, a rede um grupo diesel de emergência, para assegurar o
tempo de operação ilimitado. Observe essa configuração no diagrama a seguir:

Short- Break Diesel


Trata-se de sistema de suprimento de energia com curta interrupção momentânea
(de 0,1 a 1s), devido a falta de rede.

É composto basicamente por:


• Motor de indução • Acoplamento eletromagnético
• Gerador síncrono • Motor diesel
• Volante de inércia • Base comum de montagem

Como mostra o diagrama a seguir:

186 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

O short-break diesel garante o fornecimento de energia durante o curto tempo em


que foi interrompida. Mantém o fornecimento até que o motor diesel, que havia parado
por falta de energia, volte a funcionar auxiliado pelo volante de inércia.

Suas principais aplicações são em: controle de tráfico de ruas, vias férreas, salas
operatórias, etc.

Geradores para CPD

A configuração de um sistema especial para centros de processamento de dados é


basicamente a seguinte:

O motor síncrono recebe energia da rede de alimentação e aciona o gerador síncrono.


O gerador síncrono fica separado e, eletricamente, isolado da rede.

Mesmo que a rede apresente oscilações de centenas de volts, grandes sub ou


sobretensões e ainda faltas de até 120ms, o grupo motor-gerador alimentará o
equipamento eletrônico com tensão limpa e estabilizada.

SENAI-SP - INTRANET 187


Instalações elétricas

Geradores de Linha Industrial

Como geradores de linha industrial, são considerados geradores tipo standart tipo
básico difundido e apresentam as seguintes características básicas para o tipo GTA:
• Tensão nominal 220/380/440, 220/440 ou 380V;
• Comportamento estacionário da tensão entre vazio e plena carga e para o fator de
potência entre 0,8 e 1 de 0,5%;
• Queda de tensão admissível igual a 5%;
• Ajuste do valor de referência de 5%;
• Comportamento dinâmico da tensão: tempo de regulagem em média de 200 a
700ms na ligação da carga nominal, com uma queda de tensão de 12 a 20%
dependendo da máquina;
• Distorção harmônica entre fases menor que 5%;
• Carga assimétrica máxima igual a 30%;
• Sobrecargas momentâneas igual a 2,0xIN durante 20s;
• Corrente de curto-circuito permanente de 3xIN;
• Normas aplicáveis VDE, ABNT e IEC.

Geradores para Telecomunicações (Padrão Telebrás)

Os geradores síncronos tipo telecomunicações são fabricados conforme


especificações da norma Telebrás. Suas aplicações mais comuns são em grupos
diesel de emergência para centrais telefônicas, repetidoras, radares, sistemas de rádio,
aeroportos e outras cargas típicas.

Vantagens:
• Não utilizam escovas, conseguindo-se com isso manutenção reduzida,
necessitando cuidados apenas na lubrificação dos rolamentos;
• Não introduzem rádio-interferência pelo mau contato das escovas;
• Não há interferência de deformações da onda gerada, provocadas pelas cargas.
Não interferem na regulação perue o regulador é alimentado por uma excitatriz
auxiliar, independente da tensão de saída;
• Admitem, facilmente o controle manual da tensão;

188 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Características Técnicas:
• Normas aplicáveis: VDE, ABNT, IEC e Telebrás;
• Forma construtiva B5/B3T;
• Reatância subtransitória de eixo direto (Xd) menor que 12%;
• Distorção harmônica total menor que 3% para carga linear;
• Precisão de regulação de tensão ± 0,5% para qualquer valor de carga com fator de
potência entre 0,8 e 1;
• Transitório de tensão para degrau de 100% da carga igual a ± 10% da tensão
nominal;
• Tempo de reposta para recuperar a tensão menor que 0,5s;
• Variações de ± 0,5% na rotação do motor diesel e não prejudicam a regulação da
tensão;
• Faixa de ajuste da tensão nominal pelos potenciômetros: ajuste normal + ou –
15%, ajuste fino + ou – 5%;
• Sobrecarga admissível: 10% durante 1 hora a cada 6 horas, 200% por 15s a cada
1 hora.

Ensaios sobre geração de energia elétrica

Ensaios são testes ou experiências com o fim de verificar o desempenho do gerador.


Os ensaios podem ser: ensaios de rotina, de tipo e especiais. São realizados conforme
as normas VDE 530 e NBR5052.

Outros ensaios aqui não relacionados poderão ser realizados quando necessário.

Ensaios de Rotina:
• Resistência Ôhmica dos Enrolamentos;
• Resistência do Isolamento;
• Tensão Elétrica Aplicada do Dielétrico;
• Seqüência e Equilíbrio das Fases;
• Saturação em Vazio;
• Em Vazio Com Excitação Própria (Regulador de Tensão);
• Curto-Circuito Trifásico Permanente.

Ensaio De Tipo:
• Ensaios de Rotina;
• Elevação de Temperatura;
• Sobrevelocidade;
• Reatância Subtransitória do Eixo Direto.
SENAI-SP - INTRANET 189
Instalações elétricas

Ensaios Especiais:
• Relação de Curto-Circuito Trifásico Permanente;
• Manutenção da Corrente em Curto-Circuito;
• Desempenho do Regulador de Tensão;
• Distorção Harmônica;
• Rendimento;
• Vibração;
• Nível de Ruído;
• Determinação do Fator de Interferência Telefônica (Para Teleco);
• Determinação das Características Em “V” de Máquinas Síncronas.

Os ensaios são limitados à potência de 500kVA.

Coletânea de Fórmulas
As fórmulas mais utilizadas nos ensaios são as seguintes:
Fem induzida e = B.l.v.sem(B∧v) [V]
120.f
Rotação síncrona n= [rpm]
P
Ligação Triângulo 1l = 1f. 3 [A]
Vf = Ul [V]
Ligação Estrela 1l = 1f [A]
Ul = Uf. 3 [V]
Potência S = Ul. 1l. 3 [VA]
m.E 0 . Uf m.Uf 2  1
Potência Eletromagnética P= senδ + .  sen 2δ [W]
xd 2  xq 
Pg (KW).100
Potência de acionamento Pn = [Kw]
n(g)
 Ip 
x * d. 
 In 
Queda de tensão ∆U%= .100 [pu]
 Ip 
1 + [ X * d. 
 In 
2
 f 2  Sn2  Un1 
Conversão de reatâncias X2 = X1.  . .  [pu]
 f1  Sn1  Un2 
If
Corrente de curto-circuito Icceff = .x100 [A]
x" d
2,55 xIf
IccM’X = .x 100 x” d em% [A]
x" d
190 SENAI-SP - INTRANET
Instalações elétricas

Automação predial e
residencial

Os projetos das edificações residenciais no Brasil até o presente momento não são
orientados, na sua maioria, para a melhoria de eficiência energética, da segurança, do
conforto e principalmente para o pleno emprego das possibilidades que a Automação
Residencial pode proporcionar. Tal fato se deve a muitos fatores e os principais são
listados a seguir:
• Desinformação do consumidor em relação a preços, benefícios e configurações
possíveis;
• Falta de ferramentas de engenharia que auxiliem no projeto e na análise técnica
econômica;
• Uma maior integração entre as grandes empresas produtoras de tecnologia da
respectiva área e os profissionais.

À medida que se pesquisa implantações de Automação Residencial no Brasil ou sob a


denominação demótica, como também é chamada essa área do conhecimento,
percebe-se a dificuldade de obter informação técnica integrada e organizada.

O objetivo geral deste texto é o de auxiliar na ruptura do paradigma de que Automação


Residencial é exclusivamente artigo de luxo, e contribuir também para a
sistematização e popularização do conhecimento.

E também apresentando as características gerais de sistemas de Automação


Residencial classificar seus níveis, inclusive relacionando com algumas tecnologias.

SENAI-SP - INTRANET 191


Instalações elétricas

Histórico da Automação Residencial

Os primeiros produtos e sistemas de Automação Residencial remontam ao final da


década de 70 nos Estados Unidos. A tecnologia pioneira deste seguimento foi o
lançamento de pequenos “módulos”, (denominados X10 devido ao protocolo de
comunicação utilizado na transmissão dos dados), que se interligavam pela rede
elétrica existente nas casas e podiam acionar luzes e eletrodomésticos à distância.

No final dos anos 80, os computadores pessoais passaram a ser uma realidade e a
sua crescente capacidade de processamento e de velocidade, e também o seu
barateamento, auxiliaram o emprego dos mesmos em aplicações de automação
doméstica.

A popularização dos microcomputadores permitiu o desenvolvimento e o aumento de


aplicações de softwares para acionar e monitorar equipamentos de uso residencial.
Começaram então a surgir as primeiras “casas inteligentes” que empregavam
computadores para controlar vários sistemas.

A figura seguinte ilustra o histórico do desenvolvimento científico tecnológico da


Automação Residencial.

Breve Histórico da Automação Residencial

Estágio Atual da Automação Residencial

Apesar dos conceitos de Automação Residencial, para muitas pessoas, apresentarem-


se como futuristas, o potencial de mercado é enorme. Nos Estados Unidos, são
aproximadamente 5 milhões de residências automatizadas.

192 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Entre 1998 e 2002, segundo dados da AURESIDE - Associação Brasileira de


Automação Residencial, as receitas anuais no mercado americano de Automação
Residencial aproximadamente dobraram, resultando num aumento de US$ 1.6 bilhão
de dólares.

O crescimento anual até o ano de 2002 ficou em torno de 19% ao ano. De 2002 ao
final de 2003, os especialistas crêem que o mercado dobrará novamente, crescendo
para US$ 3.2 bilhões de dólares. E em 2008 para US$ 10.5 bilhões de dólares, o que
se traduzirá em aumento de US$ 7.3 bilhões, num período de 5 anos, ou seja, um
crescimento anual de aproximadamente 27% para o novo período. Veja figura
ilustrativa:

Estimativa das Receitas Anuais do Mercado de Automação Residencial dos EUA

No mercado brasileiro infelizmente ainda não se dispõe de dados confiáveis. No


entanto pode-se alinhar as projeções junto à da construção civil, inicialmente apenas
para os imóveis de alto padrão, mas em seguida avançar em níveis de automação
diferentes, alcançando as demais classes sociais.

