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secularizadas como as que se modernizam, desde que forjemos uma equação, que é
logo, o bem viver, com a busca de uma unidade, política, sobre o que seriam
religiões - sendo uma tarefa maior da teoria jurídica propriamente dita buscar
essa convergência de esforços para fortalecer cada vez mais uma compreensão
mais ampla do direito, dentro da qual possa se dar uma expansão continuada
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II
assim como, muito lamentavelmente, dos menos estudado dentre os que nasceram
entre nós, nos últimos cento e cinquenta anos. E não posso deixar de evocá-lo,
homenagem ao portar como seu o nome dele. Quero evocar, então, brevemente, o
que nos deixou consignado sobre o nosso tema Raymundo de Farias Brito. E se
obra sua, publicada em 1905, como resultado das aulas de introdução ao estudo do
direito, proferidas com tanto sucesso, em Belém do Pará: “A verdade como regra
das ações”. Sim, para ele, a introdução ao direito se daria pela via do estudo,
último definidor de como devemos nos portar haveria de ser nos pautando pela
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A filosofia, então, representa o
quando não se faz dela uma ciência interpretativa, tendo como objeto a si
também as artes e religiões, ou seja, na medida em que lhe sirva para ajudar a
Brito, ela será uma “atividade permanente do espírito humano”, existirá sempre
Quando ele redige a obra anteriormente referida, “A Verdade como Regra das
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chegou nosso A., para fornecer aquilo a que se propunha, a saber, dar-nos uma
orientação no mundo, uma vez estabelecida sua finalidade - e que tenha uma
hoje, imperantes.
Só por isso já é fácil perceber que a preocupação básica de Farias Brito, ao fazer
Eis o “problema da finalidade”: por que vivemos e nos apegamos à vida, se nosso
nossas possibilidades, então nos contentemos com uma solução prática: já que
não sabemos para quê vivemos, tratemos de viver bem, evitando o erro e a
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comportam como meios para chegar a um fim. Daí o plano esboçado para sua obra
maravilha, procurando compreender seu significado, bem como o de cada coisa que
têm origem, segundo nosso A., as filosofias e as religiões (p. 27 - Quando não
do Livro, 1957).
Exposto o problema a ser enfrentado, Farias Brito indica o método a ser utilizado,
estudado e como resultado válido deste estudo o que puder ser experimentado
Brasileira”, São Paulo: Convívio, 1982) constata ter chegado à sua maturidade a
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palavras vazias de sentido, que não adianta pronunciarmos para com isso
Quanto ao método adotado por Farias Brito, em seu filosofar, este método, nas
próprias palavras de nosso A., “é mui simples” (p. 35). Em outro local, na sua última
Rio de Janeiro, 1917, p. 380 ss.). Em outro local, escreve o seguinte: “Se
assertivas filosóficas. Diz, em outras palavras: “Aqui estão os resultados a que cheguei,
satisfatórios, os torno público, para o caso de outros poderem vir a deles tirar algum
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proveito”.
“forças sociais”. No primeiro caso, é o contraste com a ciência que mais lhe
mais do que mera forma de conhecimento, mas o princípio que nos move a conhecer
(cf. p. 112).
Outra “irmã” da filosofia é a poesia, que em Farias Brito significa mais que
literatura em versos, mas a própria arte enquanto poiésis idealizadora. Ele utiliza a
(cf. p. 128).
relações entre filosofia e religião, nosso A. declara ter ela alcançado o seu
ponto culminante. É aqui que nós, também, vamos captar a essência de seu conceito
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Filosofia é religião para o povo -
“todas as religiões atuais estão mortas...” (p. 133). Não há, portanto, motivo intrínseco à
para ele era isso o que mais importava -, “precisa ser ao mesmo tempo
que se tem notícia em nossa cultura, algo que só encontro paralelo na obra
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passando a ter como objeto o problema da existência de Deus. Já é outro agora o
tema. Antes, porém, de cerrar o livro que motivou essas reflexões, não podemos
nos furtar a dar um golpe de vista em seu último capítulo, onde o A. apresenta
sua concepção da divindade. A meu ver, pode-se resumir a conclusão a que chega
Sonho Criador”, trad.: Maria João Neves, Lisboa: Assírio & Alvim, 2006) -, o
nosso filósofo avança “a idéia a mais simples, a mais clara e a mais fecunda de
todas: é a luz o Deus verdadeiro e único” (p. 328). Eis que a luz passa a
ocupar aquele lugar designado pelos primeiros filósofos gregos como sendo a arkhé,
Farias Brito aponta para a origem etimológica comum das palavras “Deus” e
“dia”.
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III
No livro sobre filosofia moral (p. 16 da ed. de 2005, pelo Senado Federal), lê-se
que a religião é, como a filosofia, uma força social, sendo o aspecto prático
desta última, que é sempre, teoria, mas não, necessariamente, abstrata. Para
1) fazer o bem e 2) não fazer o mal. Fazer o bem é uma opção moral, advinda de
norma consagrada pela consciência, mas para impedir que se faça o mal a outrem
bem, que em geral é a paz pública, mas nem toda norma moral será jurídica. E
assim como a moral será mais abrangente que o direito, a religião, para nosso
Daí que a fundamentação do direito e da moral será a verdade, pois a religião, tal
dever moral supremo agir em acordo com tais convicções, o que torna a
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O critério da verdade, para aferir a moralidade da conduta, segundo nosso A.,
teria, então, uma forma objetiva e outra subjetiva, sendo a primeira formulada
E para concluir, tem-se que, para nosso A., assim como o movimento é produzido
própria, isto é, por determinação da própria consciência: o ser humano (cf. ib.,
p. 42).
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