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13/12/2018 A GRIPE NEGRA - Conto Clássico de Ficção Científica - Edgar Wallace ~ CONTOS DE TERROR

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Conto Clássico, Conto de Ficção Cientí ca, Conto de Mistério

A GRIPE NEGRA - Conto Clássico de Ficção


Cientí ca - Edgar Wallace
 PAULO SORIANO  julho 27, 2018  Um comentário

A GRIPE NEGRA
Edgar Wallace
(1875 – 1932)

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Dr. Hereford Bevan, diretor do Laboratório de Ensaios do Instituto de


Doenças Tropicais Jackson, jovem cientista, estudioso e absorvido pela
preocupação de ser útil à humanidade, olhava, pensativo, para um
pequeno coelho do Cabo, que roía calmamente um punhado de ervas
sobre a mesa. O animalzinho, naturalmente, sofrera a inoculação de um
soro e se achava sob observação. Não parecia apresentar o menor sintoma
de anormalidade. Mas, quem o observasse melhor, verificaria que estava
cego. Depois de um quarto de hora de vigilância, o médico agarrou o
mísero coelho pelas orelhas e internou-o novamente no viveiro, passando,
em seguida, ao salão de estudos.

Stuart Gold, seu ajudante, achava-se sentado em cima de uma enorme


carteira, de cachimbo a boca, verificando uma série de cálculos, trabalho
que interrompeu à chegada de Bevan.

—Então? — perguntou — como vai o coelhinho?

—O coelhinho? Comendo tranquilamente — respondeu Bevan, com


irritação.

—Nenhuma mudança?

Bevan abanou a cabeça negativamente e consultou o relógio.

— Que horas... —começou ele.

— O trem que vem do cais chegou há dez minutos — disse Stuart


Gold. —Telefonei à Estação de Waterloo. Ele não deve tardar por aqui.

Bevan começou a passear de um lado para o outro, com as mãos


enfiadas nos bolsos. Minutos depois, encaminhou-se para a janela e deitou
um olhar sobre a rua intensamente movimentada. Os ônibus apinhados
passavam em cortejo sem fim. Os passeios achavam-se repletos de
transeuntes, pois aquela era a artéria mais frequentada do West End de
Londres.

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No momento em que Bevan olhava, parava um taxi em frente à porta


e descia dele um homem com a agilidade da juventude, embora as barbas
grisalhas e o enrugado rosto vermelho denotassem que ele entrara na casa
dos sessenta.

—É ele! — exclamou Hereford Bevan, precipitando-se do salão para


receber o visitante:

— É muita bondade sua, professor, o ter vindo — disse, apertando


efusivamente a mão do viajante. — Desde que telegrafei, tenho vivido
apreensivo, pela ideia de que o fiz empreender uma viagem inútil.

— Qual, nada disso! —interrompeu o velho. — Eu viria à Europa de


qualquer forma e o seu telegrama apenas apressou minha partida. Como
vai o senhor? Parece bem-disposto...

Hereford Bevan conduziu o recém-chegado ao salão de estudo e


apresentou-o a Gold.

O professor Van der Bergh era um desses homens que nunca ficam
velhos. Seu olhar azul era tão claro como tinha sido aos vinte anos, seus
lábios tão prontos a sorrirem como nos tempos de sua mocidade. Professor
de patologia, era também um grande anatomista e um dos maiores
bacteriologistas dos Estados Unidos. As dúvidas e apreensões de Bevan
eram até certo ponto justificáveis, embora se sentisse em parte aliviado por
saber que o professor apenas apressara a vinda já projetada e que ele não
seria responsável por uma viagem que temia acabasse num
desapontamento.

—Vamos! — disse Van der Bergh, arrastando a poltrona para junto da


chaminé e sentando-se. — Deem-me um minuto para acender meu
cachimbo e estarei pronto a ouvi-los.

Tirou algumas fumaças do companheiro inseparável e, antes que


Bevan tivesse tempo de principiar, acrescentou:

—Presumo que a epidemia de janeiro os assustou.


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Hereford Bevan balançou afirmativamente a cabeça.

—Não me admira — disse o professor, pensativo. — A epidemia de


1918[1] já por si foi terrível. Não chamarei esta última de gripe, pois penso
que poucos da nossa classe poriam esse letreiro a uma moléstia
devastadora que apareceu da forma mais misteriosa e, também,
misteriosamente desapareceu.
Ele maneou a barba, olhando pela janela.

