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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP

CAMPUS DE ILHA SOLTEIRA – FACULDADE DE ENGENHARIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA - DEM

PRÉ-PROJETO DE ROTORES DE MÁQUINAS DE FLUXO GERADORAS RADIAIS

Prof. Dr. João Batista Campos Silva

Ilha Solteira, novembro de 2000.


2

CÁLCULO DE ROTORES RADIAIS

1. Introdução

O projeto de rotores de máquinas de fluxo envolve vários conceitos que serão


lembrados brevemente nos próximos itens. Antes de iniciar o projeto, o leitor deve
compreender bem o funcionamento das máquinas de fluxo e quais são os diversos parâmetros
que tem influência direta no desempenho das mesmas. Após uma descrição dos principais
fatores que influenciam o desempenho das máquinas de fluxo, fornece-se um roteiro de
cálculo, cuja finalidade é auxiliar o projetista a obter os dados preliminares ou dimensões
principias de rotores de máquinas radiais. Este roteiro é baseado na chamada Teoria
Unidimensional, em que as velocidades são admitidas uniformes nas seções de escoamento do
rotor. Apesar de ser uma teoria simples, ela dá bons resultados e por isso é muito utilizada.
Entretanto hoje com o auxílio de computadores cada vez mais potentes, teorias mais
realísticas podem ser utilizadas, pois na realidade, o escoamento através de rotores de
máquinas de fluxo é tridimensional.
Os conceitos, aqui, descritos, bem como o roteiro fornecido são baseados,
principalmente, num manuscrito de HENN (1996). Alguns livros textos tradicionais são os de:
PFLEIDERER & PETERMANN (1979) e BRAN & SOUZA (1969) que tratam do assunto
máquinas de fluxo e os livros de MACINTYRE (1987, 1983) que tratam dos tópicos bombas
e turbinas hidráulicas separadamente.
Entre os principais fatores que tem influência no desempenho de máquinas de fluxo
pode-se citar: a forma das pás; número de pás e espessura das mesmas; viscosidade do fluido
que faz com o escoamento real seja com atrito e não ideal como supõe a Teoria
Unidimensional.

2. Influência da forma da pá

A forma da pá do rotor de uma máquina de fluxo é caracterizada pelos seus ângulos de


entrada e saída, respectivamente, β 4 , e β 5 . Como estes ângulos influem na construção dos
triângulos de velocidades, pela análise da equação fundamental, concluímos que a forma das
pás tem íntima vinculação com a quantidade de energia intercambiada entre fluido e rotor.
O valor do ângulo β 4 , de inclinação das pás na entrada do rotor deve ser determinado
pela condição de entrada sem choque. Ou seja, a direção da pá na entrada do rotor deve
coincidir com a direção da velocidade relativa w4 , da corrente fluida, para que não ocorram
perdas por descolamento e turbulência.
Buscando esta condição, vemos então que a inclinação das pás na entrada do rotor é
conseqüência da direção com que chega ao rotor a velocidade absoluta do fluido c 4 , ou seja,
do ângulo α 4 , que forma a direção da velocidade absoluta com a direção de velocidade
tangencial.
Normalmente este ângulo é igual a 90°, o que corresponde a uma entrada sem giro da
corrente de fluido no rotor, já que a corrente entra axialmente na boca de sucção do rotor e
pela força centrífuga adquire somente uma componente radial. Para que o fluido sofra um
giro, no mesmo sentido de rotação do rotor ou em sentido contrário, é necessária a existência
de uma coroa de pás diretrizes fixas antes do rotor.
Examinemos os três casos possíveis, utilizando o triângulo de velocidades mostrado na
Figura 1.
3

w4 w4 w4
c4 c4
c4

α4

α4 α4 β4
β4 β4
u4
Figura 1 – Triângulo de velocidades na entrada de rotor radial para diferentes valores do
ângulo α 4

1º caso: α 4 = 90º

É a solução mais barata, uma vez que corresponde à construção de uma máquina de
fluxo geradora sem pás diretrizes na entrada. A energia teoricamente fornecida pelo rotor ao
fluido aumenta, porque se reduz a zero o termo negativo da equação fundamental ( cu 4 = 0 ). A
equação fundamental assume a forma simplificada Y pa∞ = u 5 cu 5 , o triângulo de velocidades na
entrada torna-se retângulo e o ângulo β 4 , pode ser calculado pela relação:
c
β 4 = arctg 4 (1)
u4

2º caso: α 4 < 90º

É uma solução mais cara que a primeira, por implicar na construção de uma coroa de
pás diretrizes. Estas, além de representarem perdas adicionais à passagem do fluido,
conduzem a um valor positivo da componente cu 4 , o que traz como conseqüência uma
diminuição da energia teórica fornecida pelo rotor, conforme a equação fundamental:

Y pa∞ = u 5 cu 5 − u 4 cu 4 (2)

3º caso: α 4 > 90º

É uma solução mais cara que a primeira, também pela existência das pás diretrizes. E,
como a componente cu 4 apresenta valor negativo neste caso, por ter sentido contrário ao de
u 4 a energia teoricamente cedida pelo rotor ao fluido passa a ser maior, de acordo com a
equação:

Y pa∞ = u 5 cu 5 + u 4 cu 4 (3)
4

Entretanto, este aumento poderá não acontecer para a energia realmente cedida Y, por
causa das perdas nas pás diretrizes e pelo estrangulamento causado na entrada do rotor pelo
valor menor do ângulo β 4 .
Uma vantagem adicional apresentada pela existência de um ângulo α 4 = 90º , é que,
para uma vazão determinada, a velocidade absoluta será mínima, o que diminuirá a depressão
na entrada do rotor e representará uma diminuição do risco de cavitação para o caso das
bombas hidráulicas.
Pesquisas experimentais mostram que o ângulo de entrada β 4 , não deve ser tomado
menor que 15°, sendo usual a faixa de 15 a 20° para bombas e até o dobro destes valores para
ventiladores.
Uma vez que, como vimos, o ângulo de entrada das pás do rotor é definido pela
condição de entrada sem choque, surge a pergunta com relação a inclinação das pás na saída
do rotor: o ângulo β 5 deve ser menor do que 90° (pás curvadas para trás), maior do que 90°
(pás curvadas para frente) ou igual a 90° (pás de saída radial)?
As formas de pás correspondentes a estes três casos foram representadas na Figura 2,
mantendo-se invariável o ângulo de entrada β 4 . Os canais entre pás resultantes são bastante
diferentes e encontram-se desenhados ao pé da Figura, a partir da retificação da linha média
de cada canal, sobre a qual traçam-se simetricamente segmentos proporcionais às seções do
canal. Esta representação nos indica que ângulos β 5 < 90 o correspondem a difusores
(escoamento da direita para a esquerda) mais compridos e que se alargam mais suavemente,
conduzindo a uma difusão gradual e conseqüentemente a menores perdas hidráulicas no
escoamento de fluido real, já que são evitados os descolamentos da corrente fluida das
paredes, embora o aumento das perdas por atrito devido ao maior comprimento dos condutos.
Os ângulos β 5 ≥ 90 o conduzem a formas de canais que são mais indicadas para um sentido
de corrente inverso (escoamento da esquerda para a direita), como no caso dos rotores de
turbinas hidráulicas, onde um estreitamento rápido significa inclusive uma melhoria no
rendimento pela redução das perdas por atrito, devido à redução no comprimento dos
condutos, neste caso constituindo-se em injetores e não mais em difusores. Nas bombas, as
pós curvadas para trás ( β 5 < 90 o ) dão melhores rendimentos que as outras duas formas.