Nesta linha de raciocínio, espera-se que a indústria da construção civil, principalmente


por meio de incorporadores e construtores, ofereça seus próximos lançamentos
imobiliários com projetos de automação incorporados, assim como também os
pequenos consumidores descubram e planejem suas residências aproveitando para
analisar as possibilidades de implementar alguma das tecnologias existentes.

SENAI-SP - INTRANET 193


Instalações elétricas

Um dado interessante que demonstra o crescente potencial de mercado de Automação


Residencial é que em até setembro de 2003, houveram em média 8000 consultas
recebidas, de profissionais com dúvidas técnicas e comerciais e também de pessoas
leigas desejando obter maiores informações sobre o universo da Automação
Residencial, ao site, da AURESIDE – Associação Brasileira de Automação Residencial
(www.aureside.org.br).

Mesmo com esse número significativo de consultas ao site da AURESIDE, verifica-se


ainda um crescimento relativamente lento das implantações de sistemas de
Automação Residencial no Brasil.

Analisando um pouco mais as razões das dificuldades para o pleno emprego das
possibilidades que a Automação Residencial pode proporcionar, constata-se, além dos
já citados, outros fatores:
• As grandes companhias se especializam na manufatura dos produtos, mas sua
inércia operacional dificulta que cheguem ao projeto final de um pequeno
consumidor de Automação Residencial, aonde normalmente as soluções devem
ser customizadas às necessidades dos usuários;
• Os pequenos integradores (profissionais) têm um contato mais próximo com o
usuário e são capazes de especificar as soluções por eles desejadas, no entanto,
para que isso ocorra, estes profissionais necessitam conhecer em detalhes os
produtos e saibam como utilizar ao máximo suas características originais.
Normalmente torna-se complicado efetuar adaptações ou alterar as propriedades
de um produto fabricado em série;

Automação Residencial por definição ainda não é um mercado de massa, devido aos
estágios de desenvolvimento do mercado de produtos de alta tecnologia.
Veja a seguir a classificação dos estágios de desenvolvimento do mercado de produtos
de alta tecnologia segundo Geoffrey Moore.

Geoffrey Moore, em 1991, popularizou uma tese até hoje válida que delineava os
estágios de desenvolvimento do mercado de produtos de alta tecnologia. Ao longo do
tempo, ele define, o mercado destes produtos se compõem de consumidores com as
seguintes características, em ordem cronológica:
• Os inovadores (entusiastas da tecnologia);
• Os pioneiros (visionários);
• A maioria imediata (pragmáticos);
• A maioria posterior (conservadores);

194 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

• Os retardatários (céticos).
Para cada grupo deve existir uma abordagem especifica de marketing.

Os consumidores dos grupos 1 e 2, por exemplo, estão dispostos até a servirem de


cobaias para o desenvolvimento dos produtos, pois aceitam isto, como o preço de
serem vanguardistas. No entanto, muitas vezes representam um grupo pequeno em
volume de demanda e não obtém dos fornecedores a atenção merecida.

Já os consumidores nos grupos 3 e 4 representam o mercado de larga escala, para os


quais já não se admitem testes, os resultados devem ser os desejados, sem falhas.

É nesta fase que os fornecedores conseguem maximizar o retorno do investimento.


Esta classificação, bastante oportuna e realista, no entanto, não é a mais valiosa
contribuição do estudo de Geoffrey Moore. Sua principal constatação é a existência de
um “abismo” entre as fases 2 e 3, ou seja, uma descontinuidade entre a introdução do
produto no mercado e a sua consolidação como um produto de larga escala.

É neste “abismo”, diz ele, que a maioria das empresas falham por não dispor do
instrumental de marketing ou de engenharia para lidar com a situação. A figura a
seguir ilustra os estágios de desenvolvimento do mercado de produtos de alta
tecnologia segundo Geoffrey Moore:

Estágios de Desenvolvimento do mercado de produtos de Alta Tecnologia segundo


Geoffrey Moore

Teoria do “Abismo”

SENAI-SP - INTRANET 195


Instalações elétricas

A importância desta discussão no caso do mercado brasileiro de Automação


Residencial é exatamente o fato de que o mesmo está atualmente “`a beira do
abismo”, ou seja, existe uma necessidade de enfrentar esta transição de um mercado
incipiente e baseado apenas no pioneirismo de alguns consumidores para o mercado
de larga escala.

O tamanho deste mercado e a sua taxa de crescimento serão definidos na razão direta
na competência dos profissionais e empenho ao enfrentar os desafios.

Uma proposta viável é a do marketing de nichos, ou seja, efetuar a transição do


abismo atacando nichos específicos, consolidando as posições nestes nichos ao
mesmo tempo em que diminuem os riscos para conquistar os nichos seguintes.

Esta situação lembra a de uma jogada de boliche, quando se precisa derrubar um pino
para a seguir derrubar os adjacentes. A evolução da telefonia celular, pode obter-se
um exemplo ideal desta tática.

Estes “nichos” devem ser escolhidos através de certos critérios. Podem ser puramente
geográficos (concentrados nas áreas de maior densidade de novas construções), de
modismos (atualmente comenta-se bastante em home offices) tecnológicos (por meio
de inovações) ou ainda por meio de eventos que auxiliem a estimular o mercado de
Automação Residencial. Certos produtos emergentes podem ser eleitos para
concentrar as ações de mercado, como aconteceu com o lançamento dos DVD’s
(através de um único produto, estimulou-se a reformular todo o conceito dos home
theaters) e, pode-se como outro exemplo citar o acesso ultra-rápido à Internet.

No mercado de Automação Residencial, pode-se dizer que estes primeiros nichos a


serem conquistados dependem de um eficiente trabalho de reconhecimento dos
benefícios oferecidos.

Embora os primeiros consumidores se contentem com o status e a modernidade


representados pela automação de seus lares, os pragmáticos e os conservadores só
se deixarão conquistar se estiverem certos de obter conveniência, conforto, segurança
e economia em um grau elevado.

E são para estes consumidores que as empresas devem realmente se voltar, pois é
nesta fase que os lucros são maximizados.

196 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Para que se consiga isto, por raciocínio lógico, os consumidores de um mesmo nicho
estão em busca de uma solução tecnológica comum. Ao se introduzir com sucesso
produtos e serviços neste determinado nicho, poderá estar-se beneficiando o valioso
efeito da propagação boca-a-boca.

Mas isso não basta isso é preciso convencer os consumidores relutantes. Além da
exposição de todos os benefícios citados, devem ser combatidos os três aspectos que
criam a resistência às novidades, a saber; medo, incerteza e a dúvida.

Cada produto ou serviço apresentado deve conter intrinsecamente as características


que anulem estes efeitos negativos. E, neste particular, é uma grande vantagem poder
oferecer produtos de alta tecnologia, desde que adequadamente acompanhados por
serviços de apoio.

Portanto, não basta um produto doméstico ser sofisticado; o mesmo deve ser de fácil
operação e manutenção. Por isso este mercado proporciona tantas e tão estimulantes
alternativas de serviços compartilhados, como projeto, programação, instalação e
assistência técnica, por exemplo.

Por isso, ao se escolher um nicho, o mesmo deve ter potencial suficiente para atender
aos objetivos, mas deve ser adequadamente planejado para poder se ter o domínio
sobre o assunto e aproveitar deste beneficio.

Possibilidades e Justificativas Técnicas para o Emprego da Automação


Residencial

O emprego de sistemas de automação nas residências pode tornar-se um fator


positivo para o emprego mais racional da energia elétrica.

A Automação Residencial também pode oferecer uma gama de serviços e de


integração de sistemas como:

• Áudio, vídeo, som ambiente, tv por assinatura;


• Segurança (alarmes, monitoramento, CFTV-Circuito Fechado de TV);
• Controle de iluminação;
• Telefonia;
• Redes de dados e informática;

SENAI-SP - INTRANET 197


Instalações elétricas

• Ar condicionado e aquecimento;
• Persianas e cortinas automáticas;
• Eletrodomésticos comandados à distância;
• Utilidades, (irrigação, bombas, aspiração central, gás, energia alternativa, etc.);
• Gerenciamento da energia elétrica, etc.

A Automação Residencial pode assumir as funções de supervisionar, comandar,


controlar e otimizar os equipamentos e sistemas da edificação permitindo que a
mesma opere automaticamente segundo parâmetros pré-definidos, pelo usuário.

A operação automática ou semi-automática da edificação possibilita um funcionamento


confiável e com redução de atos falhos ou possíveis esquecimentos.

Um outro fator importante dos sistemas de Automação Residencial que pode ser
utilizado é o serviço de apoio às metodologias recentes de acompanhamento
energético, pois se houver um gerenciamento da energia, esta em comunicação com
as técnicas de monitoração utilizadas pelas concessionárias atualmente, Sistema
Argos exigido pela ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica, por exemplo, será
de grande utilidade.

Existem ainda os medidores capazes de controlar demanda e consumo de energia


elétrica por meio de tarifação diferenciada, cabendo aqui mencionar um recente
trabalho de mestrado efetuado no Departamento de Engenharia de Energia e
Automação Elétrica da Escola Politécnica de São Paulo, intitulado como
“Desenvolvimento de Medidor Eletrônico de Energia de Custo Competitivo Associado a
Estudos sobre Medições de Energia Elétrica”, que poderão enfim reunidos estes
conceitos, exercer um papel fundamental para o aumento da eficiência energética.

Então a Automação Residencial, conforme afirmado anteriormente, pode oferecer uma


grande variedade de serviços prestados de acordo com o tipo de configuração
sistêmica implementada. Entretanto cada consumidor pode apresentar diferentes
níveis de necessidades.

O que se confirma portanto, é que uma das dificuldades de se implantar, com sucesso
técnico e comercial, sistemas de automação residencial não está somente no custo ou
no momento correto da decisão da implantação, mas também na análise
individualizada da edificação e no perfil do consumidor.