— Não ouvi teoria alguma sobre essa nova epidemia que me tivesse
satisfeito. O povo fala de "contágio", de "infecção", mas quem infecionou
ou contagiou as tribos selvagens do centro da África, no mesmo dia em
que famílias inteiras de esquimós eram atacadas em regiões do Círculo
Ártico, isoladas, portanto, inteiramente, do resto do mundo?

Bevan abanou a cabeça e redarguiu:

—É um mistério que ainda não esclareci e não tenho esperanças de


elucidar.

—Eu não diria isso — continuou o professor. — Estou sempre na


esperança de descobrir a pista das causas primárias, por mais difíceis de
encontrar que sejam. De qualquer maneira, não concordo em chamar esse
recente surto como gripe, e, na realidade, pouco nos interessa que nome
lhe demos neste instante. Você realmente pode chamá-lo de “praga” ou
“flagelo”. Tratemos, entretanto, da epidemia. Gostaria de comparar
minhas observações com as suas, pois sempre considerei idôneos os
relatórios deste Instituto. Suponho que tentaram convencê-lo de que a
investigação deste caso particular estava fora do terreno das moléstias
tropicais.

Stuart Gold sorriu e declarou, secamente:

—Somos lembrados disso, todos os dias.

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—Bem. Digam-me o que sucedeu nesta última epidemia — solicitou o


professor.

O Dr. Bevan sentou-se à mesa, abriu uma gaveta e, tirando de lá um


livro de notas, ajuntou:

—Dar-lhe-ei um breve relatório, sem apresentar estatísticas. No dia 18


de janeiro, aproximadamente às três horas, o segundo surto dessa doença
invadiu o país e, tanto quanto sabemos, o continente inteiro.

—Quais foram os sintomas?

—Os enfermos começaram a lacrimejar durante um quarto de hora e


sentiram um terrível mal-estar, acompanhado de violentos soluços,
durante uns vinte minutos.

—Isso foi o que também sucedeu em Nova York — interrompeu o


professor —, e esse sintoma foi seguido cerca de seis horas de ligeiro
aumento de temperatura, arrepios e sonolência.

—O mesmo ocorreu por aqui — declarou o Dr. Bevan. — E, pela


manhã, todos se sentiam novamente bem-dispostos, como se nada
houvesse sucedido. O fato ocorrido teria, sem dúvida, passado
despercebido, se não o houvessem registado diversos hospitais. Gold e eu
fomos atacados simultaneamente. Imediatamente, coletamos um pouco do
nosso próprio sangue e, depois de algum trabalho, conseguimos isolar as
bactérias...

O professor deu um salto e exclamou, vivamente surpreendido com a


revelação:

—Então, os senhores são as únicas pessoas no mundo que as têm.


Ninguém mais, ao que conste, se lembrou de tomar essa precaução.

Stuart Gold levantou uma redoma de vidro que cobria um


microscópio, tirou de uma caixa uma delicada lâmina e colocou-a sob a
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lente. Depois de focá-la convenientemente, acendeu uma luz encoberta


por um abajur, atrás do instrumento, e convidou o professor a examinar a
lâmina. O professor Van der Bergh colou o olhar à lente, em demorado
exame.

—Magnífico! — disse, afinal. —Nunca vi este bicho antes. Parece um


pouco com um tripanosoma.

— Foi o que eu disse a Bevan — observou Stuart Gold.

O professor continuava a examinar:

—Parece com ele e não parece —observou. — Naturalmente, é


absurdo pretender que os senhores foram atacados pela doença do sono,
que teriam certamente tido se fosse um tripanosoma, mas, sem dúvida
alguma, este micróbio é novo para mim.

Voltou a sentar-se na poltrona, soltando baforadas de fumo.

—E que fizeram os senhores?

—Preparei uma cultura — disse Bevan — e inoculei seis coelhos do


Sul da África. Dentro de uma hora, apresentavam os primeiros sintomas.
Os olhos começaram a lacrimejar e continuaram durante o prazo já
observado. Seis horas depois, a temperatura subia. Na manhã seguinte
achavam-se todos bons.

—Por que escolheu os coelhos do Cabo? — perguntou Van der Bergh,


curioso.