β4
β5

β4
β5 β4
β5

Figura 2 – Diferentes formas do canal entre pás do rotor correspondendo a diferentes valores
do ângulo β 5 de inclinação das pás
5

w5
w5 w5

w5 c5 c5
w5 w5
c5

α5 α5 β5
α5 β5 β5

u5
u5

ρ t∞ Ventiladores Y pa∞

1.0 Bombas
2u 52

0.5
Ydin

0.0 Yest

β5min β5max c u5
u5 u5

Figura 3 – Triângulos de velocidades e diagramas de variação de energia e grau de reação


teórico para diferentes valores do ângulo de inclinação das pás na saída do rotor

Procuraremos agora mostrar a influência do ângulo β 5 sobre a energia intercambiada


no rotor e sobre o grau de reação teórico de uma máquina de fluxo geradora radial; Figura 3.
Para tanto suporemos um rotor em que todos os parâmetros construtivos permaneçam
constantes, exceto o ângulo β 5 , e para o qual tenhamos α 4 = 90º e c m 4 = c m5 = cte . Neste
6

caso poderemos utilizar, para a análise, a equação fundamental simplificada Y pa∞ = u 5 cu 5 . Por
esta fórmula vemos que a energia específica teórica depende apenas da velocidade tangencial
u 5 e da componente tangencial da velocidade absoluta cu 5 . Como a relação cu 5 / u 5 pode
variar entre limites bastante amplos, faremos nossa análise para a faixa compreendida entre
cu 5 / u 5 = 0 e cu 5 / u 5 = 2 . Como veremos, esta relação determina a proporção de energia
mecânica transformada em energia de pressão estática e energia de velocidade ou pressão
dinâmica.

O grau de reação teórico, com vimos, pode ser definido como:

Ydin c 2 − c 42
ρ t∞ = 1 − , onde Ydin = 5 (4)
Y pa∞ 2

Pelo triângulo de velocidades: c52 = c m2 5 + cu25 e, neste caso particular: c 4 = c m 4 = c m5 . Logo,


substituindo estes valores na expressão anterior, teremos:

c m2 5 + cu25 − c m2 5 cu25
Ydin = = (5)
2 2

E o grau de reação teórico poderá ser escrito então como:

cu25 c 1 c 
ρ t∞ = 1− = 1 − u 5 = 1 − 1 − m 5 ctgβ 5  (6)
2 ⋅ u 5 ⋅ cu 5 2u 5 2 u5 

Para o ângulo β 5 < 90 o que conduz a cu 5 = 0 e conseqüentemente cu 5 / u 5 = 0 ,


teremos

Y pa∞ = u 5 ⋅ 0 = 0
ρ t∞ = 1 − 0 = 1 ⇒ β 5 min = ctg −1 ( u 5 / c m 5 ) (7)

Para o ângulo β 5 = 90 o que conduz a cu 5 = u 5 e conseqüentemente cu 5 / u 5 = 1 ,


teremos

u 52 Y pa∞
Y pa∞ = u 5 ⋅ u 5 = u e Ydin
2
5 = = (8)
2 2
1
ρ t∞ = 1 − = 0 ,5
2

Para o ângulo β 5 > 90 o que conduz a cu 5 = 2u 5 e conseqüentemente cu 5 / u 5 = 2 ,


teremos

Y pa∞ = u 5 ⋅ 2u 5 = 2u 52 (9)
2
4u
Ydin = = 2u 52 = Y pa∞ e ρ t∞ = 1 − 1 = 0 ⇒ β 5 max = ctg −1 ( −u 5 / c m 5 )
5
(10)
2
7

À primeira vista, pelo exame dos diagramas da Figura 3, parece ser mais vantajoso a
utilização de maiores valores para a relação cu 5 / u 5 . Mas isto e válido ate um certo limite,
principalmente para os líquidos, porque o fluido não pode seguir as superfícies fortemente
curvadas e descola das paredes. Além disso a transformação de uma grande velocidade de
saída c5 em pressão no difusor ou caixa espiral virá acompanhada de perdas consideráveis.
Estes dois fatores conduzirão a uma diminuição do rendimento da máquina.
Por isto, quase todas as bombas são construídas com pás curvadas para trás,
utilizando-se na prática ângulos β 5 na faixa de 14 a 50°, sendo ainda mais favorável a gama
de valores compreendidos entre 20 e 30°.
Para o caso de fluidos gasosos pode-se utilizar relações cu 5 / u 5 mais elevadas, mas os
rendimentos não atingem jamais os valores tão favoráveis como aqueles conseguidos com pás
curvadas para trás. Para pressões médias e altas se empregam pás moderadamente curvadas
para trás com β 5 = 40 a 60º . Nos turbocompressores para motor de aviação, onde
considerações de tamanho e peso muitas vezes preponderam sobre o rendimento e as
velocidades tangenciais são muito elevadas, utilizam-se ângulos β 5 = 90 o , por razões
puramente mecânicas. Nos ventiladores, onde muitas vezes a produção de pressão dinâmica
prepondera sobre a pressão estática, onde muitas vezes se deseja reduzir tamanho e peso ou
onde muitas vezes se quer simplificar o processo de fabricação para reduzir custos, são muito
utilizados os rotores construídos com pás radiais ( β 5 = 90 o ) e mesmo com pás curvadas para
frente ( β 5 > 90 o ). Nos ventiladores destinados ao transporte de materiais, que devem passar
pelo interior do mesmo, freqüentemente são utilizados pás com β 5 = β 4 = 90º . Enquanto
que, em aplicações onde o espaço disponível é limitado e o nível de ruído deve ser mantido
baixo, como nas instalações de ar condicionado, ventiladores do tipo SIROCCO, com
β 5 = 1 60º , representam uma solução muitas vezes insuperável. Nenhum outro ventilador
trabalha tão silenciosamente em pressões comparáveis.
Voltando ao diagrama da Figura 3, vemos que, enquanto a energia específica teórica
total Y pa∞ cresce linearmente com um aumento do ângulo β 5 , a energia específica de pressão
dinâmica Ydin cresce segundo uma parábola e o grau de reação teórico ρ t∞ decresce
linearmente, desde um valor igual a 1 correspondente a um valor de β 5 min para o qual
nenhuma energia é transmitida ao fluido até um valor igual a zero correspondente a um valor
de β 5 max para o qual todo o aumento de energia se expressa em forma da velocidade. Valores
menores que β 5 min conduzem a ρ t∞ > 1 , com Y pa∞ tornando-se negativa e a máquina passa a
atuar como uma turbina centrífuga de admissão interior. Valores maiores que β 5 max
conduzem a ρ t∞ < 0 e a velocidade de saída é tão grande que a energia de pressão estática é
menor na saída do rotor do que na entrada, embora o fluido tenha aumentada sua energia
como um todo.
Uma análise similar poderia ser feita para um rotor radial com fluxo centrípeto,
fazendo variar o valor do ângulo de entrada das pás.
Com relação à influência do grau de reação sobre o rendimento, podemos dizer que
um grau de reação elevado é seguidamente sinônimo de um bom rendimento hidráulico, já
que um ângulo β 5 agudo produz um pequeno desvio da corrente fluida no interior das pás
móveis, enquanto que um ângulo β 5 obtuso, correspondente a um pequeno grau de reação,
aumenta os riscos de descolamento e obriga o emprego de um difusor para transformar em
8