198 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Assim sendo, é necessário que o profissional de Automação Residencial disponha de


uma metodologia e de uma ferramenta de engenharia que o auxilie a especificar um
sistema de automação residencial adequado, levando em conta diversos parâmetros
como inclusive o perfil do consumidor.

Aqui, são apresentados também os principais sistemas, protocolos e tecnologias e a


descrição dos sistemas de uma casa inteligente implementada no evento Habitar 2002
os quais devem ser considerados, haja visto que auxiliam para ampliar as
possibilidades de escolha ao estilo do projeto de sistemas de Automação Residencial
que vier a ser planejado.

Características Gerais dos Sistemas de Automação Residencial

Existem diversas definições vigentes para Automação Residencial também


referenciada, em inglês, Home Control, Intelligent Home ou Smart Home . Algumas das
definições aceitas são:
• Conjunto de equipamentos, sistemas e subsistemas que mantêm certas
habilidades de interação entre si, permitindo o estabelecimento de funções
independentes. Isto possibilita que proprietários de residências possam controlar
funções proporcionadas por equipamentos ou sistemas de uso individual ou
coletivo”. Segundo representante de fabricante de produtos para Automação
Residencial.
• Viver numa grande cidade implica trabalhar para se conseguir ter uma residência
segura, dispor, se possível, de entretenimento sem sair de casa, e conforme uma
tendência atual, provavelmente também nela trabalhar pelo menos algumas horas
por semana. Para tal, condôminos residenciais estão passando a incluir em seus
projetos a infra-estrutura básica para automação”. Segundo a Aureside -
Associação Brasileira de Automação Residencial.
• Processo ou sistema utilizando diversos métodos ou equipamentos, os quais
provêem facilidade para melhorar o estilo de vida das pessoas fazendo os lares
mais confortáveis, seguros e eficientes”. Segundo a Associação Americana HAA –
Home Automation Association.

SENAI-SP - INTRANET 199


Instalações elétricas

A Instituição Americana Intelligent Building Institution localizada em Washington [I]


definia na década de oitenta o termo “Intelligent Buiding” ou edifício inteligente ou
ainda casa inteligente, como:
• Um edifício inteligente é aquele o qual integra vários sistemas para efetivamente
gerenciar recursos de modo coordenado para maximizar: desempenho técnico;
investimento e operação com custo econômico; e também que seja flexível.

Na década de noventa em um Congresso Internacional em Tel Aviv, Israel, um grupo


de trabalho de pesquisa da área em estudo denominado CIB Working Group W98 [C]
definiu também edifício inteligente, ou o termo em inglês “Intelligent Buiding”, como:
• Um edifício inteligente é uma arquitetura que fornece resposta de forma dinâmica a
cada ocupante com produtividade, com efetivo custo e condições ambientalmente
aprovadas por uma interação contínua entre quatro elementos básicos:

Lugar (tipo da edificação, estrutura, facilidades), Processos (automação, controle,


sistemas), Pessoas (serviços, usuários) e Gerenciamento (manutenção,
desempenho) e a inter-relação entre eles”.

Reunir os conceitos de tais definições e opiniões profissionais na tentativa de


expressar poeticamente tecnologia torna-se difícil. Existem outras definições mas
todas enfatizam integração com respostas adequadas, aos usuários e aos espaços,
dos processos e gerenciamento dos negócios (Automação Predial), e dos ambientes
(Automação Residencial), de forma flexível.

Mas o que significa o termo inteligente? Uma opinião é aquela em considerar a


inteligência como algo inato, uma habilidade cognitiva implícita a todos os processos
do raciocínio convencional. J. Piaget [P] define não como um atributo, mas como um
complexo hierárquico da habilidade de processar informações, implícito na adaptação
e equilíbrio entre o indivíduo e seu ambiente.

Existem outras opiniões a respeito, mas Piaget tem definido algo que pode ser
estendido para entender como pessoas trabalham ou moram em edificações e
interagem com seus micro-climas, na construção do edifício e no ambiente externo.
Sem discutir profundamente no argumento sobre a validade da inteligência artificial,
existe atualmente um sistema denominado, em inglês, knowledge-based systems que
são utilizados para realizar tarefas que requerem perícia, mas não demandando
introspecção ou originalidade próprias do ser humano.

200 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Uma edificação inteligente demanda inteligência aplicada sobre conceitos como


desenvolver estágios de construção e operação dos projetos acompanhados pelos
próprios usuários, consultores projetistas, contratantes e com facilidades de
gerenciamento.

Um iglu (habitação esquimó em forma de cúpula, construída em blocos de neve), é


uma edificação inteligente? Para o esquimó sempre foi, pois a forma e a estrutura
moderam o impacto climático; o leiaute interno e o uso trazem vantagem com relação
ao gradiente de temperatura, mas não poderia responder bem em condições
extremamente menores de temperaturas ou outras condições variáveis.

O edifício Helicon construído em Londres tenta suprir as vendas em utilização de


escritórios, oferecendo respostas de conforto e controle de energia para os ocupantes
e administração do prédio. O Átrio do edifício Kajima Corporation em Tóquio tenta
fornecer um ambiente refrescante de tal forma que respeite a necessidade do ciclo
mental do ser humano, contribuindo para concentração e relaxamento a fim de se
trabalhar eficazmente.

Então uma edificação inteligente pode ser simples ou tecnologicamente sofisticada


dependendo das circunstâncias.
1. A figura seguinte organiza e ilustra as possibilidades de serviços a serem
executados, definidos pela AURESIDE – Associação Brasileira de Automação
Residencial:

SENAI-SP - INTRANET 201


Instalações elétricas

Dentro das diversas possibilidades existentes de automatizar uma residência é


importante que o projetista avalie as vantagens de cada sistema em função das
necessidades do usuário.

Mesmo que o proprietário queira instalar apenas um subsistema, como segurança, por
exemplo, deve ser uma preocupação do projetista de deixar alguma interface pronta
para prováveis integrações futuras. Assim, o proprietário do imóvel poderá agregar
novas tecnologias em sua residência.

Classificação dos níveis das Automações Industrial, Predial e Residencial

Neste item será apresentado os macros conceitos para a classificação dos diversos
níveis que as automações industrial, predial ou residencial podem ter. Segundo
Moraes; Castrucci (2001) a Automação Industrial pode ser classificada em cinco níveis
conforme é mostrado na figura seguinte:

Nesta figura cada nível está associado a uma determinada classificação de operação
de equipamentos:
• Nível 1
É o nível das máquinas, dispositivos e componentes (chão de fabrica), onde a
automação é realizada pelo controlador programável. Para exemplificar pode-se
mencionar máquinas de embalagem, linha de montagem ou manufatura;

202 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

• Nível 2
Sua característica é ter algum tipo de supervisão associada ao processo. É o nível
onde se encontram os concentradores de informações sobre o Nível 1 e as
Interfaces Homem-Máquina (IHM)
Para exemplificar pode-se mencionar uma sala de supervisão de um laminador de
tiras a fio;
• Nível 3
Permite o controle do processo produtivo da planta; normalmente é constituído por
banco de dados com informações dos índices da qualidade da produção, relatórios
e estatísticas de processo, índice de produtividade, algoritmos de otimização da
operação produtiva;
Para exemplificar pode-se mencionar a avaliação e controle da qualidade em
processo químico ou alimentício;
• Nível 4
É o nível responsável pela programação e planejamento da produção realizando o
controle e a logística dos suprimentos.
Para exemplificar pode-se mencionar o controle de suprimentos e estoques em
função da sazonalidade e da distribuição geográfica;
• Nível 5
É o nível responsável pela administração dos recursos da empresa, em que se
encontram os softwares para gestão de vendas e gestão financeira; é também
onde se realizam a decisão e o gerenciamento de todo o sistema.

Para a Automação Predial a classificação dos níveis de automação podem ser


enquadrados na pirâmide da automação industrial, figura acima, nos casos de edifícios
inteligentes corporativos.

Especialmente àqueles em que o incorporador do imóvel vende serviços ou os próprios


espaços. Veja o exemplo de um edifício localizado na Av. das Nações Unidas no
Estado de São Paulo, de uma grande editora do Brasil.

Alguns dados, em média, operacionais do edifício, fornecidos pela própria editora são:
• 3.800 partidas de elevadores por dia;
• 12.000 pessoas circulam diariamente;
• Consumo total de energia elétrica equivalente a uma cidade com 55.000
habitantes;
• Sistema de controle de acesso em todas as dependências do edifício, etc.

SENAI-SP - INTRANET 203


Instalações elétricas

Todo sistema implementado visa auxiliar no gerenciamento, produtividade,


manutenção e segurança de modo otimizado. Assim sendo, devido a sua
complexidade e interesses comerciais envolvidos, a classificação dos níveis de
automação industrial, descritos anteriormente, também podem ser aplicáveis em
shoppings centers, hotéis, hospitais, centros comerciais, parques temáticos, etc.

Já para condomínios residenciais ou residências especificamente, os níveis de


automação industrial, normalmente não são aplicáveis.

Enquanto a Automação Industrial é classificada por diversos autores em cinco níveis,


conforme já apresentado, a HAA Home Automation Association classifica Automação
Residencial em três níveis de acordo com descrição a seguir:

A partir da figura acima, é possível fazer uma breve descrição de cada nível:
• Nível 1 – Sistema de Automação Independente:
É o nível o qual se aplica equipamentos individuais ou subsistemas que provêem
funções independentes que não se relacionam diretamente com outros
equipamentos ou subsistemas.
Para exemplificar pode-se mencionar a utilização de um sensor de presença para o
controle automático da iluminação de um ambiente;
• Nível 2 – Sistemas Integrados:
Este é o nível de aplicação quando existem múltiplos sistemas de automação
integrados entre si utilizando-se um único controle. Entretanto cada sistema ou
equipamento opera de acordo com sua fabricação.

204 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Para exemplificar pode-se mencionar a criação automática de uma ambientação


luminosa e de uma preparação de equipamentos de áudio e vídeo, (dimerização da
iluminação, fechamento de cortinas, acionamentos de equipamentos de áudio e
vídeo, etc.).