—Porque apresentam os sintomas secundários de qualquer


enfermidade duas vezes mais rápido do que qualquer ser humano, pelo
menos de acordo com minhas observações — explicou Bevan. —Achei-os
por acaso, quando estava em Grahamstown, na África do Sul, e foram
cobaias muito úteis para mim. Eu apenas queria que você conhecesse o
micróbio...

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O professor ergueu os olhos bruscamente.

—Notaram os senhores outros sintomas? — perguntou professor.

Bevan assentiu.

—Há cinco dias passados, apareceu o segundo sintoma, como vou


mostrar ao professor.

Bevan conduziu o visitante ao laboratório e suspendeu o coelho sob a


luz brilhante de uma lâmpada. O professor apalpou-o alguns instantes.

—Temperatura normal e parece também em estado perfeitamente


normal. Que tem ele?

Bevan segurou o animalzinho e voltou a cabeça do mesmo em direção


à luz.
—Nota alguma coisa, professor?

—Deus do céu! Ele está cego! — exclamou Van der Bergh.

Bevan confirmou a observação:

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—Ha cinco dias que ele está cego.

—Mas — disse Van der Bergh, olhando espantado para Bevan. — O


senhor quer dizer...

Bevan assentiu.

—Quero dizer — disse Bevan — que se o sintoma secundário se


manifestar, como deve, dentro de duas semanas...

Calou-se, sem concluir a terrível observação. Tornara a colocar


novamente o coelho sobre a mesa e estirara a mão para acariciar-lhe as
orelhas quando, de repente, o coelho recuou, assustado. Repetiu o gesto e
o animal tentou escapar-se novamente.

—Ele agora está vendo — disse o professor.

—Espere um instante — atalhou Bevan.

Apanhou uma tabuleta onde estava pregado um papel, consultou o


relógio e tomou um apontamento.

—Graças a Deus, a cegueira só dura cento e vinte horas! — exclamou.

—Mas, que quer o senhor dizer com isto? — perguntou ansiosamente


Van der Bergh. —Acha que o mundo inteiro vai ficar cego durante cinco
dias?

—É a minha opinião — respondeu o outro.

— Ufa! — exclamou o professor, enxugando o rosto com um grande e


vistoso lenço.

Voltaram ao salão de estudo, onde o professor examinou


cuidadosamente todos os apontamentos que haviam sido tomados. Nesse
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intervalo, Bevan, que fora examinar os outros coelhos, voltou e disse:

— Todos recuperaram a visão. Estavam inteiramente cegos pela


manhã.
Ao ouvir essas palavras, o professor se levantou e disse:

—Vou à embaixada. E o melhor que os senhores fazem é ir prevenir o


diretor do Ministério da Saúde Pública. É dever de vocês avisá-lo
imediatamente da calamidade que nos espera.

Bevan não esperou um instante. Tomando o chapéu, dirigiu-se


imediatamente ao Ministério da Saúde Pública. Ao chegar, informaram
que o Dr. Douglas Sexton não podia recebê-lo por se achar excessiva
mente ocupado. Insistiu, declarando tratar-se de um caso urgentíssimo e
de importante interesse público. Foi, afinal, introduzido junto ao titular
que, ao recebê-lo secamente, o convidou a ser explícito e breve. Bevan
expôs a descoberta do bacilo e o resultado das experiências que fizera com
os coelhos.

Ao terminar a sua breve, porém animada exposição, o ministro


parecia fulo de raiva e impaciência.

— E quer o senhor mesmo que eu dê crédito a uma infantilidade


dessas? — perguntou, afinal, mal podendo conter-se.

Bevan reiterou suas afirmativas com veemência, mostrou ao titular o


perigo em que todos se achavam; a necessidade urgente de providencias
imediatas. Mas tudo em vão. Ao terminar seu enfático discurso, o ministro
tentou convencê-lo de que estava sendo vítima de uma alucinação
qualquer e que lastimava muito não poder tomar em consideração seu
aviso. Se tal coisa houvesse de acontecer, o seu Ministério, de modelar
organização, não podia deixar de sabê-lo. E se nada sabia era porque nada
havia...

Bevan, desesperado, voltou para casa. Durante os sete dias que se


seguiram, envidou, com Gold, esforços sobre-humanos para atrair a
atenção das autoridades. Médicos eminentes que consultaram foram de
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opiniões diversas. Alguns vieram, entretanto, ao laboratório para


examinar as observações anotadas. Outros, convencidos da própria
sapiência, simplesmente riram da história.

—Tem o senhor alguma dúvida sobre o que afirma? — perguntou a


Bevan o professor.