pressão a energia obtida sob forma cinética. No que concerne às perdas por fugas, vê-se
facilmente que um acréscimo do grau de reação aumenta a diferença de pressão p5 − p 4 e,
em conseqüência, aumenta as fugas através das folgas existentes entre a parte rotativa e a
parte fixa da máquina. O mesmo pode ser dito sobre as perdas por atrito fluido devido ao
aumento da velocidade tangencial do rotor. O crescimento do grau de reação é igualmente
desfavorável.
Resumindo, tanto para máquinas geradoras como motoras, um grande grau de reação é
favorável quanto ao rendimento hidráulico, mas desfavorável quanto às perdas por fugas e por
atrito fluido. Existe então, considerando o rendimento total, um grau de reação ótimo que
depende essencialmente da importância relativa das perdas hidráulicas e das perdas por fugas
e por atrito fluido.
Finalmente, é importante ressaltar, como vimos anteriormente, que a escolha do
ângulo β 5 tem uma influência decisiva sobre a forma das curvas características de uma
máquina de fluxo e conseqüentemente sobre seu funcionamento.

3. Influência do número finito e da espessura das pás sobre os triângulos de velocidades


teóricos

É usual calcularmos máquinas de fluxo com base na teoria do tubo de corrente


monodimensional, pela qual o rotor é suposto com um número infinito de pás, infinitamente
próximas e de espessura infinitesimal. Estas condições impostas fogem, entretanto à
realidade, onde as pás do rotor são em número finito e, além disso, tem uma certa espessura,
surgindo a necessidade de se estudar a influência destes fatores sobre os triângulos de
velocidade de entrada e saída do rotor de uma máquina de fluxo.

3.1 Influência do número finito de pás

Para um rotor radial de máquina de fluxo geradora com número finito de pás, a
consideração de um escoamento sem atrito (fluido isento de viscosidade) dá origem a um
movimento que é conhecido como "vórtice relativo". A Figura 4 serve para explicar esta
ocorrência. A reta AB representa a orientação das partículas fluidas, no instante I situadas na
entrada do canal entre pás. Um instante após as mesmas partículas sobre a influência do
movimento radial e rotacional aparecem como em II na Figura. E finalmente no instante III as
partículas se encontram na saída do canal. Devido a sua inércia, as partículas tendem a manter
sua orientação com relação a eixos fixos, resultando um movimento circulatório com relação
ao canal, conhecido como "vórtice relativo".

B B
ω ω A
B A ω
A

I II III
Figura 4 – Origem do vórtice relativo no canal entre pás de um rotor radial.
9

Desta maneira o fluxo através do rotor pode ser considerado como a superposição da
corrente de passagem das partículas fluidas através do rotor com a corrente de circulação
proveniente do vórtice relativo (Figura 5).

+ =

Figura 5 – Distribuição das velocidades relativas num rotor radial como conseqüência da
superposição da corrente de passagem com o vórtice relativo.

A distribuição final das velocidades relativas em um rotor de máquina radial é a


composição das velocidades relativas correspondentes a estes dois tipos de escoamento.
Como o vórtice relativo produz uma corrente radial de sentido centrípeto junto à face de
ataque da pá se contrapondo ao sentido da corrente de passagem, ocorre uma redução da
velocidade relativa junto a esta face. Enquanto que na face dorsal o sentido das duas correntes
coincide, o que origina um acréscimo da velocidade relativa nesta região. Com isto surge
também um gradiente de pressão através do canal, dando origem a uma diferença de pressão
entre as duas faces das pás, intimamente vinculada à própria troca de energia entre rotor e
fluido. Na face de ataque existirá uma sobrepressão enquanto que na face dorsal existirá uma
depressão. Esta diferença de pressão entre as faces de uma mesma pá, provoca um
tombamento da velocidade relativa de saída do rotor na direção da face dorsal, fazendo com
que o ângulo de inclinação da corrente relativa logo após a saída do rotor " β 6 " seja menor
que o ângulo de inclinação de saída das pás do rotor" β 5 ". Conseqüentemente, haverá uma
redução no valor da componente tangencial da velocidade absoluta de saída, como pode ser
observado na Figura 6, para três tipos diferentes de rotor, com pás curvadas para frente, com
pás de saída radial e com pás curvadas para trás.

cu5 cu5
cu6
cu5 cu6
cu6
β6
β6 β β5 β5 180-β6
5

Figura 6 – Redução da componente tangencial da velocidade absoluta como conseqüência do


desvio da velocidade relativa de saída do rotor devido ao número finito de pás
10

A equação fundamental para máquinas de fluxo geradoras com rotor possuindo um


número infinito de pás é:

Y pa∞ = u 5 cu 5 − u 4 cu 4 (11)

de modo que podemos escrever de maneira análoga para um rotor com número finito de pás:

Y pa = u 5 cu 6 − u 4 cu 3 (12)

onde:

Y pa∞ = energia específica fornecida pelo rotor suposto com número infinito de pás;

Y pa = energia específica fornecida pelo rotor com número finito de pás.

Comparando as duas equações, como cu 6 < cu 5 (conforme vemos nos triângulos de


velocidade da Figura 6) e, cu 3 ≅ cu 4 (conforme é verificado na prática), concluímos que:

Y pa < Y pa∞

Isto nos leva a definir o que chamamos de Fator de Deficiência de Potência " µ ".

Y pa Ppa
µ= = (13)
Y pa∞ Ppa∞

Como a análise efetuada baseou-se em escoamento sem atrito conclui-se que a


diminuição tanto na energia como na potência transmitida ao fluido não pode ser considerada
como uma perda de energia e sim como uma indisponibilidade, uma redução na energia que
idealmente pode ser transmitida. Entretanto o fator de deficiência de potência influi na
economia da máquina, pois um valor elevado de " µ " fornece uma energia teórica maior, ou,
equivalentemente, para uma mesma energia requer um diâmetro menor e uma máquina mais
econômica. Salienta-se, no entanto que a máquina geradora que fornece menos energia ao
fluido consome também menos energia do seu motor de acionamento.
Até agora analisamos o caso de escoamento sem atrito. Nas condições reais do fluxo
através de uma máquina motora ou geradora, a existência da viscosidade do fluido exerce um
efeito tal que as experiências práticas nos permitem concluir, como regra geral, que a
influência do número finito de pás não precisa ser levada em consideração para a construção
de turbinas. Esta afirmativa é válida segundo PFLEIDERER & PETERMANN (1973), tanto
para turbinas a vapor como para turbinas hidráulicas de baixa velocidade, desde que as pás do
rotor não estejam muito afastadas umas das outras. Enquanto isso, na construção de bombas,
ventiladores e compressores centrífugos (máquinas geradoras), desde o início devemos
considerar a diminuição de potência oriunda de um número finito de pás, se quisermos obter
resultados que se aproximam da realidade.
Para o cálculo do fator de deficiência de potência existem métodos teóricos completos,
baseados em transformações complexas, como o Método das Singularidades e o Método de
Busemann, que, no entanto não concordam melhor com os resultados obtidos em máquinas
11