Ao se acionar um único comando, de modo convencional ou de uma central por


meio de um controle remoto, todo o ambiente de uma determinada sala para
assistir à um filme, é automaticamente preparado, porém os equipamentos não
interagem entre si.
• Nível 3 – Sistemas Totalmente Integrados, Casa “Inteligente”:
Neste nível há uma completa interação entre todos os sistemas com possibilidade
de supervisão.
Para exemplificar pode-se mencionar uma Automação Residencial utilizando
sistemas abertos de comunicação entre os dispositivos e equipamentos, para o
controle de modo descentralizado, por meio de pontos, (nós) inteligentes. Podendo
também serem supervisionados todos os sistemas de automação integrados via
computador.

Independente do nível de aplicação de cada sistema de Automação Residencial


cabe salientar que os projetos devem ser customizados para atender as
necessidades específicas de cada usuário.

Preferencialmente no momento do projeto, o arquiteto, o técnico ou o engenheiro,


enfim o profissional integrador de sistemas em conjunto com o proprietário,
descrevem as funções e definem as melhores aplicações, dentro das
possibilidades técnicas e econômicas, que permitam a implantação adequada ao
uso dos produtos individualmente ou como sistema.

Outra análise importante a ressaltar é o fato de que determinar a classificação dos


níveis de cada uma das diversas possibilidades mostradas (Abrangência da
Automação Residencial), depende da definição de qual sistema de automação será
escolhido, pois existe e sempre existirá uma vasta gama de tecnologia para cada
aplicação, podendo estar englobados em qualquer um dos níveis mencionados
anteriormente.

SENAI-SP - INTRANET 205


Instalações elétricas

Exemplos de Tecnologias Atuais Destinados a Sistemas de Automação


Residencial

A seguir estão descritos, alguns sistemas e topologias dos fabricantes de controle e


Automação Residencial disponíveis no Brasil, assim como as tendências tecnológicas
do setor e a relação com seus respectivos níveis de classificação segundo a
HAA – Home Automation Association.

Tecnologia com Sensores de Presença, Dimerizadores e Interruptores


Minuterias

Desenvolvido atualmente por diversos fabricantes os sensores de presença,


dimerizadores e as minutarias controlam a iluminação do ambiente de forma
independente de outros sistemas de Automação Residencial.

Os sensores de presença foram desenvolvidos pensando na otimização de energia e


na comodidade para o usuário. Ao detectar a presença de uma pessoa na área
controlada, os sensores de presença acendem automaticamente a luz, assim como a
apagam, uma vez a área desocupada.

Entre os fabricantes a gama de sensores de presença funcionam normalmente com


diferentes tecnologias, entre elas existem:
• Raios infravermelhos passivos;
• Ultra-sônica;
• Dual.

Os sensores com tecnologia por raios infravermelhos passivos (PIR), reagem somente
a determinadas fontes de energia, como o corpo humano. Eles detectam presença
através da diferença entre o calor emitido pelo corpo humano e o espaço ao redor.

Os sensores PIR utilizam uma lente Fresnel que distribui os raios infravermelhos em
diferentes zonas, obtendo assim uma melhor área de cobertura a controlar.

Quando acontece uma mudança de temperatura em alguma dessas zonas, detecta-se


presença, e a carga é acionada.

206 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

A fim de aumentar a confiabilidade do funcionamento, normalmente esta tecnologia


utiliza, também, um filtro de luz que elimina a possibilidade de falsas detecções
causadas pela luz natural (raios solares), assim como, circuitos especiais para maior
imunidade a ondas de rádio freqüência.

A tecnologia PIR permite definir com precisão a área de cobertura desejada.

A tecnologia ultra-sônica utiliza o princípio Doppler, ou seja são sensores de


movimento volumétricos. Esses sensores emitem ondas de ultra-som na área a
controlar, essas ondas rebatem nos objetos presentes, e retornam ao receptor do
sensor de presença.

O movimento de uma pessoa na área faz com que as ondas ultra-sônicas retornem
com uma freqüência diferente da omitida, o que é interpretado como detecção de
presença.

Os sensores ultra-sônicos funcionam com um transmissor e um ou dois receptores.


Eles transmitem as ondas em alta freqüência, gerada por um oscilador de cristal de
quartzo.

Esta freqüência é tão alta que não pode ser percebida pelos seres humanos.
A cobertura ultra-sônica não necessita “visão direta” da área de cobertura, podendo
estar sensível através de portas e divisórias.

Contudo se faz necessário instalá-lo em uma localização adequada, a fim de evitar


possíveis detecções fora da zona desejada.

As áreas com carpetes e materiais antiacústicos absorvem a onda ultra-sônica e


podem reduzir a cobertura. A eficiência do sensor também pode ser alterada por fluxo
excessivo de ar (provocado por ar-condicionado, ventilador, calefação...).

A tecnologia dual combina as tecnologias PIR (raios infravermelhos passivos) e ultra-


sônica, proporcionando assim o controle da iluminação nas áreas onde os sensores de
apenas uma tecnologia poderiam apresentar falhas na detecção.

A combinação de raios infravermelhos com ultra-sônicos permite que o sensor


aproveite as melhores características destas tecnologias, oferecendo assim uma maior
sensibilidade e exatidão de funcionamento.

SENAI-SP - INTRANET 207


Instalações elétricas

Esta tecnologia apresenta diferentes configurações de operação. A configuração


padrão aciona a iluminação quando as duas tecnologias detectam presença
simultaneamente, mantém acesa a luz desde que uma das tecnologias continue
detectando presença, e a apaga quando a área é desocupada.

Segundo as características da área a ser controlada, é possível alterar essa


configuração.

Um exemplo de aplicação de um sensor de presença com tecnologia dual pode ser de


uma sala de computador: o fluxo de ar (gerado pelo ar-condicionado) poderia provocar
uma falsa detecção por um sensor ultra-sônico, assim como o baixo índice de
atividade/movimento na área (digitação) poderia provocar o desligamento indesejado
da iluminação por um sensor PIR.

Este tipo de problema pode ser resolvido com a tecnologia dual, já que, para o
acendimento das luzes, na configuração padrão, é necessária detecção de presença
das duas tecnologias (podendo-se entender como “confirmação” de presença na área),
e, para manter as luzes acesas, é necessário que apenas uma das duas tecnologias
detecte o movimento, por menor que este seja.

Cabe citar ainda um dispositivo que se utiliza da tecnologia sensível à variação da luz,
(LDR) Lighting Dependent Resistor, para em conjunto com outros componentes
controlar a função liga e desliga da iluminação, é comum este dispositivo também ser
denominado de fotocélula. Sistema muito utilizado em iluminação pública, que liga
automaticamente a lâmpada ao anoitecer e desliga ao amanhecer.

Assim como na tecnologia dual a combinação destas tecnologias, (raios infravermelhos


com ultra-sônicos e fotocélulas), permite que o sensor aproveite ainda mais as
melhores características destas tecnologias, oferecendo assim uma maior
sensibilidade, possibilidade e exatidão de funcionamento.

Como por exemplo acionar a carga (lâmpadas) quando detectar presença


considerando a luz natural no ambiente.

208 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Existem também, além da dimerização convencional (controlador de intensidade


luminosa por meio da eletrônica), da minuteria (após comando mantém a lâmpada
acionada por um tempo pré-estabelecido), a Dimerização Digital Programável ou
Interruptor denominado Inteligente, com funções integradas, a saber:
• Com a função de num período pré-ajustado, a luz diminuir a intensidade
gradualmente;
• Com a função temporizador, ou seja após o tempo pré-estabelecido, desliga
automaticamente;
• Com a função simulador de presença que mantém a lâmpada ligada por um tempo,
desligada por outro, alternando-se sucessivamente nesses intervalos;

E enfim com a função dimerização, que controla a intensidade luminosa com modelos
tanto para lâmpadas incandescentes como para fluorescentes.

Como se pode verificar existem muitos produtos diversificados entre as tecnologias


apresentadas, inclusive à respeito da abrangência da área a ser controlada, como por
exemplo a inclinação e a própria área perimetral. Logo, como em qualquer situação
problema, deve-se verificar qual a que mais atenderá as necessidades em função das
características do ambiente e das circunstâncias.

Estas tecnologias de controle de iluminação podem ser consideradas nível 1 de


Automação Residencial, pois se aplicam em sistemas individuais ou subsistemas que
provêem funções independentes que não se relacionam diretamente com outros
equipamentos ou subsistemas.

Tecnologia com Comunicação de Dados por meio da Rede Elétrica

O X-10 é um protocolo de comunicação, inclusive o mais antigo utilizado nas


aplicações domóticas. Foi desenvolvido nos EUA entre 1976 e 1978 com o objetivo de
transmitir dados por linhas de baixa tensão (115V, 230V ou 127V, 220V no Brasil) a
baixa velocidade (60 bps no Brasil e nos EUA e 50 bps na Europa) e com custos
baixos.

Ao se utilizar a rede elétrica da residência, não se torna necessário novos cabos para
conectar os dispositivos. Esta tecnologia também é conhecida como PLC – Power Line
Carrier.

SENAI-SP - INTRANET 209


Instalações elétricas

O protocolo X-10 em si, não é proprietário, ou seja, qualquer fabricante pode produzir
dispositivos X-10 e oferecê-los ao consumidor.

O protocolo X-10 utiliza uma modulação muito simples quando comparado com outros.
O transmissor/receptor do X-10 se utiliza de um instante depois da senóide da rede
elétrica cruzar o zero (60 Hz no Brasil), para introduzir o dado, sendo este um sinal
muito curto mas com freqüência fixa.

Pode-se introduzir este sinal nos ciclos positivo ou negativo da onda senoidal. A
codificação de um bit 1 ou de um bit 0, depende de como este sinal é emitido nos
semiciclos. O 1 binário é representado por um impulso de 120KHz durante 1
milisegundo e o 0 binário é representado pela ausência desse impulso de 120KHz.

Em um sistema trifásico o impulso de 1 milisegundos é transmitido três vezes para que


coincida com a passagem pelo zero das três fases.

Como tal, o tempo de 1 bit coincide com os 16,67 milisegundos que dura o ciclo do
sinal, de forma que a velocidade binária de 60 bps é imposta pela freqüência da rede
que se tem no Brasil, ou 50 bps que se tem na Europa.