—A única dúvida que tenho é sobre se meus cálculos com relação ao


tempo estarão exatos. Notei, em experiências anteriores, que, nesses
coelhos, a doença se desenvolve duas vezes mais depressa que no corpo
humano, mas não estou certo se esta regra é invariável.

—Minha embaixada telegrafou os pormenores de sua descoberta para


Washington e o governo está considerando muito seriamente o caso,
preparando-se como pode para enfrentar a calamidade.

Voltou o professor para o seu hotel, prometendo visitá-los pela


manhã seguinte. Bevan passou o resto do dia trabalhando ativamente no
laboratório. Eram quase quatro horas da manhã quando foi deitar-se,
caindo em sono pesado minutos depois. Quando acordou, sentiu que
dormira bem e estava com boa disposição. Não compreendeu, porém, por
que a escuridão do quarto era tão profunda. Lembrou-se de que só se
deitara pela madrugada e não era possível que só tivesse dormido duas
horas. Certamente era noite de novo. Estirou a mão e apertou o
interruptor elétrico que, todavia, não acendeu a luz. À sua cabeceira havia
uma caixa de fósforos. Apossando-se dela, riscou um, que não emitiu a
menor luz. Atirou-o fora, acendendo outro, com o mesmo resultado.
Conservando, porém, o fósforo na mão, sentiu de repente uma sensação
de queimadura e, soltando um grito, deixou-o cair no assoalho. Havia
queimado os dedos! Levantando-se cautelosamente da cama, dirigiu-se à
janela e, abrindo-a, constatou que a escuridão era completa. Nem mesmo
distinguia o menor contorno. Nisso, o relógio do uma torre bateu 12
badaladas. Doze horas! Era impossível que fosse meia noite ou meio dia
com tudo escuro! Procurou, às apalpadelas, a roupa e começou a se vestir.
A janela conservava-se aberta. Nem o menor ruído de trafego se ouvia da
rua. Londres estava silenciosa como um túmulo. Ao terminar, foi tateando
até a porta do quarto e abriu-a. Uma voz o chamou. Era Gold.
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—É você, Bevan?

—Sim. sou eu... O que há?

E só então teve a compreensão nítida da horrível catástrofe!

—Cego! — murmurou. —Estamos todos cegos!

—Cego— repetiu Gold. —Que coisa horrível!

—Calma — disse Bevan com firmeza. — E só por cinco dias, Gold.


Não perca o juízo!

—Oh, eu não perderei o juízo! — disse Gold, com voz incerta. — Mas
é horrível, não é? Meus Deus! É horrível!

—Desçamos ao salão de estudo. — disse Bevan. —Não se esqueça dos


degraus embaixo, Gold. Conte-os. São ao todo vinte e quatro.

Iam a meio caminho quando ouviram uma lamúria infernal ao pé da


escada, acompanhada de choro feminino, no meio do qual se ouvia a voz
da velha governanta.

— Cale-se, senhora! Por que está fazendo essa algazarra?

—Oh, senhor! — gemeu a pobre mulher. — Não vejo nada! Estou


cega!

—Ninguém verá, mas só durante cinco dias, senhora Moreland. Fique


calma e tranquila.

Depois de a acalmarem, encontraram, afinal, o salão e iam sentar-se


quando uma voz gritou de fora:

—Alô? É aqui o Instituto Jackson?


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—Graças a Deus que o vemos, professor. O senhor arriscou-se


muito...

O visitante entrou, tateando, para encontrar o caminho.

—Felizmente, eu estudei ontem o trajeto do meu hotel para o


Instituto. Levei duas horas para vir aqui. — disse ele.

—Sofreu algum acidente?

—Não. Apenas fui de encontro a um ônibus estacionado no meio da


rua. Penso que a cegueira é geral...— Meus amigos, os senhores terão que
tatear seu caminho até a Repartição do Governo e conversar com as
autoridades. Vai haver um verdadeiro caos no mundo, nestes cinco dias.
Espero que os seus cálculos não estejam errados, Bevan!

Bevan permaneceu em silencio.

—Se só forem cinco dias, pouco mal sucederá. Mas se forem dez ou
mais... — disse com voz dramática, o professor.

O coração de Bevan ficou gelado pelo tom de dúvida com que falou o
visitante.

—E se forem dez dias? —perguntou, afinal. —A humanidade inteira


morrerá — disse o professor, com solenidade.