reais do que os chamados métodos aproximados entre os quais podemos citar os de


STODOLA (1945), PFLEIDERER (1960), ECK (1973) e WIESNER (1967), que são de
aplicação mais simples e fornecem resultados às vezes mais próximos da realidade que os
métodos complexos.
De acordo com as conclusões de HENN (1972), a expressão proposta por
PFLEIDERER (1960) nos permite a fixação de uma faixa de variação do fator de Deficiência
de Potência, em função do tipo de difusor usado. Numa comparação com o Método das
Singularidades, vemos que os valores calculados por este último caem dentro da faixa
indicada por PFLEIDERER, praticamente para toda a variação do ângulo de saída e do
número de pás, e para uma relação entre os raios de entrada e saída do rotor compreendida
entre 0,150 e 0,425. Entretanto, tomando como base os valores ensaiados por
VARLEY (1961), notamos que os resultados obtidos por PFLEIDERER se afastam bastante
dos mesmos, para ângulos de saída superiores a 40°. Para ângulos menores e número de pás
de 3 a 5 a concordância é boa.
O método de STODOLA (1945) tem contra si o fato de não levar em consideração o
comprimento na direção radial e a curvatura das pás. Em conseqüência seus resultados
apresentam uma fraca correlação com os dados experimentais ao longo de todo o campo de
variação da relação de raios, número de pás e ângulo de saída. Contudo para pequena relação
de raios, pequeno ângulo de saída e grande número de pás, nenhum outro processo apresenta
melhores resultados do que o de STODOLA (1945).
BRUNO ECK (1973), partindo do mesmo princípio que STODOLA (1945), mas
levando em conta a influência da curvatura da pá e um fator de correlação prático, chega a
uma equação que fornece valores bastante próximos aos de PFLEIDERER, para difusor de
caixa espiral. Porém para ângulos superiores a 40°, seus resultados se aproximam mais da
prática do que os de PFLEIDERER (1960).
Confiando ainda nos ensaios efetuados por VARLEY (1961), chegamos a conclusão
de que a fórmula indicada por WIESNER (1967) é a que apresenta melhor correlação com os
dados experimentais. Entretanto como restrição, salientamos o fato da referida expressão não
levar em consideração o tipo de difusor utilizado na máquina de fluxo. Pois devido à interação
entre rotor e difusor, sabemos que o valor do Fator de Deficiência de Potência será diferente
para cada tipo de difusor usado.
Com base nestas conclusões, para o projeto de bombas fugas, onde os ângulos de saída
raramente ultrapassam 40°, indicamos a fórmula de PFLEIDERER (1960), enquanto que na
construção de ventiladores centrífugos para os quais o ângulo β 5 fica normalmente
compreendido entre 20 e 170°, sugerimos a utilização da fórmula de ECK (1973).
PFLEIDERER (1960) indica a seguinte expressão para o cálculo do Fator de
Deficiência de Potência (ver Figura7):

1
µ= (14)
π ⋅ r52
1+ K p sen β 5
N ⋅Sf

onde:

N = número de pás do rotor;


r5 = raio de saída (externo) do rotor;
β 5 = ângulo de inclinação das pás na saída do rotor;
K p = coeficiente de correção experimental, que depende do ângulo β 5 .
12

PFLEIDERER & PETERMANN (1973), indicam os seguintes valores para o


coeficiente de correção K p :

- máquina com difusor de pás:

 β 
1 + 5 
60º 
K p = 0 ,6  (15)
π ⋅ sen β 5

- máquina com difusor de caixa espiral:

 β 
1 + 5 
60º 
K p = ( 0 ,65 a 0 ,85 )  (16)
π ⋅ sen β 5

- máquina com difusor anular liso:

 β 
1 + 5 
60º 
K p = ( 0 ,85 a 1,0 )  (17)
π ⋅ sen β 5

e:

r5
S f = ∫ r ⋅ ds = momento estático do filete médio da corrente com relação ao eixo de
r4

rotação (Figura7)

Para rotores radiais de paredes paralelas:

r5 r5 r52 − r42
S f = ∫ r ⋅ ds = S f = ∫ r ⋅ dr = (18)
r4 r4 2

b5

dS t5
dr
r5
dL
b
r et5
r4 b4 r dr

Figura 7 – Cortes longitudinal e transversal esquemáticos do rotor de uma máquina de fluxo


radial geradora.
13

Enquanto isso ECK (1973), recomenda a seguinte fórmula:

1
µ= (19)
D ⋅ b5
2
β
1+ 5
( 1,5 + 1,1 5 )
8⋅ S ⋅ N 90º

onde:

r5
S = ∫ b ⋅ r ⋅ dr = momento estático da seção meridiana do canal em relação ao eixo do
r4

rotor; D5 = diâmetro de saída do rotor (diâmetro externo).

Para rotores radiais de paredes paralelas:

b5 2   r4  
2

S = D5 1 −    (20)
8   r5  

Para rotores de paredes cônicas (Figura7):

 r − r 2 ⋅ b4 + b5  b4 + b5
S = r5 + 5 4  ( r5 − r4 ) (21)
 3 b4 + b5  2

onde:
r4 = raio de entrada do rotor;
b4 = largura de entrada do rotor.

Segundo SEDILLE (1973) todas estas fórmulas são válidas apenas para o ponto de
projeto de uma máquina, isto é, unicamente na zona onde os coeficientes numéricos que elas
contém podem ser confrontados com a experiência. Isto porque, enquanto a fórmula de
STODOLA (1945) dá origem a uma curva característica Y pa = f ( Q ) que é uma reta paralela
à reta Y pa∞ = f ( Q ) , as fórmulas de PFLEIDERER (1960) e ECK (1973) dão origem a uma
reta Y pa = f ( Q ) que corta a reta Y pa∞ = f ( Q ) sobre o eixo da vazões, ou seja, para valor
nulo das energias (Figura 7.3). Qualquer destas hipóteses não apresenta uma confirmação
experimental, enquanto KOVATS (1962) contribui para um aumento da discussão,
apresentando um método de cálculo para as curvas de rotores radiais em que Y pa = f ( Q ) não
é uma reta e sim uma curva.

3.2 Influência da espessura das pás

Considerando a espessura finita das pás, a seção transversal disponível para a


passagem do fluxo é reduzida com relação à condição existente antes das pás do rotor. Como
isto não implica em variação de energia, a componente c da velocidade absoluta permanece
invariável, enquanto que a componente c~, intimamente vinculada à vazão, sofre influência da
espessura das pás. Para melhor entendimento do que ocorre, vamos representar a entrada do
14

rotor de uma máquina de fluxo geradora radial com largura b, bem como um desenvolvimento
retilíneo da região de entrada (Figura 8).

e4
β4 e4
β4
4
et4 t4
et4 3 t4

Figura 8 Representação da região de entrada do rotor de uma máquina de fluxo geradora


radial e de seu desenvolvimento retilíneo.

Aplicando a equação da continuidade para um ponto imediatamente antes da entrada


(ponto 3) e para um ponto imediatamente depois da entrada, como a vazão que passa por estes
dois pontos é a mesma, podemos escrever:

Q = π ⋅ D4 ⋅ b4 ⋅ c m 3 = ( t 4 − et 4 ) ⋅ b4 ⋅ N ⋅ c m 4 (22)

Q = vazão que passa pelo rotor;


D4 = diâmetro de entrada do rotor;
b4 = largura de entrada do rotor;
t 4 = passo na entrada, medido entre as arestas de duas pás consecutivas;
et 4 = espessura das pás na entrada, medida na direção tangencial;
N = número de pás do rotor;
c m 3 = componente meridiana da velocidade absoluta da corrente fluida em um ponto
imediatamente antes da entrada do rotor (ainda sem a influência da espessura das pás);
c m 4 = componente meridiana da velocidade absoluta da corrente fluida imediatamente após a
entrada do rotor (já no espaço entre pás).