A transmissão completa de um telegrama X-10 necessita de onze ciclos da onda


senoidal da corrente. A composição do código divide-se em três campos de
informação:
• Dois ciclos representam o código de início;
• Quatro ciclos representam o código denominada de casa (letras de A-Z);
• Cinco ciclos representam o código numérico (1-16) ou o código de função (acender,
apagar, variar, etc.)

Para aumentar a confiabilidade do sistema, esta composição do código, (código de


início, código de casa e código numérico ou de função), é transmitida sempre duas
vezes, separadas por três ciclos completos da onda senoidal da corrente. Há uma
exceção, nas funções de variação de intensidade luminosa, pois é transmitido de forma
contínua (pelo menos duas vezes), mas sem separação entre os códigos.

Se mesmo assim algum ruído, o que é possível, na rede elétrica dificultar o


funcionamento do sistema já existem diversas sugestões técnicas para solucionar o
problema, utilizando configurações de filtros específicos, desenvolvidos por seus
fabricantes, para auxiliar no tratamento contra esse ruído.

210 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Existem três tipos de dispositivos X-10: os que só podem transmitir ordens, os que só
podem receber e os que podem receber e enviar.

Os transmissores podem direcionar até 256 receptores. Os receptores vêm dotados de


dois pequenos comutadores giratórios, um com 16 letras e outro com 16 números, que
permitem identificar uma direção das 256 possíveis.

Numa mesma instalação pode haver vários receptores configurados com a mesma
direção, todos realizam a função pré-designada, desde que um transmissor envie um
telegrama com esta direção. Evidentemente qualquer receptor pode receber ordens de
diferentes transmissores.

Os dispositivos bidirecionais têm a capacidade de responder e confirmar a realização


correta de uma ordem, (feedback), a qual pode ser muito útil quando o sistema X-10
estiver ligado a um programa de visualização que mostre os estados em que se
encontra a instalação.

No Brasil os módulos podem ser adquiridos pela Internet e também atualmente existe
uma vasta gama de possibilidade de sistemas, como por exemplo na área de
segurança (câmeras, etc.) com o mesmo princípio de funcionamento.

Esta tecnologia pode ser considerada nível 1 de Automação Residencial ou quando o


sistema permitir supervisão e programação por meio do computador nível 2.

Tecnologia para Automatização de Persianas, Cortinas e Toldos

Existem diversos fabricantes desta tecnologia, entre eles encontra-se a Somfy,


empresa de origem francesa que desenvolve uma tecnologia também distribuída no
Brasil.

Trata-se de um sistema de motorização de cortinas, persianas e toldos que tem como


características de aplicação a utilização de pequenos motores (110/220VCA ou
24VCC), em persianas, cortinas ou toldos que se movem com um simples toque e
ainda podem trabalhar interligados às principais tecnologias de Automação Residencial
disponíveis, pois possuem interfaces compatíveis com alguns protocolos de
comunicação utilizados em Automação Predial e Residencial.

SENAI-SP - INTRANET 211


Instalações elétricas

O nível de Automação Residencial para esta tecnologia dependendo da aplicação


pode ser nível 1, sistema independente, ou nível 2, pois permite a integração de
comando por meio de protocolos reconhecidos no mercado de Automação Residencial.

Tecnologia de Sistemas de Controle de Iluminação e outros Subsistemas

Existem diversos fabricantes de sistemas de controle de iluminação, entre eles o


desenvolvido nos EUA, pela Lutron Eletronics Co. Inc. tem uma linha de produtos que
incluem itens variados desde simples controles instalados em parede que ajustam a
luminosidade em uma sala, até sistemas mais sofisticados para toda uma residência,
escritório ou grandes instalações.

É um sistema de controle de iluminação com programação da ambientação luminosa


com interface amigável. Existem por exemplo dispositivos que controlam a iluminação
e criam uma ambientação luminosa em até oito pontos, totalizando até 48 zonas de
iluminação. Os mesmos permitem incluir o controle de outros equipamentos como
parte desta ambientação, como telas de projeção e cortinas automatizadas.

Comportam ainda 16 possibilidades de ambientação em sua memória.

Existem também outros dispositivos que apesar de terem os mesmos objetivos


mencionados nos outros modelos, contam com painéis de dimerização e atendem
aplicações de maior porte, possibilitando a integração com sistemas de automação
predial.

Esses modelos atendem de 128 a 512 zonas de iluminação respectivamente.


Como novidade em um evento em agosto de 2003, realizado em São Paulo, evento
esse denominado Habitar 2003, em parceria com a empresa de pesquisa Genius, a
Lutron implementou, em um modelo de Casa Inteligente, um sistema de controle de
iluminação por meio do comando de voz.

Existe ainda um sistema intitulado Homeworks Interactive e Homeserve ambos


voltados especificamente para residências, e permitem três possibilidades de
utilização:
• Totalmente cabeado (Homeworks);
• Totalmente por rádiofreqüência/wireless (Homeserve);
• ou ambos conforme as necessidades da infra-estrutura.

212 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Os sistemas permitem controlar a iluminação de um ou mais pontos, podendo criar


inclusive caminhos de luz com apenas um toque em um botão.

Conta também com função temporizador diferenciada, ou seja pode repetir exatamente
a mesma iluminação utilizada na última semana ou no último mês na casa inteira,
simulando a presença dos moradores.

E pode possibilitar também o acionamento à distância por telefone.

Dentro ainda da tecnologia da Lutron, têm-se ainda um sistema intitulado Radio RA


que também se utiliza de comunicação por rádio freqüência/wireless, e que permite
integração com dispositivos de controle de iluminação, possibilitando todos os tipos de
controles mencionados, incluindo a integração com outros subsistemas, como por
exemplo o do controle automático do portão da garagem.

A tecnologia Lutron enquadra-se nos níveis de Automação Residencial 1 e 2, pois


podem ser aplicados em sistemas individuais ou subsistemas que provêem funções
independentes que não se relacionam diretamente com outros equipamentos ou
subsistemas (nível 1), ou quando existem múltiplos sistemas de automação integrados
entre si utilizando-se um único controle, mas que entretanto cada sistema ou
equipamento opera de acordo com sua fabricação (nível 2).

Tecnologia de Central de Controle e Automação para Edifícios e Residências

Entre os diferentes fabricantes de centrais de controle para Automação Residencial e


Predial uma empresa americana desenvolveu a tecnologia denominada AMX. Trata-se
de uma central que controla subsistemas como iluminação, áudio, vídeo, cortinas ou
outros equipamentos elétricos por meio de um painel de comando, ou seja, a
tecnologia AMX é um sistema integrador.

Sua principal característica de aplicação é a de que por meio de um painel de mesa,


parede, ou portátil (utilizando rádio freqüência) com tecnologia touchscreen, configura-
se e controla-se os acionamentos com toques no próprio painel integrando vários
subsistemas.

SENAI-SP - INTRANET 213


Instalações elétricas

É um equipamento específico para realizar a integração de subsistemas enquadrando-


se na classificação de níveis da Automação Residencial em nível 2, pois existem
múltiplos sistemas de automação integrados entre si utilizando-se um único controle
que é a própria central AMX. Entretanto cada sistema ou equipamento opera de acordo
com sua fabricação.

Outra possibilidade é uma tecnologia denominada Creston desenvolvida também pelos


norte-americanos.

É um sistema de controle e automação que pode se comunicar com outros


subsistemas como de climatização, iluminação, áudio, vídeo e segurança, ou seja,
também é uma central de controle que se comunica com diversos equipamentos por
meio de um painel de mesa, parede, ou portátil, com tecnologia touchscreen, o qual se
configura e controla os acionamentos com toques no próprio painel.

Tem também a característica de utilizar a comunicação por rádio freqüência e


diferencialmente a possibilidade de ter saídas a relés para acionar banheiras,
aquecedores e demais equipamentos.

Ao se enviar comandos à central de controle, a mesma emitirá por sua vez os


comandos para os equipamentos a serem controlados.
Pode substituir controles remotos, interruptores, termostatos ou controlar o sistema de
áudio e vídeo.

O nível para a classificação da tecnologia Creston está em nível 2, pois assim como a
tecnologia AMX, integra sistemas e subsistemas entre si utilizando-se um único
controle que é a própria central Creston. Entretanto cada sistema ou equipamento
opera de acordo com sua fabricação.

Tecnologia de Sistemas de Automação Integrados em Residências

Entre as diversas tecnologias de integração de sistemas de Automação Residencial,


será apresentado a seguir a desenvolvida por uma empresa dinamarquesa, a LK, do
grupo Lexel que tem uma linha de produtos denominados IHC Inteligent Home Control.
A tecnologia IHC é uma central de automação que permite os controles de
aquecimento, ar condicionado, iluminação, climatização, eletrodomésticos, irrigação,
cortinas e outros subsistemas.

214 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Trata-se de um sistema de módulos de entradas e saídas, sensores e sistema


supervisório opcional e adaptável a equipamentos convencionais, como o controle de
toda a iluminação, utilizando interface a relés.

Assemelha-se ao CLP (Controlador Lógico Programável) utilizado industrialmente,


porém adaptado à residência com acionamentos em tensão reduzida (24VDC) e
possibilidade módulos para dimerização. Apresenta-se em três tipos de arquitetura:
Centralizada, Descentralizada e BUS Link.

Seu princípio básico de funcionamento é aquele em que após ter sido realizado as
leituras das entradas e enviado ao programa do usuário, confrontado as informações,
são atualizadas as saídas, fechando assim um ciclo de máquina (microprocessador).

O nível de Automação Residencial pode ser considerado 2 ou 3 dependendo do


sistema a implementar. Existe a possibilidade da utilização de tecnologia, centralizada
que permite múltiplos sistemas integrados entre si, mas que entretanto cada sistema
ou equipamento opera de acordo com sua fabricação (nível 2), ou de tecnologia
descentralizada BUS Link possibilitando a integração total (nível 3).