Seguiu-se um profundo silêncio.

—Não veem os senhores que a fome dizimará a quase totalidade dos


homens? Como poderemos, cegos, procurar alimento?

Um arrepio de horror percorreu a espinha dorsal de Bevan.

—Todos os trens estão parados — continuou o professor. Todos os


transportes e, em um ou dois dias, todas as provisões dos armazéns terão
sido consumidas por aqueles que conseguirem lá chegar, sendo impossível
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tornar a renová-las. Não se poderá tirar leite, nem colher coisa alguma.
Todas as estações de força estarão paradas. Nenhum carvão estará saindo
das minas. Vejamos, onde está o telefone?

Bevan procurou o aparelho e, tendo-o achado, passou-o ao professor.

Um instante depois, este o devolvia.

—É inútil — disse. —As empregadas não podem ver os sinais.

Bevan ouviu um ruído metódico de quem fuma cachimbo e o


perfume do tabaco confortou-o. O professor fumava! Levantou-se com
passo incerto e disse:

—Ponha sua mão no meu ombro, Dr. Van der Bergh, e você, Gold,
segure o braço ou o paletó do professor.

— Onde vai? — perguntaram ambos.

— À cozinha. Ha lá alguma comida e estou morto por comer


qualquer coisa.

Pão seco, bolachas e queijo, seguidos de um copo ou dois d'agua, foi a


magra refeição que fizeram. Ao terminar, Bevan deu início à sua
peregrinação através da noite que reinava. Saindo de casa e conservando-
se junto aos edifícios, alcançou a Rua Cockspur e depois Whitehall. Em
meio caminho desta, foi de encontro a uma pessoa e, apalpando-a,
reconheceu os botões da farda do policial.

—Alô! Um policial?
—Sim senhor — disse uma voz. —Tenho estado aqui desde a manhã.
O senhor está em Whitehall. O que é que sucedeu?

—Foi uma cegueira temporária que atacou todo o mundo — disse


Bevan, falando rapidamente. — Sou médico, senhor policial. Diga a todos
que encontrar que isso passará dentro de poucos dias.

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—Não é provável que eu encontre quem quer que seja. Tenho estado
aqui, de pé, sem ousar mexer-me.

—Quando foi o senhor atacado?

—Às dez horas, mais ou menos.


—Que distância é daqui a Downing Street?

—Não sei bem. Penso que não pode ser muito longe.

Depois de duas horas de horrível peregrinação, aos trambolhões,


encontrando veículos parados e transeuntes aturdidos, ouvindo os soluços
de uns, as pragas e as lamentações de outros, ou o riso atroz de alguém
que enlouquecia, chegaram afinal ao Ministério. Ouviam-se vozes em
discussão, entre as quais Bevan, reconheceu imediatamente, a do Dr.
Sexton. Deu um passo à frente, indo abalroar com o ilustre médico.

—Alô? Dr. Sexton?

—Quem é?

—O Dr. Bevan — respondeu este.

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—É o homem, senhor ministro, de quem falei há pouco... — explicou


a celebridade.

—Venha por aqui, doutor, disse uma voz. — É melhor o senhor ficar,
Dr. Sexton. O senhor jamais acharia o caminho de casa.

Bevan sentiu-se levado para o que lhe pareceu um vasto salão, pois
sentia um grosso tapete aos pés.

—Penso que o senhor tem uma cadeira, junto de si — disse a mesma


voz que o convidara a segui-la. — Sente-se e conte-me o que sabe.

Bevan narrou o que sabia.

—Penso que só dura cinco dias — continuou — e, também, só


poderemos durar uns cinco dias. O senhor sabe: o suprimento de
comestíveis está suspenso. Não há meio algum de remediar essa terrível
catástrofe!

—Poderia o senhor lembrar alguma ideia?

—Penso que sim, disse Bevan. — Há um certo número de institutos


de cegos no país. É preciso que o senhor se comunique com eles e que os
cegos treinados iniciem imediatamente os serviços mais urgentes. Penso
que, com algum esforço, poderia se obter algum alivio à terrível, se ela não
se prolongar.

Houve uma pausa.

—Talvez sim — disse a voz. — Felizmente, os telégrafos ainda estão


com as suas baterias em ordem e as mensagens poderão ser transmitidas e
recebidas pelo som. O telégrafo sem fio também está em estado de
funcional. Vou mandar imediatamente executar a sua ideia.