πD 4 πD4
Como t 4 = ∴N = (23)
N t4

substituindo este valor na equação anterior teremos:

t 4 − et 4
πD4 b4 c m 3 = πD4 b4 cm4 (24)
t4

onde, pela Figura8, vemos que:

e4
et 4 = (25)
sen β 4
sendo:
15

e4 = espessura da pá na entrada, medida segundo uma normal;


β 4 = ângulo de inclinação das pás na entrada.

Logo:
t 4 − et 4
cm3 = cm4 (26)
t4
t − et 4
Onde f e 4 = 4 (27)
t4
é chamado de “fator de estrangulamento” para a entrada do rotor, podemos escrever:
cm3 = f e 4 cm 4 (26’)

Da mesma maneira chegaríamos para a região de saída do rotor (Figura 9)

β5

t5
6 5

et5

Figura 9 – Representação da região de saída do rotor de uma máquina de fluxo geradora


radial.

cm 6 = f e5 c m5 (28)

onde:
c m 6 = componente meridiana da velocidade absoluta para um ponto imediatamente após a
saída do rotor;
c m 5 = componente meridiana da velocidade absoluta para um ponto imediatamente antes da
saída do rotor.
t − et 5
f e5 = 5 = fator de estrangulamento para a saída do rotor. (29)
t5
Onde:
πD5
t5 = = passo na saída do rotor e, (30)
N
16

e5
et 5 = = espessura tangencial das pás na saída do rotor. (31)
sen β 5

Como o fator de estrangulamento possui um valor sempre menor que 1 (um), vemos
que as componentes meridianas da velocidade absoluta situadas fora do canal entre pás
apresentam valores inferiores aos das situadas dentro do canal entre pás do rotor, o que se
traduz numa modificação dos triângulos de velocidade tanto para a entrada como para a saída
do rotor das máquinas de fluxo, conforme podemos apresentar na Figura 10.

w4
c4
cm4

c3 w3
c m3

α3 β3
α4
β4

u4

cu3 = cu4

c5 w5
cm5

c6
w6
cm6

α6 β6 β5
α5

cm6 = cm5

Figura 10 – Modificação dos triângulos de velocidade em função da espessura das pás.


17

Juntando a influência do número finito e da espessura das pás sobre os triângulos de


velocidade e apresentando o triângulo de entrada na sua forma mais comum (entrada radial,
α 3 = α 4 = 90º ) teremos a representação da Figura 11.

w4
c4

w3

c3

β3 β4

α 3 = α 4 = 90o
u4

c5
w5
cm5

c6
w6
cm6
β6
α6 β5
α5

u5
cu6

cu5

Figura 11 – Modificação dos triângulos de velocidade de entrada e saída do rotor de uma


máquina de fluxo radial geradora levando em conta a influência do número finito e da
espessura das pás.

4. Roteiro para cálculo de um rotor radial

Ao apresentarmos um roteiro para cálculo de um rotor radial, não temos a pretensão de


reduzir o projeto deste que é o principal elemento construtivo das máquinas de fluxo a uma
simples receita de bolo, ou de considerarmos este o único e melhor processo para o seu
dimensionamento. As opções são as mais diversas possíveis e variam de projetista para
18

projetista, de fabricante para fabricante, em função da experiência acumulada e da


realimentação oriunda dos testes realizados. Nossa intenção é tão somente mostrar de um
modo simples e didático, como os vários conceitos até agora abordados influem, não apenas
sobre o funcionamento das máquinas de fluxo, mas sobre a sua própria construção.
Para a apresentação deste roteiro utilizaremos como exemplo o cálculo do rotor de
uma máquina de fluxo geradora, que poderá ser um ventilador centrífugo ou uma bomba
centrífuga. A seqüência será a seguinte:

I - Dados de Projeto:

a) Vazão "Q" a ser recalcada, normalmente fornecida em m3/s tanto para bombas
como para ventiladores.
b) Energia específica disponível "Y" a ser fornecida ao fluido recalcado, indicada em
J/kg. No caso de bombas esta energia está vinculada com a altura manométrica "H" a ser
desenvolvida, em metros de coluna líquida, através da expressão: Y = g . H, onde g é a
aceleração da gravidade, expressa em m/s2.

Já no caso de ventiladores a energia específica "Y" está vinculada à diferença de


pressão total " ∆pt " a ser produzida, normalmente em N/m2 (no sistema técnico em mmCA),
através da relação:

∆pt
Y= (32)
ρ

onde "ρ" é a massa específica do fluido a ser recalcado e que depende das condições de
pressão e temperatura em que ele se encontra.

c) Velocidade de rotação "n", em rps ou rpm.

A menos que as exigências da máquina acionadora imponha um valor ou uma faixa de


valores para a velocidade de rotação, a sua escolha não é rígida e muitas vezes o seu valor
inicial é alterado em função das necessidades e limitações do projeto. Um valor elevado para
esta velocidade implicará numa redução de dimensões, conseqüentemente de peso, mas
poderá levar, por exemplo, a riscos de cavitação no caso de bombas, ou valores fora do campo
de realização possível no caso de ventiladores.

II - Definição do tipo de rotor:

Através do cálculo da velocidade de rotação específica nqA determinaremos qual o


tipo de rotor a ser utilizado e o seu formato aproximado. A expressão a ser usada é:

Q1 / 2 Q1 / 2 Q1 / 2
nqA = 10 3 n ou n q = 333n ou n qt = n (33)
Y 3/ 4 Y 3/ 4 H 3/ 4
onde:
n é expresso em rps, Q em m3/s, Y em J/kg e nqA , nq são adimensionais. nqt dá um
valor idêntico a nq , mas no cálculo de nqt a rotação é expressa em rpm.
19

Valores muito pequenos de nqA poderão levar à necessidade de associação em série de


vários rotores, assim como valores muito elevados de nqA poderão conduzir à associação de
rotores em paralelo.

III - Estimativa de rendimentos:

Como sabemos: η = η h ⋅ η v ⋅ η a ⋅ η m (34)

Embora estes rendimentos possam variar numa faixa muito ampla de valores,
dependendo das dimensões da máquina, do tipo de construção adotado e outros fatores, vamos
sugerir alguns valores como orientação inicial de cálculo.

a) Rendimento hidráulico " η h ":

Para bombas os valores deste rendimento variam normalmente desde 0,70 para
bombas pequenas, sem grandes cuidados de fabricação até 0,96 para bombas de dimensões
grandes, bem projetadas e com muito bom acabamento. Contribuem fundamentalmente para a
melhoria deste rendimento um aumento na qualidade de projeto e dos processos de
fabricação. Segundo STEPANOFF (1957), para bombas, o rendimento hidráulico permanece
invariável com a variação da velocidade de rotação específica.
Para os ventiladores os valores do rendimento hidráulico ficam praticamente dentro da
mesma faixa indicada para as bombas. Como referência podemos indicar o valor de 0,85 para
ventiladores com pás curvadas para trás ( β 5 ≤ 30º ), o valor de 0,75 para ventiladores
industriais com β 5 ≅ 30º e o valor de 0,70 para ventiladores de saída radial ( β 5 = 90º ) e
ventiladores do tipo SIROCCO ( β 5 = 160º ). Deve ser salientado que as dimensões influem
decisivamente sobre os valores deste rendimento, tornando-o tanto maior quanto maior for o
diâmetro de saída D5 do rotor do ventilador.