Tecnologia com Utilização da Internet

Entre outras possibilidades de implementar uma residência inteligente é apresentada a


seguir uma tecnologia desenvolvida pela IBM, que permite que o controle do sistema
de iluminação e aparelhos ligados à rede elétrica seja feito por controle remoto ou via
Internet.

A solução da IBM Global Services para a Automação Residencial é um sistema


denominado Home Net Center Package. Este sistema provê uma solução com
integração total de todos os sistemas recebidos no mesmo, que aproveita das
vantagens da Internet para monitoração ou controle, por meio de um dispositivo,
(hardware), chamado de “Webdyn”.

O “Webdyn” tem uma arquitetura aberta, combinada com as aplicações do servidor e


gateways de comunicação. Este dispositivo permite ao usuário também controlar
eletrodomésticos via rede Ethernet por meio da Internet, e que para tal, utiliza o auxílio
também de outras tecnologias como CAD AC Modem ou X10 Modem.

SENAI-SP - INTRANET 215


Instalações elétricas

No Home Net Center Package está previsto a otimização, integrando por exemplo os
seguintes sistemas:

• Distribuição de Internet com alta velocidade;


• Computador no escritório e controle de eletrodomésticos;
• Conexões para TV, Telefone e Fax;
• Acesso e gerenciamento dos sistemas de controle dos ambientes
(HVAC, iluminação), ou do sistema integrado de segurança.

Assim como a tecnologia IHC pode-se considerar que o nível de Automação


Residencial do sistema Home Net Center Package está entre 2 ou 3, pois existe a
possibilidade da utilização de tecnologia, centralizada que permite múltiplos sistemas
integrados entre si, mas que entretanto cada sistema ou equipamento opera de acordo
com sua fabricação (nível 2), ou do ponto de vista da integração total (nível 3), por
meio do compartilhamento das informações entre sistemas utilizando o dispositivo
Webdyn, como energia e segurança entre outros, otimizando assim o gerenciamento
da residência.

Tecnologias Descentralizadas para Sistemas de Automação Residencial e


Predial

Existem atualmente algumas tecnologias para Automação Residencial com sistema


aberto de comunicação entre os dispositivos. A seguir serão apresentadas algumas
delas.

Tecnologia Instabus EIB


O EIB (European Installation Bus) é um protocolo de comunicação desenvolvido por
um conjunto de empresas líderes do mercado Europeu de materiais elétricos e teve
como o objetivo criar um padrão europeu que permitisse a comunicação entre todos os
dispositivos de uma instalação, seja residência ou edifício.

Este conjunto de atualmente de 114 empresas é mais especificamente uma


associação intitulada EIBA – Association European Installation Bus, que se iniciou em
1990, com apenas 15 membros.

A mesma tem sede em Bruxelas e seus membros cobrem cerca de 90% do negócio
dos materiais elétricos na Europa.

216 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Atualmente o protocolo de comunicação EIB é utilizado por várias empresas de grande


porte, como Siemens, ABB, K. Möller, Conexel, entre outras.

Utilizando-o, o conjunto dispositivo e BUS cria um sistema de gerenciamento de


equipamentos elétricos que permite o controle de funções como iluminação, persianas,
climatização, irrigação, sensores e aparelhos domésticos em geral.

As características de transmissão do protocolo de comunicação denominado também


como instabus EIB permitem ao sistema de BUS distribuído e programável, utilizar
transmissão de dados seriados para seu controle, monitoramento e realização de
tarefas.

Este link de transmissão seriada compartilhada, o BUS, permite que os sistemas BUS
conectados troquem informações uns com os outros. A comunicação de dados deve
ocorrer de acordo com as regras definidas no protocolo BUS. A informação dada é
adicionada a um padrão de transmissão standard, chamado telegrama, a qual o sensor
(emissor) distribui para um ou mais participantes (receptor).

Após a transmissão ter sucesso o receptor confirma que recebeu o telegrama. No caso
de não reconhecimento a transmissão é repetida até três vezes. Então, se ainda não
for possível confirmar o recebimento, o processo de envio é abortado e o problema
gravado na memória de envio de esquema.

A transmissão com o instabus EIB não é eletricamente isolada, ou seja, apesar de se


utilizar um cabo do tipo telefônico, designado por YCYM 2x2x0,8 dois pares de fios,
somente o par (vermelho e o preto) serve a transmissão de sinal e a fonte de
alimentação, sendo que o par (amarelo e branco) serve para aplicações adicionais.

A tensão de alimentação utilizada é (24VDC) para o equipamento e é transmitida ao


longo da mesma linha de BUS. Os telegramas são modulados para essa tensão de
forma lógica, como um pulso. Os dados transmitidos são equivalentes à lógica zero e
os dados não transmitidos, lógica 1.

Um dado individual de telegrama é transmitido fora de sincronização. A transmissão


como um todo, entretanto, é sincronizada através da adição de bits de start e stop.
O acesso para o BUS, como meio físico de comunicação compartilhada para
transmissão sem sincronização requer regulações completas.

SENAI-SP - INTRANET 217


Instalações elétricas

O instabus EIB usa o protocolo CSMA/CA (Carrier Sense Multiple Access with
Colilision Avoidance), semelhante à Ethernet, que utiliza o CSMA-CD, mas evitando
colisões. Este protocolo garante um acesso aleatório ao BUS livre de colisões sem ter
que reduzir a taxa de transmissão ao mesmo tempo.

Todos os participantes do BUS monitoram os telegramas transmitidos mas apenas


aqueles direcionados irão responder. Quando do envio, um participante do BUS tem
que monitorar o mesmo, esperando que tudo o que for ser enviado seja completado
(Carrier Sense – “Senso de Mensageiro”). Se não há telegramas no BUS, na teoria,
qualquer participante pode começar um processo de envio (Multiple Access).

No caso de dois participantes iniciarem o envio simultaneamente, o participante com


maior prioridade deve continuar sua transmissão sem atraso (Collision Avoidance –
Evitar Colisão), enquanto o outro se retira para tentar novamente depois. Se ambos os
telegramas tiverem prioridade equivalente, o que tiver endereço físico mais baixo será
enviado. Veja ilustração genérica de um BUS a seguir:

Toda ordem de comando para ser enviada, necessita inicialmente de um


endereçamento, que é enviado para toda linha do barramento. Assim como uma
correspondência tem um endereço particular que identifica quem a receberá, cada
equipamento do barramento também possui um endereço único que o identifica entre
os demais.

Quando o sistema protocolo EIB está em serviço normal, a lógica usual é usada para
comunicação por telegrama. Ao recebê-lo, o equipamento do barramento aceita-o se o
telegrama contiver o grupo de endereço do equipamento (transmissão com sucesso).

Mas pode também rejeitá-lo, e este ser entendido por equipamento qualquer.

218 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

O elemento básico do sistema instabus EIB é a linha. Até 64 dispositivos podem ser
usados em uma linha única através de um “acoplador de linha”. Através da adição de
“acopladores de linha” às chamadas “linhas principais”, até 12 linhas podem ser
combinadas a uma área.

Pela adição de “acopladores de áreas”, mais de 15 áreas podem ser combinadas a um


sistema único. Além disso, este acoplador mantém todas as interfaces (gateways) para
mais sistemas EIB ou outros (SICLAMAT X, ISDN etc.).

Mesmo quando se considera os mais de 12.000 esquemas BUS possíveis que podem
ser usados num sistema único, a confiabilidade do sistema de BUS não é perdida.

O extravio dos telegramas é evitado pois os telegramas somente passam por um


acoplador se há um dispositivo BUS com um grupo de endereços em que ele se
encaixe além do acoplador. Para essa finalidade, os acopladores são providos de um
filtro apropriado.

O endereço físico deriva do layout topológico do sistema: cada dispositivo BUS pode
ser unicamente identificado por sua área, linha e número de esquema. Grupos de
endereços são divididos em grupos e subgrupos com o objetivo de alocar aplicações
específicas.

Durante a configuração os grupos de endereços devem ser divididos em até 14 grupos


principais, por exemplo:
• Controle de iluminação;
• Controle de persianas;
• Aquecimento, ventilação e controle de ar condicionado, etc.

Cada grupo principal pode consistir de até de 2.048 subgrupos, de acordo com os
requerimentos dos projetos.

A alocação dos grupos de endereços não interfere nos endereços físicos


determinados. Então, qualquer esquema BUS é capaz de se comunicar com qualquer
outro esquema BUS.

SENAI-SP - INTRANET 219


Instalações elétricas

Veja figura a seguir ilustrando as expansões:

Conceito da expansão da rede de comunicação BUS - instabus EIB

Os dispositivos BUS então podem abranger:


• Número de áreas: até 15;
• Numero de linhas por área: até 12;
• Número de participantes por linha: até 64.

Totalizando uma possibilidade de atingir até 15.000 pontos de controle.

Por fim a velocidade de transmissão dos telegramas é de 9.600 bits/seg., ou 104 µs.
Cada informação de um telegrama totaliza o período de 13 bits para ser transmitida
(pausa/8bits/pausa), que consistem em 1,35 ms.

Cada telegrama poderá ter um comprimento de 8 a 23 sinais, com t1 = 50 bits (envio) e


t2 = 13 bits (retorno), então pode-se dizer que o tempo está em entre 20 e 40
segundos.

Enfim nesta tecnologia a classificação do nível de Automação Residencial considerado


é o 3, pois possibilita a integração total dos sistemas a serem automatizados.

220 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

Tecnologia Lonworks

É uma topologia de rede criada pela Echelon em 1992. Criada com o intuito de
solucionar os problemas de controle tem tido mais êxito nas implantações em edifícios
administrativos, hotéis e indústrias.

Devido ao custo, os dispositivos Lonworks não têm sido implementados em


residências, sobretudo porque existem outras tecnologias com funcionalidades
similares e mais baratas.

Conceitualmente similar ao sistema instabus EIB é uma plataforma tecnológica de


rede, aberta e desenhada para implementar a interoperabilidade de redes de controle.
Cada nó inclui computação local, fonte própria e pode ser conectado a aplicativos
locais de I/O. As fontes de I/O permitem o processamento de dados de entrada dos
sensores e envia comandos para os atuadores.