Os dias que se seguiram foram um pesadelo macabro, dias em que os


homens cambaleavam em um mundo desconhecido, gritando, pedindo
comida em altos brados.
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A provisão d'água se esgotou na noite do segundo dia. As máquinas


tinham cessado de trabalhar. Felizmente, choveu copiosamente e a
população pôde reunir provisão do líquido precioso. O Dr. Bevan fez
várias excursões, numa das quais encontrou alguém que lhe disse estar
parte do Strand em chamas. O incêndio fora causado por um lampião de
querosene que havia sido derrubado ao chão, comunicando fogo ao prédio
e aos da vizinhança. O médico dirigiu-se ao Strand, mas teve de voltar, em
vista da fumaça que de lá vinha. De volta ao Instituto, errou o caminho, e
teria ficado irremediavelmente perdido se não tivesse encontrado uma
jovem, contra a qual abalroara.

—O Instituto Jackson? — perguntou ele.

—Oh, Sim! Sei onde é. Vou levá-lo lá.

Pôs a caminho, conduzindo-o com tanta segurança e rapidez que por


um instante o médico pensou que essa mulher escapara à epidemia.
Perguntou-lhe se assim fora.

—Oh, não! — disse ela alegremente. — É que sou cega de nascença. O


governo nos encarregou de ajudar as pessoas extraviadas na rua.

Continuando, informou a Bevan que havia incêndios em diversos


pontos de Londres. Que, felizmente, não tinha havido encontro de trens,
segundo o ministro lhe havia dito.

Ao ouvir essas palavras, Bevan interrompeu-a:

—O ministro disse à senhora? — perguntou, surpreso.

E, de novo, ela riu.

—Eu o conheço, disse. — Sou filha de Lord Selbury. Lilian Selbury.

Bevan lembrava-se do nome e, curioso, parecia-lhe, embora o tom de


sua voz fosse claro, que ela devia ser alguma mulher de idade madura.
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Segurando-lhe as mãos, encaminhou-se vagarosamente para casa.

—Hei de lhe parecer horrível quando digo que estou sentindo prazer
nisso. No entretanto, estou. É tão bom poder ajudar e ter pena dos outros!
Naturalmente, é uma catástrofe horrível e sinto-me também apreensiva
desconsolada. Todos antes me diziam que eu era bela. E como agora
ninguém enxerga, ninguém pode mais dizer-me isto! Algo é triste, não é?

E sorriu novamente.

—Que pensa o governo desta catástrofe? —perguntou Bevan.

—Está terrivelmente abalado — disse ela em tom mais grave. —Eles


estão tão acostumados a contar com os jornais... Agora, porém, não temos
jornais...
Chegaram, afinal.

—Faça o favor de subir por aqui, assim. Estamos nos jardins de


Whitehall. O senhor ouviu falar do Dr. Bevan? Eles estão com uma fé
imensa nele! É um grande sábio!

Hereford Bevan sentiu um princípio de incêndio no rosto.

—Espero que essa fé seja justificada — disse-lhe com um sorriso. —


Sucede que sou eu o tal médico extraordinário.

Ele sentiu os dedos da jovem apertarem sua mão em um espasmo de


surpresa.

—Será, realmente? — perguntou ela, com interesse. — Ouça!

Pararam, enquanto ouviam uma sineta que tocava.

— É um dos nossos cegos de St. Mildred — disse ela. — O governo


iniciou um serviço de aviso aos transeuntes. É o único meio que temos de
dar notícias ao povo.
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A jovem levou-o à sua residência, deixando-o em seguida.

O professor Van der Bergh fez uma exclamação de regozijo ao notar


sua chegada.

— É você, Bevan? Tenho um resto de presunto. Mas tome cuidado.


Não vá se cortar.

Bevan e Gold passaram o dia alimentando os diversos espécimes do


laboratório. Raiou o quarto dia e, à tarde, ouviu-se bater à porta. Era a
jovem da véspera.

—Tive ordens de me pôr à sua disposição, Dr. Bevan — disse ela. —O


governo informa que poderá precisar do senhor a qualquer momento.

Bevan passou o dia vagueando pelas ruas, sempre acompanhado de


sua inteligente guia. Aproximava-se a centésima vigésima hora e ele se
sentia não só ansioso de assistir ao final dessa experiência trágica por que
passara o mundo, como estava possuído de um desejo secreto de ver o
rosto dessa jovem amável, de voz clara, e que o vinha impressionando
profundamente.