b) Rendimento volumétrico " η v "

Para bombas comuns o rendimento volumétrico varia de 0,83 até 0,98, devendo-se
adotar os valores mais baixos para bombas de alta pressão e os mais altos para as de baixa
pressão. O processo de fabricação tem grande importância sobre este rendimento, pois quanto
maior a folga deixada entre o rotor e a carcaça menor será o seu valor.
Para ventiladores este rendimento é muitas vezes considerado como uma função da
relação de diâmetros D4 / D5 , variando desde 0,70 para uma relação D4 / D5 = 0,3 até um
valor de 0,95 para uma relação D4 / D5 = 0,9 .

c) Rendimento de atrito fluido " η a "

Para bombas este rendimento aumenta rapidamente com o crescimento da velocidade


de rotação específica, assumindo um valor da ordem de 0,93 para nqA ≅ 60 , crescendo
rapidamente até 0,98 para nqA ≅ 180 e chegando a 0,99 para nqA ≅ 350 . Para rotores abertos
sem o disco frontal, este rendimento atinge valores ainda maiores.
20

Nos ventiladores o rendimento de atrito fluido costuma ficar compreendido entre 0,98
e 0,99, diminuindo para rotores de velocidade de rotação específica muito baixa.

d) Rendimento mecânico " η m "

Nas bombas centrífugas se alcançam rendimentos mecânicos da ordem de 0,96 a 0,99,


sendo os valores menores para bombas de pequena potência e os maiores para bombas de
grande potência.
Para ventiladores, até 100 CV, pode-se utilizar a fórmula prática indicada por
COSTA (1978), η m = 0,1log Pe + 0,75 . Acima de 100 CV podem ser utilizados valores
maiores.

Tanto para bombas como para ventiladores o rendimento mecânico diminui no caso de
transmissão por polias e correias. Normalmente se atribuem às perdas oriundas deste tipo de
transmissão valores que variam de 5% a 10% da potência transmitida; respectivamente nas
correias trapezoidais (em V) ou planas de elastômero com tela, de pequena espessura, e nas de
couro.

e) Rendimento total " η "

Testes com uma grande quantidade de bombas mostram que o rendimento total para
uma dada velocidade de rotação específica cresce com o aumento da vazão e para uma dada
vazão o melhor rendimento total corresponde à faixa de velocidade específica nqA
compreendida entre 100 e 150, podendo chegar ate 93%.
Para ventiladores, o rendimento total para uma dada velocidade de rotação específica
cresce com o aumento do diâmetro D5 e para uma dada vazão o seu maior valor corresponde
a velocidade de rotação específica nqA compreendida entre 150 e 250, podendo chegar até
90%.

IV - Cálculo da potência no eixo

A potência no eixo ou potência de acionamento será calculada pela expressão:

ρQY
Pe = (35)
η
onde:

Pe = potência no eixo, em W;
ρ = massa específica do fluido recalcado, em kg/m3:
Q = vazão, em m3/s;
Y = energia específica fornecida ao fluido, em J/kg;
η rendimento total, adimensional.

V - Cálculo do diâmetro do eixo

Para os rotores radiais a determinação aproximada do diâmetro do eixo deve preceder


o cálculo das pás. Esta determinação preliminar baseia-se exclusivamente numa solicitação de
21

torção, considerando tensão admissível de cisalhamento τ adm com valor subestimado para
compensar possíveis imprecisões de cálculo. Desta maneira o diâmetro do eixo das bombas
será calculado pela fórmula:

Pe
de = Ke 3 (36)
n
onde:

d e = diâmetro do eixo, calculado em cm;


Pe = valor máximo da potência no eixo para a rotação de cálculo, em kW;

n = velocidade de rotação de projeto, em rpm;

K e = coeficiente que depende da tensão admissível de cisalhamento.

Considerando o eixo de aço carbono SAE 1045 ou SAE 1050, teremos:

K e = 14, correspondendo à τ adm ≅ 210 kgf / cm 2 para bomba de um só estágio;

K e = 16, correspondendo à τ adm ≅ 120 kgf / cm 2 para bombas vários estágios.

Embora o diâmetro do eixo de ventiladores possa ser calculado pela fórmula anterior,
baseada no momento torçor, TEDESCHI (1969) recomenda neste caso o uso das seguintes
expressões, baseadas no momento de flexão, para uma primeira aproximação:

Para D5 < 400 mm, d e = 0,09 D5


Para D5 = 400 a 600 mm, d e = 0,08D5
Para D5 > 600 mm, d e = 0 ,067 D5

Uma vez projetado o rotor, tanto para bombas como para ventiladores, deve-se
proceder ao cálculo dos esforços reais, levando em consideração torção e flexão, o cálculo da
flecha máxima e a determinação da velocidade de rotação crítica. O diâmetro definitivo do
eixo deve levar em conta todos estes fatores.

VI - Fixação do diâmetro do cubo " d c "

O diâmetro do cubo " d c " pode ser adotado normalmente de l0 a 30 mm maior que o
diâmetro do eixo, no caso de fixação por chaveta.

VII - Cálculo da velocidade na boca de sucção " c a "

O cálculo estimativo da velocidade na boca de sucção c a pode ser feito pela


expressão:

c a = K ca 2Y (37)
22

onde:

c a = velocidade na boca de sucção ou aspiração, em m/s;


Y = energia fornecida ao fluido, em J/kg;
K ca = coeficiente de velocidade na boca de sucção, adimensional.

Para bombas pode-se estimar o valor de K ca pela fórmula:

K ca = 6,84 ⋅ 10 −3 (nqA )
2/3
(38)

Já para ventiladores o coeficiente de velocidade pode ser calculado por:

K ca = 0,082(nqA )
2/3
(39)

Geralmente a velocidade c a está compreendida na faixa de 2 a 5 m/s para bombas e na


faixa de 5 a 30 m/s, ou valores ainda maiores, para ventiladores.

VIII - Determinação do diâmetro da boca de sucção

Levando em consideração a obstrução provocada pelo eixo e pelo cubo do rotor, o


diâmetro da boca de sucção do rotor das bombas pode ser determinado pela equação:

4Q
Da = + d c2 (40)
η vπc a

onde Da é expresso em m, Q em m3/s, c a em m/s, d c em m e η v é adimensional.

Para ventiladores, como a obstrução citada normalmente não é levada em


consideração, podemos calcular o diâmetro da boca de sucção do rotor pela expressão:

4Q
Da = (41)
η v πc a

IX - Cálculo da altura de sucção máxima (no caso de bombas)

A altura de sucção máxima será calculada pela equação já determinada anteriormente,


considerando c3 = c a :

pb pv c a2
hs max = ( hsg + h ps )max = − − σ min H − (42)
γ γ 2g

onde o coeficiente de cavitação σ min pode ser calculado pela fórmula:

σ min = 2,9 ⋅ 10 − 4 (nqA )4 / 3 (43)


23

Se o valor calculado para hs max não satisfazer os requisitos de projeto, levando em


consideração o tipo de aplicação previsto, isto poderá levar a uma modificação dos dados de
projeto, principalmente no que se refere à velocidade de rotação estabelecida inicialmente.