As fontes computacionais permitem que processem os dados para acondicionamento


do sinal ou como parte de um ciclo de controle. Já as fontes de rede permitem que
atuem com os outros nós da rede para completar os ciclos de controle.

A tecnologia Lonworks possui um protocolo denominado lontalk que implementa as


sete camadas do modelo OSI – Modelo de Referencia para Interconexão de Sistemas
Abertos e possui mecanismos que impedem a modificação acidental ou intencional.

Apesar da possibilidade de implementar o protocolo lontalk num processador genérico,


a Echelon desenvolveu o Neuron Chip que é mais apropriado para aplicações de
controle por várias razões: o Neuron Chip é composto de três processadores de 8 bits
os quais dois deles são otimizados para executar o protocolo e o terceiro para
aplicações dos nós.

O Neuron Chip incorpora watchdog timers, 35 tipos de controladores de dispositivos,


tem um sistema operacional em tempo real distribuído, três tipos de memória, possui
um vetor de 48 bits acessível via software, que garante um endereço disponível da
instalação de um nó.

SENAI-SP - INTRANET 221


Instalações elétricas

Ainda em relação ao Neuron Chip pode-se então salientar:


• Tem um identificador único, o Neuron ID, que permite direcionar qualquer nó de
forma inequívoca dentro de uma rede de controle Lonworks. Esse identificador,
com 48 bits, é gravado na memória EEPROM durante a fabricação do circuito;
• Tem um modelo de comunicação independente do meio físico sobre qual pode ser
por par telefônico, rede elétrica, fibra-óptica, rádio freqüência, infravermelho, e
cabo coaxial, entre outros. O transmissor –receptor é o encarregado de adaptar os
sinais do Neuron Chip aos níveis de necessita cada meio;
• O firmware que implementa o protocolo Lontalk proporciona serviço de transporte e
routing (rota) de extremo a extremo da rede. Está incluído um sistema operacional
que executa e planeja a aplicação distribuída e que maneja as estruturas de dados
que são comunicados entre os nós.

Esses circuitos comunicam-se entre si enviando telegramas que contêm a direção do


destinatário, informação para o routing, dados de controle assim como os dados de
aplicação do utilizador e um checklist como código detector de erros. Todas as
comunicações de dados são iniciadas num Neuron Chip. Um telegrama pode ter até
229 octetos de informação para aplicação distribuída.

Enfim assim como o instabus EIB, o nível de Automação Residencial considerado para
o Lonworks é o 3, pois possibilita a integração total dos sistemas a serem
automatizados.

Tecnologia Heading

Desenvolvida pela Heading Produtos e Serviços a tecnologia Heading detêm vários


tipos de sensores de presença e dimmers com diversas possibilidades e conta também
com um sistema de Automação Predial completo que pode também ser aplicado em
residências.

Mesmo com alguns módulos e interfaces em desenvolvimento, detêm atualmente


tecnologia com conceitos a serem também considerados.

A funcionalidade da linha denominada Install é baseada nas redes de comunicação de


dados intituladas Local-net e H-net , (protocolos proprietários), mas com conceito de
funcionamento similar a tecnologia EIB Instabus (sistema aberto).

222 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

A rede Local-net é destinada à interligação de até 48 módulos periféricos e um


computador de gerenciamento. Já a rede H-net tem por função a interligação dos
módulos concentradores numa topologia “estrela”, e é utilizada para ampliar o sistema,
permitindo a concepção de instalações maiores e hierarquizadas, como também,
conectar um computador de gerenciamento ou de programação.

Diversos módulos compõem a linha Install, a saber:


Os módulos de controle que são módulos inteligentes e geralmente montados nos
quadro de distribuição. Por meio de software contido neles, a instalação adquire sua
funcionalidade. Entre os módulos de controle existem os controladores programáveis,
os concentradores e os de interface com o PC.

Os módulos periféricos são módulos destinados à aquisição de dados, à sinalização e


ao comando.

Os módulos dedicados, são módulos que contem hardware e software específicos para
determinada aplicação como, por exemplo, o módulo de controle de bombas.

O software de controle da linha Install está presente nos módulos de controle, nos
módulos concentradores e nos computadores de gerenciamento da instalação.
A tecnologia Heading permite classificá-la em nível 1 e nível 3 de Automação
Residencial.

Na linha de sensores de presença e dimmers podem ser aplicados em sistemas


individuais ou subsistemas que provêem funções independentes que não se
relacionam diretamente com outros equipamentos ou subsistemas (nível 1).
Na linha Install possibilita a integração total dos sistemas a serem automatizados (nível
3).

Conforme a introdução existem outras tecnologias de Automação Residencial


atualmente no Brasil, aqui foram registradas algumas que se destacaram.

Cabe salientar que a situação ideal é a de reunir os conceitos da Automação


Residencial com a preocupação ao meio ambiente em termos de arquitetura e
construção com soluções integradas baseadas na tecnologia da informação,
contribuindo para uma melhoria na satisfação das pessoas em suas moradias e
buscando a racionalização energética.

SENAI-SP - INTRANET 223


Instalações elétricas

Estabelecidos os níveis de classificação da Automação Residencial verifica-se então


que dado às diversas possibilidades mencionadas, torna-se viável que os profissionais
envolvidos com projetos prediais e residenciais, realizem um estudo analisando as
condições de inserir no planejamento um determinado nível de automação, mesmo
que em um momento inicial seja somente infra-estrutura, e que este seja o mais
adequado para cada situação.

Tendências Tecnológicas de Sistemas de Automação Residencial e Predial

Apesar de pouco divulgada no Brasil a utilização das tecnologias apresentadas a


seguir convém citá-las, pois além de reconhecidas mundialmente, se justificam ainda
mais por deterem-se em um protocolo aberto de comunicação, acompanhando a
principal tendência do setor.

Dando prosseguimento a apresentação de tecnologias poder-se-á realizar outras


análises identificando comparativamente quais as possibilidades atuais e futuras,
inclusive podendo também constatar como estão sendo classificados os níveis de
Automação Residencial destas tendências.

Tecnologia Batibus

Desenvolvido por outra associação de empresas européia a Batibus Club International


e certificado como standard (padrão) europeu pelo CENELEC, o Batibus é um
protocolo de comunicação entre dispositivos para Automação Residencial e Predial
totalmente aberta, isto é, pode ser implementado por qualquer empresa interessada
em introduzi-lo nos seus produtos ou equipamentos.

Tem uma velocidade binária única de 4800 bps a qual é mais que suficiente para a
maioria das aplicações de controle distribuído. Utiliza cabo blindado do tipo telefônico e
admite as topologias em BUS, estrela, anel ou árvore.

A única recomendação a respeitar é não atribuir direções físicas idênticas a dois


dispositivos na mesma instalação.

224 SENAI-SP - INTRANET


Instalações elétricas

O nível de acesso, assim como o EIB utiliza a técnica CSMA-CA (Carrier Sense
Multiple Access with Collision Avoidance). Isto é, se dois dispositivos enviam um dado
ao mesmo tempo ao BUS, ambos detectam a possibilidade de colisão, então só aquele
que tiver mais prioridade continua a transmitir retomando-o no instante seguinte.

A filosofia é a de que todos os dispositivos Batibus “escutam” tudo o que circula no


BUS, todos processam a informação recebida, mas apenas aqueles que tiverem sido
programados irão filtrar o telegrama, e o enviarão à aplicação existente para cada
dispositivo. A direção física é atribuída tal como no protocolo X10 através de micro-
interruptores ou mini-teclados.

A tecnologia Batibus enquadra-se no nível 3 da classificação da Automação


Residencial, pois possibilita a integração total dos sistemas a serem automatizados.

Tecnologia EHS (European Home System)

Desenvolvida pela associação de indústrias européias de microprocessadores, a


EHSA (European Home System Association), com o devido suporte da Comissão
Européia, criou uma tecnologia econômica que permitiria a implantação da Automação
Residencial.

O resultado foi a especificação do EHS no ano de 1992. O modelo OSI (Open


Standard Interconnection) foi a topologia escolhida.

Desde o seu início envolveu-se nessa tecnologia a maior parte dos fabricantes de
eletrodomésticos, de áudio e de vídeo, empresas distribuidoras de eletricidade, água e
gás, operadoras de telecomunicações e fabricantes de equipamentos elétricos e
eletrônicos. O conceito base foi criar um protocolo aberto que permitisse atender as
necessidades de conectividade dos produtos de todos os fabricantes, utilidades e
fornecedores de serviços.

Portanto, o objetivo principal do EHS é o de atender da Automação Residencial, cujos


proprietários não podem se permitir o uso de sistemas mais sofisticados devido aos
custos envolvidos.

O EHS vem atender, com funções e objetivos, o mercado que tem o CEbus nos
Estados Unidos da América e o HBS no Japão.

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Instalações elétricas

A EHSA (European Home System Association) impulsionou o desenvolvimento de um


circuito integrado (St7537HS1) que permitia transmitir dados por um canal série de
modo assíncrono através da rede de baixa tensão das residências (correntes
portadoras). Esta tecnologia, baseada na modulação FSK (Frequency Shift Keying),
suporta velocidade de 2400 bps e que também podem utilizar como suporte do sinal
cabos de pares do tipo telefônicos.

Atualmente, têm-se utilizado ou desenvolvido os seguintes meios físicos:


• PL-2400: Rede elétrica a 2.400 bps;
• TP0: Cabo de 2 pares a 4.800 bps (idêntico ao meio físico do Batibus);
• TP1: Cabo de 2 pares/coaxial a 9.600 bps;
• TP2: Cabo a 2 pares a 64 Kbps;
• IR-1200: Infravermelho a 1.200 bps;
• RF-1100: Rádiofreqüência a 1.100 bps.

O protocolo é totalmente aberto, isto é, qualquer fabricante associado da EHSA pode


desenvolver seus produtos e equipamentos que implementem o EHS.

Assumindo uma filosofia Plug & Play, pretende-se:


• Compatibilidade total entre produtos e equipamentos EHS;
• Configuração automática dos dispositivos (Plug & Play) e fácil ampliação das
instalações;
• Compartilhar o mesmo meio físico entre diferentes aplicações sem interferência
entre os mesmos;

Assim como as tecnologias Batibus, CEbus e HBS a tecnologia EHS enquadra-se no


nível 3 da classificação da Automação Residencial, pois possibilita a integração total
dos sistemas a serem automatizados.