O grande relógio da torre bateu, enfim, a hora ansiosamente


esperada. A luz, entretanto, continuava ausente. Passou-se outra hora e
mais outra! Sentiu Bevan a alma presa de inexprimível pânico. E se os seus
cálculos estavam errados? Se a noite fosse eterna e o que sucedera aos
coelhos não sucedesse ao homem? Que pensamento horrível!

A jovem Lilian permaneceu ao seu lado durante o dia inteiro,


confortando-o heroicamente. À tarde, Bevan foi chamado a com- parecer
ao gabinete do Conselho dos Ministros.

—Passou-se a centésima vigésima hora, Dr. Bevan — declarou o


ministro.
—Sim, senhor! — disse Bevan em voz surda. — É, entretanto,
humanamente impossível assegurar a hora exata.
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O silêncio que se seguiu foi horrível. Como que petrificando e


gelando-lhe o coração, Bevan não dormiu nessa noite. Passou-a vageando
pelas ruas de Londres. Deviam ser duas horas da manhã quando voltou
para casa, encontrando a jovem Lilian à sua espera, acompanhada do
professor.

—Há outra reunião do Ministério, doutor — disse ela. — Queira fazer


o obséquio de acompanhar-me.

—Espero que não a tenha feito esperar por longo tempo — disse
Bevan, com voz alquebrada e surda, tão diferente da sua que causou um
sobressalto à gentil guia.

—Tenha coragem, Dr. Bevan. — O mundo tem diante de si um


imenso problema que é preciso a todo o transe resolver.

Tinha Bevan dado alguns passos quando, de repente, agarrando-se a


uma porta, gritou, com voz rouca de emoção:

—Espere! Espere!

E segurou o braço da jovem. Seria acaso pura imaginação? Ainda era


noite escura. Caía uma chuva fina, mas a escuridão parecia manchada de
tons menos opacos.

Uma faixa escura se apresentava, na treva, diante dele, numa coisa


qualquer que parecia pendurada no centro de seus olhos e, além desta,
uma forma cor de púrpura. E ele teve a percepção de que estava olhando
para uma rua de Londres e o objeto escuro era um combustor da
iluminação que seus olhos estavam vendo. Londres negra, Londres sem
luz, Londres, cujas ruas estavam coalhadas de veículos imóveis, que se
haviam quedado inertes no dia em que as trevas haviam tombado sobre o
mundo. Bevan soltou, afinal, um longo suspiro.

—Que há? Que há? — perguntou, as sustada, a jovem.

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—Estou vendo! Estou vendo!

— Que alegria, meu Deus!

Cingindo a jovem aos braços, procurou nervosamente um fósforo e,


acendendo-o viu, àquela luz bendita, um rosto espiritualmente belo,
voltado para o seu.

—Posso vê-la — murmurou ele. — Meu Deus! E a senhora é tudo que


já vi de mais belo até hoje!

Londres dormira, apenas, pela força do hábito, e acordou, ao clarão


cinzento da manhã, para olhar e ver um mundo que estivera perdido há
cinco dias e meio. E, assistindo ao despertar de seu organismo imenso —
das industrias que reviviam, dos trens de ferro que partiam, dos armazéns
que se reabriam, das rodas da vida que recomeçavam seu giro triunfal, do
povo humilde e grato pela restauração desse bem supremo, por cuja
ausência sofrera a fome com paciência e fortaleza —Bevan deixava-se
empolgar por inexprimível sentimento de satisfação íntima, de confiança
de si mesmo...

Traduzido e adaptado por autor desconhecido do início do séc. XX. Fonte: “A Noite
Ilustrada”, edição de 17 de fevereiro de 1932. Ilustração: Émile Antoine Verpilleux.

[1] O autor refere-se à chamada “gripe espanhola’, pandemia causada pelo vírus
In uenza A, que causou a morte de mais de 50 milhões de pessoas no mundo inteiro. O
conto de Wallace foi publicado originalmente em março de 1920.

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A GRIPE NEGRA
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Cientí ca -
Edgar Wallace

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Um comentário:

Rogério 27 de julho de 2018 16:11

Edgar Wallace, vou ler...no passado, a Ediouro publicava bolsilivros em versões


populares deste autor.Me lembro, eu tinha um amigo professor que gostava muito
desse autor.

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