X - Fixação do ângulo de saída " β 5 "

O ângulo de inclinação das pós na saída do rotor β 5 será fixado em função dos
critérios discutidos no item 2, com as seguintes faixas de valores recomendadas:

- Para bombas centrífugas:

β 5 = 20 a 30 o

- Para ventiladores de alta pressão, alto rendimento e carga limitada

β 5 = 12 a 30 o

- Para ventiladores de média e alta pressão, do tipo industrial:

β 5 = 45 a 90 o

- Para ventiladores de alta vazão, pequena pressão, carga ilimitada, do tipo SIROCCO:

β 5 = 150 a 170 o

XI - Cálculo provisório do diâmetro de saída " D5 "

Para o cálculo provisório do diâmetro D5 , estimaremos primeiramente o valor do


coeficiente de pressão "Ψ ", através da expressão indicada por TEDESCHI (1969) para o caso
de bombas centrífugas:

Ψ = 1 − 6 ,085 ⋅ 10 −4 nqA (44)

O mesmo TEDESCHI (1969) indica para ventiladores de construção comum a


seguinte fórmula empírica:

2
 763 
Ψ =   (45)
 850 − 1,9 β 5 

onde β 5 é indicado em graus e Ψ adimensional.

A partir deste valor determinaremos a velocidade tangencial de saída u 5 e o diâmetro


de saída do rotor pelas seguintes equações:
24

2Y u5
u5 = D5 = (46)
Ψ πn

onde são utilizadas as seguintes unidades: u 5 em m/s, Y em J/kg, D5 em m, n em rps e Ψ é


adimensional.

XII - Cálculo do diâmetro de entrada " D4 "

A partir de critérios empírico-estatísticos TEDESCHI (1969) indica a seguinte fórmula


para bombas centrífugas:

= 0 ,044(n qA )
D4 1/ 2
(47)
D5

Para ventiladores, ainda que muitos projetistas adotem D4 ≅ Da , ECK9 propõe a


seguinte expressão, para β 5 < 100 o .

D4
≥ 1,194φ 1 / 3 (48)
D5

onde " φ " é o denominado coeficiente de vazão, adimensional, definido pela equação:

4Q
φ= (49)
πD52 u 5

Já para ventiladores com rotor do tipo SIROCCO, β 5 = 150 a 170 o nqA = 200 a 280 ,
φ ≅ 1 e Ψ = 2 a 3 , pode se considerar:

D4
= 0 ,9
D5

D4
Conhecida a relação , o diâmetro de entrada D4 , será calculado por:
D5

D4
D4 = D5 (50)
D5

XIII - Cálculo da largura na entrada " b4 "

Pela equação da continuidade e levando em conta as perdas por fuga, podemos


escrever:

Q
b4 = (51)
η v πD 4 c m 3
25

com b4 , em m, Q em m3/s, D4 , em m, c m 3 em m/s e η v é adimensional.

Para bombas a componente c m 3 da velocidade absoluta na entrada do rotor, ainda fora


do recinto ocupado pelas pás, deve ser tomada ligeiramente superior à velocidade c a na boca
de sucção para que a corrente entre no rotor ligeiramente acelerada, ou seja:

c m 3 = 1,0 a 1,05c a (52)

Para ventiladores centrífugos MATAIX (1975) indica a fórmula:

1/ 6
 300 
cm3 = 0 ,5  ca (53)
n 
 qA 

XIV - Cálculo provisório do ângulo de inclinação das pás na entrada " β 4 "

Considerando entrada radial do fluido no rotor, teremos α 4 = α 3 = 90 o e pelo


triângulo de velocidades:

c4 c
tgβ 4 = ou β 4 = arctg 4 (54)
u4 u4

Para o cálculo da velocidade absoluta do fluido à entrada do rotor c 4 , já dentro dos


canais formados pelas pás, teremos que estimar o valor do fator de estrangulamento para a
entrada do rotor, normalmente dentro da faixa f e 4 = 0,8 a 0,9 , para bombas e f e 4 = 0,9 a 0 ,95 ,
para ventiladores. Logo:

c m3
c4 = cm 4 = (55)
f e4

A velocidade tangencial para a entrada do rotor u 4 , é calculada pela expressão:

u 4 = πD4 n (56)

onde u 4 , é medida em m/s, D4 , em m e n em rps.

XV - Cálculo do número de pás "N"

Para bombas, uma das fórmulas mais utilizadas para o cálculo do número de pás do
rotor é a devida a PFLEIDERER (1960).

D5 + D4 β + β4
N = KN sen 5 (57)
D5 − D4 2

onde:
26

K N = 6,5 = coeficiente de correção para rotores fundidos;

K N = 8,0 = coeficiente de correção para pás executadas em chapas finas, conformadas.

O valor de N assim calculado deverá ser arredondado para número inteiro mais
próximo.

Para ventiladores, TEDESCHI (1969) aconselha as fórmulas seguintes:

1 + D4 / D5
N = 10 para rotores com β 5 ≤ 100 o e (58)
1 − D4 / D5

1 + D4 / D5
N = 0 ,7 D5 para rotores β 5 ≅ 160 o . (59)
1 − D4 / D5

XVI - Fixação da velocidade meridiana de saída " c m 5 "

Para bombas podemos utilizar a expressão:

c m 5 = 0,0135u 5 (nqA )
1/ 2
(60)

Enquanto que para ventiladores de alta pressão, faz-se comumente:

cm5 = cm3

Já para os ventiladores de baixa e média pressões normalmente é definida esta


velocidade a partir da condição b5 = b4 .

XVII - Cálculo provisório da largura de saída " b5 "

Também pela equação da continuidade podemos calcular:

Q
b5 = (61)
η vπD5 c m5 f e5

onde se considera f e 5 = 1 para o cálculo provisório. Nesta equação b5 é em m, Q em m3/s,


D5 em m, c m 5 em m/s, η v e f e 5 são adimensionais.

XIII - Fixação da espessura "e" das pás

Na fixação da espessura das pás são utilizados critérios de resistência dos materiais,
rigidez estrutural e processos de fabricação. Para uma primeira orientação, no entanto,
TEDESCHI (1969) propõe as seguintes fórmulas empíricas:

- para bombas com rotor fundido


27

e ≅ 0 ,3(D5 b5 )
1/ 3
(62)

onde todas as grandezas são expressas em milímetros.

- para ventiladores com β 5 < 100 o , construídas em chapa

e = (0,09 a 0,22 )D51 / 2 (63)

sendo os valores mais baixos correspondentes a b5 / D5 = 0,03 e os mais elevados


correspondentes a b5 / D5 = 0,3 .

- para rotores do tipo SIROCCO ( β 5 = 160º )

e = 0,045D51 / 2 , com pás fixadas por rebites e e = 0 ,09 D51 / 2 , com pás soldadas.

XIX - Correção do ângulo " β 4 "

Uma vez conhecida a espessura das pás e o seu número, poderemos fazer a
comprovação do valor do fator de estrangulamento para a entrada do rotor, inicialmente
estimado:

t 4 − et 4
f e4 =
t4

onde:

πD4
t4 = = passo na entrada do rotor, em mm;
N

e
et 4 = = espessura tangencial das pás na entrada do rotor, em mm.
sen β 4

Determinando o valor de f e 4 , calcularemos os novos valores de c 4 e do ângulo β 4


de acordo com o procedimento adotado no item XIV.