Evidentemente que é preciso considerar que os equipamentos necessitam estar


preparados cada qual com tais tecnologias e que a interoperabilidade entre elas torna-
se um desafio

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Instalações elétricas

Tecnologia KONNEX

E se pensando na interoperabilidade entre diferentes tecnologias, três das associações


européias mencionadas anteriormente, (EIBA, BCI, EHSA) promoveram a iniciativa da
criação um único padrão europeu para a Automação Residencial e Predial.

Essa convergência de tecnologia denominada KONNEX visa também de que esta seja
capaz de competir em qualidade, prestações de serviço e preços, com outros sistemas
como o Lonworks ou o CEbus.

Atualmente a associação KONNEX está terminando as especificações do novo padrão


(versão1.0) o qual será compatível com os produtos EIB instalados.

Pode-se afirmar que o novo padrão (standard) terá o melhor do EIB, do EHS e do
Batibus e que aumentará consideravelmente a oferta de produtos para o mercado
residencial.

A versão 1.0 contempla três modos de funcionamento:


• S-mode (System mode):
A configuração do modo sistema usa a mesma filosofia que o EIB atual, isto é, os
iversos dispositivos ou modos da nova instalação, são instalados e configurados
por profissionais com a ajuda de um software (ETS) especialmente concebido para
este propósito;
• E-mode (Easy mode):
Na configuração do modo simples os dispositivos são programados em fábrica para
realizar uma determinada função. Mesmo assim devem ser configurados alguns
detalhes no local da instalação mediante o uso de um controlador ou micro-
interruptores alojados nos dispositivos (semelhante ao X10);
• A-mode: (Automatic mode):
Na configuração do modo automático, com uma filosofia Plug & Play, nem o
instalador nem o usuário final necessitam configurar o dispositivo. Este modo será
especialmente indicado para ser utilizado em eletrodomésticos e equipamentos de
entretenimento.

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Instalações elétricas

Referente ao meio físico o novo padrão (standard) poderá funcionar sobre:


• Par de condutores (TP1):
aproveitando a norma EIB equivalente;
• Par de condutores (TP0):
aproveitando a norma Batibus equivalente;
• Por meio da rede elétrica (PL100):
aproveitando a norma EIB equivalente;
• Por meio da rede elétrica (PL132):
aproveitando a norma EHS equivalente;
• Ethernet:
aproveitando a norma EIB.net;
• Rádio freqüência:
aproveitando a norma EIB.RF

Comparativamente pode-se verificar que a tecnologia KONNEX, devido à abrangência


de seus objetivos, é classificada segundo os preceitos da HAA (Home Automation
Association), como nível 1, 2 ou 3, sendo possível escolher qual a melhor ou mais
adequada aplicação.

Sendo assim pode-se deduzir que os conceitos desta última tecnologia, diante da
necessidade de se atacar nichos do mercado de Automação Residencial, levam a crer,
ser esta teoricamente, uma solução tecnologicamente inteligente e apropriada.

Exemplo da Casa Inteligente

Para ilustrar uma aplicação real de forma mais abrangente veja o interessante exemplo
das variadas funções da edificação residencial intitulada “CASA INTELIGENTE”.
Implementada no evento denominado Habitar 2002 em uma exposição realizada em
2002 em São Paulo, teve na ocasião, como objetivo geral o de divulgar e estimular a
adoção de tecnologias de Automação Residencial no país.

A mesma compunha de vários sistemas, entre elas:


• Portas, janelas, cortinas e toldos da CASA eram controlados com um toque no
controle remoto;
• Controle de luminosidade interna em função da luminosidade externa;
• O acesso a CASA se deu por meio de sistemas de biometria. Para entrar, a pessoa
era identificada pela leitura digital ou da Íris;

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Instalações elétricas

• Todas as luzes, internas e externas, foram acionadas a partir de um único


controlador digital, podendo, ainda, serem programadas várias funções, tais como,
horário diurno, noturno, festas, exibições no home theater, dentre outras;
• Os sistemas de telefonia e intercomunicação foram totalmente integrados,
possibilitando que o morador atendesse a campainha ou acessasse sua secretária
eletrônica a partir de qualquer telefone instalado dentro da casa;
• O sistema de irrigação permitiu criar zonas de irrigação e dosar a quantidade de
água de acordo com a necessidade de cada planta. Esse sistema também permitia
ser programado para funcionar em horários preestabelecidos ou na falta
prolongada de chuva;
• O sistema de áudio integrado possibilitou que o som instalado em cada um dos
ambientes fosse monitorado a partir de qualquer local da CASA;
• O sistema de climatização permitiu que a temperatura dentro da CASA fosse
controlada a distância ou passasse a ser programada para aquecer ou resfriar em
determinados horários do dia;
• Os locais mais frios da casa contaram com o sistema de aquecimento de piso. O
mesmo permitia ser acionado de modo que, quando o morador acordasse ou
chegasse em casa, o chão já estivesse aquecido;
• O sistema de segurança, que possuíam detectores conectados a sensores de
presença e botões de pânico, garantiam o total controle dos acessos à CASA.
Como parte desse sistema uma pequena câmera estava discretamente
posicionada próxima à porta, permitindo que o visitante fosse visto em qualquer um
dos televisores dentro da residência. Pelo mesmo método, foi possível monitorar
aposentos específicos, como o quarto das crianças. Este sistema pode ser usado,
ainda, para acionar as luzes, televisores e rádio para fazer com que a CASA
pareça estar ocupada quando o morador estiver ausente;
• Um outro recurso disponibilizado pelo sistema de segurança, permitia que os pais
fossem avisados, com uma luz piscando, quando seu filho, simuladamente,
chegasse em casa;
• No home theater, a integração dos sistemas de telefonia, segurança e iluminação
permitiam que o usuário, com um toque no controle remoto, ligasse o sistema de
projeção com o seu filme preferido e, automaticamente, fosse ajustada a
iluminação mais adequada ao momento. Se a campainha ou o telefone tocasse, as
luzes do ambiente se ascendiam e o filme, de imediato parava, com uma
mensagem chamando a atenção para atender o telefone ou receber a visita;

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Instalações elétricas

• As fechaduras de algumas portas funcionaram de três formas: através de senha,


cartão magnético ou cartão de aproximação. Dotada de memorização, o sistema
tinha capacidade para armazenar informações como data e horário, checando e
controlando o acesso aos diferentes ambientes da CASA;
• O controle periférico, que substituiu a cerca elétrica, foi equipado com um sistema
emissor de infravermelho, que, se fosse interrompido, fazia disparar o alarme;
• Um painel interativo para jogos foi colocado no quarto dos jovens. Ligado ao
computador, foi possível mover as peças de um jogo, com as mãos, ao invés de
usar o mouse ou o teclado do computador;
• Até mesmo o cofre era eletrônico. Além de ser aberto por meio de um teclado
digital, ele foi equipado com um sistema que registrou a data e o horário da sua
abertura;
• As camas foram articuladas e ajustadas, por controle remoto, de acordo com a
posição que o morador desejasse;
• A banheira com massageador automático foi adaptada com um sistema que tornou
a água ozonizada. Esse sistema, cujos jatos da água são acionados
automaticamente, tem efeito terapêutico;
• O protetor de surto, que também estava nos ambientes, impedia que os problemas
da rede elétrica fossem transferidos para os equipamentos eletroeletrônicos;
• A piscina foi equipada com o sistema de auto-limpeza, que, assim como os demais,
podiam ser programados para funcionar em determinados horários, sem que o
usuário tivesse que se deslocar até o local.
• O purificar de ar, instalado na cozinha, detectava a qualidade do ar e ligava,
automaticamente, se fosse preciso;
• O sistema de reaproveitamento e filtragem de água, permitia que a água de chuva
ou aquela que foi utilizada uma única vez, pudesse ser filtrada e posteriormente
reutilizada, por exemplo, para lavar o chão ou na irrigação do jardim;
• O PDA, um equipamento eletrônico portátil, foi usado para receber e-mail,
ascender as luzes ou, mesmo, conectar-se à Internet visualizando, por meio das
câmeras instaladas, o sistema de segurança de vídeo.
• A central de aspiração a vácuo, localizada numa área restrita, sugava o ar, por uma
tubulação, sem ruídos e sem que fosse necessário deslocar o aspirador de pó.

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Instalações elétricas

Essas foram algumas das possibilidades de aplicação da Automação Residencial


implementadas na Casa inteligente em São Paulo no evento Habitar 2002, com o
intuito de divulgar e estimular a adoção de tecnologias de Automação Residencial no
país.

Fica evidenciado que eventos como este também são ótimas formas para atacar
nichos do mercado de Automação Residencial a fim de combater o “abismo” Com
relação aos sistemas de automação implementados nesta Casa devido serem
múltiplos sistemas integrados entre si mas que entretanto determinados sistemas ou
equipamentos operavam de acordo com sua fabricação, melhor enquadra-se no nível 2
de Automação, segundo a HAA – Home Automation Association.

Uma outra análise a se fazer é de que comparando Automação Predial e Residencial o


que se verifica é que as características das aplicações residenciais não têm aspectos
corporativos e sim particulares ou ainda, individuais, confirmando, sutilmente dessa
forma, a principal diferença entre ambas.

Ou seja, em uma residência existe a necessidade da customização, ou tornar o


ambiente do lar adaptado aos costumes e hábitos particulares de cada usuário ou
grupo familiar.

Cabe salientar ainda que pode haver situações mesmo de aplicações residenciais ou
prediais, um condomínio residencial de alto padrão por exemplo, que do ponto de vista
do incorporador os níveis de classificação se enquadrem em algum dos respectivos da
Automação Industrial, devido a possibilidade de surgir certa complexidade do
planejamento sistêmico e da busca contínua de se otimizar processos, almejando uma
maior qualidade seguida de maior lucratividade.

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Instalações elétricas

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Instalações elétricas

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