XX - Cálculo da energia específica " Y pa∞ "

Inicialmente calcularemos o valor da energia específica fornecida pelo rotor com


número finito de pás através da relação:

Y
Y pa = (64)
ηh

Posteriormente calcularemos a energia específica fornecida pelo rotor suposto com


número infinito de pás pela equação:
28

Y pa
Y pa∞ = (65)
µ

onde o fator de deficiência de potência " µ " será determinado por uma das expressões
sugeridas anteriormente, a de PFLEIDERER (1960) para bombas e a de ECK (1973) para
ventiladores.

XXI - Correção da velocidade tangencial " u 5 "

A equação fundamental para máquinas de fluxo radiais com número infinito de pás e
α 4 = 90 o , é:

Y pa∞ = u 5 cu 5

Pelo triângulo de velocidades para a saída do rotor (Figura 12) vemos que:
cu 5 = u 5 − c m5 / tgβ 5 .

cm5 c5 w5

β5
α5

u5

cu5

Figura 12 – Triângulo de velocidades para a saída de rotor radial com número infinito

Levando este valor na expressão anterior vem:

 c  c
Y pa∞ = u 5  u 5 − m5  = u 52 − m 5 u 5 (66)
 tgβ 5  tgβ 5

Resolvendo esta equação do 2o grau se obtém:

2
c  c 
u 5 = m 5 ±  m 5  + Y pa∞
2tgβ 5  2tgβ 5 
29

Como o sinal negativo antes do radical pode ser desconsiderado pois implicaria em u 5
negativa, ficamos com:

2
c  c 
u 5 = m 5 +  m 5  + Y pa∞ (67)
2tgβ 5  2tg β 5 
Esta é a expressão utilizada para a correção do valor da velocidade tangencial u 5
quando a entrada do fluido no rotor se verifica de maneira radial ( α 4 = 90 o ). Caso isto não
aconteça, o termo u 4 cu 4 deve ser levado em consideração.

XXII - Cálculo definitivo do diâmetro de saída " D5 "

Utilizando o valor corrigido de u 5 podemos calcular definitivo de D5 pela expressão:

u5
D5 =
πn

onde D5 é obtido em m, com u 5 em m/s e n em rps.

XXIII - Cálculo definitivo da largura de saída " b5 "

Novamente utilizaremos a expressão

Q
b5 =
η vπD5 c m5 f e5

quando temos agora condições de efetuar o cálculo do valor real do fator de estrangulamento
f e5 .

t 5 − et 5
f e5 =
t5

onde:

πD5
t5 = passo na saída do rotor, em mm;
N

e
et 5 = espessura tangencial das pás na saída do rotor, em mm.
sen β 5

XXIV - Triângulo de velocidades na saída

Com os elementos até agora conhecidos já temos condições de calcular os demais


valores das velocidades componentes do triângulo correspondente a um ponto logo após a
saída dos canais formados pelas pás do rotor.
30

A componente meridiana da velocidade absoluta de saída c m 6 é calculada levando em


conta o aumento da seção de passagem em decorrência do desaparecimento das pás ou seja:

c m 6 = c m 5 f e5

Enquanto que a componente tangencial da velocidade absoluta levará em conta o fator


de deficiência de potência " µ ", como veremos a seguir para α 3 = α 4 = 90 o .

Y pa u 5 c u 6 cu 6
µ= = = , ou ainda:
Y pa∞ u 5 cu 5 cu 5

c u 6 = µc u 5

Podemos então traçar o triângulo de saída da Figura 13.

cm6 c6 w6

α6 β6

cu6 u5

Figura 13 – Triângulo de saída do rotor radial com número finito de pás de espessura finita

O ângulo α 6 obtido neste triângulo está intimamente vinculado com o ângulo de


inclinação das pás do difusor, no caso de difusor de pás, ou com a inclinação da lingüeta do
difusor em caixa espiral, caso ele seja deste tipo.

Normalmente, para bombas, o valor deste ângulo está compreendido nas faixas:

α 6 = 5 a 12 o , para difusor de pás;


α 6 = 12 a 25 o , para difusor em caixa espiral ou anular liso.

XXV - Traçado das pás do rotor

Pela equação fundamental das máquinas de fluxo vemos que a energia teoricamente a
ser fornecida pelo rotor ao fluido depende exclusivamente das condições de entrada e saída do
rotor, ou seja, dos ângulos β 4 e β 5 de inclinação das pás na entrada e saída do rotor. No
entanto um mau traçado das pás, com mudanças bruscas de direção afeta diretamente o
31

rendimento hidráulico e conseqüentemente o valor da energia que realmente o rotor cede ao


fluido. Muitos são os tipos de traçado que buscam uma transição suave entre o ângulo de
entrada e o ângulo de saída das pás do rotor. Entre estes podemos citar o traçado por pontos, o
traçado por arco de espiral logarítmica e o traçado por um ou mais arcos de circunferência.
Como exemplo vamos comentar o traçado por um só arco de circunferência (Figura 14).
Este tipo de traçado se resume em resolver graficamente o problema de buscar o
centro de um arco de circunferência, que corte as circunferências de entrada e saída de raios
r4 e r5 respectivamente sob os ângulos β 4 e β 5 conhecidos.
Inicialmente traçamos duas circunferências de raios r4 e r5 respectivamente, com
centro no ponto 0. A partir do ponto 0 traçamos um raio qualquer 0A, sendo A o ponto final
da pá a ser construída. Em seguida levamos o ângulo β 4 + β 5 no ponto 0, a partir do raio 0A,
dando origem desta maneira a um novo raio que intercepta circunferência de raio r, no ponto
B. Unindo o ponto A com o ponto B através de uma reta e prolongando-a até interceptar
novamente a circunferência de raio r, determinamos o ponto C. A partir do raio 0C, com
centro em C, traçamos o ângulo 1, e a partir do raio 0A, com centro em A, traçamos o ângulo
β 5 . O ponto D, onde se encontram as retas AD e CD, será o centro da circunferência buscada.
Com efeito, o triângulo 0BC é um triângulo isóscele. Logo os seus ângulos internos guardam
a seguinte relação 0 BC = 0CB = β 4 + β 5 + δ , conseqüentemente concluímos que
BCD = β 5 + δ = BAD e o triângulo ACD também é isósceles com AD = CD e D é o centro
de curvatura da pá a ser construída, que corta a circunferência de raio r4 com o ângulo β 4 e a
circunferência de raio r5 com o ângulo β 5 . O raio de curvatura RC da pá pode ser calculado
pela seguinte expressão:

r52 − r42
RC = (68)
2(r5 cos β 5 − r4 cos β 4 )

δ
β5
Rc B
β4 + β5
C
O β4

r4

r5

Figura 14 – Traçado da pá de rotor radial pelo método do arco de circunferência.

A mesma construção serve para pás curvadas para frente, permutando os pontos B e C
e caindo o ponto D no outro lado de AC.
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XXVI – Projeções meridiana e normal do rotor de uma bomba centrífuga

Como resultado do pré-projeto de uma bomba hidráulica obtém-se as projeções no


plano meridiano e no plano normal do rotor, como ilustrado na Figura 15.

(a)

(b)
Figura 15 – Projeção meridiana (a) e normal (b) do rotor de uma bomba centrífuga radial.
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REFERÊNCIAS

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Mestrado, Itajubá, EFEI, 1972, 88p.

HENN, E.A.L. Máquinas de Fluxo, manuscrito a ser submetido para publicação, UFSM,
1996. 183p

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Janeiro, 1980, 667p.

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1960.

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Paris, 1973.

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